Eu Bordo, Tu Bordas - Jaguaré

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eu bordo tu, bordas



Caroline Dantonio Flávia Figueiredo Ilana Ferri Isadora Aleixo José Carrari Filho Karina Garcia Raphael Marcondes Thais Schon Orientadora: Ana Cecília M. de Arruda Campos

Trabalho Final de Graduação | 2017 Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas e Tecnologias Faculdade de Arquitetura e Urbanismo



À todos aqueles que estiveram ao nosso lado nesses anos de graduação, empenhando-se e fazendo-se presente em cada momento. Dedicamos este trabalho final aos nossos amigos de grupo e também aos da turma, aos educadores, que com tamanho empenho contribuíram para nosso crescimento educacional, profissional e também pessoal. Em especial, dedicamos à todas as pessoas da Comunidade Vila Nova Jaguaré, que nos mostraram o quanto uma população pode se organizar e criar um senso de cidadania, acreditando sempre que sua situação pode ser melhor e idealizando projetos sociais que acresecentem para todos.



AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradecemos nossa orientadora Ana Cecília Mattei de Arruda Campos, que tanto se empenhou em todo o processo para passar ao máximo seu conhecimento à todos nós, sendo uma profissional exemplar, sempre disposta a ajudar e enfrentar as dificuldades juntamente com a equipe e também por nos tratar como filhos durante todo este ano que se passou, incentivando sempre a nos dedicarmos e fazer nosso melhor, nos repreendendo quando necessário. Aos nossos pais, que nos acompanharam em todos esses anos da graduação, dando todo o suporte necessário, nos incentivando a seguir até o final, mesmo quando as noites foram viradas e os trabalhos eram intermináveis. Nosso profundo muito obrigado por serem quem são e por fazerem parte da conquista de mais essa etapa de nossas vidas. Àqueles que nos deram a oportunidade de adquirir conhecimentos necessários para nos tornarmos profissionais capacitados e que transformaram adolescentes, saídos do ensino médio, em cidadãos pensantes, prontos para enfrentar todos os problemas que a profissão de Arquiteto nos traz, tendo sempre em mente a grande relação do homem com a cidade e nunca deixando de acreditar no nosso potencial transformador. Muito obrigado, educadores! Em especial, à nossa equipe, que de colegas se tornaram amigos e que tanto se empenharam para produzir um projeto urbano de qualidade e que fosse coerente com todas nossas propostas. Aos momentos de risada que tornaram essa fase menos

penosa, por cada aniversário, bolo e parabéns. Aos amigos que cultivamos ao longo de todos esses anos, que também estiveram presentes neste último. Próximo a eles pudemos crescer juntos, compartilhando momentos tanto dentro da Universidade quanto fora. Por último, agradecemos a Deus, por tudo o que Ele pôde nos proporcionar, dando paciência e força para superar os obstáculos e auxiliando em mais essa conquista em nossas vidas.



ÍNDICE INTRODUÇÃO 9 1. ONDE ESTAMOS? 11 CONTEXTO TERRITORIAL 17 EXPANSÃO URBANA 27 LOCALIZACÃO 28 2. QUEM SOMOS? 31 HISTÓRICO 34 LÓGICA DE OCUPAÇÃO 42 ANÁLISE SOCIOECONÔMICA 48 3. COMO SOMOS? 51 ESTRUTURAS BIOFÍSICAS 54 ZONEAMENTO 56 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 58 GABARITO 60 4. O QUE TEMOS? 63 SISTEMA VIÁRIO 66 ÁREAS VERDES SIGNIFICATIVAS 68 MOBILIDADE 70 EQUIPAMENTOS URBANOS 72 INFRAESTRUTURA URBANA 74 5. SÍNTESE ANALÍTICA 77 UNIDADES DE PAISAGEM 80 SITUAÇÃO ATUAL 84 DIAGNÓSTICO 86 PROGNÓSTICO 88 DIRETRIZES 89

6. PROJETO URBANO

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ATOS SISTÊMICOS

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PONTO 1 . MOBILIDADE

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TREM, TRAM, BARCOS, BIKE FUNICULAR E ELEVADORES

PONTO 2 . VIÁRIO

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VIAS, PONTES, CALÇADAS

PONTO 3 . AMBIENTAL

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PARQUES, BOULEVARDS, ALAMEDAS RIOS E CORREGOS

PONTO 4 . EQUIPAMENTOS

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TRABALHO, SAÚDE, EDUCAÇÃO CULTURA E LAZER

PONTO 5 . LEGISLAÇÃO

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IMPLANTAÇÃO 110 RECORTE 112 CORTES 114 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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BIBLIOGRAFIA 120



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INTRODUÇÃO Este trabalho final de graduação em Arquitetura e Urbanismo aborda um estudo aprofundado sobre o Distrito do Jaguaré e sua relação com o entorno. Buscamos analisar o território, sobre o cenário caótico de São Paulo, utilizando as mais diversas escalas para explicitar o estudo. Foi levada em consideração sua história, estrutura metropolitana, dados sociais e econômicos e os equipamentos existentes de forma que os projetos urbanos e arquitetônicos propostos estivessem diretamente relacionados com as demandas locais. O estudo tem como finalidade identificar problemáticas concisas e propor soluções em um projeto urbano eficaz. A escolha do local partiu da vontade de trabalhar com um território diversificado, tendo em vista a gama de paisagens distintas, e a dicotomia em ser um território periférico e ao mesmo tempo central. Por fim, realizamos uma pesquisa dos equipamentos desejáveis para a área e que foram escolhidos para serem desenvolvidos nos trabalhos individuais de cada integrante do grupo, sendo eles:

• Alinhavo – Aos Pés do Morro (Caroline Dantonio) • Centro de Formação Técnica Ambiental (Flávia Figueiredo) • Projeto Reviva – Centro de Reabilitação de Dependentes Químicos (Ilana Ferri) • Centro Comunitário Jaguaré (Isadora Aleixo)

• Duas Sombras, Duas Caixas, Uma Clareira (José Carrari Filho) • Centro da Cidadania LGBT (Raphael Marcondes) • Projeto Abrigar (Thaís Schon).






Aeroporto de Guarulhos Aeroporto Campo de Marte Aeroporto de Congonhas Porto de Santos


Rod. FernĂŁo Dias Rod. Dutra Rod. Ayrton Senna Rod. Anchieta Rod. dos Imigrantes

Rod. RĂŠgis Bittencourt Rod. Raposo Tavares Rod. Castelo Branco Rod. Anhanguera Rod. dos Bandeirantes


Rio Tietê Rio Pinheiros Represa Billings Represa Guarapiranga Represa Taiaçupeba


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CONTEXTO TERRITORIAL São Paulo, situada entre as serras da Cantareira e do Mar, é a maior cidade do país e constitui uma das maiores regiões metropolitanas do mundo com aproximadamente 20 milhões de habitantes. O aglomerado urbano, seja por sua presença histórica ou por sua importância econômica, é servido por diversas infraestruturas que chegam ou tangenciam a cidade. As Rodovias, ferrovias, aeroportos e a proximidade com o porto de Santos tornam São Paulo um território ímpar para o desenvolvimento social-econômico estratégico, onde tais características a dotam de potências que extrapolam a escala da municipalidade, tornando-a o centro estruturador de um sistema de cidades. Em termos de metrópole, as principais rodovias que penetram a mancha urbana tem, em sua maioria, como destino comum as marginais dos Rios Tietê e Pinheiros que constituem parte significativa dos anéis viários, organizam e distribuem os fluxos ao longo de seus percursos. Historicamente a cidade tem concentrado suas infraestruturas viárias nas margens de seus rios, que além dos já citados Tietê e Pinheiros, conta com o rio Tamanduateí. Essa característica vem da visão de que em São Paulo os corpos d’Agua eram, e ainda são, barreiras a serem ultrapassadas. Esse entendimento trouxe à realidade projetos como a retificação de rios e tamponamento de córregos, o uso das margens para locação de linhas férreas, ramais de energia, instalação de zonas industriais e despejo de dejetos. O acesso à cidade dá-se principalmente por

veículos motorizados, portanto destacam-se como estruturas de locomoção as estradas e rodovias, marginais e avenidas. Em termos de metrópole, as principais rodovias (Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt) que penetram a mancha urbana tem, em sua maioria, como destino comum as marginais dos Rios Tietê e Pinheiros que constituem parte significativa dos anéis viários, organizam e distribuem os fluxos ao longo de seus percursos. Tais políticas e sobreposições de estruturas tão marcantes no desenho da cidade acabaram por reforçar e concretizar a questão de empecílho urbano, influenciando na urbanização e no desenvolvimento de São Paulo. Havendo assim uma nítida presença de um “lado de lá” dos rios, com uma ocupação desassistida e sem planejamento, e o “lado de cá”, com uma maior concentração das riquezas da capital e, consequentemente, com melhores infraestruturas.











