CONCEPÇÃO DO PROJETO URBANO A PARTIR DO SISTEMA BIM. por Jaqueline dos Santos Rocha
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
JAQUELINE DOS SANTOS ROCHA
CONCEPÇÃO DO PROJETO URBANO A PARTIR DO SISTEMA BIM
VITÓRIA JULHO DE 2019
JAQUELINE DOS SANTOS ROCHA
CONCEPÇÃO DO PROJETO URBANO A PARTIR DO SISTEMA BIM
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Departamento
Urbanismo
do
de
Centro
Arquitetura de
Artes
e da
Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadorª: Prof.ª Dr. ª Daniella do Amaral Mello Bonatto
VITÓRIA JULHO DE 2019
JAQUELINE DOS SANTOS ROCHA
CONCEPÇÃO DO PROJETO URBANO A PARTIR DO SISTEMA BIM Projeto de graduação apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. ATA DE AVALIAÇÃO DA COMISSÃO EXAMINADORA __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ COMISSÃO EXAMINADORA _________________________________________ Profª. Drª. Daniella Amaral Mello Bonatto Universidade Federal do Espírito Santo Orientadora _________________________________________ Prof. Drº. Jarryer Andrade de Martino Universidade Federal do Espírito Santo Membro Convidado _________________________________________ Hugo Tavares Arquiteto e Urbanista Membro Externo Aprovado em: ___/___/___ Nota final: _____
AGRADECIMENTOS A Deus, a quem devo todas as minhas conquistas e à Maria por toda a intercessão. Á Alessandra, Maria José e Joselito, pelo total incentivo sobre aquilo que decidi ser. Vocês foram meu conforto nos momentos mais difíceis até aqui. Á minha família que reside em outro estado, pela preocupação e carisma em cada encontro. Aos meus verdadeiros amigos de vida, pelo companheirismo e paciência ao longo de todos esses anos, assim como a meus amigos acadêmicos, principalmente ao Lucas, com quem pude dividir e adquirir conhecimento. Á Daniella, por ser uma orientadora incrível e por acreditar no potencial que este trabalho apresenta. Você é um exemplo de profissional a ser seguido. Por fim, aos meus amigos da Archipolis Júnior, Empresa Júnior que pude contribuir para seu crescimento e que me retribuiu com muito conhecimento para despertar em mim a inquietação da busca pelo novo, que culminou no início deste projeto.
“Quando acreditarmos apaixonadamente em algo que ainda não existe, nós o criamos. O inexistente é o que não desejamos suficientemente”.
– Franz Kafka.
RESUMO Com a crescente busca por atualizações no ramo da construção civil, a procura por softwares que proporcionem economia de tempo na execução de projetos e qualidade gráfica no produto final, fez com que novas tecnologias para desenvolvimento
de
projetos
surgissem.
Novos
softwares
são
lançados
constantemente, ganhando destaque entre os estudantes e arquitetos assim como espaço e reconhecimento no mercado. Embora exista essa diversidade, grande parte dos programas computacionais são voltados para as áreas de arquitetura e arquitetura de interiores, deixando a desejar quando o assunto é urbanismo e paisagismo, mesmo que o grau de importância destas áreas de atuação seja o mesmo na formação acadêmica do profissional arquiteto urbanista. Tendo como partida essa necessidade, este trabalho buscou selecionar e analisar alguns softwares de tecnologia BIM, conhecidos ou não no ramo da arquitetura, a fim de adaptar seu uso para o urbanismo. Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema, expondo os conceitos de BIM e a normatização da tecnologia no Brasil. Também foi realizada uma abordagem com alunos, professores do curso de arquitetura e urbanismo da UFES e profissionais externos acerca do conhecimento sobre essa tecnologia. Posteriormente é apresentado um estudo de caso em que a modelagem em contexto foi utilizada. Esses procedimentos resultaram na seleção de dois softwares diferentes, compatíveis, para a realização das aplicações desta pesquisa: o Infraworks, cujo o desenvolvedor é a Autodesk e que possui tecnologia BIM; e o Revit, de mesmo desenvolvedor e tecnologia. O resultado foi obtido através da aplicação em um recorte do centro de Vitória – E.S., que abrange a região da Área Portuária e outra na região do Parque Estadual da Fonte Grande, pertencente a mesma localização. As duas regiões possuem características físicas totalmente opostas, o que contribui para exemplificar e comprovar que a compatibilidade existente entre esses dois softwares é capaz de gerar uma nova forma de concepção projetual, independente das características que o terreno apresenta. Consiste em conceber projeto urbano a partir da modelagem em contexto, de onde o projeto nasce da análise dedicada em três dimensões. Palavras-Chaves: Interoperabilidade.
BIM;
Software;
Concepção
Projetual;
Projeto
Urbano;
LISTA DE SIGLAS 3D: Três dimensões 2D: Duas dimensões AEC: Arquitetura, Engenharia e Construção BIM: Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção) CAD: Computer Aided Design (Desenho auxiliado por computador) CEA: Centro de Educação Ambiental CIM: City Information Modeling (Modelagem da Informação da Cidade) DAU: Departamento de Arquitetura e Urbanismo ES: Espírito Santo FAFI: Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música IAI: Aliança Internacional para Interoperabilidade IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEMA: Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos EDU: Empresa Desarrollo Urbano IFC: Industry Foundation Class (Classe de Fundação da Indústria) PDU: Plano Diretor Urbano PMV: Prefeitura Municipal de Vitória SIG: Sistemas de Informação Geográfica ou GIS: Geographic Information System UFES: Universidade Federal do Espírito Santo VLT: Veículo leve sobre trilhos.
