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Trabalho fInal de graduação campinas-são paulo Dezembro de 2017 Orientado por: Ana cecília matei de arruda campos apresentado à banca examinadora : ana paula giardini pedro isabela sollero lemos leandro rodolfo schenk faculdade de arquitetura e urbanismo pontifícia Universidade católica de campinas 2
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AGRADECIMENTOS Muitas pessoas contribuíram para a realização deste trabalho e fizeram parte desses longos anos de faculdade, cada um de uma maneira singular mas que fizeram toda a diferença. Gostaria de agradecer.. Primeiramente, toda minha família que me acompanhou em todos esses anos, dando todo o suporte necessário. Principalmente, meus pais e minha irmã que estiveram sempre muito presentes e acompanharam tanto minha evolução pessoal quando a evolução deste meu trabalho final de graduação. Ao meu namorado pelo carinho, companheirismo e por entender minha ausência em alguns momentos, de grande importancia na minha formação. Aos amigos que cultivei durante esses anos, em especial àqueles que também acompanharam este último ano, seja mandando mensagem de incentivo ou até algumascompartilhamos diversos momentos tanto dentro do acadêmico quanto fora. 4
Aos amigos do meu grupo de TFG, por fazer este trabalho possível e por todos os momentos descontraidos, de muitas risadas e de cada aniversario que comemoramos, tornando os momentos mais divertidos e menos difíceis. Aos professores da universidade que de alguma forma colaboraram com o meu processo de formação e por todos os ensinamentos ao longo dos 5 anos. Por fim, e com muito carinho queria agradecer a minha orientadora Ana Cecília Mattei de Arruda Campos, por sempre me incentivar a projetar e mostrar como sou capaz. Agradeço por todo seu empenho em passar o máximo do seu conhecimento, sendo uma profissional exemplar.
ÍNDICE 1-APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO LOCALIZAÇÃO
2-Dependência química Contexto histórico A dependência as drogas Dados estatísticos
3-a reabilitação para dependentes
a Reabilitação ESTUDOS DE CASOS
4-Leitura urbana 5- PROJETO REVIVA
Conceito lógica de implantação Fluxos setorização programa de necessidades
6- Desenhos técnicos
plantas e cortes Sistema construtivo sistema caixilho sistema verde outros sistemas usados
7-referências projetuais 8-COnsiderações Finais 9- bIBLIOGRAFIA
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introdução Este trabalho final de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo, tem como proposta a elaboração de um projeto arquitetônico de um Centro de Reabilitação para dependentes químicos. Após o estudo realizado do projeto urbano localizado no distrito Jaguaré - SP, em que foi elaborado diretrizes com propostas de intervenção para solucionar problemas existentes na área e melhorar a qualidade de vida da população, destacou-se o problema com o tráfico de drogas e a deficiência no atendimento à saúde. Através do levantamento de equipamentos públicos observou-se que existe apenas uma Unidade Básica de saúde na região, que se encontra constantemente sobrecarregada, e nenhum CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) no distrito, incluindo o tipo AD (de álcool e drogas), o mais próximo está localizado no bairro da Lapa, perto do centro. Dessa forma, a escolha do tema do projeto está vinculada a um olhar preocupado e crítico dessa área da saúde, buscando entender como os equipamentos são inseridos na sociedade, isso porque muitas clinicas de reabilitação e CAPS visitadas não possuem as infraestruturas necessárias e uma abrangência de serviços, o que deveria funcionar juntas buscando uma melhoria na qualidade de atendimentos. Assim, o projeto de um centro de reabilitação para dependentes químicos com internação, é proposto para a população local, principalmente para os jovens, o grupo mais vulnerável da região, e possui características de um CAPS, visto que pode ter atendimento emergencial e serviços ambulatoriais abertos para demais paciente durante o dia. O centro proposto busca através da arquitetura promover espaços com qualidade permitindo tratar
os pacientes da dependência, através de atividades terapêuticas e recreativas, buscando sempre promover a convivência, o bem-estar de cada um e estimulando-os a enfrentar suas dificuldades e ampliar suas próprias responsabilidades. “Por se tratar de assunto de saúde pública, a dependência química necessita de profissionais qualificados, entre médicos, psiquiatras, psicólogos; com programas terapêuticos definidos, para que sejam obtidos resultados efetivos no tratamento da doença”, comenta Cláudia Soares, psicóloga especialista em Dependência Química e diretora terapêutica da Clínica Médica Especializada Viva.
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localização
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O projeto está localizado no distrito do Jaguaré, na subprefeitura da Lapa, zona Centro-Oeste do municipio de São Paulo. A área estudada é próxima da Universidade de São Paulo (USP), do Parque Villa Lobos, do Ceagesp, da comunidade Vila Nova Jaguaré e margeia o Rio Pinheiros.
