Revista Corpo & Saúde - Julho 2013 - 3ª Ed

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Ano 1 - Nº 3 - Julho/2013

FOBIA SOCIAL Quando ser invisível parece a solução - Pág. 14

Direito a medicamentos: O que realmente é direito e o que é mito. Pág. 18

Preço Sugerido R$ 10,00

CORTESIA 67399400

Chupar o dedo ou chupeta? Quando esses hábitos se tornam um problema. Pág. 20

Alimentação correta para diabéticos e hipertensos. Pág. 06


Pré-natal garante a saúde de mãe e filho Pré-natal é o acompanhamento médico que pode acontecer antes do período pré-concepção e, principalmente, durante o período gestacional Nileiza Durand

Dra. Mara Gritti - Ginecologista

O acompanhamento da evolução da gestação pode prevenir possíveis doenças e decorrências que a gravidez pode apresentar. “O pré-natal vai diagnosticar alterações que podem vir da gestação como: hipertensão, diabetes gestacional, mau desenvolvimento do feto e detecção de anomalias genéticas do feto”, ressalta a médica ginecologista e obstetra, Mara Kurtz Gritti. Além da prevenção e detecção das doenças citadas, o pré-natal também proporciona à paciente o contato com orientações básicas que, às vezes, as mães precisam saber como: dicas de boa alimentação, cuidados com o ganho de peso, além de cuidados com as mamas e desmistificações sobre a sexualidade. No caso de uma gravidez de alto risco, o acompanhamento médico adequado será fundamental, diminuindo o risco de mortalidade neo-natal. “Por exemplo, o pré-natal pode diminuir o risco de prematuridade e de morte neo-natal. Também é possível orientar os cuidados com a diabetes gestacional, prevenir préeclampsia, que são as doenças mais frequentes”. A médica Mara explica que, hoje, muitas mães engravidam mais tarde, após os 40 anos, e essa escolha também aumenta o risco durante a gestação. Nessas situações, o pré-natal é de fundamental importância. “Pode acontecer a má formação cardíaca do bebê e com o acompanhamento médico é possível dar um enfoque especial para essa paciente” . Durante o período gestacional, que dura em média 40 semanas, o ideal é que a paciente seja avaliada pelo médico seis vezes durante a gestação. “Orientamos uma consulta a cada mês, mas, no mínimo, seis consultas de pré-natal”. Durante o período pré-concepção, as mães que procuram o médico para a realização de exames preventivos, são orientadas a usar o ácido fólico que previne a má formação neurológica. Segundo a médica Mara, todas as mulheres em período fértil, que desejam engravidar, deveriam usar o ácido fólico porque esse medicamento previne, praticamente, 100% das más formações de tubo neural. Outro problema que pode ser diagnosticado é o hipotireoidismo pré-natal, situação que pode ser tratada

adequadamente antes da mãe engravidar. “Além disso, uma futura mãe que esteja acima do peso pode ser orientada à perda de peso. E, a hipertensa, a manter a hipertensão bem controlada. Alguns medicamentos hipertensivos não podem ser usados durante a gestação, então, com o acompanhamento prévio, é possível programar a mudança da medicação”. Antes de a mulher engravidar é importante a realização de exame prévio das mamas e exame ginecológico, preventivo de colo de útero, para prevenir, por exemplo, o câncer de mama. “A mãe deve engravidar sabendo que está tudo bem com ela”. Infecções urinárias ou ginecológicas são muito frequentes em gestantes e se forem detectadas pelo médico, e bem tratadas, podem diminuir o risco de prematuridade.

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EDITORIAL Queremos agradecer o carinho dos nossos leitores que têm nos enviado mensagens parabenizando pela Revista CORPO & SAÚDE. Também queremos registrar nosso apreço aos profissionais que, com o sacrifício de seu precioso tempo, têm colaborado com matérias atuais e de grande interesse do nosso público. Esse é o objetivo a que nos propusemos: INFORMAR. Por isso, quanto mais profissionais de saúde se envolverem neste projeto, cada vez melhor será a revista CORPO & SAÚDE. Nesta edição a psicanalista Katiúiscia Pereira esclarece sobre um problema que não aflige não somente os grande centros, mas também está presente nas cidades do interior: a Fobia Social. A ginecologista Iara De Bortoli complementa a matéria sobre HPV, falando dos riscos da doença para o homem. O promotor Eduardo Sens dos Santos fala com muita propriedade sobre o que realmente é direito do cidadão quanto ao fornecimento de medicamentos pelo Estado e até que ponto este direito pode ser atendido. Procuramos fazer o melhor para você, então, seja sempre bem vindo e tenha uma boa leitura. Ivan Durand Junior

COLUNA DO LEITOR Parabenizo vocês pela excelente revista Corpo & Saúde. Qualidade no trabalho final, informação, muita informação! Parabéns pela iniciativa. Sucesso! Joseane Pasinato Gerente do SESC Xanxerê Parabéns pela revista Corpo e Saúde. Matérias muito importantes em uma linguagem que aproxima o leitor da revista! Desejo muito sucesso! Abraços!

VSD Consultoria Empresarial Ltda ME CNPJ 15.401.901/0001-62 Inscrição Estadual: Isenta Rua Coronel Passos Maia, 1103 cj 303 – Xanxerê-SC Telefone (49) 3433-4596 Editora / Jornalista Responsável Nileiza Durand (49) 8835-1684 - vsdcomunicacao@yahoo.com.br Marketing / Comercial Ivan Durand Junior (49) 8825-0721 – vsdconsultoria@yahoo.com.br

O homem também pode garantir a proteção contra o vírus HPV através da vacinação Nileiza Durand

Magda Vicini Artista Plástica As duas edições da revista “Corpo & Saúde” demonstram o comprometimento com a qualidade editorial, trazendo matérias de fácil compreensão, sem deixar de ser esclarecedoras sobre os temas que abordam. A apresentação gráfica também é de alta qualidade, o que torna sua leitura ainda mais agradável. Parabéns pela iniciativa inovadora. Ana Cristina Boni Promotora de Justiça Existem interlocutores especiais na vida de quem ousa colocar suas ideias, conhecimento, experiência profissional a público. A equipe da Revista Corpo & Saúde e seus colaboradores fazem parte desse seleto grupo. Parabéns pelo brilhante trabalho! O Leitor também esta de parabéns por usufruir desta obra tão carinhosamente e sabiamente construída. Sucesso! Elizabete Scheffer Assistente Social Forense

EXPEDIENTE REVISTA CORPO & SAÚDE

Parte II O HPV no homem

Diagramação João Pedro Vasconcelos (JP) (49) 8839-7235 - falajotape@gmail.com Projeto Gráfico UAU Propaganda (49) 3433-4977 Tiragem: 1.500 exemplares Distribuição: Xanxerê, Xaxim, Faxinal dos Guedes e Bom Jesus Os artigos e opiniões aqui veiculados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Corpo & Saúde e de seus diretores. As matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade dos seus autores.