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EXPANSÃO URBANA Em São Paulo a expansão da mancha urbana intensificou-se a partir de 1930 com o aumento da atividade industrial e com as grandes intervenções urbanísticas que começavam a surgir como, por exemplo, o Plano de Avenidas de Prestes Maia que previa o crescimento da cidade apoiado em um sistema viário radial-perimetral. O desenvolvimento urbano da cidade, antes disso, se concentrava claramente nas áreas atendidas pelas linhas de trens e bondes. Posteriormente, o crescimento horizontal da cidade além de muito intenso, parece se desvincular das vias férreas. No período de 1950 e 1962 as demandas urbanas, já bastante intensas, levaram à maior preocupação com o planejamento e intervenções de melhoramento e de infraestrutura, com políticas públicas voltadas, em sua maioria, para a região central. Estas, quando em áreas periféricas, limitavam-se muitas vezes à construção de infraestrutura básica e à instalação de linhas de transporte que viabilizassem a moradia e as viagens diárias ao trabalho. Em 1985, a mancha urbana já havia ocupado grande parte de São Paulo, entretanto, à partir de 1992 não observa-se grandes alterações nesse cenário, apenas um pequeno crescimento na ocupação das áreas periféricas. Com base nas áreas de crescimento urbano foi destacada no mapa a subprefeitura da Lapa, onde está localizada a área de intervenção. Observando o distrito de Jaguaré, é possível perceber que o começo da urbanização dessa gleba ocorre entre os anos de 1930 e 1949,

com a expansão da macha sobre os bairros da Lapa e Perdizes. A ocupação da área de favela, entretanto, iniciou-se apenas entre 1950 e 1962, sendo que em 1991 a região já se apresentava bastante consolidada.


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LOCALIZAÇÃO O distrito do Jaguaré, contido na Subprefeitura da Lapa e tema desse estudo, situa-se às margens do rio Pinheiros, ou por uma perspectiva sócio-histórica, no “lado de lá” do rio. Sua proximidade com o eixo sudoeste de São Paulo, reconhecido como uma zona de alto desenvolvimento econômico (Alto de Pinheiros, Pinheiros, Jardins, e as regiões da Av. Faria Lima e Berrini) evidencia o contraste existente entre a área estudada, sua respectiva favela e as áreas que abrangem a composição desse eixo. No entorno do Jaguaré existem estações da CPTM, de Metrô e ônibus, a Cidade Universitária da USP, o entreposto comercial do CEAGESP e a relativa proximidade com o terminal rodoviário de Osasco.Todas essas estruturas, mesmo fisicamente próximas, encontram-se distantes em termos de acesso e abertura pública para com o distrito. Ainda em termos de infraestrutura destaca-se a presença de um grande parque urbano nas imediações, o parque Villa Lobos.


T

CEAGESP

T

PQ. VILLA LOBOS

USP T T






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HISTÓRICO As origens do bairro remontam às primeiras ações para ocupação da várzea do rio Pinheiros, a qual frequentemente alagava, e funcionava como uma barreira para a expansão urbana da capital na direção oeste. Devido a esses recorrentes alagamentos das várzeas do rio, em 1920, o bairro abrigava apenas chácaras e fazendas pertencentes a imigrantes húngaros e portugueses. Em 1930, iniciou-se a retificação do rio Pinheiros pela “The São Paulo Tramway, Light e Power Company” e que, como consequência, aumentou o interesse do setor imobiliário. As glebas, vendidas para a então Cia. Imobiliária Jaguaré em 1935, pertenciam a Família Dumont Villares. O projeto tinha como finalidade promover um loteamento industrial nas áreas planas, associado a um loteamento residencial operário nas áreas de maior declividade, além da implementação de um parque público na “encosta leste da colina mais próxima ao rio, que possuía declividades elevadas, pior orientação solar e exposta aos ventos frios e úmidos do sudeste” (FREIRE, 2006, p.97). O empreendimento, à cargo do engenheiro Henrique Dumont Villares, diretor da Cia. Imobiliária do Jaguaré previa no centro da gleba, entre duas áreas planas destinadas as indústrias, um bairro residencial com área de 800.000 m². Previa-se a construção de 2.000 casas operárias a serem vendidas aos trabalhadores, projetadas de diversos tamanhos com a finalidade de atender diferentes classes. Na região destinada à área industrial foram instaladas serrarias, armazéns, depósitos e fábricas ligadas ao setor de alimentação e abastecimento

como a CAC – Companhia Agrícola de Cotia, Cia Antártica, Moinho Água Branca e SAMBRA. A implantação do CEAGESP, feita posteriormente no outro lado do rio em 1966. Já no ano de 1962 iniciou-se a implantação de barracos na área destinada a parque projetado anexo ao bairro residencial e que nunca foi totalmente implantado. Este início de ocupação foi incentivada pela remoção de vegetação pelas indústrias, as quais retiravam terras dos barrancos para a execução de aterros nos terrenos industriais, iniciando assim a depredação da área e abrindo caminho para as ocupações habitacionais posteriores.

Foto aérea de 1959, onde observa-se o desmatamento e a retirada de terra do parque. Fonte: VASP SA

Para evidenciar o processo de ocupação segue relato do que seria a fundação da favela pelo seu morador mais antigo, em 1978:


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“Relata João que, recém chegado à cidade de São Paulo, vindo de Presidente Prudente em 1962, alugou uma casa de 4 cômodos no Jaguaré, perto da igreja. Naquela época pagava CR$ 10,00 por mês. Conversando com um moço da vizinhança, um mineiro, ele falou que morava lá há uns 10 anos, em casa própria e durante todo esse tempo olhava para um ‘Matão’ da Prefeitura do qual nunca ninguém mexia. Convidou João para ocupar a terra, plantar qualquer coisa. João relutou um pouco, “‘o terreno não é meu, não sei não...’, depois cedeu. E lá foram, ele e o mineiro, derrubando o matagal. O mineiro, que já tinha casa, usou a terra só para o cultivo. João, além do seu roçado de mandioca do qual fala com os olhos brilhantes de orgulho, fez o seu barraco, para o qual se mudou com toda a família.” (TASCHNER, 1982) .



LEGENDA PARQUE รกrea residencial รกrea industrial




alagamento do rio pinheiros

dificuldade de expansão imobiliária

abrigava chácaras e fazendas de imigrantes

1920

c encontravam-se 300 barracos início da ocupação r e s estímulo de facilidade de acesso e proximidade c ocupação do centro atraíram as famílias i m e n iluminação crescimento em áreas menos favoráveis t pública o anual de 37,27%

1968

programa de verticalização de favelas Nova Jaguaré 1 e 2 e cingapura

Programa bairro legal

inicio das obras de 2 conjuntos habitacionais

- eliminar áreas de risco - infraestrutura - integração - regularização fundiária

- Conj. Nova Jaguaré - Alexandre mackenzie - Kenkiti simomoto

1980

1995-96

grande deslizamento

requalificação urbana em áreas de precaridade

gestão de kassab programa de urbanização de favelas

1977

2003

2006-11


1930

Retificação do rio. aquisição das glebas pela Cia Imob. jaguaré ( família dummond Vilares)

1970

primerias intervenções municipais na favela

1978

Aproximadamente 3.000 famílias habitando

1983 2002 2006 2013

Promoção de loteamentos Industrial res. opera´rio parque público

1983-86

c o v a s

1986-89

j a n i o

1989-93

l u i s a e.

deslizamento na favela 1993-96

m a l u f

2001-04

m a r t a

remoção de famílias para execução de diretrizes do bairro legal

2005-08

s e r r a

última remoção das famílias

2008-12

k a s s a b

ocorrorem muitos deslizamentos

execução de obras de contenção e encaminhamento de obras pluviais


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LÓGICA DE OCUPAÇÃO O entendimento da lógica de ocupação e apropriação do território onde hoje se insere a Favela Nova Jaguaré é fundamental para entendimento do processo e futuras intervenções na área em questão. Em 1968, a área já contava com a existência de 370 barracos e uma escola de madeira. Ao analisarmos, é possível observar que a ocupação inicial segue um determinado padrão, com agentes indutores de ocupação. Os primeiros indutores são as estruturas urbanas já existentes, tais como linhas de trem, ruas e caminhos. Outro fator importante de ocupação foi a topografia e a presença ou não de vegetação expressiva, sendo possível afirmar que a ocupação ocorreu das áreas mais favoráveis para as menos, começando em locais de menor declividade e onde a vegetação já havia sido desmatada, e posteriormente avançando para lugares menos favoráveis, com maior declividade e vegetação remanescente.

Além das condicionantes ambientais, as favelas são organizadas também a partir de uma hierarquia social preexistente entre as pessoas que ali habitam, tendo os moradores mais antigos uma espécie de poder do solo, a quem os futuros moradores se dirigem pedindo permissão para ocupar, por estes terem uma grande quantidade de terra ou serem uma referência de autoridade local. Em 1973 o número de barracos instalados na área era de 850 unidades, ocupando praticamente toda a área destinada ao parque de forma homogênea e rarefeita. Os novos moradores buscavam novas áreas, começando a ocupar as áreas de encostas e com maior declividade. Neste mesmo momento, foram construídas as últimas vias com largura para a passagem de carro, estruturando assim a ocupação na encosta da região central da favela. A Rua 3 Arapongas (A) e a Alameda Tucano (B) estabelecem ligação entre a parte baixa e alta da favela e a partir dela, novos caminhos paralelos

Ocupação da área em 1968. Fonte: Luis Mauro Freire

Ocupação em 1973. Fonte: Luis Mauro Freire


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à encosta servem as moradias que se organizam em linha na Rua Lealdade (C) e Na via Rua Quatro de Dezembro (D), a qual acompanha um tavelgue existente, se estabelece uma frente de ocupação que se interrompe diante de um anfiteatro de drenagem de encostas muito íngremes. Um elemento fundamental estruturador nesse momento é o sistema de vias principais e secundárias já definidas, em que as construções foram sendo feitas ao longo das vias com um padrão de ocupação mais uniforme e regular, de lotes com frente estreita e grande profundidade, tendo a necessidade de se fazer aterro ou corte em parte do terreno, deixando o fundo do lote com topografia mais acidentada e livre de construção, dando às construções ali presentes um aspecto bastante característico. Apesar da falta de espaço na favela, o número de famílias aumentou, chegando a ter mais de 3.600 domicílios e densidade demográfica de

737 habitantes por hectare, só possível devido ao processo de verticalização. Já em 1978, com um crescimento anual de 37,27%, conforme informações coletadas junto à Associação de Moradores. Essa taxa de crescimento, que foi superior a da população residente em favelas do município de São Paulo, pode ser explicada pela vantagem de sua localização. Em 1986, já há uma sensação de massa edificada única no morro do Jaguaré, onde as construções ocupam praticamente toda a superfície do terreno, desde espaços remanescentes no interior das quadras até lugares com declividades mais acentuadas, devido a busca incessante por novos lugares passíveis de se habitar.

