VALOR SUGERIDO R$10,00
Ano 01 - Nº 08 - Novembro 2014
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Publicação:
REVISTA DA SOCIEDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ALTO IRANI
ARQUITETURA
Qual a cidade que queremos? Pág. 10
AGRONOMIA
Compostagem: do lixo ao adubo Pág. 18
ENGENHARIA Manutenção predial preventiva Pág. 06
PALAVRA DO PRESIDENTE Prezado Associado! Com muita satisfação, trazemos até você a oitava edição da revista Área, buscando cumprir os objetivos da Entidade, estimulando o progresso da ciência e da tecnologia, além de promover a valorização e respeito pela engenharia, arquitetura e agronomia. Durante todo esse período, trouxemos matérias e artigos escritos pelos nossos associados, levando ao público informações técnicas sobre os diversos tipos de serviços prestados pelos profissionais, mostrando a importância da contratação de um profissional especializado para orientar e acompanhar a realização dos projetos e serviços realizados em todas as áreas de abrangência da revista. Também publicamos matérias feitas com profissionais de outras áreas, mas que possuem alguma ligação com o resultado do trabalho de engenheiros, arquitetos e agrônomos. Procuramos tratar de assuntos atuais, com uma abordagem acessível e agradável, para que toda a sociedade da região pudesse ser alcançada pelos textos publicados. Mais uma vez, queremos agradecer aos profissionais que disponibilizaram tempo para compartilhar um pouco do seu conhecimento,
Engenheiro Agrônomo Juliano Tonial Presidente da SEAI
através dos seus artigos, e estender o convite a todos os profissionais associados a utilizarem este espaço para a troca de informações, não somente com outros colegas de profissão, mas com todos os nossos leitores. Nesta edição, trazemos temas de grande relevância, como a importância da manutenção predial preventiva; a situação dos diversos municípios que crescem desordenadamente, sem planejamento, e sem dar muita importância para elaboração do Plano Diretor; o risco da utilização indiscriminada de agrotóxicos e por fim uma matéria sobre compostagem, processo que transforma lixo em adubo. Aproveito ainda este espaço para lembrá-los sobre nossos parceiros conveniados, convidando para que todos façam uso dos benefícios que estão disponíveis aos associados e familiares, benefícios exclusivos ao quadro social da SEAI, bastando apresentar sua carteira de associado. Mais uma vez, meu muito obrigado e uma boa leitura. Abraços.
UTILIDADE CONVÊNIOS SEAI POLICLÍNICA CENTER MED Dr.º Mário Augusto Marques, Clínico Geral Dr.ª Flávia R. Cedrez, Pediatra CLÍNICA MATERNO INFANTIL Dr.º Luciano De Bortoli, Pediatra Dr.ª Iara De Bortoli, Ginecologista PRÓ CARDIO – CLÍNICA DE CARDIOLOGIA Drº Giuliano Faccini, Cardiologista Drº Leonardo Fábio Carelli, Cardiologista Drº Rafael Augusto Favero, Cardilogista Drª Débora R. Siqueira, Endócrina VITTA CARDIO - CLÍNICA DE CARDIOLOGIA Drº André Augusto Martins, Cardiologista CLÍNICA DE FISITERAPIA ACCADROLLI – FISIOCENTER Drª Georgea Accadrolli Stähelin, Fisioterapeuta POSTO ALTOS DA AVENIDA CAUDURO SEGUROS Ricardo Luiz Cauduro RESTAURANTE O COSTELÃO
INDICADORES
CUB Residencial MÊS OUT SET AGO JUL JUN MAI ABR MAR FEV JAN
CUB MÉDIO (R$) 1.420,57 1.417,82 1.414,81 1.411,72 1.408,59 1.371,44 1.334,42 1.330,61 1.325,89 1.318,88 1.314,05
% MÊS 0,19 0,21 0,22 0,22 2,71 2,77 0,29 0,36 0,53 0,37 0,34
% ANO 8,48 8,27 8,04 7,80 7,56 4,72 1,90 1,61 1,25 0,71 0,34
% 12 MESES 8,64 8,75 8,82 8,99 9,24 7,98 9,32 9,48 9,58 9,50 9,16
Fonte: Sinduscon SC Volume de Chuvas Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro
334 mm 155 mm 225 mm 113 mm 127 mm 396 mm 47 mm 224 mm
Fonte: Inmet
EXPEDIENTE REVISTA ÁREA
DIRETORIA GESTÃO 2013 / 2014
Sociedade de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Alto Irani - SEAI CNPJ 03.113.186/0001-83 - Inscrição Estadual: Isenta Rua Selistre de Campos, 124 - Sala 02 – Centro - Xanxerê-SC Telefone (49) 3433-9216 - www.seai.com.br
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Eng. Agrônomo Juliano Tonial - Presidente Eng. Mecânico Alemberg LescanoDantas - Vice-presidente Eng. Mecânico Cristiano Ferronato - 1º Tesoureiro Eng. Agrônomo Airton Alberton - 2º Tesoureiro Eng. Civil Elisandro Antonio Gasparini - 1º Secretário Arquiteto Wallace José Chillemi - 2º Secretário Eng. Agrônomo Volmir Frandoloso - Diretor de Ativ. Tec. e Culturais Eng. Civil Charles Luiz Rabaiolli - Diretor de Ativ. Sociais Eng. Produção Mateus Zanella - Diretor de Ativ. Esportivas Eng. Agrônomo Arlindo Nava - Conselho Fiscal Eng. Civil Alessandro Winckler - Conselho Fiscal Eng. Agrônomo Luiz Mario Badotti - Conselho Fiscal Eng. Operação e Fabricação Mecânica Sergio Luiz Zanella - Conselheiro junto ao CREA/SC
Tiragem: 2.000 exemplares Distribuição: Municipios do Alto Irani
Os artigos e opiniões aqui veiculados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Área e de seus diretores. As matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade dos seus autores.
