Corpo e Saúde - Edição 15

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Ano II - Nº 3 - Agosto/2014

VISÃO

As modernas técnicas de correção visual Pág . 12

Doença de Alzheimer

Os sintomas e o tratamento clínico e fisioterápico Pág.06

VALOR SUGERIDO

R$ 10,00 67399400

CORTESIA

Os segredos do rejuvenescimento facial. Pág. 03



A identidade preservada através do rejuvenescimento facial Rafael de Almeida Tirapelle Cirurgião Plástico A identidade humana é determinada primeiramente pela face: sua estrutura, aparência e expressões. As alterações determinadas pela idade que afetam a face podem levar o indivíduo a sentir que sua identidade mudou ao longo do tempo, dessa forma a cirurgia de rejuvenescimento facial é indicada para aquelas pessoas que estão incomodadas com os sinais de envelhecimento em seu rosto. As alterações decorrentes da idade ocorrem em todas as regiões da face, no entanto, as mudanças do terço inferior geralmente são as mais aparentes. As modificações incluem o desenvolvimento de linhas profundas na região frontal, periorbital e ao redor da boca, queda dos supercílios, flacidez e excesso de pele nas bochechas, linha da mandíbula e pescoço, além de dobras na região cervical. A ritidoplastia (lifting facial) pode ser realizada usando-se várias incisões e técnicas cirúrgicas diferentes, dependendo de cada caso e da preferência do cirurgião. As opções de cirurgia incluem um lifting tradicional, lifting com incisão limitada ou Iifting de pescoço. Uma incisão de lifting tradicional, muitas vezes, começa no couro cabeludo na região temporal, continua em torno da orelha e termina na parte inferior do couro cabeludo. A gordura pode ser esculpida ou redistribuída na face, na papada e no pescoço. O tecido subjacente é reposicionado comumente nas camadas mais profundas da face, e os músculos são elevados. Uma segunda incisão, abaixo do queixo, pode ser necessária para melhorar o aspecto de envelhecimento no pescoço. Suturas ou adesivos de pele são usados para fechar as incisões. Na região do terço superior, atualmente, a cirurgia endoscópica é muito utilizada. Através desta técnica, o cirurgião faz pequenas incisões logo acima da linha do cabelo e insere uma câmera de endoscopia, que, com o auxílio de instrumentos especiais, permite o reposicionamento dos tecidos com redução da extensão das cicatrizes e um pós-operatório com menor morbidade. Outra cirurgia geralmente associada à

ritidoplastia é a cirurgia das pálpebras (blefaroplastia), que tem por objetivo melhorar a aparência da região ao redor dos olhos. A duração de um lifting facial é de aproximadamente duas horas e meia a três horas, dependendo da extensão do tratamento e a anestesia geralmente utilizada é a geral, mas a(o) paciente recebe alta no primeiro dia de pós-operatório. Embora já se sinta apto a retornar ao trabalho em uma ou duas semanas, recomenda-se evitar atividades pesadas, como a prática de exercícios ou levantamento de peso, por até quatro semanas, de modo que seu corpo tenha tempo suficiente para se recuperar. Os primeiros resultados normalmente aparecem logo após o procedimento, ficando ainda mais evidentes após o primeiro mês, à medida que o inchaço e os hematomas vão desaparecendo. Como o processo de cicatrização é diferente em cada pessoa, o resultado final pode demorar meses. Apesar da cirurgia de rejuvenescimento facial não impedir o processo de envelhecimento, ele pode diminuir drasticamente a flacidez da pele, as rugas e o afundamento do rosto, mantendo ou resgatando o aspecto jovial da face por muitos anos.

Rafael de Almeida Tirapelle

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EDITORIAL Durante décadas, a principal prescrição para a correção visual era a confecção e utilização de óculos, que se tornou utensílio indispensável para a qualidade de vida de muitas pessoas. As fábricas de lentes e armações evoluíram e se modernizaram, desenvolvendo novas tecnologias e layout, acompanhando a necessidade e desejo dos usuários. Mas a medicina, em especial a oftalmologia, deu um salto em evolução. Foram desenvolvidas novas técnicas de correção visual, utilizando cirurgias delicadas e seguras, além de equipamentos ultramodernos, capazes de procedimentos milimétricos. Este número da revista Corpo & Saúde traz uma matéria com o oftalmologista Mário Alberto Corso, que fala sobre as várias alternativas para a correção de defeitos visuais como miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia, que durante muito tempo só podiam ser solucionados com a utilização das lentes. Outro assunto interessante desta edição é a Doença de Alzheimer, abordado pela ótica da geriatra Bernardete Michelin Machado, da assistente social Silvia Zanella Baratto e do fisioterapeuta Jacson Luiz Da-

nielli. Também temos nesta edição o nefrologista Maurício Rezende Gomes explicando a relação da diabetes com as doenças renais, e a cirurgiã dentista Manoela De Gregori alertando sobre um hábito que atinge grande parte da população: o bruxismo. Tratando de estética e as marcas do envelhecimento, o cirurgião plástico Rafael Tirapelle fala das técnicas utilizadas pela cirurgia plástica para manter uma aparência mais jovem. A preparadora física Claudia Barcarol alerta para os benefícios de manter a atividade física também no inverno. A nutricionista Kerli Fusinatto explica as diferenças entre os peixes de água doce e água salgada. E claro, a coluna Papo de Mulher, onde a ginecologista Iara De Bortoli responde os e-mails das nossas leitoras. Muitos assuntos tratados na revista Corpo & Saúde são sugeridos pelos leitores, são dúvidas ou fazem parte do seu dia a dia, por isso, desejamos que sua leitura seja proveitosa. Corpo & Saúde

