Ano II - Nº 2 - Julho/2014
OBESIDADE
Quando recorrer à cirurgia? Pág . 14
Doenças Cardiovasculares As mulheres, a partir da menopausa, correm mais riscos Pág. 20
VALOR SUGERIDO
R$ 10,00 67399400
Aqui tem Fármácia Popular - Programa do Governo oferece medicamento a preço justo Pág. 03
O que é e como funciona o programa “Aqui tem Farmácia Popular” Renata da Rosa- Farmacêutica
O programa “Aqui tem Farmácia Popular” é uma iniciativa do Governo Federal que surgiu com o objetivo de levar o benefício da aquisição de medicamentos e insumos essenciais a baixo custo ou gratuitamente à população, aproveitando a dinâmica da cadeia farmacêutica (produção – distribuição – varejo) por meio de uma parceria do Governo Federal com o setor privado varejista farmacêutico, o que garante que a população tenha acesso a mediamentos de que necessita de maneira acessível para que não precise interromper tratamentos de saúde por falta de recursos. A farmácia ou drogaria credenciada ao Programa deve ter a identificação com a seguinte mensagem: “Aqui tem Farmácia Popular” que pode estar em um selo, cartaz ou adesivo fixado dentro ou em frente à Farmácia, indicando que naquele estabelecimento o cidadão pode ter acesso a medicamentos com até 90% de desconto e gratuitos que o programa Farmácia Popular oferece. O programa “Aqui tem Farmácia Popular” disponibiliza a população medicamentos para hipertensão, dia-
betes, dislipidemia, asma, rinite, glaucoma, doença de Parkinson, osteoporose, além de anticoncepcionais e fraldas geriátricas. Medicamentos para hipertensão, diabetes e asma são gratuitos. Os demais são disponibilizados com até 90% de desconto. Para ter acesso ao medicamento, o cidadão precisa comparecer ao estabelecimento credenciado, portando CPF próprio, receita médica e documento com foto. No caso de menores de idade, pode ser aceito o CPF dos pais, até que se providencie um próprio. É importante ressaltar que existe um limite por CPF para aquisição de medicamentos. A receita deve ser prescrita por um profissional médico, que vale tanto para médico do SUS quanto para médico particular. A receita deve conter os dados legíveis do médico (nome, CRM e assinatura), endereço do consultório, data de emissão e endereço residencial do paciente. A validade das receitas é de um ano para anticoncepcionais e 120 dias para demais medicamentos e fraldas geriátricas. No site www.saude.gov.br/aquitemfarmaciapopular é possível encontrar a lista de medicamentos e fraldas disponibilizados pelo programa Aqui tem Farmácia Popular. Além de melhorar a qualidade de vida da população, o programa também resulta em economia, por isso, é muito importante divulgar e compartilhar esta informação.
Renata da Rosa
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EDITORIAL Obesidade, uma epidemia mundial que marcou o início do século XXI, atingindo homens e mulheres de todas as idades. Até mesmo as crianças foram atingidas por este mal. O que antes, para nossas avós, era sinônimo de saúde, tornou-se sinal de perigo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que mais de 115 milhões de brasileiros sofram com problemas relacionados ao excesso de peso. Além do peso, muitas doenças graves estão relacionadas à obesidade, colocando em risco a vida das pessoas. As mais comuns são a Diabetes Mellitus tipo II, a hipertensão arterial, a artrose, problemas psicossociais e a depressão. Devido à importância do tema e pela repercussão das matérias veiculadas na edição anterior, a revista Corpo & Saúde buscou mais informações sobre o assunto com o cirurgião do aparelho digestivo Felipe Camargo Ribeiro, cirurgião plástico Carlos Consalter e com a nutricionista Christiane Arcari. Complementando as matérias do número anterior, neste abordamos a importância da cirurgia bariátrica, que muitas vezes é o último recurso para retornar a uma vida saudá-
vel; da abdominoplastia, que corrige os excessos de gordura e flacidez do abdômen; e do equilíbrio na alimentação. Ainda nesta edição, a ginecologista Rita Pezzali alerta sobre as causas e consequências das doenças cardiovasculares na mulher; a dermatologista Luciana Gauer explica a utilização da toxina botulínica, o botox, para suavizar linhas de expressão na face; a cirurgiã dentista Manoela De Gregori esclarece os mitos sobre o clareamento dental; e o fisioterapeuta Ricardo Matiello orienta sobre os cuidados com os joelhos. Outro tema de interesse geral é o Programa “Aqui tem Farmácia Popular” que oferece uma vasta lista de medicamentos com preços acessíveis, como explica a farmacêutica Renata da Rosa. E claro, as perguntas das nossas leitoras respondidas pela ginecologista Iara De Bortoli, na coluna Papo de Mulher. Desejamos a todos uma boa leitura. Corpo & Saúde
EXPEDIENTE REVISTA CORPO & SAÚDE VSD MARKETING E COMUNICAÇÃO CNPJ 15.401.901/0001-62 - Inscrição Estadual: Isenta Rua Barão do Rio Branco, 735 - c 14 Bairro Matinho - Xanxerê-SC Telefone (49) 3433-4596
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As dúvidas da coluna Papo de Mulher desta edição são referentes a um dos períodos mais importantes da vida da mulher: a gestação. A ginecologista Iara De Bortoli responde a duas perguntas que as futuras mamães geralmente costumam fazer quando chegam ao consultório médico. “Porque as gestantes devem ser vacinadas?” e “Porque há uma tendência a manchas na pele na gestação?”. Confira as respostas e lembre! Caso tenha algum questionamento envie e-mail para papo_de_mulher@yahoo.com.br. Sua pergunta será respondida e sua identidade preservada. Leitora: Porque as gestantes devem ser vacinadas? Dra. Iara- Assim como a gestante pode transmitir doenças ao feto, ela também pode lhe fornecer imunizações. Por isso, mulheres grávidas devem ficar atentas às orientações de vacinação. Há vacinas que