Editora / Jornalista Responsável Nileiza Durand (49) 8835-1684 - vsdcomunicacao@yahoo.com.br
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ENGENHARIA
Manutenção Predial Preventiva Engenheiro Civil Carlo Antunes dos Santos CREA-SC 123879-1 Aí está um assunto que comumente é esquecido e que quando é lembrado geralmente traz consigo uma série de transtornos e de inesperadas e indesejáveis despesas financeiras bastante onerosas. Isso sem falar da responsabilidade civil sobre eventuais acidentes causados pela falta de manutenção predial. Ainda não é comum ter-se a preocupação em verificar periodi-
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camente as condições de uma edificação, observando o estado de conservação e o perfeito funcionamento de todos os seus sistemas, equipamentos e instalações em geral. Ao se fazer um paralelo entre o proprietário de um automóvel e de uma residência fica evidente que inexiste o hábito de se fazer manutenções preventivas numa edificação, mesmo
que esta seja o local que abriga sua empresa, seu trabalho, seus bens ou a sua família. É comum que após comprar um carro novo o proprietário tenha certos cuidados como, por exemplo, manter uma pressão adequada nos pneus, verificar regularmente o nível do óleo, trocar periodicamente filtros, verificar e substituir pastilhas de freio, fazer as revisões periódicas e toda uma série de revisões e manutenções que vão garantir segurança e conforto no uso do veículo além de aumentar a durabilidade e vida útil do mesmo. Por outro lado ao adquirir um imóvel, muitos proprietários têm a falsa ilusão de que ele vai durar pra sempre sem a necessidade de qualquer tipo de manutenção. Quando uma torneira começa a pingar, ao invés de providenciar seu conserto o usuário apenas se acostuma a fechá-la com um pouco mais de força. Quando uma fechadura não fecha adequadamente, apenas se descobre um “jeitinho” de forçar para cima ou
para baixo e fica por isso mesmo. Mesmo um muro ou uma parede com trincas ou rachaduras, recebe apenas uma pintura para “maquiar” o problema, sendo que a causa das rachaduras dificilmente é tratada. As calhas dos telhados são esquecidas, como se tivessem um sistema “autolimpante” e somente após uma enxurrada que faz a água transbordar para o interior da edificação é que se vai providenciar uma limpeza. A fossa ou a caixa de gordura somente são limpas quando já estão transbordando. E muitos outros aspectos são esquecidos e deixados em segundo plano quando se trata de manutenção predial. Essa falta de uma cultura de realização de manutenções periódicas preventivas nas edificações é algo intrínseco na nossa sociedade e pode ser consequência
da supervalorização de outros bens em detrimento das edificações. Talvez seja resultado dessa cultura o fato de muitas pessoas optarem por passar uma vida inteira pagando aluguel de sua moradia, mas por outro lado, mantendo na garagem um automóvel “último tipo” em ótimo estado e com a manutenção rigorosamente em dia. Algumas pessoas passam anos economizando e acumulando recursos para poder adquirir a sonhada casa própria e por não saber ou simplesmente não dar valor para uma manutenção periódica deste bem, acabam deixando que este imóvel sofra uma grande desvalorização, além de uma série de desconfortos e inseguranças causadas aos seus usuários. Tudo isso em função de não planejar uma manutenção periódica em que pequenos
reparos poderiam ser realizados evitando o indesejável agravamento das manifestações patológicas observadas na edificação. Mas a falta de manutenção predial nem sempre tem como consequência pequenos danos. A ausência de manutenções periódicas pode até mesmo num exemplo mais extremo, causar danos estruturais que podem vir a comprometer a estabilidade e solidez da estrutura da edificação. Um vazamento recorrente pode ao longo do tempo causar a corrosão das armaduras de algum elemento estrutural como uma viga, um pilar, uma escada ou uma laje causando o colapso de parte da edificação. Ainda para citar outro exemplo bastante comum, a manutenção do revestimento externo de uma edificação é outro aspecto muito importante e que pode evitar problemas bastante graves. No caso de edificações com pintura nas fachadas externas, é comum que a repintura seja feita somente quando a camada anterior se apresenta completamente deteriorada e neste momento já houve a impregnação de diversos elementos prejudiciais à edificação que vão desde a simples umidade até a ocorrência de fungos e algas que afetam as camadas mais profundas do revestimento externo. Já no caso de revestimentos cerâmicos nas fachadas externas, a manutenção das juntas de movimentação e das juntas entre as peças cerâmicas é fundamental, pois são estes os pontos por onde a umidade e outros agentes nocivos podem ter acesso ao interior do revestimento podendo causar desde manchas até o descolamento das peças cerâmicas. A Manutenção Predial envolve atividades em todos os tipos de edificação, seja residencial, comercial, mista, industrial, instituições públicas, hospitalares, shopping centers, galpões, centros de convenções, como forma
