AS AVENTURAS DE BEN-HUR E PADILHA NO ESPAÇO SIDERAL
Episódio 3: Os meandros da gravidade Por: J.R. SILVA BITTENCOURT
TEORIA DA VISÃO INVERSA* BUSCANDO OUTRA EXPLICAÇÃO PARA O UNIVERSO
* REVERSE SIGHT THEORY
Nossos heróis Ben-Hur e Padilha encontram-se nos arredores de Saturno, planeta gasoso menos denso do que a água e que se situa, em média, a 1,5 bilhão de quilômetros do Sol. Os dias em Saturno são muito curtos: o Sol nasce e se põe uma vez, a cada cinco horas. O planeta se desloca no espaço três vezes mais devagar do que a Terra, a cerca de 10 km/s. São quase trinta anos, para dar uma única volta em torno do Sol.
TOSKA
Padilha: -Você sugeriu que o observador teria um importante papel na definição do sentido da atuação das forças no espaço-tempo, porque não haveria outras forças mensuráveis, que pudessem existir fora dele... Ben-Hur: Sim. Tudo o que pode ser lembrado e medido, iniciou-se simultaneamente com a própria contagem do tempo. Vamos tentar exemplificar...
Ben-Hur: -Um astronauta nas proximidades de Saturno olha para o Sol, e conclui que ele seria avistado com a aparência que tinha há uma hora e vinte minutos atrás, tempo necessário para a luz percorrer 1,5 bilhão de quilômetros... Sol
Ben-Hur: -Se o Sol dispusesse de uma consciência, pensaria que Saturno é que se encontra no passado, sendo visto (com atraso) pela luz refletida, a mesma que ele enviou para o espaço num momento anterior... Padilha: -Se o tempo fosse um movimento intrínseco, ou que dependesse da existência de um observador dotado de memória, ele não existiria para o Sol. Assim, alheios aos nossos pontos de vista, o Sol e Saturno ocupariam o mesmo momento do tempo (presente)...
Ben-Hur: -Como o observador não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, metade do caminho percorrido pela luz do Sol (e das outras estrelas) não pode ser aferido diretamente. É preciso, inicialmente, que a luz já esteja presente junto ao observador, para permitir o seu rastreamento posterior...
Ben-Hur: -Estando em Saturno, você até poderia tentar deslocar o início da contagem do tempo para a posição do Sol, e concluir que a luz, obrigatoriamente, despenderia o mesmo módulo de tempo para percorrer a mesma distância nos dois sentidos, mas são situações totalmente diversas: você passaria a depender do ponto de vista de um outro observador junto ao Sol, que levaria o marco zero do tempo consigo... Padilha: -Não havia pensado nisso.
Padilha: -Se dois observadores estivessem em galáxias diferentes, ambos viveriam no mesmo momento do tempo, que corresponde ao presente. No entanto, cada um veria a galáxia do outro com a aparência de milhões de anos atrás, devido à dependência mútua em relação à informação transportada pela luz... Ben-Hur: -É isso aí...
Ben-Hur: -Segundo Bittencourt, a nossa dependência em relação à mensurabilidade do tempo estaria envolvida com a incerteza da posição (ou da velocidade), tanto das galáxias distantes como das partículas subatômicas... Padilha: Isto parece nivelar as infinitudes nos dois níveis citados, pois, para acessá-las, dependemos da mesma forma de rastreamento remoto de informações...
Ben-Hur: -Como desconhecemos o que acontece com a luz, na metade do caminho que nos separa das estrelas, fizemos alguns racioníos curiosos, como é o caso do conceito de binário astrométrico. Abaixo, vai uma adaptação de um diagrama da p.115 do livro ‘Buracos negros e o universo’ de Iain Nicolson... A
Observador
B
A = Companheira brilhante (estrela visível) B = Companheira escura (estrela invisível)
Ben-Hur: -A descrição de Nicolson, para o binário astrométrico, é a seguinte: ‘As estrelas A e B constituem um binário, sendo A possuidora de maior massa e luminosidade do que B; esta última não pode ser vista diretamente da Terra. O centro de massa do sistema binário segue uma trajetória retilínea através do espaço embora, devido ao seu movimento orbital relativo, as estrelas A e B se movam de um lado para o outro desta linha. ‘A’ será vista, portanto, percorrendo uma trajetória ondulante, a qual implica na presença de uma companheira invisível’.
A
Observador
B
A = Companheira brilhante (estrela visível) B = Companheira escura (estrela invisível)
Ben-Hur: -O J.R. não se preocupa em tentar provar se o texto está errado ou não, e sim em chamar a atenção do leitor para a total falta de acesso direto às informações sobre a existência da estrela B. Padilha: -As informações devem estar lá, mesmo sendo inacessíveis diretamente. Ben-Hur: -Sim. Como dependemos da nossa memória para tecer considerações sobre o universo distante, acreditamos que a luz emitida tanto por A quanto por B só pode estar chegando do nosso passado. O que está no nosso futuro não existe. Isso fica evidente no sentido das setas, cujas pontas apontam do passado para o presente do observador...
A
Presente
Passado
B
Observador
A = Companheira brilhante (estrela visível) B = Companheira escura (estrela invisível)
Ben-Hur: -Agora, preste atenção às pontas das setas, na adaptação de Bittencourt para o diagrama de Nicolson: a seta pontilhada, com origem na estrela B invisível, aponta do futuro para o presente do observador. Enquanto isso, a contínua aponta no sentido contrário. Ou seja, a seta do tempo se inverte na posição do observador onde, coincidentemente, a luz já pode ser rastreada na direção do passado... A
passado
Observador no presente
B
futuro
A = Companheira brilhante (estrela visível) B = Companheira escura (estrela invisível)
Padilha: -Isto justificaria a crença do Bittencourt de que o tempo seria um movimento intrínseco, ou seja, que estaria virtualmente contido no observador, por um princípio de exclusão de acesso direto ao futuro... Ben-Hur: -Não existe futuro. O que existe é um observador olhando para o presente do universo sempre com atraso, por estar na dependência da sua memória, para poder interagir com a realidade...
complicou...
