[ é o bicho! ]
De olho na serpente
Sobre a cor predominantemente parda são vistos desenhos em forma de losango ou V invertido. A Bothropoides jararaca tem cabeça triangular e atinge até 1,5 metro de comprimento
Jararaca é o nome comum da Bothropoides jararaca (Wied-Neuwied, 1824) — serpente peçonhenta que mais causa acidentes ofídicos no Brasil. Saiba como reconhecê-la para se safar de seu bote POR: JANAÍNA QUITÉRIO l FOTO: ALEC KRÜSE ZEINAD l ARTE: PAULA BIZACHO
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as 365 espécies de serpentes existentes no Brasil, 55 são venenosas. As 26 espécies de jararacas brasileiras distribuem-se em cinco gêneros: Bothrops, Bothropoides, Rhinocerophis, Bothropsis e Bothrocophias. A Bothropoides jararaca ou jararaca do Sudeste, junto com a Bothrops atrox ou jararaca da Amazônia, é uma das que causam mais acidentes no Brasil. Motivo? Trata-se de espécie com grande área de abrangência: a primeira tem ocorrência nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste e também habita o sul da Bahia e regiões adjacentes do Paraguai e Argentina, ou seja, com predominância do bioma da Mata Atlântica. Em lugares de floresta preservada ou onde há resquícios de mata fechada é fácil deparar-se com ela, sobretudo o pescador esportivo. Vive em ambientes preferencialmente úmidos, como beira de rios e córregos — espaços nos quais se proliferam os dois animais que compõem sua dieta, variável de acordo com o porte e a fase de desenvolvimento: ratos (seu cardápio alimentar quando adulta) ou rãs e pererecas (presas de nutrimento quando jovem). Além da alimentação, outro traço que distingue adultos de jovens é a ponta da cauda, que no filhote é branca.
Quando a presa se aproxima, a pequena jararaca mexe a cauda para imitar um “bigato” (larva de alguns insetos) e dá o bote. Isso é conhecido como “engodo caudal”. Uma das características para identificá-la é a fosseta loreal — orifício situado entre a narina e os olhos. Esse aparato sensorial exclusivo de algumas serpentes permite detectar variações de calor de até 0,003°C a uma distância de cinco metros! Assim, mesmo em noites escuras, as jararacas e demais membros da família Viperidae conseguem dar botes precisos em suas presas a partir da formação de uma “imagem de radiação infravermelha”. Diferentemente da coral-verdadeira ou da surucucu, os filhotes do grupo jararaca nascem vivos (viviparidade) e não há cuidado parental. Nomes populares na América do Sul: Jararaca, jararacaverdadeira, jararaca-do-Cerrado, Yarara, caissaca Classe: Reptilia Ordem: Squamata (mesma do lagarto) Família: Viperidae Soro: Antibotrópico *Fontes consultadas: entrevista com o mestre em zoologia Marcelo Ribeiro Duarte, do Laboratório de Herpetologia/Instituto Butantan
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