devem ser tomadas durante e depois da gravidez - e outras que precisam ser evitadas. Ocorre passagem dos anticorpos que a mãe produziu ao receber a vacina para o bebê através da placenta. A vacinação de gestantes poderá contribuir tanto para a diminuição da transmissão da doença para o lactente precoce, como poderá oferecer proteção vacinal indireta nos primeiros meses de vida, quando a criança ainda não teve a oportunidade de completar o esquema vacinal. Mas a gestante também deve ter cuidado: nem toda vacina é recomendada nesse período. Por segurança, as vacinas recomendadas para mulheres grávidas são aquelas de compostos chamados inativados, nos quais os micro-organismos não estão vivos. Assim, não há risco de transmissão do vírus à criança. Leitora: Porque há uma tendência a manchas na pele na gestação? Dra. Iara- As alterações na pele das gestantes dependem de fatores hormonais e mecânicos. Cerca de metade das gravidas apresentam estrias no abdômen principalmente no último trimestre da gestação e também nas mamas pela distensão e rompimento das fibras elásticas da pele. Devido às alterações hormonais há um aumento da pigmentação na linha alta do abdômen inferior que passa a se chamar linha nigra, que é uma linha longitudinal na metade do abdômen do umbigo a pube aumentando a pigmentação da vulva, aréolas mamarias e face que chamamos de cloasma ou melasma gravídico. Estas alterações se dão pela impregnação de melanina nestes locais do corpo, em decorrência da gestação.
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Botox para suavizar linhas de expressão na face Na dermatologia, esse é um dos procedimentos que apresenta os melhores resultados com pouco ou nenhum risco quando indicado corretamente
Luciana Gauer - Dermatologista
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O Botox, ou toxina botulínica tipo A, é um complexo protéico purificado de origem biológica, obtido a partir da bactéria Clostridium botulinum, a mesma bactéria causadora do Botulismo, porém a toxina botulínica industrializada é purificada e utilizada em doses que não causam riscos ou problemas à saúde. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária-Anvisa em 1992, seu uso estético é indicado principalmente para suavizar linhas de expressão na face. Botox é a marca americana de toxina botulínica e foi a primeira a ser liberada para uso estético, por isso é a mais conhecida, porém existem outros como Dysport, Prosigne e Xeomin. As linhas de expressão são rugas causadas principalmente pela contração natural repetitiva dos músculos da face, além de outros fatores como excesso de exposição solar, tabagismo ou má alimentação. O uso da toxina botulínica na
dermatologia é um dos procedimentos que apresenta os melhores resultados com pouco ou nenhum risco quando indicado corretamente, respeitando às necessidades individuais de cada paciente, procurando suavizar as expressões e não paralisá-las. Toxina botulínica também é opção de tratamento para hiperidrose, enxaqueca, bruxismo, estrabismo entre outros. Quando aplicado em pequenas doses ela bloqueia e diminui temporariamente a contração muscular. Não há nenhum tratamento comparável para diminuir as marcas de expressão, sua aplicação traz resultados mais visíveis, rápidos e eficazes que uso de cosméticos. Outros métodos são importantes, estimulando renovação celular e produção de colágeno, mas complementam a ação da toxina botulínica e vice-versa. Além disso, por paralisar linhas dinâmicas tem capacidade de retardar o aparecimento de novas marcas com o passar do tempo e evitar a piora das já instaladas, prevenindo que esses sinais de expressão tornem-se rugas estáticas.
A toxina botulínica é injetada diretamente na musculatura a ser tratada. Podem ser utilizados anestésicos tópicos antes do procedimento para minimizar a sensibilidade da aplicação. O procedimento não deixa cicatrizes. O efeito do tratamento começa a ser percebido após dois a cinco dias, com efeito máximo em duas semanas, a partir daí permanecerão quatro a seis meses, dependendo de cada caso. Deve ser seguido um intervalo mínimo de três meses entre cada aplicação, considerando a mesma região tratada. As regiões mais beneficiadas são glabela (região entre as sobrancelhas), testa e linhas perioculares (pés de galinha), mas outras regiões também podem ser tratadas. Doses excessivas podem causar certa perda de expressão, reversível com o tempo. Porém a aplica-
ção por dermatologistas e cirurgiões plásticos familiarizados com a técnica diminui esse risco e o uso frequente dessa substância não provoca perda de expressão. Atualmente os pacientes buscam tratamentos mais simples, práticos e não invasivos e a aplicação de toxina botulínica surge como ótima proposta, já que é rápida e não afasta o paciente de suas atividades diárias. As mulheres representam o público que mais procura o procedimento, mas o interesse dos homens pelo procedimento apresenta crescimento importante. Entre as contra indicações estão: alergias aos componentes da fórmula, mulheres grávidas ou em amamentação, portadores de doenças neuromusculares, imunológicas, coagulopatias ou em uso de medicamentos como aminoglico-
sídeos. Em resumo, toxina botulínica é um tratamento de reconhecida segurança e eficácia para linhas dinâmicas da face com resultados altamente gratificantes, com potencial de agir como preventivo para sua formação ou amenizar marcas de expressão já instaladas.