Ben-Hur: -A seta do tempo, na linha pontilhada, apontaria do presente da estrela B (invisível) para o presente do observador, que assumiria a condição de estar relativamente no passado. No entanto, o módulo de tempo que cursa antes da chegada da luz (no futuro) é indeterminável. Ele poderia ser mínimo (no nível subatômico) ou estar tendendo ao infinito macroscópico, sem que o seu módulo pudesse ser aferido isoladamente. Isto parece unir e justapor as duas setas contínuas (que apontam para a estrela A visível), justamente as que se esticam, instantaneamente, para o passado do evento. Graças a esse movimento de inversão da seta do tempo, a percepção do observador se torna instantânea e simétrica... A
Observador no presente
Centro de massa Passado Centro de massa
Invisível
B
Passado Invisível
Padilha: -Quando você diz ‘o módulo de tempo que cursa antes da chegada da luz’ está sugerindo que o tempo do seu deslocamento sofreu alguma forma de retenção, por parte do espaço? Ben-Hur: -Sim. Isso atesta que o espaço dependeria diretamente da radiação, para comunicar os seus eventos ao observador. Por isso, o atraso inerente, na forma como isso acontece... O espaço não nos comunica nada, de forma direta...
Ben-Hur: -No caso do nosso Sol, aceita-se que a sua enorme massa seria capaz de reter o tempo de deslocamento da luz, por 8 minutos. Isto é, nós veríamos o Sol através de uma imagem virtual, com um atraso inerente, em que ele se apresenta sempre com a aparência de 8 minutos atrás. Isso também acontece com todas as outras estrelas. O que muda, de uma estrela para a outra, é o tempo médio de retenção da luz...
Padilha: -Isso não coincide com o conceito, já abordado anteriormente, de ‘cone de luz futuro’ das estrelas? Ben-Hur: -Sim. O interessante é que, apesar de não podermos medir diretamente o tempo de deslocamento da luz do Sol, nós o substituímos pelo tempo que podemos medir ‘depois’ da chegada da luz. Trata-se de uma forma indireta de estimativa do tempo, em que se utiliza o rastreamento remoto da luz. O tempo representa uma forma de prisão para o observador, da qual ele não consegue se desvencilhar para, assim, poder olhar para o espaço como se estivesse do lado ‘de fora’ do tempo...
Sol
Ben-Hur: -Bittencourt vai mais longe: ele acredita que, uma vez que o tempo de deslocamento da luz das estrelas não poderia ser medido diretamente, não há como se afirmar que ela teria se movimentado no espaço, num momento anterior. Isto é, apenas quando se trata do ponto de vista do observador, a luz das estrelas sempre esteve junto a ele, muito antes de poder ser avistada... Padilha: -Já se falou disso. A luz não poderia ser notada antes de sofrer um processo de ‘empacotamento’ que, tudo indica, aconteceria junto ao observador...
TOSKA
Ben-Hur: -Isto justificaria a aparente ‘inversão’, sofrida pela seta do tempo na posição do observador, que o obriga a somente poder olhar para o passado dos eventos, e nunca diretamente para o seu momento presente. Além disso, mostra que o sentido das forças atuantes no espaço-tempo precisaria sofrer uma revisão, o que é sugerido, abertamente, pela participação da luz e do seu movimento harmônico, na descrição da geometria do espaço. Essas forças são facilmente compreendidas, quando abordadas no conjunto massa-mola... Padilha: -Abandona-se o conceito de espaço e volta-se os olhos para a luz, que porta as informações. O conjunto massa-mola descreve o movimento harmônico simples, envolvido com todas as formas de radiação eletromagnética...
luz
luz
Ben-Hur: -É aí, que entra o Efeito Doppler. Por ser cíclico, o MHS da luz pode ser descrito em termos de seno e cosseno. A diferença básica entre as curvas é que, no caso das estrelas emissoras, o seno se iniciaria no centro de gravidade do binário (estado de repouso da onda), e o cosseno no ponto de máxima energia, seja positiva ou negativa (+/- 1). Para as curvas serem individualizadas, seria preciso saber a posição exata da fonte, o que é impossível... cosseno imagem do sol
infravermelho- ultravioleta
observador Sol em posição incerta Sol em posição incerta
imagem do sol
infravermelho- ultravioleta
seno
observador
Ben-Hur: -Esta forma de avaliação, em que não se pode medir diretamente o tempo necessário para a luz do Sol alcançar a Terra, seria um obstáculo insuperável para o emprego do Efeito Doppler, visando a avaliação de distâncias e velocidades envolvidas com os astros... Padilha: Por quê? Ben-Hur: -É que, devido à incerteza da posição da fonte, não se pode estabelecer o início das curvas senóide ou cossenóide (ondas). Com isso, não se pode saber se o ultravioleta estaria chegando à frente do infravermelho ou vice-versa...
Ben-Hur: -A linha pontilhada, relacionada com a companheira invisível da estrela, sugere que, assim como acontece depois do espalhamento da luz, haveria ondas dentro do cone de luz futuro do evento. No entanto, a ausência de tempo (no futuro) é incompatível com a existência de movimento mensurável para a luz. Portanto, a existência de ondas, na direção do presente, não pode ser confirmada. Padilha: -Isso explicaria porquê, tanto o ultravioleta como o infravermelho, podem ser rastreados simultaneamente: o marco zero do tempo teria migrado definitivamente para a posição do observador isolado. cosseno infravermelho- ultravioleta
imagem do sol
passado
observador
futuro As ondas pontilhadas são questionáveis Sol em posição incerta
infravermelho- ultravioleta
seno
futuro passado imagem do sol
observador
Padilha: -Se entendi bem, o J.R. sugere que o Sol teria uma companheira escura e invisível? Ben-Hur: -Sim. Na verdade, aconteceria o mesmo com cada estrela que vemos brilhando no céu, à noite. A incerteza da posição da fonte induz a uma virtual dissociação entre a estrela real (escura), e a imagem que vemos brilhando. Isto é, como precisamos de tempo para decodificar as informações contidas na luz, a companheira escura do Sol seria ele mesmo, sendo visto com a aparência de 8 minutos atrás...
Padilha: -Como explicar a interação gravitacional, existente entre uma estrela real (escura) e a sua própria imagem brilhante? Não há como negar que ela existe, na prática... Ben-Hur: -Aí, é que estaria o ‘pulo do gato’. A gravidade não existe fora do tempo, pois ela e a aceleração são equivalentes (Einstein). Isto nos diz que a gravidade é uma força de natureza secundária; o que se materializa na sua resultante centrípeta, que não pode ser somada às outras forças conhecidas...