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O Papo de Mulher deste mês aborda duas questões muito comuns em dois momentos diferentes da vida feminina. A primeira, durante o período pré-menstrual, quando muitas mulheres sofrem com cólicas. A segunda, no climatério, os famosos calorões. Os assuntos são velhos conhecidos do público feminino, mas, para conseguir driblá-los, é sempre bom saber o que os especialistas ainda podem nos esclarecer. Sendo assim, confira o que a médica ginecologista Iara De Bortoli tem a dizer sobre esses dois temas. Cara leitora, lembramos ainda que caso tenha algum questionamento, envie e-mail para papo_de_mulher@ yahoo.com.br. Sua pergunta será respondida e sua identidade preservada. Leitora: Porque sentimos cólicas na menstruação? Dra. Iara - A dismenorreia ou menstruação dolorosa é caracterizada por dor no abdômen inferior, associada ao fluxo menstrual, também podendo se apresentar como dor na região lombar ou dor na raiz da coxa. Pode estar associada à náusea, diarreia e cefaleia. É muito comum em adolescentes e causa frequente de abstenção escolar, pois, em alguns casos, a dor é muito forte.

res jovens e adolescentes, não se pode esquecer que existem também outras situações que levam ao aumento exagerado da cólica no período menstrual, como doença inflamatória pélvica, uso de DIU (Dispositivo Intrauterino), varizes pélvicas, estenose do colo cervical e endometriose. Essa última nunca deve ser subestimada, principalmente se a dor for muito intensa e acompanhada de outros sintomas, sendo muito importante a observação do paciente a estes sintomas e a procura de um profissional para diagnóstico da causa e tratamento adequado.

A dor é causada principalmente porque, neste período, há muita produção de prostaglandinas, e esta substância produz aumento da contratilidade uterina, que causa isquemia e consequente dor. Apesar de ser uma queixa comum entre as mulhe-

Dra. Iara - Menopausa corresponde ao último período menstrual e somente é determinada após passar 12 meses da sua ocorrência. O climatério é um acontecimento fisiológico da vida da mulher, quando várias modificações ocorrem de maneira simultânea e altera vários órgãos e sistemas do corpo feminino. E esta fase se inicia bem antes da menopausa. Um dos sintomas mais comuns do climatério é o fogacho, que é proveniente da queda dos níveis de estrogênio, que promove um desequilíbrio no sistema termorregulador da mulher. É descrito como uma onda forte de calor na face, pescoço, tronco e braços, seguido de rubor (vermelhidão) e sudorese e pode ocorrer várias vezes e, principalmente, à noite. A intensidade varia muito de cada mulher, uma vez que algumas referem não ter este sintoma, e, em contrapartida, outras descrevem como muito desconfortável, e relacionado à insônia e irritabilidade. O importante é que este sintoma, bem como todas as outras alterações da menopausa, podem ser tratados, na maioria das vezes.

Leitora: Por que algumas mulheres sentem calorões na menopausa?

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Doença de Alzheimer Orientação especializada na busca da qualidade de vida Nileiza Durand

É através da orientação especializada que o cuidador do paciente da Doença de Alzheimer e seus familiares saberão como intervir. Quando há o diagnóstico da doença, a falta de conhecimento de como tratá-la, aumenta a ansiedade e, consequentemente, a estrutura funcional que a familia tinha ao longo do seu desenvolvimento. O Grupo de Cuidadores com a Doença de Alzheimer sob a coordenação e fiscalização da ABRAZ, em parceria com o Sesc Xanxerê, e voluntárias profissionais da saúde -assistente social Silvia Zanella Baratto, enfermeira Eleni Canelo e a médica geriatra Bernardete Michelin Machado- realizam encontros que objetivam o debate de familiares e cuidadores em torno de práticas que auxiliem no cuidado e na melhor qualidade de vida da pessoa doente de Alzheimer, além de orientar e motivar o cotidiano do cuidador, ou seja, cuidar do cuidador, pessoa que está em tempo integral com o paciente. De acordo com a assistente social, Silvia Zanella Baratto, trabalhos com grupos de cuidadores são importantes para que estas pessoas possam ser incentivadas a mudar seus estilos de vida no sentido • Julho 2014 • 06

de se adaptarem melhor em cada fase da doença. A socialização é estimulada através do convívio com o grupo e a troca de experiências. “Por isso, a importância de um acompanhamento, mesmo que seja mensal, por profissionais que já estão trabalhando com a Doença de Alzheimer”, argumenta a profissional. Em Xanxerê, os encontros acontecem todas as últimas terças-feiras de cada mês, às 19 horas, com atividades grupais. Conhecer mais sobre a doença, as formas de prevenção e cuidados facilita e minimiza a tensão para o indíviduo que convive com um portador da doença. “Pode-se exercitar a memória, a atenção e a percepção com atividades muito simples, como: dançar, jogar baralho, fazer palavras cruzadas, praticar jogos de memorização, participar de oficinas artesanais, evitar os mesmos caminhos, ou seja, a rotina, além de tantos outros recursos similares que contribuem expressivamente para um convívio harmonioso”, sugere a assistente

social Silvia. Segundo a profissional, mesmo com todos os avanços da ciência, ainda não se sabe as causas da Doença de Alzheimer, o que dificulta a possibilidade de tratamento mais efetivo. “Deve-se, então, procurar melhorar a qualidade de vida do doente e de seus familiares cuidadores”. Paciência, carinho da família, dos cuidadores e da comunidade são elementos importantes para adequar a rotina de cuidar da pessoa com a Doença de Alzheimer. “Um aspecto pouco lembrado é que antes da doença, a pessoa foi pai, mãe, cônjuge, irmão ou irmã por um longo período da vida e agora necessita que os papéis se invertam”, lembra Silvia.