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de garantir o seu bom desempenho e prolongamento de sua vida útil. A prática da manutenção nessa área tornou-se estratégica para a sobrevivência das organizações, sejam elas empresas, indústrias, instituições, condomínios, ou outros possibilitando a realização de suas atividades e influenciando em custos, qualidade, imagem, segurança e proteção ambiental, dentre outros aspectos importantes. Entretanto, ainda há a necessidade de maiores esclarecimentos sobre o assunto e formação de profissionais para atuar nesta função. A Gestão da Manutenção Predial tem como objetivo otimizar a vida útil dos equipamentos ou instalações que fazem parte de uma estrutura predial, proporcionar redução de custos operacionais, melhorar a disponibilidade e operação eficiente dos equipamentos e instalações, obter qualidade e maior durabilidade, e alcançar a satisfação dos usuários, independente do tipo de edificação. Para uma Gestão da Manutenção eficiente e eficaz, são necessários conhecimentos técnicos e administrativos. Desde 1980, o Brasil conta com uma Norma da
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ABNT (NBR 5674:1980 – Manutenção de Edificações – Procedimento) que norteia as atividades de Manutenção Predial Preventiva. Esta Norma sofreu ao longo dos anos algumas revisões, ajustes e correções, sendo
que a versão mais atualizada foi Publicada em 25/07/2012 e entrou em vigor em 25/08/2012 com o título: Manutenção de edificações — Requisitos para o Sistema de Gestão de Manutenção.
Baseando-se nesta norma, profissionais da área (Engenheiros e Arquitetos) podem estabelecer, planejar e acompanhar programas de manutenção preventiva, para evitar problemas futuros.
ARQUITETURA
Qual a cidade que queremos?
Arquiteta e Urbanista Rosângela Favero CAU A 170003-8
Em vários municípios do Brasil, continua em voga o incentivo à expansão urbana, enquanto estudiosos, calcados em bases concretas, enumeram os problemas destas cidades rarefeitas e defendem a busca por áreas urbanas mais compactas. Muitos municípios brasileiros estão na contra mão das comprovadas e eleitas como as melhores cidades para se viver, e prosseguem construindo cidades rarefeitas, injustas socialmente e ambientalmente insustentáveis. Quando se ouve o mito da expansão (não há referência nem estudos que comprovem a eficácia da escolha), há o questionamento: “A quem estão tentando enganar?” De um total de 5.565 municípios brasileiros, 80% têm menos de 50.000 habitantes, somando um total de 4.958 municípios com baixa densidade, onde vivem aproximadamente 65 milhões de pessoas. Desses, vários municípios
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tiveram seus Planos Diretores aprovados em 2006, vésperas de esgotar o prazo estabelecido pelo Estatuto das Cidades para cidades com mais de 20 mil habitantes aprovarem seus Planos. Em muitos municípios o Ministério Público teve que intervir para que o prazo fosse cumprido, revelando a falta de importância que é dado ao planejamento das cidades, local onde vive aproximadamente 85% da população brasileira. É necessário reconhecer que os Planos Diretores trouxeram falhas pela própria falta de aplicação de recursos em sua elaboração, impossibilitando a disponibilização de levantamentos e de base cartográfica adequada. Até hoje, e já passaram quase 10 anos, há diversos municípios que não têm um mapa da área urbana georreferenciado (com coordenadas ge-
ográficas). O que apresentam é um desenho e não um mapa. Atribuem aos técnicos o valor de deuses/videntes, pois eles têm que adivinhar onde estão as APPs, as áreas de risco, os lotes que não atendem a sua função social e ao mesmo tempo os técnicos são tratados “como sem importância”, pois os municípios não viabilizam ferramentas que auxiliem ao menos o planejamento urbano em curto prazo e muito menos a gestão das cidades. Com Planos Diretores falhos ou inexistentes e toda a falta de aparato técnico, continua o discurso da necessidade de expansão urbana. E fica uma questão: se não há o mínimo de ferramentas e aparato técnico (mapeamento, fiscalização e especialistas de diversas áreas) para atender o perímetro urbano atual e se na maioria dos municípios há vazios urbanos e lotes vazios com infraestrutura, a expansão urbana é defendida para beneficiar quem?