Ocupação em 1977. Fonte: Luis Mauro Freire

Ocupação em 1986. Fonte: Luis Mauro Freire


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As encostas, cada vez mais alteradas pela ocupação humana, começaram a ficar instáveis e suscetíveis à desmoronamentos, e as áreas baixas, cada vez mais assoreadas, começaram a sofrer enchentes frequentes fazendo com que a população pressionasse o Estado para intervir na favela. Em 1991, sob administração de Luiza Erundina, a secretaria de habitação desenvolve a primeira proposta institucional de habitação para a área com a finalidade de evitar a re-ocupação da área por barracos. No entanto, o projeto não foi implementado e logo depois a área foi invadida pelos barracos. Em 1995 as chuvas intensas de janeiro, juntamente com a precariedade das moradias e instabilidade das encostas, resultaram em um grande deslizamento na Favela do Jaguaré. Após o ocorrido, houve uma intervenção feita pela Prefeitura de São Paulo, sob a administração de Paulo Maluf. Em 1996, o Programa Cingapura inicia a construção de dois conjuntos habitacionais, um localizado na Av. Bolonha e outro junto as avenidas marginais do Rio Pinheiros. Os dois conjuntos totalizaram 260 unidades habitacionais, construídos em áreas planas e de grande visibilidade. Foram desenvolvidos diversos planos de erradicação da favela e substituição por conjuntos habitacionais verticalizados, porém havia diversos empecilhos impedindo sua concretização tais como a falta de suporte físico, a grande quantidade de terra a ser movimentada, áreas livres remanescentes que resultariam como “terra de ninguém” e a

insuficiência de unidades habitacionais. Em 2000, a mancha urbana assemelha-se muito com a de 1986. As diferenças são perceptíveis e pontuais, as quais sofreram intervenção institucional. O ano de 2002 foi marcado por grande incidência de chuva e deslizamentos. A prefeita da época, Marta Suplicy, visita a área após o deslizamento do Morro do Sabão, o qual desalojou 26 famílias, e solicita a execução de obras de contenção da encosta e o encaminhamento das águas pluviais, lançando assim oprograma Bairro Legal. Na Nova Jaguaré, as principais demandas em seus respectivos graus de importância eram: eliminação de situações de risco; implantação de sistema viário integrado ao bairro para permitir livre circulação de veículos e serviços públicos de limpeza urbana, saúde e segurança; consolidação da inclusão da favela no processo de planejamento da cidade, na legislação e cadastros relativos ao controle de uso e ocupação do solo; promoção do parcelamento

Ocupação em 2000. Fonte: Luis Mauro Freire


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Remoções entre 2000 e 2013 da área e implantação de equipamentos urbanos mediante o desadensamento da área. A participação popular foi colocada como de extrema relevância, pois os moradores poderiam fornecer informações relevantes aos projetistas. Foi feito um estudo preliminar em três situações de impacto de remoções (menor, médio e maior) tendo como principais objetivos a eliminação de áreas de risco, garantia de serviços públicos a todos os moradores, integração da favela com os bairros vizinhos e propiciar a regularização fundiária. Dentre três opções de implantação, a que mais se aproximou da final do projeto, foi a de remoções de médio impacto. O projeto previa a remoção de 1743 moradias e implantação de 998 novas unidades, sendo que as demais deveriam ser construídas em áreas externas. Foram desenvolvidos dois tipos de unidades

habitacionais: casas sobrepostas e edifícios de até 5 pavimentos, com a finalidade de evitar conflitos com as habitações já existentes. Nas áreas de alta declividade foi feito a conciliação entre conter a encosta e uma solução construtiva, a qual dispôs as unidades paralelas as curvas de nível, estruturando vias e minimizando escavações. Em entrevista, Luís Mauro, coordenador do projeto destaca: “A nossa proposta de urbanização [...] era de que as próprias edificações, as novas edificações fossem os elementos de consolidação dos terrenos. O que é feito tradicionalmente, a experiência de CDHU, SEHAB, e COHAB do passado em área de encosta, é criar platôs planos pra botar os edifícios e o que sobra são os taludes. A nossa ideia era justamente o contrário, era implantar o edifício num talude, ele ser o elemento de contenção dos terrenos e as áreas


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planas serem as vias e os espaços livres, os espaços de convivência das pessoas” (Entrevista com Luís Mauro Freire, realizada por ZUQUIM e MAUTNER). O projeto, entretanto, acabou não sendo implantado e substituído por uma proposta da construtora. Ainda segundo Luís Mauro Freire, a proposta de urbanização de seu escritório era seguir contra as propostas tradicionais de urbanização, fazendo com que o edifício fosse implantado em um talude, sendo este o elemento de contenção dos terrenos; enquanto as áreas planas serviriam as vias e aos espaços livres. Após a licitação da obra de urbanização, a empresa vencedora tornou-se responsável pela elaboração do projeto executivo, o que resultou em uma profunda alteração do projeto concebido pelo escritório Projeto Paulista.Assim como foram construídas vias de acesso apenas aos conjuntos habitacionais, o sistema de lazer proposto foi abandonado, prevalecendo somente as áreas verdes que compõe os conjuntos habitacionais implantados e a área de lazer, que engloba com equipamentos 3 quadras esportivas e um centro educacional, além de escadarias, gramados e taludes. As maiores alterações no projeto não se relacionam com questões técnicas, mas a degradação de sua qualidade urbanística aconteceu por três principais razões: (i) mudanças na administração municipal; (ii) busca por soluções mais rentáveis pelas empresas e; (iii) desarticulação dos atores do projeto com o redirecionamento das políticas públicas, refletido na passagem do Programa Bairro Legal ao Programa Urbanização de Favelas.

Ocupação em 2016. Fonte: Luis Mauro Freire



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ANÁLISE SOCIOECONÔMICA O distrito do Jaguaré hoje apresenta 49.863 pessoas, sendo que uma parcela significativa delas moram na comunidade Nova Jaguaré, representando 30% da população total. Apesar da ocupação de boa parte de seu território se dar de maneira precária e irregular, ainda mantém vagos cerca de 18% dos seus terrenos. Enquanto no geral, o distrito possui um IDH relativamente alto e uma densidade não muito alta, ao analisar as especificidades locais é possível perceber a grande desigualdade em relação à esses dados. Nota-se uma média densidade nas áreas com bairro consolidado e uma densidade muito baixa na área industrial, contrastando com a favela Jaguaré, que apresenta uma alta densidade de quase 1000hab/ha. Outra grande diferença fica por conta da renda média, que enquanto no distrito é de R$1487, na comunidade fica muito abaixo de um salário mínimo, de apenas R$435. Apesar disso, a favela Jaguaré apresenta no geral uma boa infraestrutura, conquistada através do tempo e de várias intervenções do governamentais, além de ter ocorrido uma grande diminuição do número de moradias em áreas de risco em menos de 10 anos. Para deslocamento, apesar da falta qualidade do transporte público e seu trajeto, os ônibus são um dos principais meios de transporte que a população do distrito utiliza, além do deslocamento a pé e quase 15% da população ainda demora mais de uma hora para chegar ao trabalho. No geral, os dados confirmam a grande desigualdade presente no Jaguaré, por conta de

abrigar diferentes usos e classes socioeconômicas, mostrando que, mesmo já tendo passado por muitas mudanças e se desenvolvido no decorrer do tempo, ainda há muito o que melhorar.


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ESTRUTURAS BIOFÍSICAS Na área de estudos podemos distinguir dois tipos de estruturas físicas. Primeiro, a existência de colinas com amplitude de até 70m e declividades médias de 20%, podendo chegar até a 50% em áreas onde se encontra atualmente a favela Nova Jaguaré, tendo sido ali estabelecidos dois tipos de áreas de risco: • R3 (alto) - Os condicionantes geológico geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos; observa se a presença de significativa(s) evidência(s) de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, etc.); mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de 1 ano • R4 (muito alto) - Os condicionantes geológico geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de muito alta potencialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos; as evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes inclinados, cicatrizes de deslizamento, feições erosivas, proximidade da moradia em relação à margem de córregos, etc.) são expressivas e estão presentes em grande número ou magnitude; mantidas as condições existentes, é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas,

no período de 1 ano. Em segundo, observa-se a leste do morro uma grande área de várzea com declividades mínimas, formando um contraste na paisagem. Por ser um local praticamente plano, é uma área passível de inundação, com alguns pontos de constante alagamento destacados no mapa. Algo que contribui para esse cenário problemático é o fato do local possuir uma baixa taxa de permeabilidade do solo e de vegetação significativa. A existência do rio Pinheiros, de grande importância para a cidade, a área conta com o córrego Jaguaré (afluente do rio Pinheiros), junto com mais dois afluentes do córrego, sendo que todos se encontram canalizados atualmente. Outro ponto importante são as linhas de drenagem destacadas, que coincidem com vias pré-existentes no local. Através delas é possível perceber que o tecido urbano facilita o escoamento superficial em direção à várzea e ao rio Pinheiros, o que pode ocasionar uma rápida cheia do rio em períodos de chuva e uma facilidade de alagamento nas áreas mais planas próximas do rio.