CEAGESP
VILA nOVA JAGUARÉ
PARQUE VILLA LOBOS
PROJETO rEVIVA
USP 9
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Contexto histórico Ao estudar sobre a dependência química atualmente devemos estudar a origem das drogas e porque elas existem na sociedade. Hoje em dia a dependência já foi considerada um problema social, que ganhou importância após ser diagnosticada como um transtorno de saúde mental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso apenas na segunda metade do século passado. Discutir sobre o uso de drogas, é discutir um assunto importante relacionado à saúde, como qualquer doença. As drogas sempre existiram em tempos antigos, esse assunto há tempos esteve presente na sociedade, o homem procurou através de várias maneiras aumentar seu prazer e diminuir sua dor, seja através de produtos naturais ou fabricados. A mais antiga evidência da produção de bebidas alcóolicas foi um jarro de cerâmica descoberto no norte do Irã em 5.400-5.000 a.C. E no ano de 4.000 a.C. os chineses foram os primeiros a usarem a maconha, pois as FIbras de cânhamo (planta que origina a maconha) foram descobertas nessa época. Após alguns séculos, na Índia a maconha foi considerada um presente dos Deuses e os Hindus, na Mesopotâmia, usavam o cânhamo como planta medicinal. No século IX, surgem os charutos e cigarros, antes o tabaco era apenas usado em cachimbos. Depois disso, em 1845 um pesquisador francês Moreau de Tours publica o primeiro estudo sobre os efeitos colaterais das drogas alucinógenas. Em 1874, a prática de fumar ópio é proibida em São Francisco (USA) primeira vez que algum governo proíbe o uso de alguma droga. Apesar disso, no mesmo ano, foi inventada a heroína na Inglaterra, com a mistura de morFina e um ácido fraco.
Depois de alguns anos, em 1930, a maconha também é banida dos Estados Unidos, e essa proibição da maconha alcança todos os países do Oriente Médio. Hoje em dia, muitos países descriminalizaram o uso pessoal da maconha, incluindo alguns estados dos EUA, porem o transporte, o tráFico e o cultivo ainda são proibidos na maioria. No Brasil, o surgimento das drogas está associado aos índios, pois estes descobriam várias plantas com substâncias tóxicas que eram utilizadas em rituais religiosos. A maconha foi a primeira droga trazida para o Brasil, através dos escravos angolanos. Além disso, a aguardente assim como o tabaco foram as principais drogas consumidas do período colonial, também foi utilizada como uma moeda de troca de traFIicantes de escravos. Em 1961, o Brasil procurou efetivar a guerra contra as drogas, punindo severamente quem as consumisse ou vendesse. Durante a Ditadura militar a lei de segurança nacional estabeleceu o tráFIico de drogas como crime inaFiançável e sem anistia, que resultou o encarceramento de milhares de pessoas. Por volta de 1986, que começou a existir centros especializados para o tratamento antidrogas pois antes qualquer transtorno mental era tratado nos precários hospitais psiquiátricos. Apesar desse longo passado de consumo e abuso de diversas drogas, de serem consideradas boas e algo dos deuses, hoje todo mundo sabe exatamente o contrário, que o consumo de qualquer droga faz mal à saúde pois ao ser introduzida no organismo altera suas funções, e prejudica tanto a saúde de quem usa a droga quanto de quem está perto, por isso existem várias restrições de uso em quase todos os países.
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a Dependência Atualmente, o uso abusivo e sua consequente dependência em substâncias psicoativas ainda é um grave problema de saúde pública que vem crescendo cada vez mais em nossa sociedade e atinge de forma direta e indireta mais da metade da população brasileira, independente de sexo ou idade. Assim como qualquer doença, requer tratamento especializado, visto que a droga é toda e qualquer substância natural ou sintética que, ao ser introduzida no organismo modifica suas funções tornando-se um vício e por consequência gerando problemas físicos, familiares e sociais, resultando em um problema mais abrangente, o qual deve ser tratado com seriedade. O primeiro contato das pessoas com as drogas, é geralmente um consumo apenas pela curiosidade, utilizando uma vez ou outra sem grandes consequências, porém a dependência se manifesta quando esse consumo passa a ser constante, de forma intensa, diariamente, e com consequências prejudiciais à saúde. As drogas consumidas são lícitas e ilícitas, ou seja as chamadas licitas são as legalizadas, como aqui no Brasil o álcool e o cigarro, e as ilícitas são as proibidas pela legislação, podendo variar conforme a cultura de cada país. A dependência é classificada por dois fatores, a dependência física e a psicológica. A primeira consiste em sintomas fsiológicos, mais evidente quando há suspensão brusca das drogas, a chamada “abstinência”, assim é resultado da adaptação do organismo sem a vontade do indivíduo, podendo causar tremores e convulsões, pode ser tratada. Já a dependência psicológica apresenta um impulso incontrolável, em que o indivíduo necessita fazer o uso das drogas para evitar alterações psíquicas, ou seja alterações de humor e 12
indisposição. A angústia por falta ou privação da droga é comum em quase todos os dependentes, porém possui um tratamento mais lento e complexo, já que requer muita terapia e força de vontade. Além da necessidade de buscar constantemente a droga, a dependência causa mudanças acentuadas na interação do indivíduo com seus familiares, afetando suas relações sociais e até mesmo profissionais. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV, publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (2000) Portanto, discutir e cuidar da dependência química na atualidade é estudar suas consequências de acordo com cada tipo de droga usada e dentro do modelo de saúde, considerando o paciente como um ser ativo e doente. Assim, segundo o Dr. Marcos da Costa Leite (2000) o tratamento da dependência química deve abranger o indivíduo, bem como o impacto e as consequências do consumo sobre as diversas áreas da vida do mesmo.