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fluxograma com roteiro metodológico da pesquisa. ..............................................19 Figura 2 - Localização Município de Vitória - E.S. .......................................................................20 Figura 3 - Área Portuária de Vitória - E.S. ....................................................................................20 Figura 4 – Contraste Parque Fonte Grande e Município de Vitória - E.S. ...............................30 Figura 5 - Sede Administrativa e Centro de Educação Ambiental do Parque Fonte Grande. .........................................................................................................................................................32 Figura 6 - Acesso Principal ao Parque da Fonte Grande. Chegada por meio da Rod. Serafim Derenzi. ...........................................................................................................................................33 Figura 7 - Estrutura de contemplação existente. Mirante da Fonte Grande. .........................33 Figura 8 - Diagrama fontes de informação que podem compor um modelo BIM. ..............39 Figura 9 - Benefícios da implantação do BIM em obras e sistemas de Infraestrutura. ........42 Figura 10 - Imagem aérea de georreferenciamento bairro Jardim da Penha - Vitória /ES, realizada na ferramenta. ...............................................................................................................60 Figura 11 - Imagem aérea de mapeamento do bairro Jardim da Penha - Vitória /ES ...........60 Figura 12 – Interface Infraworks. ..................................................................................................62 Figura 13 - Perspectiva da Baia de Vitória/ES – Modelo 3D Infraworks ...................................63 Figura 14 - Interface Archicad. .....................................................................................................67 Figura 15 - InterCity Sørli-Brumunddal: Perspectiva..................................................................70 Figura 16 - InterCity Sørli-Brumunddal: Análises. ......................................................................71 Figura 17 - Vista área parcial InterCity. ........................................................................................71 Figura 18 - Página Inicial Infraworks. ...........................................................................................75 Figura 19 - Gerar modelo. ..............................................................................................................76 Figura 20 - Busca por localidade. ................................................................................................77 Figura 21 - Tipos de visualização...................................................................................................77 Figura 22 - Modo de visualização aéreo. .....................................................................................78 Figura 23 - Buscando uma região por nome..............................................................................78
Figura 24 - Área limite de exportação no Infraworks. ...............................................................79 Figura 25 - Criando a geometria da área de exportação...........................................................79 Figura 26 - Criando o modelo no Infraworks. .............................................................................80 Figura 27 - Identificação do modelo no Infraworks. ..................................................................80 Figura 28 - Abrindo o modelo. .....................................................................................................81 Figura 29 - Atalhos do mouse para uso no Infraworks. .............................................................81 Figura 30 - Trecho de Medellin no Infraworks. ...........................................................................83 Figura 31 - Interface inicial do Revit. ............................................................................................85 Figura 32 - Inserção de um edifício anexo para a realização das atividades do Centro de Educação Ambiental do Parque Fonte Grande. ........................................................................85 Figura 33 - Instalação de Pórtico e Guarita nos principais acessos do Parque. .....................86 Figura 34 - Inserção de um novo Mirante da Fonte Grande. ...................................................86 Figura 35 - Área de intervenção final: porto de vitória...............................................................87 Figura 36 - Adicionando uma imagem raster. ...........................................................................88 Figura 37 - Configuração de dado importado. ...........................................................................90 Figura 38 - Camadas de visualização. .........................................................................................92 Figura 39 - Antes e depois da inserção da Ortofoto. .................................................................92 Figura 40 - Vista aérea Ginásio Esportivo Tancredo de Almeida Neves e acesso à Segunda Ponte. ..............................................................................................................................................93 Figura 41 - Vista aérea Carretéis do Porto de Vitória. ................................................................93 Figura 42 - Configurando pontos para representação em 3D. ................................................94 Figura 43 - Situação parcial de aprimoramento do modelo: árvores em 3D..........................94 Figura 44 - Aprimorando a topografia. .......................................................................................95 Figura 45 - Áreas alagáveis. ..........................................................................................................97 Figura 46 - Mapa teste. .................................................................................................................98 Figura 47 - Editando vias. .............................................................................................................99 Figura 48 - Alteração da via: janela de edição. .........................................................................100
Figura 49 - Avenida Jeronimo Monteiro - Proposta em 3D. ...................................................101 Figura 50 - Pré visualização do modelo 3D...............................................................................102 Figura 51 - Deck - Baia de Vitória. ..............................................................................................102 Figura 52 - Av. Mal. Mascarenhas de Morais. ............................................................................103 Figura 53 - Av. Jeronimo Monteiro. ............................................................................................103 Figura 54 - Av. Jeronimo monteiro vista aérea.........................................................................103 Figura 55 - Aquaviário. ................................................................................................................104 Figura 56 - Vista da Baia de Vitoria. ...........................................................................................104 Figura 57 - Recorte área de intervenção. ..................................................................................104 Figura 58 – Análise de Altimetria Parque Fonte Grande. .......................................................105 Figura 59 - Análise de Declividade Parque Fonte Grande. .....................................................105 Figura 60 - Intervenções Parque Fonte Grande: Área Administrativa. .................................107 Figura 61 - Intervenções Parque Fonte Grande: CEA e Sede. .................................................108 Figura 62 - Intervenções Parque Fonte Grande: Mirante........................................................108 Figura 63 - Intervenções Parque Fonte Grande: Pórtico de entrada e guarita. ...................109 Figura 64 - Modelo Infraworks exportado para Revit. .............................................................110 Figura 65 - Modelo Infraworks importado para Revit: aproximação. ....................................111
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Software utilizado para conceber projeto de Arquitetura e Interiores. .................46 Gráfico 2 - Software utilizado para conceber projeto de Urbanismo e Paisagismo. .............47 Gráfico 3 – Forma de aprendizagem dessas ferramentas. .......................................................48 Gráfico 4 – Atribuição de nota para otimização de tempo ao utilizar ferramenta BIM. ........48 Gráfico 5 - Nota para Qualidade Gráfica do produto ao utilizar ferramenta BIM. ..................49 Gráfico 6 - Quantidade de Softwares que utiliza para desenvolver um projeto. ...................50 Gráfico 7 – Relação quantidade de pessoas versus ano de conclusão de curso. ...................55 Gráfico 8 - Softwares aprendidos durante a graduação. ..........................................................56 Gráfico 9 - Área de atuação do escritório em que trabalha. .....................................................56 Gráfico 10 - Eficiência do software para atender à necessidade projetual. .............................56 Gráfico 11 - Porcentagem de softwares considerados possuir uma interface mais didática. .........................................................................................................................................................66
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Problemas e potencialidades: mobilidade urbana. ..................................................21 Tabela 2 - Problemas e potencialidades: patrimônio material e imaterial. ............................23 Tabela 3 - Problemas e potencialidades: tipologia / morfologia urbana. ................................24 Tabela 4 - Problemas e potencialidades: uso e ocupação do solo. ..........................................25 Tabela 5 - Problemas e potencialidades: sistemas e espaços livres. ........................................26 Tabela 6 - Problemas e potencialidades: cidade natureza. ......................................................27 Tabela 7 - Problemas e potencialidades: Parque Fonte Grande. .............................................31 Tabela 8 - Grade de perguntas realizadas aos alunos no questionário. ..................................45 Tabela 9 - Grade de perguntas realizadas aos professores na entrevista. ..............................53 Tabela 10 - Softwares e Área de Aplicação ..................................................................................65 Tabela 11 – Tabela Síntese .............................................................................................................65
SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................... 12
OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 14 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 14 OBJETIVOS ESPECIFICOS ............................................................................................... 14 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 15 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................... 16
1.
