Revista Área - 1ª Edição - Março 2014

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Ano 01 - Nº 01 - Março 2014

EDIÇÃO DE LANÇAMENTO R$10,00

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Publicação:

REVISTA DA SOCIEDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ALTO IRANI

HELICOVERPA ARMIGERA Uma nova praga trazendo grandes prejuízos aos produtores. Pág. 18

ACESSIBILIDADE Dificuldade de locomoção nos centro urbanos que afetam a todos. Pág. 14

ARQUITETURA



PALAVRA DO PRESIDENTE O ano de 2014 está sendo muito especial pra nós. É com grande satisfação que a Sociedade de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Alto Irani-SEAI apresenta a revista ÁREA. Uma conquista para os associados, profissio-nais e sociedade em geral. Tudo isso nos honra e nos sinaliza positivamente a seguir com esse projeto. Não podemos deixar de agradecer o empenho de cada um dos envolvidos, que possibilitaram a concretização deste projeto: os mais de 211 associados, parceiros e amigos, o nosso sincero agradecimento. Sabemos que foram dados apenas os primeiros passos e para seguir adiante, queremos compartilhar o aprendizado com o lançamento des-ta revista. Ela representa um marco na região e no estado de Santa Catarina, fortalecendo o papel da entidade na representatividade dos profissio-nais junto à sociedade. Este projeto reforça os principais objetivos da SEAI, que é estimular o aperfeiçoamento constante, através da troca informações e conhecimentos, interagindo com a sociedade, informando a respeito das melhores técnicas e procedimentos utilizados pelos profissionais na execução do seu trabalho nas áreas afins. O foco da nossa revista é transmitir para a sociedade de um modo geral, um conhecimento técnico com uma linguagem clara e objetiva, para que todos possam melhor utilizá-los nas mais diversas atividades que envolvam a participa-

Engenheiro Agrônomo Juliano Tonial Presidente da SEAI

ção técnica profissional, para transformar as riquezas, esclarecer dúvidas e auxiliar o cotidiano do nosso leitor, sempre buscando transformar ideias com estratégias eficientes. Com o intuito de trazer temas sempre atuais e de grande relevância para os leitores, esta edição abordada o problema da lagarta Helicoverpa armígera, uma praga que desde o ano passado tem preocupado os agricultores de todo pais. A revista também trata da acessibilidade, sua importância e dificuldades na implementação, da certificação de imóveis rurais junto ao INCRA, da segurança no trabalho, especificamente a NR 20 e outros assuntos, não menos importantes. A Revista ÁREA será um espaço para promover a valorização e o respeito pela Engenharia, Arquitetura e Agronomia, pois temos como res-ponsabilidade realizar projetos e mudar a vida das pessoas. Boa leitura! Um grande abraço!


UTILIDADE cONVÊNIOS SEAI

INDICADORES

POLICLÍNICA CENTER MED Dr.º Mário Augusto Marques, Clínico Geral Dr.ª Flávia R. Cedrez, Pediatra CLÍNICA MATERNO INFANTIL Dr.º Luciano De Bortoli, Pediatra Dr.ª Iara De Bortoli, Ginecologista PRÓ CARDIO – CLÍNICA DE CARDIOLOGIA Drº André Augusto Martins, Cardiologista Drº Giuliano Faccini, Cardiologista Drº Leonardo Fábio Carelli, Cardiologista Drº Rafael Augusto Favero, Cardilogista Drª Débora R. Siqueira, Endócrina CLÍNICA DE FISITERAPIA ACCADROLLI – FISIOCENTER Drª Georgea Accadrolli Stähelin, Fisioterapeuta POSTO ALTOS DA AVENIDA CAUDURO SEGUROS Ricardo Luiz Cauduro RESTAURANTE O COSTELÃO

Cotações - Santa Catarina – Fonte CEPEA 1 março 2014 FRANGO CONGELADO - 3,34 MILHO À VISTA CEPEA - 33,68 SUÍNO VIVO/CEPEA SP - 3,28 TRIGO CEPEA RS - 575,10 BOI FUTURO FEV - 120,33 CAFÉ FUTURO MAR - 207,75 ETANOL FUTURO FEV - 1380,00 MILHO FUTURO MAR - 32,95

EXPEDIENTE REVISTA ÁREA Sociedade de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Alto Irani - SEAI CNPJ 03.113.186/0001-83 - Inscrição Estadual: Isenta Rua Selistre de Campos, 124 - Sala 02 – Centro Xanxerê-SC Telefone (49) 3433-9216 - www.seai.com.br Editora / Jornalista Responsável Nileiza Durand (49) 8835-1684 - vsdcomunicacao@yahoo.com.br Marketing / Comercial VSD Marketing e Comunicação (49) 8825-0721 – vsdconsultoria@yahoo.com.br Diagramação João Pedro Vasconcelos (JP) (49) 8839-7235 - falajotape@gmail.com Tiragem: 3.000 exemplares Distribuição: Municipios do Alto Irnai

DIRETORIA GESTÃO 2013 / 2014 Juliano Tonial - Presidente Alemberg Dantas - Vice-presidente Cristiano Ferronato - 1º Tesoureiro Airton Alberton - 2º Tesoureiro Elizandro Gasparini - 1º Secretário Wallace José Chilemi - 2º Secretário Volmir Frandoloso - Diretor de Ativ. Tec e Culturais Charles Rabaiolli - Diretor de Ativ. Sociais Mateus Zanella - Diretor de Ativ. Esportivas Arlindo Nava - Conselho Fiscal Alessandro Winckler - Conselho Fiscal Luiz Mario Badotti - Conselho Fiscal Sergio Zanella - Conselheiro junto ao CREA/SC Os artigos e opiniões aqui veiculados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Área e de seus diretores. As matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade dos seus autores.



ENGENHARIA

Projeto de Almofadas de Elastômeros para Bases de Equipamentos e Estruturas Civis. Apoios executados com elastômeros para comporem as bases de equipamentos mecânicos e estruturas civis, que necessitam absorver vibrações ou grandes deformações, apre-sentam três vantagens importantes sobre os apoios rígidos, chapas deslizantes, rolos, braços articulados, ou molas mecânicas, desde que corretamente dimensionados e com as características do material que o compõem devidamente selecionado: são econômicos, eficientes e dispensam manutenção. Apoios executados em elastômeros desde que corretamente dimensionados, e com as caracte-rísticas do material que o compõem devidamente selecionado, são econômicos, eficientes, e dispensam manutenção.