Luciana Gauer
Clareamento dental
mitos e verdades Manuela De Gregori - Cirurgiã Dentista*
Atualmente, a busca incessante pela estética vem atraindo inúmeras pessoas aos consultórios odontológicos, pois a necessidade de possuir um sorriso com dentes brancos e harmônicos tem se tornado cada vez mais difundida, e com isso vem gerando polêmica. As indústrias estão investindo milhões em propagandas de cremes dentais e enxaguatórios que, segundo eles, prometem clarear os dentes apenas com escovação. Mas a última novidade comercializada em prateleiras de supermercados e farmácias são as “milagrosas” fitas clareadoras que afirmam branquear os dentes de maneira menos onerosa e dispensando o acompanhamento de um profissional. Sabemos muito bem que este não é o método mais aconselhável para obter o tão sonhado sorriso perfeito. • Julho 2014 • 08
Porque os dentes ficam amarelos? A dentina é uma camada recoberta pelo esmalte na sua porção coronária e pelo cemento na porção radicular, responsável por conferir a cor amarelada aos nossos dentes, pois ela é composta de um tecido especializado, mineralizado, avascular, que
constitui o corpo do dente, suportando e compensando a fragilidade do esmalte. Com o passar da idade ocorre um amarelamento natural da superfície dentária, devido à perda da translucidez do esmalte, transparecendo a cor amarela da dentina. Esse amarelamento pode ser potencializado por diversos fatores, tais como: alimentos ricos em corantes (café,
refrigerantes, beterraba), fumo, traumas, ingestão de determinados medicamentos durante a formação do elemento dental (tetraciclina) e fatores de ordem genética. Somente um cirurgião dentista, após uma avaliação minuciosa, poderá indicar corretamente qual o melhor tipo de clareamento dentário que poderá ser empregado para proporcionar uma melhora da estética e, consequentemente, da autoestima do seu paciente.
mento é o peróxido de carbamida, encontrado nas concentrações de 10, 16 e 22%. Este tipo de clareamento também promove resultados satisfatórios, porém em um maior espaço de tempo e o custo é menor quando comparado ao cla-
aos agentes clareadores. As soluções de peróxidos fluem livremente através do esmalte e dentina, devido ao baixo peso molecular da molécula de peróxido. Estruturas dentais (esmalte e dentina) são permeáveis a eles, portanto
reamento a laser. A sensibilidade também pode estar presente no clareamento caseiro, por isso enfatizamos a importância de uma visita semanal ao seu dentista durante o tratamento. O clareamento dental só é possível graças à permeabilidade do dente
o agente clareador se difunde livremente por essas estruturas. Ocorre então uma oxidação dos pigmentos presentes nessas estruturas. O pigmento, que é uma macromolécula, vai sendo transformado em cadeias moleculares cada vez menores que acabam, no
Técnicas de clareamento
Existem dois tipos de clareamento indicados para dentes vitais (que não sofreram tratamento de canal): clareamento a laser (realizado em consultório) e clareamento caseiro (através de moldeiras individualizadas e conduzido pelo próprio paciente, porém com acompanhamento semanal pelo dentista). O clareamento a laser é indicado para pessoas que desejam obter dentes brancos de forma rápida e sem uso de moldeiras, ou para quem possui dentes muito escurecidos. É utilizado um gel clareador com peróxido de hidrogênio a 35%. Como desvantagens citamos o alto custo e sensibilidade imediata à estrutura do elemento dental, devido à alta concentração do gel. O clareamento caseiro é um método seguro e eficaz, quando há a supervisão de um profissional. O gel aplicado para este procedi-
final do processo, sendo eliminados ou parcialmente eliminados da estrutura dental por difusão. O efeito clareador ocorre pela degradação de uma molécula orgânica complexa de alto peso molecular. O resultado dessa degradação produz moléculas menos complexas, de peso molecular reduzido,
gerando a diminuição ou eliminação do pigmento. O grau do clareamento depende também da matiz do dente, ou seja, existem tonalidades, por exemplo, as mais acinzentadas ou amarronzadas, que não são tão sensíveis ao clareamento, portanto não respondem tão
Alguns esclarecimentos a respeito do Clareamento Dental 1. Qualquer pessoa pode ter os dentes clareados, desde que estejam íntegros (sem restaurações que afetem a área estética); 2. O clareamento pode ser feito a partir de 10 anos, sem riscos para a saúde; 3. Os dentes não enfraquecem após serem submetidos às técnicas de Clareamento Dental;
4. Os produtos utilizados são aprovados pelos órgãos vigilantes de saúde do país;
5. Não é recomendável fazer o Clareamento Dental sem orientação profissional; 6. É importante saber que restaurações e próteses não sofrem ação dos clareadores,
portanto é possível que após o tratamento, haja a necessidade de trocar algumas restaurações estéticas ou próteses, pois ficarão mais escuras do que os dentes;
7. O tratamento dura de sete a dez dias, podendo variar dependendo do grau de escurecimento e de quanto se deseja clarear; 8. Os dentes podem voltar a escurecer novamente, porém nunca como eram antes. É possível que depois de um a dois anos, seja necessária uma manutenção, que é feita em dois ou três noites de uso; 9. Não existem contraindicações, porém, por precaução, é aconselhável evitar o tratamento em gestantes e lactantes.
fortemente aos clareadores. Nesses casos, se o cliente quiser dentes mais brancos, terá que lançar mão de facetas laminadas colocadas na face vestibular dos dentes, para mascarar a cor. O resultado final é subjetivo. Cada paciente responde de forma diferente ao tratamento. Não é possível prever ou afirmar quantos tons o dente vai clarear, contudo sabe-se que o gel não é abrasivo e nem enfraquece os dentes. O efeito do tratamento dura de dois a três anos. Há relatos na literatura, que 43% dos casos ficam estáveis por mais de cinco anos. Fitas clareadoras funcionam?