Conhecendo a doença de Alzheimer O envelhecimento define-se como a perda da capacidade funcional, marcado por um processo dinâmico, progressivo e gradativo, com modificações morfológicas, funcionais e bioquímicas. Nesse contexto, encontram-se entre as mais comuns às doenças cardiovasculares, neoplasias, diabetes, doenças reumáticas e as doenças

o funcionamento social e a qualidade de vida, elas deixam de ser aceitáveis e passam a ser indicadores de uma possível demência”, explica a médica. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência representando 50 a 70% do total das demências. “A idade é um dos fatores de risco no desenvolvimento das demências e da doença de Alzheimer em particular”, esclarece a geriatra Bernardete.

vários anos. A doença de Alzheimer manifesta uma grande degeneração de áreas especificas do cérebro, principalmente nas responsáveis pela aprendizagem, memória e outras funções cognitivas. Marcada também por distúrbios do comportamento e afeto, tornando o individuo cada vez mais dependente de outra pessoa. Na maioria das vezes atinge homens e mulheres com 60 anos ou mais. O fator ge-

degenerativas. De acordo com a geriatra Bernardete Michelin Machado, o envelhecimento se caracteriza por um declínio do funcionamento de atividades fisiológicas e cognitivas. “Assim, no momento que as dificuldades progridem e torna-se graves o suficiente para prejudicarem o desempenho profissional,

Para a Classificação Estatística de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, da Organização de Saúde- CID, define-se a Doença de Alzheimer como: doença cerebral degenerativa primária de etiologia desconhecida. O transtorno é usualmente insidioso no início e se desenvolve lentamente e continuamente, durante um período de

nético é observado em cerca de 5% dos casos e se manifesta geralmente abaixo dos 45 anos. A importância da prevenção

A médica Bernardete reforça os principios da prevenção baseando-se em fatores que promovam o fortalecimento da memória, assim


pode-se citar alimentação saudável com prioridade na diminuição das gorduras, uso de verduras verdes, evitar tabagismo e álcool, prática de exercícios físicos ações e oficinas que fortaleçam a atividade da mente. Para a profissional, alguns sintomas da doença de Alzheimer são comuns, porém, as características de personalidade são alternadas e desta forma cada pessoa responderá aos sintomas de maneira individual. Os sintomas de esquecimento, desorganização e desorientação de espaço e tempo aparecem em momentos diferentes para cada pessoa. “Por isso, a importância do apoio ao cuidador, pessoa que acompanhará em tempo integral o paciente”, reforça a geriatra. Ao referir-se a um idoso portador de uma doença degenerativa, além do desafio em lidar com as questões próprias desta etapa de vida, há um elemento muito mais complicador e que demanda uma reestruturação de todo o sistema e uma revisão dos papeis e valores que cercam a família. Deste modo, lidar com as limitações, a necessidade de ajuda, torna-se um desafio, pois o amor, o respeito e a confiança são abalados quando há a necessidade de assumir a responsabilidade pelo cuidado de alguém que sempre foi o cuidador, o provedor. O cuidador é aquela pessoa que está a qualquer hora a disposição do doente auxiliando em todas as necessidades diárias.

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As fases da Doença de Alzheimer

As características da doença estão associadas a três principais fases. Estas fases ou estágios evoluem de diferentes maneiras sendo divididas em: fase inicial, fase intermediária e fase avançada.

Fase inicial: Neste primeiro momento, estágios leves já se evidenciam alguns lapsos da memória recente, confusões, desorientação, dificuldade progressiva em relação às atividades do cotidiano, mudanças na personalidade. Entre os primeiros sinais citados como exemplo estão: esquecer o fogo aceso, trocar ingredientes e por objetos em lugares inadequados. Tais ações são pequenas e não chamam a atenção, levando um certo tempo para a família perceber que a pessoa não está bem. Ao longo desta fase, observa-se confusão espaço temporal (não lembrar de palavras em uma conversa, ou perder-se em trajeto conhecido), mudanças no humor repentinas, ritmo mais lento, dificuldades em lidar com dinheiro e controlar as contas, dificuldades de julgamento e de iniciativa em determinadas situações: descuido com a aparência e higiene pessoal.

ria acentuada com aumento das dificuldades da vida diária, em especial nas formas de vestir-se, banhar-se e alimentar-se. Ocorrem ainda, delírios, agitação noturna, alteração no sono, dificuldade de comunicação através da leitura e da escrita é perdida, e em alguns casos, são frequentes sintomas como medo, ansiedade, alucinações, necessitando de intervenção psiquiátrica. Com o tempo aparecem comprometimentos da parte motora, variação do sono e, por isso, torna-se necessário a presença de um cuidador, que sofre uma sobrecarga de trabalho, já que o paciente encaminha-se para uma total dependência.

Fase avançada: Neste estágio da doença o paciente depende totalmente de um cuidador, muitos necessitam de sondas para se alimentar e fisioterapia para evitar o atrofiamento muscular. Essa fase é marcada por uma angustia aumentada, pois o doente perde a sua idenFase intermediária: Nesta fase tidade e a família tem de lidar com percebe-se uma perda de memó- essa indiferença.