as drogas As drogas lícitas e ilícitas, ou seja, legais e ilegais diante das leis, conforme mencionado anteriormente, podem ser encontradas de formas naturais, sintéticas ou semissintéticas. As drogas naturais são aquelas produzidas a partir de plantas, como por exemplo a maconha, que é feita com Cannabis sativa, e o Ópio, proveniente da flor da papoula. As drogas sintéticas são produzidas em laboratórios, exigindo técnicas especiais, como por exemplo Ecstasy e o LSD. Já as drogas semissintéticas são derivadas de plantas, porém passam por modificações nos laboratórios, como exemplo a Heroína, Cocaína e Crack. Além disso, as drogas também podem ser classificadas em três tipos, como sendo depressoras, estimulantes, alucinógenas ou perturbadoras do sistema nervoso. • As drogas depressoras são as que diminuem a atividade mental, fazendo com que funcione de forma mais lenta, como por exemplo: tranquilizantes, álcool, inalantes, narcóticos (morfina, heroína) • As drogas estimulantes são as que aumentam a atividade mental, afetam o cérebro e faz com que funcione de forma mais acelerada, como por exemplo: cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína e crack. • As drogas alucinógenas ou perturbadoras são aquelas que alteram a percepção do usuário e provocam distúrbios no funcionamento do cérebro, fazendo com que trabalhe de forma desordenada, como um delírio, por exemplo: LSD, ecstasy, maconha e outras substâncias derivadas de plantas. Portanto, o que o uso dessas substâncias no começo pode provocar sensações boas, de bem-estar, felicidade e até coragem, a longo prazo podem causar graves problemas à saúde, provocando sérios danos no organismo, como por exemplo alterações no funcionamento do coração, do fígado, dos pulmões e até
mesmo no cérebro. “Encontrei nas drogas uma fórmula mágica. Era algo que me dava uma falsa impressão de bem-estar, mas que me prejudicou muito. Comecei com cola, lança-perfume, cerveja e maconha quando tinha apenas 11 anos. Depois veio LSD, cocaína, ecstasy 䄀 挀愀搀愀 愀渀漀 crack”. Jaques Chulam, 搀攀 瀀攀猀猀漀愀猀 挀漀渀猀漀洀攀洀 搀爀漀最愀猀 椀氀挀椀琀愀猀 e finalmente 35, autor do livro渀漀 洀甀渀搀漀 “Surfista, ex-drogado, ex-traficante”
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Lesões provocadas pelo consumo de drogas Fontes: https://www.tuasaude.com/efeitos-das-drogas/
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cientes em tratamento para dependência química eram homens, com idade entre 12 e 82 anos, e com 䜀伀嘀䔀刀一伀 䔀匀吀䄀䐀唀䄀䰀 䔀 䘀䔀䐀䔀刀䄀䰀 䔀匀吀䤀䴀䄀䴀 de 31,8 anos. 唀匀唀섀刀䤀伀匀 一伀 䔀匀吀䄀䐀漀 uma média de idade dos usuários Nessa mesma pesquisa, o Lenad aponta que 瀀攀猀焀甀椀猀愀 搀攀 ㈀ 㐀㨀 em 58% dos casos de internação foram pagos pelos 氀挀漀漀氀 enquanto apenas 6,5%㜀 Ⰰ 㜀─ próprios familiares, usaram ㈀㘀Ⰰ㈀㤀─ 琀愀戀愀挀漀 o sistema de SUS (Sistema Único de Saúde) no tra㘀Ⰰ㘀─ tamento, indicando da qualidade de 洀愀挀漀渀栀愀 a discrepância atendimento,挀漀挀愀渀愀 em que muitas Ⰰ㜀─ famílias optam pelo tratamento pago pois não 㘀Ⰰ㌀─um amparo da saúde 猀漀氀瘀攀渀琀攀猀 obtém pública em tratamentos tão específicos. 䘀漀渀琀攀㨀 䰀攀瘀愀渀琀愀洀攀渀琀漀 搀攀 ㈀ 㐀 爀攀愀氀椀稀愀搀漀 瀀攀氀漀 猀攀渀愀搀ⴀ
De acordo com o Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família) realizado pela Universidade Federal de São Paulo(Unifesp), uma das maiores pesquisas sobre dependentes químicos mundiais, estima que 28 milhões de pessoas no Brasil possui algum familiar dependente químico. Foram entrevistadas comunidades terapêuticas, clinicas de reabilitação, grupos de mútua ajuda e varias entidades de 23 capitais brasileiras. Segundo o levantamento, a maioria dos pa-
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A Reabilitação No século XX, a reabilitação, foi considerada como um processo de recuperação física e psicológica e teve grande impulso e desenvolvimento, principalmente nos períodos seguintes das grandes guerras. Na saúde, a reabilitação de um indivíduo significa retorná-lo às atividades normais através da recuperação total ou parcial das funções intelectuais ou, psicológicas e/ou físicas perdidas em função de alguma doença ou trauma. Após “a Política Nacional Antidrogas, diferenciar dependente químico de traficante e reconhecer o mesmo como um doente que deve ter garantido acesso aos meios de tratamento compatível com suas necessidades, induz a um considerável aumento por demanda de tratamento especializado, acarretando providências para ampliação da rede de assistência e a normatização desses serviços de saúde.” (Anvisa Paulo Roberto Yog de Miranda Uchôa Secretário Nacional Antidrogas ) Buscando a melhoria da assistência no Brasil, e denunciando os antigos e precários hospitais psiquiátricos da época, surgem os Caps (Centro de Atenção Psicossocial), um serviço social aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados a pacientes com transtornos mentais severos, realizando um acompanhamento clinico e a inserção social dos usuários. Esse serviço possui 5 tipos: o Caps I, II e III responsáveis por tratar diversas doenças mentais, o Capsi responsável pelo tratamento de doenças mentais na área infantil e o Capsad responsável exclusivamente para tratamento dependentes de álcool e outras drogas. Esse serviço possui várias restrições em seu uso, onde existe apenas tratamentos diários e com leitos destinados à casos emergenciais. Porém, com o crescente número de depen16