Padilha: -A resultante centrípeta está intrinsecamente associada ao movimento circular e uniforme. Mas, no caso do nosso sistema solar, as órbitas reais dos planetas são elípticas (J.Kepler), e o Sol ocupa sempre um dos focos, comum a todas elas. Não há, aí, uma incongruência?.. Ben-Hur: -Certamente...
Ben-Hur: -O movimento circular tem mantido a humanidade prisioneira, ao longo dos séculos. No caso dos planetas, não se trata apenas de uma ilusão - ele faz parte da nossa realidade ‘observável’. Para chegar às elipses, como sendo a órbita real de um planeta, Kepler despendeu, num trabalho obsessivo, a maior parte da sua existência. focos da elipse
círculo (aparente)
periélio
Sol
afélio
elipse (real)
afélio
Ben-Hur: -Bittencourt utiliza um conceito revolucionário da mecânica quântica, que nos diz que ‘a observação parece ser capaz de mudar a natureza das partículas subatômicas’, para fazer um alerta sobre os perigos de colocarmos os nossos pontos de vista à mercê da radiação eletromagnética... Padilha: -Nada poderia ser observado, no céu, sem o espalhamento da luz dos astros na nossa posição. Na verdade, estamos sempre correndo atrás das partículas iluminadas, sem jamais as vermos diretamente...
Ben-Hur: -Neste universo em que vivemos, visível diretamente, destacase a presença constante do movimento circular e uniforme. Abaixo, um observador na Terra, ocupando as posições E1 e E2, em dois momentos diferentes do tempo, olha para o céu e vê o Sol com a aparência de 8 minutos atrás (imagem). O movimento do planeta é repassado para a imagem do Sol, como se fosse circular e uniforme. Isso parece ser confirmado pelo fato de que, ao desfilar sobre a eclíptica, o Sol conserva sempre o mesmo volume ao longo do tempo... movimento circular uniforme (relativo) da imagem do Sol
Sol em posição incerta
movimento da Terra
Ben-Hur: -J.Kepler lançou luz sobre o problema, deixando claro que a órbita real dos planetas (incluindo a Terra) forma uma elipse, ao longo do tempo. Para o cálculo da força gravitacional do Sol, envolvida com a resultante centrípeta, nós forçamos um pouco a barra, considerando que, devido à enorme diferença entre as massas, o Sol ‘quase’ ocuparia o centro de massa do sistema... O Sol ocupando um dos focos da elipse
Terra
Sol
Padilha: -Com isso, e para o cálculo da força gravitacional, substituímos o eixo maior da elipse pelo raio do círculo... Ben-Hur: -Na prática, isto significa suprimir, da distância que nos separa do Sol, em torno de 2,5 milhões de quilômetros... foco da elipse
eixo maior da elipse
Terra
Sol
movimento elíptico raio do círculo
centro do círculo
F = Fcpt
movimento circular
Ben-Hur: -Outra indicação muito forte, da nossa dependência em relação ao movimento circular, é o conceito de ‘cone de luz do futuro’ das estrelas (incluindo o nosso Sol). O Sol se comportaria como um centro puntiforme emissor de ondas circulares concêntricas, todas com a mesma velocidade. O exemplo ilustrativo mais usado é o das ondas que seriam geradas por uma pedra, jogada na superfície de um lago de águas tranquilas...
Ben-Hur: -No diagrama abaixo, Bittencourt tenta mostrar que não existiria tempo (mensurável diretamente), a partir do instante em que as ondas circulares de luz fossem ‘emitidas’ pelo Sol. Sem tempo, não haveria movimento mensurável. Isto é, não haveria ondas reais, de qualquer espécie. Nós costumamos medir o tempo depois que a luz nos alcança e, a seguir, extrapolamos esse tempo (8 minutos) para ‘dentro’ do cone de luz do futuro do Sol... Sol atuando como fonte de ondas circulares fictícias
Não há tempo (mensurável diretamente) Espaço + luz
A luz do Sol sempre esteve na terra (do nosso ponto de vista), de onde passou a se condensar até formar o pacote de informações (quantum). O tempo teria ficado retido no processo.
Ben-Hur: -Você entende a extensão do problema? Se fosse possível a um observador ir até o Sol e olhar na direção da Terra, ele provavelmente confirmaria que ela seria avistada com a aparência de 8 minutos atrás. Isso seria o esperado, porque ele levaria o marco zero do tempo consigo. O tempo não existe fora do observador ou, mesmo que exista, não se pode medi-lo diretamente... Aqui do Sol, eu vejo a Terra com 8 minutos de atraso...
Espaço + luz + tempo
Ben-Hur: -Abaixo, vemos uma representação da formação de um cone fictício, resultante da superposição das ondas no tempo que as separa umas das outras. O diagrama foi extraído da p.53 do livro de S.Hawking, ‘Uma Breve História do Tempo’. No caso das ondas luminosas, teoricamente ‘emitidas’ pelas estrelas, este cone só existe como uma forma de abstração, já que o tempo não pode ser medido diretamente dentro do cone de luz futuro do evento...
Padilha: -Você quer sugerir que metade do caminho percorrido pela luz, e que nos separa das galáxias distantes, é totalmente desconhecido para nós?? Ben-Hur: -Sim. O que vemos no céu noturno depende do espalhamento da luz na Terra. Nosso cérebro parece ter sido projetado para interagir com os eventos sempre fora do seu próprio tempo, o que deixa margens à dúvida...
Padilha: -Dúvida? Ben-Hur: -Sim. Normalmente, espera-se que os eventos interpretados coincidam com a realidade dos fatos, mas não se tem garantias a respeito. A realidade dos eventos distantes no espaço não pode, em tese, ser manipulada; o que não se estende, necessariamente, às informações que ela disponibiliza...
TOSKA
Ben-Hur: -Vamos retornar ao problema do movimento circular. Quando se acrescenta o tempo à sequência das ondas luminosas, emitidas pelo Sol, obtém-se um cone tridimensional (reto), cuja base é um círculo perfeito. Como as ondas de luz se propagariam na superfície bidimensional do espaço, a profundidade do cone dependeria da existência do tempo. Nesta visão, o tempo se anteciparia ao surgimento da nossa sensação de profundidade. Isto é, não haveria profundidade no espaço, se o tempo não pudesse ser medido.
