tgi . 02 | Élida Alegrâncio Reinaldo | USP . EESC . CAU
ESTAÇÃO ESCOLA
Élida Alegrâncio Reinaldo
tgi .
02
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
trabalho de graduação integrado.02
docentes Carlos Roberto Monteiro de Andrade Joubert José Lancha Manoel Rodrigues Alves Paulo Fujioka Paulo Castral banca examinadora Fabiana Stuchi Joubert José Lancha Miguel Antônio Buzzar
São Carlos, Dezembro . 2010
Não somente enquanto trabalhei neste projeto, mas também por todos os anos que que antecederam o momento de agora, devo agradecer a todos que desta trajetória fez parte. Os agradecimentos vêem carregados de lembranças boas, de ruins que se tornaram boas, de choros e risos, todos estes parte destes anos de graduação. Mas, sobretudo nesta última etapa, pessoas tornaram-se essenciais para que as noites mal dormidas, o cansaço, as frustrações, viessem seguidos de companheirismo, de consideração e de alegria quando obstáculos eram superados. Mari, Bruno, Ferzinha, Fer [maria], Larinha, Raquel, João, Bixão, Ricardo. Cada um, por algum motivo, esteve presente durante todo esses períodos e é imensa a satisfação de tê-los por perto. E por último, mas nunca menos importante, agradeço a minha mãe, por me aguentar, por me ajudar, sem ela nem um décimo deste trabalho teria sido concluído.
agradecimentos
Este trabalho adota como partido a proposição de que não é preciso demolir para que haja intervenção em arquiteturas residuais da malha urbana. Por arquitetura residual entendese àquela que, devido alterações, sobretudo do capital produtivo, não serve mais às suas finalidades primeiras e, hoje, se encontra sem uso ou com uso abaixo do seu potencial, seja ele construtivo [técnico e funcional] ou arquitetônico [formal]. Partindo desta primeira proposição, trabalharíamos estas arquiteturas reinserindo-as no contexto da cidade, conferindo um uso adequado e contemporâneo, sem deixar de lado sua memória construtiva e temporal. Assim, coloca-se como base de trabalho o que chamo de reciclagem de infraestrutura: não parte do simples pressuposto que se deve preservar uma arquitetura, por conter em sua imagem uma história, deve-se preservar pelo simples fato de que não se deve destruir, não só o patrimônio histórico, mas, sobretudo, o patrimônio técnico e infraestrutural contido na construção consolidada, que claramente serve a novos usos. Ou seja, não trata a memória daquela arquitetura de maneira nostálgica, na tentativa de um sobreviver de sua história e utilizando disto como único ponto que justificaria sua preservação. Não se preserva somente por ser patrimônio, mas por caber, àquela estrutura, uma nova atuação no cenário contemporâneo, conferida com a reciclagem de seu uso, com uma nova função que esteja de acordo com aspirações do presente e com o respeito da memória existente em sua estrutura e vedações.
apresentação
“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção. E nesse processo fundamental de ordenar e expressar-se ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação do projeto até a conclusão efetiva da obra, há sempre, para cada caso específico, certa margem final de opção entre os limites máximo e mínimo - determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então ao sentimento individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto, escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra idealizada.” i
Como prever uma arquitetura a um edifício que já possuiu função definida, programa voltado àquela função e, considerar que esta, por sua vez, também definiu sua forma? Repensar a arquitetura, redefini-la, fora do tempo e espaço em que inicialmente foi concebida, repensar um edifício, que quando se elevou, continha, intrínseco ao seu objetivo primeiro, características especificas. Contornar o espaço a qual pertence, totalmente modificado pela ação de novas dinâmicas de uso dos lugares, sobretudo os lugares de uso público, que agora acomodam nova realidade, totalmente diferente daquela referida no primeiro projeto. E, partindo dessas premissas, arquitetar novas características, necessárias para aquele espaço, retomando sua inserção no urbano. E qual seria este novo uso? Como prever nova função, utilizando apenas a sua estrutura e paredes, já que seu uso foi deturpado pelo tempo e pela ação do próprio homem?
i COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608p.il
introdução
Em outros projetos já tivemos este tipo de intervenção, o de transformar um espaço e inserir nova lógica de uso, a partir de novos conceitos arquitetônicos. Como é o caso da intervenção, no antigo edifício do Liceu de Artes e Ofícios, projeto de Ramos de Azevedo de 1905, para servir de uso para a Pinacoteca do Estado; intervenção esta confiada ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que altera condições relacionadas às lógicas hierárquicas da arquitetura classicista, quando muda seu acesso principal para sua lateral, bem como, redireciona a ordem e simetria desta arquitetura para outra, a da arquitetura moderna, quando seu espaço interno é condicionado à disposição livre de meias paredes, de inspiração miesiana , organizando-o diferentemente daquele que ali existia, e garantindo aos ambientes predominância menor sobre a apreciação das exposições ali abrigadas. Ou seja, pela alteração da dinâmica de uso do seu espaço urbano, o arquiteto altera a relação primeira da existência do edifício, que é a ordem hierárquica que colocava sua entrada principal voltada à avenida de maior importância do seu entorno e que, agora, passa a funcionar como acesso ao edifício uma entrada lateral, voltada ao Parque da Luz. E, de maneira mais sutil, mas não de segunda ordem, interfere na relação da arquitetura (do edifício) com sua função, quando cede a importância de seus espaços para o que nele é exposto, “sem que eles predominem excessivamente sobre a apreciação das exposições ali abrigadas” ii. Outro exemplo, o caso do SESC Pompéia, da arquiteta Lina Bo Bardi. A antiga Fábrica de Tambores da Pompéia, desativada e, naquele momento, anterior à intervenção, contava com duas características que colaboraram para a escolha de partido pela arquiteta. Uma delas era o patrimônio técnico contido na estrutura, importado pelos ingleses e estampado na plasticidade do edifício, e a outra, e talvez a mais importante, é que a área do galpão, estava sendo utilizada como espaço informal, apropriado pelos moradores do entorno, para atividades de lazer.
ii ZEIN, Ruth Verde. “Sobre Intervenções Arquitetônicas em Edifícios e Ambientes Urbanos Modernos: Análise Crítica de Algumas Obras de Paulo Mendes daRocha”. Artigo. sd.
introdução
Destes pontos, surge uma nova proposta de ocupação edificante do espaço, interno e externo, bem como, proporciona qualidade e reafirma o motivo da apropriação do espaço, conferindo infra-estrutura para as atividades de lazer que já eram uma espécie de solicitação subjetiva pelos que utilizavam o local de maneira informal.
SESC POMPÉIA. lina bo bardi foto: Daniel Ryan
Assim, nesta intervenção, a arquiteta, Lina, toma partido da construção existente, notando força na dimensão dos espaços, na sua implantação e volumetria, colocando estes dados a favor de seu projeto, bem como, ao inserir novos edifícios no conjunto, o faz com a arquitetura que cabe ao tempo presente, não copia o que está dado, intervém com arquitetura contemporânea. E, sobretudo, o que ela pretende que permaneça é a rica experiência comunitária, que ocorre de maneira espontânea e que carrega o mote principal do projeto para o SESC Pompéia.
introdução
“o projeto nasce da confrontação deste entorno com a intenção projetual” [nota de aula]
Uma das relações mais proeminentes entre o antigo e o novo, não só dos projetos acima citados, mas de outros projetos que trataram de preexistências urbanas, é a do tempo e espaço ao qual pertence o objeto da intervenção pretendida, assim sendo, para tratar de novas estruturas e equipamentos urbanos não podemos deixar de levar em consideração a cidade em si, que é estranha àquela primeira arquitetura, assim como, tão pouco podemos deixar de lado as causas que levaram determinadas áreas àquela situação – quais os desdobramentos vividos na cidade que atuaram na conformação desta nova realidade – e de que maneira este conjunto de características atuam na área e atuarão na futura arquitetura. Assim, é retomado o questionamento de: como intervir com uma arquitetura suficientemente forte para qualificar o urbano? Até que ponto o urbanização deve ser modificada para que haja atuação equilibrada entre esta e a nova obra sem causar impactos negativos à cidade? Levando estes questionamentos em consideração, o que se pretende desenvolver é: como se trabalhar arquitetura em edifícios existentes, em áreas de entorno consolidado, sem romper por completo com sua arquitetura primeira, mas alterá-la substancialmente, no sentido de conferir características positivas, que consigam abraçar os anseios de determinada região, diretamente próxima a esta, sendo esta região, por sua vez, diretamente relacionada com a cidade a qual pertence.
introdução | cidade
Como comenta Paulo Mendes da Rocha, sobre o projeto na Praça do Patriarca:
PRAÇA DO PATRIARCA. paulo mendes
Segundo o memorial do autor, “a revalorização do centro da cidade terá que conter afirmações interessantes sobre a dependência entre as idéias e as formas, um reviver da arquitetura urbana. Não simplesmente restaurar, (mas) também criar novos desenhos que abriguem, amparem e expressem hábitos urbanos contemporâneos, do tempo que vivemos.” i
i ZEIN, Ruth Verde. “Sobre Intervenções Arquitetônicas em Edifícios e Ambientes Urbanos Modernos: Análise Crítica de Algumas Obras de Paulo Mendes daRocha”. Artigo. sd.