Engenheiro Mecânico Alemberg Lescano Dantas Crea RS- 58.254

Critérios econômicos Devido ao seu desenho simples, facilidade de fabricação e baixo custo dos materiais en-volvidos, um apoio executado em elastômero é muito mais econômico que os dispositivos de apoios mecânicos. O apoio de elastômero não tem peças móveis, é simplesmente uma almofada plana de borracha com um pouco mais de 25 mm (1”) de espessura fixada entre a base civil e o suporte do equipamento sustentado. Quando a base do equipamento se movimenta em relação à base civil, a almofada sofre uma deflexão, não havendo deslizamento entre a base do equipamento e as peças fixas.

Eficiência Outra propriedade do apoio à base de elastômeros é a sua eficiência como um meio de transferência da carga. Sob efeito de cargas, os elastômeros absorvem das superfícies de apoio as reentrâncias, bem como as saliências nas superfícies de contato que suportam a carga. Na deflexão, o apoio de elastômero distorce por menor que seja o movimento relativo da base do equipamento. Não há fricção inicial a ser superada, nem depósitos de corrosão para serem destacados. Não há chance de um apoio emperrar e transferir um esforço ex-cessivo as partes fixas de suporte (estrutura de concreto).


Manutenção A terceira vantagem importante dos apoios de elastômeros é a de dispensar completamente a manutenção. Não há necessidade de lubrificação nem de limpeza. Todo o movimento relativo existente dá-se internamente no corpo do elastômero não havendo oportunidade para emperramento. Qual material utilizar? Existe uma grande gama de elastômeros com diversas propriedades físicas e químicas para as mais diversas aplicações. Um dos principais fatores que deve ser levado em consideração na escolha do material é o critério qualitativo, levando em consideração o meio no qual o elastômero irá trabalhar (ao ar livre, submerso em água doce/mar, submerso em ácidos, submerso em meios alcalinos, etc). Para auxiliar os projetistas nessa difícil tarefa existem inúmeras tabelas, seja em bibliografias especializadas, seja em catálogos de tradicionais fornecedores de elastômeros que guiam com boa precisão na escolha do material. As propriedades físicas irão influenciar quantitativamente no dimensionamento da base. Para as atividades mais comuns enfrentadas pelos projetistas destes equipamentos no seu dia a dia, isto é, suporte de equipamentos que estão ao ar livre, seja em ambientes confinados ou a céu aberto, o elastômero mais indicado é o neoprene. Porque neoprene? O neoprene nos dias atuais é o elastômero mais utilizado para bases de equipamentos nas mais diversas partes do mundo por duas razões importantes: O neoprene possui propriedades físicas que mais se adequam ao dimensionamento de bases de equipamentos, resultando em dimensões razoáveis e proporcionais às funções a que se

propõem. É altamente resistente à deterioração pela ação das intempéries e do envelhecimento natural. Capacidade de resistência do neoprene A capacidade do neoprene de suportar cargas por compressão é mais do que apropriada para o dimensionamento de bases de equipamentos. Adequadamente projetado, um apoio de neoprene pode suportar cargas de compressão de até 7,0 MPa, que é tão elevado quanto aos valores admissíveis de compressão no concreto. A deformação sob carga de compressão não é excessiva, apenas 0,8 mm a 1,5 mm por cada 25 mm de espessura da almofada se esta tiver sido adequadamente composta e projetada. Durabilidade É na resistência à deterioração que reside a marcante superioridade do neoprene sobre os demais tipos de borrachas que apresentam os requisitos físicos para bases de apoios. A resistência do neoprene à deterioração pela intempérie foi amplamente estudada pela indústria de fios e cabos elétricos. Em um exemplo clássico da literatura desta área, dois cabos elétricos, um com revestimento de borracha natural e outro com revestimento de neoprene, foram submetidos a décadas de uso sob condições de intempérie. No revestimento de borracha natural foi verificado que este estava seriamente danificado e rachado com suas propriedades físicas completamente deterioradas a ponto de impossibilidade de medição. O revestimento de neoprene apresentava-se sem danos ou rachaduras contan-do ainda com 80% das propriedades físicas.Depois de extensos estudos e muitos testes de envelhecimento acelerado por tradicionais fabricantes de elastômeros, estima-se um tempo de serviço livre de problemas para bases de equipamentos e estruturas civis executadas em neoprene de 35 a 50 anos.


ENGENHARIA

O Desafio da implentação da nova NR20 Engenheiro Civil e Segurança do Trabalho Charles Luiz Rabaiolli CREA/SC 061483-0

A nova NR20 estabelece requisitos mínimos para a gestão de segurança no trabalho contra riscos de acidente decorrentes das atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação. O texto se aplica no âmbito das questões de segurança e saúde com inflamáveis (gases e líquidos) e combustíveis (líquidos), desde o projeto de uma instalação, passando pelas fases de construção, manutenção e operação, até sua desativação. Esta norma regulamentadora foi revisada depois de 35

anos de sua primeira edição em 1978, esta revisão foi coordenada por um Grupo de Trabalho Tripartite e validada pela Portaria da Secretaria de Inspeção do Tra-balho (SIT) nº 308 em 2012, todos os prazos definidos pela portaria para implantação desta norma já expiraram. As instalações foram divididas em três classes, em função das atividades desempenhadas e da quantidade de armazenamento de inflamáveis e líquidos combustíveis, exemplos de atividades que demandam a implantação da NR20 são: postos de combustíveis, depósitos de GLP, industrias que usam no seu pro-


cesso uma quantidade mínima de inflamáveis, empresas de transportes que possuem tanque de combustível, empresas atacadistas e varejistas que estocam produtos inflamáveis, etc. Todas essas instalações devem organizar, implementar e alimentar seus prontuários que constitui de: Projeto da instalação, Procedimentos Ope-racionais, Plano de inspeção e manutenção, analise de riscos, plano de prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões e identificação das fontes de emissões fugitivas, certificados de capacitação dos traba-lhadores, analise de acidentes, plano de resposta a emergência, todas essas informações devem constituir um único documento, denominado prontuário da instalação. Certamente essa nova NR20 terá o desafio de fazer uma grande mudança cultural em relação a segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis, pois ela cobra uma gestão integrada de segurança que em algum momento reflete em outras normas regulamentadoras a exemplo da NR10 (eletricidade) e NR33 (espaços confinados), demais normas técnicas brasileiras como a NBR 17505 e legislações ambientais. Seguramente a atividade mais