Tempo
A Terra entrará no cone de luz futuro do Sol depois de 8 minutos
Profundidade
8 min
zero Sol
Terra
Espaço
Ben-Hur: -Você pode notar que a luz, em tese, teria ficado retida por 8 minutos dentro do cone de luz futuro do Sol. Com ela, todas as informações que necessitamos para descrever a estrela, tal como fazemos todos os dias. Dentro do cone citado não haveria movimento, nem tempo (mensuráveis diretamente). Não se poderia contar, neste caso, com a emissão de ondas reais. Sem elas, não haveria Doppler antes que a Terra entrasse no referido cone de luz, e a contagem do tempo se iniciasse. Também não se poderia contar com a medida da gravidade naquele local do espaço, pois, segundo Einstein, a aceleração do movimento e a gravidade são equivalentes...
Padilha: -O evento abstrato do cone de luz futuro das estrelas poderia, então, ser considerado como um indício da existência de uma ‘força’ antigravitacional fora do espaço-tempo? Ben-Hur: -Quem sabe? A verdade é que não se tem notícia desse tipo de força, aqui dentro. A antigravidade corresponderia ao que costumamos chamar de ‘trabalho negativo da gravidade’, conforme exemplificado no diagrama abaixo...
Ben-Hur: -A retenção transitória das informações, dentro do cone de luz das estrelas, promove uma virtual ‘inversão’ no sentido da seta do tempo, na nossa posição. Isto é, o momento do espalhamento do pacote de luz coincide com o início da contagem do tempo no passado, quando a luz se torna rastreável às nossas antenas. Padilha: -Isso poderia explicar a nossa observação instantânea dos eventos...
Ben-Hur: -Se a informação transportada pela luz permaneceu retida dentro do cone do Sol, por um lapso de tempo qualquer, a curvatura fictícia do cone somente ganharia sentido após o seu espalhamento, na posição do observador. Isso seria o esperado, porque não existe movimento na ausência do tempo. Com isso, o tempo se associaria a um movimento intrínseco e negativo, virtualmente contido em quem observa. Não se poderia determinar, no caso, se o início da curvatura do espaço ocorreu junto ao Sol, ou ‘a partir’ da posição do observador...
Padilha: -Os físicos preferiram optar pela tese de que a massa do Sol curvaria o espaço diretamente. -Ben-Hur: -Como a gravidade é a única força conhecida, a atuar em larga escala no universo visível, entramos num beco sem saída, já que ela tem a natureza positiva de uma força secundária (de restauração). Sempre que o espaço se estica ou se curva, o tempo se contrai. Se fizéssemos a escolha pela tese de que o esticamento ocorreria ‘a partir’ da posição do observador, na verdade estaríamos optando pelo comportamento da luz que porta as informações, e pelo seu movimento harmônico simples. O espaço, no caso, ficaria na total dependência do seu mensageiro.O emprego do conjunto massa-mola, nesse caso, iria esclarecer alguns impasses...
Luz Luz
Saturno é avistado, da Terra, através da reflexão da luz solar, que incide sobre o planeta.
Ben-Hur: -Nos diagramas abaixo, estariam expressas duas condições: (A) A luz se comportando como se estivesse na 1a. fase do seu movimento harmônico; (B) A nossa interpretação subjetiva das informações disponibilizadas pela luz, que nos diz que o espaço estaria se curvando (expandindo) e sendo acompanhado da contração do tempo... Ec = zero Ep = máxima V = zero
Ben-Hur: -A nossa dependência em relação à presença da informação atesta que, quando se trata do nosso ponto de vista, a luz do Sol (e a de outras estrelas) sempre esteve na Terra. Se compararmos o espaço exterior com a mola do nosso conjunto, ele permaneceria em repouso, nem esticado, nem contraído. Na extremidade fixa desse espaço estático estaria a Terra e, na livre, estaria o nosso Sol... F = força mola
bloco
Ep = zero Ec = máxima Veloc (v) = máxima
extremidade fixa
bloco
extremidade fixa mola
Padilha: -O que foi feito do céu cravejado de estrelas e de galáxias? Ben-Hur: - É bom você acordar. O espaço real é frio e escuro. Nossos olhos não estão preparados para perceber a maior parte dos comprimentos de onda da luz. As fotos que se vê na Internet são apenas belas construções, feitas pelos computadores...
Ben-Hur: -O que chama a atenção, no diagrama da 1a. fase do MHS da luz, é que a formação do cone de luz futuro de uma estrela implicaria na retenção (transitória) das informações. Se o espaço se curva, ele não nos comunica nada de forma direta. Inclui-se, aí, a própria gravidade. O movimento de curvatura, ao ser descrito indiretamente (com atraso) pela luz, seria um trabalho de natureza negativa, pois a força apontaria no sentido contrário ao do esticamento da mola do espaço... Extremidade fixa
Mola
Massa
Ben-Hur: -Quando a luz se espalha junto ao observador, as informações se tornam finalmente acessíveis, e ela entra na 2a. fase do seu MHS, onde a ‘mola’ já surge relaxando. Ao contrário do esperado, a luz comunica a fase anterior de esticamento do espaço, de forma instantânea e sem levar em conta o tempo que ela pudesse ter envolvido no processo...
Ben-Hur: -O acesso às informações, disponibilizadas pela luz-radiação, mistura os efeitos das duas fases antagônicas: o esticamento (expansão da mola do espaço, 1a. fase do MHS) surge acompanhado de aceleração do movimento (2a. fase MHS), o que não seria o esperado... Padilha: -Os astrônomos, com isso, detectam a expansão ocorrendo na presença de aceleração constante das galáxias. Além disso, concluem que a expansão estaria ocorrendo em tempo real, sem levar em conta o cone de luz futuro do evento...
Padilha: -Como explicar, satisfatoriamente, essa mistura dos efeitos gerados por duas fases, totalmente excludentes entre si? Ben-Hur: -É aí, que entra o papel do observador. Talvez este problema não exista fora da sua interpretação subjetiva...
Padilha: -Como assim? Ben-Hur: -Nada impediria que o universo pudesse ser estático, fora do tempo. Nada impede, também, que o tempo, tal como o conhecemos, fosse uma espécie de movimento intrínseco, ou que estivesse contido em nós mesmos. O pensamento se justifica, pela exclusão de acesso direto ao tempo no futuro. Isto é, nós não podemos nos lembrar desse tempo, caso ele exista. Uma vez projetado no passado, durante a 2a. fase do MHS da luz (espalhamento dos fótons), o tempo teria colocado o universo em movimento...