METODOLOGIA ..................................................................................................... 17
1.1.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 17
1.2.
ÁREA PORTUÁRIA DE VITÓRIA............................................................................ 19
1.3.
O PARQUE DA FONTE GRANDE.......................................................................... 29
2.
PRIMEIRAS ABORDAGENS SOBRE O TEMA .................................................... 34
2.1.
BIM........................................................................................................................... 34
2.1.1 Conceitos Gerais ........................................................................................................ 35 2.1.2 Normatização da Tecnologia BIM no Brasil .......................................................... 36 2.1.3 Interoperabilidade .................................................................................................... 38 2.1.4 Vantagens e Limitações do uso do BIM no Urbanismo ..................................... 40 2.2.
A UTILIZAÇÃO DE PROGRAMAS COMPUTACIONAIS NO ÂMBITO DA
ARQUITETURA E URBANISMO ....................................................................................... 44 2.2.1 A utilização de programas computacionais no âmbito da Arquitetura e Urbanismo......................................................................................................................... 44 2.2.2 Levantamento junto a profissionais de escritórios ............................................. 55 2.3.
PANORAMA GERAL DOS SOFTWARES DE TECNOLOGIA BIM....................... 57
2.3.1. Importância de uma Interface de Software com Qualidade ............................. 66 2.4.
ESTUDO DE PRECEDENTES: SORLI-BRUMUDDAL .......................................... 67
3.
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO DO BIM NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO
URBANO ............................................................................................................................ 72 3.1.
OS SOFTWARES ESCOLHIDOS ............................................................................ 72
3.1.1. Interoperabilidade: Infraworks + Revit................................................................... 74 3.1.2. Conhecendo as ferramentas .................................................................................. 75 3.2.
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO DE BIM NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO
URBANO NA ÁREA PORTUÁRIA DE VITÓRIA-ES......................................................... 87 3.2.1 Aprimoramento do modelo .................................................................................... 88 3.2.2 Análise e concepção urbana: resultados .............................................................. 97 3.3.
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO DE BIM NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO
URBANO NO PARQUE DA FONTE GRANDE, VITÓRIA-ES ........................................ 105 3.4.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS EXERCÍCIOS ..................................................... 109
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 114
ANEXOS OU APÊNDICES ............................................................................................. 117 APÊNDICE A.................................................................................................................... 117 APÊNDICE B.................................................................................................................... 121 APÊNDICE C.................................................................................................................... 126
INTRODUÇÃO
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
12
INTRODUÇÃO A busca e utilização de softwares, ou seja, programas computacionais que permitem ao usuário a execução de uma série de tarefas específicas, surge como ferramenta auxiliadora nos procedimentos de análise e concepção de projetos assim como na compreensão e desenvolvimento dos mesmos. Através dessas ferramentas é possível obter uma economia de tempo no desenvolvimento do projeto, criar uma correlação entre as especificações da arquitetura e urbanismo, como por exemplo, a integração do edifício e o meio no qual está inserido, apresentar melhor qualidade de representação visual que se aproxima da realidade, e gerar economia financeira através de previsões e/ou simulação projetual. Programas pertencentes à plataforma BIM (Building Information Modeling), Modelagem na Informação da Construção, em português, são o novo conceito de softwares voltados para a concepção e desenvolvimento de projetos. O que difere essa tecnologia da plataforma de programas computacionais tradicionais é que, enquanto esses softwares realizam apenas uma representação em 2D do que será construído, a modelagem com o conceito BIM trabalha com modelos 3D repletos de parâmetros e informações aprofundadas sobre cada detalhe a ser construído, resultando em uma representação mais fiel do produto final. Segundo o National BIM Standard-United States, a Modelagem da Informação da Construção pode ser definida como “uma fonte de conhecimentos compartilhados para a geração de informações sobre um empreendimento” e também destaca a colaboração dos participantes como um dos principais motores da prática. Com a adição das informações que o BIM proporciona, cada objeto modelado passa a aceitar parâmetros e informação que agregam ao trabalho de profissionais de diferentes áreas podendo proporcionar uma integração entre arquitetos, urbanistas, paisagistas e engenheiros trabalhando simultaneamente em um projeto. Além das vantagens descritas anteriormente, outros benefícios da utilização dessas ferramentas podem ser destacados, como por exemplo, análises e previsões, que permitem avaliações pertinentes ao uso do espaço projetado ainda em fase de estudo preliminar. Outro resultado de destaque é a qualidade gráfica do produto
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
13
final que se mantem fiel a dimensões, materiais e formas projetadas. Essas são as características exploradas neste estudo. Embora exista uma diversidade de programas com diferentes desenvolvedores no campo da Arquitetura e Urbanismo, muitas vezes o conhecimento e a utilização desses softwares ficam limitados apenas a disciplinas de arquitetura propriamente dita, sendo deixado em segundo plano quando o assunto é urbanismo. Por este motivo, o trabalho em questão visa contribuir no conhecimento dessa tecnologia e mostrar como ela pode ser aplicada na área do urbanismo. Para isso além das revisões bibliográficas, foi realizado uma pesquisa a respeito do conhecimento dessa tecnologia e também foram realizados dois exercícios de aplicação: um na Área Portuária de Vitória e outro no Parque Fonte Grande, onde nos quais foi possível observar o uso da tecnologia BIM na concepção, integração e resultados em projetos urbanos.
OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
14
OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA A seguir, são apresentados os objetivos e justificativa para a realização desse trabalho. OBJETIVO GERAL Este trabalho visa analisar alguns softwares de tecnologia BIM e selecioná-los a fim de explorá-los para realizar uma aplicação projetual em duas regiões distintas, em Vitória - E.S. O objetivo geral é avaliar o uso dessa tecnologia, através de aplicação prática, na concepção do projeto urbano.
OBJETIVOS ESPECIFICOS Junto com o objetivo geral, surgem objetivos específicos e estão descritos abaixo.
Apresentar os conceitos e aplicações da metodologia BIM num panorama geral;
Identificar os principais softwares utilizados por estudantes e profissionais
arquitetos-urbanistas
para
conceber
projetos
de
arquitetura, urbanismo e paisagismo no decorrer de sua formação até sua atuação profissional;
Promover a percepção de alunos e professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFES, em relação ao uso do BIM no curso;
Alertar sobre a possível necessidade de implementação de disciplinas dedicadas ao aprimoramento de ferramentas de tecnologia BIM na grade curricular de universidades para que possam auxiliar os alunos no contato com essas novas tecnologias, que atenda às novas exigências do mercado de trabalho;
Divulgar a existência de diferentes softwares, além dos usuais, capazes de atender a necessidades projetuais e para que assim, novas pesquisas como esta possam ser desenvolvidas com enfoque no urbanismo; e
Avaliar as vantagens e limitações desta tecnologia para a otimização de processos na concepção de projetos urbano;
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
15
JUSTIFICATIVA Durante a graduação, foi possível observar a carência de disciplinas focadas no uso e aplicação de tecnologias BIM, seja por falta de investimentos da universidade, capacitação dos membros do corpo docente ou conhecimento dos programas em função da grande diversidade de softwares. Com a possibilidade de integração entre os setores de projeto, execução, orçamento, planejamento e controle de obras, o BIM aponta para o futuro de todas as áreas da engenharia e arquitetura. Todavia, vale ressaltar que no Brasil não é muito comum o uso da metodologia BIM para o estudo e desenvolvimento de projetos de urbanismo. Segundo LYRIO et al., (2009) o BIM no Brasil se enquadra como um universo de informações de grande potencial ainda muito restrito, principalmente aos arquitetos urbanistas. Isto dificulta um dos principais objetivos do conceito BIM, que é promover a integração entre diferentes áreas. A resistência na utilização de tal inovação muitas vezes está ligada ao custo da aquisição de novas ferramentas e também a incompatibilidade com as ferramentas utilizadas em cada disciplina. Entretanto, segundo Raduns e Pravia, o cenário atual aponta para um crescimento do uso dessa metodologia no setor para os próximos anos (Raduns e Pravia, 2013). Segundo Salgado, Pomp e Ribeiro (2014), para verificar o quão o BIM é conhecido no Brasil, e como ele vem sendo divulgado, torna-se necessário pesquisar como o conceito de BIM é transmitido no meio acadêmico. Durante o ciclo acadêmico, os alunos fazem contato direto e indireto com diversos professores, mestres e doutores que possuem conhecimento de diversos softwares e conceitos externos ao Brasil. Sendo assim, uma das formas possíveis do BIM ser mais conhecido no território nacional é através deste contato nas faculdades e universidades. Uma prova dessa aproximação acadêmica, é a quantidade superior de periódicos a respeito desta tecnologia em relação à existência de livros publicados sobre o tema. Em função desta necessidade, este trabalho traz um levantamento com alunos, professores e profissionais atuantes em empresas privadas para compreender de fato qual o grande empecilho para a utilização dessas tecnologias na área da Arquitetura e Urbanismo. Posteriormente é desenvolvido um estudo de caso para reforçar a possibilidade da utilização da metodologia BIM na concepção do projeto urbano, visto que o acesso a essa tecnologia se fecha ainda mais quando trabalhada em grandes escalas.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
16
ESTRUTURA DO TRABALHO Primeiramente foi realizada uma introdução dos conceitos a serem abordados. Também foram descritos os objetivos gerais e específicos contidos neste trabalho e a justificativa para a elaboração do mesmo. Para o desenvolvimento desta pesquisa, este trabalho está divido em três capítulos. No primeiro capítulo é exposta a metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho sendo apresentados primeiramente os procedimentos metodológicos quanto à utilização dos softwares e posteriormente com uma descrição textual abordando um diagnóstico metodológico das áreas de intervenção para dar base à concepção urbanística. No segundo capítulo, são realizadas as primeiras abordagens sobre o tema contendo a revisão bibliográfica realizada sobre BIM e o levantamento junto a alunos, professores e profissionais a respeito do uso dessa tecnologia no âmbito acadêmico. Posteriormente, é feita uma análise geral sobre softwares, sendo apresentado quais serão utilizados nessa aplicação. Ao final deste capítulo apresenta-se um estudo de precedente que influenciou o estudo a ser desenvolvido neste trabalho. No terceiro capítulo, são realizadas as aplicações práticas do uso do BIM para concepção de projeto urbano. Primeiramente, é feita uma relação das ferramentas utilizadas e como elas se correlacionam. Depois, é apresentado um breve passo a passo para uso dessas ferramentas. São apresentados dois exercícios de aplicação com escalas e tipologias diferentes, - o primeiro, um estudo já realizado anteriormente pela autora na área portuária de Vitoria, sendo refeito a partir da metodologia elaborada nesta pesquisa, e o segundo, uma intervenção no Parque Fonte Grande, caracterizado por sua topografia acentuada e pela relação cidade natureza. Por fim, são apresentadas as conclusões sobre o uso da modelagem de informação da construção nesses exercícios e se de fato possui relevância nas fases de análise e concepção de um projeto urbano. Após, são apresentadas as considerações finais sobre o desenvolvimento deste trabalho e por fim, referências bibliográficas e apêndices são apresentados.
1
metodologia
Concepção do Projeto Urbano
17
a partir do sistema BIM
1. METODOLOGIA Os procedimentos adotados para a elaboração deste trabalho são apresentados abaixo sendo seguidos da apresentação das áreas escolhidas para a aplicação desta metodologia.