envolvida pela nova NR20 esta os postos de serviços mais co-nhecidos como postos de combustíveis, classificados como instalação de Classe I, esta atividade revende aproximadamente 350 milhões de metros cúbicos de combustível dia e é considerado um serviço de utilidade pública pelo governo. No Brasil existe entorno de 40 mil postos de serviços que empregam cerca de 500 mil pessoas, se tornando uma atividade de grande importância para este pais, esses traba-lhadores desenvolvem vários serviços que são classificados em função do sua exposição ao perigo e risco, sendo necessário treinamento com carga horaria mínima para cada tipo de trabalhador, desde o atendente de balcão ao vigilante que circulam eventualmente pela instalação e os frentistas que operam os instrumentos de reabastecimento do posto. Para o frentista a nova NR20 estabelece um treinamento mínimo de 16 horas envolvendo quantidade mínima de aulas teóricas e praticas e este treinamento deve ser feito em horário de trabalho. Para que o empregador não seja surpreendido pela visita da fiscalização do ministério do trabalho ou por processos trabalhistas, sugere-se que ele contrate profissional legalmen-

te habilitado que juntamente com os colaboradores de sua empresa implemente esta norma regulamentadora, não só para não sofrer pesadas multas, mas para almejar a segurança de seus funcionários e


ENGENHARIA

A importância do investimento na formação profissional em ambiente de crescimento da economia Vanderlei Antonio Duarte Diretor da Unidade do SENAI de Xanxerê

Quanto mais conhecimento e aperfeiçoamento se obtêm, maior é o campo de trabalho e melhor o desempenho que se atinge. A exigência de pessoas com qualificação cresce junto à economia e à tecnologia. Atualmente, as empresas apresentam um grande crescimento e, por vezes, enfrentam a competitividade do mercado devido à concorrência cada vez mais acirrada. Essa forte concorrência impulsiona empresas a buscarem pessoas cada vez mais criativas, empreendedoras, com conhecimento para resolver problemas complexos, líderes de equipes e que produzam com inovação, visando à conquista constante de seus clientes. Por isso, a busca por formação profissional, no Brasil, tem tomado novos rumos. As mudanças têm ocorrido com vital importância, incentivadas e, de certa forma, cobradas pelo governo, que se 10

• ENGENHARIA • ARQUITETURA • AGRONOMIA •

mostra preocupado com os profissionais formados nos mais diversos cursos. Sendo assim, são realizadas parcerias com entidades a fim de que sejam formados profissionais qualificados para a-tender a demanda. O profissional no mercado atual Cada vez mais o mercado procura por profissionais dispostos a superar limites e conhecer novas culturas, hábitos e maneiras de atuar profissionalmente. As organizações não devem se preocupar apenas com o ser mais competitiva, mas sim em proporcionar aos trabalhadores um ambiente adequado para atender as suas expectativas, onde se sintam livres garantindo desenvolvimento e produção com qualidade. O rápido avanço da economia desperta as empresas para uma necessidade crescente por profissionais qua-

-lificados e aptos para lidar com os entraves do cotidiano. Aos poucos, o mercado se torna um ambiente repleto de especificidades que ampliam a urgência por conhecimentos mais aprofundados. Atualmente, especializar-se é a maneira mais eficaz de conquistar um bom posicionamento no mercado de trabalho. Por isso, quanto mais estudo, mais capacitado o profissional estará para enfrentar situações diversas do mercado. Consequentemente a esta maior qualificação e desempenho, a questão da remuneração é um dos requisitos de a-tração para a área da produção industrial que, segundo a Confederação Nacional da Indústria, os salários médios de admissão de técnicos variam de R$ 1.500,00 a R$ 2.500,00. E, após dez anos de experiência, eles vão de R$ 3.600,00 a R$ 7.000,00, dependendo da área. Estratégias de adaptação das empresas no processo de


captação de profissionais As empresas estão passando por um processo de reestruturação na produção que tende a dar origem a um novo padrão de busca de capital humano, ou seja, a busca pela competitividade através de novas formas de ganhos de produtividade aliadas a flexibilidade da produção. A adoção de novas estratégias é resultado de uma decisão do grupo dirigente da empresa e não simplesmente de modelo de projeto a ser colocado em prática. A realidade do Brasil é marcada por uma profunda

diversificação e adaptação de projetos convivendo com processos desde o mais arcaico até os mais avançados Em virtude das mudanças que ocorrem no mercado econômico, as empresas começaram a se preocupar mais com as condições de trabalho e com as concessões de benefícios a seus colaboradores, além de considerar a necessidade de negociar com as entidades representativas dos trabalhadores. Com o objetivo de preparar os indivíduos para atingir o maior grau de produtividade possível, os programas de treinamento visam capacitar os trabalhadores para o desempenho de tarefas, incluindo objetivos voltados ao relacionamento interpessoal e sua integração à organização. São estratégias observadas em empresas de destaques: - Contratação de estagiários em nível técnico; - Contratação de aprendizes; - Contratação de auxiliares para acompanhar os profissionais oficiais; - Programa sistemático de treinamento no local de tra-balho. Com essas, entre outras estratégias, a empresa procura estabelecer o nível de profissionais qualificados, visando

manter a margem de segurança para suprir as demandas do mercado, que podem surgir seja por evasão de profissionais, promovendo a reposição rápida, ou por oportunidades que possam surgir na própria organização. O que se pode garantir é que a forma de recrutamento e gestão de pessoas nas empresas mudou significativamente. Em tempos atrás, se supria a falta de profissionais contratando grande número de pessoas com poucos requisitos de qualificação. Essa prática tornou o PIB brasileiro com desempenho pequeno, em nível mundial, necessitando mais pessoas para conseguir produzir a mesma quantidade que uma empresa norte-americana ou europeia. Por isso, este é um momento de refletir sobre as competências, habilidades e atitudes do futuro funcionário antes da contratação. Além disso, deve-se colocar em questionamento os processos produtivos, pois estudos apontam que um profissional mais qualificado, frente a um equipamento ou processo de maior tecnologia, produz mais, melhor e com menor esforço e, ainda, com qualidade superior aos modelos antigos.