TOSKA
Padilha: -Tente tornar isso mais claro... Ben-Hur: -Vamos ver. Quem nos permite ver as estrelas, com a aparência que tinham no passado, é a luz, graças às informações que transporta. O Movimento harmônico simples, executado por essa luz, comporta-se à semelhança de um estilingue.
Ben-Hur: -Quando você lança uma pedra com o auxílio do estilingue vê, claramente, as duas fases do processo. No caso do universo e devido à incerteza da posição, não se pode determinar o exato momento em que termina a 1a. fase do MHS da luz e se inicia a 2a. fase (ou vice-versa). Quando se trata da geometria do espaço, sendo descrita pela luz, as fases do movimento harmônico se confundem.
-O espaço-tempo é homogêneo e isotrópico: a luz não depende do sentido em que se propaga...
Ben-Hur: -Veja como o ponto de vista do observador pode ‘contaminar’ a realidade: com a inversão aparente no sentido da seta do tempo, que se poderia atribuir ao súbito acesso às informações durante o espalhamento do pacote luminoso, o observador é virtualmente jogado para ‘dentro’ e para o centro do espaço-tempo, de onde não pode mais sair, para saber se há alguma coisa do lado ‘de fora’...
Padilha: -Neste caso, fora do tempo, não se poderia confirmar a existência de movimento de qualquer espécie. A luz das estrelas, por exemplo, poderia ou não ter se deslocado no espaço, sem confirmação, até que houvesse o espalhamento dos fótons... Ben-Hur: -O universo poderia ser estático fora do tempo, sem que isso pudesse ser confirmado ou desmentido...
Ben-Hur: -Veremos, agora, como a interpretação das informações, disponibilizadas pela luz das estrelas, poderia ‘inverter’ o sentido de certas forças atuantes no espaço-tempo, como é o caso da gravidade. A interpretação mais aceita, atualmente, é a de que a massa das estrelas seria capaz de curvar diretamente o espaço. Tudo bem. Mas, não em tempo real, ou no ‘aqui e agora’. Isso se deveria à retenção do tempo, dentro do cone de luz das estrelas... Espaço
Ben-Hur: -Como se desconhece o que acontece dentro do cone de luz futuro das estrelas, conclui-se que a luz de Beta Andromeda só poderia estar chegando do nosso passado. Mas, a formação do cone seria anterior à chegada da luz. Nesta fase, a luz nos diria que o espaço estaria se esticando (1a. fase do MHS). O trabalho envolvido teria uma natureza negativa, pois a força apontaria no sentido contrário ao do esticamento. A formação da curvatura do espaço, portanto, não poderia ser atribuída diretamente à gravidade...
Estrela
O trabalho resultante do esticamento do espaço seria negativo: a luz ficaria retida na curvatura do espaço, e a força apontaria na direção contrária. Como, antes do espaço se curvar, tudo estaria no centro, a força negativa (antigravidade) apontaria no sentido ‘de volta para o centro’.
Ben-Hur: -Normalmente, aceita-se que as estrelas afastam-se, entre si, ‘porque o espaço se estica em tempo real’...
Ben-Hur: -Porém, quando se trata do aporte das informações, contidas na luz, seria aceitável dizer-se que as estrelas se afastam ‘porque o espaço relaxa no presente’. Isso decorre do achado de que é na 2. fase do MHS (movimento harmônico simples) da luz, que o acesso às informações se torna possível... 2a. Fase do MHS: restauração positiva da força
Padilha: -A condição de repouso, exposta no item ‘C’, abaixo, não existe na prática, pois fere o princípio da incerteza. O espaço sempre apresentará ondulações na sua estrutura, por mínimas que sejam. Poderíamos dizer, por isso, que tanto a 1a. como a 2a. fase, do MHS da luz das estrelas, existiriam apenas como ‘tendências’, que teriam ficado suspensas na direção do infinito.
Ben-Hur: -De fato. O que faz a diferença entre as fases do MHS é que, numa delas (a segunda), as informações podem ser acessadas diretamente e dão conta, com atraso, do que acontece na outra (primeira). Lamentavelmente, isso provocaria a exclusão entre as fases quanto ao acesso direto, além de ‘misturar’ os efeitos que as caracterizam: expansão (1a. fase), com aceleração (2a. fase)...
Ben-Hur: -O problema, com a nossa interpretação, é que rastreamos a luz das estrelas depois que ela já teria passado por nós. É bem verdade que, ao fazê-lo, costumamos lembrar que ela nos traçaria um quadro do passado do universo, mas que se revela de forma instantânea. Isso gera certa confusão... Quadro do passado
Pensamento atual: A maioria das estrelas afastam-se umas das outras... Quadro do presente
...cada vez mais rápido, porque o espaço estaria se esticando (expandindo) em tempo real...
Padilha: -Acho que entendi. Quem nos dá o instantâneo do passado é a radiação eletromagnética, onde a luz está incluída. A luz não mente, mas é passível de interpretações equivocadas. Se o esticamento do espaço, revelado pelo Doppler, estivesse acontecendo aqui e agora (1.fase do MHS), seria criada uma predisposição para as galáxias desacelerarem, num primeiro momento, e se aproximarem umas das outras posteriormente, porque a força apontaria sempre no sentido contrário ao do esticamento. Isso não acontece na prática do Doppler...
Ben-Hur: -Existem argumentos muito fortes contra a tese de que o universo estaria, atualmente, na fase de expansão. O primeiro deles, é que não há dúvidas de que o universo se apresenta, para nós, com a aparência que tinha no passado. Isto fica por conta da velocidade fixa e limitada da luz, que é de 300.000 km/s. Por outro lado, se o universo estivesse em expansão contínua, nós não teríamos como lembrar disso, pois há uma complementaridade entre o espaço e o tempo: se um deles se dilata, o outro se contrai. Imagine um tempo que teria estado se contraindo, já por 13,7 bilhões de anos?!!!
TOSKA
Padilha: -Bom, eu vejo a expansão pelo lado positivo: a contração do tempo além de certos limites, ainda muito distantes do zero absoluto, justificaria a inversão no sentido da sua seta, sem a necessidade do colapso total do universo. A inversão seria um evento fictício, que se colocaria no infinito microscópico. Isto está de acordo com a teoria do big bang, que nos diz que toda a energia e toda a massa do universo esteve concentrada em um único ponto do espaço, menor do que o furo de uma agulha...