1.1.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O desenvolvimento desse trabalho se deu primeiramente por meio de uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos gerais do BIM, sua normatização no Brasil, a interoperabilidade e suas vantagens e limitações. O referencial bibliográfico desta pesquisa baseia-se através de periódicos acadêmicos, vídeos técnicos, monografias de graduação e dissertações de mestrado. Além disso, foram levadas em consideração
publicações
realizadas
pelos
próprios
desenvolvedores
dos
programas, conclusões tiradas por alguns poucos autores que há anos vem percebendo essa necessidade e também análises pessoais. Com base na problemática levantada, que aborda a necessidade de uso e ensino dessas ferramentas ainda na Universidade, foi necessário realizar um levantamento a respeito do conhecimento e uso de softwares BIM entre alunos, através da aplicação de questionário online, contendo perguntas objetivas e discursivas; entre professores, por meio de entrevista, também contendo perguntas objetivas, sendo discursivas em sua maioria; e visando avaliar os impactos na formação acadêmica do profissional, também foi realizada a aplicação de questionário online para profissionais externos, através de perguntas objetivas. Após o levantamento desses dados, foi realizada uma análise comparativa entre as ferramentas Autocad, Autocad Civil 3D, Infraworks, Revit e Archicad. Todas provenientes de tecnologia BIM, exceto o Autocad, que teve sua descrição mantida para fim de confrontação, por ser a ferramenta mais utilizada para conceber projeto urbano entre os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo, como apresentou o Gráfico 2 (página 47). Avaliando os usos e possibilidades desses softwares, foi feita a seleção de duas ferramentas BIM a serem utilizadas nesta aplicação: os softwares Infraworks e Revit, ambos pertencentes ao mesmo desenvolvedor, a Autodesk. Também foi realizado um estudo de precedentes com o objetivo de demonstrar o uso da metodologia BIM na concepção de projeto urbano. Para objeto de análise, foram escolhidas a região Portuária de Vitória, por ter sido anteriormente estudada
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
18
pela autora na disciplina de Urbanismo II, onde a metodologia utilizada consistiu na utilização de ferramentas tradicionais para a concepção projetual e o Parque Estadual da Fonte Grande, cujo a escolha se fez a partir da dificuldade de criação de propostas urbanísticas em áreas de topografia acidentada, como parques naturais. Um dos pilares que compõem a estruturação dos ensinamentos da disciplina, são os sistemas de espaços livres e a relação entre cidade natureza, relação existente em todas as cidades brasileiras, em melhor ou pior interação. Em grande parte dos casos, elevações naturais não recebem o mesmo tratamento no mapeamento das bases dwg disponibilizadas pelas prefeituras e órgãos institucionais, dificultando análises primordiais para o estabelecimento de soluções. Para a elaboração desse estudo, foi realizada a seleção de dois softwares para atender às necessidades projetuais que essa análise demandou: o Infraworks, para que fossem realizados os primeiros diagnósticos, e o Revit, para auxílio no desenvolvimento do projeto urbanístico. Com a utilização da primeira ferramenta, foi possível identificar de forma facilitada as condições reais em dos terrenos, como sua localização, principais vias, acessos e entorno no qual está inserido. Todavia, é importante destacar que devido à falta de informações a respeito desse software, para o desenvolvimento desse estudo de caso, foi necessário buscar conhecimento a respeito desses softwares diretamente com o desenvolvedor, a Autodesk e através de tutoriais realizados em sua maioria por norte-americanos. O roteiro adotado como metodologia nesta pesquisa para realizar o estudo de caso é apresentado na Figura 1.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
19
Figura 1 - Fluxograma com roteiro metodológico da pesquisa.
Fonte: A Autora, 2019.
A metodologia adotada é composta pela pesquisa bibliográfica sobre a tecnologia BIM; pela elaboração e aplicação de questionários com alunos de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo; pelas entrevistas com os professores do curso do DAU UFES; aplicação de questionários com profissionais externos atuantes; por meio da análise dos softwares conhecidos e a seleção dos utilizados; e pelas aplicações apresentadas.
1.2.
ÁREA PORTUÁRIA DE VITÓRIA
A escolha desta área se deu pelo fato de que o projeto em questão foi desenvolvido pela autora, juntamente com os colegas de graduação Sara Lawers e Lucas Brunelli, no ano de 2017, na disciplina de Urbanismo II, pertencente à grade oficial do curso. A ideia, era a de que a mesma proposta, concebida através de ferramentas de uso comum como o Autocad e Sketchup, fosse agora realizada por meio da metodologia empregada. Foi no período desta disciplina que a autora descobriu o software Infraworks e o utilizou na etapa final para fins de representação. A região se localiza no Centro do Município Vitória, capital do Estado do Espírito Santo. Vitória limita-se ao norte com o município da Serra, ao sul com Vila Velha, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com Cariacica (Figura 2).
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
20
Figura 2 - Localização Município de Vitória - E.S.
Fonte: GeoWeb (2019), adaptado pela autora.
Como proposta para requalificação do espaço público na área Portuária de Vitória, o projeto teve como ideal propor melhorias no conforto térmico e visual, no transporte e na acessibilidade da região dando prioridade para pedestres e ciclistas. A Figura 3 apresenta o recorte correspondente à área de intervenção. Figura 3 - Área Portuária de Vitória - E.S.
Fonte: Jaqueline, Sara e Lucas, 2017.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
21
Para elaborar propostas da disciplina, foi necessário realizar um diagnóstico analisando a área de intervenção. A seguir, ele é apresentado de acordo com os temas propostos na disciplina de Urbanismo II. i.
Mobilidade Urbana Tabela 1 - Problemas e potencialidades: mobilidade urbana. PROBLEMAS
POTENCIALIDADES
Vias arteriais principais (Av. Jerônimo Monteiro, Av. Princesa Isabel, Av. Governador Bley e Av. Marechal
Mascarenhas):
fluxo
intenso
de
veículos em todos os horários, ocasionando
Avenidas retilíneas que fazem a conexão com áreas adjacentes.
fluxo lento nos horários de pico; Vias coletoras (Rua Nestor Gomes, Dionizio Rosendo, Enrique Novaes, Governador José Sette, Barão de Itapemirim, etc.): ruas muito estreitas e íngremes. Algumas ainda possuem presença de carros estacionados em uma de suas faixas; Vias locais (Rua do Rosário, Alziro Viana, e outras.): ruas muito íngremes e que possuem curvas
acentuadas
e
com
nenhuma
acessibilidade. Algumas inclusive não tem saída; Pontos de ônibus Cidade de Vitória: não há pontos
físicos
adequados.