A expansão do perímetro urbano comprovadamente torna a manutenção da área urbana mais cara. O mesmo número de pessoas necessita pagar pela manutenção de iluminação pública, recolhimento de lixo, pavimentação, rede de drenagem, dentre outros equipamentos urbanos, para atender áreas maiores, muitas inclusive sem moradores. É uma conta básica que lesa mais quem menos tem. O artigo 42-B do Estatuto da Cidade, introduzido pela lei 12.608/2012, que instituiu a Política Nacional de Defesa Civil, veio justamente para tentar evitar as aberrações que estavam sendo cometidas nos municípios brasileiros. Expandido áreas urbanas sem mapeamento de áreas de risco, APPs, área para habitação de interesse social e projeção do sistema viário básico, a lei também prevê o instrumento de preempção para equipamentos públicos necessários, já que frequentemente os municípios precisam comprar áreas para construir equipamentos públicos, ou são obrigados a construí-los nos terrenos doados pelos proprietários de loteamento, muitas vezes lotes com restrição a construções ou caros para construir (necessitam de dispendiosos movimentos de terra e ou contenção). A lei veio para ajudar a tornar as cidades mais seguras,
minimamente planejadas, sociamente mais justas e ambientalmente sustentáveis. Porém as administrações públicas e as Câmaras de Vereadores de diversos municípios continuam propondo e aprovando expansões do perímetro urbano, sem respeitar esta legislação que é protetiva e benéfica para a maioria da população e para a cidade. Qual cidade a maioria da população deseja?O Plano Diretor, instrumento de planejamento constante na Constituição de 1988, deveria garantir que o interesse coletivo prevalecesse sobre o interesse de um indivíduo ou de um grupo. Todavia, com a formulação capenga ou as alterações defendidas pelos atores da construção civil e ou por pessoas não capacitadas (a população, para participar de audiências públicas, deveria ser
capacitada conforme resolução nº 25 do Ministério das Cidades), o Plano Diretor acaba sendo uma lei existente pró-forma para atender o mercado imobiliário através do aumento de índices, número de pavimentos ou troca de usos onde os atores do mercado consideram interessantes. Os instrumentos do Estatuto da Cidade, que deveriam viabilizar o cumprimento da função social da cidade e da propriedade, na maioria dos Planos Diretores constam por exigência da lei, mas não são regulamentados, pois as administrações públicas e os vereadores aceitam ser reféns dos interesses de uma minoria. Ressalta-se que muitos Planos Diretores, após 2006, sem estudo e projeções, tiveram seus índices alterados (aumentado a quantidade de metros quadrados que pode ser construído em um terreno) pelos interessados do mercado, deixando-os tão altos que as moedas de troca como o solo criado e a transferência do direito de construir (que deveriam servir para tornar a cidade melhor para a maioria da população) acabaram sem valor, pois já é permitido construir, onde o mercado tem interesse, mais do que o salubremente indicado e suportável pela infraestrutura urbana. Furtado e Smolka (2004) afirmam que os instrumentos do Estatuto da Cidade são interpretados pelos atores imobiliários como uma indesejada interferência no mercado de terras e negócios. Com os índices construtivos de-
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cididos pelo mercado e os instrumentos do Estatuto da Cidade esquecidos, é roubado da maior parte da população o direito a uma cidade igualitária com qualidade de vida. Contudo, o coeficiente máximo de aproveitamento de um terreno pertence à coletividade, porque é ela que paga para manter a infraestrutura necessária aos imóveis. Quando os índices são aumentados pelos atores que também visam lucrar, dando ao proprietário a possibilidade de construir mais, o lucro do proprietário e dos atores é viabilizado pela infraestrutura que toda sociedade sustenta, e essa distorção é ainda mais acirrada nas cidades onde as contribuições de melhoria raramente são cobradas dos proprietários. Em Paris, o índice de aproveitamento (quantas vezes você pode construir a área do terreno) é 1, (na maioria das cidades o índice máximo fixado é 1) e tudo o que o proprietário quiser construir, além disso, deve ser comprado. É assim que é mantida uma das cidades mais belas do mundo, com parques, áreas verdes, praças e margem de cursos d´água públicos, primorosamente cuidados. Muito diferente desses espaços inexistentes ou abandonados na maioria dos municípios brasileiros. Nos países desenvolvidos, quem quer ganhar mais em cima da infraestrutura paga por toda a população, ou seja, paga a mais por isso. Não é só uma questão de justiça, é a possibilidade de dar maior qualidade de vida para a maioria dos habitantes e se ter uma cidade bem cuidada, prazerosa para se viver. Todos que moram numa mesma cidade têm
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direito à qualidade urbana e à distribuição de benfeitorias igualitária em todos os bairros. Os planos diretores da maioria das cidades brasileiras (em grande parcela dos municípios erroneamente as áreas rurais não têm zoneamento) apresentam suas zonas residenciais, mistas industriais e são esquecidas as áreas para habitação de interesse social dentro do perímetro urbano. Para essas pessoas que precisam de habitação de interesse social, resta morar distante do centro (num apartheid), enquanto ficam vazios urbanos e lotes vazios próximos à área central, com asfalto na frente especulando, e toda população, inclusive a que não tem casa própria, pagando pela manutenção dos lotes vazios. Pagando a manutenção de uma cidade maior, sem necessidade. Essa cidade esparsa beneficia alguns atores de grande influência econômica e que sustentam os projetos políticos (ou a política partidária). Enquanto os estudiosos, para viabilizar economicamente a manutenção econômica e social das cidades, recomendam aumentar suas densidades de 50 hab./ ha para no mínimo 70 hab./ha (Paris apresenta 237 hab./ha) em muitas cidades de médio e pequeno porte, no Brasil, a densidade beira os 20 hab./ ha, considerada uma densidade inviável, corroborada pela falta de qualidade urbana da maioria dos bairros das cidades brasileiras. Para ilustrar a discrepância, isto significa que cada habitante é obrigado a sustentar aproximadamente 400,00m² de terra, e ao mesmo tempo o poder público coloca famílias numerosas