Ben-Hur: -É no exato momento da inversão (aparente) da seta do tempo, que entra a figura do observador. A contração do tempo na fase expansionária revelar-se-ia, para nós, apenas como uma tendência, pois é preciso manter a incerteza da posição das partículas, e isso não seria possível fora do tempo. Mesmo assim, o observador deixa de ver o que acontece, no nível subatômico, muito antes que o tempo se aproxime do zero. O motivo, em princípio, é que a sua memória não atuaria fora do tempo...
Padilha: -Por que se deveria pensar que a inversão no sentido da seta do tempo é aparente? Ben-Hur: -O verdadeiro sentido da seta do tempo é o que aponta sempre na direção do futuro. Isso, porque a expansão aumentaria continuamente o grau de desordem do sistema. É aquela velha história da xícara, que cai ao chão e se espatifa. No entanto, quando se olha para o céu noturno, vê-se as estrelas com a aparência de milhões de anos atrás, ou como imagens do nosso passado.
Ben-Hur: -O espaço não nos comunicaria nada, pelo menos de forma direta. Reiterando, se não fosse pela luz, nós não saberíamos que existe o espaço, as galáxias e as estrelas que as formam. Assim, no ato de levantarmos a cabeça e olharmos para o céu noturno, estaremos assumindo o tempo das próprias imagens que vemos. Embora a nossa observação do todo seja instantânea, a realidade não é vista instantaneamente. É como se nós mesmos estivéssemos vivendo no passado. Isso me assusta... Padilha: -Nossa!
TOSKA
Ben-Hur: -Agora, veremos duas situações que, ao nível da nossa interpretação subjetiva, seriam absolutamente iguais. Elas dizem respeito às duas fases do MHS da luz, que utilizamos para interagir com as estrelas. A primeira fase (expansão) promoveria a desordem (aumento da entropia), mas reteria as informações. Esta fase ainda não existe para nós, desde que reteria a luz, durante a formação do cone de luz futuro das estrelas...
Expansão
Extremidade fixa mola bloco
Ben-Hur: -O segundo diagrama do conjunto massa-mola nos mostra a 2a. fase do MHS da luz, a de relaxamento ou de contração do espaço. Neste momento, que coincidiria com o espalhamento da luz na Terra, as galáxias são vistas na fase de expansão, instantaneamente e com atraso. A característica desta 2a. fase é a aceleração, enquanto a fase expansionária, descrita com o auxílio da luz, deveria ser acompanhada de retardo no movimento das galáxias. Quando a expansão é exposta instantaneamente, no entanto, ela parece incorporar a aceleração, misturando os efeitos de duas fases totalmente distintas e independentes entre si. Isso se tornou possível, devido ao achado de que a contração do tempo, na fase expansionária, teria ficado suspensa na direção do infinito.
Contração
Padilha: -Você sugere que, quando se trata do acesso às informações, seria a contração do espaço que permitiria a manifestação da fase anterior, ou seja, a da expansão? Ben-Hur: -Sim. Por isso, as fases se tornariam virtualmente contínuas. A gravidade assume uma natureza secundária, porque a sua origem ficaria oculta por trás da primeira fase, avaliada sempre com atraso. A primeira fase (expansão) é fictícia, porque seria avaliada com atraso. A 2. fase (de contração) também é fictícia, pois as informações, que dão conta da expansão, excluem as que poderiam expor a contração. O que existe, na realidade, é o presente eterno...
Expansão
Contração Não haveria, na abóbada celeste, nenhuma diferença visual entre a 1a. e a 2a. fase do MHS da radiação cósmica (expansão e contração).
Padilha: -A torre informa que tivemos problemas. Estamos temporariamente imobilizados, aguardando reparos. Uma pane no computador de bordo liberou a fixação do cabo, que mantinha o responsável pelo conserto conectado à nave. O problema parece ser grave...
Estou sem conexão com a internet e sem o facebook...
cateto
Ben-Hur: -Continuando o nosso raciocínio vemos, abaixo, o cone de luz futuro de beta-andrômeda, estrela que estaria a 75 anos-luz de onde estamos. Durante a formação desse cone, a estrela ainda não poderia ser avistada no céu noturno e, por isso, ela ‘não existiria’, pelo menos até a Terra entrar no seu cone de luz. Em preto, vemos a metade do cone, como um triângulo retângulo. Um cone tridimensional surgiria, se girássemos esse triângulo sobre um dos seus catetos...
Ben-Hur: -Quando a Terra entra no cone de luz da estrela, esta pode ser avistada instantaneamente e de forma contínua, mas com a aparência que tinha no passado. Qual a conclusão lógica, que se tira do evento? Padilha: -Que a contagem do tempo se iniciaria na posição do observador? Ben-Hur: -Mais ainda. Não se pode afirmar, com absoluta segurança, se a luz da estrela se deslocou no espaço, ou se sempre esteve por aqui...
No caso do Sol, quando as nossas antenas podem correr atrás da informação disponibilizada pela luz da estrela, a radiação já teria se tornado ‘de fundo’. Isto é, já teria passado por nós. Pode-se apenas imaginar que o tempo de 8 minutos existiria dentro do cone de luz futuro do Sol, por semelhança com o tempo que vemos projetado no nosso passado. Porém, não há como comprová-lo na prática...
8 min
8 min
Ben-Hur: -Como não podemos olhar para o futuro diretamente, somos obrigados a fazer suposições de como ele seria, tomando por base o que observamos no passado da abóbada celeste. A única fonte de informações de que dispomos é a radiação cósmica, dita ‘de fundo’. Alguns estudiosos acreditam que o que aconteceu com a luz, antes dela chegar até nós, seria tal como uma imagem inversa do que vemos no passado, passando-nos a falsa ideia de que o tempo existiria antes disso....
TOSKA
Se o tempo não existe no futuro ou, caso exista, não pode ser medido diretamente, pode-se supor que as galáxias e suas estrelas não irradiariam coisa alguma dentro dos seus cones de luz futuro, pois não há movimento na ausência do tempo. Por conta disso, também não deveria haver ondas reais e, por consequência, não haveria Doppler antes de a radiação se espalhar e se tornar ‘de fundo’. Então, como se poderia superpor ondas fictícias, no tempo que as separa umas das outras, desembocando na formação de um (falso) cone de luz do futuro?
TOSKA
Ben-Hur: -Essa linha de raciocínio, relativamente simples, levou Bittencourt a especular se a forma como o observador interage com a realidade, submetendo-se ao império da radiação eletromagnética como fonte de informações, não estaria na origem das aparentes discordâncias, entre o que se poderia chamar de ‘realidade primária’ e de ‘realidade secundária’. No princípio, muito antes do surgimento da vida inteligente, a luz do Sol já estava na Terra...