Construir, reformar, ampliar... O início de muita dor de cabeça? Engenheiro Civil Carlo Antunes dos Santos CREA-SC 123879-1

Esta é uma dúvida que passa pela cabeça de quase todas as pessoas que pretendem construir e, muitas vezes, a decisão de “encarar” uma obra pode mesmo ser o início de muitas dores de cabeça. Entretanto, ter a consciência das pedras que podem ser encontradas ao longo do caminho poderá ajudar nas escolhas, minimizando e até eliminando, por completo, os riscos e problemas desta jornada tão temida. Projeto Independente do tamanho da obra é fundamental dedicar tempo e atenção ao projeto. Não se deve imaginar que o profissional contratado para esta etapa, seja ele arquiteto ou engenheiro, tenha a capacidade de decifrar por completo todas as expectativas e necessidades de quem pretende cons-truir. Além dos condicionantes técnicos e legais que vão nortear o trabalho do projetista, o proprietário deve sempre exigir do profissional contratado que este explique exatamente tudo o que está no projeto e que faça constar neste documento todas as informações acertadas entre as partes. Se for necessário, além do projeto, memoriais descritivos e de especificações podem ser fundamentais para que fiquem registradas

de forma clara e precisa todas as caracte-rísticas da obra. Uma obra não deve jamais ser iniciada antes que todos os projetos estejam concluídos e preferencialmente que se evitem alterações ao longo da obra. Ain-da quanto aos projetos, a aprovação dos mesmos nos órgãos competentes (quando necessário) antes do início de qualquer serviço, além de obrigatória, minimiza de forma considerável a ocorrência de imprevistos, atrasos, embargos, etc.. Orçamento Antes do início do projeto, o profissional que vai projetar deve ter uma noção de quanto o contratante pretende gastar na obra, mas somente após a conclusão do projeto e de todas as suas especificações é que será possível calcular com boa precisão o custo da obra. Em alguns casos, o próprio projetista poderá calcular o orçamento, mas de forma geral, é o executor da obra que faz o cálculo. Para evitar furos no orçamento e os indesejados e temidos reajustamentos, uma boa prática é elaborar junto com o projetista uma lista de serviços e especificações, e buscar alguns orçamentos para esta lista. A simples entrega do projeto ou conversas informais com quem vai apresentar propostas


para a execução podem não ser suficientes para que todos os proponentes apresentem orçamentos dos mesmos serviços, possibilitando que ao longo da obra surjam serviços que “não estavam incluídos no orçamento” e consequentes reajustamentos de valores. Execução Em alguns casos, a contratação de um pedreiro “faz-tudo” de confiança, pode ser a solução mais eficiente e barata, entretanto, legalmente estes profissionais não têm qualquer responsabilidade sobre o serviço executado e o sucesso da obra poderá passar a depender da sorte das partes envolvidas. Atualmente, é uma raridade encontrar pedreiros, carpinteiros, azulejistas e outros profissionais que ainda cumpram a palavra dada e se responsabilizem pelo serviço que estão executando. Sempre que possível, a contratação de uma empreiteira ou locadora de mão de obra, devidamente constituída e preferencialmente com atuação reconhecida no mercado, vai minimizar os problemas de imperfeições, retrabalhos ou atrasos que poderiam vir a ocorrer. Ao contratar uma empresa para a execução do serviço, além de formalizar em contrato todos os detalhes da negociação- como a relação dos serviços, quem fornecerá os materiais, especificação dos materiais, menção ao projeto e memoriais da obra, prazo, forma de pagamento e etc.- o contratante pode, e deve exigir que a empresa trabalhe com profissionais devidamente registrados de forma a se eximir de qualquer problema decorrente de ações trabalhistas e acidentes de trabalho, assim como esclarecer de

quem será a responsabilidade pelas taxas e impostos relativos aos encargos e leis sociais. Fiscalização Caso a empresa contratada possua um profissional capacitado para a função de fisca-lização e acompanhamento da obra, pode-se incluir no contrato este serviço e exigir que tudo seja executado de acordo com o que está especificado em projeto. Por outro lado, se a empresa não possuir este profissional, o proprietário pode optar por contratar o mesmo profissional que elaborou o projeto ou outro especificamente para esta função. Por mais que o contratante tenha experiência com uma ou outra obra que tenha executado, a contratação de um profissional especificamente para esta função permite que o diálogo entre as partes envolvidas seja mais eficiente, além de se dispor de alguém que possa explicar e esclarecer tudo o que está ocorrendo ao longo da obra. Além dos aspectos abordados acima, questões relacionadas com a qualidade dos materiais utilizados, o fornecimento de ferramentas e equipamentos, a terceirização ou subcontratação de etapas e serviços, a utilização de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), o pagamento de taxas e tributos relacionadas à obra, a jornada de trabalho e todos aqueles que possam gerar dúvidas devem ser considerados e esclarecidos no momento da contratação. Certamente uma obra que começa com clareza das responsabilidades das partes envolvidas tem grande chance de sucesso e pouquíssima dor de cabeça.


ENGENHARIA ARQUITETURA

Elisandro Antonio Gasparrini Engenheiro Civil CREA/SC: 066.571-0

Desde 2004 está em vi-gor a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a NBR-9050, que foi desenvolvida especialmente para adaptação de meios físicos e mobiliários para pessoas com restrição de locomoção. Abrindo um parêntese, a seguinte citação, “pessoas com restrição de locomoção”, não se res-tringe apenas às pessoas portadoras de necessidades especiais, nesse grupo entram as gestantes, mães lactantes, idosos, pessoas que sofreram alguma fratura em pernas e pés e até aos pequenos que dependem de carrinhos de bebês para se locomoverem. Como se pode observar, o universo de pessoas be-nefi-

As dificuldades de adaptação da acessibilidade em centros urbanos ciadas pela lei é bem maior do que se imagina, podendo até incluir um de nós em uma determinada etapa de nossas vidas. É por isso que a Norma Técnica foi pensada para facilitar esse grupo imenso da nossa população a ter o direito de locomoção, do acesso aos prédios públicos, enfim de poder levar uma vida autossuficiente. A aceitação dessa realidade modifica conceitualmente os espaços edificados, apontando para um projeto mais responsável e compromissado. Ao reco-nhecermos a diversidade das pessoas, cabe-nos trabalhar os ambientes de forma a atender uma gama cada vez maior de usuários.