introdução | cidade
Pressupõe-se que, a lógica primeira de um edifício é realizada a partir das condições do entorno e da função que irá abrigar. Assim, além do seu programa interno, direcionado para os objetivos de seu uso, este edificio também é influenciado pelas interferências externas, e que por vezes não são somente referenciadas pelo entorno físico – que levaria em consideração altura de edifícios e tipos de arquitetura –, mas também dependem das condições de uso do lugar, de características intimamente ligadas à dinâmica de funcionamento daquela região, neste caso falamos principalmente da relação usuário e cidade, ou seja, de que maneira o usuário interfere nas características daquela região, além de claro das características formais dadas por seu tempo e possibilitadas pelas técnicas existentes neste mesmo. Porém, em muitos projetos, se nos apercebemos de concepções da arquitetura baseadas apenas na função que o edifício iria abrigar, como exemplo os galpões industriais: de volumetria simples, com ausência de ornamentos e características plásticas, já que estas “não conferem” “valor” para um edifício, que teria como função única, a de abrigar sua linha de produção. Assim como, a partir deste parâmetro funcional, é definido seu programa. Neste caso, as condições do entorno são praticamente ignoradas. O resultado deste tipo de projeto, despreocupado com as interferências que possivelmente irá causar na cidade são inúmeros, mas podemos destacar, em primeiro lugar, a alteração de boa parte das características primeiras, existentes entre os usuários e o local da intervenção, isso gerado principalmente pela proporção do projeto, que insere um novo contingente de pessoas na região, afetando vários setores primários dali e estes, por sua vez, se apropriam da lógica de funcionamento do empreendimento em questão. E, em segundo lugar, com o provável encerramento ou mudança das atividades daquela indústria, freqüentemente, sua região mais próxima passa por um processo de esvaziamento, por não mais abrigar aquele contingente funcional que garantia, mesmo que sazonalmente, considerável numero de pessoas transitando no local.
introdução | edifício
E não só neste tipo de edifício existe a ausência de relações entre função, arquitetura e cidade, muitas outras obras foram erguidas e estas não levaram em consideração o entorno – tanto o físico quanto o dinâmico [ambiental] existente. Muitos projetos, contemporâneos, são realizados e não carregam nenhuma relação com a cidade, além de se impõem de maneira tão agressiva que as relações originais do local de implantação são quase que completamente alteradas. Um exemplo atual deste tipo de projeto são os erguidos para as Instituições de Ensino Superior Privado. Estudadas na pesquisa: “Arquitetura, Urbanismo e Educação: Universidades Particulares e Transformações Urbanas”i, tivemos clara a conseqüência que grandes empreendimentos causam em áreas urbanas. Citando brevemente uma das conclusões, extraídas da análise dos locais de implantação deste tipo de empreendimento, é que, ao se levar em consideração somente a característica plástica e funcional do edifício, visando quase que exclusivamente o ganho de mercado – ou seja, utilizando da propriedade plástica, conferida pela arquitetura ao empreendimento, para o merchandising da marca da Universidade, pretendendo a garantia de que seu produto seja exposto e comprado – e, ignorando questões do entorno (a maioria dos locais de implantação destes empreendimentos eram áreas com predominância de uso residencial, que são muito frágeis frente a intervenções de grande escala), temos que as características originais da região são quase que completamente alteradas. Na maioria dos casos a maior, e mais freqüente conseqüência, é a expulsão da população que inicialmente residia no local, para dar espaço a estabelecimentos comerciais (que usufruem no novo contingente de usuários) e estes, por sua vez, passam a afirmaram o
i REINALDO, E. A.. “Arquitetura, Urbanismo e Educação: Universidades Particulares e Transformações Urbanas”, pesquisa realizada juntamente com o Prof. Dr. Gelson de Almeida Pinto, docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo na Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
introdução | edifício
funcionamento sazonal do entorno próximo, ou seja, ele passa a abrigar um enorme fluxo de pessoas nos horários de entrada e saída de alunos da Universidade e, nos outros momentos, a região é praticamente desabitada, o que cria diversos problemas, como transito caótico nos horários de entrada e saída dos usuários do empreendimento e aumento de violência gerada pela ausência de pessoas transitando pelo local nos horários em que a escola não está em funcionamento.
PINACOTECA. paulo mendes
Então, como encontrar o equilíbrio? Como inserir (ou, neste caso, RE-inserir), intervir com uma arquitetura, num edifício presente no cotidiano dos sujeitos, mais diretamente, sem subtraí-los, permitindo que eles se apropriem da intervenção no sentido de conferir a ela o sucesso do seu programa e, ao mesmo tempo, tê-la como objeto qualificador de seu cotidiano, ou seja, como chegar a uma arquitetura com qualidade suficiente para atrair seus usuários e, que , conseqüentemente, coloque seu uso em pleno funcionamento?