Não
há
sombreamento, nem local para descanso, levando a população a tomar conta das calçadas;
Ruas sombreadas e ventiladas pelo gabarito dos edifícios (até 4 pavimentos) que proporcionam o fluxo de pedestres, principalmente por em sua maioria, fazerem conexão com os principais pontos do bairro. Muitas dessas ruas sem saída, são extremamente estreitas, o que impede o fluxo de carros e proporciona um espaço de "lazer"/quintal para as casas formam seu perímetro. Não há subdivisão interna do sistema, o que facilita aos usuários a localização por orientação das placas; Essa separação dos outros sistemas, possibilita menor acumulo de pessoas.
Pontos de ônibus do sistema Transcol: mesmo problema
físico
citado
anteriormente;
distribuição das paradas de acordo com as regiões (Cariacica, Vila Velha e Serra) dificulta o entendimento de quem não visita o centro da
Essa distribuição ameniza o acúmulo de pessoas em cada ponto, proporcionando o fluxo de pessoas nas calçadas.
cidade com frequência; Ciclovias: presente em apenas uma avenida principal (Marechal Mascarenhas de Moraes) que faz conexão pela Josué Prado, um trecho
Quanto
da B. de Itapemirim e vai pelo Rosário para
veículos.
chegar a parte mais alta, ocasionando curvas e disputa de espaço com pedestres;
mais
bicicletas, menos
tráfego
de
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
Estacionamento
próximo
aos
22
edifícios
históricos (ao redor da Catedral Metropolitana e da Igreja de S. Gonçalo, na lateral do Palácio
Essas
regiões
não
possuem
sistema
de
Anchieta, na Rua Pedro Palácios e no Viaduto
parquímetro, o que não acarreta gasto para o
Caramuru, tanto em sua parte superior e
usuário.
inferior), dificultando o fluxo e obstruindo a apreciação dos mesmos; Fonte: Os Autores, 2017.
Diretriz: Promover fluxos com diferentes modais para atender não somente veículos como também pedestres e ciclistas. Estratégias:
Implantar ciclovia na Avenida Jeronimo Monteiro, retirando uma faixa de rolamento, alargando as calçadas e implantando ciclo faixas;
Implementar novos meios de transporte público, diminuindo a densidade do sistema de transporte atual;
Criar terminal de transporte marítimo para atender a demanda local (aquaviário);
Realizar a extensão da Rua Sete, para que seu uso seja prolongado até o porto (rua a fazer parte do circuito: Marcelino Duarte);
Realizar a troca de pavimentação das ruas Professor Baltazar e Coutinho Mascarenhas, adjacentes à Rua Sete, para promover menor fluxo e melhor uso durante seu fechamento;
Realizar o alongamento das calçadas das ruas Aristides Campos e Duque de Caxias, com a retirada do estacionamento e mudança de pavimentação;
Dar continuidade a ciclovia do porto por toda a baía de Vitória;
Implantar novas estações de aluguel de bicicleta;
Criar estação de VLT como alternativa de transporte público ligando a entrada sul da cidade (Rodoviária de Vitória) à entrada norte (Aeroporto de Vitória); e
Implantar sinalização e faixas de pedestre ao longo de toda a Avenida Princesa Isabel.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
ii.
23
Patrimônio material e imaterial Tabela 2 - Problemas e potencialidades: patrimônio material e imaterial. PROBLEMAS
POTENCIALIDADES
Não utilização do Porto como espaço de visitação/vivência no centro. A inexistência de
Do
Porto
é
possível
observar uma visual
fluxo de pessoas no horário noturno na região
deslumbrante de toda a Baía de Vitória.
portuária gera insegurança nas pessoas; Castelinho: está abandonado e propício a
Além de ser usado como espaço de lazer no
invasões para uso do local de forma indevida;
centro, tem uma visual da baia.
Escadarias do Centro (Maria Ortiz e de acesso a Igreja do Rosário) e Edifícios (o Mercado
Fazem parte da formação da cidade, além de
Capixaba, edifícios das principais vias): mesmo
contribuir para o desenvolvimento turístico da
sendo de interesse de preservação, encontram-
região.
se em péssimo estado; Poluição visual com propagandas e uma intensa rede de fiação elétrica próximo aos edifícios históricos, escadarias (Maria Ortiz, São
-
Diogo) e ao longo das avenidas (Jeronimo Monteiro); Difícil acesso a Igreja São Gonçalo devido as
Igreja importante para o centro, com um grande
ruas estreitas e uma escadaria danificada.
número de casamentos realizados.
Edifícios históricos (como a Catedral de Vitória)
-
sendo obstruídos por carros estacionados; A predominância de prédios altos na parte de aterro (Esplanada Capixaba), resultando no ofuscamento de
alguns monumentos do
centro e impedindo a visual para Baía de Vitória que se tinha no passado;
Edifícios comerciais presentes nessa região tem número quantitativo maior de empregados, ou seja, maiores oportunidades de emprego para a população.
Fonte: Os Autores, 2017.
Diretriz: Promover a ressocialização do conhecimento histórico de preservação sobre os bens da região. Estratégias:
Criar um circuito arquitetônico pelos edifícios históricos do Centro;
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
24
Revisar o PDU de forma a evitar a construção de edifícios com gabarito alto próximo ao Palácio Anchieta e a Catedral Metropolitana de Vitória;
Restaurar edifícios que se encontram em situação de abandono (Castelinho, Galpões do Porto, etc.) e dar novos usos a esses espaços;
Restaurar as escadarias históricas do Centro (Maria Ortiz e São Diogo);
Remoção/substituição da rede elétrica aérea para rede embutida, evitando o ofuscamento e poluição visual das fachadas dos edifícios históricos; e
Retirar vagas de estacionamentos ao redor de monumentos históricos do bairro, como ao redor da Catedral e da Igreja São Gonçalo.
iii.