Na edição passada da revista Corpo & Saúde, a reportagem “Vírus HPV: a importância da prevenção precoce” explicou o que é o Papilomavírus Humano (HPV), quais os tipos mais estudados e sua relação com lesões genitais em homens e mulheres. Entretanto, devido à abrangência e importância do assunto, a médica ginecologista, especialista em adolescentes, Iara Maria Raasch De Bortoli, faz uma explanação do tema direcionada ao público masculino. A médica Iara salienta que a vacina contra o vírus HPV também é indicada para os homens. O ideal é que os jovens se vacinem antes do início da vida sexual para que a vacina tenha uma maior abrangência. “Entretanto, adolescentes (masculinos e femininos) e mulheres, mesmo já tendo iniciado a atividade sexual, e mesmo que já tenha contraído algum tipo de HPV, podem se vacinar”, argumenta ela. Outro fator que reforça a importância da vacinação é o aumento do número de casos em faixas etárias mais avançadas em função da dissolução de casamentos e a busca de novos parceiros. “A melhor maneira de se prevenir, além do uso do preservativo, é fazer a vacina”. Hoje, a vacina está liberada e indicada para homens, prevenindo contra câncer de pênis e câncer anal, além de outras doenças também relacionadas ao HPV. “Sempre que se evidencia alguma alteração na mulher, pede-se ao parceiro que consulte o urologista e vice-versa”. Assim como na reportagem passada, a médica Iara valoriza a informação que prevenção não significa liberação sexual. Conforme ela, estudos comprovam que a vacina previne a recorrência ou reativação do

vírus em novas células nas pessoas que já tiveram contato com o vírus. “A doença não provoca imunidade, ou seja, quem já teve um diagnóstico de HPV positivo não está livre de se contaminar pelo mesmo tipo viral, embora a probabilidade seja pequena”. A médica Iara lembra que ter ou não um câncer pode ser uma questão de sorte ou azar, principalmente, quando o assunto é o HPV, uma vez que ele possui alta prevalência e fácil contágio entre as pessoas. “Devo salientar a importância da realização de exames periódicos, entre eles, o preventivo do câncer do colo uterino e a relação direta do vírus com alterações pré-malignas e malignas no trato genital e anal. Felizmente, a maior parte das pessoas que têm contato com o vírus, não serão todas que desenvolverão o câncer”.

Dra. Iara De Bortoli • Julho 2013 • 5


O hipertenso deve seguir um controle rigoroso do sódio, enquanto que o diabético precisa evitar o uso do açúcar Nileiza Durand

O cuidado com a alimentação para pessoas hipertensas e diabéticas faz toda a diferença para manter o controle das doenças e para ter uma melhor qualidade de vida. A nutricionista e personal diet, Karine Finatto, argumenta que doenças descompensadas trazem consequências, muitas vezes, irreversíveis. “Mudar de hábitos alimentares, seguindo as orientações nutricionais para cada patologia é fundamental no controle da doença e na melhora da qualidade de vida”. Para os hipertensos o maior inimigo é o sódio. Esse mineral está presente na maioria dos alimentos, pois além de conferir o sabor salgado ele também faz parte dos conservantes utilizados pela indústria. Por isso, não são apenas os alimentos salgados que contém sódio, alimentos doces industrializados também podem conter. Sendo assim, a nutricionista Karine orienta que os principais cuidados com a alimentação devem compreender a diminuição na utilização de sal, de embutidos (salame, mortadela, presunto, etc), de temperos prontos e alimentos pré-preparados (lasanhas, pizzas e pratos prontos em geral). O diabético, por sua vez, deve ficar longe do açúcar e dos alimentos que o contenham como chocolates, sobremesas, biscoitos doces, entre outros. Karine ainda complementa dizendo que o diabético deve evitar alimentos a base de farinha branca (pão, massas, bolos, pastéis, etc). “É importante ressaltar que o mel e as variações do açúcar (mascavo, melado, etc) fazem tanto mal ao diabético quanto o açúcar de mesa”.

cocção (cozimento) e as versões tradicionais líquidas, ou em pó, indicadas para sucos, chás, cafés, etc.

A ordem é manter a dieta Segundo a nutricionista Karine, para hipertensos e diabéticos, não existe a possibilidade de fugir de uma dieta equilibrada. “Caso contrário, a pressão ou a glicose podem aumentar”. No entanto, existem escolhas e adaptações que podem ser feitas para que a pessoa possa participar de ceias familiares sem culpa. “Os cuidados começam na escolha dos alimentos no mercado, fazendo sempre a leitura dos rótulos para saber a composição de cada um, dando preferência aos alimentos ‘in natura’. Em casa a atenção deve estar voltada à forma de preparo destes alimentos, preferindo os assados, grelhados ou cozidos, evitando o uso de temperos prontos no caso dos hipertensos e do açúcar no dos diabéticos”. Para os diabéticos é importante reforçar que deve ser evitado o consumo de alimentos com carboidratos simples (pão, arroz, macarrão brancos, bolos, biscoitos doces, etc), além da conhecida mistura de carboidratos como, por exemplo, consumir ao mesmo tempo arroz e macarrão ou pão juntamente com as refeições.

Os alimentos que podem auxiliar no controle da hipertensão são as versões light que apresentam redução no teor de sódio. Um dos principais exemplos desses alimentos é o próprio sal. “Mesmo assim, deve-se ter cautela e sempre ler os rótulos, consumindo-os com moderação”. Uma alternativa sugerida pela nutricionista Karine, para os alimentos preparados em casa, é abusar dos temperos e ervas, acrescentando o sal apenas quando o prato estiver praticamente pronto.

Controle alimentar auxilia no tratamento do diabetes e hipertensão • Julho 2013 • 06

Para os diabéticos, a alternativa são os adoçantes como substitutos do açúcar e os produtos diet e zero que não possuem adição desse ingrediente. Em relação aos adoçantes, existem aqueles próprios para forno e fogão, indicados para os pratos que exigem

Karine Finatto Nutricionista


tudo o que a acupuntura trata a auriculoterapia também pode tratar, como o alívio de qualquer dor, por exemplo, dor na coluna e dor músculo-esquelética, além da ação antiinflamatória. “O interessante da medicina tradicional chinesa é poder tratar o todo. Trata do psíquico, do emocional e do físico juntos. Com isso, é possível tratar preocupação intensa, cansaço, falta de vontade e ansiedade. As pessoas também procuram o tratamento para a perda de peso, não que a aurículo faça perder peso, mas ela auxilia no controle da ansiedade, da saciedade”. Como a auriculoterapia auxilia no controle da ansiedade, outro problema que pode ser tratado pela técnica é o tabagismo.