Tratamento fisioterápico para a Doença de Alzheimer

O objetivo é ajudar o paciente para que ele continue a se sentir capaz, fazendo por si próprio o que pode ser feito com segurança Nileiza Durand

O Mal de Alzheimer é uma doença neuropsiquiátrica progressiva do envelhecimento, caracterizada pela morte gradual das células nervosas do cérebro, os neurônios. As causas são pouco conhecidas e o quadro clínico apresenta, como uma das características mais conhecidas, a perda da memória. Alguns pacientes também podem desenvolver uma marcha arrastada, com rigidez muscular generalizada, associada à lentidão e inadequação do movimento. O fisioterapeuta Jacson Luiz Danielli diz ainda que alguns pacientes possuem com frequência um

aspecto parkinsoniano, mas raramente tem tremor em repouso. Para Jacson, o tratamento fisioterápico, nesse caso, visa habilitar o indivíduo comprometido funcionalmente a novamente desempenhar suas Atividades da Vida Diária (AVD) da melhor maneira e pelo menor tempo possível, com mais autonomia. Os principais aspectos da assistência são preventivos, elaborados para manter o indivíduo mais ativo e independente. “No maior grau que for possível, a atividade deve ser encorajada para manter a força, Amplitude de Movimento (ADM)

e estado de alerta”. O fisioterapeuta explica que os familiares e cuidadores devem auxiliar somente no que for absolutamente necessário, para que os pacientes continuem a realizar sozinhos o máximo de AVD possíveis. “O paciente precisa ser capaz de lembrar o comando, identificar o objeto (exemplo: escova de dente), e realizar a ação motora”. O processo de reabilitação também inclui a realização de modificações ambientais necessárias para a segurança do paciente e de modo que esse possa viver em um ambiente o mais aberto possível.


“Quedas podem acontecer devido aos riscos ambientais (iluminação inadequada, pisos escorregadios, tapetes soltos, etc.). Tais riscos devem ser evitados. Os ambientes devem manter uma apresentação familiar (não mudar a disposição da mobília desnecessariamente) e barras presas na parede e corrimãos devem ser instaladas nos locais necessários”, orienta. As técnicas de fisioterapia serão as mesmas usadas nas pessoas de terceira idade que não apresentam demência, mas a maneira de abordá-las exige habilidade especial. “O paciente pode não parecer interessado em saber como a falta de flexibilidade articular, a fraqueza muscular ou o edema poderão afetá-lo, não tem condições de entender a relação que existe. O preparo de explicações claras e simples darão melhores resultados. A instrução deverá ser repetida da mesma forma, o emprego das palavras diferentes poderá confundir o paciente. Não é aconselhável entrar em conversas desnecessárias, pois podem desnorteá-lo mais ainda”, lembra ele. O fisioterapeuta Jacson salienta ainda que são comuns as altera-

ções de sensibilidade, por isso, deve-se evitar a eletroterapia e os equipamentos que exigem colaboração de participação subjetiva do paciente. O calor somente deve ser usado nos que são capazes de reconhecer e dizer quanto é demasiado quente.

Objetivos da reabilitação fisioterápica

• Diminuir a progressão e efeitos dos sintomas da doença; • Evitar ou diminuir complicações e deformidades; • Manter as capacidades funcionais do paciente (sistema cardiorrespiratório); • Manter ou devolver a ADM funcional das articulações; • Evitar contraturas e encurtamento musculares (imobilização no leito); • Evitar a atrofia por desuso e fraqueza muscular; • Incentivar e promover o funcionamento motor e mobilidade; • Orientação sobre as posturas corretas; • Treino do padrão da marcha; • Trabalhar os padrões do funcionamento sistema respiratório (fala, respiração, expansão e mobilidade torácica); • Manter ou recuperar a independência funcional nas Atividades de Vida Diária. • Julho 2014 • 10

O estabelecimento de metas realizáveis no tocante à mobilidade é muito útil. “Mesmo as realizações mais modestas merecem ser recompensadas por parabéns e pelo interesse que o fisioterapeuta demonstra pela pessoa”. A meta da reabilitação precisa ser


redefinida para assegurar que o paciente permaneça seguro, independente e capaz de realizar AVD e atividades instrumentais da vida pelo máximo de tempo que for possível. De acordo com Jacson, o processo de reabilitação pode começar enquanto o trabalho de diagnóstico está ainda sendo realizado, o que pode tornar a forma de treinamento básico em AVD. Isso inclui o treinamento de atendentes para a assistência de paciente e a realização de modificações ambientais necessárias para a segurança da pessoa confusa, de modo que essa possa viver em um ambiente o mais aberto possível. Uma vez que o diagnóstico tenha sido estabelecido, pode ser feito o planejamento cuidadoso para a assistência. A intervenção fisioterápica para assistir o paciente e treinar os atendentes envolve a facilitação dos movimentos e planejamento motor e o desenvolvimento ou refinamento de pistas ambientais e cognitivas para ajudar a realizar tarefas complexas. O fisioterapeuta salienta que a primeira meta da reabilitação é criar um ambiente (emocional e físico) que dê suporte (trabalhar ativa-

mente para compensar as perdas cognitivas específicas dos pacientes na medida em que forem ocorrendo gradualmente). “A meta final é ajudar os pacientes a sentirem que eles são capazes, de modo que continuem a tentar fazer por si próprios as coisas que possam fazer com segurança, independentemente de permanecerem em suas casas ou estarem vivendo em uma instituição”. Segundo Jacson, o fisioterapeuta pode contribuir muito com a melhora da qualidade de vida do paciente e da família. Por isso, o tratamento fisioterápico consiste basicamente no trabalho da atividade motora, que engloba desde exercícios ativos, passivos, autoassistidos, contra-resistência, isométricos, metabólicos, isotônicos, ou seja, qualquer tipo de movimento é bem-vindo no tratamento. A fisioterapia busca melhoria na qualidade de vida do paciente, uma vez que a pessoa com Alzheimer necessita de uma reabilitação global, envolvendo uma equipe multidisciplinar. A fisioterapia tem um papel fundamental tanto na reabilitação motora quanto no retorno às relações interpessoais e na obtenção de independência por parte do paciente. “Existe a busca de uma melhor qualidade de vida para os pacientes e dos vários tipos de tratamento para a Doença de Alzheimer, com o objetivo de amenizar os sintomas. Porém, enquanto não for descoberta a etiologia dessa patologia, torna-se difícil chegar à cura dessa doença”, argumenta o profissional.