morando em terrenos de 125,00 m² (lote mínimo permitido pela lei Federal de parcelamento do solo 6766/1979). Cidadãos que não têm casa própria ou possuem lotes ínfimos para sua família acabam pagando pela manutenção de 400,00m² por pessoa, já que é retirado o dinheiro de serviços essenciais para manter a escassez da cidade com serviços que dão prejuízo (como a coleta de lixo e iluminação pública). A população que não tem onde morar dignamente se vê obrigada a sustentar a especulação imobiliária mantendo a infraestrutura para lotes vazios. É claro que não há recursos financeiros para manter uma cidade tão rarefeita, menos ainda com qualidade. Paris não cresceu em altura, e relembrando apresenta 237 hab./ha, comprovando que não são os edifícios altos (fissura dos atores do mercado imobiliário brasileiro) que proporcionam densidade, mas o planejamento: no caso de Paris, o planejamento da uniformidade de altura e de direitos. A cidade é para ser um modelo de concentração de pessoas e atividades. Nos núcleos urbanos brasileiros de médio e pequeno porte há locais que são tão esparsos que parece que se está na área rural, dada a absoluta falta de intervenção urbanística ou esparçamento das edificações (consequência da falta de planejamento ou interesse). Entretanto, ainda usam como justificativa a falta de recursos econômicos. Além disso, nessa colcha de retalhos onde não há continuidade do tecido urbano, há loteamentos que parecem apêndices: sem integração, seus moradores passam décadas isolados, sem direito a usufruir das benesses da centralidade da
cidade. Essa expansão urbana sem estudo e sem necessidade também é degradadora ambiental. Ela vai avançando sobre APPs e inclusive sobre áreas de mananciais que abastecem os núcleos urbanos, deteriorando a qualidade da água e diminuindo sua quantidade, obrigando os municípios a captar água para abastecimento público de cidades cada vez mais longe, com custos mais elevados a serem pagos por toda a população. Somado aos demais equívocos, isso acaba introduzindo no perímetro áreas de risco, que, não mapeadas, são ocupadas, aterradas ou invadidas, gerando situações de emergência no local ou em cotas mais baixas (quando aterradas), mais ainda em municípios com cultura de tubulação e tamponamento de cursos d´água (atendendo a interesses de grupos). Esta é a cidade que a maioria dos moradores deseja? Onde há milhares de lotes com toda infraestrutura especulando e outros que não tem nem o direito de sonhar com uma moradia que tenha espaço decente para ser ampliada? Segundo Vilanova (2004), o planejamento ou ausência dele tem fundamentação política: não política partidária, mas política de ações – há falta de plano de governo para urbanidade. A colocação em prática da função social da propriedade e da cidade passa pela busca da urbanização compacta e continuidade do tecido urbano. São enormes os custos sociais, econômicos e ambientais de uma cidade esparsa. As grandes distâncias inviabilizam o transporte ciclístico e coletivo público frequente e de qualidade pela distância e espaça• ENGENHARIA • ARQUITETURA • AGRONOMIA •
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mento e o transporte individual, congestiona e polui o centro (consumindo mais energia). Há alto custo e consumo elevado de energia per capita para prestar qualquer serviço (necessidade do automóvel, combustível, energia elétrica), aumento de desperdício (de combustível) e perdas (de água, de energia elétrica, etc.). Sustenta-se uma cidade cara com pouca qualidade de vida, sem atrativos, sem beleza paisagística, com lotes baldios geradores de lixões espalhados e uma extensão imensa de infraestrutura insuficiente e segregacionista. Todos os que moram na área urbana pagam pela manutenção da cidade – assim, deveriam ter a justa distribuição dos benefícios do processo de urbanização. Porém, para maioria da população, sobram áreas desestruturadas e com urbanização precária (que apresentam ruas sem pavimentação ou com pavimentação deteriorada, iluminação deficiente, inexistência de passeio e arborização urbana, equipamentos sem qualidade ou insuficientes para as distâncias existentes, cursos d`água poluídos e suas margens e áreas verdes abandonadas). O espraiamento urbano fragmenta os bairros expandindo a área urbana sobre as terras rurais, afetando também a economia e o meio ambiente. Perdem-se áreas de produção necessária e áreas de relevância ambiental para uma expansão desnecessária típica de cidades segregacionistas, com perda do sentido de comunidade, enfraquecimento dos espaços públicos, levando à vandalização e à falta de pertencimento ao local, gerando insegurança. Induz a valorização exorbitante do solo que é benéfica apenas aos proprietários das áreas. Um dos mitos utilizado para justificar a expansão é o déficit habitacional. Segundo a Fundação João Pinheiro, são impressionantes os números relativos ao 14