Conforme já mencionado, as fitas clareadoras que estão sendo comercializadas indiscriminadamente se tornaram o método clareador mais barato e acessível para qualquer pessoa que almeja dentes brancos. A pergunta que não quer calar é: “essas fitas funcionam mesmo?” Como clareadoras elas até funcionam, porém existem alguns aspectos imprescindíveis que devem ser ressaltados. Estes produtos utilizam o peróxido de hidrogênio como agente clareador (usado para clareamento em consultório), sendo que este gel, em concentrações elevadas, pode causar grande sensibilidade durante a aplicação. Essas fitas são mais indicadas para manter a cor de um esmalte já clareado e não para transformar radicalmente qualquer sorriso. A maior
vantagem destas fitas é indiscutivelmente, o preço, entretanto sabemos que as fitas são descartáveis, enquanto que uma moldeira personalizada poderá ser usada por muitos anos, se estiver bem conservada. Como todos os demais géis clareadores, as fitas não clareiam restaurações ou próteses e também podem gerar sensibilidade durante a aplicação. Outra desvantagem é que as fitas
Manoela De Gregori
se adaptam apenas de canino a canino, enquanto que as moldeiras podem clarear todos os dentes uniformemente, ou seja, do segundo pré-molar direito ao segundo pré-molar esquerdo, como é mais frequentemente utilizado, pois se delimita a área estética visível ao sorrir. Além disso, essas fitas têm potencial carcinogênico (podem gerar câncer) se o gel entrar em contato com tecidos moles. Isso pode ocorrer pelo simples fato de as fitas não se adaptarem perfeitamente na arcada, facilitando o contato do gel com mucosas e gengivas. Vale lembrar que se você optar por estas fitas, estará por sua conta e risco, pois cirurgiões dentistas não se responsabilizam por danos decorrentes do uso destes produtos. *Cirurgiã Dentista Clínica Geral e Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
Cuidado com os joelhos O Pilates favorece o fortalecimento e a estabilização dos músculos, levando ao equilíbrio muscular Nileiza Durand
O joelho é uma das maiores articulações do corpo humano e também uma das que mais sofre lesões. O fisioterapeuta Ricardo Matiello explica que o joelho é formado pela extremidade distal do fêmur, extremidade proximal da tíbia e da fíbula, patela, ligamentos e tendões de músculos que o cruzam. “O joelho pode ser lesionado de várias formas por ser muito vulnerável ao trauma direto (pancadas) ou indireto (entorses), além de ser lesionado, principalmente, pelo excesso de uso ou uso inadequado”, argumenta o profissional. Conforme o fisioterapeuta, uma das articulações presente no joelho denomina-se articulação patelofemoral, composta pela extremidade distal e do fêmur com a patela, e é onde ocorrem inúmeras patologias, principalmente pelas suas características anatômicas. “É uma articulação que centraliza as forças do músculo quadríceps no comando de grande alavanca responsável pela posição ereta. Seu equilíbrio estrutural é frá• Julho 2014 • 12
gil, e qualquer distúrbio na sua estabilidade pode representar alteração funcional capaz de produzir sintomas, às vezes incapacitantes”, relata ele. Condromalácia patelar
De acordo com o fisioterapeuta Matiello, condromalácia patelar é um termo utilizado para descrever um processo degenerativo da cartilagem articular da patela, tornando-se amolecida, com aumento de volume e esponjosa. “Clinicamente, durante a movimentação do joelho, percebe-se) a presença de crepitações (ruídos) articulares, em geral associadas à dor, localizada profundamente de forma difusa na região anterior do joelho. Como as cargas sobre a articulação patelofemoral são muito grandes, algumas áreas da cartilagem ficarão sobrecarregadas, tornando-se moles e edemaciadas”. A condromalácia é produzida pela ação compressiva anormal repetida sobre a
cartilagem articular. Matiello destaca como possíveis causas da condromalácia patelar o mau alinhamento e a disfunção patelar, assim como os traumas esportivos e o excesso de atividade física, como a sobrecarga de peso ou corridas excessivas, acometendo principalmente as mulheres e jovens. De acordo com o fisioterapeuta, o sintoma mais comum é a dor, sendo descrita de forma profunda, localizada atrás da patela, principalmente em subidas, descidas ou durante longas pedaladas e agachamentos. “Ainda é possível a presença de crepitações audíveis ou edema, ocasionado pelo acúmulo excessivo de líquido sinovial formado no processo inflamatório”. O fortalecimento dos músculos com o Pilates
Matiello salienta que não há um protocolo rígido de tratamento. “É importante analisar o grau da lesão adquirida e se direcionar às causas, sempre tentando reequilibrar o alinhamento da patela, inicialmente
através de tratamento fisioterápico, podendo associar a métodos analgésicos e antiinflamatórios”. O fisioterapeuta orienta que o Pilates é benéfico nos quadros de condromalácia por favorecer o fortalecimento e estabilização dos músculos levando ao equilíbrio muscular. “São inclusos exercícios de potência, força, alongamento e mobilização do membro inferior sempre com o cuidado de evitar sobrecarga na articulação em questão”, complementa. Segundo Matiello, no geral, é muito importante o alongamento de músculos isquiotibiais (seu encurtamento implica em um agravamento do atrito da patela com o fêmur durante a marcha), do trato iliotibial, do quadríceps e da panturrilha. “Ainda, torna-se importante o fortalecimento principalmente do músculo quadríceps (sobretudo o vasto medial), importante no equilíbrio das forças que atuam sobre a patela”.
