Teologia Pentecostal

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Ivan S. Vargas

Introdução à

Teologia Pentecostal


Copyright © 2012 por Ivan S. Vargas Todos os direitos reservados

Dúvidas, críticas ou sugestões? Entre em contato: E-mail: ivan@is5.com.br Blog: http://apocalipsejah.blogspot.com Site: www.is5.com.br 1ª Edição: Agosto de 2012


ÍNDICE

Prefácio 1.0 A Importância do Estudo Bíblico 2.0 Doutrina da Bíblia (Bibliologia) 3.0 Doutrina de Deus (Teologia) 4.0 Doutrina de Cristo (Cristologia) 5.0 Doutrina do Espírito Santo (Pneumatologia) 6.0 Doutrina dos Anjos (Angeologia) 7.0 Doutrina de Satanás (Satanologia) 8.0 Doutrina do Homem (Antropologia Cristã) 9.0 Doutrina do Pecado (Hamartiologia) 10.0 Doutrina da Salvação (Soteriologia) 11.0 Doutrina da Igreja (Eclesiologia) 12.0 Doutrina das Últimas Coisas (Escatologia) Bibliografia

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Este pequeno trabalho ĂŠ dedicado a vocĂŞ, leitor!



PREFÁCIO Este é o segundo volume da série de pequenos livros que passei a chamar de “Serie Fundamentos”. A Série Fundamentos tem por objetivo levar ao leitor pequenas obras que contenham uma síntese de temas propostos sem, contudo, torna-se demasiadamente superficial. Os livros publicados nesta série não têm o objetivo de esgotar nenhum tema proposto. Aliás, bem pelo contrário, as obras servem como introdução ao estudo de uma dada matéria. Inicialmente estes livros eram apostilas escritas por mim para os seminários que tenho ministrado, e revistas que escrevi para a Escola Bíblica local de minha igreja. A revisão e ampliação destes trabalhos deram origem a cada volume desta série. Este segundo volume que você tem em mãos é uma síntese, uma introdução, ao estudo das matérias fundamentais da Teologia. Todas as matérias que você estudaria em um curso básico de teologia, ou no primeiro ano de um curso mais avançado, você estudará neste volume de uma forma sucinta e objetiva, conforme objetiva esta série. Procurei utilizar na realização desta obra uma linguagem informal, organizada em tópicos e estruturada em pequenos capítulos, o que permite que este texto seja de leitura fácil e que possa ser utilizado como guia para realização de estudos e seminários. Espero, sinceramente, que este trabalho lhe seja útil no estudo da Teologia Pentecostal. Graça e Paz!

Ivan S. Vargas



01.0 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO BÍBLICO A Bíblia é a palavra de Deus, a revelação de sua vontade para com o homem. Devido a isso, é de suma importância que nós venhamos a aprender mais sobre o que nos ensina as Escrituras e assim crescer e nos fortalecer espiritualmente, agindo sempre de acordo com a vontade de Deus, o glorificando e honrando a cada instante. Por que estudar a Bíblia? Se desejarmos crescer espiritualmente e nos fortalecermos, temos obrigação de nos alimentarmos da palavra de Deus e seus mandamentos. É necessário estudar a Bíblia por que devemos: Obedecer a Cristo Jesus veio a este mundo para nos ensinar duas coisas: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu

coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças” e “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Mc 12.30,31). Porém, parece que estes dois grandes, e fundamentais, mandamentos foram esquecidos pelos cristãos de hoje, pois se preocupam com tanta coisa, e acabam se esquecendo de amar o próximo

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como a si mesmo (Mt 7.12) e a Deus com todo o seu “entendimento”. Somente podemos amar a Deus com todo o nosso entendimento de uma forma: conhecendo a sua Palavra. Ao estudarmos a Bíblia nosso entendimento será alimentado com a revelação de Deus, e assim o adoraremos completamente. Estudar a Bíblia e compreender a vontade de Deus é cumprimento de seu mandamento! Permanecer na verdade O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, nos deixou um alerta bem claro para estes últimos dias: “Mas

houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita.” (2 Pe 2.1-3). O surgimento de falsos mestres e falsos líderes foi profetizado a mais de dois mil anos. O espírito do Anticristo já esta operando no mundo, para perverter o caminho da verdade e enganar a muitos com falsos ensinos e doutrinas de demônios (1 Ts 2.1-6). Só existe um modo de escapar desse engano da última hora: conhecendo a Palavra. Se você conhecer a palavra de Deus, o que ela declara e ensina, e não somente isso, mas ser um praticante dela (Tg 1.22), dificilmente você será enganado por qualquer vento de

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heresia. Sua casa estará firmada na rocha (Mt 7.24-27). E mesmo que o vento sopre e as águas arremetam contra você, ainda assim permanecerá de pé! Conhecer o plano de Deus Deus tem um plano de salvação muito bem especifico e determinado para a humanidade. Este plano fora estipulado por Deus antes mesmo da fundação do mundo. É nosso dever, como filhos e servos de Deus, conhecer a sua vontade e o que ele tem preparado para todo aquele que nele crê (Mt 25.34; Jo 17.24; Ef 1.4; 1 Pe 1.18-21; Ap 13.8) Amadurecer espiritualmente O escritor aos Hebreus faz uma dura crítica aos crentes que estão dentro da igreja há muito tempo e não se preocupam em amadurecer espiritualmente, que desejam sempre se alimentar apenas de leite (primeiros ensinos) enquanto negligenciam o alimento sólido (palavra pura). Veja o que ele diz: “Porque, devendo já

ser mestres em razão do tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito tais que precisais de leite, e não de alimento sólido. Ora, qualquer que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança; mas o alimento sólido é para os adultos, os quais têm, pela prática, as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal.” (Hb 5.12-14). O escritor chama o crente inexperiente na palavra de “criança”, enquanto que devemos ser “adultos” espirituais.

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Realmente é lamentável vermos dentro de nossas igrejas cristãos, com vários anos de fé, que se demoram mais de dois minutos para encontrar uma referência Bíblica citada. Que procuram textos do AT no NT e viceversa. Sabe por que isso acontece? Porque não estão acostumados a manusear a Bíblia. Lê-la não faz parte do seu dia a dia. Isso demonstra uma total rejeição à palavra de Deus. Por isso que a igreja, muitas vezes, carece de um avivamento espiritual genuíno. Por este motivo nossas igrejas se esvaziam de cristãos verdadeiros. Quem não se preocupa em conhecer a Palavra de Deus, não amadurece Espiritualmente, tona-se semelhante a uma criança que reclama de tudo e que não tem iniciativa para agir por conta própria, vivendo sempre a depender dos outros, e sob qualquer tempestade pensa em abandonar o “barco”, em se jogar no mar. Adquirir Discernimento Espiritual Discernir é saber distinguir entre certo e errado, verdade e mentira, justiça e injustiça, espírito e carne, divino e demoníaco, divino e humano, etc. É saber o caminho certo a ser seguido. O discernimento espiritual nos é dado mediante o estudo da Palavra de Deus, pois nela está a vontade de Deus para com o ser humano. Se você se depara diante de uma questão difícil de resolver e não sabe qual o caminho a seguir, medite na palavra de Deus, veja o que ela tem a dizer a você. Seguindo a Bíblia, seus passos serão firmes, as trevas serão dissipadas e você saberá qual é a vontade de Deus para a sua vida, qual caminho deve seguir (Sl 119.1-6; Tg 1.25). Agora, se você não se preocupa em conhecer a Bíblia, não

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medita nela dia e noite, como Deus poderá revelar a sua vontade? Certamente Deus tem seus meios, em inúmeros casos levanta profetas, porém até mesmos estes devem ser experimentados na Palavra, devem ser julgados por ela, pois se falarem contra o que está escrito estão em pecado. E nos, se agirmos de forma descomprometida com a vontade de Deus revelada na sua Palavra, estaremos caindo no erro de seguir o nosso próprio coração, a nossa própria vaidade, estaremos alimentando nosso ego e pecando contra Deus (2 Co 13.5; 1 Jo 4.1). Provar nosso Amor para com Cristo Jesus, alguns dias após sua ressurreição, aproximou-se de Pedro e lhe perguntou: “você me ama, Pedro?” (Jo 21.15-17). Esta pergunta ele nos está fazendo neste exato momento! Você, que se diz cristão e se alegra em vir à igreja todo o domingo, ama realmente a Jesus Cristo? Como saber se sua resposta é verdadeira? Se seu amor é genuíno? Simples, veja o que o próprio Jesus nos diz: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” (Jo 14.15). Nosso amor para com Cristo é evidenciado mediante nossa obediência à sua Palavra! Quem ama verdadeiramente a Jesus tem prazer em meditar em sua lei e cumpri-la, pois esta é sua vontade. Agora, como você cumprirá a vontade de Deus se você não a conhece? Como será obediente a algo que você nem sabe o que é? Devemos ser conhecedores e praticantes da Palavra (Tg 1.22). Não devemos ficar esperando somente que os outros nos ensinem ou seguir somente o que o seu líder prega, pois o ser humano é falho e nos últimos tempos falsos mestres se levantarão. Cristo nos ordenou a

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obedecer a sua palavra, todos nos somos responsáveis diante de Deus por aquilo que cremos. Devemos conhecer a Deus, seus mandamentos e obedecê-los, pois assim manifestaremos nosso amor por Cristo e permaneceremos em nEle (1 Jo 3.24) Termos Intimidade com Cristo Cristo habita, faz morada, no cristão que observa e guarda a sua palavra. Um servo negligente jamais terá intimidade com seu Senhor (Jo 14.23; 15.15; Ap 3.20). Sermos ouvidos por Deus Jesus Cristo declara: “Se permanecerdes em mim, e

as minhas palavras permanecerdes em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7). A guardarmos a palavra de Deus em nosso coração, teremos crédito diante de Deus para pedirmos o que quisermos, e Ele se compromete em nos ouvir. Sabe por quê? Porque quando guardamos seus mandamentos agimos segundo a sua vontade, sabemos o que ele deseja, logo nossa vontade estará em sintonia com a dEle, e pediremos somente aquilo que Ele aprova. Jamais faremos uma oração hipócrita, egoísta ou destituída de fundamento Bíblico. Tiago diz que muitos oram e não recebem por que oram errado (Tg 4.3). Isso não quer dizer que muitas vezes oramos com palavras erradas, mas sim, achegamo-nos a Deus com petições erradas, com orações que satisfazem apenas nossos prazeres e deleites, e nisso Deus não tem prazer. Estudemos a Bíblia, vivamos em sintonia com a palavra de Deus e nossas orações serão ouvidas por Ele.

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Saber usar a nossa única arma de ataque Segundo o apostolo Paulo, o cristão tem ao seu dispor uma armadura completa para entrar na guerra espiritual. Temos o capacete da salvação, a couraça da justiça, o escudo da fé e a “espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.13-17). Se você observar, todas as partes da armadura são para nossa proteção. O capacete protege a nossa mente contra as tentações e mentiras proferidas por Satanás. A couraça da Justiça protege nosso coração. O escudo da fé nos defende dos dardos flamejantes do inimigo. Somente a “espada do Espírito” nos é dada para ataque! Somente venceremos o maligno e o mundo decadente se agirmos pela palavra. Satanás não respeita nossas próprias palavras e jamais o amedrontaremos com nossos argumentos. Agora, se agirmos de acordo com a Bíblia, e a utilizarmos contra o inimigo, com certeza ele fugirá de nós. Cristo nos deu um perfeito exemplo quando fora tentado por Satanás no deserto. Jesus, diante do diabo usou somente a palavra de Deus. O próprio Cristo, que tem toda a autoridade nos céus e na terra não falou nada de si mesmo, mas somente o que está escrito, e agindo assim, afugentou a Satanás. Que venhamos saber manejar a palavra da verdade (2 Tm 2.15). Soldado que não sabe utilizar sua arma torna-se alvo fácil do inimigo. Crescer em graça e conhecimento Alguns cristãos priorizam o Espírito Santo, outros priorizam a Bíblia, mas Pedro nos aconselha a crescermos na Graça e no Conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 3.18). O cristão verdadeiro deve buscar

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o Espírito Santo, almejar os seus dons constantemente, e meditar na Palavra de Deus de dia e de noite. Somente assim cresceremos na Graça e no Conhecimento. Agir somente com palavras torna nossa pregação vazia, destituída de poder. Agir somente em busca de dons e poder pode nos levar a heresias, fantasias e fanatismos. Sejamos sóbrios, analisando tudo pela palavra de Deus. Nosso relacionamento com a Palavra de Deus Não basta decorar a Bíblia, lê-la cinco vezes por ano, saber milhares de versículos de cor. Devemos ter um relacionamento especial com ela. Além de simplesmente estuda-la: Devemos Lê-la frequentemente Devemos nos alimentar da palavra de Deus todos os dias. Quando a estudamos olhamos para ela com um olhar mais frio, desejamos conhecer sua estrutura, sua forma de linguagem, sua história, e por vezes deixamos de ler a Bíblia para nós mesmos, esse é um grave erro. Leia a Bíblia para você mesmo. Extraia do texto bíblico lições para que você possa aplicar no seu dia a dia. Somente nutrindo-se espiritualmente é que você poderá servir a seus irmãos. Leia-a para acrescentar sua Fé. Devemos Observá-la Observe a vida dos personagens bíblicos, seus conselhos, suas lições. A Bíblia não esconde a personalidade de seus heróis, pelo contrário, ela mostra os erros e os acertos de seus personagens (veja o exemplo de Abraão, Jacó, Moisés, Davi, e tantos outros).

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Observando a palavra você se tornará mais sábio, pois saberá como agir diante de cada situação tomando como exemplo a vida e mensagem dos heróis da fé. Devemos Guardá-la O salmista diz: “Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti” (Sl 119.11). Além de ler e observar a Bíblia, devemos esconder a palavra de Deus em nosso coração, somente assim atingiremos a santidade “sem a qual ninguém verá a Deus” (Hb 12.14).

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02.0 DOUTRINA DA BÍBLIA (BIBLIOLOGIA) Bibliologia Doutrina teológica que estuda a Bíblia como a Palavra de Deus e como um livro. Como palavra de Deus, a bibliologia estuda sua inspiração, autenticidade, influência, autoridade espiritual, cânon, etc. Como um livro, a bibliologia estuda a história da Bíblia, formação, estrutura, traduções, forma de escrita, estilo literário, etc. Quando e por quem foi escrita a Biblia? A Bíblia começou a ser escrita em 1.491 a.C e terminou em 93 d.C, o que abrange um total de 1.142 anos, envolvendo um período histórico equivalente a 16 séculos. Foi escrita por aproximadamente 40 autores que se encontravam em 3 continentes diferentes e das mais variadas classes sociais (pastores, reis, poetas, profetas, sacerdotes, pescadores, artesãos, agricultores, etc.) O que significa o termo “Bíblia”? A origem do termo “bíblia” deriva do termo grego “biblos”, que era o nome dado às folhas de papiro (junco) preparadas para a escrita. Um rolo pequeno de papiro era chamado “biblion”, e uma coleção destes rolos eram

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chamados de “bíblia”, sendo assim, o termo “Bíblia” significa “coleção de livros pequenos”. O termo “Bíblia” foi usado pela primeira, vez para especificar as Escrituras, por Tertuliano e Orígenes. A Estrutura da Bíblia O Antigo Testamento O AT, escrito basicamente em hebraico, possui 39 livros, 929 capítulos, 23.214 versículos e está dividido em: Lei (de Gênesis a Deuteronômio), História (de Josué a Ester), Poesia ou Devocionais (de Jó a Cantares de Salomão), e Profetas (Profetas maiores: de Isaias a Daniel; Profetas menores: de Oséias a Malaquias). O Novo Testamento O NT, escrito em grego popular, possui 27 livros, 260 capítulos, 7.959 versículos e está dividido em: Biografia (de Mateus a João), História (livro de Atos), Doutrina ou Epístolas (de Romanos a Judas) e Profecia (o Apocalipse) Capítulos e Versículos A Bíblia nem sempre foi como a conhecemos hoje, divididas em capítulos e versículos. Os livros originais foram escritos sem divisões. A divisão da Bíblia em capítulos deu-se em 1.250 d.C, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, abade domiciniano. Já a divisão em versículos ocorreu mais tarde, em duas fases: o Antigo Testamento, em 1.445 d.C pelo Rabi Nathan, e o Novo Testamento em 1.551, por um impressor de Paris, chamado Robert

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Stevens. Stevens foi o primeiro a publicar a Bíblia dividida em capítulos e versículos, em 1.555. Por que foi escrita a Bíblia? Deus se revela ao ser humano de inúmeras formas. O apóstolo Paulo nos diz que Deus demonstra seu poder e glória pelas coisas que se vêem na natureza (Rm 1.20). Porém, era necessário que Deus se apresentasse de forma mais pessoal ao ser humano, e assim o fez através de Cristo, que é a palavra viva (Jo 1) e através das Bíblia, que é a palavra Escrita. A Bíblia nos apresenta a vontade de Deus para nossa vida, bem como o plano de salvação para a humanidade. Diante dela somos indesculpáveis, pois Deus nos fez conhecedores de sua vontade. A Inspiração das Escrituras A Bíblia não foi ditada ao seres humanos que a escreveram, nem ao menos foi dada unicamente por revelações e visões, ela foi transmitida por “Inspiração”, que é a influência sobrenatural do Espírito Santo sobre os autores, capacitando-os a conhecer e transmitir as verdades divinas sem, no entanto, interferir na sua percepção de mundo, personalidade, forma de escrita e cultura. Provas da Inspiração Divina da Bíblia 1. Harmonia e Unidade da Bíblia 2. A aprovação da Bíblia por Jesus 3. O testemunho do Espírito Santo no Cristão 4. O cumprimento fiel das Profecias

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5. 6. 7. 8.