-Uma vez que o observador desconhecia a existência de um tempo anterior, necessário para que a luz pudesse alcançá-lo na Terra, ele passou a conviver com a luz do Sol desde o nascimento. Isso permite supor que a luz-radiação poderia ter sido ‘empacotada’ ou ‘quantizada’ a partir da sua posição, e não da posição do Sol. Assim, o observador passaria a ocupar a extremidade fixa do conjunto, enquanto a ‘mola’ do espaço se ‘esticasse’ e retivesse o tempo, no processo. Isso retiraria do Sol a prerrogativa de ser o responsável direto pela curvatura do espaço... Força
Movimento intrínseco
Movimento intrínseco
Padilha: -Convenhamos que se trata de uma visão muito arrojada, para não se dizer outra coisa... Ben-Hur: -Acontece que muita gente já se cansou de ouvir sempre as mesmas coisas. Além disso, há muitos físicos que discordam de muitas das ‘verdades’ que são ditas atualmente. Eles mantêm-se calados porque, quando questionados, não têm uma alternativa melhor para substituir a visão vigente. Se você se cala, passa por inteligente...
Ben-Hur: -Mas, voltando à nossa comparação do comportamento da luz com o do conjunto massa-mola, precisamos ter em mente que é a luz que nos repassa, com atraso, as informações sobre as alterações da geometria do espaço. Isto é, o espaço não nos comunicaria nada diretamente ou, para isso, precisaria de um mensageiro. Isso nos leva ao problema da necessária existência de alguém que possa traduzir essa mensagem, como é o caso do observador consciente. Como, para conseguir esse objetivo, ele depende da abertura de arquivos da sua própria memória, poder-se-ia sugerir que a quantização da energia luminosa, por reter o tempo ou por estar isenta da sua influência, poderia ‘simular’ a própria curvatura do espaço...
TOSKA
Padilha: -Mas, a curvatura do espaço faz parte da nossa realidade... Ben-Hur: -Não há dúvida. Porém, nada existe, se não puder ser lembrado.Tendo em conta que o marco zero do tempo estará sempre onde existir um observador inteligente ou dotado de memória, o tempo se transformará num movimento intrínseco (contido no próprio observador). Não lhe parece que estamos tratando de um processo de decodificação de informações?
Afasta
F
força
Ben-Hur: -O gráfico abaixo mostra o relaxamento da ‘mola’ do espaço (2a. fase do MHS da luz) que, morfologicamente, não difere muito do gráfico anterior. O que muda é o sentido da seta do tempo que, depois do espalhamento dos fótons, aponta para o passado. Também se inverte o sentido da força, agora de restauração positiva (gravidade), que passa a apontar para a fonte distante (galáxia). 2. Fase do MHS da luz - contração, relaxamento F
Aproxima
mola relaxando
Espalhamento
Ben-Hur: -O observador, em (B), vê a imagem do Sol depois de 8 minutos, quando a Terra entra no seu cone de luz futuro. Curiosamente, o Sol é visto, no presente, como se estivesse em (A), ou no passado. A sua interpretação da luz rastreada cria, para o observador, uma pseudodualidade de posições: está no presente, mas parece assumir o tempo das imagens que observa, e que surgem no seu passado. Diz-se, por isso, que o observador depende da sua memória...
-Como o observador depende diretamente da luz, para fazer suposições sobre as alterações da geometria do espaço, ocupado pelo Sol dentro do seu próprio cone de luz, você pressente a existência de problemas, para fazer com que a realidade do Universo distante coincida com a nossa interpretação subjetiva dos eventos.
Ben-Hur: -A limitação mais séria, que nos é imposta pela submissão à radiação eletromagnética, é o movimento circular uniforme. Você olha para o céu noturno e ele está em toda a parte: no movimento das galáxias e das estrelas que as formam; do Sol, da Lua e dos planetas. Por muito tempo, o movimento circular Terra Sol foi considerado um indício da perfeição divina. Johannes Kepler, entre outros, foi perseguido por levantar suspeitas sobre a legitimidade desse movimento sagrado...
Sol
Terra
Padilha: -E há como desmascarar a farsa do movimento circular? Ben-Hur: -Tanto há, que Kepler conseguiu demonstrar, por via indireta, que as órbitas dos planetas formam uma elipse ao longo do tempo, e não um círculo, como se pensava na época.
Ben-Hur: -O gráfico abaixo pode nos ajudar a entender como um movimento aparente, tornou-se parte da nossa realidade sensorial. Devido à imensa diferença de massa entre o Sol e a Terra, a distância (d1) foi suprimida, para fins do cálculo da gravidade. Quer dizer, para se utilizar a resultante centrípeta da força, o Sol precisa estar sobre o centro de gravidade (do círculo). Vale lembrar que a excentricidade (d1) corresponde a 2,5 milhões de quilômetros, os quais jogamos no lixo...
Ben-Hur: -Uma maneira para consolidar a nossa dependência, em relação à luz, é o próprio conceito de cone de luz futuro do Sol. S.Hawking sugere, em um gráfico da p. 53 do seu livro ‘Uma breve história do tempo’, que a luz (ou a escuridão, no caso da morte do Sol) ficaria retida por 8 minutos, dentro de um cone tridimensional. Como o Sol ocuparia o vértice desse cone, e a sua luz se propagaria na forma de círculos concêntricos, o cone obedeceria à descrição geométrica de um cone reto. Padilha: -Reto?
Ben-Hur: -Sim. O cone de luz do futuro de Hawking nasceria do giro de um triângulo retângulo sobre um dos seus catetos, ligando a base e o vértice do cone, onde o Sol se manteria ao longo do tempo. Isto seria decorrência de Hawking atribuir, ao Sol, o mesmo comportamento de um centro puntiforme, emissor de ondas circulares concêntricas. Ele cita como exemplo as ondas geradas por uma pedra, jogada na superfície de um tanque com água...
Ben-Hur: -Não temos como saber, ao certo, se existem ondas reais dentro do cone de luz do futuro do Sol, pois precisamos que a sua luz já esteja presente, na Terra, para fazermos estimativas sobre o tempo. O que existe, são probabilidades. Mesmo assim, Hawking lembra, no livro já citado, que ‘se pensamos no modelo tridimensional, que consiste na superfície bidimensional do tanque e na dimensão una do tempo, as ondulações circulares em expansão desenharão um cone, cuja ponta está no lugar e no tempo em que a pedra atingiu a água’ (p.50)...