dentes na sociedade, aumentou ainda mais a necessidade de existir outras possibilidades para a reabilitação, e para isso foram criados os serviços conhecidos como Comunidades Terapêuticas, que promovem a convivência entre os pacientes como principal forma de terapia. Diferente dos CAPS, esse serviço possuía flexibilidade em suas propostas, a internação como forma de desintoxicação, e não possuía qualquer regulamentação, evidenciando-se um funcionamento precário para muitos deles. Por conta disso, surgiu a necessidade do estabelecimento de um padrão básico para o funcionamento destes serviços, que garantisse a segurança e a qualidade do trabalho de recuperação das pessoas com dependência química. Com a regulamentação das clinicas, e a falta de fiscalização dos ógãos públicos tornou-se uma oportunidade de negócio rentável, o qual não abrange todos os usuários nem tão pouco as necessidades, privilegiando apenas aqueles com condições de pagar pelo tratamento. Além disso, foi observado também tanto em clinicas de reabilitação públicas quanto particulares, e nos CAPS inúmeros problemas como infraestrutura, qualidade de atendimento, abrangência de serviços; o que nos remete ao descaso governamental e da sociedade num todo. Sendo assim, buscamos uma adequação entre necessidade, qualidade e infraestrutura, todos voltados para um mesmo fim, onde tenha um atendimento humanizado e visando a real reabilitação
ESTUDO DE CASOS Atualmente em São Paulo, mais da metade dos projetos aprovados de assistência psicossocial, os CAPS, não seguem as normas exigidas pelo Ministério Publico de Saúde, o que dificulta ainda mais a recuperação dos dependentes químicos. Portanto, com as falhas na infraestrutura dos projetos e a má coordenação, os CAPS revelam-se ser incapazes de desempenhar as funções para os quais foram criados. Seriam necessários maiores investimentos governamentais principalmente na parte de infraestrutura e na capacitação dos profissionais da área, garantindo a execução dos programas planejados. Os CAPS mais próximo do bairro Jaguaré, a área de estudo, é um CAPS II Adulto e um CAPS infantil, localizado na Lapa e na Vila Leopoldina respectivamente, nenhum atende dependentes químicos. O CAPS -AD mais próximo está localizado no bairro Bom
Estabelecimentos de saúde mental da Rede Municipal de São Paulo Fonte: Rede de Atenção PsicossocialProposta de Adesão– RAAS 06
Retiro ou no bairro Perdizes, o que demanda grande deslocamento. Visualmente é possível notar como os edifícios estão deteriorados e necessitam de algumas reformas. As clinicas de reabilitação, predominantemente são particulares, poucas atendem o SUS, e as mais próximas da área estudada estão localizadas em Osasco ou no Alto de Pinheiros. Para o estudo, visitei duas clinicas localizadas em Campinas, para observar sua estrutura arquitetônica e a forma de tratamento oferecidas por elas. A clinica Re9, localizada na Fazenda Santa Cândida, é uma clínica particular que aceita convênios, possui 36 pacientes apenas para o gênero masculino e 33 funcionários diretos e indiretos. Na visita pude observar leitos de 4 a 6 pacientes, salas de psicólogos e psiquiatras (como na norma da Anvisa), e estava em
CAPS II Adulto - o mais próximo do bairro Jaguaré localizado na Vila Leopoldina Fonte: Google Maps
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reformas para ter uma área ambulatorial futuramente. O tratamento dos pacientes é de 3 a 6 meses, possui terapias individuais e em grupos, áreas de lazer com piscina e salas de jogos. Em contraponto visitei a clinica do Padre Haroldo, uma instituição pública que atende convênios e algumas internações particulares para gerar lucro na própria instituição. Atende principalmente o SUS e possui vários programas de educação e prevenção, acolhimento institucional, educação social e tratamento da dependência química. A instituição possui três comunidades terapêuticas, duas masculinas (uma de acolhimento e outra de tratamento) e uma feminina, porem nenhuma possui clinica ambulatorial, e os psicólogos e psiquiatras são voluntários, gerando uma falta de constância. A comunidade de acolhimento masculina possui 90 pacientes, a de tratamento 60 pacientes e a feminina 35 pacientes com idade entre 18 a 65 anos, e leitos de 4 a 5 residentes. O tratamento é de até 6 meses, realizado através da fé e de atividades terapêuticas como as hortas e oficinas. Hoje em dia a instituição se sustenta através de alguns investidores e alugando a quadra de esportes e espaços para eventos. Portando, através das visitas nas clinicas de Campinas e do levantamento dos CAPS na região de São Paulo, foi possível observar uma discrepância entre os serviços particular e o público, pois as clinicas particulares priorizam, de fato, poucos pacientes, apenas aqueles em condições de arcar com um bom tratamento, possuindo pouca abrangência nos serviços. Enquanto os CAPS e clinicas públicas possuem uma grande quantidade de pacientes e baixos investimentos e/ou recursos para sustentar a própria clínica.
