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Mapeamento bibliográfico

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Referências

Referências

dissertações, teses e outros textos brasileiros sobre Antonin Artaud

Na França, os escritos de Artaud podem ser encontrados, de forma completa, em 28 tomos publicados ao longo de vários anos pela editora Gallimard. Em português, pode-se encontrar alguns de seus textos na íntegra como O teatro e seu duplo (1993), outros em publicações que compilam textos diversos (como manifestos, cartas, ensaios), ou ainda, encontrar alguns de seus textos incluídos como apêndices de livros que estudam esse autor, sendo que sua obra ainda não está totalmente traduzida ao português. Embora já fosse possível encontrar referências a Antonin Artaud em publicações traduzidas ao português, como em O teatro e seu espaço, de Peter Brook, publicado no Brasil em 1970, ou no Em busca de um teatro pobre, de Jerzy Grotowski, em 1971, foi em 1978 que, no Brasil, a tradução e publicação de livros de pesquisadores estrangeiros possibilitou maior acesso bibliográfico sobre esse autor. Nesse ano, duas obras foram publicadas: Artaud e o teatro, de Alain Virmaux, pela Perspectiva (sendo a segunda edição apenas em 2000), incluindo, além de textos críticos, alguns textos do próprio Artaud; e, de Martin Esslin, o pequeno livro Artaud, pela Editora Cultrix. A década de 1980 iniciou com novidades. A publicação da tradução de A linguagem da encenação teatral (1880 - 1980), do francês Jean-Jacques Roubine (original de 1980), teve sua primeira edição brasileira em 1982, pela Editora Jorge Zahar, e abordava diferentes temas teatrais tendo como base as reflexões de Artaud juntamente com Bertolt Brecht, Stanislavski, Gordon Craig, Jerzy Grotowski, entre outros. Nesse mesmo ano, Teixeira Coelho publicou

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Ismael Scheffler

de sua autoria Artaud: posição da carne, pela Editora Brasiliense. Foi apenas em 1984 que O teatro e seu duplo, obra-chave do teatro de Artaud, recebeu sua primeira edição traduzida no país, por Teixeira Coelho, pela Editora Max Limonad.

Na segunda metade dessa década, Cláudio Willer publicou Os escritos de Antonin Artaud, com textos e notas de sua autoria, integrando a Coleção Rebeldes & Malditos, publicado pela Editora l&pm em 1986. Em 1988, Urias Corrêa Arantes lançou Artaud: teatro e cultura, pela Editora da Unicamp, pesquisa resultante de seu mestrado em Filosofia, pela Universidade de São Paulo, com dissertação defendida em 1981. A tradução do livro de Odette Aslan, O ator no século XX: evolução da técnica/ problema da ética (publicado na França em 1974), recebeu edição brasileira, pela Editora Perspectiva, apenas em 1994, contendo também algumas reflexões sobre Artaud. Na metade da década de 1990, novos textos de Artaud receberam tradução de J. Guinsburg, Sílvia Fernandes Telesi e Antonio Mercado Neto, compondo o livro Linguagem e Vida (1995), publicado pela Editora Perspectiva. A tradução e publicação, em 1996, de Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, de Gilles Deleuze e Féllix Guattari, pela Editora 34, especialmente o texto 28 de novembro de 1947 – como criar para si um corpo sem órgãos (volume 3), também trouxe Artaud para a pauta brasileira. Nesse mesmo ano, foi publicado pela Editora Perspectiva A procura da lucidez em Artaud, texto resultante da tese homônima de Vera Lúcia Felício, defendida em 1980, na Universidade de São Paulo, que só então ganhou maior alcance. A década se preparava para seu fim, quando Daniel Lins, em 1999, publicou o livro Antonin Artaud: o artesão do corpo sem órgãos, pela Editora Relume-Dumará. Esses eram os livros disponíveis em português no Brasil, à época de minha pesquisa no mestrado, entre 2002 e 2003, bibliografia que pude complementar com algumas publicações estrangeiras, em português de Portugal ou em espanhol, de textos de Artaud ou de estudiosos como Felipe Reyes Palacios (Artaud y Grotowski: ¿el teatro