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percentual de imóveis vazios ou subutilizados em relação à demanda. A maioria das cidades médias apresenta um número de edificações vazias, compatível com o número do déficit habitacional. Não há falta de imóveis, há mau uso dos imóveis e falta de aplicação da legislação pelas administrações municipais. Alimentando a inércia e os equívocos há o desconhecimento da maior parte da população e uma visão destorcida e individualista dos atores do mercado. Além dos mitos empregados para defender a expansão, há a ilusão que a oferta de terrenos baixa o preço destes. Na verdade, é um subterfúgio do mercado, pois se sabe que a expansão urbana com novas áreas urbanizadas deixa vazios estratégicos para especulação do mercado imobiliário, e assim os preços nas áreas bem estruturadas e próximas ao centro não diminui. Uma cidade mais coesa traz qualidade de vida e valoriza o patrimônio de todos; uma cidade esparsa valoriza só as área privilegiadas. As cidades de pequeno e médio porte estão repetindo o que já se sabe que não é bom quando se deseja uma cidade com qualidade de vida e não do terceiro mundo, como muitas que vão crescendo ladeando rodovias, perdendo o sentido de centralidade essencial para um núcleo urbano. Segundo Grostein (2001), nosso modo de construir as cidades apresenta componentes de “insustentabilidade” vinculados aos processos de expansão urbana e transformação urbana (parcelamentos clandestinos) que proporcionam baixa qualidade de vida a parcela significativa da população. O centro das pequenas e médias cidades, por ser mais denso e coeso, apresenta qualidade de vida. Contudo, a cidade é um todo: ou apresenta qualidade de vida ou quando se vai para os bairros mais distantes do centro vis-
lumbra-se a falta de qualidade pela precariedade da infraestrutura e da paisagem – nesta última hipótese, todos os que moram nas cidades pagam pela falta de ordenamento, planejamento, gestão territorial e insegurança. A busca da qualidade de vida nas cidades brasileiras passa pelo desenvolvimento de um tecido mais denso, sem vazios urbanos e lotes baldios, viabilizando cidades mais dinâmicas, com interação de classes em todo seu tecido, proporcionando convivência com a diversidade cultural. No século XXI, a proposta é buscar novas práticas de planejamento mais includentes, redistributivas e sustentáveis, mediante o uso social da propriedade e da participação da maioria da população nas decisões sobre a cidade. Todos poderiam ter qualidade melhor de vida, uma cidade com mais estrutura, paisagisticamente mais atrativa, ao invés de espaços verdes abandonados e tecido urbano fragmentado. A municipalidade pode usar instrumentos constantes no Estatuto da Cidade e ser parceiro dos proprietários e do próprio mercado imobiliário partindo da edificação, parcelamento ou uso compulsórios, e propor operações urbanas consorciadas, sendo parceiro da iniciativa privada, levando o lucro dos proprietários a gerar justiça social ao invés de exclusão e inclusive proporcionando impulso ao mercado imobiliário de forma mais distributiva. Deve coibir as alterações do Plano Diretor feitas para beneficiar interesses de grupos. É necessário adotar índices mínimos construtivos para cada zona e a multifuncionalidade com qualidade de vida, que não permita usos incômodos junto à função mais nobre do ser humano na cidade, que é morar (viver), mas ao mesmo tempo permita usos diversos com comércio e serviço distribuídos, gerando conforto e comodidades típicas de cidades com qualidade de vida. Deve-se buscar em meio urbano mais rico, inovador, com vitalidade e igualdade de direito ao urbanismo de qualidade em toda cidade. O direito de usufruir da beleza da paisagem da cidade durante todos os dias sem a necessidade de ir
para o interior ou o litoral para se ter contato com a natureza ou ter como alternativa trancar-se nos shoppings, que são uma negação à urbanidade e à vitalidade da cidades. Um bom exemplo de respeito à paisagem é a cidade de Campo Bom (RS): com seu rio principal ladeado por um parque, além de viabilizar locais públicos de convívio, livra a cidade de situações de emergências e desastres (inundações e alagamentos). O Parque comprova que a vegetação não gera insegurança, mas sim a segregação imposta a grande parte dos moradores da maioria das cidades brasileiras. A sociedade e a administração pública têm papel fundamental nessa mudança, buscando ou uma cidade ideal ou a permanência como cidade fragmentada e sem qualidade urbana e de vida. Santos (1997) alerta que atualmente as cidades são direcionadas para a economia e não para os cidadãos, o que contribui diretamente para o individualismo e falta de participação dos munícipes nas decisões de como a cidade deve crescer – com isso, surge como consequência o aumento da insegurança. Segundo a Constituição Brasileira o planejamento é atribuição municipal. No século XXI, é dever da administração pública investir em ferramentas que auxiliem o planejamento, a menos que desejem cidades que privilegiam alguns. É bom lembrar que todos têm direito à cidade. Prover a capacitação da população também é obrigação da municipalidade e direito dos cidadãos. Quando todos entenderem minimamente o jogo de peças para formação, desenvolvimento e gestão de uma cidade, a partida será mais igualitária e se tornará mais respeitosa, visando o bem-estar e qualidade de vida da maioria da população com cidades socialmente mais justas, economicamente dinâmicas, ambientalmente sustentáveis, paisagisticamente atrativas, culturalmente includentes (e por isso mais seguras), além de aprazíveis paisagisticamente e mais respeitosas com o ambiente natural ao qual a espécie humana pertence.