A A A A

influência benéfica da Bíblia em pessoas e nações Bíblia é sempre nova e inesgotável Bíblia é familiar a cada cultura e nação imparcialidade da Bíblia

O cânon das Escrituras Cânon é o conjunto de livros sagrados, inspirados divinamente, que constituem a Bíblia. O termo grego “cânon” significa literalmente “vara reta de medir” (Ez 40.5), e é aplicado espiritualmente simbolizando “padrão, norma e regra”. Logo, entende-se como “cânon”: conjunto de livros inspirados por Deus (a Bíblia) que constituem a norma e regra de fé do Cristão (Gl 6.16). O cânon do Antigo Testamento O cânon do Antigo Testamento ficou completo, depois de 1.046 anos, no tempo de Esdras, em 445 a.C aproximadamente, que na qualidade de escriba e sacerdote organizou os livros. Os judeus o dividem em Lei, Profetas e Escritos (Lc 24.44). A ordem dos livros na Bíblia hebraica também é bem diferente de forma que conhecemos hoje. A divisão bíblica que utilizamos atualmente esta baseada na primeira tradução do Antigo Testamento para o Grego, a famosa Septuaginta, de 285 a.C. O cânon do Novo Testamento Ao contrário do AT, o NT foi escrito em um período relativamente curto de tempo, menos de 100 anos. O que demorou foi a sua canonização (aprovados como inspirados por Deus), devido a vários escritos apócrifos e

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falsas doutrinas surgidas nos primeiros séculos da era cristã que tentavam corromper o evangelho. Orígenes, erudito que dedicou sua vida ao estudo das Escrituras e que viveu entre 185-254 d.C aceitou em seu tempo os 27 livros do NT como divinamente inspirados. Em 367 d.C., Atanásio, patriarca de Alexandria, publicou uma lista dos 27 livros tidos como canônicos na sua época, a lista é igual ao que temos hoje no NT, e foi aceita pelo Concílio de Hipona (África) em 393 d.C. O reconhecimento oficial da inspiração do NT deu-se em 397 d.C. no III Concílio de Cartago. O cânon do Novo Testamento não foi definido pela Igreja Católica Ao contrário do que muitos ensinam, os livros do Novo Testamento não foram preservados e canonizados pela igreja católica, mas sim pelas sociedades cristãs dos primeiros séculos. A igreja católica surgiu somente no terceiro século depois de Cristo, e como podemos ver, existem registros da canonização (os 27 livros do NT tidos como santo pelos cristãos) bem antes dessa época: Clemente de Roma (95 d.C), Policarpo (110 d.C), Inácio (100 d.C), Justino Mártir (140 d.C), Irineu (130-200 d.C) e Orígenes (185-254 d.C) fazem referências às Escrituras do Novo Testamento em seus escritos, e o reconhecem como inspirados por Deus. A canonização da Bíblia (tanto o AT como o NT) não é, nunca foi, e nunca será mérito da Igreja Católica! Os livros Apócrifos

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Apócrifos (literalmente, “espúrio”, “não genuíno”) foram livros escritos entre Malaquias e Mateus e que nunca foram reconhecidos como canônicos (inspirados) pelos judeus, por Jesus, pelos discípulos nem pelos cristãos dos primeiros séculos. No concílio de Trento, 1546 d.C, alguns apócrifos foram adicionados nas Bíblias de Edição Católica para apoiar suas heresias como purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc, que estavam duramente sendo combatidas pela Reforma Protestante. São vários os livros apócrifos e acréscimo, porém a Igreja Católica passou a admitir em suas Bíblias 7 livros e 11 acréscimos (capítulos extras), sendo assim, ao invés de 66 livros, os católicos têm 73 livros em suas Bíblias. A primeira edição da Bíblia romana com os apócrifos deu-se em 1.592 d.C, com autorização do Papa Clemente VIII. Traduções da Bíblia Ao longo dos séculos foram realizadas inúmeras traduções da Bíblia, para as mais veriadas línguas e nações. Não pretendo listar todas elas, mas apenas as mais importantes para a nossa realidade aqui no Brasil. Vejamos algumas destas traduções: •

Septuaginta (LXX): tradução da escritura hebraica (AT) para o Grego realizada no século III a.C, por um comitê de 72 eruditos comissionados pelo sacerdote Eleazar a pedido de Ptolomeu Filadelfo (285-246 a.C), que desejava uma cópia das escrituras judaicas para enriquecer sua biblioteca em Alexandria. A Septuaginta

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(“setenta”) foi a base para inúmeras versões das Escrituras. •

Vulgata Latina: tradução do hebraico para o Latim Popular, realizada por Jerônimo entre 387-405 d.C. Foi a Bíblia mais utilizada na Europa Ocidental e o primeiro livro a ser impresso por Gutemberg em 1.452 d.C.

Almeida: João Ferreira de Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja Reformada Holandesa. Almeida traduziu primeiramente o Novo Testamento, trabalho que foi concluído em 1.670 e publicado em 1.681, em Amsterdam, na Holanda. Almeida traduziu o AT até Ezequiel 48.21, quando veio a falecer em 1691, o restante do trabalho foi concluído por seus amigos missionários, sendo publicado em 1753 d.C, Amsterdam. A Bíblia completa foi publicada pela Sociedade Bíblica Britânica pela primeira vez em 1819.

Almeida Revista e Corrigida: João Ferreira de Almeida nasceu em Portugal, porém emigrou muito cedo para Holanda, de modo que sua escrita não era muito culta, o que fez com que seu texto fosse revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica Brasileira publicou a edição “Almeida Revista e Corrigida”, conhecida como “ARC”

Almeida Revista e Atualizada: uma comissão de especialistas Brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 publicou a edição “Almeida Revista e Atualizada”, ARA,

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com uma linguagem qualificada e de melhor tradução. O NT na versão ARA foi publicado em 1951 e o AT em 1958. Esta edição deve-se a Sociedade Bíblica do Brasil. O Tema central da Bíblia A Bíblia, contendo um total de 66 livros, 1.189 capítulos, 31.273 versículos, aproximadamente 773.692 palavras, escrita em 16 séculos, por mais de 40 autores, tem um único tema: JESUS CRISTO (Lc 24.44; Jo 5.39; At 3.18; 10.43; Ap 22.16). Cristo é tratado de Gênesis ao Apocalipse. Tendo Cristo como referência, podemos dividir a Bíblia da seguinte forma: Preparação (todo o Antigo Testamento), Manifestação (os Evangelhos), Propagação (o livro de Atos), Explanação (as Epístolas) e Consumação (o Apocalipse) Jesus Cristo na Bíblia • Em Gênesis, Jesus é o descendente da mulher. • Em Êxodo, é o Cordeiro Pascal. • Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório. • Em Numero, é a Rocha Ferida. • em Deuteronômio, é o Profeta. • Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor. • Em Juizes, é o Libertador. • Em Rute, é o Parente Divino. • Em Rei e Crônicas, é o Rei Prometido. • Em Ester, é o Advogado. • Em Jó, é nosso Redentor. • Nos Salmos, é nosso socorro e alegria. • Em Provérbios, é Sabedoria de Deus.

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Em Cantares, é nosso Amado. Em Eclesiastes, é o Alvo Verdadeiro. Nos Profetas, é o Messias Prometido. Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo. Nos Atos, é o Cristo Ressurgido. Nas Epístolas, é a Cabeça da Igreja. No Apocalipse, é o Alfa e o ômega; O Cristo que volta para reinar.

Por que devemos estudar a Bíblia ? • Ela é o manual do crente (2 Tm 2.15) • Ela alimenta a nossa alma (Jr 15.16; Mt 4.4; 1 Pe 1.22) • Ela é a espada do Espírito Santo (Ef 6.16; Js 1.8; Sl 1.2) • Ela enriquece a vida espiritual do cristão (Sl 119.72; Ef 1.17) • Devemos crescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18) • Ela nos transmite Vida Eterna (Jo 5.25, 39)

Curiosidades Qual o menor livro da Bíblia? II João (possui somente 13 versículos). Qual o maior livro da Bíblia? Salmos (possui 150 capítulos). c) Qual o menor capítulo da Bíblia?

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Salmo 117 (possui 2 versículos). Qual o maior capítulo da Bíblia? Salmo 119 (possui 176 versículos). Qual o menor versículo da Bíblia? Aqui, devido às inúmeras traduções bíblicas, existe uma grande diferença de opinião. Os versículos geralmente apontados como “o menor versículo”, são: Êx 20.13, Jó 3:2 e Jo 11.35. Qual o maior versículo da Bíblia? Ester 8:9 Qual o versículo que está no meio da Bíblia? Salmos 118.8

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03.0 DOUTRINA DE DEUS (TEOLOGIA) Teologia Do grego: “theos”, Deus e “logia”, estudo. É o estudo de Deus e seus atributos. Como pode o ser humano estudar um ser infinito e eterno como Deus? Acaso poderia a criatura estudar seu criador? Logicamente que não, a não ser que o criador se desse a conhecer à criatura, e foi o que Deus fez através de sua palavra. Seria uma prepotência arrogante do ser humano querer estudar e conhecer Deus por seus próprios méritos e esforço intelectual. Porém, Deus se permitiu conhecer por meio de sua criação e pela sua palavra, e esta, a Bíblia, será a base de nosso estudo sobre a pessoa de Deus. A existência de Deus A Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus. Gênesis inicia declarando “no princípio, Deus...”, declarando assim que ele é eterno, sempre existiu. A consciência da existência de Deus está gravada na mente humana de forma natural (Rm 1.19) e negar esta verdade, o conceito de Deus, nos leva a uma irracionalidade onde nada mais faria sentido.

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Argumentos sobre a existência de Deus Embora a Bíblia não se preocupe em provar a existência de Deus, podemos observar, pelo estudo teológico, alguns argumentos a favor de sua existência. Vejamos alguns destes argumentos: Argumento cosmológico Declara que o universo não existe de forma autônoma e independente. Não existe por si mesmo. Todos os eventos que presenciamos dependem de alguma coisa além deles mesmo para ocorrer. Isto nos leva a constatação da existência de um ser superior, autoexistente, que não depende de qualquer coisa, além dele mesmo, para existir: Deus (Rm 1.18-20). Argumento teológico declara que a extraordinária ordem e harmonia em que se encontra o universo não pode ser fruto do acaso, que por trás da criação existe uma mente infinita que controla todas as coisas (Sl 19.1). Argumento moral ou da lei moral Declara que a consciência de certo e errado inerente à natureza humana desde seu nascimento demonstra a existência de um ser superior, um Legislador universal, conhecedor do bem e do mal, que “implantou” este sentimento na sua criação (Rm 2.14,15). A natureza de Deus (atributos incomunicáveis)

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A Bíblia nos revela alguns atributos da natureza divina, chamados também “incomunicáveis” por somente pertencerem a Ele. Vejamos alguns destes: Eterno Sem princípio e sem fim, sempre existiu. Está além do tempo. Toda a realidade lhe é presente. Infinito Nada o pode limitar. Está além do espaço. É maior que o universo inteiro, pois o criou (1 Rs 8.27) Único Só existe um Deus, nunca existiu outro e nem tampouco haverá (Dt 6.5; Is 44.6,8) Transcendental Ele é criador do universo e está acima, além de sua criação. Infinitamente superior e maior que sua criação, transcende a tudo que podemos observar. Imanente Reconhece a presença de Deus no universo que ele criou. Embora Deus seja transcendente, ele relaciona-se intimamente com sua criação, é imanente à ela (Ex 8.22; At 17.24-28) Imutável Deus não muda e jamais mudará (Ml 3.6). Sua imutabilidade esta estritamente relacionada com sua perfeição. Somente o que é perfeito pode ser imutável.

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Auto-Existente Deus existe por si mesmo, e independe de qualquer coisa (Jo 15.26). Ensinos errados quanto à natureza de Deus Panteísmo erradamente ensina que Deus e o universo são a mesma coisa. Esta doutrina tem sido propagada em nossos dias por vertentes espíritas, seitas orientais e reencarnacionistas. Refutam a existência de um Deus pessoal. Deísmo acredita em um Deus pessoal, mas erradamente afirma que Deus após criar o universo o abandonou ao seu rítimo natural. Considera Deus como uma “Primeira Causa” na criação, e que não se relaciona com o ser humano. Algumas vertentes do evolucionismo seguem esta doutrina. Os atributos comunicativos de Deus Além dos atributos que revelam a natureza de Deus (atributos incomunicáveis), existem os atributos comunicáveis de Deus, que realça sua comunicação com a criação. Estes atributos, em maior ou menor grau, essencialmente os morais, também podem ser encontrados no ser humano, por isso o termo “comunicativos”.

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Atributos naturais de Deus: Onipotência Pode fazer todas as coisas, é soberano sobre todo o universo (Is 40.15). Controla o destino de sua criação (Dn 4.34,35; 5.20,21; 7.26,27; 8.19.25; 11; Ez 37.24-28; 38.3; 39.1) Onipresença Está em todos os lugares ao mesmo tempo (Sl 139.7-10). Embora esteja em todos os lugares, Ele somente habita no ser humano com coração humilde e que temem o seu nome (Is 57.15; Ap 3.20) Onisciência Conhece todas as coisas e nada está encoberto aos seus olhos. Conhecimento e discernimento infinitos, universais e completos (Rm 8.27,28; 1 Co 3.20) Atributos morais de Deus Santo Este é o principal atributo de Deus declarado na Bíblia: Ele é Santo! Santo significa literalmente “separado”, indicando que Ele está acima de tudo quanto é transitório, finito, imperfeito, mau, pecaminoso, errado (Is 6.1-5) Bom

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Deus é verdadeiramente bom, nEle não se encontra maldade alguma. Zela continuamente pelo bem estar da sua criação. Sua bondade é demonstrada pelo seu amor (1 Jo 4.8), benignidade e fidelidade (Sl 89.49), graça (At 20.24) , misericórdia (Ef 2.4), e principalmente por Cristo (Rm 5.8) Justo Deus é essencialmente justo e sempre agirá com justiça (Sl 71.19; Dt 32.4; Dn 4.37; Ap 15.3). A justiça de Deus é a causa da lei moral implantada no coração do ser humano, dela nos advém o senso de certo e errado. A Trindade Deus é um só, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4,5; Mt 28.19; Mc 12.29), que são três pessoas igualmente divinas e distintas. O termo “trindade” não está declarado na Bíblia, porém sua realidade é claramente expressa na Criação, na Oração Sacerdotal de Cristo, no Batismo de Jesus, na visão de João em Apocalipse 4, dentre outros textos. Características da Trindade Tri-unidade Três pessoas, um único Deus. Há três personalidades distintas, cada qual inteiramente divina, mas encontram-se tão harmonicamente inter-relacionadas

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que resultam numa única essência. É errado afirmar que existam três Deuses. Unidade Nenhuma das três pessoas é Deus sem as outras. Cada pessoa da trindade com as outras é Deus. Igualdade O Pai não é o Filho, o Filho Não é o Espírito Santo e o Espírito Santo não é o filho e nem o Pai. Os três são distintos em suas funções. Eles são co-iguais, co-eternos e co-poderosos. Subordinação Existe uma espécie de subordinação na ordem das relações das pessoas da Trindade, porém sem qualquer implicação quanto a natureza de cada uma delas. O Filho e o Espírito procedem do Pai, e o Espírito procede do Pai e do Filho, sendo uma subordinação quanto à relação, não quanto à essência. Pericorese (circuminsercio) Onde uma pessoa da trindade está, as outras também estão (Jo 14.10; Mt 28.20; Jo 14.18,23) Características das Pessoas da Trindade Pai: relacionado à obra da criação Filho: relacionado com a obra de redenção Espírito Santo: garante-nos a herança futura A Trindade na Criação

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O pai planejou, o filho criou e o Espírito deu vida e a mantém. Doutrinas erradas quanto a Trindade Nos primeiros séculos da igreja a doutrina da Trindade foi rejeitada por muitos líderes heréticos. Algumas dessas heresias sobreviveram até os nossos dias. Vejamos duas das mais importantes: Modalismo (sabelianismo ou unitarismo) Heresia propagada por Sabélio, no século III, que ensinava a existência de um único Deus que se apresentava de três formas. Segundo esta heresia, Deus se apresentou no AT como Pai, no NT como Filho e hoje como Espírito Santo. Seria Deus usando três máscaras. Esta simplificação unitarista arrasta a divindade de Deus para um nível humano. Para desmantelar este ensino, basta lembrar-mos do Batismo de Jesus, onde as três pessoas são observadas ao mesmo tempo (Jesus, saindo da água; o Pai na voz e o Espírito em forma de pomba). Arianismo Outra arriscada heresia. Esta começou a ser difundida em 325 d.C por Ário, que passou para o outro extremo, afirmando que Deus não seria uma tri-unidade eterna, mas uma união de três deuses. Jesus não seria eterno, mas criado por Deus depois dele. Semelhantemente o Espírito Santo seria uma criação do Pai e do Filho, e inferior ao Filho. Esta doutrina nega a divindade de Cristo e do Espírito santo, reduzindo-os a