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Clinica de Reabilitação Re9 em Campinas Fonte: Google Maps
Clinica de Reabilitação feminina Padre Haroldo, em Campinas Fonte: Google Maps
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lEITURA URBANA De acordo com o levantamento urbano e os equipamentos propostos, realizado no distrito do Jaguaré, o projeto de um centro de reabilitação para dependentes químicos foi proposto para melhorar a qualidade de vida dos moradores, amenizar a questão do tráfico de drogas na região e dar um suporte nesta área da saúde. A localização do projeto deveria ter fácil acesso, com ligação direta à favela vila Nova Jaguaré, porém que não fosse tão perto ao ponto de os usuários não verem a necessidade da internação. Portanto, o projeto está localizado na Av. Torres de Oliveira, uma via de fácil acesso e perpendicular com a Av. Jaguaré, a principal via de acesso ao bairro. A quadra escolhida também está localizada próxima à antiga Cooperativa Agrícola de Cotia, em que no projeto urbano estabelecemos um equipamento de centro de formação técnica ambiental, podendo assim, ter ligação direta com os pacientes que estiverem aptos ao retorno à sociedade. O terreno possui 7.230m², com 120,5m de frente e 60m de profundidade, com declividade de apenas 2m, onde a cota mais baixa 721 fica na avenida de acesso principal e 723 mais próximo da Cooperativa.
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O Conceito O projeto desenvolvido a seguir está vinculado à análise do terreno e à organização funcional do programa de necessidades. A intenção do projeto foi considerar uma clinica de reabilitação com espaços agradáveis, permeáveis, com iluminação e ventilação natural. Assim, foi realizado esse projeto com base na legislação atual do ministério público de saúde (Resolução RDC ANVISA 101/01, aprovada em 30/05/2001), que possui internação para 56 pacientes, homens e mulheres, bem como leitos adaptados para cadeirantes. Diferente das demais clinicas estudadas, além da internação possui também um sistema no qual o paciente poderá utilizar de todos os serviços ambulatoriais diariamente podendo retornar ao lar ou em casos emergenciais, portanto uma característica particular dos CAPS. A clinica atenderia principalmente o Sistema único de saúde (SUS), e uma pequena porcentagem para casos particulares apenas com finalidade de gerar lucro para a própria instituição. Além disso, o projeto arquitetônico facilita as atividades, pois procura setorizar o edifício conforme as necessidades desenvolvidas no programa, procurando amparar, medicar, tratar e reintegrar os pacientes. Além disso, todos os setores são interligados através de um eixo de circulação garantindo uma continuidade espacial do conjunto e uma maior convivência entre os internos. As atividades do projeto procuram estimular os pacientes a enfrentar suas dificuldades e ampliar suas responsabilidades, promovendo a convivência e incentivando a pratica de novos hábitos, tornando-os importantes para uma vida saudável e direcionando-os para a reorganização profissional, ambiental e pessoal. 23
Lógica de implantação A implantação do projeto Reviva possui uma dinâmica, na qual sua fachada principal não é paralela à via, pois busca uma melhor iluminação natural, em que suas fachadas são nas diagonais voltadas para o sentido leste, criando um espaço que serve como uma grande entrada, de fácil acesso, tanto para os pacientes quando para casos emergenciais. Essa dinâmica cria um movimento no edifício, fazendo com que todos os setores sejam interligados, e também cria dois pátios como partido de projeto. Os dois pátios possuem um desnível de 1m, dando-lhes diferentes caráter, pois um deles é voltado para a recepção principal, portanto é um pouco acima do nível da rua (cota 722) e possui um uso público, voltado para as famílias dos pacientes. Já o segundo pátio (na cota 723), é voltado apenas para os pacientes, onde possui suas atividades diárias e um jardim mais restri-
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to. Nessa mesma cota também possui a ligação com o projeto da Cooperativa Agrícola, porém com acesso restrito. Partindo do fato que o projeto é uma clinica com internações, onde os acessos dos pacientes devem ser mais controlados, mesmo que priorize as internações voluntarias, as recaídas existem e podem ser frequentes. Por isso, possui poucas entradas, mas com muitas áreas livres e com grandes janelas voltadas para os jardins internos e externos, fazendo com que não pareça um hospital e muito menos uma prisão. Assim, possui apenas uma entrada principal para a recepção, entrada emergencial que chega direto na sala de triagem, entradas de acesso público para casos eventuais como auditório, o salão de festas e visitas e a entrada para carga e descarga.