0-5%

>20%

linhas de drenagem

รกreas alagรกveis

6-10%

รกrea de risco r3

rio

cume

11-20%

รกrea de risco r4

rio canalizado


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ZONEAMENTO Depois de entender a história do distrito do Jaguaré, é possível perceber que a região conta com usos diversificados e inúmeras particularidades. É um bairro majoritariamente misto, com parcelas iguais entre residências, comércio e serviços, e é muito forte também pela sua tradição industrial. Abaixo, segue lista com o Zoneamento em vigor: ZDE 2 – Zona de Desenvolvimento Econômico: São destinadas a indústrias de alta tecnologia e ao desenvolvimento tecnológico, apresentam potencial de empregabilidade e qualificação. ZPI 1 – Zona Predominantemente Industrial: Áreas caracterizadas por possuírem muitas indústrias destinadas a maior diversificação de usos não residenciais localizadas na macrozona de estruturação e qualificação urbana. ZOE – Zona de Ocupação Especial: Áreas destinadas a abrigar atividades, que por suas características únicas, necessitem de disciplina especial de parcelamento, uso e ocupação do solo. No subdistrito, destacam-se o CEAGESP e o campus da USP. ZEM – Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana: Áreas de projetos de infraestrutura estratégicas existentes em que não há operação urbana consorciada por lei específica. ZEMP – Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana Prevista: Áreas que contem projetos estratégicos previstos e que não tem operação urbana consorciada instituída por lei específica. ZEPAM – Zona Especial de Preservação Ambiental: Preservar as unidades de conservação, sendo

observado o plano de manejo de cada unidade quando este estiver atrelado ao uso não residencial existente, ou seja, usos mistos serão permitidos nestes territórios. ZC – Zona de Centralidade: São os conhecidos centros comerciais de bairro, que abrangem as ruas mais importantes da região. Neste tipo de zoneamento, a atividade residencial também é permitida. ZER 1 – Zona Exclusivamente Residencial: O objetivo é assegurar as características dos bairros que possuem apenas residências, com a densidade demográfica baixa, com pouco uso não residencial e que contam com intensa arborização. Como exemplo, o bairro Alto da Lapa.


ZEM

ZM

ZEIS 3

ZPI 1

ZEMP

ZEIS 1

ZEIS 5

ZOE

ZC

ZEIS 2

ZDE 2

ZER 1

ZEPAM limite subprefeitura macroárea de estruturação urbana


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USO E OCUPAÇÃO DO SOLO O projeto de urbanização que originou o bairro dividia a área em residencial, comercial e industrial. Atualmente esta configuração possui certas semelhanças, sendo grande parte da área de estudo ocupada por indústrias (algumas ainda ativas) e/ou galpões em processo de transição e mudança de usos. Em relação ao uso comercial, possui grande atuação na área, tendo como exemplos principais o CEAGESP, Shopping Continental, shopping Villa Lobos, comércio atacadista, redes de supermercado e lojas de grande porte. Dentro da favela Villa Nova Jaguaré há o uso misto, sendo residências com uso de comércio informal ou de pequeno porte, como salões de beleza, lanchonetes, bares, entre outros. Na área de estudo também podemos destacar algumas áreas livres públicas importantes, como o Parque Villa Lobos, junto a ele o Parque Estadual Cândido Portinari e algumas praças públicas como a praça General Porto Carreiro e a praça Pedroso Bayão. Os serviços, dentro da área estudada são em sua maioria transportadoras que atendem ao CEAGESP, escritórios e clubes. Como exemplos significativos, vale citar um Centro de Detenção Provisório de Pinheiros IV e um Heliponto (Helicidade). Há uma significativa carência de Unidades Básicas de Saúde ou qualquer tipo de serviço voltado para a área da saúde, tendo apenas um Posto de atendimento em toda a área estudada. Os edifícios Institucionais dentro da área são em sua maioria Igrejas ou escolas de ensino infantil

ou fundamental. Como Instituição de destaque temos a Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira – Campus da USP, que abriga a estrutura administrativa central da USP, além de várias unidades de ensino, o Conjunto Residencial, o Centro de Práticas Esportivas e o Hospital Universitário, além de uma unidade da UNIP. A maior parte da área estudada é de uso residencial, tendo todos os diferentes tamanhos de lotes, tipos de edificação e padrão residencial. Dentro do recorte escolhido é possível observar a presença de condomínios verticalizados fechados, loteamentos com residências de alto padrão, áreas com residência de médio padrão e também áreas com moradias precárias, como por exemplo a Villa Nova Jaguaré, entre outras favelas menores. Em conclusão, trata-se de uma área heterogenia, em termos de renda e de morfologia, com diversos tipos de uso e ocupação e diferentes tamanhos de lotes.


RESIDÊNCIAL

serviço

industrial

comércio

institucional

áreas verdes


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GABARITO A área estudada possui em sua maioria edificações horizontais de pequeno e grande porte de uso residencial, comercial e industrial (algumas ainda ativas). As edificações verticais não ocorrem em grande quantidade por se tratar de uma área ainda em transição, sendo suas edificações de condomínios residenciais fechados, edifícios de escritórios, conjuntos habitacionais e CDHU. Além disso, transição entre o gabarito horizontal e vertical não ocorre de maneira suave, uma vez que é possível observar uma paisagem predominantemente de baixo gabarito com ocorrências pontuais de edificações verticais, que acabam se destacando e destoando do restante da paisagem.


ed. horizontal de grande porte

ed. verticais e horizontais

estruturas c/ pouco vol. edificado

espaços livres c/ acesso público

ed. horizontal de pequeno porte

quadra verticalizada

área não edificada

praças

ed. de porte medio dispersas

quadra condomínio vertical

praça ocupada

parques

grandes conjuntos de ed. diversas






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SISTEMA VIÁRIO O sistema viário da área é composto por vias expressas, principais, coletoras e locais. A marginal Pinheiros é que compõe a via expressa, conectando o norte de São Paulo com o sul. Ela surge do chamado “cebolão”, que é o encontro dos rios Pinheiro e Tietê e se encontra com Rodovia Castelo Branco e abrange até a região de Interlagos. Ela possui diversas entradas para os bairros em sua extensão e na região do Jaguaré possui duas entradas, a primeira tem ligação com a Avenida General Vidal e a outra que fica antes da USP e desemboca na Avenida Jaguaré, principal via do bairro, pois faz ligação com o outro lado do rio através da Ponte Jaguaré; enquanto sua próxima entrada se localiza após a USP no Bairro Butantã, fazendo a ligação com a Avenida Prof. Manuel José Chaves, ligando ao outro lado do rio, chegando na Praça Panamericana. As vias principais do bairro são as Avenidas Jaguaré, Kenkiti Simomoto, Bolonha, Alexandre Mackenzie e Politécnica, sendo a Av. Jaguaré, grande via de acesso à marginal, a ligação entre a Ponte Jaguaré, que atravessa o rio Pinheiros, e a rotatória onde se encontra com a Avenida Politécnica (que margeia a USP). A Kenkiti Simomoto começa na Politécnica, passando pela Jaguaré e unindo com a Bolonha, onde o declive começa a se acentuar. As vias coletoras são compostas por Avenida Dr. Francisco de Paula Vicente de Azevedo, Avenida General Vidal, Avenida Tôrres de Oliveira e Avenidal Manuel Bandeira. Quanto a rede cicloviária, o Jaguaré possui a sua em estado precário, pois não abrange toda área, além de não passar ao menos em todas as

vias principais do bairro. Não possui conexão com o outro lado do rio, o qual possui uma rede cicloviária precária também, entretanto podemos ver que na Marginal Pinheiros deste lado há ciclovia que vai desde o Parque Vila Lobos até a região da Represa de Guarapiranga. Em geral, elas não são totalmente conectadas entre si, o que causa um desconforto ao ciclista que é obrigado a se arriscar andando nas ruas.


vias principais

vias coletoras

ciclovia


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ÁREAS VERDES SIGNIFICATIVAS No bairro do Jaguaré é possível perceber a falta de áreas verdes significativas, apesar de haver uma quantidade razoável de praças, que em alguns casos estão abandonadas. No total são 26 praças localizadas no bairro, não possuindo nenhum parque, sendo que 57,8% da população do Jaguaré mora a mais de 1km de distância de algum parque, segundo dados do ano de 2010, a situação se agrava quando se observa os dados do distrito da Lapa, que possui um percentual de 95,4%. Os parques mais próximos do bairro do Jaguaré se localizam do outro lado do Rio Pinheiros, no Alto de Pinheiros, o Parque Vila Lobos e o Parque Portinari. Quanto a arborização viária do bairro, ela é considerada de baixa intensidade, pois segundo dados de 2013, o Jaguaré possui um porcentual de 19,81% no número de árvores por km de vias e quando se comparado com outros bairros, como o Vila Leopoldina, que possui 104,11% e comparando com o distrito da Lapa, onde o Jaguaré está localizado, possui 47,37%. É possível perceber também que a arborização viária não segue uma lógica de importância de vias, entretanto não há uma grande significativa nas áreas industriais e inexistentes na favela do Jaguaré.