Artaud e o Teatro Sagrado

dionisiaco de nuestro tiempo?) e Christopher Innes (El teatro sagrado: el ritual y la vanguardia). De 2004 para cá, muitos artigos e outras tantas pesquisas em mestrado e doutorado foram realizados. Em 2004, Cassiano Sydow Quilici publicou o livro Antonin Artaud: teatro e ritual (Annablume/Fapesp), sua tese, defendida em 2002 no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mesmo ano e instituição em que Alexandre Galeno Araújo Dantas (Alex Galeno) defendeu sua tese, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, com o título Antonin Artaud: a revolta de um anjo terrível, publicada pela Editora Sulina, em 2005. Na sequência, outro livro lançado no Brasil, a partir do que pude apurar, foi a da francesa Florence de Mèredieu: Eis Antonin Artaud, em 2011, pela Editora Perspectiva. Em 2013, Wilson Coêlho publicou Antonin Artaud: a linguagem na desintegração da palavra, pela Editora Appris, livro resultante de sua pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade Federal do Espírito Santo, com dissertação defendida em 2006. Em 2015, Maisy de Medeiros Freitas publicou Antonin Artaud: por uma cultura da crueldade, pela Editora Crv, sua dissertação, defendida em 2010 no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Ana Kiffer, por sua vez, publicou o livro Antonin Artaud em 2016, pela Eduerj, tendo defendido sua tese, Antonin Artaud: poética do pensamento, em 2002, no Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Kiffer também organizou o livro A perda de si: Cartas de Antonin Artaud, no qual fez uma seleção destes documentos inéditos no Brasil, publicado pela Editora Rocco em 2017. Fagner Torres de França publicou, em 2018, o livro Artaud e o cinema da Crueldade, pela Editora crv, fruto de sua tese Para um cinema da crueldade em Antonin Artaud (2016), no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Galeno e França, juntamente com Gustavo Castro, organizaram o livro Antonin Artaud: Insolências, publicado também em 2018, fruto do diálogo entre dois grupos de pesquisa, da ufrn e da unb, que apresenta 18 ensaios de diversos autores. A publicação foi realizada pela Editora Moinhos, a mesma que lançou em 2020 quatro livros com importantes textos de Artaud: Os Tarahumaras, Textos surrealistas, Correspondência com Jacques Rivière e Para acabar com o juízo de Deus e outros escritos, todos com tradução de Olivier Dravet Xavier. Outra publicação recente que também corresponde à colaboração de diferentes pesquisadores, com seis artigos, é Antonin Artaud e o Brasil (2021), organizada por Felipe Henrique Monteiro Oliveira, livro publicado pela Paco Editorial.

Seguramente houve outras pesquisas acadêmicas realizadas pelo país. Considerando a última década, podemos apontar como exemplos: Um Artaud surrealista e internado em Rodez: pontos de tensão entre teatro e poder, de Cassiane Tomilheiro Frias, dissertação defendida em 2010, no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena, do Instituto de Artes da Unicamp; Aventura Artaud - crueldade como obra, gestos para uma linguagem no espaço, fratura como fatura, de Francine Jallageas de Lima Cardoso, dissertação defendida em 2011, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Ritual em Artaud: considerações e reconsiderações por uma poética da crueldade, de Edson Fernando Santos da Silva, dissertação defendida em 2011, no Programa de Pós-Graduação em Artes, da Universidade Federal do Pará; Escritas do suporte, de Ligia Maria Winter, tese de 2012, realizada na Universidade Estadual de Campinas, junto ao Programa de Pós-Graduação em Teoria e História Literária, do Instituto de Estudos da Linguagem; A escrita labiríntica e performática de Antonin Artaud, dissertação de 2013, de Glenio Araújo Vilela, defendida no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, da Universidade Federal de Minas Gerais; Antonin Artaud: a crueldade pelos desenhos e autorretratos, de

Artaud e o Teatro Sagrado

Gerlúzia de Oliveira Azevedo, tese de 2014, realizada no Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; O cruel e o trágico: o retorno do trágico no teatro da crueldade de Antonin Artaud, de Luiz Henrique Carvalho Penido, pesquisa de doutorado de 2014, na área de Teoria Literária e Literatura Comparada, no Programa de Pós-Graduação em Letras/ Estudos Literários, da Universidade Federal de Minas Gerais; O teatro e seu duplo de Antonin Artaud: uma outra cena do inconsciente, de Cesar Augusto de Oliveira Shishido, dissertação de 2015, no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês, da Usp; Artaud Fragmentário: Sonho e Crueldade na Cena do Corpo, também de 2015, de Anderson Pinto Arêas, pesquisa realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Arte, da Universidade Federal Fluminense; e, por fim, Rubens Corrêa é Artaud!: as manifestações (do) inconsciente/s no trabalho do ator (uma busca pela atuação esquizofrênica rubeniana) de 2018, dissertação de Guilherme Conrado Pereira Ríspolli, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, da Universidade Federal de Uberlândia.

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