Terapia sem efeitos colaterais ou contra-indicações

A medicina tradicional chinesa através da auriculoterapia A técnica é aplicada na orelha onde existem pontos que se forem estimulados podem beneficiar diversas partes do corpo Nileiza Durand

Uma das modalidades de tratamento da medicina tradicional chinesa, a auriculoterapia, é utilizada pela fisioterapeuta Danielle Zabot como complemento ao tratamento de acupuntura. A técnica da auriculoterapia considera a orelha um microssistema e utiliza o pavilhão auricular para a realização de estímulos. “Na medicina chinesa a orelha é vista como um bebê de cabeça para baixo. Lá existem pontos, os chamados PAs, que são Pontos Auriculares. Podemos tratar intestino, estômago, tudo correspondente ao que temos no nosso corpo. São mais de 200 pontos na orelha e, na verdade, não há um ponto específico para tratar cada situação, é um conjunto de pontos que faz a função”, explica a fisioterapeuta. Inicialmente, a fisioterapeuta realiza um diagnóstico energético, con-

siderando a queixa do paciente, a aparência da tez facial, a palidez, o aspecto da língua e os batimentos do pulso, tudo isso contribuirá para definir o trabalho. “A ideia filosófica da medicina tradicional chinesa é o equilíbrio energético. O tempo todo estamos recebendo estímulos externos, o que torna difícil manter um equilíbrio pleno, mas estamos sempre em busca e a auriculoterapia auxilia nesse processo”. Para a prática do tratamento podem ser usadas sementes ou agulhas permanentes, espécies de “taxinhas” que são aplicadas e que ficam na orelha por alguns dias. “Eu, particularmente, gosto mais de usar a semente de mostarda, mas também há a esfera que pode ser chamada de cristal, de ouro ou de prata”. A fisioterapeuta Danielle explica que

Conforme a fisioterapeuta, é difícil acontecerem efeitos colaterais, mas alguns pacientes podem apresentar sudorese frio, calafrios e palidez. A auriculoterapia não possui contra-indicação, por isso, pode ser realizada em qualquer pessoa, inclusive, é a melhor alternativa para tratamento de crianças, pois as sessões são rápidas e não costumam ser dolorosas. Danielle esclarece que os pontos de aplicação são considerados sensíveis, por isso, o estímulo pode causar um pouco de desconforto. “As crianças aceitam mais a aurículo do que a acupuntura, porque na acupuntura as sessões levam mais tempo, de 20 a 30 minutos, e elas precisam ficar

paradas com as agulhas, enquanto que a auriculo a aplicação é rápida”. Outra opção também indicada para as crianças é a aplicação de laser nos pontos da auriculoterapia. Danielle ainda complementa dizendo que os pontos mais sensíveis, os mais dolorosos, são os pontos que realmente necessitam ser trabalhados. Para a aplicação da semente ou da agulha permanente nesses locais da orelha, o profissional possui uma caneta especial que fará a marcação dos pontos. Depois, será feita uma leve fricção no local e, na sequência, a aplicação da semente ou agulha permanente. “É orientado que o paciente depois estimule esses pontos”. Sobre o local de aplicação das sementes ou das agulhas permanentes são utilizados pequenos pedaços de esparadrapo e o paciente pode permanecer desta forma por alguns dias, normalmente de três a cinco dias. “Com a agulha permanente o paciente fica menos tempo porque a orelha é pouco vascularizada, é mais cartilaginosa, e pode iniciar uma infecção, mas é muito difícil acontecer”. Para a aplicação da técnica em gestantes também não há contra-indicação, mas existem restrições, que devem ser definidas pelo médico da paciente. “Inclusive, é muito indicado porque gestante possui dor lombar, dor ciática, então esse pode ser um complemento a algum outro tratamento que ela já faz, como é o caso de atividade física ou alongamento”.

Terapia alternativa complementar

ou

Normalmente, os pacientes que procuram a medicina tradicional chinesa já passaram por outros tratamentos, geralmente, tratamentos frustrados, que não resolveram, e agora buscam terapias mais alternativas, sem o uso de medicamentos. A medicina tradicional chinesa pode ser trabalhada de forma isolada ou servir como complemento a outro tratamento. A fisioterapeuta explica que o tempo do tratamento dependerá de cada paciente. Alguns sentem a diferença já na primeira sessão, outros podem demorar um pouco mais de tempo. Para tratamentos de dores, os resultados podem ser percebidos na segunda ou terceira sessão. Para o controle da ansiedade, o resultado pode demorar um pouco mais.

Danielle Zabot - Fisioterapeuta


Banco de Perucas da RFCC de Xanxerê inicia atividades

O local proporcionará às pacientes, que estão em tratamento quimioterápico e que perderam o cabelo, atendimento diferenciado com maior privacidade Nileiza Durand

A Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) de Xanxerê pôs em prática um projeto que pode servir de exemplo para outras Redes. Desde o último dia 9 de julho o Banco de Perucas, idealizado pela atual diretoria, está funcionando na sede da RFCC de Xanxerê com o objetivo de oferecer às pacientes, que estão em tratamento quimioterápico e que perderam o cabelo, um espaço onde elas podem ficar a vontade para receber a atenção de psicólogas, voluntárias e também de uma cabeleireira que poderá fazer a adaptação de uma peruca. O local inicia o atendimento com 150 perucas, além de lenços e chapéus, que estão disponíveis tanto para a venda quanto para empréstimo. “Diante do crescente número de pedidos de mulheres de fora da cidade pelo empréstimo de perucas, resolvemos ter um local específico na sede para atender essa demanda”, argumentou a presidente da RFCC de Xanxerê, a médica ginecologista Rita Pezzali. Ainda segundo ela, a escolha de instalar o Banco na própria sede da Rede foi para despertar a curiosidade das pacientes para que elas procurem conhecer os outros serviços do local. “A paciente que for fazer a adaptação da peruca, esperamos que sinta curiosidade de conhecer o andar de cima, onde as pacientes realizam trabalhos variados, terapia ocupacional, psicoterapia e fisioterapia para desmistificar a ideia de que na sede se trata a doença, mas na verdade procuramos minimizar as sequelas físicas e emocionais da doença”. O outro motivo para a instalação do Banco de Perucas na Rede foi para que as pacientes tenham maior privacidade durante um dos períodos do tratamento con• Julho 2013 • 10