introdução | edifício
“Por outro lado, a arquitetura depende ainda, necessariamente, da época da sua ocorrência, do meio físico e social a que pertence, da técnica decorrente dos materiais empregados e, finalmente, dos objetivos e dos recursos financeiros disponíveis para a realização da obra, ou seja, do programa proposto.” i
Como prever, para uma intervenção, programa atual, utilizando de técnicas construtivas atuais, sem agredir àquela primeira ordem arquitetônica? Como interferir naquela lacuna, deixada pelo tempo na cidade, sem inferir regras que despenquem para um modo de utilização do espaço não equivalente ao funcionamento da cidade? Quando é levantado o questionamento sobre a técnica, principalmente por este trabalho, não ansiar o tratamento da preservação de patrimônio histórico [ restauração ] no sentido de preservá-lo, a ponto de impedir a realização de qualquer coisa, e sim considerar, como já mencionado, que não se faz arquitetura utilizando de técnicas e preceitos ideológicos de outras épocas. Sobretudo porque, para se trabalhar arquiteturas, tem que se levar em consideração a nova dinâmica urbana ali existente, não podendo somente utilizar da imitação do entorno para atingir a área de intervenção, objetivando então, o encontro do equilíbrio entre passado e presente, verificando as relações possíveis entre a arquitetura de hoje e a de ontem, principalmente do ponto de vista da prática do projeto arquitetônico e urbano. Assim, não é ignorada a manutenção de características formais e técnicas essenciais para que as memórias pertencentes ao edifício, e ao seu uso passado, não sejam encobertas e ignoradas, mas não se coloca isto como base primordial da intervenção – da forma como são tratadas tantas outras arquiteturas reconhecidas por instituições como Patrimônios da Humanidade. Utiliza-se destas estruturas, erguidas para suprir necessidades do presente, a partir de sua construção, de sua infraestrutura. Utiliza-se como benefício, como adição, e não somente como parte de outra história, que deveria ser resguardada por este único
i COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608p.il
introdução | técnica
motivo. A intenção não é desvendar o passado e sim incluir o que existe no presente, com o benefício da utilização de elementos contemporâneos, técnicos e formais, que visam à requalificação e inserção do edifício à nova lógica urbana. “É preciso se liberar das ‘amarras’, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história; o que é preciso é considerar o passado como presente histórico. O passado, visto como presente histórico, é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as arapucas... Frente ao presente histórico, nossa tarefa é forjar outro presente, ‘verdadeiro’, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas situações de hoje que se apresentam a vocês e tudo isso não se aprende somente nos livros. (...) Na prática , não existe o passado, o que existe é o presente histórico.” ii
Outro ponto que se considera como parte do desenvolvimento da técnica, enquanto aliada à realização de um projeto contemporâneo, está relacionado com o programa que será aplicado na intervenção. Ou seja, não se considera a técnica construtiva e de conhecimento dos materiais empregados, como exclusiva ferramenta para um projeto contemporâneo, mas sim se adiciona a função do programa como suporte para o sucesso do projeto, principalmente pelo programa estar intrinsecamente ligado às questões intrínsecas às características da região receptora da intervenção: quais suas particularidades, e qual o papel que esta desempenha num cenário mais amplo, a cidade. Somando-se todas estas informações, qual a função que deverá então abrigar este novo equipamento?
ii
BARDI, Lina Bo. “Uma aula de arquitetura”. Projeto, n. 149, p. 60-62, jan./fev. 1992
introdução | técnica
Em outras palavras, considera-se que o programa é parte da técnica utilizada, em arquitetura, na atividade de apropriação e desenvolvimento positivo de espaços, e que a análise para a escolha do que melhor se enquadra na intervenção é derivante do estudo do edifício e da cidade:
ALTERRA WAGENINGRN, Holanda. behnisch architekten
“trabalhar o lugar e tentar descobrir o que aquela pré-arquitetura pode proporcionar, não somente descobrir o que precisa ser feito, mas também o que pode ser oferecido”. [nota de aula]
introdução | técnica
o projeto
O Centro de Convenções e Exposições Comendador Oscar Ferreira [São Carlos ExpoShow],localizado na cidade de São Carlos, interior do Estado de São Paulo, foi escolhido devido ao fato de suas características estarem intimamente ligadas ao partido adotado, que considera as arquiteturas residuais da malha urbana como alvo de intervenções que busquem a “re-inclusão” desta na nova lógica de funcionamento da cidade contemporânea. Assim, propõe-se trabalhar com os seguintes eixos de intervenção: Trabalhar a infraestrutura existente [ considerada subutilizada ], implantando “atrativos” de uso público e comum – atividades concretizadas a partir de ações de intervenção no objeto arquitetônico. Encontrar o equilíbrio entre o ANTIGO [preexistência] e o NOVO [tecnologia e forma], no intuito de garantir a inclusão daquela arquitetura, no estado atual de crescimento da cidade, ao mesmo tempo em que a valoriza, considerando que ela possui vestígios de uma memória histórica, que não deve ser encoberta ou esquecida. Garantir que a intervenção não se torne somente um aparato institucional, mas sim um modelo de arquitetura de qualidade [embutida tanto em sua plasticidade quanto na função de seus equipamemtos] objetivando efetiva apropriação por parte dos que venham a ser seus usuários.