os f luxos A própria organização do edifício auxiliou a setorização do programa. Os dois acessos principais de paciente se dão através dos blocos centrais, um voltado para o pátio de cota baixa, o qual possui uma grande recepção e dá acesso à parte voltada para os visitantes, e o outro um acesso emergencial voltado para o outro bloco no qual possui o sistema de saúde do edifício. Através desses blocos centrais possui o fluxo de pacientes ambulatoriais no setor de saúde e o fluxo dos pacientes em terapia, que acessam todos os setores por conta do eixo de circulação central, através deste é possível acessar a cota do segundo pátio e os demais setores do projeto. Nesse segundo pátio possui os acessos verticais, onde possui o fluxo de pacientes em internação e também em terapias, os acessos ao
nível superior são voltados para um prolongamento da biblioteca, com salas de estudo e voltados para o setor de internação, onde possui os leitos. Os fluxos de logísticas e serviços estão próximos ao refeitório e ao setor administrativo, que se encontram próximos aos acessos de cargas e descargas ou da entrada principal. Portanto, todos os fluxos contornam os pátios centrais, onde possui um jardim e áreas de convívio, tornando um ambiente mais agradável e acolhedor para os pacientes.
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Setorização A partir das exigências mínimas para uma clínica de reabilitação, encontrado na legislação atual do ministério público de saúde, foi elaborado o projeto arquitetônico a partir da setorização do edifício e a organização funcional dos ambientes. A solução adotada margeia os dois pátios centrais e permite a organização, flexibilidade e adaptabilidade de cada ambiente, além de facilitar as atividades propostas e promove ambientes mais agradáveis para os pacientes. Portanto, o projeto é dividido em 6 setores, entre eles: o setor de visitas, setor de administração, setor de saúde, setor de terapias, setor de apoio e recreação e setor de internação. O setor de visita conta com um auditório e foyer para 100 pessoas com a finalidade de ter palestras para o público interno e externo sobre a conscientização dos diversos assuntos sobre as drogas; conta também com um salão de vistas eventuais para as famílias que também pode ser usado para salão de festas; uma grande recepção aberta para o jardim; e no pátio interno um local para feiras eventuais onde os pacientes podem vender tudo o que for produzido por eles durante a internação. O setor de administração, ao lado da recepção, possui uma sala administrativa com um local de guardar arquivos; uma sala de reuniões e uma copa para os funcionários. O setor de saúde, no bloco onde começa o pátio para os pacientes, conta com salas de atendimentos, sala de espera; sala de enfermagem e farmácia; sala de triagem com um acesso direto da rua para casos emergenciais; sala de observação, sala de clinico geral e um pequeno local para depósitos de remédios. O setor de terapia conta com duas salas para 26
atendimentos com psicólogos e psiquiatras; sala de terapia ocupacional tanto em grupo quanto individual, fechadas ou abertas para o jardim central; sala de artesanato e oficinas (com aulas de dança, música, desenho, etc.); no andar superior tem duas salas de aulas; e as hortas voltadas para cada bloco de internação, que é uma atividade terapêutica diária. O setor de apoio e recreação conta com uma biblioteca e áreas de estudo, toda envidraçada e aberta para o jardim, que promove o encontro entre os pacientes e um ambiente agradável; um refeitório interno e externo, com uma cozinha com saída para carga e descarga; uma grande academia voltada também para o jardim interno; uma área com arquibancadas e uma quadra de esportes para os pacientes se exercitarem;
no andar superior possui um grande jardim sobre laje com atividade ao ar livre (como por exemplo yoga, ginastica, etc.)com um espaço ecumênico voltado para a recuperação da fé nos pacientes. O setor de internação conta com 8 leitos em cada bloco, nos quais possui 2 leitos em cada bloco voltados para deficientes com dificuldades especiais e os outros 4 leitos voltados para homens ou mulheres e possuem beliches para até 4 pessoas, todos os leitos possuem banheiro; cada bloco possui também uma sala de estar; sala de jogos; lavanderia como sendo uma atividade pessoal de cada paciente; e varandas voltadas tanto para o jardim interno como também voltadas para a parte externa. Portanto, o projeto é desenvolvido a partir da
relação entre essas atividades e os leitos, tornando um ambiente acolhedor e promovendo a convivência entre os pacientes, mostrando que eles não estão sozinhos e aqui podem se tratar de forma mais agradável sem parecer um ambiente hospitalar e muito menos uma prisão.