siderado o mais delicado. A presidente Rita esclareceu que a Rede pretende oferecer o serviço a mulheres de todo o Oeste de Santa Catarina. Durante o ato oficial de início das atividades, a presidente Rita salientou a importância do atendimento que será feito através do Banco de Perucas. A médica lembrou que quando uma mulher perde a mama ou o útero ninguém sabe, mas quando ela perdeu o cabelo, todo mundo sabe. “O que parece um mero detalhe é muito difícil”. A presidente ainda salientou: “É um momento especial para nós. Esse lugar foi todo adaptado com muito carinho pensando em cada detalhe”. Rita agradeceu aos vários profissionais que se doaram para tornar o espaço uma realidade. “O marceneiro, a psicóloga, a vidraçaria, doando o trabalho e, muitas vezes, o material. Agradecimento especial ao Ministério Público de Xanxerê e a ASR que fizeram uma doação específica para a compra de perucas”. De acordo com a presidente da Rede, considerando as pesquisas feitas pela equipe, provavelmente, o Banco de Perucas da RFCC de Xanxerê é o primeiro no Estado. O Banco de Perucas é um espaço exclusivo e atendido por profissionais técnicos com psicóloga, adaptando perucas. “Porque ao adaptar perucas ela está fazendo psicoterapia. Decidimos também vender, porque nesse tempo muitas queriam comprar e não podíamos vender, porque tinha volume restrito e quem pode comprar vai ajudar quem não pode, porque teremos que renovar o estoque. Esperamos que a demanda seja crescente e precisamos comprar cada vez mais”.

Atendimento diferenciado

A adaptação

De acordo com a coordenadora do projeto, Tânia Catalan, a rotina de atendimento das pacientes será feita através de agendamento prévio com a secretária Sirlei, pelo telefone 3433-7444. Esse atendimento será possível de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11 horas e das 13h30 às 16h30. “Mulheres que estão em tratamento quimioterápico serão recebidas por uma equipe técnica treinada. Essa equipe auxiliará na escolha e adaptação das perucas na pessoa interessada”. Tânia argumenta que, às vezes, poderá haver a necessidade de corte de cabelo e para isso uma cabeleireira voluntária será acionada. Tânia explica que o atendimento será diferenciado e realizado com privacidade, disponibilizando perucas de diversas cores e comprimentos.

Segundo as organizadoras, a ideia é que a paciente possa escolher a peruca, passe pela adequação e tenha um período de até 20 dias para se adaptar. Caso ela não se sinta confortável pode fazer uma troca. A paciente também será orientada a como cuidar da peruca, que depois poderá servir para outra paciente. As perucas são importadas todas feitas de material sintético. Elas são mais duráveis e mais higiênicas, de fácil conservação e que não perde em nada para as perucas feitas de cabelo humano.


ANUNCIO-CORPOESAUDE.pdf

Porque devo procurar um Oftalmologista ?

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No Brasil, a Optometria é praticada por médicos oftalmologistas e é chamada de Refratometria. Essa evolução – só o oftalmologista deve examinar, receitar óculos ou lentes de contato, diagnosticar e tratar doenças oculares – aconteceu no Brasil em 1934. Neste ano, uma lei determinou que apenas optometristas formados (na época os médicos oftalmologistas eram chamados de optometristas ou oculistas) podiam avaliar a visão e receitar óculos. Essa lei, acolhida pela Constituição Cidadã de 1988, é válida até hoje e nem poderia ser de outra forma, pois a intenção dos legisladores que a fizeram foi de resguardar a sua saúde e segurança oculares, garantindo que apenas o médico oftalmologista pudesse cuidar delas. Mesmo com toda a evolução da

Oftalmologia, em vários países do mundo, a medida da visão e correção dos distúrbios visuais continua a ser feita por não médicos. E você pode perguntar: porque isso? Porque nesses países acha-se que quase todos os problemas de visão que você possa ter estão necessariamente relacionados a falta de óculos. Não é assim. Muitos e muitos problemas visuais são causados por outras doenças, muitas delas graves, que podem levar a cegueira ou mesmo a morte. Por isso, o Conselho Federal de Medicina e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, preocupados com a saúde ocular da população, recomendam que o exame ocular deve ser feito pelo médico oftalmologista, adequadamente preparado e equipado para receitar óculos (se necessários) e diagnosticar e tratar

essas doenças oculares, quando pre- gum outro problema, às vezes silensentes. E aqui reside uma grande cioso, mas traiçoeiro, como o glaucodiferença: por conhecer seu olho ma, comprometendo sua visão. como a palma da mão, o oftalmologista é o único capaz de lhe dar uma assistência completa e de qualidade, orientando-o corretamente se, por ventura, o seu caso precisar da atenção de outros médicos. Miopia, hipermetropia, astigmatismo e a presbiopia ou “vista cansada” são doenças. Não compre óculos em camelôs. Diante de qualquer dificuldade visual (embaçamento, diminuição da visão, distorção das imagens, visão dupla, etc.) ou ocular (irritação, vermelhidão, coceira, lacrimação, intolerância à luz), procure o oftalmologista. Ao comprar um par de óculos sem passar por uma consulta médiDr. Mário A. Corso ca, você está perdendo uma valiosa Médico Oftalmologista oportunidade de verificar se há al-

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FOBIA SOCIAL

tipos: o primeiro denominado generalizado, quando a pessoa teme quase todas as situações sociais: conversar, namorar, sair em lugares públicos, falar, comer, escrever em público, entre outros; e o segundo, denominado não generalizado, ou restrito, quando a pessoa teme uma ou poucas situações sociais específicas.

adolescência ou na fase adulta. “São pessoas naturalmente tímidas, mas que acabam por reforçar o comportamento fóbico por conta do pai ou da mãe que são ansiosos, ou os pais que não são ansiosos, mas não conseguem compreender o filho, então ficam exigindo que ele tenha um determinado comportamento que só aumenta o pânico das situações. ‘- não, você tem que enfrentar, você tem que ir, isso é besteira da sua cabeça-’ mas o fóbico não entende assim. Ele sabe que ele tem medo, que ele é ansioso, mas ele continua acreditando que está todo mundo o julgando e essa situação lhe causa pânico a ponto de sentir isso fisicamente”. Entre os sintomas durante as crises de ansiedade de um fóbico social, a psicanalista Katiúscia ressalta a sudorese nas mãos e na testa, rubor facial, gagueira quando precisa falar em público, mal estar gástrico e tontura. “Um dos maiores medos do fóbico social é que alguém perceba que ele está tremendo, gaguejando, que ele esteja com sudorese nas mãos ou com rubor facial. O maior medo é de passar por aquela situação e que as pessoas percebam o que vai acontecer com ele. E, a principal característica da pessoa que tem fobia é que ela quer ser invisível”.