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criaturas. Esta heresia retrata uma subordinação não só entre as relações pessoais entre Pai, Filho e Espírito Santo, mas também uma subordinação quanto à natureza. Esta doutrina é seguida pelas Testemunhas de Jeová, que declaram que Cristo era um anjo (Gabriel) e que o Espírito Santo seria apenas um agente, uma força criativa de Deus. Como podemos perceber, este ensino é demoníaco, e pode ser refutado com as seguintes passagens: Jo 1.1;15.26; 16.13; 17.1,18,23; 1 Co 12.4-6; Ef 4.1-6; Hb 10.7.17. Nomes de Deus Deus se dá a conhecer pelos seus nomes. Cada nome expressa um atributo de Deus. São vários os nomes escritos no original grego e hebraico, veremos apenas alguns: • •

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El (em hebraico): Deus, no singular (Gn 14.18-22) Elohim (hebraico): Deus, no plural, referência à Trindade (Gn 1.26; 3.22). Encontrado 2.570 vezes, referindo-se ao poder e autoridade de Deus. Jeová: geralmente traduzido como “Senhor”, é uma transliteração do original hebraico YHWH que significa “Eu sou o que Sou” (Ex 3.14). É o nome próprio de Deus (YHWH), encontrado 6.823 vezes. El Shadai: o Deus Todo-poderoso (Gn 17.1) El Elyon: o Deus Altíssimo (Gn 14.18) El Ro’i: o Deus que me vê (Gn 16.3) El ‘Olam: o Deus Eterno (Gn 21.33) Jeová-Nissi: o Senhor minha Bandeira (Ex 17.15)

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Jeová-Ropheka: o Senhor, teu Médico (Ex 15.26) Jeová-Tsidkenu: o Senhor, Justiça Nossa (Jr 23.6) Jeová-Shalom: o Senhor é Paz (Jz 6.24) Jeová-Sabaoth: o Senhor dos Exércitos (Sl 148.2; Mt 26.53) Adonai (em hebraico), Kurios (em grego): Senhor (Sl 2.4)

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04.0 DOUTRINA DE CRISTO (CRISTOLOGIA) Cristologia É a doutrina teológica que estuda a pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A humanidade de Cristo, sua vida aqui na terra, sua divindade, obra e ofícios exercidos pelo mestre serão estudados nesta lição. Conhecer a pessoa e a obra do Salvador é indispensável para a vida abundante do cristão. O significado do nome de Cristo Segundo a tradição do Antigo e Novo Testamento, o nome de uma pessoa revelava muito sobre seu caráter e personalidade. Devido a isso é importante conhecer o significado do nome de Cristo. Jesus Tradução grega do nome hebraico “Jehoshua”, “Joshua” (Js 1:1, Zc 3:1) ou “Jeshua” (forma normalmente usada nos livros históricos pós-exílicos - Ed 2:2). Significa “O Senhor Salva (“Jeho”, de “Jehovah”, e “Shua”, que é “socorro”, em hebraico). “Joshua” foi traduzido para o português como “Josué”, ou seja, o nome “Josué” e “Jesus” são equivalentes.

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Cristo Tradução grega do termo hebraico “Mashiach”, que significa “Ungido”. O termo “Mashiach” equivale a “Messias”, em Português. A humanidade de Cristo Jesus Cristo não era apenas um ser humano ou somente Deus. Ele foi 100% homem e 100% Deus. O encontro perfeito entre céu (Deus) e terra (homem). Aqui veremos alguns aspectos sobre a natureza humana de Cristo. Características humanas • Descendente de Davi (Mt 1; Rm 1.1-7) • Nascera de uma mulher (Mt 1.18,20; Lc 1.35) • Teve irmãos e irmãs (Mt 12.47; 13.55-56) • Sentiu fome, sede, cansaço (Mt 21.18; Mc 4.38; Jo 4.6; 19.28) • Sofreu, chorou, angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41; Hb 13.12) • Passou pela agonia da morte, mas ressuscitou vitorioso! (1 Co 15.3,4) • Era semelhante aos seus conterrâneos (judeus), tanto que teve que ser identificado por Judas com um beijo (Lc 22.48) • Era de aparência simples e sem formosura (Is 53.2) A divindade de Cristo Jesus, além de ser um homem em todos os aspectos, também era Deus em sua plenitude (Cl 2.9). O

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verdadeiro Deus e verdadeira vida (1 Jo 5.20). No primeiro capítulo de João está escrito “no princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus” (Jo 1.1), declarando assim a sua preexistência antes de nascer e sua união com Deus. Provas da Divindade de Cristo Vejamos alguns aspectos que provam a divindade de Jesus Cristo: Seus nomes • Deus (Hb 1.8) • Filho de Deus (Mt 16.16,26,61,64) • Senhor (Mt 22.43,45) • Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16) Suas características • Onipotência (Mt 28.18) • Onisciência (Jo 1.48) • Onipresença (Mt 18.20) • Vida (Jo 1.4; 5.26) • Verdade (Jo 14.6) • Imutabilidade (Hb 13.8) Suas obras • Criação (Jo 1.9) • Sustentação (Co 1.17) • Perdão de pecados (Lc 7.48) • Ressurreição dos mortos (Jo 5.25) • Julgamento (Jo 5.27) • Envio do Espírito Santo (Jo 15.26)

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Adoração a ele oferecida • Adorado por anjos (Hb 1.6) • Adorado por homens (Mt 14.33) • Adorado por todos (Fp 2.10) Igualdade na Trindade • Igualdade com o Pai (Jo 14.23; 10.30) • Igualdade com o Pai e o Espírito Santo (Mt 28.19; 2 Co 13.13; Cl 1.12,17, 26,27) Principais heresias quanto às naturezas (humana e divina) de Jesus Gnosticismo Seita propagada por volta de 135-160 d.C que nega a natureza humana de Cristo, ensinando que ele não possuía um corpo real, apenas aparente. Refutação: Jo 1.14, 1 Jo 4.3. Apolinarismo Apolinário, bispo de Laodicéia (310 d.C), afirmava que Cristo não possuía um espírito humano, pois em sua encarnação o “Logos” teria ocupado o lugar da alma. Porém a Bíblia afirma que Cristo é verdadeiro homem (1 Tm 2.5) e em tudo foi semelhante a nós, exceto no pecado (Hb 2.14-18;4.15) Monofisismo

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Afirma que Cristo possuía uma natureza híbrida, em parte era Deus e em parte era homem. Ou seja, não seria totalmente Deus. A obra de Cristo Cristo veio a este mundo com o propósito de redimir a humanidade afastada de Deus pelo pecado e nos revelar quem é o Pai, e qual a sua perfeita vontade para a humanidade (Hb 1). Cada aspecto de sua obra aqui na terra tem uma revelação ou herança eterna para nós. Vejamos algumas delas: A vida de Cristo Ele andou por este mundo fazendo o bem, curando enfermos e expulsando demônios (At 10.38). Veio para ser nosso exemplo, e aquele que se diz cristão deve andar como ele andou (1 Jo 2.6). A morte de Cristo Cristo veio ao mundo exatamente para este fim, morrer por nós, e ser o sacrifício perfeito dado por Deus à humanidade. Devido a sua morte, nossos pecados são perdoados e temos livre acesso à presença de Deus (Rm 5.1; Hb 10.10,19). A ressurreição de Cristo A ressurreição de Cristo é a força e a razão de ser do Cristianismo (1 Co 15.14). Ela prova a divindade de Jesus Cristo e nos garante a nossa ressurreição final (1 Co 6.14). Cristo foi as primícias dos que dormem, para que

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em tudo seja o primeiro (Cl 1.18). A ressurreição de Cristo significa a sua glorificação e exaltação (Jo 7.39; Rm 6.4; Fp 3.20,21), a vitória sobre Satanás, o pecado, a morte e o inferno (1 Co 15.54,5; Ap 1.17,18). Jesus foi o primeiro a ressuscitar dos mortos para jamais voltar a morrer (1 Co 15.20) A ascensão de Cristo A ascensão de Cristo ao céu é de suma importância para igreja, pois devido a isso foi nos enviado o Espírito Santo (Jo 14.16-26), nosso lugar está sendo preparado no céu (Jo 14.1-6) e temos um advogado fiel ao lado de Deus para interceder ao nosso favor (Rm 8.34; Hb 7.25; 1 Jo 2.1). A segunda vinda de Cristo Cristo, que uma vez subiu ao céu, prometeu que viria outra vez, para levar a sua igreja para que onde ele estiver estejamos nós também (Jo 14; Atos 1). Sua vinda trará salvação para os eleitos e juízo para a humanidade que preferiu mais as trevas do que a luz (Jo 3.19; 2 Ts 2.11,12). Os ofícios de Cristo Cristo, o Profeta No AT profeta era alguém que falava em nome do Senhor, literalmente um “porta-voz” de Deus (Ex 7.1; 4.10-16; Jr 15.19) que revela sua vontade. Cristo é a expressão máxima da revelação divina à humanidade (Hb 1.1,2). Proclamou a palavra de Deus com coragem e

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veemência (Dt 18.15,18; Jo 1.45; 9.19,29; At 3.22,23,;737). Foi reconhecido nos evangelhos como o profeta que havia de vir (Mc 1.27; 6.4,15; Jo 4.19; 6.14; 9.17). Foi aclamado como profeta (Mt 21.11; Mc 6.15; Lc 7.16). Revelou o futuro (Mt 24). É o cumprimento das profecias (Lc 24.27,44). Cristo, o Sumo-sacerdote O sumo-sacerdote, na lei de Moisés, era o líder religioso que representava os homens diante de Deus e intercedia (rogava o favor divino) por eles. Mediante sua encarnação, Cristo suportou todo o sofrimento que um ser humano pode passar, de modo que, pelo sofrimento (Hb 2.10), tornou-se o nosso sumo-sacerdote perfeito, por que tendo sido provado e aprovado em tudo, compadecese e intercede por nós com propriedade (Hb 4.14-16), “pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 1.18) Cristo, o Rei dos reis Ao ascender ao céu, Cristo encontra-se assentado à direita de Deus, onde reina como Cabeça da igreja (Ef 1.22,23) com todo poder e autoridade (Mt 28.18); porém, chegará o tempo em que Cristo virá pela segunda vez a este mundo e implantará o seu reino teocrático, onde habitará a paz e a justiça. Cumprir-se-á em Cristo o reino eterno prometido a Davi (2 Sm 7.16). No livro do Apocalipse podemos ver Cristo no fim dos tempos subjugando todas as autoridades deste mundo, aniquilando o poder e influência de Satanás e implantando na terra seu Reino Eterno (Ap 5.6-13; 11.15; 19.1-21)

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Cristo, o exemplo a ser seguido Cristo deve ser o nosso exemplo de vida, o padrão a ser seguido por todo aquele que se diz Cristão (1 Co 11.1; Ef 5.1). Cristo constituiu a igreja neste mundo para que a mesma continue realizando as obras que ele iniciou. A Bíblia diz que somos embaixadores de Cristo na terra (2 Co 5.20), de modo que somos representantes do Céu neste mundo. Por meio da Igreja, que é o seu corpo (Ef 1.22,23), Cristo nos constitui como profetas, sacerdotes e reis (Ap 5.9,10). O cristão como profeta O ministério profético de Jesus continua através da igreja, que através da inspiração do Espírito Santo, revela a vontade de Deus ao mundo (Jo 14.26; 1 Co 12.10; 14.3). Temos a obrigação de anunciar a palavra de Deus, pura e verdadeira (Mc 16.15) O cristão como sacerdote Representa os homens diante de Deus e Deus diante dos homens, de modo que deve interceder pelas almas (Tg 5.16) O cristão como rei Recebeu a autoridade dada por Cristo, através do uso de Seu nome (Jo 14,13;15.23), para reinar e dominar sobre as obras do diabo nesta terra (Mc 16.17,18; Lc 10.19) e nesta vida (Rm 5.17) e no porvir (Ap 22.3-5)

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05.0 DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO (PNEUMATOLOGIA) Pneumatologia Do grego, “pneuma”: vento, sopro (símbolo do Espírito), e “logia”: estudo. A pneumatologia é a doutrina teológica que estuda a pessoa do Espírito Santo com base no que ele nos revela de si mesmo em sua palavra. Sua divindade, personalidade, caráter, obra, bem como sua relação individual com o cristão, serão estudadas nesta lição. Conhecer o Espírito Santo é de suma importância para nossa vida espiritual, por que só assim teremos uma maior intimidade com Ele. O Espírito Santo é uma pessoa Uma pessoa é um ser dotado de inteligência, sentimento (sensibilidade) e vontade (volição). O Espírito Santo não é meramente uma “energia” ou “força ativa” da parte de Deus. Ele é uma pessoa, assim como o Pai e o Filho o são. Sua inteligência • Ele ensina e faz lembrar (Jo 14.26) • Ele tem sabedoria e inteligência (Is 11.2) • Ele tem conhecimento e conselho (Is 11.2)

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Ele revela (Ef 1.17; 1 Co 2.10; 12.8)

Sua sensibilidade • Amor (Rm 15.30) • Alegria (At 2.13) • Tristeza (Ef 4.30; Rm 8.26) • Ele pode ser afastado, afrontado (At 5.9; 1 Ts 5.19; Hb 10.29) Sua vontade • No repartir os dons (1 Co 12.11) • No permitir ou impedir algo na vida do cristão (At 16.7) • No convidar (Ap 22.17) • No orientar (At 13.2) A Divindade do Espírito Santo Sua divindade é provada pelos seus nomes. Vejamos como a Bíblia chama o Espírito Santo: • • • • • • • • • •

Espírito de Deus (1 Co 3.16) Espírito Santo (At 1.5) Espírito de Vida (Rm 8.2) Espírito de Adoção (Rm 8.15) Espírito Eterno (Hb 9.14) Espírito de Conselho (Is 11.2) Bom Espírito (Ne 9.20) Espírito de Glória (1 Pe 1.11) Espírito de Santidade (Rm 1.4) Espírito de Sabedoria (Is 11.2)

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Espírito da Graça (Hb 10.29) Espírito Libertador (Is 61.1) Espírito Voluntário (Sl 51.12) Espírito Purificador (Is 4.4) Supremo Intercessor (Rm 8.26, 27) O Grande Mestre (Jo 16.13) Espírito Consolador (Jo 14.16; 15.26) A Unção de Deus (1 Jo 2.27) Espírito de Moderação (2 Tm 1.17) Espírito de Amor (2 Tm 1.7) Espírito da Verdade (Jo 16.13)

A Obra do Espírito Santo O Espírito Santo na criação Ele estava no princípio pairando, movendo-se, sobre a face das águas (Gn 1.1-3), revelando seu cuidado sobre a criação. Ele estava juntamente com Deus e com Cristo, desde o princípio (Jó 26.13; Jo 1.1-3). O Espírito Santo é o comunicador e mantenedor da vida (Jó 33.4; Sl 104.30) O Espírito Santo no Antigo Testamento No AT, o Espírito Santo agia de forma diferente a de hoje. Ele não habitava continuamente no coração do homem, mas por vezes descia, abençoava, inspirava, revelava e “voltava” para o Pai. Vemos o Espírito Santo “pairando” sobre a vida de José (Gn 41.38), Bezalel (Êx 31.3-5), Moisés (Nm 11.17-25), Sansão (Jz 14.6), Saul e Davi (1 Sm 16.13,14), nos profetas (Natã - II Sm 12: 1,

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Elias e Eliseu - I Rs 17: 1, 2, II Rs 2: 15, Jaaziel - II Cr 20: 14, Ezequiel - Ez 37, etc.) O Espírito Santo no Novo Testamento No dia de Pentecostes, que se deu 50 dias após a ressurreição de Cristo e 10 dias após sua ascensão, marcou uma nova etapa no plano de salvação, quando o Espírito Santo desceu para habitar no coração do ser humano e somente será “tirado” desta terra quando a igreja for arrebatada (2 Ts 2.7,8). No Antigo Testamento o Espírito Santo descia de forma manifesta apenas temporariamente; hoje, no novo concerto, o Espiro Santo permanece em nós (1 Jo 2.27). O Espírito Santo no plano de Salvação • Convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.9), levando-o ao arrependimento (At 2.38) • Aplica as quatro provisões divinas da salvação, efetuadas por Cristo na alma do homem: Justificação, Regeneração, Adoção, Santificação. • Lava-nos ao novo nascimento (Jo 3.3-5) O Batismo no Espírito Santo O Batismo no Espírito Santo é experimentar a plenitude do Espírito, é ser imerso em sua glória, virtude, poder e unção (At 1.5; 2.4). O Batismo no Espírito Santo outorga ao cristão poder do alto, celestial, para realizar grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e pregação (At 1.8; 2.14-21). Deve ser buscado por todos os cristãos, pois é uma promessa do Pai a todos os seus filhos (Jo 14.16,17; At 1.4,5,8).