áreas verdes significativas remanescente de bioma

aborização viária


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MOBILIDADE O bairro Jaguaré, definido como “periferia central” possui localização privilegiada uma vez que este encontra-se próximo a bairros valorizados de São Paulo. Este fato, porém, não garante facilidade de acesso através de transporte público as demais zonas da cidade. A região conta com a linha Esmeralda do CPTM, dando acesso as linha Lilás de metrô, Amarela (Viaquatro) e Diamante de CPTM – estas com estações situadas ao lado oposto do Rio Pinheiros. A estação mais próxima de metro da área é a estação Butantã. Os ônibus intermunicipais da EMTU percorrem principais vias (Av. Jaguaré, Av. Kenkiti Simomoto, Av. Bolonha e Av. Miguel F. de Vasconcelos), tendo como destino os pontos listados a seguir: • 058 - Osasco Rodoviária • 280 - Osasco Centro • 211 – Osasco Vila Menck / SP Pinheiros • 224 - SP Lapa / Carapicuiba • 280 – Osasco Centro / São Bernardo • 345 – Barueri • 350 – Itapevi / Barra Funda • 557 – Jandira Além dos ônibus municipais do SPTRANS: • 874C - 10 Metro Trianon • 7282 - 10 Praça Ramos de Azevedo • 8038 - 10 Lapa • 8310 - 10 Sesc Pompéia • 8319 - 21 Pq. Continental • N836 - 11 Pq. Continental

Entretanto, ao analisar o bairro Jaguaré, com enfoque na Favela Nova Jaguaré, é possível verificar através de dados da PMSP que a maioria das pessoas percorrem grandes distâncias a pé. Juntamente com o mapa ao lado é possível concluir que a maioria dos transportes passam nos arredores do bairro, não o permeando, fazendo com que essas distâncias que as pessoas teriam que percorrer para ter acesso a algum tipo de transporte público sejam enormes comparadas a áreas estruturadas por interconexões entre metrôs, ônibus, CPTM. Diante disso, uma área tão próxima a outras centrais, é considerada distante devido a essa ausência de infraestrutura local e conexão com as demais. Essa conexão é precária ainda mais na conexão Favela-Bairro, uma vez que a declividade acentuada contribui negativamente. Parte de nossa proposta foi dedicada a essa interconexão entre infraestruturas e maior acessibilidade a área como um todo.


ônibus EMTU

SPTRANS

cptm

058 - Osasco Rodoviária 280 – Osasco Centro 211 – Osasco Vila Menck / SP Pinheiros 224 – SP Lapa / Carapicuiba

058 - Osasco Rodoviária 345 – Barueri 280 – Osasco Centro 350 – Itapevi / 211 – Osasco Vila Menck / Barra Funda SP Pinheiros 557 – Jandira 224 – SP Lapa / Carapicuiba 280 – Osasco Centro / São Bernardo

linha 9 esmeralda

280 – Osasco Centro / São Bernardo 345 – Barueri 350 – Itapevi / Barra Funda 557 – Jandira


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EQUIPAMENTOS URBANOS No mapa de localização, procura-se indicar os principais equipamentos existentes na área de estudo de Jaguaré. Portanto, destaca-se as escolas estaduais e municipais, escolas infantis e creches, instituições religiosas, instituições sociais, universidades, pequenos comércios, grandes comércios, industrias, áreas culturais, áreas de esporte, serviços, escritórios, favelas, conjunto habitacionais, CDHUs, áreas de praças, áreas de parques, edifícios tombados e unidades básicas de saúde. A partir deste levantamento, observa-se que a área de estudo possui uma grande quantidade de escolas estaduais e municipais na área, porém poucas creches. Também destaca-se a Universidade de São Paulo que possui grande importância tanto para o município, quanto para o país. Por conta das demandas que a comunidade Vila Nova Jaguaré observa-se seis instituições sociais que atuam na área da favela e colaboram com várias atividades para os moradores, podemos destacar: CEI (Centro de educação infantil), CCA (Centro da criança e do adolescente), CIE (Cento de inclusão educacional) e CCP (Centro cultural profissionalizante). A área de estudo também possui grandes comércios, industrias e escritórios significativos, como por exemplo o Shopping Center Continental, shopping Villa Lobos, CEAGESP, indústria Givaudan, Roche, Bunge Alimentos, Moinho Anaconda, Colgate, Perdigão, entre outros. Próximo ao CEAGESP encontra-se vários escritórios de alto padrão. É possivel notar a falta de alguns

equipamentos importantes como praças e parques, sendo que o mais próximo do bairro é o Parque Vila Lobos às margens leste do rio Pinheiros com difícil acesso, ou a USP que, apesar de possuir um caráter de parque, seu acesso é limitado à poucas entradas e dificultado para os moradores do bairro Jaguaré e da comunidade. Falta, portanto, áreas de lazer, áreas de esportes, além de unidades básicas de saúde, que possui apenas uma para atender todo o distrito de Jaguaré. Há no local uma grande quantidade de favelas. Além da grande favela Vila Nova Jaguaré, há mais quatro menores que possuem habitações muito precárias, com pouca ou nenhuma infraestrutura, sendo que algumas estão situadas em áreas de risco. Possui também três conjuntos habitacionais e CDHUs que indicam a intervenção e a remoção de antigas habitações da favela em áreas de risco, alguns projetados por arquitetos renomados, por exemplo, o arquiteto Boldarini. Além disso, a área possui três imóveis tombados, sendo três galpões da Antiga Cooperativa de Cotia, localizado na Av. Kenkiti Shimomoto; o Casarão do Henrique Dumont Villares, que foi o proprietário da maior parte do território do Jaguaré, localizado na Rua Marselha; e a Praça do Relógio (ou mirante) do Jaguaré localizado na Rua Salatiel de Campos.


escolas estaduais

igrejas

industrias

serviços

praças

escolas infantis e creches

pequenos comércios

edifícios tombados

unidade básica de saúde

parques

universidades

grandes comércios

área cultural

área de lazer


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INFRAESTRUTURAS URBANAS Em relação à infraestrutura urbana, podese afirmar que, no geral, o bairro é bem estruturado. O distrito do Jaguaré recebe o tratamento de água do Sistema Cantareira, o maior dos sistemas administrados pela Sabesp na cidade de São Paulo. A estação de tratamento de esgoto responsável pela região é a ETE Barueri, localizado no município de Barueri e que serve a maior parte da cidade de São Paulo. A empresa Loga S.A. faz a coleta de lixo na região, e oferece serviços especializados de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos domiciliares e dos serviços de saúde gerados no Município de São Paulo. Os resíduos coletados no distrito de Jaguaré, tratados em uma Central no bairro do Bom Retiro e levados até o aterro de Caieiras. A companhia AES Eletropaulo é responsável por distribuir energia elétrica na região de Jaguaré e em todo o município de São Paulo, além de outros 23 municípios. Na Favela Vila Nova Jaguaré, a maioria das moradias são atendidas por água fornecida pela rede pública que percorre tubulações enterradas sob as principais vias e vielas da comunidade. As moradias localizadas nas principais vias possuem hidrômetros individuais, já as de difícil acesso, localizadas no interior da quadra, são abastecidas por meio de outras moradias através de “gatos” da rede pública. Estes normalmente possuem vazamentos e não possuem rede de esgoto corretamente, sofrendo sérios riscos de contaminação. A falta de rede de esgoto é o ponto mais

crítico da infraestrutura na favela, pois causa maior impacto ambiental. Hoje em dia as principais vias da favela Vila Nova Jaguaré já possuem rede coletora, porém nem todas funcionam corretamente por falta de ligação aos domicílios, e em alguns casos a rede encontra-se assoreada. Além disso, possuem outras favelas menores na região em que o esgoto é a céu aberto (por exemplo, a favela da Linha) prejudicando a saúde dos moradores. A coleta de lixo se faz através de carrinhos da prefeitura que passam apenas pelas vias principais da favela, nas áreas de maior declividade e com vielas mais estreitas, a coleta é feita através de uma caçamba localizadas próximas às esquinas das vias principais onde passam os carrinhos. Porém, mesmo com esse método de coleta ainda há domicílios que não respeitam ou que jogam seus lixos em terrenos vazios, podendo causar vários danos e sendo responsáveis por escorregamentos nas encostas. Grande parte dos domicílios da favela também possuem energia elétrica, seja pelas redes públicas ou de forma clandestinas, através de “gatos”. Quanto a iluminação pública, só possui nas vias principais e algumas vielas, e em muitas luminárias possui lâmpadas quebradas e sem reposição. No interior da favela, para evitar a deficiência de energia nas vielas mais estreitas e espaços públicos, os próprios moradores colocam postes de madeira com lâmpadas comuns ou estendem das instalações domiciliares nas fachadas.







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UNIDADES DE PAISAGEM O conceito de unidade de paisagem vem para auxiliar na leitura e no entendimento de um território completo como o do distrito do Jaguaré. Dividindo e fragmentando a área segundo diversos padrões busca-se agrupar áreas mais homogêneas, diferenciando-as das demais. As unidades, indo do número 1 ao 6, abrangem a catalogação de todo o distrito e seu parte de seu entorno, como é possível observar no mapa ao lado e no quadro de descrições a seguir.



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1A - Indústrias em processo de desocupação com a presença de alguns serviços e residenciais verticais. Sua área é cortada pela Av. Jaguaré com grande incidência de veículos e fluxo de pessoas. As construções ali tem de 3 a 4 recuos. A declividade é baixa e suas vias traçam um tecido próximo ao observado em bairros residenciais.

3B - Ocupação predominantemente residencial e de baixo gabarito. Possui boa arborização viária e baixa incidência de árvores intraquadra. A área é de baixa declividade e seu sistema viário apresenta dimensões corretas ao fluxo de automóveis,uma malha regular e razoáveis condições de passeio público.

1B - Indústrias de grande porte ainda em atividade. O uso se mantém estritamente industrial, não ocorrendo a presença de outros usos. O espaço intra quadra é ocupado de forma pouco regular apesar das tipologias comuns de galpões. Existe pouca arborização e baixa declividade e o viário presente é bastante enxuto, fazendo com que as quadras tenham grandes dimensões.

3C - Ocupação predominantemente residencial, os gabaritos se alternam entre residenciais verticais e casas. O sistema viário apresenta traçado sinuoso com pouca arborização viária. A área se encontra em local de baixa declividade.