O medo do desastroso

A fuga

A Fobia Social é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um transtorno psicológico. As pesquisas indicam que entre 4 e 12% de pessoas vão apresentar transtornos de ansiedade social em algum momento de suas vidas

Quando ser invisível parece a solução A Fobia Social é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um transtorno psicológico. As pesquisas indicam de que entre 4 e 12% de pessoas vão apresentar transtornos de ansiedade social em algum momento de suas vidas. Nileiza Durand

A Organização Mundial de Saúde alerta que o número do que a psiquiatria classifica como Fobia Social ou Ansiedade Social está crescendo. Conforme a psicanalista Katiúscia Pereira, essa é uma situação comum em consultório, mesmo em cidades do interior, como é o caso de Xanxerê. Ela constata que a Fobia Social tem uma incidência maior em cidades grandes, mas no interior existe o hábito de se comentar a vida do outro, nesses locais é onde todo mundo se conhece, e a Fobia Social aparece porque as pessoas estão mais acessíveis ao julgamento do outro. “Aí o fóbico social faz a fuga para a cidade grande, mas depois que ele se adapta ao meio em que ele está a Fobia Social volta porque na verdade ela não foi resolvida”. A Fobia Social é caracterizada por uma timidez exagerada. “É quando essa timidez começa a interferir na sua vida, quando ela lhe traz prejuízos em todas as esferas do seu cotidiano, seja no financeiro, no social, nos relacionamentos amorosos, quando isso traz prejuízos então nós temos um distúrbio, temos um transtorno, classificado como transtorno de ansiedade- Fobia Social”. Dentro do quadro de fobias, a Fobia Social é a segunda de maior in• Julho 2013 • 14

cidência, só perdendo para a Agro Fobia, que é a fobia a lugares abertos e a exposição a uma grande quantidade de pessoas reunidas. A psicanalista Katiúscia esclarece que o medo é natural e benéfico, em pequenas quantidades, porque é através do medo que a pessoa se prepara para enfrentar situações de estresse e ultrapassá-las com sucesso. “Foi através do medo que sobrevivemos até hoje, enquanto espécie. Mas quando o medo começa a ser intermitente, permanente, crônico e impeditivo das atividades cotidianas, então há um distúrbio”. Enquanto o tímido tem medo da exposição ao público, mas consegue enfrentar, o fóbico evita passar por esse tipo de situação e o desejo dele é de não existir. “Quanto mais despercebido ele passar perante as outras pessoas, melhor para ele. Então ele usa roupas neutras, poucos acessórios, nada que chame a atenção dos outros, porque para o fóbico, todo mundo está olhando para ele. O fóbico tem medo do que os outros pensam a seu respeito, do julgamento que os outros estão fazendo dele, quando, na verdade, isso não está acontecendo”.

Subtipos

O Transtorno de Ansiedade Social pode ser classificado em dois sub-

A psicanalista descreve que a pessoa que sofre de Fobia Social passa por situações perturbadoras só de pensar na exposição da sua figura em público, porque ela acha que vai acabar em algo desastroso. “Então, ela tem dificuldade de falar em público, de assinar documentos na frente de outras pessoas, flertar. Ela está sempre preocupada com o julgamento do outro”. Nem mesmo a própria casa é considerada segura para o fóbico social. “Mesmo em casa, quando vem parentes ou amigos dos parentes, a pessoa fóbica prefere se manter isolada dentro do seu território que é o quarto ou outro cômodo da casa. Isso é para ela não ter que lidar com esse desconhecido. Tudo que é desconhecido traz esse medo, esse pânico exagerado”. Segundo a psicanalista, tudo isso pode começar ainda na infância, na

Para a psicanalista Katiúscia, a fuga das situações difíceis reforça ainda mais a fobia. “E se o paciente não procurar atendimento isso pode se tornar impeditivo da vida dele”. Segundo a especialista, durante a situação social a ansiedade tende a persistir levando a pessoa a ter que suportar níveis altos de sofrimento. Quando sai da situação, a ansie-

dade tende a diminuir significativamente, o que reforça tendências de fuga. Conforme a especialista, o fóbico tem dificuldade de procurar tratamento pela Fobia Social. Ele acaba procurando atendimento médico por outros problemas causados pela Fobia Social como, por exemplo, a depressão. “Então, durante a avaliação clínica o profissional percebe que ele tem fobia social e acaba tratando indiretamente”. O tratamento pode ser feito através de terapia e, se necessário, com uso de medicação orientada pelo psiquiatra. E em termos de clínica psicológica a psicanálise e a psicologia cognitiva comportamental são eficientes no tratamento de Fobia Social. O tempo de tratamento dependerá de cada paciente. O paciente que recebe tratamento aprende a lidar com as situações e vai se reeducando a um ponto que ele consegue conviver normalmente com o seu medo.

Diferença entre Fobia Social e Síndrome do Pânico

Conforme a psicanalista Katiúscia, a Fobia Social e a Síndrome do Pânico são transtornos ansiosos parecidos, mas não são iguais. A Síndrome do Pânico é um conjunto de sintomas que se manifestam através do medo. Nas duas o medo é irracional, mas na Fobia Social o pânico não é o principal sintoma.

O permissivo

A psicanalista relata que o fóbico social sofre muito, porque como ele tem medo de confrontar com a dinâmica social, ele acaba permitindo várias relações abusivas. “Então, todo mundo se aproveita do fóbico social porque ele é bonzinho, ele

aceita tudo, mas na verdade ele não é bonzinho, ele só se sujeita a isso para evitar o confronto das relações interpessoais”.

A importância de ser acolhido

A psicanalista explica que não há como prevenir a fobia, mas o que se pode fazer é criar uma estrutura psicológica mais firme. “Uma criança criada com mais segurança, com mais amor, mais afeto, amparada, mais protegida adequadamente, porém não de maneira exagerada, terá o seu desenvolvimento psicológico mais adequado, estando menos sujeita às fobias”. Como prevenção, os pais devem incentivar as crianças a participar de esportes coletivos, para que os filhos aprendam a trabalhar em equipe e também a realizar atividades de grupo. A psicanalista Katiúscia argumenta que é importante fazer com que a criança compreenda que sentir medo é normal. Os pais devem explicar ao filho que esse sentimento antecipado e essas situações são normais. “Isso pode ser trabalhado na escola, junto com os professores, para que a criança perceba que ela é tímida, mas que essa timidez não é impeditiva da sua vida. Em casa a criança precisa ser acolhida e deve-se explicar através de carinho que o que ela sente é normal, que não tem problema ela sentir, mas que ela tem competência para passar por isso”. O fóbico, geralmente, vem de uma infância em que ele foi humilhado, depreciado pela família ou pelos colegas de escola ou ainda pelo professor e, hoje em dia, ainda há um agravante que é o Bulling na escola. “Quem tem medo precisa ser acolhido”.