o projeto
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | croquis e idĂŠias
o projeto | objeto e รกrea
Localizado na área oeste da cidade de São Carlos, o Pavilhão, que servia à rede de abastecimento CEAGESP, é caracterizado por uma arquitetura industrial, provavelmente de construção datada do início do século XX i. Possui ampla dimensão (15 mi m² . 110 x 135 m), marcada por uma modulação de pilares de 10,0 x 4,0 m. Suas paredes, erguidas em tijolo de barro maciço, chamam a atenção para a qualidade técnica de sua construção, pelo posicionamento perfeito dos tijolos, que formam uma fachada com materialidade homogênea, desenhada, simetricamente, por suas aberturas e pilares. Atualmente, é utilizado na realização de feiras e eventos de grande porte, porém, estes eventos ocorrem de maneira muito sazonal, contribuindo para que, na maior parte do tempo, o edifício e seu terreno, permaneçam sem uso. O que demonstra certo desperdício, tanto para o edifício quanto para a região da área do Pavilhão, de uso predominantemente residencial, próxima a duas das áreas mais carentes da cidade, o Jardim Cidade Aracy e Jardim Gonzaga, que não contam com espaços livres de lazer e de equipamentos públicos que ofereçam uma melhora no cotidiano dos moradores dali. A mesma região ainda é alvo do que geralmente ocorre na maioria das cidades: a segregação sócio-econômia. Foram obtidos dados do Plano Diretor da cidade, que, mostram claramente esta segregação no território urbano, que colabora com um processo de expansão e concentração da população carente, que aos poucos foi sendo expulsa para a periferia, longe da maior parte dos equipamentos voltados à educação, que, quando existem no local, não conseguem atender a demanda. Segundo o Plano Diretor da cidade “a maior concentração e diversidade de equipamentos de educação se encontra na região central, assim como os maiores índices de escolaridade”.
i Referencias exatas sobre a data de construção do edifício ainda não foram encontradas. Acredita-se que seja esta a data devido a construção da estação ferroviária principal da cidade ter sido inaugurada no ano de 1884.
o projeto | objeto e área
Somado a isto, o que também chama atenção na área é uma segregação espacial demarcada pela presença da FEPASA [Ferrovia Paulista SA], que, num contexto mais amplo, divide a cidade em áreas NORTE e SUL, onde a segunda pertence esta região carente da qual tratamos. Num contexto mais específico, o que se verifica, é a ocorrência da Ferrovia margeando o Pavilhão, objeto de trabalho, colocando-o no centro de dois usos adversos da malha urbana: no lado norte à Ferrovia, o mesmo da área pretendida para o projeto, concentra-se um uso industrial, impactado pela presença da Tecunseh Ltda e da Eletrolux, que ocupa uma grande área, gerando uma espécie de muro para o centro da cidade, dificultando até mesmo o acesso à área; e, no lado sul, caracterizado com uma concentração significativa, sobretudo em termos de densidade, de uso residencial, com habitações de padrão médio e popular. Esta característica torna mais clara a demarcação do vazio provocado pela deficiência de uso efetivo do terreno onde está implantado o galpão, e deste em si, pois se tem um nível de adensamento populacional crítico, em uma região enfraquecida no que tange infra-estrutura pública, mas que contem áreas, como a do Pavilhão, que se encontram ora subutilizadas e até mesmo obsoletas tendo em vista todos estes parâmetros.
anos de escolaridade |
densidade habitacional
Porém, estes pontos fortalecem a escolha de uma intervenção positiva, que se demonstra como ponto estratégico para ações projetuais de qualificação da área residencial, enfraquecida pela presença destes nichos industriais e de políticas públicas que atenuariam estas segregações.
o projeto | objeto e área
o projeto | escolha do programa
Trabalhando sobre estes aspectos, intervir no, hoje, Pavilhão da Exposhow é que se firmou a proposta de trabalho sobre esta arquitetura residual. Ao estudar o local, a carência de equipamentos de lazer e educação do entorno do Pavilhão se fez notória, e firmou a vontade de interferir neste espaço, dando-lhe então um novo uso, sem, como já dito, deixar de pensar nas características intrínsecas à arquitetura existente: planta livre e dimensão espacial; aplicando-se a esta, materiais, técnicas e formas do nosso tempo presente, sem negar-lhe sua condição primeira. ESTAÇÃO ESCOLA, este é o projeto almejado para este espaço. Pensar na dinâmica da cidade, incluindo um equipamento de fomento à educação, cultura e lazer, concretizando-o a partir de escolhas técnicas, formais e funcionais que conversam com a edificação existente, ora incluindo novos espaços, ora utilizando o mesmo, na afirmação de sua existência. Para a realização deste, utiliza-se como suporte de desenvolvimento diversos projetos promovidos pelos Governos Estadual e Municipal, que levam a alunos da rede pública escolar, atividades extraclasse, que unem o exercício de cultura, educação e lazer como apoio e assistência às atividades educacionais básicas do Ensino Fundamental e Básico. A exemplo desses projetos temos: o Projeto Guri (com apoio Estadual) e os Programas Arte Cultura nas Escolas e Educação Patrimonial (iniciativa Municipal). Assim, o programa escolhido para ser trabalhado neste projeto, torna-se um equipamentosuporte a estes projetos de extensão promovidos pela iniciativa pública, e possui como público alvo crianças do ensino fundamental da rede pública escolar. Também se coloca aberto não somente à população do entorno imediato da intervenção bem como para toda cidade de São Carlos, possibilitando a inclusão da cidade, neste desenrolar das atividades geradas por este equipamento multifuncional.