As vantagens dos ambientes livres de barreiras beneficiam 100% dos usuários e não apenas determinado segmento. O grande desafio, no entanto, é a aplicação de todas essas exigências ao meio urbano, principalmente, adaptando espaços construídos anteriores à aplicação da Norma Técnica, que data de 2004, e pode ser considerada uma data muito próxima. Fala-se de apenas dez anos, porém existem cidades com 60, 80, 100 anos e lá estão edificações que foram construídas nessas épocas, principalmente prédios públicos, onde nem se imaginava que um dia seriam dadas condições para todas as pessoas. Ao planejar de forma mais


abrangente e menos restritiva, usa-se como parâmetro de acessibilidade, sempre do usuário que necessita maior atenção a cada item a ser estudado no projeto. Assim, através do somatório das exigências pensadas para cada um - como um piso antiderrapante, visando o idoso, um corrimão duplo para a criança, o vão adequado para a cadeira de rodas, uma programação visual explícita que atenda ao deficiente auditivo – beneficia-se o todo. Para tudo na engenharia há uma solução, principalmente quando se quer aplicar a acessibilidade ao ambiente, que reflete diretamente ao custo da obra, as adaptações podem ser simples, como rebaixamento de meio fio, construção de calçadas com pisos podotáteis, adaptação de corrimões e de rampas de acesso. Outras podem ser um pouco mais complicadas que podem exigir interferências estruturais na edificação, como a adaptação de um banheiro, a construção de rampas onde se exige a intervenção em vigas, pilares, etc. Sempre é importante ressal-

tar a avaliação de um profissional da área, que tenha pleno conhecimento do que é exigido na NBR 9050, seja ele um engenheiro ou arquiteto. O mesmo irá analisar, projetar e apresentar opções ao proprietário, indicando a forma mais econômica e fácil de executar a acessibilidade. Lembrando que para cada situação há um custo que deve ser considerando. Toda a questão de acessibilidade está sendo tratada de forma igual em todo o mundo, aplicando até mesmo desenhos universais, que podem ser entendidos e aplicados em qualquer um dos quatro cantos do planeta. Há um bom tempo toda a América do Norte e Europa vem tentando resolver esse problema, principalmente em seus prédios públicos e turísticos, aplicando sistemas que isentam a intervenção na arquitetura e estrutura de seus centenários edifícios, como a implantação de plataformas elevatórias, rampas exclusivas para cadeirantes e elevadores. A percepção da necessida-

de da inclusão social, de dar condições iguais às pessoas, independente de sua raça, classe social, portador ou não de necessidades especiais é algo que veio para ficar e não existe volta. Com o tempo a lei da natureza vai se encarregar de modificar o quadro urbano para tal configuração. É como se fosse uma espécie de evolução natural, adaptando o meio aos indivíduos, já que é notório o crescimento da população idosa no mundo. Estudos mostram que em 2030 teremos mais de 20% da população acima de 65 anos. Lembrem-se, em um determinado ponto de nossas vidas poderemos necessitar de tudo o que está sendo exigido, não é uma reforma estrutural para o presente e sim para o futuro, no qual a maioria estará inclusa. Claro que nada pode ser executado de forma aleatória, tudo deve ser analisado por um profissional da área. Assim a evolução acontecerá de forma prática, eficiente e sem desperdício de recursos de modo à atender a todas as esferas da humanidade.



ARQUITETURA artigo

A arquitetura como idealizadora do futuro Arquiteto Wallace José Chilemi

O profissional procurou trabalhar com desníveis e a integração dos espaços internos com as áreas verdes e de lazer externa

Quando nos referimos à arquitetura, ela nos remete a algo belo, solucionável, que nos causam sensações de bem-estar e proteção. No meu entender, a arquitetura está integrada em nossas vidas muito mais do que imaginamos, ela está presente no contexto social e político da sociedade. Quando idealizamos um projeto arquitetônico, precisamos nos preocupar bem mais do que dividir seus espaços e melhorar sua ocupação. A arquitetura fascina, intriga e, muitas vezes, revolta as pessoas envolvidas. Isso porque ela não é apenas uma habilidade prática para solucionar os espaços habitáveis, mas encarna valores. A arquitetura, por si só, desenha a realidade urbana que tem o papel de acomodar os seres humanos no tempo presente, mas também tem o poder de idealizar o futuro. Podemos até dizer que é parte do nosso pensamento. É bom conhecê-la melhor. Ela vai muito mais além do que você

pensa. Projeto Arquitetônico de uma residência unifamiliar integrada ao espaço físico e-xistente Na elaboração do projeto, minha maior preocupação, era formalizar uma proposta arquitetônica, em que a obra se adaptasse perfeitamente a topografia do local, já que o terreno era irregular e suas dimensões não muito grandes, dificultando uma boa intervenção no local. Optou-se, então, por um projeto que valorizasse ainda mais a sua topografia, tirando partido dos desníveis existentes. Sendo assim, procurei trabalhar com desníveis, integração dos espaços internos com as áreas verdes e de lazer externa. Volumes bem elaborados e organizados de tal forma que proporcionaram equilíbrio e grande harmonia à fachada principal.

A proposta do arquiteto foi que a obra se adaptasse perfeitamente à topografia do local

Os volumes bem elaborados e organizados proporcionaram equilíbrio e harmonia à fachada principal


AGRONOMIA

Helicoverpa armigera Engenheiro Agrônomo Mestre em Produção e Tecnologia de Sementes Volmir Frandoloso

A entrada de uma nova praga, exótica, torna-se um grande problema para qualquer país, pois pode causar grandes prejuízos se medidas de controle não forem adotadas, sobretudo em conjunto, resultando em perdas incalculáveis para todo o setor. Dependendo do potencial de dano que a praga causa, poderá servir como barreira fitossanitária para países importadores de commodities, que deixam de importar para proteger seu território. Isso pode ocasionar prejuízos bi-lionários para um país, especialmente o Brasil, que é um grande exportador e está pró-ximo de atingir 200 milhões de toneladas de grãos, dos quais, 90 milhões de toneladas serão de soja, grande parte é destinada à exportação. Por ser um país de dimensões continentais, o Brasil fica vulnerável a entrada de novas pragas, com grande potencial de danos econômicos, como é o caso da Helicoverpa armigera. Todos os especialistas são enfáticos em afirmar que um controle preventivo, antecipado, evitando a entrada de novas pragas no país sai muito mais barato para o governo e 18

