"Quando o rio Paraguai vira um festival"

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Espetáculos da pesca

Foto: Marcelo Pinheiro

»Por: Janaína Quitério janaina@revistapescabrasil.com.br

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De 20 a 28 de setembro, Cáceres - MT sediou o maior evento de pesca esportiva do mundo. Emoção, esportividade, preservação do peixe e integração cultural registraram a sua marca no evento que agora deixa um gostinho pantaneiro de quero mais campeonato”, conta-nos o guia de turismo regional Claudionor Duarte Corrêa. Preservar o peixe está inscrito no próprio regulamento da competição. Entretanto, o FIP também dá vida ao objetivo de estimular o potencial turístico — sobretudo o ecoturismo — de Cáceres em particular, e de Mato Grosso no geral. Além disso, pretende resgatar a história e a cultura regionais, promover a educação ambiental e a própria integração e lazer entre os amantes da pesca. São oito dias com diversificada programação esportiva e cultural, colocando o rio Paraguai — e toda a cultura e costumes provenientes dele — como atração principal.

Foto:Sargento Nilomar Marques da Cunha (Marinha)

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essas águas tão serenas, onde outrora navegara a chalana levando consigo um magoado amor, os rumores de mais de trezentos motores fazem a baía do rio Paraguai estremecer, e os corações de mais de mil pescadores vibrarem de expectativa e emoção. É quando a música-tema do Pantanal — na voz de Almir Sater — cede lugar à competição esportiva de pesca embarcada em pleno rio Paraguai. No último dia do 29º Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIP), realizado em Cáceres – MT, acontece a competição mais esperada — já demarcada no Guiness Book como o maior evento de pesca embarcada em água doce do mundo. São 277 equipes masculinas e 42 femininas — cujos participantes são amantes da pesca — inscritas no torneio em busca de fisgar o maior peixe, o máximo que puderem para chegarem ao topo da pontuação. O FIP nasceu de uma brincadeira entre pescadores do local e hoje foi emancipado à categoria de espetáculo internacional, figurando como exemplo de organização em prol da pesca esportiva e da conscientização ambiental. O slogan repetido na largada enfatizava: “Esta é a competição onde o pescador aprende que a emoção de soltar o peixe é muito maior que a emoção da fisgada”. Mas, dez anos antes, não era assim. “Não se tinha a conscientização do pesque e solte. Antes, os peixes fisgados eram recolhidos e doados para entidades. Com parte deles era feita uma grande peixada, oferecida aos participantes no final do

Barcos partem rio acima para início da Prova de Pesca Embarcada, no 29º FIP

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Espetáculos da pesca

Foto: Janaína Quitério

dois peixes capturados são computados 100 pontos. Outras espécies pontuadas são: jaú (acima de 40 cm), pintado, cachara — 70 pontos para cada centímetro; piraputanga, jurupensém, jurupoca — 50 pontos para cada centímetro; corvina, barbado, piavuçu e palmito — 30 pontos por centímetro. Todas as espécies válidas para pontuação, assim que fisgadas, são medidas por fiscais e devolvidas com vida ao rio. É a magia do pesque e solte. O peixe fisgado pelo pescadorcompetidor volta ao seu ambiente para se reproduzir em poucos meses.

Equipe 184 na concentração: “Os festivais são mais emocionantes”

Foto: Janaína Quitério

É muita emoção A equipe de número 184 está inscrita na prova de pesca embarcada motorizada com o nome de “Arroz Tio Dito”. Seus integrantes — Leonardo, Júnior e Alexandre — competem juntos há dez anos no FIP e conquistaram ano passado o segundo lugar no campeonato estadual, cuja final acontece no próprio FIP. O que faz pescadores participarem de competição? “Os festivais são mais emocionantes. Como amantes da pesca esportiva, voltamos todos os anos a Cáceres”, revelam os integrantes. Segundo o guia Claudionor Duarte Corrêa, 75% dos participantes ainda são da região de Cáceres e do estado de Mato Grosso. Muitos não costumam pescar o ano todo, mas vão ao festival em busca de adrenalina, do barco, da festa, da premiação e do inesperado do rio. Não é incomum ver pescadores levarem churrasqueira no barco e tocarem violão enquanto descansam da jornada. A prova de pesca esportiva embarcada tem duração de até oito horas. Para a pontuação, a comissão de arbitragem leva em conta a esportividade do peixe: “O dourado é considerado o rei do rio. Briga bastante, se debate, e não é qualquer pescador que consegue fisgá-lo e tirá-lo da água. Para cada peixe existe um grau de dificuldade, e isso deve ser valorizado”, explica o presidente da comissão de arbitragem, Claumir César Muniz. Nessa prova os peixes mais pontuados são pacu e dourado: para cada centímetro de um desses