2 - Ocupação formada por pequenos lotes, sem recuos, com uso predominantemente residencial. Há alta declividade com incidência de áreas de risco e de alagamento. O padrão de vias é precário com ruas de no máximo 3 m. Existe alta densidade construtiva e populacional e a arborização nas vias é quase que inexistente, variando de 0% à 10%. 3A - Ocupação formada por pequenos lotes, com estrutura viária limitada pela largura do leito carroçável. Uso predominantemente residencial com pouca arborização intraquadra. Construções de baixo gabarito com ocorrências pontuais de residenciais verticais. Alta declividade na área.

3D - Grande ocorrência de terrenos vagos, há uma mistura de usos entre galpões e área residenciais, com edifícios. É uma área de baixa declividade e boa arborização viária. Seu leito carroçável é adequado ao fluxo de veículos. Esta região se apresenta como zona de transição entre a porção industrial e a região estritamente residencial. 3E - Ocupação irregular com usos residenciais, verticais e horizontais, galpões e áreas comerciais. O traçado viário não segue um padrão, costurando a malha ao redor. Há pouca arborização viária ou intraquadra e a declividade é baixa. 3F - Ocupação com uso predominantemente residencial de baixo gabarito, existem em alguns pontos edificações residenciais e estabelecimentos comerciais que margeiam o viário principal. A


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vias são irregulares com pouco arborização com declividade baixa. 3G - Ocupação em sua maioria residencial de baixo gabarito com ocorrências de residenciais verticais. A declividade é baixa com uma malha viária de ruas de caráter local. Os lotes são em grande parte de pequena dimensão. Há pouco arborização viária e intraquadra. 3H - Área estritamente residencial de médio gabarito, com sistema viário de caráter local. Existe pouca arborização viária e a presença de verde intraquadra é inexistente. A declividade é baixa. 4 - Área de ocupação comercial e industrial com a presença de galpões. Baixa declividade e baixo gabarito. Pouca arborização viária, com malha de vias regular e com amplo leito carroçável com lotes generosos. 5 - Ocupação de edifícios de médio gabarito, em sua maioria dá uso à serviços. O viário apresenta baixa arborização, assim como dentro das quadras. A área apresenta baixa declividade. 6 - Área em sua maioria com usos residenciais de alto gabarito, com a incidência de alguns galpões. Os terrenos, antigas áreas pertencentes à indústria são de dimensões generosas e de baixa declividade. O sistema viário possui pouca arborização e a dimensão da malha viária é adequada ao fluxo local existente.


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SITUAÇÃO ATUAL



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DIAGNÓSTICO A porção da macrozona centro-oeste analisada é um território que apresenta grandes variações nas diversas abordagens, seja no modo de ocupação, gabarito, fluxo de pessoas, funções e usos ou de estrutura instalada. O que é comum em toda a região analisada é o passado industrial da marginal norte do Rio Pinheiros que paulatinamente tem se transformado e ganhado outros usos dentro desse contexto na cidade. Outro ponto a ser observado é a convergência de infraestruturas de escala metropolitana nas baixadas dos rios Pinheiros e Tietê, que condicionam essas regiões à uma importância e interesse que extrapolam os limites municipais de São Paulo e atingem uma outra abrangência. Essas estruturas - rodovias, marginal, ferrovias, rio - somadas à oferta de grandes terrenos antes industriais, conferem à área potencial ímpar para reconfiguração das relações não só da cidade mas também intermunicipais. A predominância de usos residenciais de baixo gabarito e densidade em meio à duas áreas industriais, uma delas em processo de desocupação, acabaram atraindo a atenção do mercado imobiliário tanto pela oferta de terrenos quanto pela facilidade em explorar um pedaço tão privilegiado em localização e fragilizado socialmente. Os principais pontos que auxiliaram a elaboração do diagnóstico foram: • A comunidade Vila Nova Jaguaré. • O sistema viário do bairro do Jaguaré e da comunidade do Jaguaré “encastelam” a população do morro, isolando-o do restante da área, o que o

torna de difícil acesso de pessoas que não sejam residentes do bairro. • As áreas industriais em processo de desocupação, que de certa forma também isolam a área residencial. • A falta de unidades básicas de saúde. • A falta de escolas técnicas. • A dificuldade de transposição do Rio Pinheiros, foi possível analisar que em pouco mais de 2 quilômetros de rio (dentro da área de estudo), há apenas uma transposição existente (ponte Jaguaré). • Redução do CEAGESP e eliminação de grande parte dos empregos de baixa qualificação. Como já citado anteriormente, nossa área possui diversos problemas das mais diversas abrangências. No campo físico ambiental temos um declive muito alto quando se comparada a parte mais alta e a mais baixa da área, que chega a um desnível de 70 metros de altura, tendo algumas áreas em risco, como, por exemplo, a favela, com mais de 30% de inclinação. Todo esse declive acarreta o problema de alagamento em algumas áraes do terreno. Outro fator a ser analisado é que há afluentes do Rio Pinheiros na área, entretanto alguns deles foram canalizados, tendo alguns abaixo de ruas e outros passando no meio de terrenos. Quanto as áreas verdes, é perceptível que há a falta delas na área, assim como os espaços livres públicos, ambos que sejam qualificados, de forma a ser utilizado pela população. Para chegar nos parques mais próximos é necessário utilizar de


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transportes público ou privado. Além da favela do Jaguaré, já está consolidada e urbanizada, há mais quatro espalhadas pela área que ou se apropriaram de uma rua, ou de uma praça e também há aquelas que se desenvolveram entre os terrenos vazios de áreas privadas e foram crescendo conforme os anos se passaram, entretanto nenhuma delas se encontra áreas de risco, ao contrário de algumas casas localizadas na favela do Jaguaré. Algumas delas estão em uma área de inclinação muito acentuada, com perigo de deslizamento. Ainda no contexto da favela, mesmo depois do projeto e realização do projeto desenvolvido pelo Boldarini, hoje em dia vemos que alguns pontos do projeto não foram realizados e a população começou a se apropriar dos espaços de forma indevida, construindo suas casas em áreas livres que seriam utilizadas como quadras esportivas, áreas verdes e mesmo nos taludes concretados. A quantidade de lixo descartado na favela em áreas indevidas é grande, principalmente em encostas dos taludes e terrenos vazios. A falta de acessibilidade dentro da favela também é um fator agravante na área, devido a declividade alta e também a falta de diversidade de entradas na favela, apesar de possuir algumas vielas que facilitam esse fluxo bairro formal-informal. Com relação a essas vielas internas a favela, a falta de iluminação é um fator agravante, também pela sua dimensão estreita. A transposição do Rio Pinheiros na área só acontece através da Ponte Jaguaré, localizada próxima a USP e é um fator agravante, pois o fluxo

de carros e transporte ali é alto, não suprindo a necessidade do local. Podemos citar também a ciclovia, que além de não serem conectadas entre si, não atravessa o Rio, tornando impossível a travessia com bicicleta, visto que o passeio pedonal é estreito também. Por fim, a segregação social e territorial é um fator encontrado no bairro e não menos importante, a começar pelo viário distinto nas áreas residenciais, industriais e na favela do Jaguaré. Outro fato que contribui com isso, é que a favela se localiza no ponto mais alto do bairro e na encosta da declividade, causando uma linha tênue entre bairro formal-favela-área industrial, ocasionando não só uma barreira física como também sensorial.


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PROGNÓSTICO A desocupação efetiva das áreas industriais e a mudança do Ceagesp provocariam duas reações imediatas: o avanço do mercado imobiliário sobre a região, com seus efeitos diretos e indiretos sobre a população residente e a queda na oferta local de empregos, obrigando os moradores a se especializarem em outra função ou saírem do local à procura de trabalho. Observados os tipos de ocupações mais recentes que apareceram na área, percebe-se um padrão tipológico de residenciais verticais de médio padrão e alto padrão, com cerca de 10 andares, isolados em condomínios ou espaços “condominizados” e, portanto, desprovidos de relação com a cidade. Além dos pontos levantados cabe destacar que grande parte da área analisada encontra-se na região de estruturação metropolitana do Plano Diretor Estratégico de São Paulo de 2014 e sob o perímetro do Arco Tietê. Com tais características e com interesses tanto mercadológicos quanto estratégicos a região do Jaguaré é uma área de pouca estabilidade dentro do tecido urbano e passível de grandes intervenções e mudanças num futuro próximo.


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DIRETRIZES Temos como diretrizes projetuais o aumento da arborização viária, juntamente com a criação de mais áreas verdes significativas, como parques e praças, tanto no bairro como em seu entorno. A ciclovia foi complementada, já que ela para em alguns pontos, chegando a lugar algum. As transposições também foram multiplicadas de forma que interligue um lado do Rio Pinheiros com o outro e elas ocorrem de forma que aborde todos os modais de locomoção: pedonal, carro, bicicleta, ônibus e tram, fazendo com o bairro do Jaguaré se interligue com o entorno imediato. A delimitação das alturas dos edifícios também foi pensada de forma que a especulação imobiliária não tome conta de toda a área livre e transforme radicalmente a paisagem urbana do local. Juntamente com a delimitação das alturas, incentivar o uso misto, para induzir a subcentralidade na área e deixá-la mais dinâmica.