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AGRONOMIA
Os riscos para a saúde com o uso de agrotóxicos Engenheiro Agrônomo Alessandro do Amaral e Silva CREA/SC 37.461-9
O conceito de agrotóxico está relacionado a produtos químicos usados na agricultura para combater pestes, pragas e outras ameaças ao desenvolvimento das plantações. O problema dessas substâncias é que elas contaminam o ambiente, podem intoxicar os
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produtores que fazem sua aplicação e a população ao redor das regiões de cultivo, além de ficarem impregnados nos alimentos comercializados para o resto da população. Cada vez mais as pesquisas apontam para os prejuízos do consumo dos agrotóxicos e valorizam as opções de alimentos agroecológicos, produzidos de maneira mais saudável. Desde 2008 o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo e pesquisadores apontam que este contexto tem relação direta com problemas na saúde da população e no meio ambiente. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva consolidou em 2012 um dossiê que indicava os impactos do alto consumo de agrotóxicos para o organismo. Os efeitos de modo geral são: - para os agricultores e população do entorno: náuseas, fraqueza, convulsões, dificuldades respiratórias, dores de cabeça e confusão mental; - para os consumidores de alimentos intoxicados: câncer, doença de Parkinson, insônia, anemia, dermatites, alterações hormonais, problemas imunológicos, infertilidade, doenças no fígado e nos pulmões, entre outras. A explicação é que as substâncias entram no organismo através do alimento e são distribuídas juntamente com os nutrientes por todo o corpo. Elas vão se acumulando nas células e tecidos, prejudicando a função inclusive dos órgãos e facilitando o desenvolvimento de doenças. O documento teve por objetivo informar e incentivar uma mudança no atual contexto de produção e comercialização de alimentos.
Dicas para reduzir a exposição aos agrotóxicos > Prefira alimentos da época - elas recebem menos estímulo de substâncias químicas para se desenvolverem e chegarem até o mercado; > Lave bem a superfície dos alimentos, com água corrente e deixe de molho em solução de água com vinagre; > Escolha os produtos nacionais. Rio de Janeiro estuda a criação de Pavilhão de Orgânicos no Ceasa Ainda este ano o Rio de Janeiro receberá seu primeiro mercado de produtos orgânicos dentro da Ceasa-RJ. Venda de alimentos orgânicos que já acontece em feiras pela cidade será reforçada por um pavilhão especializado, localizado na segunda maior central de abastecimento da América Latina. — Este tipo de iniciativa certamente é uma vitória, já que contribui para a melhoria da saúde da vida
da população que terá o acesso facilitado a alimentos mais saudáveis — diz o engenheiro Alan Tygel, membro da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. O Pavilhão Orgânico reunirá produtos orgânicos para venda no atacado e no varejo, vindos de regiões de agricultura do estado, oportunizando a diminuição nos preços dos orgânicos, estimulando a população a comprar mais estes produtos.
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AGRONOMIA
Compostagem: do lixo ao adubo Engenheiro Agrônomo Especialista Gestão Ambiental Marcelo Henrique Bassani CREA 101176-4
O Brasil produz mais de 250 mil toneladas de lixo por dia, sendo que 76% são depositados a céu aberto, em lixões, 13% são depositados em aterros controlados, 10% em usinas de reciclagem e 0,1% são incinerados. Segundo a Embrapa, do total do lixo urbano, 60% são formados por resíduos orgânicos que podem se transformar em excelentes fontes de nutrientes para as plantas. Compostagem é o processo mais eficiente para produção de adubo de qualidade. É também o resultado da transformação do resíduo orgânico (restos vegetais) em adubo natural. O composto é rico em húmus estabilizado e microorganismos ativos que estimulam a saúde natural das plantas.