O que fazer? • Estudos relataram que o principal fator que provoca a dis-
função patelofemoral é a tração lateral anormal da patela, devido a um desequilíbrio neuromuscular entre os músculos vasto medial oblíquo (VMO) e vasto lateral (VL), sendo assim, o fortalecimento muscular baseado no reequilíbrio do VMO e VL poderia reduzir o desconforto nos pacientes; • Evitar exercícios de alto impacto (futebol, vôlei, basquete, corrida, ciclismo) ou atividades suspeitas de causarem a lesão;
• Fortalecer os músculos fracos com exercícios leves e de baixo impacto. É especialmente impor-
tante reforçar o músculo vasto medial para equilibrar as forças atuantes sobre a patela; • Evitar a sobrecarga;
• Colocar gelo no joelho após os exercícios; • Evitar subir e descer escadas;
• Evitar a flexão de joelho (mais de 90 graus) por muito tempo;
• Não sentar sobre as pernas com o joelho em hiperflexão; • Evitar aplicar peso excessivo na articulação afetada, perdendo peso se necessário.
A cirurgia da obesidade Felipe Camargo Ribeiro Cirurgião do Aparelho Digestivo
O tratamento da Obesidade Mórbida deve ser entendido como algo muito mais complexo do que simples medidas comportamentais ou dietas milagrosas. No contexto em que se insere, essa doença além de abranger a restrição alimentar controlada, deve basear-se em tratamento psicológico, acompanhamento nutricional rigoroso, mas também em medidas definitivas, nas quais se incluem procedimentos cirúrgicos. É comprovado que quando o paciente obeso atinge o nível de necessidade cirúrgica, o mesmo dificilmente consegue emagrecer e manter-se magro por longo período. É o famoso “efeito sanfona”, no qual a pessoa emagrece com determinada dieta ou medicação, mas logo em seguida volta a ganhar o peso que tinha, senão mais. Em virtude disso, inúmeros estudos têm tratado desse assunto e esse fato é bem estabelecido na comunidade médica. Quando a pessoa atinge o índice de massa corporal (IMC) entre 35-40 e possui alguma doença provocada pela obesidade, como hipertensão, diabete, apneia do sono, problemas articulares entre outros, ele já está apto a realizar cirurgia. Ou ainda, quando o IMC ultrapassa 40, simplesmente pela obesidade, indica-se o procedimento. Dentre os procedimentos estabelecidos, os mais aceitos e realizados são: em primeiro lugar, aquele no qual o estômago é cortado até ficar com aproximadamente 50ml de capacidade e, além disso, faz-se um desvio intestinal, proporcionando assim uma perda de peso considerável tanto com a restrição da ingesta de alimentos quanto diminuindo a superfície para absorção intestinal. Em segundo lugar, existe um procedimento no qual confeccionamos o estômago como • Março 2013 • 14
se esse fosse um tubo, retirando o excesso de estômago, proporcionando saciedade precoce e diminuindo assim a ingesta alimentar. Vale ressaltar que tais procedimentos são individualizados e propostos ao paciente de acordo com as necessidades médicas encontradas em cada caso. É importante lembrar ainda que existem outros tipos de procedimentos cirúrgicos realizados, entretanto os mais conhecidos e seguros são esses expostos. Imprescindível que o paciente que está com intenção de realizar avaliação para o procedimento procure profissionais habilitados, com boa formação e aptos a dar todo suporte em cada caso, pois a cirurgia da obesidade não pode ser comparada a receitas prontas, cada paciente tem sua particularidade.