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atos sistêmicos Analisando as potencialidades hídricas dos rios de São Paulo e com base nos planos do Grupo Metrópole Fluvial da FAU USP decidiu-se pela adoção dos portos pelos canais do Pinheiros e Tietê como meio de transporte de pessoas e cargas urbanas. Utilizando-se de uma diretriz aplicada ao projeto, a de enterrar partes pistas das marginais em pontos estratégicos em São Paulo, optou-se por uma costura entre os portos propostos pelo Prof. Alexandre Delijaicov e essas áreas de várzea livre. Observando pontos de interesse ao longo dos rios, como grandes fixos, travessias, parques e áreas livres de grande significância locaram-se as regiões de maior força, fazendo assim submergir as pistas expressas das marginais e imergir áreas de parque que, por sua vez, foram associadas aos portos então pré-determinados. O primeiro trecho de rebaixamento da Marginal Pinheiros, de maior relação com a área de recorte do Projeto Urbano, tem início próximo à Comunidade Villa Nova Jaguaré, se estendendo até o final do perímetro da USP. Outros trechos de rebaixamento acontecem ora conectados a espaços livres de caráter público, ora relacionados a espaços livres privados, de acordo com as necessidades e possibilidades do traçado.



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ponto 1 | mobilidade O plano urbanístico estruturou-se a partir da escala macro metropolitana para melhor integração da área estudada com o entorno. Para isso, fez-se a leitura dos projetos já propostos e uma adaptação para a necessidade do plano que criamos. Primeiramente foram analisados os projetos que beneficiariam a mobilidade urbana, uma vez que a área de estudo é próxima a grandes infraestruturas e equipamentos urbanos como CEAGESP, a USP, o Parque Vila Lobos, uma estação da CPTM e às margens do Rio Pinheiros com potencialidade para se tornar uma hidrovia.

Após ler o projeto elaborado pelo grupo Metrópole Fluvial, liderado pelo professore Alexandre Delijaicov sobre a possibilidade de instalar portos nos rios de São Paulo, ficou evidente o potencial que a área possuía para abrigar esses portos. No projeto do grupo Metrópole fluvial foram proposto portos de pedestres e turismo, transporto, eco porto, porto de destino hortifrúti e porto de dragagem flutuante no rio Pinheiros. Com a saída do CEAGESP e o possível adensamento da área, fez se necessária a criação de um porto de pedestres que favorecesse a mobilidade em escala macro e


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por consequência um porto de dragagem flutuante para realizar a manutenção do rio. Havia também a necessidade de um meio de transporte público que fizesse a transposição do rio, além do ônibus e metrô já saturados. Foi então proposta uma linha VLT (veículo leve sobre trilhos), seu trajeto se inicia no Butantã, contorna toda a área de estudo, transpõe o rio Pinheiros, passa pelo CEAGESP e segue por Alto de Pinheiros e tem seu fim na Vila Madalena, o percurso também ocorre no sentido inverso. Por se tratar de um meio de transporte que não possui tantos empecilhos

como trânsito e longas distâncias a percorrer como o ônibus, facilitaria a locomoção dos moradores, estudantes e trabalhadores que necessitam se deslocar de forma rápida e direta. O último meio de transporte proposto no projeto urbano, foi um Funicular, tipo especial de transporte sobre trilhos que é capaz de vencer grandes desníveis. Ele foi implantado na área central da comunidade, por possui um grande desnível e ser necessário para transpor de forma rápida e confortável os moradores através de suas quatro paradas nas principais vielas da favela.


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ponto 2 | viário A partir da análise de todo o traçado viário existente da área de estudo, juntamente com a leitura de todas as problemáticas relacionadas a esse tema, foi concluído que as principais necessidades encontradas no local eram: a falta de arborização viária, o estreitamento de vias onde havia a possibilidade de expansão para melhor fluxo de veículos e um maior cuidado e atenção para a questão do pedestre e ciclista. Seguindo uma hierarquia de intervenções de uma escala macro para uma micro, podemos citar como primeira macro intervenção o rebaixamento

da Marginal Pinheiros em trechos que possuem relações urbanas com o restante da metrópole. Outra proposta de intervenção em escala macro, seriam faixas de ciclovia dentro da área de estudo, que conectam “pontas soltas” de ciclovias já existentes, formando um sistema de transporte cicloviário que tem relação do bairro com todo o restante da metrópole. Em uma escala menor, foram criadas novas vias em quadras com galpões e fábricas, que atualmente passam por um processo de transformação. Essas vias locias foram criadas então


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para segmentar as grandes quadras em quadras menores e, por consequência, obter uma divisão de lotes mais adequados aos novos usos propostos para a área. O projeto Urbano buscou propor dois diferentes tipos de traçado viário: boulevard e alameda. Enquanto o boulevard caracteriza ruas ou avenidas mais largas com destacados projetos paisagísticos, a alameda consiste em vias de menor porte densamente povoada por árvores, que suportam grande trânsito de pedestres. Outra proposta de intervenção de escala

média que está diretamente relacionada às novas vias é a transposição do Rio Pinheiros em três pontos, conectando as duas margens do rio e por consequência, os dois traçados urbanos. Os três pontos de transposição entre as duas margens do Rio Pinheiros são: • Transposição Avenida Mackenzie: continuação da avenida no sentido Vila Leopoldina que se conecta com a Rua Xavier Kraus (vizinha ao CEAGESP) que por fim se conectaria Avenida Dr. Gastão Vidigal. Tem como princípio a conexão de uma avenida de grande fluxo com outra localizada no lado oposto do rio. • Ponte Praça: esta transposição é composta por duas grande pontes conectadas por um plano central designado como praça. É estritamente reservada para pedestres e ciclistas tendo principal intuito a conexão das quadra de indústria criativa e parque propostos com o parque localizado no CEAGESP. • Ponte Jaguaré: esta transposição é existente no local, porém possui deficiências em relação ao acesso de pedestres e ciclistas, tendo como prioridade atual o tráfego de veículos, A proposta seria de reativar a estrutura existente entre as duas partes da ponte Jaguaré, deixando seu uso para circulação de pedestres e ciclistas.


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ponto 3 | ambiental No projeto proposto, as áreas verdes foram aumentadas significativamente, criando vários espaços livres verdes em diferentes escalas como praças, parques e até mesmo um adensamento da arborização viária, para criar certas características nas vias. Em um âmbito geral, foram propostos três tipos de intervenção. A primeira delas diz respeito ao CEAGESP, que devido à sua mudança de local, a área localizada ao lado leste do rio Pinheiros ficará desocupada e com isso surge a proposta do grupo em transformá-la em um grande parque, para que

fosse possível ter uma ligação direta entre os dois lados do rio. Sua grande cobertura tombada, feita pelo escritório Figueiredo Ferraz, seria deixada no local como memória da grande história que o comércio trouxe para o local. Uma segunda intervenção em escala maior foi a proposta de abrir a USP para que ela seja uma grande área verde e de fato pública, funcionando como um parque, já que possui um grande potencial para tal, que atualmente não é explorado. Ela seria ligada com o Parque Vila Lobos, formando um único parque nas bordas do Rio Pinheiros, com ligação direta através de pontes ou


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passarelas. Por último, foi criado um grande parque linear às margens do rio que se estende por todo o perímetro do bairro Jaguaré, se fazendo necessário o rebaixamento da marginal. Esse ato traz mais vida às margens do rio e retoma de forma eficaz o contato e proximidade que antigamente as pessoas tinham com ele. Já no âmbito mais local, foi pensado uma arborização viária que pode ser classificada em duas: boulevard e alameda. O boulevard compreende as três principais avenidas do bairro: Av. Jaguaré, Av. Mackenzie e Av. Escola Politécnica, e por terem mais

fluxos de pessoas e modais foi decidido adensar a arborização com árvores maiores, proporcionando sombreamento necessário. Já as alamedas estão nas outras vias, que apesar de terem um fluxo menor de pessoas e modais, necessitam de uma arborização eficaz para sombrear os pedestres e tornar a via mais agradável paisagisticamente falando, portanto ela é composta por árvores menores e com copas grandes, criando um túnel arbóreo nas vias. Outra proposta que além de mudar a paisagem urbana do bairro, funciona como uma diretriz do parcelamento do solo, são as áreas verdes destinadas às hortas urbanas propostas nos miolos de algumas quadras do bairro, que possuíam grandes dimensões. Essas hortas seriam um incentivo para produção doméstica de legumes e verduras e a geração de uma microeconomia em volta disso, além de propiciar um local coletivo, onde todas pessoas poderiam utilizar e cuidar, gerando um senso de cidadania entre a população residente.


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ponto 4 | equipamentos Há falta de ofertas de leitos hospitalares SUS no distrito, com uma relação de unidades básicas de saúde com índice inferior ao necessário para a região. O Jaguaré possui apenas uma UBS que não é suficiente para atender tanta demanda, portando foi proposto próximo a Av Jaguaré, com fácil acesso, um centro hospitalar de pequeno porte com especialidades básicas. Através de dados foi constatado que mais de 80% da população que reside na subprefeitura da Lapa mora a 1km de uma unidade de esporte e lazer, portanto foram propostos mais equipamentos como

um centro esportivo, próximo à comunidade, pontos de lazer em áreas livres na favela, como cineteatro, casa do livro e parquinhos para as crianças. Em escala maior, um parque linear ao longo do Rio Pinheiros e áreas verdes e de lazer próximas ao eixo do tram. O distrito de Jaguaré possui o segundo maior índice de ocupação por favelas do subdistrito, com 35% dos domicílios em favelas, portando muitas famílias se encontram em situações de risco. Para isso, essas pessoas seriam realocadas para conjuntos habitacionais com porcentagens para


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ZEIS, localizados nas quadras que hoje possuem galpões abandonados, próximo a Av. Jaguaré. Para essas famílias que sofrerão com as remoções, foi proposto um projeto de abrigo transitório para que elas tenham um lugar até serem direcionadas à alguma moradia regularizada e adequada. Nas áreas de risco, para evitar que sejam reocupadas propusemos um uso adequado, com um centro comunitário composto por três edifícios: centro de atendimento ao cidadão, um centro de atendimento ao idoso e o centro de esportes, localizado na encosta da favela.