o projeto | escolha do programa
nota:
PROJETO GURI. fonte: Governo do Estado de São Paulo
O Projeto Guri, principal iniciativa da AAPG [Associação Amigos do Projeto Guri], existe desde 1995. O Guri é um projeto socioeducativo que oferece continuamente, nos períodos de contraturno escolar, cursos de iniciação e teoria musical, coral e instrumentos de cordas, madeiras, sopro e percussão. Atualmente o Projeto Guri atende cerca de 40 mil alunos em 301 municípios do Estado de São Paulo. Além do Governo do Estado – seu principal parceiro mantenedor – a AAPG conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Fonte: http://www.projetoguri.com.br O Programa Arte Cultura nas Escolas visa o desenvolvimento integral de professores/ as e educandos/as, visando o estímulo, valorização e realização de ações e projetos direcionados à Arte, Educação e Cultura dentro e fora das unidades escolares. Fonte: http:// www.saocarlos.sp.gov.br O Programa de Educação Patrimonial, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação, visa o planejamento, execução e avaliação de ações educativas direcionadas ao reconhecimento, valorização e preservação do patrimônio material (bens móveis, imóveis ou naturais) que possuem significado artístico, religioso, arquitetônico, cultural e que são constituintes da história do município de São Carlos. Visa ainda, o reconhecimento e valorização dos saberes e práticas tradicionais que contribuem e/ou contribuíram para a formação das comunidades são-carlenses tais como celebrações, culinária, línguas, saberes transmitidos oralmente, manifestações artísticas tipicamente locais (danças, ritmos), entre outras diretamente relacionadas à história de grupos sociais pertencentes ao município de São Carlos. Fonte: http://www.saocarlos.sp.gov.br
o projeto | escolha do programa
o projeto | processo
Inicialmente, o programa compreendido pelo projeto, continha somente a implementação de uma midiateca no então espaço da São Carlos-Exposhow, que objetivava um espaço voltado à prática da leitura, provocado pelo uso de novas mídias [por isto a denominação MIDIATECA] e espaços de “estar” qualificados, que favorecessem a permanência dos usuários. Posteriormente, com o estudo e o levantamento destes programas promovidos pela iniciativa pública, notou-se a possibilidade, necessária, do aumento de funções na intervenção a ser trabalhada, incluindo-se com mais vigor as funções de lazer e atividades extracurriculares, até mesmo porque a área requeria uma intervenção mais ampla, que provocasse o uso do espaço de maneira mais ativa, levando-se em consideração que o espaço é dotado de grande potencial, dado tanto por suas grandes dimensões, como por sua localização, esta, em área de uso predominantemente residencial, e pela proximidade que tem com relação às regiões mais carentes da cidade (Cidade Aracy e Jardim Gonzaga). Assim, o programa cresce e passa a conter, além da midiateca, anfiteatro para 450 pessoas, salas multiuso, oficina de maquetes e modelos, oficina de música, oficina de dança, oficina de artes e laboratório de culinária. Com o acréscimo de funções o que ocorre é que o programa não caberia somente no edifício dado, no sentido de que acabaria deturpando uma das características essenciais do edifício existente: a amplitude do espaço, de grandes dimensões, marcada pelo ritmo dos inúmeros pilares que sustentam sua elevada cobertura. Assim se fez necessária a adição de uma nova estrutura construída que abrigasse estes espaços de atividades, na tentativa de não seccionar o espaço do Pavilhão em diversas salas, prevendo a integridade da estrutura interna, bem como proporcionando espaços amplos, para a realização de atividades como, por exemplo, a dança que não seria possível
o projeto | processo
sua realização na modulação atual dos pilares [4,0 x 10,0 m]. Primeiramente, estes equipamentos quase adentravam como um anexo, sem ligações físicas e formais fortes com o edifício existente, porém, com o desencadear de idéias e desenhos, estas áreas são incluídas no espaço interno ao edifício, em sua maioria em níveis elevados com relação ao nível atual do piso do Pavilhão, colaborando para que 2/3 da área deste mantivesse suas características originais. Desta forma, atua-se de duas formas na intervenção do Pavilhão, onde ora é incluído uma função, em área não mutável [áreas que recebem um aparato técnico somente capaz de garantir o funcionamento de dado equipamento do programa, com instalações elétricas e mobiliário específico] e, ora é incluída nova área, com materialidade diversa da existente, com uma nova estrutura que, mesmo sendo incluída dentro do perímetro do Pavilhão funciona, no sentido técnico, independentemente da estrutura existente. Das atividades inclusas nos espaços não mutáveis do edifício existente temos: a Midiateca, que ocupa a maior parte do Pavilhão, possuindo assim o espaço de maior dimensão [4 mi m²]. Como já mencionado, a denominação Midiateca deve-se ao uso de diversas mídias em funcionamento num mesmo espaço: ela coloca-se como um atrativo à cultura e educação, que além de conter um acervo físico de livros, revistas, periódicos, jornais, enfim, todo o acervo encontrado em bibliotecas convencionais, é também atendido com equipamentos de informática, de áudio e vídeo, no intuito de promover a popularização destes “acervos virtuais” – uma realidade crescente no cenário brasileiro –, tornando-os parte do cotidiano já tão envolvido com a existência desses novos meios de comunicação, mas que ainda não são utilizados, não ao menos maneira efetiva, para a geração e o despertar de conhecimento.