Mudanças de estilo de vida que ajudam no controle da ansiedade

A psicanalista recomenda algumas mudanças no estilo de vida que ajudam a reduzir os níveis de ansiedade e preparam o “terreno” para o sucesso do tratamento médico.

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EVITE OU REDUZA A CAFEÍNA: Café, chá, refrigerantes com cafeína, bebidas energéticas e chocolate atuam como estimulantes aumentando os sintomas ansiosos.

02

BEBA COM MODERAÇÃO: Talvez, você se sinta tentado a beber antes de um acontecimento social com o objetivo de acalmar os seus nervos, mas o álcool aumenta os riscos de ter um ataque de ansiedade.

03

DEIXE DE FUMAR: A nicotina é um estimulante poderoso. Fumar conduz a um aumento dos níveis de ansiedades.

04

TENHA UM SONO ADEQUADO: Quando você fica privado de sono, fica mais vulnerável à ansiedade. Estar bem recuperado lhe deixará mais calmo e permitirá um melhor preparo para enfrentar as situações sociais.

Dra. Katiúscia Pereira Psicanalista

Tratamento não cirúrgico da coluna Estatisticamente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de 87% das pessoas tem ou terão dores nas costas. As dores são provenientes de diversos fatores, desde o chamado “Mal Jeito” até mesmo uma Hérnia de Disco. Existem várias alternativas para o tratamento das dores nas costas, podendo variar entre o tratamento cirúrgico e o tratamento conservador, utilizando anti-inflamatórios e fisioterapia. A fisioterapia se destaca no processo de reabilitação da coluna.

A Clinica Incorpore de Fisioterapia, através do Fisioterapeuta Márcio Roberto Thomé, desenvolveu um programa de reabilitação da coluna, que compreende 5 passos:

01

Fisioterapia Manipulativa: compreende mobilizações e trações manuais, que podem diminuir a dor e espasmo muscular, restaurando e mantendo o funcionamento normal das articulações;

02

Palmilha Postural: A base do corpo precisa estar devidamente restaurada para que possa suportar as estruturas da coluna. Assim, através da técnica PODOPOSTUROLOGIA, realiza as correções necessárias;

03

Mesa de Flexão e Descompressão: Com total controle sobre a mobilidade da coluna vertebral, permite-se a descompressão das estruturas discais, promovendo uma abertura do canal vertebral e diminuindo a dor;

04

Estabilização Vertebral: exercícios específicos que utilizam do sistema muscular para proteger as estruturas articulares da coluna;

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Pilates e/ou Musculação: após o término das sessões, é necessário buscar alternativas para manutenção dos benefícios. Oferecemos, assim, o serviço de Pilates para que possa alcançar os melhores resultados.

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Direito a medicamentos Promotor Eduardo Sens

A Constituição brasileira afirma que “a saúde é direito de todos e dever do Estado” (art. 196). Em princípio, portanto, não há dúvidas de que o Poder Público deve garantir o direito à saúde do cidadão, quer seja com hospitais, quer seja com medicamentos ou até mesmo intervenções cirúrgicas. No caso dos medicamentos, o caminho mais comum para realizar este direito é procurar o posto de saúde ou a secretaria de saúde do seu município, munido da receita. Lá são fornecidos aos que necessitarem a maior parte dos medicamentos prescritos no dia-adia. Mas alguns medicamentos ou tratamentos médicos acabam não sendo fornecidos gratuitamente pelo Poder Público. Isso tem uma explicação jurídica. É que nem tudo o que estiver relacionado à saúde do cidadão, de forma irrestrita e infinita, é de responsabilidade do Estado. E nem poderia ser. O mesmo artigo 196 da Constituição esclarece que este direito à saúde será obtido “mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e • Julho 2013 • 18

igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Isso significa que deve haver uma ponderação. O Estado, óbvio, até porque os recursos são limitados, não pode ser obrigado a dar a todos os cidadãos todo o tipo de tratamento médico ou realizar todas as cirurgias que existam disponíveis no mercado. Imagine o leitor, por exemplo, o orçamento do Estado, que tem que lidar com enfermidades tão distintas como a gripe, passando por doenças mais graves como câncer e até mesmo procedimentos cardíacos e acidentes de trânsito complicados. Imagine agora que este mesmo Estado seja obrigado a fornecer um medicamento que custa duzentos mil reais por mês a uma única pessoa. Como ficariam todos os demais, que precisam de medicamentos mais baratos? Há caso em que um cidadão cobrava, invocando o art. 196 da Constituição, a realização de uma cirurgia no valor de meio milhão de reais no exterior! Seria correto que o Estado fornecesse a cirurgia a este cidadão em detrimento de centenas de outros pacientes? Justamente por isso é que a própria Constituição de-

termina que o acesso à saúde tem que ser “universal e igualitário”, ou seja, deve ser distribuído a todos, igualitariamente, de forma a evitar distorções em que um ganhe muito e muitos ganhem pouco; em que aquele que tenha recursos financeiros ganhe gratuitamente o mesmo medicamento daquele que sobrevive mensalmente com um salário mínimo. Para resolver este choque entre direitos e deveres, entre necessidades e possibilidades, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto de diversas causas relacionadas ao direito à saúde, realizou audiência pública, colhendo a opinião de cinquenta especialistas na área. As falas, a legislação e a bibliografia podem ser obtidas na internet . A decisão foi positiva: o Estado deve fornecer medicamento. Mas a decisão declarou que “gastar mais recursos com uns do que com outros envolve, portanto, a adoção de critérios distributivos para esses recursos”. Em outras palavras, quando o medicamento ou o tratamento não for daqueles padronizados para fornecimento administrativo pelo SUS, pode-se buscar este direito pela via judicial, mediante alguns critérios. Os critérios são os seguintes: a) o medicamento deve estar registrado na Anvisa; b) deverá ser privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS em detrimento de opção diversa escolhida pelo paciente, sempre que não for comprovada a ineficácia ou a impropriedade da política de saúde existente, ou seja, se o tratamento do SUS é igualmente aceitável, não há porque impor um outro tratamento mais caro, sem motivos razoáveis; c) é possível, todavia, decidir que medida diferente da custeada pelo SUS deve ser fornecida a determinada pessoa que, por razões específicas do seu organismo, comprove que o tratamento fornecido não é eficaz no seu caso; d) o Estado não pode ser condenado a pagar por tratamentos experimentais; e) deve-se sempre indagar qual o motivo de determinada ação de saúde não ter sido contemplada pelo SUS. Na maior parte dos casos submetidos a julgamento Brasil afora – e são muitos – há aparentemente um certo excesso. O SUS fornece medicamentos semelhantes ou genéricos, mas o cidadão, por motivos desconhecidos, prefere acionar o Estado para que lhe entregue um medicamento específico. Todo mundo sabe a diferença entre um antibiótico “de marca” e outro genérico. O Estado, claro, até porque tem que respeitar o princípio da economicidade, não é obrigado