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Sua importância É de suma importância para a nossa vida cristã, pois é o Espírito Santo que nos concede poder para realizar as obras de Cristo aqui nesta terra. Ser batizado no Espírito e receber a unção (1 Jo 2.20, 27; 11 Co 1.1921) e virtude (At 1.8) necessárias para executarmos com eficazmente nosso ministério. Como receber o Batismo no Espírito Santo Primeiramente devemos compreender que o batismo é um dom de Deus (At 10.45), concedido por Cristo à vida do cristão, e devido a isso é gratuito, não nos é dado por méritos próprios nem seguindo métodos, uma vez que o Espírito Santo é como vento, age como e quando quer (Jo 3.8). O Batismo é para todos (At 2.38), porém é necessária que o cristão cumpra com algumas condições básicas para recebê-lo. Vejamos: • Arrependimento (At 2.38,39) • Obediência (At 2.18; 5.32) • Fé (Mc 16.17; Ef 1.13; Jo 11.40; Gl 3.2,5) • Busca ardente (Lc 11.9-13; Mt 7.7; Lc 24.49; Sl 143.6; Is 41.17) Resultado do Batismo no Espírito Santo • Mensagens proféticas e louvores (At 2.4,17) • Maior sensibilidade contra o pecado • Uma visão que glorifica a Jesus (Jo 16.13,14) • Visões da Parte do Espírito (At 2.7) • Manifestações de vários dons espirituais (1 Co 12.410)

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Evidência Inicial do Batismo no Espírito Santo O Batismo no Espírito Santo é evidenciado pelo falar em outras línguas, que consiste na prova de que o individuo não somente está sendo revestido de poder como está, de fato, sendo batizado, recebendo a unção permanente (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7; 2 Jo 2.27). O falar em línguas aqui é da mesma natureza do “Dom de Línguas”, mas diferente quanto ao seu propósito. É possível que o cristão seja batizado, fale em outras línguas, porém só venha a receber o Dom de Línguas mais tarde, em outra ocasião. Estudaremos sobre o Dom de Línguas mais adiante. Dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo Segundo 1 Co 12.8-10, existem nove dons espirituais disponíveis ao cristão, podemos classifica-los em três categorias: • Dons de Saber: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, discernimento. • Dons de Poder: dom da fé, dom de curar, operação de maravilhas. • Dons Verbais: profecia, variedade de línguas, interpretação de línguas. Dom de Línguas O Dom de Línguas é de grande importância para o Cristão, pois este dom tem um duplo propósito: Edificação pessoal

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O Dom de línguas é uma comunicação direta com Deus (1 Co 14.2). Através desta comunicação somos edificados, fortalecidos, espiritualmente (1 Co 14.4) Edificação pública O Dom de Línguas, quando manifesto na congregação, pode ter o propósito de comunicar, revelar, a vontade de Deus ao povo. Devido a isso deve-se orar para que onde haja dom de línguas, haja também interpretação (1 Co 14.2-20) Dom de Línguas x Dom de Idiomas Cuidado com o que muitas seitas têm ensinado por ai. Segundo os Adventistas do Sétimo Dia, o dom de línguas seria chamado de Dom de idiomas, pois seria dado por Deus aos cristãos para falar em outras línguas humanas (como o inglês, espanhol, francês, chinês, etc.) para exercer a obra missionária. Baseiam sua opinião no fato de que em Atos 2 os batizados falaram em línguas que podiam ser entendidas por estrangeiros. Para eles, este seria um Dom dado por Deus para o cristão falar aos homens em outros idiomas. Porém, a Bíblia deixa claro que “quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus” de modo que até mesmo “por ninguém é entendido, e em espírito fala em mistérios” (1 Co 14.2). Os adventistas vão mais adiante e ainda perguntam qual seria a utilidade de se falar em uma língua que ninguém entende. A Bíblia responde: “o que fala em outras línguas a si mesmo se edifica” (1 Co 14.4), ou seja, é para edificação e fortalecimento espiritual. O próprio apóstolo Paulo falava em línguas e o fazia, geralmente, de forma

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particular (1 Co 14.18,19). Não descartamos a possibilidade de o Espírito Santo conceder ao cristão falar uma língua conhecida aqui na terra. Porém, o fato de em Atos 2 ter ocorrido manifestações de línguas conhecidas, não descarta a existência de línguas desconhecidas. Porém tudo deve ser feito com ordem, para a glória de Deus e edificação espiritual da congregação. Se há profusão do uso de línguas em reuniões publicas, devemos orar para que venhamos a receber também a interpretação, e assim crescermos em Cristo (1 Co 14.13) O Fruto do Espírito Mais do que dons, devemos buscar o Fruto do Espírito, pois Cristo disse que seus verdadeiros seguidores serão reconhecidos pelos frutos, e estes permanecerão. O fruto do Espírito é constituído de: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, domínio próprio e mansidão (Gl 5.22,23) O que o Espírito Santo efetua na vida do cristão • Lava, santifica e justifica (1 Co 6.11) • Habita (Jo 15.17) • Proporciona segurança (Rm 8.1,14-16) • Fortalece (Ef 3.16) • Vocaciona (At 13.2-5) • Orienta (At 8.27-29; 13.2) Poder concedido pelo Espírito Santo ao cristão O Espírito de Deus concede aos seus filhos poder: • Sobre os demônios (Lc 4.18,19) • Sobre as enfermidades (Mt 11.5)

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Sobre a natureza (M 4.39) Sobre as circunstancias (Jo 6.5) Sobre a morte (Jo 11.43)

Símbolos do Espírito Santo • Água (Jo 7.37-39): refresca (Sl 42.2), dá vida (Jó 14.9), limpa (Hb 10.22), fertiliza e prospera (Is 44.3) • Fogo: queima, consome, limpa, amolece a cera, endurece o barro, esquenta, ilumina • Óleo (azeite): unção, capacitação para exercer o ministério • Vento: alimenta (oxigênio), transmite (som, pólen), poder (vento impetuoso), refrigera amenizando o calor.

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06.0 DOUTRINA DOS ANJOS (ANGEOLOGIA) Angeologia Do grego: “angelos”, anjo; “logia”, estudo. É a doutrina teológica onde são estudados os anjos (pode ser chamada também de Angelologia). Sua natureza, existência, função, hierarquia, serão estudados brevemente nesta apostila. Quem são os anjos? Anjos são seres espirituais criados por Deus, antes da fundação do mundo, que vivem em sua presença para glorificá-lo e servi-lo tanto nas regiões celestiais quanto na terra. O termo “anjo” significa “mensageiro”. Atuação dos Anjos • Mensageiros de Deus (Lc 1.26; At 10.1-8;27.23,24) • Revelaram a Lei de Deus a Moises (At 7.38; Gl 3.19; Hb 2.2) • Protegem o povo de Deus (Dn 6.22) • Encorajam as pessoas (Gn 16.7) • Orientam (Êx 14.19) • Executam punições (2 Sm 24.15-17) • Patrulham a Terra (Zc 1.9-14)

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Lutam contra o mau (2 Rs 6.16-18; Ap 12.7-9;20.1-2) Louvam a Deus (Ap 7.11,12; Lc 1.5-20) Servem aos que crêem (Hb 1.14) Alegram-se pelos pecadores que se arrependem (Lc 15.10) Observam o comportamento da congregação dos cristãos (1 Co 11.10; Ef 3.10; 1 Tm 5.21) Revelam mistérios (Dn 7.15,16) Trazem respostas às orações (Dn 9.21-23; At 10.4) Conduzem os salvos ao céu (L 16.22)

A natureza dos Anjos • Criados antes da fundação do mundo (Jó 1.6) • São imortais (Lc 20.34-36) • Não possuem sexo, apesar de geralmente se apresentarem em uma forma masculina (Gn 18.1,2; Mc 12.25; Lc 20.34,35) • São poderosos (2 Pe 2.11; Sl 103.20) • São numerosos, existem milhões de anjos (Dn 7.10; Mt 26.53; Lc 2.13; Hb 12.22) • Como seres espirituais, não são limitados pelas leis da física de forma que são muito velozes, e podem aparecer e desaparecer instantaneamente, podendo também assumir formas humanas, físicas (Gn 19.1-3; Hb 1.4) • Apesar de serem criaturas fantásticas, nunca devem ser adoradas. Eles mesmos recusam adoração (Cl 2.18; Ap 19.10) • Vêem a face de Deus (Mt 18.10) • Estão submissos a Cristo (1 Pe 3.22) • Superiores aos seres humanos (Hb 2.6,7)

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Habitam no Céu (Mc 13.22; Gl 1.8)

A personalidade dos Anjos Anjos são seres pessoais, possuem personalidade e pensamentos próprios, sendo totalmente submissos a Deus e nunca agem contrários à sua vontade. • Inteligência (1 Pe 1.12) • Emoções (Lc 2.13) • Vontade própria (Jd 6) O caráter dos Anjos • Extremamente obedientes (Sl 103.20; 1 Pe 3.22; Jd 6) • Reverentes adoradores (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6) • Sábios (2 Sm 14.17; 1 Rs 8.39) • Seu conhecimento sobre o mistério da Graça é limitado (1 Pe 1.12) • Mansos (2 Pe 2.11; Jd 9) • Santos (Ap 14.10) Hierarquia angelical Os anjos não são todos iguais, diferem entre si em funções e poder. Alguns são somente adoradores, outros são apenas mensageiros. Há os que são guerreiros e lutam contra demônios, outros incendeiam a boca dos profetas para proferirem a palavra do Senhor. Enfim, vejamos uma breve classificação dos anjos. Primeira hierarquia Contemplam e glorificam a Deus continuamente. Estes são: • Serafins (Is 6.2)

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Querubins (Gen 3,24; Êx 25, 18; Sl 17, 11; 98.1; Ez 10,3; Dn 3,55)

Segunda hierarquia Governam o mundo, estando sobre as nações. São eles: • Principados (Dn 10.13; Ef 1.20-21; .3:10; 6.12; Cl.2:15) • Potestades (1 Pd 3,22) Terceira hierarquia Executam as ordens de Deus. Desta hierarquia pertencem: • Arcanjos – anjo principal, anjo chefe (1 Ts 4,15; Jd 9) • Anjos (1 Ped 3.22) Existem outros anjos que se enquadram na segunda hierarquia, a saber: Dominações (Ef 1.20-21), Virtudes ou Poderes (1 Pe 3,22) e Tronos (Cl 1.16). Porém as traduções bíblicas tendem a omitir ou substituir estes nomes entre si, dando a entender que seriam uma classificação dentro de principados e potestades ou outra tradução dada a esta categoria, por isso não os listei na classificação acima. Esta classificação em três hierarquias é apenas para facilitar o entendimento, não devemos ser tão dogmáticos neste ponto. Todos os seres angelicais são chamados de anjos, independente de ser ou não da terceira hierarquia. Miguel é um arcanjo, um dos anjos principais, e que também executa função de Principado, sendo responsável pela nação de Israel (Dn 12.1).

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Alguns anjos destacados nas escrituras O Anjo do Senhor Além da hierarquia descrita anteriormente, existe um anjo que é diferente de todos os outros, este anjo é chamado de “Anjo do Senhor”, ou “Anjo de Deus”. Ele apareceu para Agar (Gn 16.7), Abraão (Gn 22.11,15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2), para os Israelitas durante o êxodo (Êx 14.19), Balaão (Nm 22.22-36), Josué (Js 5.13-15), Gideão (Jz 6.11), Davi (1 Cr 21.16), Elias (2 Rs 1.3,4), Daniel (Dn 6.22), José – esposo de Maria (Mt 1.20; 2.13), dentre outras aparições. Este anjo, ao contrário dos demais: • Identifica-se muitas vezes como Deus (Jz 2.1) • Pode perdoar ou reter pecados (Ex 23.21; Is 63.9) • Foi ele que jurou a Abraão, Isaque e Jacó que daria Canaã a seus descendentes (Gn 13.14-17; 17.8; 26.24; 28.13) • Ele tirou os Israelitas do Egito (Êx 20.1,2) • Levou os judeus à terra prometida (Js 1.1,2) • Aceitou adoração de Josué (Js 5.14) Por este anjo ser tão diferente dos demais, falar como se fosse o próprio Deus e ter se manifestado muitas vezes na forma humana, alguns intérpretes da Bíblia acreditam que ele seja uma manifestação de Cristo antes de sua encarnação. Porém afirmar isso é meio arriscado, uma vez que entre a personalidade deste anjo e a de Cristo existe grandes contrastes. É mais razoável acreditar que o “Anjo do Senhor” seja um anjo especial, um anjo embaixador,

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que representa a presença e a glória de Deus. A adoração prestada a ele seria ao próprio Deus. Seria o porta-voz de Deus, falando em nome dele. Miguel É o único anjo chamado na Bíblia da “Arcanjo”, ou seja, anjo chefe. É um anjo principal (Jd 9; Ap 12.7; 1 Ts 4.16) e tem por função proteger a nação de Israel (Dn 12.1). Seu nome significa “Que é como Deus”, ou “Semelhante a Deus”. Gabriel Pertence a uma classe muito elevada de mensageiro de Deus, tanto que alguns estudiosos o chamam de arcanjo, porém a Bíblia não o chama assim categoricamente (Dn 8.16; 9. 21; Lc 1.19) Obras realizadas pelos anjos Agentes de Deus Executam as ordens de Deus (Gn.3:24;Nm.22:2227;Mt.13:39-41,49;16:27;24:31; Mc.13:27; Gn.19:1; 2 Sm.24:16; 2Rs.19:35;At.12:23) Mensageiros de Deus Esta, talvez, seja a função principal dos anjos, uma vez que o termo “anjo” significa “mensageiro”. Por meio dos anjos, Deus envia: • Anunciações (Lc.1:11-20;Mt.1:20,21) • Advertências (Mt.2:13;Hb.2:2) • lnstrução (Mt.28:2-6;At.10:3;Dn.4:13-17)

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• •

Encorajamento (At.27:23; Gn.28:12) Revelação (At.7:53;Gl.3:19;Hb.2:2; Ap.1:1)

Dn.9:21-27;

Servos de Deus Anjos são espíritos ministradores para • Servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação(Hb.1:14) • Sustentar (Mt.4:11;Lc.22:43;1Rs.19:5) • Preservar (Gn.16:7; 24:7; Ex.23:20; Ap.7:1) • Resgatar (Nm.20:16; Sl.34:7;91:11; Is.63:9; Dn.6:22; Gn.48:16; Mt.26:53) • Interceder (Zc.1:12; Ap.8:3,4) • Servir aos justos depois da morte (Lc.16:22) A atuação dos Anjos Quanto a Jesus Cristo: • Predisseram nascimento (Lc.1:26-33); • Anunciaram nascimento (Lc.2:13); • Protegeram a criança (Mt.2:13); • Fortaleceram Jesus após tentação (Mt.4:11); • Preparados para defendê-lo (Mt.26:53) • O Confortaram no Getsemani (Lc.22:43); • Rolaram a Pedra do Sepulcro(Mt.28:2); • Anunciaram a Ressurreição de Jesus. Quanto aos cristãos (Igreja) • Ministério Geral de Ajuda (Hb.1:14); • Envolvidos com respostas de orações (At.12:7);

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• • • •

Observam as experiências dos Crentes(1Co.4:9;1Tm.5:21); Encorajam nas horas de perigo (At.27:23-24); lnteressados nos esforços evangelísticos dos crentes (Lc.5:10; At.8:26); Ministram aos justos na hora de sua morte (Lc.16:22; Jd.1:9)

Quanto às nações • Miguel - relacionamento estreito com lsrael (Dn.12:1); • Anjos:agentes de Deus na execução de sua providência (Dn.10:21); • Anjos estão envolvidos nos juízos da Tribulação (Ap.8,9,16). Quanto aos ímpios • Anunciam juízos iminentes (Gn.19:13; Ap.14:6- 7); • Infligem o juízo divino (At.12;23); • Agem como ceifeiros na separação definitiva no fim dos tempos (Mt. 13:39).