o projeto | processo
Esta segunda proposição, é colocada de maneira intuiva no projeto pois acredita-se que estes meios virtuais de geração de conhecimento são mais interessantes às vistas de crianças e adolescentes, publico alvo desta intervenção, assim, com o despertar do interesse pela leitura, isto vindo a partir da utilização destes “acervos virtuais”, os outros, os convencionais, os físicos, passarão a ser interessantes também, como um desencadear de fatores. A midiateca então se configura como espaço de múltiplas formas para se alcançar o conhecimento, nestes 4 mil m² é colocado à disposição do usuário: acervo físico, acervo eletrônico, acervo virtual, acervo de áudio e de vídeo, estes, por sua vez organizados visando uma ampla diversidade de usuários. Bem como maneiras distintas de uso do espaço, como por exemplo: uma área para acervo infantil, distinta da convencional, com um mobiliário criado para este acervo e espaço; áreas de leitura configuradas com vários tipos de mobiliários; área de televisão; além claro das áreas próprias para cada tipo de acervo citado acima, pretendendo, com tudo isto, um ambiente diferente do convencional tido nas bibliotecas, um ambiente mais livre que permita um maior interesse e liberdade em sua utilização. E, para além do despertar de interesses, faz-se importante estes meios virtuais, pois, com eles, deficientes visuais, por exemplo, têm acesso à livros transcritos em áudio, ou passam a ter acesso à tecnologias que permitam o contato facilitado à ‘leitura’. Outra área importante para o projeto, que é a área para coberta / eventos, esta se caracteriza pela permanência da estrutura da cobertura, mas por ter sido retirado o eixo central da cobertura existente, temos então um espaço aberto, livre, sem fechamentos laterais imediatos, mas com a cobertura existente mantida. Neste espaço é instalado um mobiliário flexível, servindo de apoio para apresentações: quando este é montado em formato de arquibancada, tem-se o centro deste espaço como local de apresentações e, em momentos em que não haja tais apresentações este mobiliário permanece como um
o projeto | processo
tablado, configurando o espaço como um grande pátio, possibilitando a realização de atividades diversas ou simplesmente um espaço de descanso para o usuário. Já da nova estrutura, o que dela é incluso no piso 1m [o nível do Pavilhão] é o auditório, com capacidade para quase 400 pessoas, (que além de auditório também servirá para exibição de filmes e de peças de teatro), a administração, e a cozinha, que também serve como espaço didático para aulas de culinária, tanto adulta como infantil. Mais outros dois nichos de salas, são inlcusos nos pisos elevados: as de maior dimensão servem a atividades como a dança, musica e artes, foram locadas em dois níveis [5m e 6m] e dispostas na direção NORTE – SUL do Pavilhão. Do lado NORTE, as salas estão no nível 6m, para que o pé direito do auditório, logo abaixo deste piso, tenha as dimensões adequadas, bem como para que a laje deste piso seja coincidente com a altura do topo da parede existente do pavilhão. Do lado SUL foi utilizado 5m de nível, tanto para que o pé direito da cozinha, logo abaixo deste piso não fosse tão alto, quanto para que as atividades exercidas ali naquelas salas possam ser vistas da área de alimentação, que serve à cozinha. Além destas salas, são criadas também outras de menor dimensão, locadas no nível 4m e dispostas na direção LESTE-OESTE do Pavilhão, estas tem o objetivo de atender a turmas menores e usos diversos, como aulas de línguas, de reforço e salas de leitura. Todos estes ambientes são conectados por uma rampa, que corta todo o edifício no sentido LESTE-OESTE, margeando o volume formado pelas salas da administração e as de menor dimensão, projetada tanto para servir à acessibilidade universal como quanto para permitir ao usuário a visualização da dimensão do pavilhão durante seu percurso por ela.