A) Tipologia / morfologia urbana. Tabela 3 - Problemas e potencialidades: tipologia / morfologia urbana. PROBLEMAS
POTENCIALIDADES
Quadras com formatos mais irregulares na parte
alta
do
bairro,
que
podem
ser
relacionadas as curvas de nível que compõem
Uso de muitas dessas quadras são utilizadas
a tipologia da região, acarretam em formato
como espaços livres e praças.
desordenado dos lotes; Já na parte aterrada, as quadras são regulares. Lotes recorrentes da formação das quadras que acarretam em ocupação desordenada na parte superior e ocupação mais ordenada na Esplanada;
Esse planejamento na parte mais baixa, possibilita uma maior versatilidade no uso e no fluxo da região.
Edificações na parte alta sem nenhuma regularidade, seguindo o formato do lote e
Essa
região
acaba
se
tornando
ocupando todo o seu perímetro, o que acarreta
predominantemente
residencial,
ocasionando
em edifícios sem afastamentos frontais e
em maior interação com a comunidade.
colados em seus vizinhos; Há uma predominância de edifícios históricos em toda a região, que por serem de interesses
Existem programas da Prefeitura para ocupação
de preservação, não podem ser demolidos,
desses edifícios pela população.
ficando abandonados; Na parte mais alta do bairro, predomina-se edifícios de até 4 pavimentos, porém, devido
Devido à falta de arborização na região, são esses
aos níveis diversos dessa região, muitos
edifícios que proporcionam sombreamento para
acabam
a circulação de pedestres.
por
parecer
serem
mais
altos,
escondendo edifícios singulares. Isso também
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
25
acontece na parte mais baixa, já que lá, os edifícios são de 10 pavimentos ou mais;
Grande parte das ruas apresentam traçado
Muitas dessas ruas sem saída, são extremamente
irregular, também devidos as curvas de nível
estreitas, o que impede o fluxo de carros e
que compõem a tipologia da região; Muitas
proporciona um espaço de "lazer"/quintal para as
ruas na parte mais alta, são ruas sem saída;
casas formam seu perímetro.
Fonte: Os Autores, 2017.
B) Uso e ocupação do solo. Tabela 4 - Problemas e potencialidades: uso e ocupação do solo. PROBLEMAS Esplanada:
A
ocupação,
POTENCIALIDADES
majoritariamente
Tipo de ocupação oferece maior versatilidade de
comercial, ocorre durante o dia, causando uma
mudança. Área comercial com possibilidade de
espécie
se
de
"deserto"
noturno;
implantar
funcionamentos
noturnos;
Av. Jeronimo Monteiro: comércio desorganizado
Presença de muitos espaços livres: maior
com presença maciça de ambulantes;
oportunidade de intervenções urbanísticas.
Cidade
Alta:
Topografia
acidentada
com
ocupação do solo predominantemente não planejada, resultando em quarteirões densos, com edifícios altos para ruas estreitas. Fatores que geram sensação de sufocamento ao pedestre e recorrentes congestionamentos de carros;
A Cidade Alta é uma parte do Centro que possui muitos edifícios históricos, o que é uma ponte para uma maior geração de uso turístico e cultural da própria população de Vitória. Devido aos usos da área, ao dia vê-se pedestres a todo momento,
trabalhadores,
moradores
e
estudantes, diversidade que pluraliza os tipos de possíveis intervenções.
Região mais ao norte que a Cidade Alta, predominantemente
residencial.
Topografia
acidentada
ocupação
do
com
solo
predominantemente não planejada, resultando
Apesar das ruas estreitas, as edificações tem gabarito predominantemente baixo.
em ruas e calçadas estreitas e poucos espaços livres; Fonte: Os Autores, 2017.
Diretriz: Promover medidas de integração nas diferentes áreas do Centro, preservando sua morfologia histórica.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
26
Estratégias:
Ocupar edifícios que se encontram em situação de abandono no bairro com funções de moradia (projeto Morar no Centro) e uso misto;
Criar medidas de incentivo ao comercio noturno nas áreas adjacentes à baía de Vitória e Porto;
Criar medidas de incentivo ao comercio nas áreas mais afastadas do polo comercial diversificando o uso desses espaços;
Implantar pontos de entretenimento noturno em diferentes pontos do bairro;
Melhorar os usos nas áreas ociosas do bairro;
Limitar o gabarito das novas edificações próximo a monumentos históricos; e
Criar estacionamentos verticais no bairro e promover o uso comercial no térreo do edifício.
iv.
A) Sistemas de espaços livres. Tabela 5 - Problemas e potencialidades: sistemas e espaços livres. PROBLEMAS
POTENCIALIDADES
Largos tipo 1 (lateral do Palácio Anchieta, Rua Aristides Campos e Rua Pedro Palácios) são utilizados como estacionamento, gerando um acumulo de carros que muitas vezes dificulta a
Ruas para pessoas, pocket parques e criação de espaços de permanência.
passagem do pedestre; Largos tipo 2 (Rua Quintino Bocaíuva e entre os vazios dos edifícios no quarteirão oposto da Praça
Oito
na
Jeronimo
Monteiro)
são
totalmente ocupados por barraquinhas de
Esse acumulo leva a formar um pequeno núcleo do comércio.
ambulantes, também dificultando o fluxo de pedestres; "Jardins" no fundo da Catedral: terrenos abandonados que acarretam em acumulo de lixo e mal cheiro, sem iluminação noturna e
Presença de vegetação.
não uso; Praça Ceciliano Monteiro: sua topografia não
Essa caraterística de jardim, faz uma integração
proporciona o uso, fazendo com que se pareça
da "praça” com a escola Maria Ortiz, enfatizando
mais com um jardim do que com uma praça;
a paisagem.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
27
Praça Getúlio Vargas, se divide em dois espaços. O primeiro, voltado para a Av. Princesa Isabel, é utilizado por ambulantes, não tem equipamentos e nenhuma arborização; O outro, voltado para a Av. Marechal M. de Morares, tem a iluminação precária e não é
Uma das poucas praças que oferecem diferentes atrações para o usuário como academia popular, área livre para a realização de pequenos eventos ou pontos de encontro e playground.
utilizada; Praça
Oito:
não
há
arborização
para
sombreamento dos equipamentos e possui iluminação precária não propícia ao uso; Praça João
Clímaco
e
Ponto de referência para encontro de pessoas e abriga monumento histórico.