a fornecer o mais caro. Parece razoável que o SUS não seja obrigado a fornecer um medicamento de uma determinada marca quando está disponível medicamento genérico com a mesma propriedade. Em muitos casos, por outro lado, o tratamento com o medicamento é considerado experimental, ou seja, não há segurança sobre a eficácia daquele medicamento para aquela doença em tratamento. Parece razoável que, se não há resultados clínicos comprovados, não pode o SUS ser compelido a fornecer aquele medicamento. Mas, fique o leitor tranquilo. Boa parte dos casos é justamente de medicamentos que compõem o que se chama de Farmácia dos Municípios ou dos Estados, ou seja, medicamentos que são fornecidos gratuitamente por serem os mais comuns. Estes medicamentos são e devem ser sempre disponibilizados gratuitamente. Casos excepcionais, em que se comprove que o tratamento ou o medicamento necessário não está disponível nas farmácias públicas acabam sendo sempre fornecidos pela Justiça, mediante ação movida pelo interessado, desde que não sejam experimentais nem haja similares ou genéricos com o mesmo efeito. Para acionar a Justiça nestes casos basta procurar um advogado. Caso não possa pagar, o cidadão pode comparecer ao Fórum para obter orientações. Muitos dos pedidos em Xanxerê são realizados pelo Escritório Modelo de Assistência Jurídica - EMAJ, que também está à disposição para a defesa deste direito do cidadão.

Promotor - Eduardo Sens


Quando o hábito de sucção do dedo ou chupeta se transforma em problema? O normal é que a criança chupe o dedo ou a chupeta até os dois anos, depois dessa idade é necessária a interferência dos pais ou de um profissional para motivar o abandono do hábito, evitando assim, problemas ortodônticos Nileiza Durand

O hábito que muitas crianças possuem de chupar o dedo ou chupeta pode se tornar um problema, quando os pais não conseguem orientar os filhos a largá-los na idade correta. De acordo com a cirurgiã dentista Tatiane Ferronato, especialista em ortodontia, a sucção inicia ainda no período intra-uterino, classificada como uma sucção não nutritiva, feita devido a uma sensação de prazer. Depois que o bebê nasce, ele vai começar a sugar o leite materno. “Na ultrassonografia, muitas vezes, é possível ver a criança chupando o dedo, porque há a necessidade da sucção. Depois, a criança sai da barriga da mãe com a noção de sucção para quando ela começar a mamar ter o instinto de sobrevivência”. É considerado normal que a criança faça a sucção de chupeta ou dedo até os dois anos de idade, depois desse período é necessário retirar o hábito para evitar modificações dentárias. “Quanto mais cedo conseguir remover a chupeta, melhor e a remoção deve ser lenta e não traumática”. Com o passar dos meses, a mãe precisa deixar a criança para trabalhar, ficando longos períodos do dia fora de casa. Então, a criança passa a chupar o dedo por carência ou falta do leite materno. Além disso, a mamadeira é utilizada em substituição ao peito materno e também é oferecida à criança a chupeta. Sobre o hábito da chupeta, a dentista Tatiane diz acreditar que ainda é melhor do que a criança chupar o dedo, porque na hora

de convencê-la a largar é mais fácil. “O dedo faz parte do corpo da criança e chupá-lo causa um tipo de alteração postural em que o dedo empurra os dentes de cima para frente e os dentes de baixo para trás, fazendo com que uma abertura dentária se forme e a língua tome conta desse lugar. Se a criança parar de chupar o dedo ou a chupeta antes dos dois anos de idade essa abertura se autocorrige, mas se persistir até os dois, três ou quatro anos é muito provável que será necessário um aparelho ortodôntico para corrigir”. Além disso, é preciso levar em consideração o fator genético. “Se a criança tiver uma genética, uma predisposição genética a ter mordida aberta ou ter deficiência de mandíbula, que os pais ou os avós já têm, aí o problema será agravado, mas até os dois anos não é um problema tão sério porque a mandíbula se desenvolverá mais tarde depois”. O hábito citado pela dentista causará atresia do maxilar, quando a parte de cima fecha; causará a projeção do maxilar para frente, porque o dedo puxou, a parte da mandíbula que deveria ficar mais para frente, ficará mais para trás, e a mordida aberta fará com que a língua venha para frente e a criança apresentará problemas na fonação e na deglutição e, consequentemente, na respiração, porque ao invés de respirar pelo

nariz ela vai começar a respirar pela boca. Conforme a dentista Tatiane, o hábito da sucção causará várias consequências, mas as mais importantes serão: atresia maxilar, deglutição atípica, interposição lingual, lingualização dos dentes inferiores, vestibularização dos superiores, alteração estética, além do afinamento do dedo.

Como deixar o hábito A criança precisa substituir um momento de prazer com a chupeta por um momento de atenção dos pais. Ela precisa entender que o tempo que está com os pais é para brincadeiras, para uma conversa, atividades lúdicas e para entender que a chupeta fará mal. A dentista relata que em muitos casos, a mãe procura o consultório para se tratar, acompanhada do filho ou filha, é nesse momento que o profissional identifica uma criança já com alguns problemas: falando, engolindo e respirando de forma errada. É importante o acompanhamento do dentista para detectar o quanto antes se já houve problema sério ou não. Para tirar a chupeta, a dentistas recomenda o método da “fada dos bicos”, “porque a fada deixa purpurinas pela casa, deixa estrelinhas, ela leva o bico e traz um presente. A criança pede a chupeta por dois dias

e depois para, mas é importante saber que a família, nesse momento, precisa dar apoio para a criança. Se os pais não estiverem cientes que a criança precisa parar, não vai adiantar nada. Existem várias maneiras de intervir, mas o mais importante é os pais e a criança entenderem que se ela não parar de chupar o bico isso vai lhe prejudicar”.