Quando uma equipe fisga um peixe válido para a pontuação, os pescadores chamam os fiscais para medi-lo. Em seguida, o peixe volta às águas

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Foto: Janaína Quitério

Três quilômetros e meio de raia A emoção começa na largada: na primeira bateria, soltam-se os barcos com potências de motores acima de 60 Hp. Na segunda, é a vez dos motores de 30 a 60 Hp. Por fim, saem rumo ao rio as embarcações com potência de motores abaixo de 30 Hp. É uma explosão de fogos e de ansiedade que faz a temperatura da água subir. A raia é demarcada rio acima numa extensão de 3,5 quilômetros. A pesca é apoitada, não vale corrico. Os fiscais de pesca são todos voluntários. É a população de Cáceres vestindo a camisa do festival. São pessoas que pescam, que têm consciência ecológica, conhecem o rio e sabem manusear o peixe. Juntos com órgãos de segurança — PM, Exército e Marinha — a fiscalização (ecológica e esportiva) fica garantida. Durante todo o dia, os peixes do rio Paraguai saltam, brigam, escapam e engordam com as iscas perdidas até os barcos satisfeitos retornarem da brincadeira, deixando os peixes pantaneiros sãos e salvos.

Cada equipe posiciona-se na raia de 3,5 Km. São oito horas de duração

Foto: Sirlei Vieira

Foto: Marcelo Pinheiro

Pescadores recebem brinde da Revista Pesca Brasil enquanto pescam

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Premiação da Pesca Embarcada Motorizada Na prova masculina de pesca embarcada, a equipe vencedora foi a Carajás, que fisgou 17 peixes, somando 29.230 pontos. Pois foi a equipe Flor de Carajás que levou o 1º lugar na categoria feminina, com seis peixes fisgados e 10.640 pontos somados. Assim, a família Reis (que compôs as equipes feminina e masculina) levou para casa duas lanchas com motores 25 Hp. E mais: a equipe masculina também ganhou o 1º lugar do campeonato estadual, levando um carro 0Km como premiação. O maior peixe pontuado foi um dourado, de 70 centímetros, capturado por uma equipe feminina.

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Espetáculos da pesca Foto: Marcelo Pinheiro

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Foto: Antonio Carlos Brandão

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PESCA INFANTIL Imagina 1.800 crianças a postos ansiosas para a prova de pesca infantil começar: — Tia, tia, já começou?! São duas etapas de prova: a primeira, para crianças de 4 a 8 anos e, a segunda, de 9 a 12. Os pais ficam do lado de fora. A adrenalina é total: a criança corre, pula, enrosca a linha, enverga a vara e vai entrando na água do rio. É quando o fiscal grita: — Ei, número 80, volta para a beira! Cada peixe fisgado é levado ao fiscal, que o mede na régua especial e ajuda o mini-pescador a devolver o peixe ao rio. É o futuro do pesque e solte. No final da prova, todos ganham uma medalha de participação. Os maiores peixes fisgados são premiados.

PESCA ARTESANAL DE CANOA Na pesca artesanal de canoa, a descontração dá o clima da pescaria.

Foto: Antonio Carlos Brandão

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CORRIDA DE CAIAQUE E CANOA Para valorizar a cultura pantaneira e sua ligação com o rio, o 29º FIP organizou a corrida de caiaque e canoa, nas categorias feminina e masculina. A Revista Pesca Brasil distribuiu bonés como brindes aos competidores.

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