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para o setor privado, do que combater quando o problema está instalado. Para tanto, o país precisa reforçar seu sistema de defesa e detecção preventiva de pragas nas fronteiras, principalmente, nos portos, aeroportos e rodovias, caso contrário, estará sempre correndo atrás dos prejuízos. A Praga A Helicoverpa armigera é considerada uma das mais graves pragas em todo o mundo e vem causando enormes prejuízos, devido seu alto potencial reprodutivo e grande capacidade adaptativa. Por ser um inseto polífago (com apetite voraz) pode atacar até 200 espécies de vegetais, cultivadas e silvestres. A grande atenção para essa praga deve-se ao fato dela atacar os principais cultivos de importância econômica entre eles: milho, soja, trigo, sorgo, feijão, algodão, girassol, tomate, abobrinha, citrus, amendoim e muitos outros. A preferência por espécies hospedeiras pode ser influenciada por diversos fatores, como características morfológicas,


Nova praga grandes lições

estágios fenológicos, compostos voláteis, disponibilidade de alimentos, além de características genéticas da planta hospedeira. As lagartas H. armigera alimentam-se de folhas e caules, contudo, têm preferência por brotos, inflorescências e frutos causando danos tanto na fase vegetativa quanto reprodutiva. Este inseto chegou para mudar todo o sistema de manejo de pragas no Brasil. O agricultor brasileiro deve estar permanentemente alerta e atualizado. Distribuição no mundo Helicoverpa (=Heliothis) armigera (Hübner), (Lepidoptera: Noctuidae) apresenta ampla distribuição geográfica (Figura 1), sendo registrada na Europa, Ásia, África e Oceania (Guo 1997). A praga foi descrita pela primeira vez pelo entomologista alemão Jacob Hübner, há mais de dois séculos, ficando registrada na literatura científica internacional desde 1809. La19

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Figura 1 - Distribuição geográfica da Helicoverpa armigera. (Fonte: PIONEER,

gartas do gênero Helicoverpa fazem parte de um grupo formado por diversas espécies com alto potencial de dano, devido a suas características biológicas. A identificação da H. armigera no Brasil ocorreu em março de 2013, no estado de Goiás, na cultura da soja, sendo a primeira detecção dessa praga no continente americano, considerada até então, praga quaren-


tenária ausente no país. Na região do Cerrado, a ocorrência dessa lagarta já tinha sido observada em 2012, com altas infestações e prejuízos. Até o momento, 14 estados identificaram a presença da H. armigera: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Distrito Federal, Bahia, Maranhão, Piauí e Ceará. Não se sabe ao certo como ela entrou no Brasil. A hipótese mais provável é que tenha sido através da importação de flores

ou plantas ornamentais. Mas o fato é que a praga agora está no país e com grande potencial de danos para as principais culturas. As ocorrências de maior severidade, até agora, foram registradas no oeste da Bahia, causando perdas elevadas na produtividade, mesmo com a aplicação de inseticidas químicos. Presença da Helicoverpa em Santa Catarina Mediante a presença da lagarta nos principais estados produtores de grãos e de relatos da presença da H.armigera nas lavouras catarinenses, a Cidasc, órgão de Defesa Agropecuária do Estado de Santa Catarina, iniciou a partir de outubro de 2013 os trabalhos de levantamento para detecção da praga, com a instalação de armadilhas do tipo delta, com feromônio (Figura 2). A confirmação da presença da lagarta no Estado, 20

Figura 2 – Armadilhas utilizadas para captura das mariposas de Helicoverpa armigera. (Fonte: Embrapa, 2013)

mediante laudo laboratorial, ocorreu em novembro de 2013, no município de Campos Novos. A partir da detecção da H. armigera em Santa Catarina, à Cidasc intensificou o monitoramento, com o objetivo de conhecer a dinâmica populacional, o comportamento, meios de dispersão e culturas atacadas. Foram instaladas mais de 200 (duzentas) armadilhas em todo território catarinense. Esse trabalho possibilitou detectar a presença da praga em praticamente todo Estado, desde

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Figura 02


o município de Dionísio Cerqueira até Braço do Norte, com incidências maiores nas regiões produtoras de grãos, Xanxerê e Campos Novos (Figura 3). Além dessas medidas, um conjunto de ações foram executadas, entre elas a decretação de alerta fitossanitário, com a criação do Comitê Estadual de Controle da H. armigera, através da Portaria SAR nº 42, novembro de 2013. O Comitê é constituído por empresas e instituições públicas e privadas de grande relevância para o setor agropecuário cata-

expressivos. Mostrando que através do monitoramento, conhecimento dos hábitos comportamentais da praga e aplicação de inseticidas recomendados no momento certo e na dosagem recomendada, são medidas de grande relevância para o controle dessa praga. Não há dúvida de que a H. armigera é uma praga com altíssimo potencial de danos, sendo considerada praga-chave de diversas culturas em muitos países do mundo. Segundo os pesquisadores, o que torna a H. armigera importante e severa, é o fato de possuir alta

rinense. O Comitê tem a finalidade de subsidiar tecnicamente a Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca, na implantação de medidas fitossanitárias visando o controle e manejo da H. armigera, como também, a proteção dos cultivos vegetais envolvidos e a saúde pública. Para reforçar essas ações houve capacitação de toda a equipe técnica da Cidasc, formada por engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, os quais têm realizado inspeções “in loco” em lavouras onde há suspeita da presença da praga. Ações de educação sanitária estão sendo realizadas em todas as regiões do Estado, a fim de esclarecer sobre o tra-balho desenvolvido para a detecção e monitoramento da praga. Esse conjunto de ações tem gerado resultados positivos, apesar da presença da praga nas lavouras, não houve relatos de danos

mobilidade, polifagia e alta taxa de reprodução. Isso obriga a implantação de um intenso programa de manejo e controle da lagarta, através de uma série de medidas que integre pesquisa, desenvolvimento de novos produtos com vigilância e monitoramento permanente das lavouras. Aspectos biológicos e comportamentais A H. armigera possui alto potencial reprodutivo. Cada fêmea tem a capacidade de ovipositar de 1.000 a 1.500 ovos, sempre de forma isolada, sobre talos, flores, frutos e folhas, preferencialmente no período noturno. A postura é feita geralmente na face adaxial (parte superior da folha). Os ovos são branco-amarelados, e ficam acastanhados próximo à eclosão. O período de incubação dos ovos dura de três a quatro dias. No milho os ovos da H. armigera são ge-ralmente pos-