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07.0 DOUTRINA DE SATANÁS (SATANOLOGIA) Satanologia Do grego, “satan”, que significa adiversário, e “logia”, estudo. A doutrina de Satanás estuda o que as Escrituras afirmam a cerca do nosso adversário. Alguns cristãos oferecem certa resistência a estudar esta doutrina, mas é muito importante que venhamos a conhecer mais sobre Satanás, sua natureza, obra e atuação, para que possamos resisti-lo, vence-lo e, principalmente, não sermos enganados por suas artimanhas. Quem é Satanás? Satanás é um anjo, querubim, que foi expulso do Céu por desejar ser igual a Deus e ter envolvido uma terça parte dos anjos nesse propósito. Hoje ele se opõe a Deus e à sua imagem: os seres humanos. Seu estado original (Ez 28.14-18) A Bíblia nos afirma que Satanás, no princípio, era um anjo de luz (de onde deriva o termo “Lúcifer”: portador da luz), mais especificamente um Querubim. Um anjo de extrema beleza, sabedoria, influência e poder. Foi

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o ápice da criação divina, tanto que era chamada de “Sinete da Perfeição” A Queda de Satanás (Is 14.12-16) Devido a sua sabedoria e influência, seu coração se encheu de iniqüidade (Ez 18.16,17) e ele desejou ser maior do que Deus (Is 14.13). Por sua arrogância, vaidade, soberba e rebeldia, Lúcifer foi expulso dos Céu, juntamente com 1/3 dos anjos (Ap 12). Conseqüências da Queda de Satanás A queda de satanás não foi um evento isolado, pois afetou todo o universo. A queda do “anjo de luz” originou o pecado no universo (Ez 28.15) e na raça humana (Gn 3.1-3; 2 Co 11.3). O pecado, por sua vez, trouxe a morte física e espiritual (Tg 1.15). A natureza de Satanás A maior façanha de Satanás é convencer o ser humano de que ele não existe. Quando o homem passa a duvidar de sua existência torna-se totalmente suscetível a ele, pois não o resistirá em suas investidas. Porém, a Bíblia nos afirma categoricamente que Satanás é um ser real e ativo em nosso mundo. É um ser pessoal • Possui inteligência (2 Co 11.3) • Tem emoções (Ap 12.17) • Tem vontade (2Tm 2.26) Seu caráter

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• • • • •

É uma criatura (Ez 28.14) É um ser espiritual (Ef 6.11,12) Era um querubim (Ex 28.14) Era a mais exaltada criação de Deus (Ez 28.12) É pessoalmente responsável (Mt 25.41)

Sua personalidade • Descrito por pronomes pessoais (Jó.1:6) • Homicida (Jo.8:44) • Mentiroso (Jo.8:44) • Pecador (1 Jo.3:8) • Acusador (Ap.12:10) • Adversário (1Pe.5:8) • Presunçoso (Mt.4:4,5) • Orgulhoso (1Tm.3:6) • Poderoso (=forte,diferente de todo-poderoso, quem é somente Deus) (Ef.2:2) • Maligno (Jó.2:4) • Astuto (Gn.3:1;2Co.11:3) • Enganador (Ef.6:11) • Feroz e cruel(1Pe.5:8) Designações Nomes • Satanás: adversário (1 Cr 21.1) • Diabo: difamador, caluniador • Lúcifer: portador da luz • Belzebu: senhor da casa (Mt 12.24) • Belial: companheiro vil (2 Co 6.15)

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Abadon (em hebraico) destruidor (Ap 9.11)

e

Apolion

(em

grego):

Títulos • Maligno (1 Jo 5.19) • Tentador (1 Ts 3.5) • Acusador (Ap 12.10) • Enganador (2 Co 11.3,13,14) Símbolos • Dragão (Ap 12.3) • Serpente (Ap 12.10) • Leão que ruge (1 Pe 5.8) • Lobo (Jo 10.12) • Aves (Mt 13.4) • Ladrão (Lc 10.30) • Semeador de joio (Mt 13.25) A posição exaltada de Satanás Devido ao Pecado Original (queda do homem no Éden) Satanás passou a ser o “deus deste século”, desta era, e assim conquistou um reino e uma posição exaltada. A Bíblia o chama de: Príncipe das potestades do ar Ele lidera demônios que habitam na atmosfera e que andam em redor da terra (At 2.18; Ef 2.2; Cl 1.13) Príncipe deste mundo Em Lc 4.5-7 chegou ao ponto de oferecer a Cristo todos os reinos do mundo (J 12.31; 14.30; 16.11)

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O deus deste século Devido ao pecado, tornou-se o deus deste mundo (2 Co 4.4; 2 Ts 2.3,4; 1 Jo 5.19) Habitação de Satanás A igreja atual vê o inferno de uma forma equivocada. Acreditam que neste lugar as almas dos ímpios são atormentadas por demônios, e há quem ensine que até mesmo o diabo mora lá. Isso é errado, em nenhum lugar a Bíblia ensina isso! O próprio Satanás, quando Deus perguntou de onde ele vinha, disse “ De rodear a terra, e passear por ela” (Jó 1.7) demonstrando assim que ele esta solto, operando livremente na atmosfera. As Escrituras nos afirmam que Satanás: Habita no Primeiro Segundo Céu Satanás e seus demônios estão livres para habitar no Primeiro Céu – atmosfera, e no Segundo Céu - espaço (Ef 6.11,12) É ativo na face da terra O planeta Terra é seu território de atuação. Embora não seja onipresente ou onipotente, ele pode deslocar-se para cada lugar do planeta (Jó 1.7; 1 Pe 5.8) Tem acesso à presença de Deus De uma forma restrita, Satanás pode apresentar-se a Deus, onde se apresenta como nosso acusador (Jó 1.6; Ap 12.10)

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Observação: embora Satanás e seus demônios estejam livres para agir na terra, existem algum demônios que estão aprisionados no abismo Tártaro que se encontra no Hades (que algumas Bíblias traduzem como “inferno”), a esse respeito lemos em Judas 6. Veremos mais sobre isso quando estudarmos a “Doutrina das Últimas Coisas” (Escatologia) A obra de Satanás Satanás tendo sido expulso do Céu e nada podendo fazer contra Deus, tenta destruir a sua imagem, ou seja, o ser humano, que fora criado a imagem e semelhança de Deus. Cristo veio para resgatar a humanidade do pecado e do poder do diabo, tendo o vencido na Cruz (Cl 2.15; 1 Jo 3.8). Devido a isso, Satanás dirige sua raiva e força contra a Igreja, que é o corpo de Cristo. Porém a palavra nos afirma: “edificarei a minha Igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Vejamos alguns aspectos da obra de Satanás na presente era: Quanto à humanidade em geral • Originou o pecado no universo (Ez 28.15) • Originou o pecado na raça humana (Gn 3.1-13; 2 Co 11.3) • Causa sofrimento (At 10.38; Lc 13.16) • Causa morte (Hb 2.14) • Atrai o mal (1 Ts 3.5; 1 Co 7.5) • Ilude os homens (2 Tm 2.26; 1 Tm 3.7) • Inspira pensamentos e propósitos iníquos (Jo 13.2; At 5.3)

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Produz obreiros da iniquidade (Mt 13.25,28,39)

Quanto à obra de Jesus • Causa conflito (Gn.3:15) • Tenta (Mt.4:1-11) • Usa pessoas contra a Mt.16:23) • Usou Judas (Jo.13:27)

obra

(Mt.2:16;

Jo.8:44;

Quanto aos crentes • O tenta a mentir (At.5:3) • Acusa e difama (Ap.12:10) • Dificulta o trabalho (1Ts.2:18; Dn 10.13) • Usa demônios para derrotar o crente (Ef.6:11-12) • O tenta à imoralidade (1Co.7:5) • Semeia joio entre eles (Mt.13:38-39) • lncita perseguições (Ap2:10) • Perturba a obra (1Ts.2:18) • Opõe-se à Obra (Mt.13:19;2 Co.4:4) • Aflige os santos (16.1:12) • Tenta os santos de Deus (1Ts.3:5; 1 Pe 5.8) • Acusa (Ap 12.9,10) Quanto aos descrentes • Domina (Lc.22:3) • Cega (2 Co.4:4) • Engana (Ap.20:3.7) • Laça (1Tm.3:7) • Arrebata a Palavra (Lc.8:12) • Reúne para o Armagedom (Ap.16:13-14)

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Vencendo Satanás Os limites de Satanás Satanás é uma criatura, um ser espiritual criado por Deus, portanto ele é um ser limitado. Embora não possamos subestimá-lo, também não deveremos o superestima-lo, pois ele saberá tirar proveito destas duas situações. A Bíblia nos afirma que Satanás: • É um ser derrotado (Jo 12.31) • É covarde (Tg 4.7) • Pode ser resistido (Tg 4.7) • É limitado por Deus (Jó 1.12) • Não pode, sem a permissão de Deus: tentar(Mt.4:1); afligir (Jó.1:16); matar (Jó.2:6; Hb.2:14);ou tocar no crente O crente mais que triunfante A Bíblia nos oferece armas para sermos mais que vencedores em nossa luta contra Satanás: • Obedecer a Deus e sua palavra (Tg 4.7; 1 Pe 5.6) • Sobriedade e vigilância (1 Pe 5.8) • Resistir (Tg 4.7; 1 Pe 5.9) • A armadura de Deus (Ef 6.11,13) • Fé (1 Jo 5.4) • A constante Intercessão de Cristo (Jo.17:15) Vitória em Jesus Cristo! A nossa vitória contra o mal reside em Cristo. Nunca devemos nos esquecer que:

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1. A Palavra de Deus nos Afirma categoricamente que “para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3.8). 2. Cristo é a nossa vitória sobre Satanás, pois “despojando os principados e potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na Cruz” (Cl 2.15). 3. Jesus nos deu autoridade, em seu Nome, para vencer o mal (Lc 10.19; Mc 16.17,18). 4. O diabo não tem poder sobre o cristão nascido de novo, que vive em santidade nos caminhos de Deus (1 Jo 5.19) Destino de Satanás: EM QUEDA CONSTANTE! • Foi expulso do Céu (Ez 28.16) • Julgado no Éden (Gn 3.14,15) • Julgado na Cruz (Jo 12.31) • Expulso das regiões celestiais na Grande Tribulação (Ap 12.13) • Preso no abismo por 1.000 anos (Ap 20.10) • Lançado no lago de fogo, Geena, depois do Milênio (Ap 20.10)

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08.0 DOUTRINA DO HOMEM (ANTROPOLOGIA CRISTÃ) Antropologia Cristã É a doutrina teológica que estuda o ser humano e a humanidade com base no que a Bíblia nos ensina. Chamamos de “Antropologia Cristã” para diferenciar da ciência secular de mesmo nome que estuda o ser humano sem considerar as escrituras, analisando somente sua história, comportamento, psicologia, etc. Neste estudo veremos o que a Bíblia declara a nosso respeito. A Origem do Homem “De onde viemos, para onde vamos?” acredito que todos nós, em algum momento da nossa vida, nos perguntamos isso. E, realmente, não é algo muito fácil de responder. A ciência tem elaborado várias teorias sobre a origem da humanidade (evolucionismo, abiogênese, etc), porém nenhuma delas se mostra satisfatória ou podem ser comprovadas. As várias religiões também apresentam seus ensinamentos e crenças a cerca deste assunto, diferenciando muito entre si. Somos cristãos, então não podemos sair por ai aceitando tudo o que a ciência declara nem acatar às várias heresias que têm surgido. Devemos buscar na Bíblia, a Palavra de Deus, a verdade

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sobre a nossa origem, bem como a verdade sobre nossa situação atual e destino. Veremos algumas idéias sobre a origem da humanidade. Criação x Evolução Em nenhum outro ponto a ciência e a religião se afrontam tão declaradamente quanto na criação do homem. A ciência diz que somos fruto do acaso, e que evoluímos de espécies e seres inferiores. Os cristãos declaram que fomos feitos em apenas um dia, de forma perfeita tal como somos hoje. E existem aqueles que aceitam as duas idéias, querendo encontrar um consenso entre religião e ciência. Evolução Ateísta A evolução ateísta acredita que os seres humanos e todas as espécies existentes no planeta, tanto animal quanto vegetal, se originaram por obra do acaso, após bilhões e bilhões de anos de associação entre átomos e moléculas, que geraram microorganismos, macro organismos, seres unicelulares, pluricelulares, seres invertebrados, vertebrados, anfíbios, répteis, mamíferos e por fim, o homem. Atuação do Acaso e Seleção natural são as bases dessa teoria, que fora “fundamentada” por Charles Darwin, quando escreveu seu famoso livro “A Origem das Espécies” há 150 anos atrás. Esta teoria nega a existência de um Deus pessoal, e repudia a necessidade da fé. Porém, para acreditar numa teoria dessas, que nunca foi observada, repetida ou comprovada, é necessária muito mais fé do que os cristãos precisam pra acreditar em Deus. A que ponto chega os ateístas!

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Evolução Teísta Muitos cristãos sinceros, ou cientistas que acreditam em Deus, e que concordam com Darwin e a teoria da Evolução, procuram uma forma de apaziguar a guerra declarada entre Evolucionismo e Criacionismo criando uma outra teoria: a Evolução Teísta. Esta teoria ensina que tudo foi criado por Deus, e não por acaso. Diz que o “ponta pé” inicial fora dado por um Criador infinito e poderoso, que após dar origem ao universo e às formas mais básicas de vida, deixou sua criação a deriva, evoluindo por conta própria, sem sua ação direta. Se Deus interviu na evolução, foi controlando os processos de mutação e de seleção natural. Criacionismo Acredita fielmente no que a Bíblia declara: Deus criou o mundo em sete dias, e o homem e a mulher no sexto dia. O criacionismo nega que o ser humano tenha se originado de uma subespécie ou evoluído dos animais. O criacionismo é taxativo em afirmar que fomos criados tal qual somos hoje, sem evolução ou seleção natural. Segundo o criacionismo, o homem foi uma criação planejada por Deus (Gn 1.26) que se deu de uma forma direta, especial e imediata (Gn 1.27; 2.7). O criacionismo acredita em um Deus pessoal, que se relaciona diretamente e constantemente com sua criação. A Imagem de Deus Qual o propósito da nossa existência? Talvez a resposta esteja no que Deus disse ao criar o ser humano

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“façamos o homem, a nossa imagem e semelhança” (Gn 1.26). O que isso significa? Podemos usar a seguinte definição: O fato do homem ser a imagem de Deus significa que ele é semelhante a Deus e o representa. Ao criar o ser humano, Deus não criou algo idêntico a si mesmo, mas algo semelhante, que possuísse algumas características que Ele mesmo possui, para que assim sua criação pudesse ter comunhão com Ele e ser seu representante. Vejamos o significado dos termos “imagem” e “semelhança” Imagem No Hebraico = “Tselem”; no Grego = “Eikon”; no Latim = “Imago”. Significa: molde, modelo, representação. Uma representação formada, concreta. É uma palavra usada para indicar estátuas e modelos de trabalho. Semelhança No Hebraico = “Demuth”; no Grego = ”Homoiosis”; no Latim = “Similitudo”). Significa: similitude, similaridade. Uma similaridade abstrata, imaterial, ideal. Indica padrões e formas, que se parecem um tanto com o que se retrata. Podemos ver, com base nestes dois termos, que Deus não pretendia criar “deuses” como alguns ensinam, mas criaturas semelhantes a Ele, de uma forma mais subjetiva do que concreta, uma criatura com quem ele pudesse interagir e que tivesse a capacidade de se

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comunicar com Ele, dado algumas semelhanças (personalidade, moral). Para os primeiros leitores, Gênesis 1.26 significava simplesmente: “Façamos o homem como nós, para que nos represente”. Aspectos da Imagem de Deus no ser humano Aspecto Natural A imagem natural inclui os elementos da personalidade ou do próprio “eu” comuns a todas as pessoas, quer humanas ou divinas (Pai, Filho e Espírito Santo). Intelecto, sensibilidade (emoções, sentimento), vontade – estas são as categorias que compõem a personalidade e formam uma clara linha de separação entres os seres humanos e os animais irracionais. Aspecto Moral A imagem moral inclui a vontade e a esfera da liberdade, onde podemos exercer nossos poderes de autodeterminação. Ela torna possível nossa comunhão e comunicação com Deus. É também a qualidade que se relaciona ao que é certo ou errado no uso de nossos poderes. Segundo Ef 4.24, Deus está preocupado principalmente com nossa imagem moral, que fora degenerada por ocasião do Pecado Original, e quer vê-la restaurada. Sua restauração é necessária se quisermos ter comunhão com Ele. A Estrutura do Homem Segundo o relato de Gênesis 2.7, o ser humano é formado pela seguinte fórmula:

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P+S=A Traduzindo: P: Pó da terra. S: Sopro Divino. A: Alma Vivente. O pó representa nossa natureza material, humana (humus = terra), nossa formação carbônica, o corpo. Sopro representa o espírito dado por Deus (sopro = pneuma, palavra usada para espírito). A alma é o corpo avivado pelo espírito, ou seja, nossa mente, nossa consciência, racionalidade, personalidade, representa a pessoa em si. Duas doutrinas sobre a estrutura do homem Dicotomia Doutrina que ensina que o ser humano é constituído de duas naturezas: uma natureza material (corpo) e outra imaterial (alma e espírito). Para os dicotomistas não existe distinção entre alma e espírito. Estes termos seriam sinônimos e ambos referenciam a natureza imaterial do ser humano. Tricotomia Doutrina que ensina que o ser humano é constituído de três naturezas. Uma natureza material (corpo) e duas naturezas imateriais, uma voltada para os aspectos da nossa existência física (alma) e outra voltada para nossa relação com Deus (espírito). Para os

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tricotomistas, embora haja distinção entre alma e espírito ambos são indivisíveis, e fazem parte de um todo. Visão Tricotomista do ser humano Esta apostila segue a doutrina tricotomista, e veremos aqui a distinção entre corpo, alma e espírito. Corpo O corpo é a natureza física do ser humano, nossa parte sensorial, que através dos sentidos (audição, visão, tato, paladar e olfato) tomamos conhecimento do mundo e percebemos o que está ao nosso redor. Através dos sentidos nossa alma é alimentada com informações sobre o mundo. Os gregos consideravam o corpo como uma prisão, a parte má do ser humano, de modo que viam seus apetites e desejos como maus em si mesmo. Porém a Bíblia nos dá uma visão diferente da cultura antiga. Deus criou o corpo humano bom, para que servisse de habitação ao Espírito Santo. Este corpo será, no fim dos tempos, ressuscitado ou transformado, por ocasião do Arrebatamento. Precisamos de um corpo para a plena expressão da nossa natureza, mesmo em estado de glorificação, porquanto sempre seremos finitos. Como cristãos, devemos ter controle sobre nosso corpo e tornalo instrumento útil para Deus (Rm 6.13; 1 Co 9.27) Alma O termo “alma” é usado teologicamente para denotar o próprio “eu”, particularmente em relação à vida consciente, aqui e agora (Ap 6.9). A alma provê a nossa autoconsciência. É a alma que torna o individuo uma