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programa de necessidade
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planta pav. tĂŠrreo
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planta pav. superior
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corte bb’ e cc’
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sistema construtivo Todo o projeto foi pensado na estrutura do concreto armado, com pilares de 20x40cm e em alguns momentos pontuais pilares redondos, dando-lhes maior destaque. A modulação de todo o projeto é de 10x10m, com exceção da rotação do bloco de saúde. Portanto, possui um grande vão entre pilares necessitando de uma laje mais resistente: a laje nervurada. O sistema nervurado é mais eficaz e tem um maior aproveitamento dos materiais, aço e concreto, visto que a mesa de concreto resiste aos esforços de compressão e a armadura os de tração, sendo que as nervuras da laje fazem esse papel de ligação. No projeto a laje é aplicada sem o uso de vigas, portanto possui a ligação pilar-laje, sendo necessário que a região entorno dos pilares seja preenchida de concreto para resistir melhor ao esforço exercido. Assim, a laje possui uma espessura única de 45cm e nervuras de 80x80cm, que determina alturas livres nos ambientes internos, e é dimensionado pela seguinte equação: h = l/23 a l/28, sendo h = altura da laje nervurada e l = distância entre os apoios (pilares), em cm. Nos ambientes internos das salas, essa laje recebe um forro de gesso, que serve tanto para embutir a iluminação quando para esconder as tubulações dos banheiros e as nervuras da laje. Portanto, a laje nervurada é aparente apenas nos espaços públicos e abertos para o exterior, na recepção e na biblioteca a laje possui aberturas zenitais, para aumentar a iluminação natural e ventilação dos ambientes. Os ambientes possuem vedação de placas cimentícias de concreto sustentável. O concreto sustentável é um tipo de concreto desenvolvido pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) que utiliza uma grande quantidade de materiais reaproveitados, como pneus triturados e sílica de casca de arroz, portanto possui várias vantagens ecológicas em seu uso. 38
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sistema caixilho Os ambientes com caráter público, como por exemplo a recepção, salão de festas e biblioteca, possuem fechamento em vidro para que mantenha a relação com o externo e a parte do jardim tornando os ambientes mais agradáveis. Os ambientes com atividades mais particulares como sala de atendimentos, os leitos, as oficinas, e etc. possuem janelas com peitoril de 1,20m, caixilhos em madeira e com painéis de correr para a proteção do sol, também em madeira, para diferenciar de um hospital e tornar os ambientes mais acolhedores. Como o projeto possui suas fachadas voltadas para o leste, o lado oeste necessita de proteção para a iluminação direta, assim foi pensado em um brise soleil com a mesma linguagem das janelas. Portanto, possuem painéis em madeira de quase 2m, como era necessário um brise para os dois andares, foi pensado em um painel em cima móvel e um embaixo fixo (portanto quase 4m de brise), ambos presos em uma viga metálica em I e fixos na própria estrutura da laje e das varandas. Assim, as varandas ficam com os painéis móveis para que não fique um corredor fechado, e sim com a possibilidade de ser aberto para o exterior e aumentar a ventilação dos leitos.
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sistema verde O projeto também conta com um sistema verde nas lajes do piso superior, como por exemplo as hortas, que são como caixas de concreto em uma área aberta. Estas possuem uma altura de 93cm, para que os pacientes não precisem abaixar para cuidar do plantio. Nelas consistem em camadas como: plantio, 30cm de terra, manda filtrante, argila expandida e argamassa de regularização. Podem ser usadas para a plantação de tomates, cenouras, espinafres, ervilhas e etc, porém não possuem a auto irrigação pois é uma das atividades terapêuticas dos pacientes, mas possui uma área de guardar os materiais de jardinagem nos vazios abaixo das hortas. As hortas foram localizadas próximas aos leitos para serem cuidadas diariamente pelos internos, são próximas também do refeitório para que suas verduras sejam consumidas por eles mesmo, e também nos dias de feiras podem ser vendidas revertendo os lucros para a própria instituição. No projeto arquitetônico a laje do piso superior ao setor de visitas possui um desnível se comparada ao piso do nível dos leitos, portanto foi criado um grande jardim, utilizando o sistema de eco telhado. Nas áreas verdes do jardim, possuem as camadas de: grama, 36cm de terra, manta filtrante, argila expandida, porém diferente das hortas possuem a auto irrigação, com membrana de absorção, módulo hexagonal eco dreno onde serve como pequeno reservatório de água pluvial, e a argamassa de regularização da laje. Nas áreas de piso do jardim, é pensado através do piso elevado até o nível da vegetação, portanto possui um suporte telescópio com altura de 55cm, onde pode servir como uma cisterna e assim armazenar a água pluvial. Quando muito elevado o nível, a água pas42
sa por um dreno e é levada para uma cisterna subterrânea na qual é bombeada para a caixa d’água de água cinza, ou seja, não é usada para consumo ou banho. Portanto além de ser um espaço agradável para os pacientes, o teto verde é localizado acima do setor público, e serve para melhorar o isolamento térmico da edificação diminuindo as temperaturas dos ambientes internos, serve também para melhorar o isolamento acústico e para ajudar na captação da água da chuva como uma forma ecologicamente responsável e econômica.
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outros sistemas usados Considerando que o projeto possui vagas para 56 internos , mais alguns funcionários e pacientes diários, e um consumo diário de 200 litros, foi pensado em reservatórios de 30 mil litros no total, assim foi dividido 15 mil litros para cada pavilhão. As caixas d’águas utilizadas possuem capacidade de 5mil litros cada, com 2,5m de altura e diâmetro de 3,05m, estão localizadas 2m acima da altura dos chuveiros. O projeto também conta com 39 paineis solares em cada pavilhão, que captam a energia solar para aquecer a água utilizada nos chuveiros, economizando o uso dos aquecedores elétricos e assim, os gastos com a energia e a água.