Felipe Camargo Ribeiro
Abdominoplastia
Correção do excesso de gordura e de flacidez do abdômen O procedimento pode ser associado com lipoaspiração para complementação do resultado Nileiza Durand
A abdominoplastia é uma cirurgia plástica no abdômen que tem como objetivo melhorar o contorno corporal, removendo o excesso de pele (avental) e gordura no abdômen inferior. De acordo com o cirurgião plástico Carlos Sérgio Praça Consalter, a abdominoplastia não é uma cirurgia para emagrecimento. “Nesse procedimento é realizado um tratamento na musculatura para reforçar a parede abdominal e reduzir a circunferência da cintura, mas também corrigir o afastamento do músculo reto abdominal decorrente da gestação (diástase de reto), com plicatura cirúrgica e confecção de novo umbigo (neonfaloplastia)”, explica o médico. O procedimento também pode ser associado com lipoaspiração para complementação do resultado, diminuição de flancos e região superior do abdômen. Consalter esclarece que a anestesia utilizada nesse tipo de cirurgia é a peridural ou mais comum geral, sendo que o procedimento costuma ter uma duração de três a quatro horas e a alta médica geralmente ocorre no dia seguinte. O cirurgião plástico relata que para o pós-operatório é recomendado repouso por uma semana. Atividades leves após duas semanas e não fazer esforço físico nem levantar peso por dois meses. “Deve-se usar • Março 2013 • 16
modeladores compressivos pelo tempo recomendado pelo médico, geralmente dois meses”, argumenta Consalter. Sobre as cicatrizes, o médico relata que são em extensão variável, de um lado ao outro do abdômen, dentro da área coberta por roupa íntima. Abdominoplastia x Pós-obesidade
Conforme avaliação do médico Consalter, o contorno corporal após grandes perdas de peso produz perda de elasticidade e grandes sobras de pele, decorrentes da diminuição do tecido gorduroso. “Estas dobras de pele geralmente se formam nas regiões da face, pescoço, braços, mamas, abdômen, glúteos e coxas, causando um aspecto irregular e disforme nestas áreas. O paciente que sofreu dramática redução ponderal, seja por dieta, exercício físico ou por cirurgia bariátrica (cirurgia de obesidade), e atingiu seu peso ideal, pode ser um bom candidato a este tipo de cirurgia”, recomenda o especialista. De acordo com o médico, a cirurgia de contorno corporal pode ser indicada para “levantar” (Lift) a pele que se encontra caída e enrugada, ou para retirar essa sobra de pele. “O sucesso deste tipo de proce-
dimento depende da idade do paciente, das formas, do tamanho e da qualidade da pele na área a ser tratada. O tamanho e qualidade das cicatrizes também vão depender destes fatores. Porém, a maioria dos pacientes considera as cicatrizes aceitáveis e ficam extremamente satisfeitos com os resultados”, argumenta. Entretanto, segundo o especialista, é comum que esse tipo de paciente necessite de múltiplos procedimentos, realizados em estágios, com intervalos de meses entre uma cirurgia e outra. “Sendo a abdominoplastia a primeira a ser realizada, em muitos casos em caráter funcional, seguidos de mamoplastia, braços e coxoplastia e, por fim, o lifting facial. Todos esses tratamentos levam um prazo médio de quatro a seis meses para recuperação e realização de nova cirurgia”, esclarece.
Carlos Sérgio Praça Consalter
Plano alimentar flexível no combate à obesidade
Nileiza Durand
A obesidade é definida como uma enfermidade caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, associada a problemas de saúde, que trazem prejuízos à saúde do indivíduo. Nas diversas etapas do seu desenvolvimento, o organismo humano é o resultado de diferentes interações, nas quais chamam a atenção os aspectos genéticos, ambientais e comportamentais. De acordo com a nutricionista Christiane Arcari, independente da importância dessas diversas causas, o ganho de peso está sempre associado a um aumento da ingestão alimentar e a uma redução do gasto energético correspondente a essa ingestão.
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“Uma dieta saudável deve ser sempre incentivada. A reeducação alimentar deve estar incluída em princípios gerais de vida saudável, na qual se incluem a atividade física, o lazer, os relacionamentos afetivos adequados e uma estrutura familiar organizada”, argumenta a nutricionista. O exercício apresenta uma série de benefícios para o paciente obeso, melhorando o rendimento do tratamento com dieta. Entre os diversos efeitos se incluem: a diminuição do apetite, o aumento da ação da insulina, a melhora do perfil de gorduras, a melhora da sensação de bem-estar e autoestima. No paciente que apresentava obesidade e obteve sucesso na perda de peso, o tratamento de manutenção deve incluir a permanência da atividade física e de uma alimentação saudável a longo prazo. Esses aspectos somente serão alcançados se estiverem acompanhados de uma mudança geral no estilo de vida do paciente, e de profissionais capacitados. Segundo a profissional, comer menos e fazer exercícios não garantem necessariamente, a perda efetiva de peso. “O problema é que a coisa nem sempre é tão fácil assim. Quanto mais peso perdemos, mais nosso organismo resiste contra a manutenção da perda de peso. O corpo é geneticamente programado para armazenar energia e faz isso com total eficácia, abre mão de sistemas hormonais e enzimáticos para evitar que a balança bote os ponteiros para baixo”.
A nutricionista ainda explica que ao emagrecer, o metabolismo tenta poupar calorias e inicia um processo de armazenamento na tentativa de ganhar peso. “Ao perceber que há perda de peso o organismo para evitar que continuemos secando, desacelera o metabolismo e pisa no acelerador aumentando a fome. Aí, dá vontade de “comer tudo” e fica muito mais difícil seguir uma rotina alimentar regrada, essa talvez seja a razão para muitos abandonarem a dieta após um ou dois meses”. Entretanto, de acordo com Christiane, um único deslize na dieta não é motivo para desistir de emagrecer. “Pelo contrário, fugir do plano alimentar e saborear o que desejar, um dia ou outro, também pode ser eficaz na luta contra os quilos a mais. Esses podem ajudar a convencer seu corpo de que ele não está morrendo de fome, diminuindo os hormônios contrarreguladores eliminados após alguns dias de dietas restritivas”. Quanto maior a restrição alimentar, maior será a fome depois de um período curto de exaustão de energia. “Planos alimentares restritivos tendem a fracassar, já um plano alimentar flexível acaba se tornando um grande aliado no combate à obesidade. O segredo é individualizar”. A nutricionista Chistiane argumenta que os planos alimentares devem ser elaborados a partir dos dados antropométricos, clínicos e respeitando sempre os hábitos alimentares de cada paciente. “É preciso ir a
fundo, descobrir o que desencadeou o processo de obesidade, tratar o paciente juntamente com outros profissionais, como educador físico, médico e psicólogo. Tudo isso é de extrema importância na luta contra a obesidade. O que falta, muitas vezes, nos profissionais é ampliar a visão nos atendimentos”.