Jacson Luiz Danielli


Independência dos óculos: As modernas alternativas para correção visual Mário Alberto Corso Oftalmologista

Na vida profissional, social ou na prática de esportes, a necessidade do uso de correção visual sempre causa algum tipo de desconforto, seja por questões funcionais ou estéticas, o fato é que, por mais que estejamos habituados ao seu uso, a independência do uso de óculos ou lentes de contato nos traz mais liberdade. Liberdade de praticarmos espor-

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tes, como jogar vôlei, futebol ou natação, liberdade de irmos a um jantar, festa ou baile, de conseguirmos reconhecer os amigos à distância, ou de lermos um cardápio ou atendermos o telefone, e de acordar sem imediatamente depender do óculos ou das lentes de contato. Atualmente, existem diversas alternativas para nos tornarmos

mais independentes em termos de necessidade de correções visuais. A oftalmologia foi uma das especialidades médicas que mais evoluiu nos últimos 50 anos e as correções dos defeitos visuais, como Miopia, Astigmatismo, Hipermetropia e Presbiopia acompanharam essa evolução. Para isso, existem desde implantes de dispositivos intracorneanos (implantado dentro da membrana transparente que fica na frente da parte colorida dos olhos), passando pelas lentes intraoculares (que são implantadas na parte interna do olho) e o excimer Laser (que modifica ou corrige o formato da superfície da córnea, na parte anterior do olho). Cada procedimento desses ou solução pode ser diferente para cada tipo de paciente ou de defeito visual, algumas vezes necessitando associar dois procedimentos, ou até mais, para um resultado mais satisfatório.


Miopia, Astigmatismo e Hipermetropia: o método mais consagrado e mais utilizado Para a correção de Miopia, Astigmatismo e Hipermetropia, o

mais indicado é a cirurgia Refrativa por Excimer Laser. Nesses casos, o procedimento é realizado modificando-se a superfície da córnea (que é a membrana transparente que existe na parte anterior dos olhos), para se conseguir a correção do defeito visual. Existem dois modos mais utilizados para preparar o olho para a aplicação do laser: o PRK e o Lasik. No chamado PRK, remove-se o epitélio, que é a primeira das camadas da córnea, para a aplicação do laser e utiliza-se uma lente de contato terapêutica até que o olho refaça esta camada. Já no Lasik, cria-se, de maneira automatizada, através do chamado Femtolaser, ou de um aparelho chamado microcerátomo, uma pequena membrana chamada Flape, que é elevada para a aplicação do laser e depois reposicionada em seu lugar. Ambas, PRK ou Lasik, apresentam resultados visuais finais excelentes e similares, embora o Lasik tenha uma recuperação visual mais rápida e com maior conforto, quando comparado ao PRK, que pode ter uma recuperação mais lenta e desconfortável, dependendo da sensibilidade do paciente. Existem situações em que a cirurgia de correção por Excimer Laser pode ser contraindicada, e nestes casos pode-se avaliar a possibili-


dade de outros procedimentos, como as lentes de implante intraocular.

Presbiopia A presbiopia é a perda de capacidade de focalização das imagens próximas, que apresentamos normalmente depois dos 40 anos, independentemente de termos boa visão antes ou de já usarmos óculos. Os modernos aparelhos de Excimer Laser permitem a modificação de curvaturas da córnea, de modo a permitir um aumento da capacidade

de foco para a compensação da visão de perto, o que é realizado normalmente, fazendo-se com que um dos olhos compense mais a visão de longe e o outro, a visão de perto. Nos casos em que o laser não possa ser indicado, existe a possibilidade de correção visual com compensação da visão de perto, através dos implantes de lentes intraoculares, que podem ser monofocais ou as chamadas multifocais. O procedimento de implante de lentes intraoculares, apesar de muito seguro, é, no entanto, mais

invasivo e sujeito a complicações mais graves, sendo normalmente reservado, conforme resoluções do Conselho Federal de Medicina, para casos específicos ou que apresentem alguma doença associada, como a Catarata, por exemplo, que justifique o procedimento. Atualmente, toda cirurgia de Catarata é também uma oportunidade para o médico oftalmologista e o paciente tentarem diminuir ao máximo a dependência do uso de óculos, através da escolha de lentes intraoculares mais adequadas a cada caso. Voltando ainda ao assunto do Excimer Laser, mesmo após sua popularização, após a década de 80, com milhões de olhos já operados em todo o mundo, as empresas de tecnologia continuam a investir para a melhora dos resultados. Um exemplo é a Cirurgia Refrativa Personalizada. Até recentemente, a correção visual a laser se resumia à correção do grau usado pelo paciente. No campo da física, os graus que usamos em óculos corrigem as chamadas Aberrações de Baixa Ordem (Miopia, Astigmatismo e Hipermetropia). Até então, não eram levadas em conta as chamadas Aberrações de Alta Ordem, que é um termo utilizado em física para descrever as outras alterações de distorção de imagem. Assim, quando corrigíamos duas pessoas diferentes com um mesmo grau, o laser trabalhava da mesma maneira nas duas pessoas, ignorando as diferenças que os olhos têm, pois mesmo com graus iguais, não existem dois olhos iguais. Pioneira nessa área, a Visx/Abbott pesquisou e desenvolveu um sistema de avaliação visual, chamado Aberrômetro, que consegue medir