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tos sobre o “cabelo” da espiga, assim como a espécie H. zea. Ao eclodir, as larvas consomem os grãos em desenvolvimento e, além desse dano direto, são comuns as infecções bacterianas secundárias. De acordo com as pesquisas, as larvas também podem se alimentar das folhas do cartucho, das folhas mais desenvolvidas na planta e do pendão. As lagartas jovens são verde-pálido, mas os estágios posteriores são muito variáveis na cor (do verde-amarelado ao marrom-escuro) (Figura 4). O período larval é constituído por cinco a seis instares (estágios de desenvolvimento da lagarta) e pode durar de dois a três semanas, dependendo das condições climáticas, e, no último instar, a lagarta possui de 30,0 mm a 40,0 mm de comprimento e coloração variando do verde ao amarelo claro, marrom-avermelhado ou preto. É nesse estágio que ocorre os grandes danos,

cance. Os insetos adultos são bons voadores e são mais ativos à noite, podendo se deslocar de 350 km a 1.000 km de distância. Em condições de clima brasileiro, a reprodução continua durante todo ano. É possível que essa praga possa ter até nove gerações por ano, evidenciando a capacidade reprodutiva e o potencial de dano. As lagartas, no geral, são bastante agressivas, chegando a ser até mesmo “canibais” (Figura 6). Elas empupam dentro de um casulo de seda, e permanecem em galerias enterradas, há cerca de dez centímetros de profundidade, no solo. Durante esta fase, podem hibernar, mas não resistem a geadas severas.

Figura 5 – Ciclo de desenvolvimento da Helicoverpa armigera.

Figura 04: Lagartas de Helicoverpa armigera em diferentes colorações (Fonte: EMBRAPA Dourados/MS – julho/2013).

pois ela come as folhas e partes reprodutivas das culturas, destruindo as lavouras. Dispersão A H. armigera é uma espécie que apresenta grande mobilidade e alta capacidade de sobrevivência, mesmo em condições adversas, podendo completar várias gerações ao ano e finalizar o seu ciclo de ovo a adulto no período de quatro a seis semanas (Figura 5). Além disso, pode dispersar-se com grande facilidade, pois os adultos são migrantes naturais e apresentam movimento de longo al-

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Figura 6 – Lagarta predando outra “canibalismo”. (Foto: Marcio Palmigiani Cooper Alfa Ouro Verde).


Identificação: A H. armigera possui alta plasticidade fenotípica, apresentando no período larval variada coloração relacionada geralmente à planta hospedeira que está presente. A espécie é muito semelhante e quase indistinguível de seus parentes próximos: Heliothis virescens (lagarta da maçã) e Helicoverpa zea (a lagarta da espiga do milho que estamos acostumados a ver). Para identificar a praga é necessário o encaminhamento de amostras de mariposas ao laboratório, para análise de adultos por meio de características morfológicas da genitália ou mesmo para identificação molecular tanto de adultos quanto de imaturos. Prejuízos No Brasil as maiores intensidades de danos ocasionadas pela H. armigera ocorreram, até então, nas culturas do algodão, milho, soja, feijão, tomate e sorgo. Perdas superiores a 80% em decorrência da praga ocorreram na Bahia, safra 2012/2013, tendo o algodão seu principal alvo. Estima-se que só no estado baiano os prejuízos tenham sido superiores a R$ 2 bilhões, nos cultivos de algodão, soja, milho e feijão. Juntando com outros estados atacados pela praga, estima-se que os prejuízos chegaram a mais de R$10,7 bilhões em todo o país. Essas perdas ocorreram em razão da falta de informações dos produtores e técnicos sobre o comportamento da H. armigera. Por ser uma praga exótica e quarentenária ausente no país, dificultou a identificação, acarretando atraso

na implantação de medidas para o controle, retardando o registro e a liberação de inseticidas e adoção de medidas para minimizar os prejuízos. Calcula-se que os custos anuais em todo o mundo, com controle e perdas de produção chegam a US$ 5 bilhões. Na Índia e China, 50% dos inseticidas utilizados visam ao controle desta praga. Na Espanha a H. armigera é uma das pragas mais nocivas ao cultivo de tomate para a indústria. Para alívio dos produtores as perdas ocorridas nas lavouras das principais culturas na safra 2013 /2014 em todo Brasil, são pequenas, o que se observa é um aumento do custo de produção, pois para manter as lavouras livres da praga obrigou os agricultores à aquisição de novos inseticidas e aumentar o número de pulverizações. Estes custos são variáveis, conforme cada região, dependendo do número de pulverizações, época de aplicação, produto aplicado e estágio de desenvolvimento da cultura. Controle O controle da H. armigera precisa ser rea-lizado antes da praga atingir o quarto instar, tamanho entre 0,8cm a 1cm (Figura 5). A partir desse estágio, a lagarta ataca partes reprodutivas das plantas (flores, frutos e vagem) e terá maior resistência ao efeito das moléculas dos produtos químicos, a mesma estará abrigada nas partes reprodutivas das plantas hospedeiras sendo difícil o controle e os prejuízos serão maiores. Uma das principais práticas, e que é determinante no controle da H. armigera, é o monitoramento da área. Existem várias maneiras


de se fazer isso. Recomenda-se a utilização da técnica de pano de batida que consiste em um pano branco, estendido entre as linhas da cultura (Figura 7). Essa prática deve

Figura 7 –Utilização do pano de batida para contagem de lagartas (Fonte: Embrapa, 2013)

ser realizada no mínimo uma vez por semana durante a fase vegetativa da cultura e pelo menos duas vezes por semana durante a fase reprodutiva (florescimento). O ideal é começar o controle da praga quando encontrar quatro lagartas por pano na fase vegetativa e duas lagartas por batida de pano na fase reprodutiva, o que é um nível de controle rigoroso. É importante também, que o produtor faça vistorias direcionadas para as estruturas como brotos novos, flores, vagens e outras estruturas reprodutivas, pois é onde a lagarta dessa espécie costuma ser encontrada. Após a realização do monitoramento e a identificação da lagarta confirmada, e o nível crítico para controle atingido é necessário realizar o controle corretivo da

praga. Sempre lembrando que a utilização de inseticidas deve ser feita de maneira corretiva e com cautela, pois normalmente várias espécies de insetos são atingidas com uma mesma molécula, o que pode gerar um grande desequilíbrio ecológico, favorecendo o aparecimento de pragas secundárias. Para o controle de lagartas pequenas (menores do que 1,50 centímetros de comprimento), o produtor deve dar preferência para a utilização de inseticidas de ação fisiológica no inseto e/ou controle biológico. Já em lagartas maiores os melhores resultados de controle são obtidos quando utilizados inseticidas de contato. Lembrando que a mistura de agroquímicos diminui a eficiência dos mesmos e também podem causar desequilíbrio. O controle biológico é uma técnica eficiente para controlar as lagartas de menores tamanhos. Já existem espécies que parasitam a H. armigera disponíveis no mercado brasileiro. Entre os produtos podemos destacar: Trichogramma, (vespa que parasita ovos da lagarta), produtos a base de vírus e Bacillus thuringiensis (bactéria que parasita a lagarta) e outros a base de fungo. O controle biológico propicia o estabelecimento da espécie parasita/predadora na área aplicada em definitivo com a manutenção dos inimigos naturais da lagarta. Por ser um inseto que veio de outros territórios, sendo exótico, os inimigos naturais desta praga inexistem no Brasil e, portanto, não exercem controle efetivo como em outras lagartas. Para melhorar o controle, o produtor rural precisa ajustar o calendário de plantio, que deve ser rigorosamente seguido, de acordo com as recomendações para cada região.