Christiane Arcari
Doenças Cardiovasculares: principais causas de morte nas mulheres Estatísticas mostram que a partir da menopausa existe o aumento da morbimortalidade feminina por doença cardiovascular Nileiza Durand
Estudos revelam que as mulheres, enquanto produzem hormônios, sofrem menos com as doenças cardiovasculares que os homens, então, o hormônio feminino estrogênio possui um efeito cardioprotetor. “De modo geral, o hormônio controla melhor o colesterol total, fazendo com que haja menos chance do seu aumento. O hormônio tem um efeito vazo dilatador sobre a musculatura das artérias, ou seja, em resumo o estrogênio tem um efeito cardioprotetor sobre o organismo feminino tanto que até a menopausa as mulheres sofrem menos infarto, possuem menos doenças cardiovasculares e menos morte por doença cardiovascular do que o homem”, explica a ginecologista Rita Pezzali. A partir da menopausa, que é a última menstruação da mulher, e é quando para a produção do hormônio feminino, as estatísticas mostram o aumento da morbimortalidade feminina por doença cardiovascular. “As mulheres adoecem mais de doenças cardiovasculares do que os homens e morrem mais de doenças cardiovasculares do que por câncer de mama”, alerta a ginecologista. A partir do início do climatério, transição gradual da fase reprodutiva para a não-reprodutiva, período que se inicia dos 40 aos 45 anos e que finda dos 60 aos 65 anos, passada essa fase, a mulher entra na velhice. “Nesse momento, o papel do ginecologista, que é o médico que a mulher vai todos os anos para fazer o preventivo, desde a sua adolescência, será de chamar a atenção da mulher para os cuidados car-
diovasculares. O ginecologista terá que trabalhar diretamente com o cardiologista”. Conforme a médica Rita Pezzali, em muitas situações, será o ginecologista que fará o diagnóstico da hipertensão ou da dislipidemia, que é quando há alteração das gorduras circulantes, seja colesterol ou triglicerídeos, fatores de risco importantes para a doença cardiovascular. “O ginecologista precisa estar atento ao controle das gorduras circulantes, ao ganho de peso feminino, às orientações sobre o sedentarismo e outros fatores de risco. O médico, ao avaliar a paciente, poderá prevenir esse evento, em parceria com o cardiologista”. De acordo com a ginecologista, a primeira recomendação para uma mulher na menopausa, que apresenta alteração das gorduras circulantes, é a mudança de hábitos de vida. “Considerando que a mulher apenas apresenta a dislipidemia, a orientação será atividade física. O ideal são 30 minutos de atividade física no mínimo cinco vezes por semana, adequando o exercício físico a cada mulher, entretanto, ela também precisa cuidar a alimentação com a supervisão de uma nutricionista. Com esse controle, o normal é que em até três meses normalize a dislipidemia, mas se não normalizar, o mais indicado é o uso de medicamentos”, relata ela. A médica ressalta que, de forma geral, o organismo das mulheres responde de forma completamente diferente na menopausa do que antes dessa fase, e a resposta à atividade física e à alimentação é muito
menor que nos homens, pelo diferencial de não ter mais o hormônio circulante. Outro ponto importante citado pela ginecologista é que uma vez iniciada a medicação para baixar o colesterol, é muito provável que o uso tenha que ser para o resto da vida. “Não adianta tomar o medicamento por três meses, baixar o colesterol, suspender a medicação, após três meses ela dosa, constata que está aumentado novamente, aí ela volta a tomar por mais três meses. Essa gangorra com as gorduras circulantes é muito prejudicial, sendo um fator de risco muito grande para um infarto ou um AVC”, orienta a médica.
Fatores de risco para doença cardiovascular no climatério Não modificáveis: idade; menopausa; antecedentes familiares e etnias (raça branca parece estar mais pré-disposta que a raça negra). Modificáveis: manter a pressão em níveis normais; colesterol em nível normal; peso, cuidado com a glicose; tabagismo e níveis de estrogênio. A médica Rita Pezzali ressalta que é necessário controlar a glicemia sanguínea para não resultar em diabetes. “Porque a mulher está mais sujeita a uma diabetes no climatério”, alerta ela. Sobre a reposição de hormônio, a ginecologista explica que é comum surgir o questionamento se é indicado fazer para evitar doença cardiovascular ou não. “Hoje está provado que a reposição hormonal da mulher, na menopausa, deve ser indicado quando houver fogacho (calores e suores sentidos na transição para a menopausa), fora isso não se usa hormônio para prevenir doença cardiovascular, mas aquela mulher que tem uma hipertensão leve e que ainda não tem deposição de gordura nas artérias, se ela usar o hormônio porque ela tem fogacho, para aliviar os populares calorões da menopausa, essa mulher terá uma proteção evitando ou retardando o depósito de gorduras nas artérias. As usuárias de hormônio, na dose certa poderão retardar um evento cardiovascular. Isso é chamado de prevenção primária. Para mulheres que já tiveram um infarto, é
contraindicado o uso de reposição hormonal. Não só não haverá a prevenção como vai piorar o quadro”, diz. A ginecologista ressalta ainda que os sintomas de infarto na mulher são atípicos e completamente diferentes do que o infarto em homens.
Quais os fatores que os ginecologistas poderiam administrar? Conforme a médica Rita, os ginecologistas encontram-se bem posicionados para identificar mulheres com risco elevado de doenças cardiovasculares, de acordo com os fatores de risco apresentados a seguir. Contudo, deve haver uma colaboração próxima entre o médico de família (se este for diferente do médico que trata do climatério) e o cardiologista no manejo da pressão arterial elevada, dislipidemia ou níveis glicêmicos anormais. Fatores relativos ao estilo de vida: cessação do tabagismo; modificação dos hábitos alimentares; modificação da ingestão de sal e álcool; melhora da forma física. Outros fatores: pressão arterial, que caso seja identificada, aconselhar e iniciar estratégias para modificar esses fatores, dependendo da experiência individual de manejo; lipídios plasmáticos; glicemia.