dos procedimentos de correção visual tenham avançado muito, não existe um procedimento absolutamente sem riscos e ideal para todos. Cada caso deve ser avaliado individualmente. Há que se atentar também para o fato de que o olho humano é um órgão em contínuo processo de mudança e envelhecimento, como todo organismo vivo, e a cirurgia de correção refrativa em oftalmologia é um conjunto de procedimentos para melhora da qualidade de vida através da diminuição da dependência do uso de correção visual, mas trata-se de procedimento para a vida, não para toda a vida. No caso de optar por realização de um procedimento de correção visual, procure profissionais capacitados e certificados, com experiência na área, discuta as opções e tecnologias disponíveis e aplicáveis ao seu caso e procure saber sobre os benefícios e limitações de cada uma, assim como seus riscos e benefícios. as variações da passagem da imagem e formação da visão em um olho humano com 25x mais precisão que os métodos utilizados para óculos ou lentes de contato. Este sistema consegue também registrar características únicas da íris de cada olho, e repassa ao sistema de aplicação cirúrgica do aparelho de laser, de modo que a cirurgia é aplicada de maneira única e individualizada, para cada olho, de cada indivíduo, pois não existem dois olhos iguais. Esta tecnologia de correção visual patenteada e única da Visx, chamada

correção Advanced CustomVue, permite maior segurança, pois não admite a cirurgia em caso de não reconhecimento da íris do paciente; maior eficiência, pois corrige de maneira objetiva o defeito visual em questão; e maior precisão, pois permite o reconhecimento e a correção das chamadas Aberrações Ópticas de Alta Ordem, melhorando a qualidade visual, além da correção do grau, melhorando a qualidade de visão noturna e a percepção visual de detalhes. Embora a precisão e segurança

Mário Alberto Corso


Diabetes e a relação com doenças renais Maurício Rezende Gomes Nefrologista

A Diabete Melito é uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis da glicose (açúcar) no sangue e é uma das maiores causas de doença renal com necessidade de diálise. Existem mais de 190 milhões de pessoas com diabetes no mundo e as projeções são que este número aumentará muito nos próximos anos, associados a fatores como urbanização, obesidade, envelhecimento da população, sedentarismo e o avanço nos tratamentos terapêuticos. Nem todo diabético vai desenvolver a Nefropatia Diabética, que é como se chama a doença renal causada pelo Diabete. Estima-se que aproximadamente 25% dos pacientes com Diabete tipo I, que necessita do uso de insulina desde o início do tratamento, e 5-15% dos diabéticos tipo II, irão evoluir com doença renal. Hoje, cerca de 35% das pessoas em tratamento dialítico têm como causa a Diabete. A Nefropatia Diabética apresenta pelo menos três fases evolutivas: a inicial, a incipiente e a clínica e, normalmente, os pacientes progridem continuamente através dessas fases. A fase inicial é caracterizada por ser absolutamente assintomática e praticamente não apresentar alterações significativas nos exames, pois a pressão arterial é normal. Na fase incipiente, ocorre aumento na perda de proteínas pela urina, que é chamada microalbuminúria e, normalmente, começam as alterações de pressão arterial e distúrbios de colesterol. É importante salientar que os riscos de complicações cardiovasculares e os danos na estrutura do tecido do rim já estarão presentes. Na fase da nefropatia clínica, os sintomas estão mais presentes, ou seja, a perda de proteínas pela urina aumenta significativamente, os “inchaços” podem estar presentes, assim como as outras complicações da Diabete, como as dores nas pernas (neuropatia), diminuição da visão (retinopatia) e a hipertensão es• Março 2013 • 16

tará presente em 70 a 90% dos casos. Além disso, há aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos, o que ocasiona diminuição da capacidade de funcionamento dos rins, e os danos ao tecido renal já serão irreversíveis. O tratamento da Nefropatia Diabética visa retardar ou reverter o processo evolutivo da doença, e a efetividade das diferentes intervenções varia conforme o estágio da doença. O controle intensivo dos níveis de glicemia, de colesterol, de triglicerídeos, da hipertensão arterial e da dieta controlada serão mais efetivos nas fases mais precoces, em que as alterações são potencialmente reversíveis. A Nefropatia Diabética é muito importante tanto pela sua prevalência quanto pela morbidade e à mortalidade associada, e a obtenção de um controle metabólico estrito é ainda a forma mais eficaz de evitar a sua instalação, por isso, a importância do acompanhamento médico regular e o encaminhamento para o nefrologista nas fases inicias, que podem evitar as complicações e a evolução para uma doença renal terminal.

Maurício Rezende Gomes



Bruxismo atinge até 90% da população estudada Manoela De Gregori Cirurgiã Dentista

Bruxismo pode ser definido como um hábito parafuncional que consiste em movimentos involuntários ritimados e espasmódicos de ranger ou apertar os dentes, ocorrendo normalmente durante o sono. Alguns autores dividem o termo bruxismo em cêntrico, ato de apenas apertar os dentes, ou excêntrico, quando além de apertar os dentes há também o ranger dos dentes, porém, ambos sempre involuntários. Há discrepância sobre a definição precisa do bruxismo, alguns autores o definem como atividade parafuncional diurna ou noturna e outros alegam que este hábito ocorre exclusivamente durante o sono. De modo geral diz-se bruxomania para definir esse movimento de apertar, ou ranger dos dentes, quando a pessoa se encontra acordada. É importante destacar, para entendimento conceitual, que o bruxismo não é necessariamente uma doença. Trata-se mais de uma disfunção. É perfeitamente possível que alguns portadores de bruxismo não tenham maiores consequências para o sistema mastigatório. O aspecto mórbido ou doentio pode ser pensado quando este hábito funcional leva à algum prejuízo do sistema mastigatório ou desencadeia sintomas de desordens