Detectado o problema

sem a chupeta ela também pode ficar sem em casa”. Em alguns casos, há a necessidade da atuação conjunta entre dentista e o psicológo. “Quando existe outro problema sério associado, então é encaminhado a um psicólogo. Esse profissional tem toda uma atividade lúdica para tirar a chupeta”. E, muitas vezes, quando a alteração de voz já está presente, o dentista orienta o acompanhamento de um fonoaudiólogo. “O fonoaudiólogo entra, normalmente, num estágio depois do aparelho”. Com a constatação da necessidade do uso do aparelho ortodôntico, depois de seis meses de uso já é percebido melhora e a mordida já fecha. “Normalmente com seis meses a um ano já resolve. Depois, tira o aparelho e encaminha para o fonoaudiólogo”. A dentista Tatiane lembra que não é convencional o uso do aparelho para corrigir o problema em crianças, mas quando necessário, o indicado é a grade palatina fixa ou móvel.

No caso de detectar a necessidade de acompanhamento de um profissional, para uma criança maior de dois anos que ainda não conseguiu parar de chupar o bico ou o dedo, “eu peço que a mãe traga a criança a cada seis meses. Primeiro eu explico para a mãe porque, normalmente, a criança com dois anos não consegue entender tudo isso com a linguagem ortodôntica. Então, eu peço e explico, mas geralmente as brincadeiras com a “fada” resolvem, desde que a mãe também queira”. Em caso de tratamento, o acompanhamento é feito de seis em seis meses, pois em algumas situações, a criança também pode estar passando por outra dificuldade e manter a chupeta pode ser importante. Por exemplo, como o início em uma nova escola ou qualquer outra situação em que a chupeta esteja dando apoio psicológico. “Às vezes, a criança precisa da chupeta para se sentir segura. Depois, a própria escola vai tirar a chupeta, porque em algumas instituições existem regras, não é permitido o uso da chupeta e se a mãe entender que se a criança consegue passar esse período da escola Dra. Tatiane Ferronato - Ortodontista


Na luta por uma boa saúde Muay Thai, Jiu Jitsu e MMA são alternativas eficazes para quem quer praticar uma atividade física, mas está cansado das opções convencionais Nileiza Durand

A rotina dinâmica e agitada de algumas pessoas pode acabar refletindo na hora de escolher uma atividade física para manter a boa saúde. Ligados nessa tendência, muitas academias já oferecem modalidades de lutas como: Muay Thai, Jiu Jitsu e MMA. Conforme define o preparador físico Tassio De Negri, o Muay Thai é uma luta realizada em pé, originária da Tailândia que usa como golpes principais o soco, o chute, joelhada e o clinch, golpe que prende o oponente em torno do pescoço. O Jiu Jitsu é uma luta originária do Japão que inicia em pé e é finalizada no chão. Entre os golpes estão a chave de braço, o estrangulamento, torções e outros tipos de finalizações. O MMA é uma mistura, um conjunto, de várias artes marciais que engloba o Muay Thai, Jiu Jitsu, Box e o Wrestling. “O praticante que incluir duas lutas marciais no treino já caracteriza o MMA”, argumenta Tassio. O preparador físico ressalta que qualquer uma das modalidades auxilia na queima de calorias, proporcionando inúmeros benefícios para a saúde. “O Muay Thai movimenta o corpo todo, assim todos os músculos são trabalhados, principalmente a musculatura das coxas, abdômen, ombros e peitoral”. A atividade tonifica os glúteos, braços, ombros, costas, barriga, pernas e panturrilhas. Os ossos adquirem maior densidade, as articulações ficam mais flexíveis e a coordenação motora é ampliada. Além disso, o esporte desenvolve ou fortalece a autoconfiança e alivia o estresse.

Treino X luta Tassio avalia como importante saber que há diferença entre luta e treino. O treinamento de qualquer arte marcial pode trazer vários benefícios e pode ser feito por qualquer pessoal que tenha sido previamente avaliada por um médico. Já a luta, exige outro tipo de preparação, mais específica. “Falando em treinamento os benefícios são vários porque trabalha todo o corpo, desde o condicionamento cardiovascular, fortalecimento muscular, ganho de flexibilidade, ganho de força, alivio de estresse. As artes marciais são atividades completas”. Há algum tempo, as pessoas tinham uma ideia equivocada sobre o treino das lutas, achavam que seriam submetidas a um confronto, mas, segundo o orientador físico, o aluno pode praticar os golpes sem a intenção de competir. Tassio ainda ressalta que vários artistas começaram a praticar as atividades o que tornou as lutas mais populares. “Hoje temos os praticantes e os lutadores, e os praticantes procuram porque eles perceberam que eles não vêm para a academia para apanhar, mas sim para treinar”. Treino dinâmico As lutas oferecem um treino muito dinâmico, porque cada dia muda a rotina de atividades, são vários tipos • Julho 2013 • 22

de golpes e de exercícios. Também é trabalhada a parte muscular com agachamentos, flexões, abdominais, parte de aquecimento e parte aeróbica. O iniciante das artes marciais costuma ter um gasto calórico de 350 a 500 calorias durante um treino de 90 minutos. O intermediário ou o avançado podem gastar de 750 a 1000 calorias, com o mesmo tempo de treino. “Os iniciantes primeiro precisam aprender as técnicas para depois conseguir colocar os golpes com mais potência e intensidade, aí sim, vão conseguir ter um gasto calórico maior”. Além dos treinos, Tassio ressalta a importância do praticante controlar a alimentação. “O gasto calórico da prática do exercício anda junto com a diminuição da ingestão calórica, isso dará o equilíbrio para a diminuição de gordura corporal”. Os objetivos dos alunos que buscam o treino, geralmente, são: melhora da saúde, que engloba a estética, a redução de gordura e alguns procuram o ganho da massa muscular. Tassio também destaca os alunos que gostam de competir. “Mas aí é outro tipo de treino e eles praticam em outros horários e não ficam mais junto com a turma de praticantes, eles ficam com os lutadores”. Roupas As roupas devem estar adequadas para a prática da atividade física. Para as mulheres top para proteger os seios, camiseta de lycra ou algodão e shorts ou bermudas reforçadas que não ultrapassem os joelhos para melhor execução dos movimentos. Os homens devem usar regata ou camiseta e shorts que não ultrapasse os joelhos. Acessórios Para o treino de Muay Thai é preciso atadura para proteger os ossos das mãos e luvas de Muay Thai, caneleira e protetor bucal. Geralmente, algumas academias emprestam o material para alunos iniciantes, mas o correto depois de sua primeira aula é adquirir seus próprios acessórios. O que não pode No treino não se permite ficar com o cabelo solto, usar brinco, piercing, anéis e acessórios em geral. Esse tipo de assessório pode machucar o praticante.



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