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personalidade genuína, dotada de características ímpares. As faculdades da alma são: intelecto, emoções (sensibilidade) e vontade. Juntas, essas qualidades compõem a pessoa real. Podemos dizer que alma é a nossa personalidade. Espírito É o aspecto de nossa pessoa que se relaciona com o mundo espiritual, seja este mau ou bom. Em Ef 2.1-10, Paulo descreveu o estado dos não-regenerados como estando mortos em “delitos e pecados”. Os nãoregenerados têm corpo, tal qual os crentes. Também desfrutam da capacidade psicológica de raciocinar, demonstrar vontade e ter sentimentos. No entanto, estão “mortos” no que concerne a Deus. Estão separados dEle e são espiritualmente inertes. Quando o Espírito Santo revive os não-regenerados, produzindo neles uma vida nova, sua capacidade de relacionar-se com Deus é restaurada, seu espírito é reavivado (Jo 3). O Destino da natureza material e imaterial do homem após a morte O que acontece com o homem após a morte, qual o destino do seu corpo, alma e espírito? Esta pergunta é respondida pela Escatologia Bíblica, porém faremos um breve comentário sobre isso nesta seção. Estudaremos profundamente este tema em uma lição futura. Destino do Corpo

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A Bíblia diz que somos pó, e que após a morte o corpo retorna ao pó (Gn 3.19). Mas no fim dos tempos este corpo será ressuscitado (1 Ts 4.13-18; 1 Co 15.5057). Os justos ressurgirão para a glória eterna (Ap 20.4-6) e os ímpios para a perdição eterna (Ap 20.11-15). Destino da Alma Alma morre? Depende do ponto de vista. A Bíblia usa o termo “alma” muitas vezes para referir-se a própria vida, a pessoa em si mesmo, uma vez que alma retrata a personalidade do individuo. Neste aspecto, como representação de vida e personalidade, podemos dizer que alma morre sim (Ez 18.4). Depois que a pessoa morre, perde o vínculo com este mundo e não tem mais conhecimento de nada que se faz debaixo do sol, sua memória cai no esquecimento (Ec 9.5-10). Espírito A Bíblia declara que o espírito volta para Deus, que o deu (Ec 12.7). Ou seja, volta para os cuidados de Deus, que tem poder de enviar este tanto para o Paraíso, quanto para o Hades. O ser humano está consciente após a morte? Sim! Embora os Adventistas e Testemunhas de Jeová afirmem ao contrário. Não iremos entrar em detalhes aqui, pois isto é matéria para um próximo capítulo, porém podemos ver que a existência consciente entre a morte e a ressurreição, que chamamos de Estado Intermediário, é confirmada nas Escrituras por:

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• • • • • •

Jó (Jó 26.5) Davi (Sl 73.24) Jesus Cristo (Lc 23.42, 43; Lc 16.22,23) Paulo (2 Co 5.1,8; Fp 1.23) Lucas (Lc 9.29-31; At 7.55,56,59) João (Ap 6.9-11)

Segundo as passagens bíblicas que citamos, podemos afirmar que os homens (sua natureza imaterial) ao morrer: • • • • • • •

Estão conscientes (Lc 16.26-31) Lembram-se da vida na terra (Lc 16.25; Ap 6.9-11) Se ímpios, sofrem tormentos (Lc 16.23) Se justos, são consolados (Lc 16.25) Não têm conhecimento nenhum do que acorre sobre a terra (Ec 9.5-8), Não podem interferir na vida dos vivos (Lc 16.27-29) Ambos, justos e ímpios, aguardam a ressurreição e o Juízo Final (Ap 20.4-6)

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9.0 DOUTRINA DO PECADO (HAMARTIOLOGIA) Hamartiologia Do grego: “hamartia”, pecado; “logia”, estudo. Doutrina teológica onde estudamos o pecado. Nesta lição estudaremos a origem do pecado, sua natureza (o que é e o que não é), seus efeitos (no homem e na natureza) e como Deus lida com o pecado. O que o pecado não é Para termos uma idéia mais exata do que vem a ser o pecado, vamos remover da nossa mente as idéias errôneas sobre ele. O pecado não é um acidente A Bíblia deixa claro que o pecado originou-se de um ato consciente e voluntário do ser humano (Rm 2.14,15;5.12; Na 1.3) O pecado não é uma fraqueza do ser humano O pecado é o resultado da busca de uma autorealização do ser naquilo em que lhe agrada e que desagrada a Deus (Tg 1.13).

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O pecado não é simplesmente ausência do bem O pecado tem uma existência ativa e não é resultado de omissão, mas uma prática que vai contra a vontade de Deus (Rm 7.13,14) O pecado não é imaturidade O pecado não é imaturidade pois consiste em uma transgressão consciente da lei (1 Jo 3.4) Teorias contra o pecado O ser humano, na sua tentativa de desculpar o pecado, fugir da responsabilidade para com Deus, criou algumas teorias para amenizá-lo e até mesmo desacreditá-lo: Ateísmo Negam a existência de Deus. Se não existe Deus, não existe pecado. Determinismo Dizem que o livre arbítrio é uma ilusão, que o homem não tem escolhas e só realiza o que está determinado a ser realizado, que o pecado seria uma doença. Porém a Bíblia deixa claro que o homem é livre para escolher o seu caminho (Mt 7.13,14) e mostra claramente o destino final do pecador (R 6.23). Palavra preferida: “está escrito”. Hedonismo

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Ensinam que o homem deve buscar o prazer em todas as coisas, fazer somente o que lhe apraz. O pecado para eles seria algo inofensivo, mania de prazer, fogo da juventude. Palavra preferida: “errar é humano”. Ciência cristã Negam a existência do pecado, dizendo que este é apenas a ausência do bem, um erro na mente moral do ser humano. Evolução Considera o pecado como uma herança do “animalismo” primitivo do homem. O que é o pecado Pecado é transgredir a lei de Deus, ficar contra ou aquém a sua vontade, de forma consciente e premeditada ou inconsciente (Lv 5.17; Rm 2.14-15) Definições para pecado • Transgressão da Lei (Rm 4.15; 1 Jo 3.4) • Desobediência (Jr 3.25; Lc 8.18; Hb 1.9; 2.2) • Rebeldia (1 Sm 15.23) • Dúvida e tudo que não provém da fé (Rm 14.23) • Dívida (Mt 6.12) • Desordem (1 Jo 3.4) • Queda (Ef 1.7) • Derrota (Rm 11.12) • Impiedade (Rm 1.18. 2 Tm 2.16)

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Palavras hebraicas para pecado • chatta’th: frequentemente traduzida como “errar o alvo” (Is 53.6; Rm 3.9-12,23) • resha’: usado para referir-se a ira que se levanta contra Deus (Ez 21.24) • Pesha’: refere-se a uma rebelião deliberada e premeditada contra Deus (Jr 5.6) O pecado e sua origem O primeiro pecado O pecado teve origem bem antes da queda do homem e deu-se por ocasião da rebelião de Lúcifer (“portador da luz”, nome dado por tradição à Satanás, quando este ainda era um querubim) contra Deus. Lúcifer desejou ser maior que Deus, de modo que foi expulso dos céus juntamente com uma terça parte dos anjos (Ez 28.12,17; Is 14.12-20; Ap 12.3,4,9) O pecado Original É chamado assim o pecado cometido por Adão e Eva no paraíso, e que trouxe graves conseqüências para a humanidade e também para a natureza (Gn 2.17; Rm 5.12,18,19; 1 Co 15.21,22; Tg 1.13-16) A fonte do pecado Tanto o Primeiro Pecado (rebelião de Satanás) quanto o Pecado Original (cometidos por Adão e Eva) tem uma origem comum, ou fonte: exaltação do “eu”. A essência do pecado é optar pela satisfação do próprio “eu” em lugar do objetivo mais elevado e nobre da vida

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do ser humano: buscar a Deus e sua presença. Pecamos quando, ao invés de crer e confiar em Deus, correspondendo assim ao seu amor, destronamo-os do nosso coração e entronizamos nosso próprio ego, nossa própria vontade (Rm 1.28-32) O efeito do pecado O efeito do pecado cometido por Lúcifer no céu antes da criação e o pecado original de Adão e Eva extende-se por todo o universo: Os céus Derrubou um (habitação de Deus). e céu astronômico 6.11,12; Is 14.12-15;

terço dos anjos do terceiro céus Infestou a atmosfera (primeiro céu) (segundo céu) de demônios (Ef Zc 3.1; Lc 10.18).

O reino vegetal Foi afetado devido ao pecado (Gn 2.16; 3.6.17-18; Rm 8.19-25), porém será restaurado no Milênio (Is 11.19; 55.13; 65.17-25) O reino animal A natureza dos animais também fora afetada (Gn 9.1-3), e serão restauradas futuramente (Is 11.6-9) O efeito do pecado nos seres humanos Para a humanidade o Pecado Original teve um efeito devastador: • Todos pecaram (Rm 3.10,23; 1 Jo 1.8-10)

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• • • • •

Todos são culpados perante Deus (Rm 3.19; Gl 3.10) Filhos da ira (Ef 2.3) Afastados de Deus (Ef 4.18) Escravizados pelo pecado e mortos por ele (Rm 6.17; Ef 2.1) Corpo debilitado e condenado à morte (2 Co 4.7; Rm 8.11)

Conseqüências do pecado na humanidade Desfiguração da imagem divina no ser humano A imagem moral de Deus no ser humano (consciência do certo e errado) foi perdida. Valores atualmente são invertidos. Mas Cristo veio ao mundo para restaurar por completo a semelhança da imagem divina no ser humano (Gl 3.1) Discórdia interna Deus, ao soprar o sopro de vida no homem, concedeu-lhe uma natureza mais elevada, onde o corpo deveria viver em harmonia e submissão ao espírito. Porém o pecado interrompeu essa harmonia, dividindo internamente o homem. O pecado gerou um conflito interno entre a natureza superior (espírito e alma) e a inferior (corpo). Duas Mortes O salário do pecado é a morte (Rm 6.23). A morte física veio ao mundo como castigo pelo pecado, e este tem o poder de levar o homem à segunda morte, a morte espiritual, que hoje afasta a humanidade de Deus e que,

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futuramente, enviará o pecador para o Lago de Fogo (Pv 21.16; Is 59.2; 54.7) Conseqüências do pecado no cristão Pecado não confessado, e abandonado, na vida do cristão acarreta inúmeras conseqüências nocivas à sua saúde espiritual: • Perda da comunhão com Deus (Sl 51.11; 1 Jo 1.5,6) • Perda de galardão (1 Co 3.3-15; 4.5) • Possível morte física (At 5.1-11; 1 Co 11.30) • Maus exemplos (1 Co 8.8,10) • Oração não respondida (Sl 66.18; Is 59.1,2) • Destruição da fé e conseqüente morte espiritual (Rm 6.16; 1 Jo 5.16,17) Como o cristão deve lidar com o pecado Nós todos somos suscetíveis ao pecado e, embora sejamos cristãos, nunca devemos achar que somos infalíveis, pensar não pecamos. A Bíblia afirma que aquele que diz que não tem pecado é mentiroso (1 Jo 1.8). A diferença entre o cristão e o incrédulo é que o cristão, ao cair em pecado, se arrepende e o abandona. Não vive no pecado (1 Jo 3.6, 9; 5.18). O ímpio, por sua vez, permanece no pecado e não se incomoda com ele. O cristão, diante do pecado, não deve ocultá-lo, diminuí-lo ou negligenciá-lo. Ao invés disso, deve: • Reconhecer (Sl 51.3) • Evitar (1 Tm 5.22) • Detestar (Jd 1.23) • Resistir (Tg 4.7,8) • Confessar (1 Jo 1.9)

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Deixar (Pv 28.13)

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10.0 DOUTRINA DA SALVAÇÃO (SOTERIOLOGIA) Soteriologia Do grego: “soterios”, salvação; “logia”, estudo. Doutrina bíblica que estuda o plano de salvação do ser humano, mediante Jesus Cristo, desenvolvimento por Deus desde antes da criação do mundo (Ap 13.8). Como se dá restauração do favor divino ao pecador e o restabelecimento da comunhão entre este e Deus serão estudados nesta apostila. O que é Salvação? A Bíblia nos afirma que “todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Devido ao pecado, o ser humano separou-se de Deus, perdeu sua comunhão com o criador e passou a ser alvo da sua ira (Jo 3.36). A Salvação, portanto, é a restauração da comunhão do homem com Deus, a restituição da filiação e favor divino ao pecador. É o processo pelo qual o homem passa a ter paz com Deus (Rm 5.1) Salvos do que? A salvação fornecida pela fé em Cristo nos livra: • Do pecado (Rm 6.12),

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• • • • • •

Do mundo (Jo 17.16), Da morte espiritual atual (Jo 10.10), Da morte eterna ou segunda morte (Ap 2.11), Do diabo (1 Jo 5.18) Da ira futura ou Grande Tribulação (1 Ts 1.10) Da ira de Deus (Jo 3.36; Rm 5.1)

Como podemos ser salvos? A única esperança de salvação do ser humano encontra-se no sangue de Jesus Cristo derramado na cruz pela humanidade. Somos salvos gratuitamente pela fé no sangue de Cristo (Ef 2). A salvação é gratuita, oferecida a nós por Deus mediante a Graça. Nada podemos fazer para conquistá-la, uma vez que não seriamos capazes de sermos salvos pelos nossos méritos pessoais. O homem deve somente aceitar este presente de Deus mediante a fé; fé esta que deve ser precedida de arrependimento (At 3.19) e acompanhada de uma vida de obediência à Palavra de Deus (Ef 5.8; Cl 2.6; Hb 5.9) A Salvação no Antigo Testamento Se a salvação nos é dada mediante a fé no sacrifício de Jesus realizado ao nosso favor na cruz, como eram salvas as pessoas que viveram antes de Cristo? Os homens do Antigo Testamento recebiam a garantia de sua salvação mediante uma série de ritos cerimoniais estipulados por Deus ao povo de Israel e que deveriam ser repetidos inúmeras vezes durante sua vida para “cobrir” o pecado. Estes ritos foram declarados na Lei Judaica, quando Deus assim os revelara para Moisés no

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monte Sinai e estão detalhadamente descritos no livro de Levítico. Os rituais e sacrifícios da Lei somente cobriam o pecado do ser humano, não concedia o perdão efetivamente, apenas dava uma “garantia” de perdão. Garantia esta que foi cumprida na Cruz. A eficiência do cerimonialismo judaico se dava ao fato dos mesmos apontarem para Cristo (Hb 10.1-14). Sacrifício Sob a Lei de Moisés, Deus providenciou uma maneira dos Israelitas obterem o perdão de seus pecados: o sacrifício de animais. Segundo a Lei, “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9.22), pois o “salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Ao invés do pecador ser morto, sua culpa era lançada sobre um animal (touros, bodes, carneiros) que morria em seu lugar. É obvio que o sangue de animais não poderia redimir o ser humano eficazmente, por isso Cristo veio a este mundo, para ser o perfeito, único, suficiente e definitivo, insubstituível sacrifício dado pela humanidade (Hb 9.11-14). O sacrificio de animais apontava para Cristo, por isso ele foi chamado de “o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Expiação A eficiência do sacrifício não pode ser compreendida sem que venhamos a conhecer o significado do termo “expiação”. Expiar é a tradução da palavra hebraica “Kippur”, que significa “cobrir com um preço”. Sendo assim, expiação é o ato divino mediante o qual o pecado é coberto pelo preço do sangue da vítima

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que era sacrificada em lugar do pecador, mostrando, assim, que o salário do pecado está pago. Propiciação O sangue dos animais mortos era aspergido, uma vez ao ano, sobre a arca do concerto, mais especificamente sobre sua tampa, que exercia a função de “propiciatório”. Propiciação significa que Deus será “propício”, “favorável”. Deus, ao ver o sangue sobre o propiciatório, tornava-se favorável ao pecador, não imputando a justiça necessária ao pecado (a morte), tendo em vista o sacrifício que seria realizado por Cristo futuramente. A salvação nos dias de hoje Hoje não precisamos mais oferecer sacrifício de animais para que Deus venha a nos ser favoráveis, basta que aceitemos com fé o sacrifício de Cristo realizado por nós na Cruz, e venhamos a viver segundo sua palavra. Graça Em sua definição, graça é um dom imerecido dados por Deus ao ser humano. Nada poderíamos fazer para nos redimir diante de Deus (Rm 3:20-28; 4:16 ; Gl 2:16), somente mediante sua graça é que podemos ser salvos (Ef 2.8). Veja só o amor de Deus pelo ser humano. Ele mesmo, que fora ofendido pelos nossos pecados, nos forneceu, gratuitamente, o meio pelo qual podemos nos achegar a sua presença novamente (Rm 5.8)!