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Local e tipos de composteira
A composteira pode ser localizada na horta, pois não produz mau cheiro e nem atrai insetos. Para pequenas quantidades de resíduos vegetais e/ou domésticos, a composteira pode ser feita de tijolos, madeira ou tambor de metal. Para quantidades maiores de restos vegetais, pode ser feita através de montagem de pilhas, sem proteção lateral. O tamanho das pilhas de compostagem depende da quantidade de materiais orgânicos disponíveis: porém para facilitar a aeração necessária para a ação dos microrganismos que decompõem a matéria orgânica, recomenda-se 1,5 a 2 metros de largura, 4 a 5 metros de comprimento e 1,5 a 2 metros de altura.
Materiais utilizados na compostagem Basicamente deve-se misturar materiais vegetais com estrume de animais. Em outras palavras, deve-se misturar materiais ricos em carbono (vegetais) com outros ricos em nitrogênio (esterco de animais), na quantidade adequada; um composto só de palha e outros materiais ricos em carbono demora muito para fermentar e se decompor. Por outro lado, um composto feito só de materiais ricos em nitrogênio apodrece, exala mau cheiro e reduz muito de tamanho.
Resíduos vegetais: restos de culturas e plantas daninhas, capim, folhas, palhas, bagaço de cana e outros; Resíduos domésticos: cascas de frutas e hortaliças, restos de comida (com exceção de carnes), casca de ovo, erva de chimarrão e outros; Esterco fresco de animais. Modo de fazer o composto Escolher terreno bem drenado, não sujeito a encharcamento e próximo a fontes de agua; marcar no chão uma área de 1,5 a 2 metros de largura por 4 a 5 m de comprimento; colocar varas grossas (bambu, madeira, etc) no sentido do comprimento da pilha e transversal, com o objetivo de movimentar a pilha e facilitar a entrada de ar, nos primeiros 30 dias; colocar a primeira camada com 15 a 20 cm de altura de restos vegetais e se houver, resíduo domestico; colocar uma camada em torno de 5 cm de esterco fresco de animais; repetir as camadas até 1,5 a 2 m de altura; a cada camada de restos vegetais, irrigar sem encharcar; recobrir a pilha com uma camada de palha; realizar, pelo menos, um revolvimento da pilha de compostagem ou então, movimenta-la com auxílio das varas, uma vez por semana, nos primeiros 30 dias, para permitir uma boa aeração da compostagem; caso não chova, irrigar a pilha para evitar a temperatura excessiva
e o secamento; em épocas de chuvas torrenciais e frequentes, recomenda-se cobrir o composto; depois destas etapas, é só deixar o calor e as bactérias trabalharem. Fatores que influem na compostagem Aeração: a compostagem é um processo de fermentação aeróbica, daí a necessidade de nitrogênio; Umidade: a matéria orgânica para a compostagem deve ter umidade em torno de 50%. Na prática, verifica-se a umidade quando, ao pegar o material, observa-se que o mesmo está úmido, sem escorrer água ao ser comprimido; Temperatura: os microrganismos decompositores são termofilicos, ou seja, geram e precisam de calor. Em função disso, a temperatura do composto deve alcançar 65ºC nos três primeiros dias e manter-se em torno de 55ºC pelo menos durante um mês. A esta temperatura, os microrganismos causadores de doenças e as sementes de plantas daninhas são inviabilizados. Uma maneira prática de verificar a temperatura é através da introdução de um pedaço de ferro até o fundo da pilha; passados 5 minutos, retira-se o ferro e segura-se a ponta que estava dentro da pilha. Se puder segura-lo por mais de 1 minuto, a temperatura do composto está adequada. Cuidados com o composto Manter a ventilação e a umidade suficientes para a ação dos microrganismos, pois a presença do ar e a umidade é que determinam a velocidade da decomposição da matéria orgânica. Em média, dependendo do material disponível e dos cuidados, após quatro a cinco meses, o composto está pronto para o uso.
Concluindo O composto melhora a qualidade do solo e reduz a contaminação e poluição ambiental; estimula o exercício à cidadania pela contribuição na diminuição do lixo destinado aos aterros sanitários; melhora a eficiência dos fertilizantes químicos; economiza espaços físicos em aterros sanitários; recicla os nutrientes e elimina agentes patogênicos dos resíduos domésticos. Além de ser uma fonte de nutrientes (N, P, K e outros) de custo baixo, a adição de matéria orgânica do composto melhora a estrutura física do solo, proporcionando aos solos arenosos maior retenção de água e de nutrientes, enquanto nos solos argilosos aumenta a porosidade, melhorando a sua aeração. Aumenta também a população de microrganismos benéficos, como bactérias e fungos, que disponibilizam os nutrientes minerais do solo para as plantas. Enfim, a compostagem traz benefícios econômicos, sociais e ambientais. • ENGENHARIA • ARQUITETURA • AGRONOMIA •
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