o projeto | processo
Outra característica importante, somada ao projeto, é a sua capacidade de receber eventos outros, como feiras de médio porte, convenções, simpósios, conferências: a área coberta / eventos tem a capacidade de receber estandes, pois o piso conta com instalações elétricas necessárias para o funcionamento das mesmas. E, os acessos às salas multiuso de menor porte, são também projetados diretamente pela área externa à midiateca para que estas salas possam ser utilizadas em conferências, reuniões e afins. E, além do aspecto funcional do programa, é proposto neste projeto que a intervenção siga para além das paredes do Pavilhão. No terreno do edifício é proposto um parque infantil, uma área com equipamentos de ginástica ao ar livre, que são muito utilizados por cidadãos de várias faixas etárias, sobretudo pela terceira idade, bem como a manutenção das duas quadras poliesportivas existentes na área, propondo que elas sejam parte da intervenção na área do parque. Por fim, conectando estas áreas está a ciclovia/passeio, que circunda todo o Pavilhão, criando um passeio por toda a área do projeto, em um percurso arborizado, com infraestrutura para a prática de esportes ou o simples estar nas áreas. A intervenção nesta área se dá de maneira mais passiva, isto com relação à inserção de atividades que temos nas proposições internas ao Pavilhão. E isto devido a pretensão de que esta área externa receba atividades, eventos de médio porte, como feiras de eventos, exibições culturais, atividades de lazer comunitário, enfim, toda uma gama de atividades que contem especificidades no que tange a infraestrutura solicitada e espaço de realização.
o projeto | processo
o projeto | desenhos
o projeto | situação
13
5 4
1
6
2
7
9
8
10
1. Midiateca 2. Auditório 3. Cozinha 4. Sala de Projeções 5. Sala de Funcionários 6. Secretaria 7. Direção 8. Administração 9. Apoio do Palco 10. Depósito 11. Estocagem de Alimentos 12. Vestiários de Funcionários 13. Apoio
3 12
11
o projeto | 1# pavimento
o projeto | 1# pavimento
6
1
2 5
8
7
1. Dança 2. Multiuso 3. Artes 4. Música 5. Multiusos 6. Copa 7. Vestiários 8. Depóstito
3
4
o projeto | 2# pavimento
o projeto | 2# pavimento
o projeto | 1# pavimento
No início dos trabalhos, sobretudo com a escolha do tema a ser trabalhado [as preexistencias], pretendia-se fazer exatamente o que foi feito, na ordem que foi feito: escolha da área, leituras e levantamentos desta e tomada de partido programático e, com este ultimo, fazer uso de processos de investigação, para se entender o que melhor caberia no edifício existente. Foi um processo bastante dificultado, pois quando se olha para este pavilhão, de 14 mil m², acredita-se que quaisquer programa que fosse escolhido funcionaria bem ali, sobretudo se pensarmos tambem na planta livre, somente preenchida por pilares. Contudo, o que se constrói é um equipamento que vai além das características de um Centro Cultural ou de Eventos, ou ainda, sugere uma categoria ampliada de Biblioteca; é antes um espaço de várias formas de conhecimento que o acadêmico tradicional, com uma nova materialidade aplicada, mas nunca abrindo mão da caracteristica visual do existente. E, quanto se chega a esta conclusão, notou-se a dificuldade de trabalhar com um programa definido, sobretudo pela entrada de diversas funções que este programa passa a conter. Conseguir aliar os espaços novos com os existentes, foi de fato a maior dificuldade praticada, pois como sempre se pretendeu a conexão visual destes, esta tarefa, após ter sido adicionado os novos volumes no Pavilhão, colocou-se como chave para o desenvolvimento do projeto. Acredita-se que isto foi resolvido, pois mesmo adicionando os novos volumes, com a distribuição de espaços completamente distinta da existente, com o uso da rampa que percorre todo o Pavilhão e interliga todos os níveis, proporcionando ao usuário a contemplação do local, bem como a liberdade de acesso às diversas áres, e, aliado a isto, o das uso vedações translucidas nos novos volumes, que em seu piso superior são desnivelados, uns com relação aos outros, proporcionando diversas situações de
considerações finais
visualização de cada espaço. Sobre o espaço externo, há também considerações a serem levantadas. Projetar um espaço aberto, livre, com a possibilidade de ocorrencia dos mais diversos eventos, também foi um ponto crítico do projeto. Pois, exatamente o que se colocaria nesta área para ocupála corretamente, de forma que garantisse a ativação de seu uso, ao mesmo tempo em que o projeto necessitava de uma grande área que pudesse receber eventos, como feiras, exibições culturais, exibições dos alunos que ali realizam atividades, todas estas donas de necessidades de instalações específicas, que não seriam possiveis se a área externa ao Pavilhão estivesse densamente ocupada com infraestrutura fixa. Então, opta pelo partido adotado no trabalho do projeto da área interna ao Pavilhão, ou seja, o espaço recebe intervenção, mas esta vem principalmente com inserção de infraestrutura e manutenção, como com a troca de pisos, com a inclusão de iluminação noturna e a arborização, sobretudo nos caminhos do passeio. O projeto se encerra ainda com dúvidas, trabalhar de maneira investigativa, sem ter em mão as conclusões reais do processo é recorrente, porém, paralelamente a isto, grande parte das dúvidas que deram início a este projeto foram sanadas, sobretudo quando tratamos do programa adotado, pois por todo ângulo que se analisa o projeto não se encontra melhor função para ser inserida no cotidiano dos usuários, cada vez mais carentes de espaços livres de lazer, de cultura e de educação.
considerações finais