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Redenção Redimir significa “resgatar mediante o pagamento de um preço”. Cristo, ao morrer por nós, nos resgatou da morte eterna, pagamento o preço do nosso pecado para Deus, fazendo-nos assim livres de toda a culpa (Cl 2.14). Nossa culpa não é mais “coberta” (expiação) como no Antigo Testamento, ela é, agora, totalmente removida mediante o sangue de Jesus Cristo (Rm 8.1). Fé Salvífica (conversão) A salvação nos é dada mediante a fé no sacrifício de Cristo realizado em nosso favor na cruz. Mas esta fé não é simplesmente acreditar na crucificação, não é apenas uma fé intelectual, que aceitamos com a mente e ponto final. A fé que nos salva, salvífica, é a fé que nos leva a reconhecermos nossos pecados, nos arrependermos, confessa-los e nos entregarmos totalmente a Deus, mediante a fé em Jesus Cristo. É uma fé que produz resultados reais (submissão, rendição e obediência a Deus), uma vez que Tiago diz que “a fé sem obras é morta” (Tg 2.18-24). Não podemos aceitar a Jesus como nosso Salvador se não o tomarmos também como nosso Senhor (Rm 10.9)! Justificação O vocábulo “justificação” trata-se de um termo judicial que significa “declarar alguém justo”. Quando o pecador aceita a Cristo, Deus o declara justificado. Ou seja, diante de Deus, o homem é “declarado justo” mediante os méritos de Cristo (Rm 5.1). Note a diferença entre “declarado” e “tornado” justo. Após a justificação,

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aos olhos de Deus, os pecados dantes cometidos pelo homem já não existem mais (Sl 103.12; Mq 7.18,29; Rm 8.1). Bênçãos da Justificação Três bênçãos específicas fluem da justificação: 1. Redenção de pecados (Gn 2.17,17; Is 53.5,6; Rm 5.1214; 6.23; 1 Pe 2.24) 2. Restauração do favor divino (Jo 3.36; Rm 1.18; Gl 3.26; 1 Jo 1.3) 3. Imputação da retidão de Cristo (Gn 3.9; Mt 22.11,12; Fp 3.9) Efeitos da justificação A justificação afeta todo o ser humano: • Intelecto (1 Co 2:14; 2 Co 4:6 ; Ef 1:18;Cl 3:10) • vontade (Sl 110:3 ; Fp 2:13 ;2Ts 3:5; Hb 13:21) • sentimentos ou emoções ( Sl 42:1,2; Mt 5:4 ; 1 Pe 1:8) Regeneração A regeneração é a concessão da nova vida espiritual dada por Deus ao pecador que se arrepende (Jo 3.5; 10.10; 1 Jo 5.11,12). É o novo nascimento (Jo 3.3), mediante o qual nos achegamos a família de Deus (Ef 2.19). Em suma, é a nova vida em Cristo (Cl 1.12) Adoção Adotar significa literalmente “pôr como filho”. Após aceitarmos a Cristo como nosso salvador, além de sermos justificados e regenerados, somos também adotados por

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Deus como seus filhos (Gl 3.26; 4.1-5), o que nos faz coherdeiros da benção prometidas a Israel (Ef 3.6) e de Cristo (Rm 8.17). Santificação Santificar significar “separar”. Santificação, portanto, é o ato de nos separar-mos de tudo que é ruim e dedicarmo-nos a Deus (Rm 12.1,2; 1 Ts 5.23; Hb 13.12). A Bíblia nos afirma que a santificação é de vital importância na vida do cristão, uma vez que “sem santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Assim como a regeneração é a concessão da nova vida ao cristão, a santificação é o desenvolvimento dessa nova vida recebida. Descrição da santificação • Obra de Deus (1 Ts 5.23; Hb 13.20,21) • Fruto de uma vida unida com Cristo (Jo 5.4; Gl 2.20; 4.19) • Uma obra realizada no interior do homem por Deus (Ef 3.16; Cl 1.11) • Resulta em uma vida que manifesta o fruto do Espírito (Gl 5.22) Processos para a santificação Crucificação do Velho Homem A natureza pecaminosa, a tendência para o pecado, deve ser aniquilada (Rm 6:6 ; Gl 5:24) Ressurreição do Novo Homem

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O velho homem, mortificado pelo mundo mediante a cruz de Cristo, agora nasce para uma nova vida de santidade (Rm 6: 4,5 ; Cl 2:12 ; 3:12) Três fases da santificação A santificação é um processo, cujo ponto de partida é a justificação e o seu final é a glorificação futura, que se dará na eternidade. Sendo assim, podemos observar que a mesma passa por três fases: Santificação Posicional Concedida ao cristão quando este é justificado por Deus (Rm 8.1) Santificação Progressiva É a manutenção em santidade da nova vida que o cristão recebe na regeneração (2 Co 3.18; Fp 3.13,14; Hb 5.12-14; 1 Pe 1.2,22;2.1-3) Santificação Final Se dará quando o cristão for glorificado, mediante a ressurreição ou arrebatamento. Apenas seremos totalmente santos na Eternidade (Fp 3.21; Hb 12.23; Ap 14.5; 21.27). Efeitos da santificação Assim como a justificação, a santificação deve afetar todo o ser humano: corpo, alma e espírito (1 Ts 5.23). Veja o efeito da santificação sobre:

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• • • • •

O entendimento (Jr 31:34 ; Jo 6:45) A vontade (Ez 36:25-27 ; Fp 2:13) As paixões ( Gl 5:24) A consciência (Tt 1:15 ; Hb 9:14) O corpo (Rm 6:12 ; 1 Co 6.15,20)

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11.0 DOUTRINA DA IGREJA (ECLESIOLOGIA) Eclesiologia Do grego: “Ekklesia”, chamados para fora; “logia”, estudo. É a doutrina teológica onde estudamos a Igreja, sua origem, estrutura, ordenanças e função. Analisaremos a igreja como uma organização humana e também como o corpo de Cristo. O que é Igreja? A palavra “igreja” é tradução do vocábulo grego “ekklesia”, que deriva de “ek”, “para fora”, e de “kaleo”, “chamar”. A tradução literal seria “chamados para fora”. O termo era usado antigamente para indicar qualquer assembléia de cidadãos, uma reunião oficial ou um ajuntamento. Nos tempos do Novo Testamento, os judeus preferiam usar o termo “sinagoga” para designar tanto o edifício em si quanto a congregação que nele se reuniam. Para diferenciar-se do judaísmo, os cristãos primitivos, e até mesmo Jesus, passaram a utilizar o tempo “ekkelsia” para referir-se ao ajuntamento de cristãos. Igreja, portanto, designa tanto o local de adoração (edifício, templo, etc), quanto aos cristãos que nele adoram, bem como os fiéis de todas as épocas e lugares. Segundo

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Willian W. Menzies, a igreja é “a família espiritual de Deus, uma comunidade criada pelo Espírito Santo, baseada na obra expiatória de Cristo”. A fundação da Igreja Profeticamente A Igreja sempre esteve nos planos de Deus. Embora a era da igreja seja chamada pelo apóstolo Paulo de “a dispensação oculta em Deus” (Ef 3.8,9; Rm 16.25,26), denotando o fato que nenhum profeta tomou o conhecimento da existência de uma comunidade de gentios co-participantes das promessas e bênçãos prometidas a Israel, ela já estava planejada em Cristo, uma vez que Jesus é o “cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 5.6; 13.8). Historicamente O nascimento real da Igreja deu-se no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu, cumprindo a promessa de Cristo, sobre a comunidade local de 120 cristãos em Jerusalém, capacitando-os a propagar com poder e unção o Evangelho do Reino por toda a terra. Em um único dia, pelo poder do Espírito Santo, mais de 3.000 almas foram agregadas à igreja (At 2.41). Símbolos da Igreja Templo O templo era o lugar onde Deus se manifestava aos judeus (Êx 25.8; 1 Rs 8.27), onde os sacerdotes ofereciam

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sacrifícios e adoração a Jeová. Hoje a igreja é portadora da glória divina, o lugar onde Deus habita. Os cristãos, como sacerdotes, intercedem e oferecem sacrifícios de adoração e louvor a Deus (1 Pe 2.5,6; Ef.2:21,22; 1Co.3:16,17). Corpo de Cristo A igreja é manifestação física e visível de Cristo no mundo, chamada para continuar o sua missão de chamar os pecadores ao arrependimento (Lc 5.32), proclamar a vontade de Deus (Lc 4.18,19), curar enfermos, expulsar demônios, fazer o bem (At 10.38) e ser como Ele era (1 Jo 2.6). Cristo é a cabeça desse corpo, e dos Céus coordena a igreja aqui na terra (1 Co 12.27; Ef 1.22,23; Cl 1.18; Rm 12.4-8; 1 Co 6.15; 10.16,17; 12.12-27; Ef 5.15,16) Noiva de Cristo Enfatiza a união, devoção e fidelidade da igreja com Cristo, bem como o cuidado e amor de Cristo para com os santos. A figura da noiva denota o anseio da igreja em encontrar-se com seu noivo (2 Co 11.2; Ef 5.2527; Ap 19.7; 21.2; 22.17). A igreja, tal como a noiva, deve manter-se pura para encontrar-se com o noivo, e esperar um relacionamento mais íntimo com Cristo quando ele voltar à terra (Ef 5.25-32) A função (obras) da Igreja Deus escolheu a igreja para ser sua agência e cumprir seus propósitos neste mundo. Devido a isto, a igreja tem algumas funções que veremos a seguir.

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Evangelizar o mundo Esta é a função principal da Igreja, proclamar a salvação pela fé em Jesus Cristo (Rm 10.9-11). Neste ponto não devemos falhar, pois Cristo nos ordenou veemente a ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura (Mt 28.19,20), reconciliando a humanidade com Deus (2 Co 5.18). Adorar e ministrar a Deus A mais elevada finalidade do homem consiste em glorificar a Deus e desfrutar dEle para sempre. A igreja foi constituída, como diz Paulo á igreja de Éfeso, para “louvor de sua [de Deus] glória” (Ef 1.12,14). Edificar um corpo de santos Nutrir, fortalecer, proporcionar crescimento e amadurecimento espiritual aos santos, a fim de que se tornem gradativamente mais semelhantes à imagem de Cristo. Deus deseja que sua igreja cresça na graça (Ef 4.11-16; 1 Co 12.28; 14.12). O apóstolo Paulo enfatiza repetidamente o anelo de Deus pela maturidade espiritual da igreja (Cl 1.28,29) Ser Sal da terra e luz do mundo A igreja deve manter-se fiel a Cristo e a sua palavra para que venha sempre a desempenhar sua nobre tarefa de ser o sal da terra e a luz do mundo. A operação do erro e da iniqüidade, o espírito do Anticristo, já opera neste mundo. Satanás ainda não tomou o controle total das nações devido a presença da Igreja nesta terra. Mas

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chegará o dia em que o sal será tirado, que a luz será apagada (2 Ts 2.6-12). Neste momento o mundo conhecerá o que a Bíblia chama de “A Grande Tribulação” (Mt 24.21). Que venhamos a ser Igreja enquanto é tempo, para a glória de Deus, e salvação de muitos (Mt 5.13-16). As Ordenanças da Igreja O Batismo nas Águas O batismo por imersão é ordenado nas Escrituras. Todos quantos se arrependem e crêem em Cristo como Salvador e Senhor devem ser batizados. Assim fazendo, estarão declarando ao mundo que morreram em Cristo e foram ressuscitados com Ele para andar em novidade de vida (Mt 28.19; Mc 16.16; At 10.47,48; Rm 6.4). O batismo em águas simboliza o começo da vida espiritual. Trata-se de uma declaração pública de nossa identificação com Jesus, em sua morte e ressurreição, que tornou possível a nova vida que temos nele (Rm 6.1-4) Características do Batismo Seu modo A palavra “batismo” deriva do vocábulo grego “baptisma”, que significa “imersão”, “submersão”. Ou seja, o batismo deve ser feito com o corpo mergulhado nas águas, salvo a exceção de pessoas doentes e impossibilitadas de assim ser feito. O ritual do batismo já estava presente no Antigo Testamento. Quando um gentio convertia-se ao judaísmo (prosélito) o mesmo passava por

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um ritual onde ficava em pé, com a água até a altura do pescoço, e enquanto lia-se a lei ele submergia na água declarando que fora purificado do paganismo e agora está limpo para seguir a Jeová. Pedobatismo (batismo de crianças) Em nenhum lugar da Bíblia é ensinado o batismo de crianças. Jesus declarou “ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura, quem crer e for batizado será salvo” (Mt 16.15,16). O batismo é antecedido por arrependimento e fé, é uma declaração pública de que o pecador se entrega a Cristo como Senhor e Salvador. Crianças não tem pecado e nem a capacidade de exercer a fé em Cristo, deste modo o batismo torna-se desnecessário até que elas venham a atingir uma idade onde possam compreender o plano de Salvação e tomar uma decisão. Porém, todas as crianças podem ir a Cristo (Mt 19.13-15), e ser apresentadas a Deus, consagradas, semelhantemente como fora feito com Cristo (Lc 2.21-24). Aptos ao batismo Todo aquele que reconhece seus pecados, se arrepende e confessa a Jesus Cristo como único e suficiente salvador, almejando uma vida de dedicação a Ele está apto para o batismo (Rm 10.9-11; At 8.37; 22.16; 1 Pe 3.21) Eficácia do batismo O batismo em si mesmo não tem o poder de salvar. Pois somente se batizam aqueles que já aceitaram a Cristo e foram salvos por Ele. O batismo é extremamente

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necessário por que nossa fé deve ser acompanhada de confissão (Rm 10.9-11) e através dele declaramos ao mundo a nossa fé em Jesus, dizendo que nEle morremos e agora ressurgimos para uma nova vida. Tiago diz que a fé sem obras é morta (Tg 2.26), e o batismo é a primeira obra, o grande passo, que realizamos publicamente em direção a Cristo. Podemos afirmar que o dito cristão que não deseja se batizar ainda não converteu-se verdadeiramente, pois possui uma fé destituída de obras, uma fé “não salvívica”. Significado do batismo Salvação A submersão do cristão nas águas retrata a sua morte para o mundo, sua identificação com a morte de Cristo. E seu levantamento simboliza sua ressurreição para uma nova vida, à semelhança da ressurreição de Cristo. Experiência O fato do cristão realizar este processo demonstra sua identificação espiritual com Jesus Cristo. O cristão passa pela experiência que Cristo passou e que nos deixou como exemplo a ser seguido (morte para o mundo, vida para Ele). Regeneração O batismo simboliza uma “lavagem” ou “banho renovador e restaurador” (Tt 3.5). Deixamos nossa velha natureza, nossos pecados e inclinações carnais, na

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profundeza das águas, e somos regenerados para uma nova experiência com Deus. Testemunho O batismo é o primeiro grande testemunho público que o novo convertido dá ao mundo de que aceitou a Cristo em sua vida. No batismo o cristão é “revestido de Cristo”, de modo que a partir de então o mundo passa a ver Cristo e sua obra na vida do novo cristão. A Santa Ceia Ocasião solene, em que lembramos o ponto máximo da obra de Cristo em nosso favor. A Ceia do Senhor, que consiste no pão e vinho como elementos, é símbolo que exprime nossa participação na natureza divina de Nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 1.4) e profetiza sua segunda vinda (1 Co 11.26); e isso foi ordenado a todos os crentes “até que Ele venha” (1Co 11.23-34). A Santa Ceia não é uma repetição do sacrifício de Cristo como algumas denominações ensinam, ela é simplesmente um memorial, um ritual estipulado para nos fazer lembrar da obra de Cristo realizada por nós na Cruz, uma vez que o sacrifício de Cristo é único e suficiente (Hb 10.14) Características da Santa Ceia A Ceia do Senhor, instituída por Jesus Cristo na ocasião da sua última refeição de Páscoa, na companhia dos discípulos, possui três características importantes. Ela

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é comemorativa, instrutiva e inspiradora. Vejamos cada uma delas. Comemorativa Jesus disse: “fazei isto em memória de mim” (L 22.19). Na Ceia comemoramos a morte de Cristo na Cruz efetuada por nós, pois esta foi a sua grande missão e que fora concluída com êxito (“está consumada”). Devido a sua morte, hoje podemos nos achegar com ousadia diante de Deus. Nunca devemos nos esquecer do que Cristo realizou por nós. Instrutiva A Ceia do Senhor nos dá uma lição clara sobre a encarnação do verbo de Deus (Jo 1.14), seu sacrifício e sua eficácia em nos transmitir a vida eterna. Cristo é o pão que desceu do Céu e que dá vida ao mundo (Jo 6.33), e o seu sangue nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.17) Inspiradora Porque nos lembra que, por meio da fé, podemos alcançar os benefícios de sua morte e ressurreição. Participando da Ceia de forma regular, estaremos nos identificando repetidamente com Jesus em sua morte, lembrando que Ele morreu e ressuscitou para que pudéssemos ter vitória sobre o pecado e evitar toda espécie de mal (1 Ts 5.22)

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A eficácia da Santa Ceia Comunhão A santa ceia nos possibilita a comunhão com o Pai e o Filho (1 Jo 1.3) e com os crentes que compartilham da fé juntamente conosco (Tg 1.4; Jd 3) Proclama a Nova Aliança A santa ceia é o selo da nova aliança firmada no sangue de Cristo (1 Co 11.25). Ao participarmos da Ceia do Senhor, declaramos nosso propósito de fazer de Jesus o nosso Senhor, de fazer a sua vontade, de tomar a nossa cruz diariamente e de cumprir a Grande Comissão. Anuncia a Segunda Vinda de Cristo A Ceia também olha para o futuro Reino de Deus, onde Jesus prometeu beber de novo do fruto da videira (Mc 14.25). Provavelmente esta passagem refere-se às “Bodas do Cordeiro”, a festa de casamento ente Cristo e sua Noiva (a igreja) que se dará no Céu após o Arrebatamento da Igreja (Mt 8.11; 21.1-14; Lc 13.29; Ap 19.7) Participar da Ceia Indignamente O apóstolo Paulo faz uma severa advertência aos coríntios referente ao participar da Ceia indignamente (1 Co 11.27-34). Participamos indignamente da Ceia do Senhor quando não damos o real valor a esta ordenança e a tratamos como apenas um ritual dentro da igreja. Participamos indignamente da Ceia do Senhor quando estamos em pecado consciente e não nos importamos

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tanto com isso, ao ponto de comer a carne e beber o sangue de Cristo estando sujos pelas nossas iniqüidades. Diante da advertência do apostolo, devemos sempre nos observar antes de participar do corpo e sangue de Cristo, analisar nossa vida espiritual e reconhecer nossos erros e pecados, para que venhamos a nos purificar, pedindo perdão a Deus, antes de participarmos da Ceia. Observe algo muito importante: Paulo diz “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice.” (1 Co 11.28). O apóstolo não diz para o que está em pecado que venha a não participar da Ceia, pelo contrário, ele declara “examine-se” e depois declara “e assim coma do pão e beba do cálice”. Tenho visto na igreja muitos cristãos deixando de participar da Ceia do Senhor quando estão passando por momentos de dificuldade espiritual, quando estão em pecado ou se levantando de uma “queda espiritual”. Porém queiro deixar claro aqui o seguinte: não participar da Ceia pode ser ainda pior. Como vimos no decorrer desta lição, participar do corpo de Cristo é reconhecer o seu sacrifício realizado por nós e sua eficácia em nos conceder perdão e vida eterna. Quando o cristão deixa de participar, é como se ele estivesse dizendo que se recusa a se arrepender, que se recusa a crer na eficácia do sacrifício de Cristo para a sua remissão, que rejeita a Nova Aliança, e que se nega a render Graças a Deus. Como agir então? Simples: arrependa-se, confesse seu erro a Ele e aceite o perdão concedido por Cristo, “Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1.7,9). A seguir, com fé na obra redentora de Cristo,

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coma do pรฃo e beba do cรกlice dignamente, dando Graรงas e louvores a Deus.