Padilha: -Parece que os físicos trabalham, no caso do cone das estrelas, com evidências circunstanciais muito fortes, mas não com fatos. Julga-se que, ali, as ondas se superporiam no tempo, por semelhança com o que acontece no nosso passado, ou depois que a luz já teria passado por nós... Ben-Hur: -Isso nos acarreta problemas...
Ben-Hur: -Veja bem. A exemplo das ondas geradas pela pedra, as de luz partiriam ‘ao mesmo tempo’ do centro ocupado pelo Sol, todas com a mesma velocidade de 300.000 km/s. Elas percorreriam o interior de um cone de luz reto, então formado pelo acréscimo do tempo às outras duas dimensões do espaço. Pergunta-se: -o que se poderia esperar, quando todas as ondas, de conteúdo energético diferente ou de diferentes frequências, alcançassem a Terra? -Padilha: -Chegariam todas ‘ao mesmo tempo’?...
Ben-Hur: -Pode-se dizer que não é mais possível saber qual a faixa de comprimentos de onda, que chegaria à frente das demais. Não há Doppler mensurável, dentro do cone das estrelas. Para percebê-lo, é preciso apontar antenas para o passado, e tentar rastrear a luz depois que ela já tiver passado por nós...
Estrela
‘A luz de estrelas distantes leva bilhões de anos para nos alcançar. Elas se esticam tanto durante a viagem, que se transformam em ondas de radio. Precisa-se de radiotelescópios para ver estas luzes antigas (O primeiro segundo do Big Bang Lawrence Krauss/Michio kaku -Pioneer productions).
Padilha: -Isto me parece um tanto difícil de se entender... Ben-Hur: -Bittencourt sugere que, se não houvesse Doppler real dentro do cone de luz das estrelas, mostrando dissociação entre ondas imaginárias (que estariam no tempo futuro), o conhecido desvio para o vermelho da radiação cósmica de fundo poderia fazer parte da simulação de curvatura do espaço, associada à necessária fase de ‘quantização da energia’ - o nosso ‘pacote’ luminoso.
TOSKA
Ben-Hur: -Abaixo, vemos que o Doppler, que acompanharia o espalhamento dos fótons, seria a última etapa do processo da quantização ou do ‘empacotamento’ da luz. Quando ela pudesse ser rastreada pelos nossos telescópios, os efeitos das fases distintas do MHS seriam misturados: a expansão (1a.) surgiria na presença da aceleração do movimento (2a. fase)...
‘Comunica’ a expansão de forma instantânea, como se ela estivesse acontecendo em tempo real
Padilha: -Uma característica interessante da quantização da energia, já citada por você anteriormente, é a inexistência de tempo mensurável durante todo o curso do processo... Ben-Hur: -Sim. A natureza nos entrega o pacote de luz (fóton) totalmente pronto. Isto surpreendeu os físicos à epoca de Boethe e Geiger* (1925), que foram os primeiros a demonstrar experimentalmente o fenômeno...
Ben-Hur: -São gritantes as semelhanças entre a contração do tempo, durante a expansão do universo, e a inexistência de tempo mensurável na fase de quantização da energia. É o mesmo achado que se verifica no interior de um buraco negro, ou do cone de luz do futuro das estrelas. O problema, criado pela separação aparente entre a micro e a macroestrutura do Universo, é contornado pela RST do Bittencourt, e estaria de acordo com a Teoria da Relatividade Geral: a expansão aparentemente contínua iria desembocar na contração do tempo, até que o mesmo, cedo ou tarde, perdesse as características de mensurabilidade direta...
Padilha: -Para Bittencourt, então, os buracos negros seriam uma espécie de limitação sensorial, ou resultariam da impossibilidade de o observador acessar as informações, transportadas pela luz, antes que as mesmas lhe fossem entregues, já prontas e embaladas para presente... Ben-Hur: -Por este ponto de vista, tudo no universo estaria contido em um único e imenso buraco negro atemporal, que jamais poderia ser atingido diretamente... Sinto-me como se fosse um viajante do tempo...
Ben-Hur: -Se não podemos ver o Sol antes de 8 minutos... Cone de luz futuro do Sol
...E, quando o vemos, a sua luz nos é entregue nivelada nos seus extremos energéticos... Cone de luz do passado do observador
Ben-Hur: ...O Sol poderia estar nos escondendo, dentro do seu cone de luz futuro, algo que seria decisivo para a nossa compreensão de algumas incongruências gravitacionais. Você faz ideia do que seja? Padilha: -O nivelamento do espectro, naquele local, justificaria porquê, no espaço-tempo, o Sol não varia o seu volume ao longo do ano. Será que o movimento circular, que ele parece realizar sobre a eclíptica, esconderia as suas variações de massa?
Ben-Hur: -Não necessariamente as variações de massa, pois elas seriam relativamente insignificantes, na nossa escala normal de tempo. Lembre-se que o Sol arde já há uns 5 bilhões de anos. Mais importante que a massa, o nivelamento citado poderia nos esconder as variações da densidade solar, que se tornariam inacessíveis diretamente.
Padilha:-Qual a importância disso? Ben-Hur: -É que, estando a massa total da estrela conservada, as variações da sua densidade teriam relação direta com a curvatura do espaço. Isso deixou de se refletir, também, nas variações do brilho da nossa estrela, devido ao teórico nivelamento dos extremos energéticos da luz. Quer dizer, por não poder informar diretamente as variações do volume, o espaço também não nos comunicaria as oscilações da sua curvatura, ao redor do Sol...
Ben-Hur: Como veremos no próximo episódio desta saga, a ocultação provocada pela retenção do tempo, dentro do cone de luz dos corpos celestes de massa considerável, poderia nos ter levado a confundir o sentido das forças que atuam no espaço-tempo. Por enquanto, vamos comer alguma coisa. Depois, quem sabe, não sentaremos naquela sala da nave que nos permite ver longe no espaço, sem pensar em nada (?)... Padilha: -Boa ideia...
Fim Do terceiro episódio Obs: -Você pode encontrar um estudo mais aprofundado do assunto em ‘Imagens do Universo Coletando Indícios da Bidimensionalidade’ de J.R. Silva Bittencourt, publicação da Ed. Habilis: www.habiliseditora.com.br