temporomandibulares como, por exemplo, a artrite temporomandibular (ATM). O esmalte dentário é o primeiro a receber os prejuízos do bruxismo, e o desgaste anormal dos dentes é o sinal mais frequente da anomalia funcional. O padrão de desgaste dental do bruxismo prolongado é, frequentemente, não uniforme e mais severo nos dentes anteriores. A maior importância do bruxismo ainda se deve à sua relação com a dor muscular da articulação temporomandibular (ATM) e alguns tipos de cefaléia (dores de cabeça). Alguns trabalhos estimam entre 6 e 20% dos adultos e em torno de 14% das crianças a incidência do bruxismo. Entretanto, sinais e sintomas de bruxismo são observados entre 80% e 90% das populações estudadas, sugerindo que, ou essas pessoas apresentam bruxismo inconscientemente ou já o tiveram. Parece ainda que o bruxismo diminui com a progressão da idade, predominantemente depois dos 50 anos. Quanto à distribuição nos sexos, alguns autores encontraram uma maior frequência do bruxismo em mulheres. As causas normalmente estariam relacionadas a fa-


tores psicológicos, como tensão emocional, agressão reprimida, ansiedade, raiva, medo, frustrações e estresse. A frequência e a severidade do Bruxismo pode variar a cada noite, e parece estar altamente associado ao estresse emocional e físico. As consequências do bruxismo costumam levar ao desgaste dentário, má oclusão severa, trauma oclusal, fratura dentária e dores em determinados componentes do sistema mastigatório. O bruxismo é considerado uma das causas das desordens temporomandibulares devido à possibilidade de desencadear dor ou disfunção na musculatura mastigatória e/ou articulação temporomandibular.

Como tratar O melhor tratamento para essa disfunção é a utilização de um dispositivo interoclusal (placa estabilizadora) personalizado, confeccionado em resina acrílica, que respeite os conceitos de máxima estabilidade mandibular em relação cêntrica e movimentos excêntricos harmoniosos através de guias específicas (protrusivas e caninas). A função da placa estabilizadora seria para proteger os dentes e demais componentes do sistema mastigatório durante as crises noturnas de bruxismo. Além disso a placa ainda reduziria a atividade elétrica de músculos elevadores da mandíbula, como masseter e temporal, reduzindo assim a atividade tensional. Entretanto, a colocação de placas

constitui-se num tratamento dos sintomas. Para que haja a redução da contração muscular podemos lançar mão de aplicações de toxina botulínica (Botox, o mesmo usado para corrigir rugas de expressão) em pontos específicos da face, afim de promover um relaxamento dos músculos da mastigação. O acompanhamento psicológico e a prática de atividades físicas podem ser importantes coadjuvantes para o tratamento de bruxismo, eliminando os quadros de tensão, estresse ou ansiedade.

Manoela de Gregori


Diferenças entre peixes de água doce e água salgada Kerli Fusinatto Nutricionista

Não é novidade que uma dieta equilibrada deve incluir porções semanais de pescados. Segundo a American Heart Association, o ideal é consumir esse alimento ao menos duas vezes por semana, especialmente os peixes de água fria, como salmão, truta, bacalhau e arenque, porque estão associados à redução da incidência de doenças cardiovasculares. Um estudo divulgado em agosto de 2008, pela Universidade de Pittsburgh (Estados Unidos), mostra que o alto consumo de peixes no Japão pode diminuir o número de ocorrência de doenças cardíacas, pois substitui os alimentos ricos em gordura saturada ou trans, como carnes gordurosas e laticínios integrais. Os peixes são boas fontes de todos os aminoácidos essenciais, substâncias químicas que compõem as proteínas necessárias para o crescimento e a manutenção do corpo humano. São também ótimas fontes de cálcio e ricas em ácidos graxos essenciais.

Peixe de água doce X peixe de água salgada Existem diferenças entre as espécies marinhas e as de água doce. Peixes marinhos são caracterizados por baixos níveis de ômega 6 (ω-6), mas com altos níveis de ácidos graxos altamente insaturados, o ômega 3 (ω-3), quando comparados com os peixes de água doce. Os peixes de água salgada são mais ricos em ômega 3 (ω-3), porque se alimentam de fitoplâncton (algas), que têm grandes concentrações desses ácidos. Os peixes principais, como fontes de ômega-3, são os de águas profundas e frias (salmão, • Março 2013 • 20

atum, bacalhau, arenque, cavalinha, sardinha, truta e anchova). O consumo regular de peixes de água doce é tão saudável quanto ao consumo de peixes marinhos e apresentam um aroma mais suave quando frescos. Porém, devemos observar que os pescados provenientes do mar, por exemplo, têm maior quantidade de sódio e de iodo – este último, importante para o bom funcionamento da glândula tireoide. Portanto, pessoas com problema de hipertensão arterial devem escolher, preferencialmente, peixes de água doce ou consumir o de água salgada com moderação. Os ácidos ω-3 e ω-6 são essencialmente fornecidos pela dieta, uma vez que não são sintetizados pelo organismo humano. O ômega 6 (ω-6) é promotor e inibidor da agregação plaquetária. O ômega 3 (ω-3) tem função no desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso e sistema reprodutivo – apontados como redutores de risco de doenças coronarianas, hipertensão moderada, incidência de diabetes e prevenção de certas arritmias cardíacas e morte súbita. Muitos estudos realizados ao longo do tempo reafirmam a grande participação dos peixes na prevenção de doenças cardiovasculares e no aumento da qualidade de vida das pessoas. A composição de lipídeos (gorduras) do peixe é responsável pelas maiores variações observadas, variando bastante entre diferentes espécies e também dentro da mesma espécie, durante diferentes fases do ano, conforme a idade, estado biológico, tipo de alimentação e estado de nutrição do peixe,