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12.0 DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS (ESCATOLOGIA) Escatologia Escatologia é a doutrina teológica onde são estudados os eventos que estão por ocorrer sobre o mundo, segundo a interpretação das profecias bíblicas. O termo “Escatologia” deriva de duas palavras gregas: “Escathos”, que significa “últimas coisas”, e “Logia”, que significa “estudo, tratado”. Logo, “Escatologia” é “O estudo das Últimas Coisas”. A promessa da Segunda Vinda Jesus, antes de subir ao Céu, nos fez uma promessa: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” (Jo 14.2,3). A Segunda Vinda de Cristo está claramente profetizada na Bíblia, de modo que não temos dúvidas de que a mesma ocorrerá em breve. Apenas no Novo Testamento a Segunda Vinda de Cristo é citada 318 vezes. A Segunda Vinda de Cristo é anunciada por: Jesus Cristo (Jo 14.2,3), profetas do Antigo Testamento (Is

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40.10,11; Zc 12.10,14.4,5), João Batista (Mt 3.1-12), anjos (At 1.11), Paulo (2 Ts 2.1-12), Pedro (2 Pe 3.1-18), João (1 Jo 2.18,28), dentre outros. A Segunda Vinda em duas fases A Segunda Vinda de Cristo ocorrerá e duas fases. A Primeira Fase é conhecida como “Arrebatamento da Igreja”, a Segunda Fase é chamada de “A Manifestação de Cristo”. A Manifestação de Cristo ocorrerá, aproximadamente, sete anos após o Arrebatamento da Igreja, depois da Grande Tribulação. Na Primeira Fase da Segunda Vinda, Cristo virá PARA a Igreja, de forma invisível ao mundo. Nesta ocasião os mortos ressuscitarão, os vivos serão transformados, e ambos serão arrebatados para junto de Cristo, nas nuvens (1 Ts 4.16,17). Após os Sete Anos de Tribulação, Cristo retorna à terra sobre o Monte das Oliveiras (em Jerusalém), juntamente com a Igreja que fora Arrebatada, de forma visível ao mundo para terminar com a Guerra do Armagedom, salvar Israel e implantar seu reino de 1.000 anos de Paz (Ap 19.11-14) O Arrebatamento da Igreja Esta fase se dará quando Cristo vier como “Estrela da Manhã” para arrebatar a sua Igreja, antes da Grande Tribulação (que veremos em mais detalhes no capítulo 4.0), sendo que nesta ocasião somente os salvos é que verão a Jesus e serão, consecutivamente, por ele arrebatados (1 Ts 4.16,17).

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O Arrebatamento da Igreja (a “retirada do que o detém” em 2 Ts 2.1-12) desencadeará todas as profecias do Apocalipse, e de outros livros proféticos, referentes aos tempos finais. Devemos observar três fatos importantes que ocorrerão na ocasião do arrebatamento: 1. Os mortos ressuscitarão primeiro 2. A seguir, os vivos serão transformados 3. E, por fim, ambos serão arrebatados Ver também: 1 Tessalonicenses 4.13-17

Coríntios

15.51,52;

1

O Tribunal de Cristo Será o julgamento de todos os crentes que forem arrebatados para receberem as recompensas segundo as suas obras. Este julgamento não será para a condenação de ninguém, pois os que forem arrebatados não poderão mais serem condenados. Neste juízo: Cristo será o Juiz (Jo 5.22,23). Serão julgados nossas ações, tanto o que fizemos para a obra de Deus quanto o que deixamos de fazer (2 Co 5.10). As obras de cada um serão manifestas (1 Co 3.13), provadas como que pelo fogo (1 Co 3.13) e classificadas em obras de ouro, prata, pedras preciosas, feno, palha e madeira (1 Co 3.12-15). O juízo determinará a qualidade das obras de cada um (2 Co 5.10). As obras de ouro, prata e pedras preciosas permanecerão e serão recompensados os que a praticaram (1 Co 3.14), as

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obras de feno, palha e madeira se queimarão, por estas obras ninguém será recompensado (1 Co 3.15). A Grande Tribulação Após o Arrebatamento da Igreja terá início na Terra o que chamamos de A Grande Tribulação. Período no qual ocorrerão todos os eventos descritos no Apocalipse, desde o capitulo seis até o capitulo vinte e dois (Mt 24.21). Segundo a profecia de Daniel 9.27, vemos que a Grande Tribulação começará quando o Anticristo firmar um concerto, uma aliança, com os judeus por sete anos (uma semana profética), depois do Arrebatamento da Igreja; porém, após 3,5 anos (três anos e meio), o concerto será quebrado e Israel perseguido pelo império da Besta (do Anticristo). O Armagedom O Armagedom será a ultima guerra mundial que se dará ao findar a Grande Tribulação (Ap 16.16). Armagedom é o nome dado a um vale que se encontra ao norte de Jerusalém e significa literalmente “Vale do Megido” ou “Monte do Megido”. Algumas referências do Antigo Testamento o chamam de “Vale de Josafá”, que traduzido é “onde o Senhor Julga” (Joel 3.12). Na Guerra do Armagedom, todas as nações irão lutar nesta guerra. Serão contra ou a favor de Israel (Zc 12.3) e culminará com a vinda de Cristo em glória, juntamente com a Igreja arrebatada, sobre o Monte das Oliveiras (Zc 14.4) A Manifestação de Cristo

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Quando o povo judeu estiver cercado pelas nações, ao ponto de ser extinto como nação, eles clamarão a Jesus Cristo, e se arrependerão de seus pecados e de têlo rejeitado. Neste momento Cristo surge nos Céus com sua igreja glorificada, e desce sobre o Monte das Oliveiras, trazendo salvação ao povo judeu e condenação aos que o rejeitaram. Logo tem lugar o Juízo das Nações e a implantação do Reino Milenial (Zc 14.4; 2 Ts 1.7-9; Ap 1.7; 19.11-14) O Juízo das Nações Este juízo ocorrerá logo após a vinda de Cristo, depois do Armagedom (Mt 25.31,32). Aqui as nações do mundo serão julgadas segundo o tratamento que deram a Israel durante a Grande Tribulação e, principalmente, na guerra do Armagedom. A Bíblia classifica essas nações em dois grupos: Nações Bodes Representa todas as nações que lutarem contra Israel e a favor do Anticristo e da Besta no Armagedom. Estas nações serão condenadas (Mt 25.41; Ap 19.20) Nações Ovelhas Representa todas as nações que lutarem a favor de Israel e contra o império da Besta na guerra do Armagedom. Estas nações entrarão no Milênio (Mt 25.34) O Milênio O Reino Milenial, ou simplesmente Milênio, será um período de exatamente 1.000 anos onde Cristo

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implantará seu reino na terra e restaurará a natureza decadente ao seu estado de perfeição natural, como fora criada em Gênesis (Dn 7.27). Cristo reinará sobre a terra juntamente com sua igreja, e Satanás estará temporariamente aprisionado para não tentar a ninguém (Ap 20.1,3; Is 24.21). Veja algumas referencias sobre o Reino Milenial: A Política Milenial Jesus Cristo será o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Dn 7.13,14; Zc 14.9). Israel será o maior país do mundo em riqueza e em importância, desejado por todas as nações (Zc 8.13). Jerusalém será conhecida como “A Cidade da Verdade”, “Monte do Senhor dos Exércitos”, e também “Monte da Santidade” (Zc 8.3). A Igreja reinará com Cristo sobre o mundo (Ap 2.26). Será um governo Teocrático e inflexível (Ap 2.27). Não se admitira nenhum tipo de rebelião (Is 29.21). A Nova Jerusalém (ou Jerusalém Celeste) estará pairando sobre a Jerusalém Terrestre (Is 2.2; 24.23; 60.19) A Religiosidade Milenial Israel será o centro religioso mundial (Zc 14.16,17). Representantes de todas as nações deverão subir uma vez por ano a Jerusalém para lá adorarem ao Senhor (Zc 14.16,17; Sf 3.1). Em alguns aspectos ainda se observará a Lei de Moises (Sf 3.10). Haverá abundância de Salvação (Is 33.6). Não haverão murmuradores (Is 29.24). A Lei do Senhor estará escrita no coração de cada Judeu (Jr 31.33; Hb 2.14)

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A Sociedade Milenial Não haverá mais guerras (Is 2.4; Os 2.18). Nascerão muitas crianças (Zc 8.5). As cidades se encherão de pessoas e famílias. A menor família terá 1000 membros (Is 60.22). Todos possuirão casa própria (Is 65.22). Ninguém passará fome (Is 65.22). Todos serão devidamente recompensados pelo seu trabalho (Is 65.23). Haverá abundância de sabedoria e ciência (Is 33.6). A Natureza Milenial O tempo de vida humana será prolongado (Is 65.19,20). Todos os animais serão vegetarianos (Is 65.25). Não haverá animal bravo ou perigoso (Is 65.25). Os desertos serão cultivados (Is 35.1,2; 41.19). Rios e mares terão muitos peixes (Ez 47.9,10). O brilho da lua será como o brilho do sol que conhecemos hoje, e o sol brilhará sete vezes mais (Is 30.25,26). O Juízo Final O Juízo Final será o último julgamento efetuado por Cristo sobre a raça humana; ocorrerá logo após a rebelião realizada por Satanás no final do Milênio. Neste Juízo os Céus e a Terra serão destruídos (Ap 20.11,12), serão julgados todos os ímpios (Ap 20.13-15) os que morrerem no Milênio e os demônios (2 Pe 2.4; Ap 2.7-10). Todos os pecados serão revelados (Rm 2.16), haverão diferentes intensidades de castigo para os pecadores (Mt 11.22,24; Mc 12.40), os salvos, os participantes da Primeira Ressurreição, constituirão o corpo de jurados para julgarem com Cristo todos os ímpios (Lc 11.31,32; Ap 20.6), Cristo será o Juiz (At 17.31; Jo 5.22).

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Duas Mortes A Primeira Morte É a morte natural pela qual todos os homens, justos e injustos, estão destinados a passar. A Segunda Morte É a morte eterna, a condenação dos ímpios que se dará logo após o Juízo Final (Ap 20.14). É a separação definitiva do homem e Deus. A Segunda Morte não tem poder sobre os participantes da Primeira Ressurreição (Ap 20.5,6) Duas Ressurreições A Primeira Ressurreição É a ressurreição dos justos para a vida Eterna. Iniciou-se com a ressurreição de Cristo (Mt 27.53), terá o seu ápice no arrebatamento da igreja (1 Co 15) e sua última fase será a ressurreição dos mártires da Grande Tribulação (Ap 20.4). A Segunda Ressurreição: Será a ressurreição dos ímpios, de todas as eras, que se dará ao findar o Milênio (Ap 20.11-13); O Estado Intermediário dos Mortos (Lucas 16.1931) É um modo de existir entre a morte física e a ressurreição final do corpo sepultado. Desde Abel, o

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primeiro homem a provar a morte, até Jesus Cristo, todas as pessoas que morriam iam para o mundo inferior (ou, como chamam alguns, o mundo dos mortos).Tanto justos quanto injustos iam para este mesmo lugar, sendo que dentro do Hades estas duas classes de pessoas se encontravam em lugares distintos, separados por um profundo Abismo. Vejamos como era dividido o Hades até a morte de Cristo: 1º Lugar - Seio de Abraão Lugar dos justos salvos, onde estes: Estavam conscientes (Lc 16.26-31). Eram consolados (Lc 16.25). Lembravam da vida na Terra (Lc 16.29). Viam o lugar dos ímpios (Lc 16.26) 2º Lugar - Inferno Prisão Lugar dos injustos, onde estes: Estavam conscientes (Lc 16.23). Eram atormentados (Lc 16.23). Recordavam da vida na Terra (Lc 16.28). Viam o lado dos justos salvos (Lc 16.23) 3º Lugar - Abismo Tártaro (2 Pedro 2.4) Era o lugar que separava os dois lados do Hades de modo que ninguém poderia passar de um lado para o outro. O Abismo Tártaro é: Um lugar de densas trevas (2 Pe 2.4). Prisão de alguns demônios (Jd 1.6: “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas, até ao juízo daquele grande dia”). Instransponível (Lc 16.26).

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Após a morte de Cristo, no período em que seu corpo esteve sepultado, seu espírito desceu até o Hades, onde anunciou sua vitória a todos os que lá estavam (justos, ímpios e demônios aprisionados – 1 Pe 3.19: “... e pregou aos espíritos em prisão”) e deslocou, removeu, o lugar dos justos para o 3º Céu (Ef 4.8: “...levou cativo o cativeiro”; 2 Co 12.2-4). Hoje o Hades possui apenas duas regiões: o Abismo Tártaro e o Inferno Prisão. Os ímpios de hoje, ao morrerem, são conduzidos para o mesmo lugar e tratados da mesma forma. Já os salvos, os justos, são levados para o Paraíso, no 3º Céu, lugar onde desfrutam das mesmas bênçãos de antigamente e aguardam a ressurreição de seus corpos que se dará por ocasião do Arrebatamento da Igreja. A Eternidade Após o Juízo final os salvos entrarão no chamado Eterno e Perfeito Estado, onde Cristo entregará seu poder e autoridade ao Pai (Ap 21.1 ; 1 Co 15.28) Nesta fase, que se entenderá por toda a eternidade, serão criados novo Céu e nova Terra (Ap 21). Jerusalém Celestial (A Nova Jerusalém) pousa na terra e abre suas portas (Ap 21.2,25). As nações andarão à Luz da Nova Jerusalém (Ap 20.24). Os reis da terra trarão pra a Nova Jerusalém suas glórias (Ap 20.24,25). Não haverá mais tristeza e dor (Ap 21.4). Os salvos reinarão com Cristo para sempre (Ap 22.5). Veremos o Senhor face a face (Ap 22.4) Propósitos da Eternidade: Sujeitar todas as coisas a Deus (1 Co 15.24-28). Tornar a Terra uma “habitação de Deus” (Ap 21.3). Acabar com o reinado do

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pecado, da morte e o inferno, que se iniciou no Éden (Ap 21.4). Tornar Deus “um” com o seu povo (1 Co 15.28). Nota: para saber mais sobre esta matéria leia o primeiro livre desta série: “Escatologia Bíblica – Série Fundamentos, Volume 1”.

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BIBLIOGRAFIA

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Antônio Gilberto - A Bíblia Através dos Séculos – CPAD, 2004 Willian W. Menzies, Stanley Horton – Doutrinas Bíblicas – CPAD, 1996 Esequias Soares – Lições Bíblicas – CPAD, 1º Trimestre de 2008 Darlan Lima, Alexandre Arcanjo – Teologia Sistemática – DSF, 2003 Hamartiologia – ETB, 2000 Doutrina de Satanás – ETB, 2000 Wanderley Sales – A Operação do Espírito Santo Ivan S. Vargas – Escatologia - o Estudo das Últimas Coisas, 2010



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