O vazio sanitário também deve ser seguido, de modo que a destruição de plantas remanescentes (restevas) seja realizada de forma adequada. Além das medidas de controle acima citadas, é essencial o treinamento de técnicos de campo para realizarem a correta identificação da lagarta na lavoura e intensificar a amostragem nas áreas. Um problema agravante no manejo da H. armigera tem sido o desenvolvimento da resistência aos inseticidas, especialmente em relação aos piretróides sintéticos, embora já haja registro de resistência a outros grupos de compostos, como carbamatos e organofosforados.

Para evitar que isso aconteça é importante que o agricultor tenha cuidado em não utilizar por muito tempo o mesmo princípio ativo, para tanto, deve sempre consultar um profissional da área. É importante salientar que de nada adianta o produtor se preocupar em monitorar a H. armigera se o controle não for feito de maneira correta, com aplicações de inseticidas no momento certo, uso do princípio ativo indicado, na dosagem adequada, com neblina correta e em condições meteorológicas ideais. São cuidados que determinarão o sucesso ou fracasso no controle da lagarta.

Grupos de agrotóxicos registrados para uso no estado de Santa Catarina para controle da Helicoverpa armigera. Controle biológico: 05 produtos, ou seja, 01 isca feromônio, 01 vírus interespecífico, e 03 contendo bacillus thuringiensis; Piretróides: 05 produtos de contato e ingestão; Espinosinas: 01 não sistêmico e seletivo aos inimigos naturais; Diacilhidrazina: 01acelerador de ecdise e seletivo benéficos; Antranilamida: 01 de contato e ingestão; Espinosinas* – produtos Tracer e Entrust; Bloqueadores de Na* (clofenapyr) – produtos Pirate, Sunfire; Benzonilureiras* – produto Atabron; Diaminas – produtos Belt e Premio; Benzoilureira* – produtos Match EC, Curyon e Game; Diacilhidrazinas* – produto Intrepid e Carbamatos (metomil) – produtos Bazuka, Lannate, Brilhante BR e Rotashock. *Produtos sugeridos pela EMBRAPA


AGRONOMIA

A Certificação de Imóveis Rurais Engenheiro Agrônomo Jacir Corato

A certificação de imóveis rurais tem como principal objetivo o conhecimento do território brasileiro, consequentemente, proporciona a melhor gestão das informações do meio rural, visando o desenvolvimento do país. De acordo com o Art. 176, da Lei 6.015/73, alterado pela Lei 10.267/01, a identificação

de imóveis rurais será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por um profissional habilitado com ART, contendo coordenadas georrefenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro – SGB dos vértices definidores dos limites dos imóveis com precisão posicional a ser fixada pelo Incra. Esta exigência se faz em casos de desmembramentos, remembramentos, parcelamentos ou ações judi-


ciais que versem sobre imóveis rurais e de transferência de domínio do imóvel, nos prazos fixados pelo Poder Executivo. O Decreto 4.449/02, que regulamenta a Lei 10.267/01, determina que “Caberá ao Incra certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio.” As primeiras Normas de Execução abrangiam inúmeras análises das peças técnicas entregues pelo responsável técnico, ou seja, uma perícia do trabalho realizado pelo profissional, ocasionando um acúmulo de processos nas Superintendências sem previsão para terminar o passivo. Com a NE 105 pu-blicada em 26 de novembro de 2012, o Incra passou a analisar somente o perímetro limpo do imóvel, objeto do memorial descritivo apresentado, como regulamenta a Lei citada anteriormente, embora fosse necessária a apresentação de todas as peças técnicas estipuladas pela Norma Técnica de Georrefe-renciamento de Imóveis Rurais 2ª Edição. A publicação desta Norma de Execução foi o início para começar a enxergar a luz no fim do túnel. A agilidade fez com que a análise de processos fosse mais rápida e consequentemente o tempo para emissão da certificação menor ainda. Em setembro de 2013 o Incra apresenta o Sistema de Gestão Fundiária (Sigef). É um sistema WEB desenvolvido para automatizar a certificação de imóveis rurais, além de fazer a recepção, validação, organi-

zação, regularização e disponibilização das informações georreferenciadas de li-mites de imóveis rurais, públicos ou privados. Concomitante é homologado através da Portaria Nº 486 a 3ª Edição da Norma Técnica de Georreferenciamento de Imóveis Rurais e seus manuais, o Manual Técnico de Posicionamento e o Manual Técnico de Li-mites e Confrontações. O sistema veio para agilizar e melhorar os procedimentos e a disponibilização dos dados de certificação, pois o que antes demoraria meses para emitir a certificação, hoje, em alguns minutos tem-se o documento em mãos e disponível para toda população acessar. Um importante passo dado pelo sistema é a responsabilidade dada a cada parte interessada ao processo, pois toda informação inserida é de total responsabilidade do credenciado e em caso de confirmação de dominialidade do imóvel cargo do Ofício de Registro de Imóveis. De acordo com os manuais, as informações são passíveis de fiscalização pelo órgão e caso estejam em desacordo com as normas vigentes é passível de sanções, que poderá ser uma advertência, suspensão ou até descredenciamento. O sistema promete resolver o grande pro-blema enfrentado na certificação de imóveis rurais, o tempo, já que atualmente todos os imóveis acima de 250 hectares devem ser certificados. Espera-se que todos os órgãos e entidades envolvidas no processo abracem esta causa para que o principal interessado, o proprietário, não seja prejudicado com a demora do processo.


SOCIEDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ALTO IRANI

Rua Selistre de Campos, 124 Sala 02 Centro - Xanxerê SC 49 3433.9216

www.seai.com.br


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