Rita Pezzali
Mudança no estilo de vida I- Tabagimo Explique à mulher os efeitos nocivos do tabagismo; avalie o grau de dependência da mulher em relação ao tabaco e a sua disposição para deixar de fumar; obtenha o compromisso da mulher em abandonar o hábito; estabeleça uma estratégia para a cessão do tabagismo (aconselhamento comportamental, terapia de substituição da nicotina e/ou outra intervenção farmacológica). Marque um calendário de consultas de seguimento para monitorar o processo na cessação do tabagismo.
Mudança no estilo de vida II- Alimentação Explique a importância de uma dieta variada e a necessidade de ajustar o aporte energético para atingir e manter o peso corporal ideal; Incentive o consumo dos seguintes itens: frutas, le-
gumes e verduras (na base de cinco porções por dia), cereais e pão integrais, laticínios magros, peixe, sobretudo os peixes ricos em ácidos graxos ômega 3, carne magra. Informe que a ingestão total de gorduras não deve constituir mais do que 30% do aporte energético total, que as gorduras saturadas devem constituir um terço da ingestão total de gordura e o colesterol total, menos que 300mg/dia. Ajude a mulher a identificar os alimentos que têm um nível elevado de gorduras saturadas e colesterol, de forma que ela possa reduzi-los ou eliminá-los de sua alimentação. Sugira a substituição de gorduras saturadas por carboidratos complexos, gorduras mono e poli-insaturadas de origem vegetal e do peixe. Destaque a importância de evitar alimentos que contenham níveis elevados de sal, bem como de reduzir a ingestão global de sal na alimentação.
Mudança no estilo de vida III- Boa forma física Destaque que mesmo um aumento modesto na atividade física pode trazer benefícios para a saúde: ajuda a retomar ou manter o nível de energia; reduz o colesterol total; controla o peso corporal; controla a síndrome metabólica/diabetes; alivia o estresse; incentive a mulher a aumentar a atividade física na sua vida cotidiana, por exemplo, a subir escadas, caminhar ou andar de bicicleta. Incentive-a a escolher uma atividade agradável que se encaixe na sua rotina diária. O exercício deve ser aumentado gradualmente até um nível que reduza o risco cardiovascular global tanto quanto possível. O ideal sã o pelo menos 30 minutos de atividade física na maioria dos dias da semana. Uma mulher saudável deve fazer exercícios entre 60% e 75% da sua frequência cardíaca máxima. Uma mulher com doença cardiovascular estabelecida deve ser encaminhada para testes ergométricos. • Março 2013 • 22
Dados sobre doenças cardiovasculares em mulheres Dados Nacionais • Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte de mulheres no Brasil; • Doenças cardíacas matam seis vezes mais que câncer de mama; • Desde 1984, a taxa anual de mortalidade por doenças cardíacas no Brasil é maior em mulheres do que homens; • Os sintomas de doenças cardíacas são diferentes nas mulheres. Cerca de um terço das mulheres têm sintomas atípicos, com pouca dor. • Cerca de 63% das mulheres que morrem de problemas cardíacos não apresentaram sintomas da doença. Incidência • A incidência de doenças cardíacas, após a menopausa é de duas a três vezes maior do que mulheres antes da menopausa; • Aproximadamente 27% das mulheres fumam e é crescente o número de jovens mulheres fumantes.
Mortalidade • Cerca de seis anos após sobreviver a um infarto, 35% das mulheres sofrerão outro, 14% desenvolverão dores no peito (angina), 11% terão um derrame, 46% estarão incapacitadas por insuficiência cardíaca e 6% terão morte súbita. • Em idade mais avançada, mulheres que tiveram um infarto têm uma probabilidade maior de morrer em decorrência do problema durante as próximas semanas após o evento do que homens. Após o primeiro infarto, 38% das mulheres morrerão dentro de um ano, enquanto 25% dos homens terão esse destino diante das mesmas condições. • De uma forma geral, mulheres morrem mais em
decorrência de derrames do que homens, embora a doença seja mais frequente em homens do que em mulheres. • Cerca de 25% das mulheres que tiveram um derrame morrem dentro de um ano. Essa porcentagem aumenta em mulheres com mais de 65 anos. • Cerca de 53% das mulheres abaixo de 65 anos que tiveram um derrame morrem dentro de oito anos. • Uma em cada três mulheres norte-americanas morre em decorrência de problemas cardiovasculares. • Uma em cada 30 mulheres morre de câncer de mama. • Desde 1984, doenças cardiovasculares matam mais mulheres do que homens; • Cerca de 38% das mulheres que sobreviveram a um ataque cardíaco morrem após um ano. • Cerca de dois terços das mulheres que tiveram um ataque cardíaco nunca se recuperam totalmente. • Na menopausa, o risco aumenta drasticamente. Uma em cada oito mulheres com idades entre 45 e 64 anos têm alguma doença cardiovascular. Após os 65 anos, uma em cada três tem esse problema. • Estudos indicam que ataques cardíacos ocorrem com maior frequência nas segundas-feiras de manhã, seguido dos sábados de manhã. • Mortes decorrentes de doenças cardiovasculares totalizam mais do que todas as demais 16 causas mais frequentes de morte somadas.