Há na área um alto índice de ocorrências de alagamento na base do morro, e para tentar conter o alagamento foi realizada uma barragem com jardins filtrantes no eixo do tram, localizado no entorno da comunidade. Além desses projetos necessários, foram propostos mais projetos para dar suporte à essa população, como um Centro da Diversidade LGBT que fica a noroeste do nosso recorte, próximo à margem do Rio Pinheiros. é prevista também uma escola técnica ambiental, localizado no edifício da antiga Cooperativa Agrícola de Cotia. O projeto busca revitalizar e preservar o antigo edifício com importância histórica para o bairro e disponibilizar cursos profissionalizantes para a população, pois há pouca oferta de vagas como essas que atendam estudantes mais jovens. Outro problema que com uma solução proposta é alto índice de drogas e de homicídios na região. É realizado um centro de reabilitação para dependentes químicos que atenda a população de Jaguaré, já que as clínicas mais próximas estão localizadas em Osasco ou no bairro da Lapa. Por último, foi proposto também o projeto de uma cooperativa de lixo reciclável por conta da grande quantidade de lixo produzido, da distância em que o lixo é levado atualmente e para colaborar com a oferta de empregos.


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Após o levantamento das carências de alguns equipamentos que melhorariam a qualidade de vida dos moradores, principalmente na favela Vila Nova Jaguaré, observamos a necessidade de remoções por três motivos. Devido a existência algumas residências com risco de deslizamentos, movimentação de terra e em caminhos de forte fluxo de água as áreas de risco são um dos pontos que justificam as remoções. A alta declividade é um fator crítico na favela, atualmente para vencer tal altura são utilizadas escadas. Estas, não dispostas e conectadas entre

si acarretaama necessidade de um maior tempo para vencer o desnível. Para isso foi proposto, por exemplo, o funicular, para facilitar e organizar um eixo de mobilidade. Desse modo, houve a necessidade de retirar algumas habitações e, por essa razão, a mobilidade é um fator para remoções. Por fim, retiramos algumas residências para criar espaços livres públicos e equipamentos dentro da favela. Estes, devido a alta densidade, se fazem necessários tanto com infraestrutura quanto agradabilidade urbana.


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ponto 5 | zoneamento O zoneamento proposto foi dividido em cinco zonas gerais. O intuito foi transformar a paisagem da área, deixando sua característica industrial para trás e transformando a situação com um olhar mais voltado para o pedestre que percorre as ruas. ZONA 1 – Zona que faz margem com o morro, a intenção é de dar características a essa área que sejam semelhantes às da favela, porém com qualidade urbana. Foi proposto um recuo frontal de três metros para que as habitações não sejam feitas ao fundo do lote e tenha certa similaridade com o traçado da favela, onde as casas estão à margem do lote, diretamente ligada à rua. Ao fundo foi estabelecido um recuo de também três metros para que não ocorra um aglomerado das residências e se crie um respiro entre as mesmas. Um dos recuos laterais deve ter no mínimo dois metros e meio, pelo mesmo motivo dos respiros.

ZONA 2 – Zona de verticalização onde está localizado o eixo de mobilidade. Inicia-se na Av. Jaguaré onde seu gabarito é mais alto (podendo chegar até 16 pavimentos) por se tratar de uma via onde há uma convergência de todos os modais de transporte. O recuo frontal proposto é de no máximo seis metros e mínimo de quatro metros, laterais com no mínimo de quatro metros, exceto quando se tem comércio ou serviços no térreo, no qual o térreo e o primeiro pavimento não necessitam destes recursos. A intenção é de adensar esta área que margeia a avenida, para que ela seja mais utilizada, tanto como passagem quanto para uso de comércio e serviços, levando em consideração de que se trata de uma via onde passam todas a linhas de ônibus municipais e intermunicipais da região.


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ZONA 3 – Zona que margeia o parque da USP e tem como principal via a Av. Escola Politécnica, os recuos continuam o mesmo da ZONA 2, assim como o térreo de comércio e serviço. O diferencial é o gabarito, que passa de 16 para 9 pavimentos, visto que se localiza a frente da USP, que foi adotada como parque, para não obstruir totalmente a visão do bairro, porém dando maior importância a via Politécnica, agora com seu córrego destamponado.

ZONA 4 - Zona que abrange todas as demais quadras que não se encaixam nas outras zonas e possui todos os recuos mínimos de 4 metros, com gabarito que pode chegar no máximo a 6 pavimentos. Em geral, essas outras áreas estão localizadas mais no meio do bairro e apesar de haver vias distintas que vão desde locais até principais, a ideia é o adensamento de toda a área.


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ZONA de indústria criativa – Zona que tem como propósito retomar o histórico da área onde havia a empresa Globo de Produções além de trazer ofertas de trabalho para a área, visto que o CEAGESP, localizado do outro lado da margem do rio Pinheiros, será transferido para outro local diminuindo a demanda de mão de obra. Esta zona está localizada em frente ao parque que margeia o rio Pinheiros e próximo às entradas para o bairro, para ter uma maior facilidade de locomoção, além de possuir uma estação de VLT em suas duas extremidades e uma ponte que faz a ligação entre as duas margens, facilitando seu acesso.



projeto | implantação

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Imagem com a Marginal Pinheiros enterrada.

Requalificação da Av.José Maria da Silva.

Av. José Maria da Silva, ao fundo o rio Pinheiros.


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Eixo de percurso do tram.

Av. Politécnica requalificada, com seu córrego destamponado.

Jardim produtivo interno às quadras.


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Corte de via interna da favela.

Corte esquemĂĄtico da Av. JosĂŠ Maria da Silva.

Corte longitudinal ao longo


o do percurso do funicular.

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Corte esquemĂĄtico da Av. JosĂŠ Maria da Silva.


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Corte de um dos elevadores propostos.

Corte longitudinal mostrando a relação entre o


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Proposta para ponte-parque, ligando o Jaguaré ao CEAGESP.

morro do Jaguaré e as várzeas do rio Pinheiros


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considerações finais Como conclusão deste trabalho final de graduação, tomamos como lição o valor da arquitetura enquanto ação transformadora do espaço e, por consequência, do arquiteto como agente dessa transformação. O plano e os projetos apresentados no conjunto destes presentes memoriais têm o cuidado em ler o território de forma precisa e humana, se atentando principalmente aos moradores da Vila Nova Jaguaré. Tal atenção e carinho, desenvolvidos ao longo deste ano de intensa dedicação, nos mostrou um segundo valor, o de perseverar nos nossos objetivos, perseverar para que o mundo possa ser construído por todos, em sua melhor versão de mundo. Toda essa trajetória acadêmica trouxe-nos até este momento, nos fazendo firmes no desenho e no traço, nos mantendo esperançosos, sonhadores e comprometidos com a arquitetura e a construção de um habitat mais bonito e justo e neste processo o Jaguaré, sem dúvida, só contribuiu.


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bibliografia Sites: http://www.scielo.br/pdf/esa/2016nahead/18094457-esa-46-02-S1413_41522016152649.pdf http://www.administradores.com.br/ artigos/cotidiano/rio-pinheiros-historia-edegradacao/90775/ http://www.encontrapinheiros.com.br/pinheiros/ rio-pinheiros/ http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default. aspx?secaoId=132 http://www.loga.com.br/content. asp?CP=LG&PG=LG_E01 https://www.aeseletropaulo.com.br/sobre-aaes-eletropaulo/quem-somos/conteudo/aeseletorpaulo> http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/index. php?cat=11&titulo=Infra-Estrutura http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/acidade-de-sao-paulo http://xvienanpur.com.br/ anais/?wpfb_dl=621 http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=23.532238&lon=-46.746676&z=16&m=b http://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/cultura/conpresp/ noticias/?p=6281http://geosampa.prefeitura.sp.gov. br/PaginasPublicas/_SBC.aspx http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_ demografico/1960.php

http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ PaginasPublicas/_SBC.aspx http://projetosviarios.com.br/sao-paulo http://www.metropolefluvial.fau.usp.br/ http://www.advocaciabolonhin.com.br/ pdf/Contrata%C3%A7%C3%A3o%20de%20 Dragagem.pdf http://www.vitruvius.com.br/jornal/news/ read/938 Livros: VILLAÇA, Flávio. “Espaço Intra-urbano no Brasil”. 1 ed. São Paulo, SP Brasil. Studio Nobel, 1998 FRANÇA, Elisabete, COSTA, Keila Prado. “O Urbanismo nas Preexistências Territoriais e o Compartilhamento de Ideias”. Série Novos Bairros de São Paulo.1 ed. São Paulo, SP Brasil, Sehab, 2012. Monografias: FREIRE, Luis Mauro. “Encosta e favelas: Deficiências, conflitos e potencialidades no espaço urbano da favela Nova Jaguaré”. Dissertação de Mestrado. Paisagem e Ambiente Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP, 2006 FIGUEIREDO, Maria João Cavalcanti. “Córregos ocultos: redescobrindo a cidade”. Orientador: Vladimir Bartalinis. Trabalho final de Graduação. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP. 2009


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Entidades: PREFEITURA DE SÃO PAULO - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano – SMDU. “Os Planos Regionais das Subprefeituras no Sistema de Planejamento Urbano” – Sehab, dezembro de 2016. PREFEITURA DE SÃO PAULO - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano – SMDU. “Caderno de propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras” Macrorregião: Centro-Oeste. Sehab, dezembro de 2016. PREFEITURA DE SÃO PAULO - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano – SMDU. “Plano Municipal de Habitação de São Paulo caderno para discussão pública” - Sehab, junho de 2016.



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