Crianças Selvagens As crianças selvagens são crianças que cresceram e se desenvolveram fora da sociedade, da cultura, da civilização, ou seja, sem qualquer contacto humano; algumas vezes sozinhas, outras, na companhia de animais. Estas crianças apresentam algumas características comuns, como a dificuldade de interação — desde a ausência parcial ou total da fala ou uso de um sistema de comunicação baseado em sons de animais, à reduzida expressão facial. Ainda é possível adquirirem certas características mais típicas dos animais como a ausência parcial ou total de bipedismo (andar sobre dois pés), visão noturna, audição e olfato mais apurados do que a norma, relativa insensibilidade às temperaturas e preferência por alimentos crus e pela companhia de animais domésticos. Estas crianças revelam grande importância na área da psicologia, uma vez que demonstram que a interação com outros humanos é uma condição indispensável ao desenvolvimento de identidade e à aquisição de saberes básicos de cada humano. É através da socialização e da individuação que estabelecemos relações com outros (guiados pela cultura), e que construímos a nossa identidade e damos sentido à nossa existência, respetivamente. É, portanto, vísivel nestas crianças que o sentimento de identidade pessoal e construção da consciência de si foram severamente afetados. Ivan Mishukov “O rapaz-cão russo”, Moscovo, 1996 Em 1996, Ivan Mishukov, com apenas quatro anos, escapou de casa para fugir da mãe e do seu namorado alcoólico e abusivo. Ivan foi ‘adotado’ por uma matilha de cães, tendo ganho a sua lealdade ao fornecer-lhes comida, e eventualmente tornou-se o líder da matilha. No entanto, em 1998, Mishukov foi capturado pela polícia que consegui separá-lo dos cães, deixando comida para a matilha na cozinha do restaurante. Antes desta captura, Ivan coneguiu escapar da polícia três vezes, com a defesa dos cães. Uma vez que só viveu dois anos com a matilha, Ivan reaprendeu a falar; para além disso, deu várias entrevistas para a televisão russa e ucraniana, entrou numa escola militar e juntou-se ao exército russo. Amala e Kamala “As meninas lobo”, Índia, 1920 Amala e Kamala, foram duas crianças selvagens encontradas na Índia em 1920, Amala tinha apenas um ano e meio e Kamala tinha oito, nenhuma delas falava, andavam de quatro, as suas visões eram melhores à noite do que de dia e uivavam para a lua. Um ano depois Amala morre devido à sua incapacidade de se adaptar à nova alimentação (ao invés de carne crua e podre), Kamala, no entanto, viveu mais oito anos na instituição e foi-se humanizando lentamente. Demorou seis anos a aprender a andar e o seu vocabulário, pouco antes de morrer,
Catarina Santos atingia apenas 50 palavras. Edna Tschimmel Trailer: Nell (1994) baseado na história de uma criança selvagem Malfada Remédios Mariana Sousa 12ºE
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