como também a temperatura da água. A quantidade de gordura nos diferentes peixes varia: os mais gordurosos contêm 5-18% e os peixes de carne branca, menos de 2%. Os peixes gordurosos fornecem mais energia ou calorias, por isso os de carne branca mais adequados para as pessoas que querem perder peso, desde que não sendo ingeridos fritos. Hábitos alimentares saudáveis O consumo de peixe é importante em todas as fases da vida, em especial, na infância, para aquisição de hábitos alimentares saudáveis. Os peixes são valiosos porque são adequados para todos os tipos de cardápios e podem ser cozidos, ensopados, assados, crus e apresentados de muitas maneiras. Quem prefere o peixe frito, pode prepará-lo de vez em quando, com pouco óleo vegetal numa frigideira, mas as melhores opções são as preparações assadas, cozidas ou grelhadas. Além da escolha da espécie mais nutritiva, é necessário acertar no preparo para que não se percam vitaminas e para que o alimento não ganhe gordura. O método de preparo deve evitar a utilização de gorduras saturadas e trans. Podem ser inseridos no cardápio através de saladas, sanduíches, pizzas e prato principal. A disponibilidade de diferentes tipos de peixes com textura, gosto e aparência variados é indispensável para um cardápio criativo. O Brasil, devido a sua enorme costa marítima e seus rios, tem fartura de peixe, muito embora os excessos na pesca e a poluição estejam trazendo um efeito prejudicial sobre o fornecimento de certos peixes. Principais cuidados Além do modo de preparo, existem outros cuidados a serem tomados no que se refere ao consumo de peixes. Um dos problemas é o nível de mercúrio que pode existir na carne dos pescados. Alguns peixes, como peixe-espada, cavala, tubarão e cação, são mais suscetíveis à contaminação por metais pesados e toxinas. O ideal é consumir peixes que tenham escamas e barbatanas, como arenque,

salmão, pintado, bacalhau e atum, entre outros, pois as escamas funcionam como barreira à absorção de toxinas, além de serem os recomendados na lei judaica. Na hora da compra, é necessário observar alguns aspectos: a aparência do pescado deve ser boa, os olhos devem brilhar e ocupar todo o espaço da órbita e as escamas devem ser firmes e brilhantes. Vale ainda verificar se a carne está firme e se está bem gelado.

Kerli Fusinatto


Benefícios da atividade física no inverno É necessário mudar o pensamento de que atividade física só se pratica no verão Nileiza Durand

A prática de atividades físicas no inverno melhora o condicionamento e pode evitar problemas de saúde. “É necessário mudar o pensamento de que atividade física só se pratica no verão”, alerta a preparadora física, Claudia Barcarol. O que muitas pessoas não sabem, conforme a preparadora, é que a interrupção de uma atividade física, principalmente, no inverno, fragiliza o organismo, pois a prática regular de exercícios aumenta a resistência orgânica do indivíduo. “É a época em que o corpo mais precisa de movimento”, salienta a especialista. Claudia avalia que, durante o inverno, as pessoas têm menos

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vontade de se exercitar. Com a queda da temperatura, algumas alterações no organismo e de comportamento são observadas. “Como, por exemplo, gripes, resfriados e a tão gostosa preguiça, que afastam as pessoas das academias”, lembra ela. A especialista explica que os benefícios da atividade física, durante o período mais frio do ano, não são diferentes dos benefícios da prática durante as outras estações do ano. Entretanto, o que ocorre é que, como a ingestão calórica aumenta durante o frio, a prática de exercícios físicos deve ser contínua, para que não haja a possibilidade de ter

aumento de peso. “Sentimos vontade de ingerir alimentos mais fortes e gordurosos, que é uma necessidade do corpo em relação ao frio. Com isso, as pessoas tendem a engordar. Assim, ao deixar de praticar a atividade física, o aumento de peso tende a ser ainda maior”. Por outro lado, com o clima mais frio, o corpo irá queimar mais calorias para manter-se aquecido, aumentando seu próprio calor. “Desta maneira, as pessoas que pretendem eliminar peso podem beneficiar-se com as mudanças fisiológicas do corpo, geradas pelo frio, pois pode potencializar os exercícios e aumentar seus efeitos. Portanto, perder peso no inverno é mais fácil”, afirma a preparadora física. No entanto, a especialista alerta que não é possível generalizar, pois os resultados irão depender da quantidade e da intensidade do exercício e, principalmente, dos hábitos alimentares de cada um. De acordo com a profissional, a prática de exercícios no inverno aumenta a disposição para as práticas cotidianas; há uma clara sensação de bem-estar, melhorando o humor, devido ao aumento de endorfina; há o aumento das capacidades car-


diorrespiratórias do praticante, pois há melhora da captação de oxigênio pelas células, prevenção da osteoporose, auxílio no tratamento da hipertensão, aumento da força e da resistência muscular; melhora da captação da glicose pelas células (o que significa um bom auxílio para o tratamento de diabetes); evita dores nas articulações, entre outros. No inverno, o corpo leva mais tempo para se aquecer, por isso, mantê-lo em uma temperatura estável antes, durante e depois da atividade física pode evitar futuras lesões, já que nesse período os músculos ficam ainda mais contraídos e a possibilidade de lesões e dores tendem a aumentar. Tam-

bém existe a possibilidade de ressecamento das vias respiratórias e, para isso, é recomendável uma boa hidratação. “Manter-se ativo, ou dar início a um programa de exercícios físicos no inverno, diminui e evita muitas doenças ligadas ao sedentarismo”, recomenda Claudia. Fazer exercícios físicos, além de ser saudável, torna o coração menos vulnerável às doenças crônicas, que são responsáveis por cerca de 300 mil óbitos no país. Entretanto, Claudia recomenda que é sempre necessário consultar um médico antes de iniciar um trabalho físico. “Cuidado ao fazer exercícios sem orientação. Lembre-se que existem profissionais

capacitados e especializados para isso”. A preparadora explica que, praticando ao menos 30 minutos diários de qualquer atividade física, traz muitos benefícios e, começando agora, é possível chegar ao verão bem melhor e mais em forma do que no verão passado.

Claudia Barcarol



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