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Centro Psiquiátrico Friedrichshafen Arquitetos: Huber Staudt Architekten Localização: Röntgenstraße 8, 88048 Friedrichshafen, Alemanha Ano do projeto: 2011 O novo centro psiquiátrico, está situado no campus do hospital Friedrichshafen que foi construído em 1960. O projeto proposto segue a inclinação natural do terreno e se fecha para um pátio verde aproveitando a tipologia para ter dois acessos em níveis diferentes. Em seu programa possui grandes salas de terapia com acesso direto ao jardim e estão dispostos no térreo do edifício para aproveitar a iluminação natural ao longo da encosta. Os dois materiais utilizados no projeto são o concreto aparente e madeira sem tratamento, que dominam as superfícies do edifício interna e externamente. O concreto é usado para obter grandes superfícies horizontais marcadas pelos painéis e elementos pré-fabricados lineares finos, que correspondem às marcações verticais do revestimento de madeira. Segundo o arquiteto Joachim Staudt, não queria que o edifício tivesse a aparência de um hospital, mas sim marcando a diferença e criando ambientes acolhedores que lembre mais um hotel ou uma casa, onde os pacientes se sintam bem, criando espaços com cores suaves, muita luz natural e respeitando o uso dos materiais escolhidos.
Fonte das fotos: https://www.archdaily.com.br/br/601552/centro-psiquiatrico-friedrichshafen-slash-huber-staudt-architekten
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Centro Educativo Burle Marx Arquitetos: Arquitetos Associados Autores: Alexandre Brasil, Paula Zasnicoff Localização: Brumadinho - MG, Brasil Ano do Projeto: 2009 O edifício foi implantado junto à alameda de acesso principal ao Inhotim, como um elemento de organização e acesso aos grupos educativos diferenciados do museu. A principal vontade do projeto foi mimetizar o edifício na paisagem, por isso proposto um extenso pavilhão horizontal em apenas um pavimento. Sua cobertura tem um papel essencial, que atua com ponte unindo diferentes partes do museu além de ser uma ampla praça elevada com espelho d’água ajardinado, promovendo forte integração entre arquitetura e paisagismo. Os diversos percursos do edifício entre os diferentes programas, a circulação é sempre feita através de varandas e espaços de convívio. A cobertura é constituída por lajes nervuradas em concreto aparente, moduladas em 80cm, o que proporcionou organização e racionalização dos materiais utilizados.
Fonte das fotos: https://www.archdaily.com.br/br/01-18858/centro-educativo-burle-marx-arquitetos-associados
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cONSIDERAÇÕES FINAIS Concluo o trabalho querendo mostrar, que nós arquitetos temos o dever de não apenas individualizar um projeto como também inserí-lo em um contexto sociocultural; sendo assim observamos que o problema enfrentado no bairro Jaguaré, é uma fração perto do que nos deparamos em todo o Brasil. O assunto tratado, a dependência química, é um assunto polêmico e que atinge a sociedade em todos os seus meandros, portanto foi pontuado neste trabalho a necessidade de reinserir o indivíduo reeducado e consequentemente reeducar sua família e sua comunidade. Através do projeto arquitetônico, procurei desenvolver um centro de reabilitação com base nas necessidades apresentadas e também englobar as carências vistas no sistema público de saúde, pois nós arquitetos devemos ter uma visão ampla e crítica da inserção do nosso trabalho no local específico.
“Para mim, enfim, a qualidade de uma boa arquitetura não depende tanto do talento, mas da formulação correta do problema a ser resolvido.” (Alejandro Aravena) 49
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Sites: http://www.antidrogas.com.br/estatisticas.php https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/dependencia-quimica/tratamento-para-dependentes-quimicos/brasil-oferece-034-dos-leitos-que-seriam-necessarios-para-tratamento-de-dependentes-quimicos.aspx http://www.uniad.org.br/ http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/12/28-milhoes-tem-algum-familiar-dependente-quimico-diz-pesquisa.html http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/index.php?p=204204 http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/uso-de-droga-mina-produtividade-mas-legaliza%C3%A7%C3%A3o-pode-gerar-mais-vagas-de-trabalho-1.440355 http://drogasnt2011ifpi.blogspot.com.br/p/historia-e-conceito.html https://www.tuasaude.com/efeitos-das-drogas/ http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2012/10/23/tipos-de-drogas-e-suas-consequencias https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/a-origem-das-drogas-na-/60298 https://misleinehistoria.wordpress.com/tag/historia-das-drogas-no-brasil/ https://exame.abril.com.br/brasil/estudo-mapeia-uso-de-crack-nos-645-municipios-de-sp/ http://infograficos.estadao.com.br/cidades/criminalidade-bairro-a-bairro/ http://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/drogas.htm http://www.minhavida.com.br/bem-estar/depoimentos/27308-10-dependentes-quimicos-contam-sua-historia-de-luta-diaria-contra-as-droga http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0411200919.htm http://inpad.org.br/lenad/divulgacao-cientifica/artigos-em-breve/ Referencias projetuais: http://www.archdaily.com.br/br/601552/centro-psiquiatrico-friedrichshafen-slash-huber-staudt-architekten https://www.archdaily.com.br/br/01-18858/centro-educativo-burle-marx-arquitetos-associados http://www.archdaily.com.br/br/867452/les-closiaux-dominique-coulon-and-associes http://www.archdaily.com.br/br/805830/parque-zonal-santa-rosa-fd-arquitectos-y-urbanistas/58365aa6e58ece69a70000ee-santa-rosa-park-fd-arquitectos-y-urbanistas-photo http://www.archdaily.com.br/catalog/br/products/4640/fachadas-dinamicas-sliding-folding-screen-hunter-douglas-brasil http://www.gruposp.arq.br/?p=294 http://www.mmbb.com.br/projects/details/19/2 51
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