Praça Dom Luiz
Scortegagna: não há equipamentos, não tem iluminação noturna, está em mal estado de conservação
o
que
não
proporciona
a
permanência dos usuários no local. Além dos
Embora não sejam pontos de permanência, são locais de passagem e breve descanso.
carros estacionados em torno da praça que prejudicam a vista do local; Praças
que
apresentam arborização
equipamentos,
Praça Costa Pereira e Praça Irmã Josepha
iluminação,
e
pavimentação
Hosana:
adequada. A Costa Pereira apresenta um maior fluxo e permanência de pessoas.
Praça Ubaldo Ramalhete: necessidade de
Apresenta
maior número de bancos para acolher a
arborização. É muito utilizada pela população,
demanda;
principalmente aos finais de semana.
Praça Manoel Silvino Monjardim e Praça Americo
Monjardim:
denominadas
como
praça, porém é usada exclusivamente como estacionamento. Escadarias
do
Centro
(com
exceção
equipamento,
iluminação
Por serem praças que não apresentam estrutura para pessoas, a concentração de carros nessas regiões desvia do uso de ruas para essa função.
da
Escadaria Barbara Lindenberg) apresentam péssimo estado de conservação e pichações fazendo com que a passagem fique poluída
Espaços de fluxos frequentes de pessoas pela conexão que estabelecem.
visualmente; Fonte: Os Autores, 2017.
B) Cidade natureza. Tabela 6 - Problemas e potencialidades: cidade natureza. PROBLEMAS
e
POTENCIALIDADES
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
28
Apresenta espécies diversificadas, além de vários lagos com peixes e pontes entre eles, criando vários caminhos de passeio para as pessoas. Parque Moscoso:
Diferencia-se dos outros por ser muito mais utilizado, como passagem e como espaço de lazer,
apresentando
equipamentos
que
proporcionam permanência. Praça Costa Pereira e Praça Irmã Josepha Hosana: As
praças
Praças que apresentam arborização e áreas livres proporcionando um maior fluxo e permanência de pessoas.
(com
exceção
das
ditas
anteriormente): não apresentam arborização e/ou equipamentos para permanência de
São pontos de referência para a localização.
usuários; Baía de Vitória: o esgoto é despejado em um
Presença de espécies aquáticas; movimenta o
dos trechos da área de amortecimento que
comércio e o trânsito de embarcações, trazendo
acarretam em contaminação, mesmo que em
mais atividades e produtos para o Centro de
menor grau, na Baía;
Vitória. Tombado como Patrimônio Natural Paisagístico
O Penedo: não tem conexão direta com a Baía de Vitória, como um sistema aquaviário por exemplo, o que limita a visitação;
de Vitória, influencia diretamente na paisagem do Centro, sendo um cartão postal da região e um monumento natural de referência turística e cultural para todo o Estado. Também oferece atividades para a região, como rapel e trilhas.
Fonte: Os Autores, 2017.
Diretriz: Criação de espaços urbanos adequados visando melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e ao mesmo tempo promover uma melhoria na qualidade ambiental, dotando o espaço urbano de cobertura vegetal e áreas verdes fundamentais que sejam de fácil acesso para a população. Estratégias:
Inserir equipamentos urbanos que atendam às necessidades básicas do usuário;
Requalificar e implantar paisagismo nas calçadas das principais vias;
Revitalizar os largos atualmente utilizados como estacionamento;
Relocação desses estacionamentos inadequados para terrenos vazios no Centro;
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
29
Retomada das atividades dos catraieiros com enfoque para o turismo na baía de Vitória; e
Criar espaços públicos de permanência ao longo da baía.
Para alcançar os objetivos propostos, obteve-se como pontos de partida do projeto a inserção de árvores e alargamentos das calçadas, problema recorrente da ocupação desordenada. Também foram pensados novos postes de iluminação que atendessem ao pedestre. Os postes fariam uso de energia solar e toda a fiação da rede elétrica seria aterrada, o que proporcionaria visuais mais agradáveis da baía de Vitória. Outras mudanças foram necessárias nas principais vias. Foi inserida uma ciclofaixa ao longo da Avenida Jerônimo Monteiro. Na Avenida Marechal Mascarenhas uma ciclovia foi projetada, assim como a inserção de arborização ao longo desta, visando conforto térmico e visual ao ciclista e pedestre. Frente à baía de Vitória, foi proposto um deck com espaço para pequenos comércios além da inserção de mobiliários e iluminação para permanência no espaço em diferentes horários. Quanto à mobilidade urbana, a integração de modais e a redução do uso de veículos dentro do centro histórico foram as soluções encontradas para atender com excelência à necessidade dos usuários. Para tal, foi proposta a implantação do VLT sobre faixa verde na Avenida Marechal Mascarenhas. Automóveis, motocicletas, bicicletas, ônibus, barcos são conectados através da implantação do Terminal Intermodal de Vitória, localizado na baía, próximo ao porto. Por fim, visando ativamente à sustentabilidade, foi previsto que as frotas de transporte público passariam a utilizar energia limpa para realizar seus trajetos. Concluída a etapa de análise, a etapa de concepção seguiu a metodologia proposta nesta pesquisa e o resultado da aplicação é apresentado no capítulo três, item 3.2.
1.3.
O PARQUE DA FONTE GRANDE
O Parque situa-se em área urbana, no Centro da Ilha de Vitória, Espírito Santo. Limita-se ao norte com a região próxima a São Pedro, ao sul com o centro da Cidade. Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, SEMMAM (2019), possui área de aproximadamente 2.170.000 m² (217,58 ha), originalmente coberta por Mata
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
30
Atlântica. Atualmente encontra-se sob predomínio de mata secundária e forte pressão antrópica. Em suas encostas, estão localizadas várias fontes e bicas, e uma grande diversidade de Fauna e Flora. O relevo é acidentado, inclui vales e pontões e o ponto culminante atinge quase 308,8 metros de altura, sendo que quase todos os seus limites estão acima do nível de 50 metros. Possui uma pequena sede, onde além de espaço para exercer as funções administrativas que um parque demanda, também há sanitários, bebedouros e o centro de educação ambiental (CEA), acolhendo e orientando os visitantes quanto às regras de visitação do parque. O acesso principal ao parque é feito através da Rodovia Serafim Derenzi, tendo como alternativa o acesso pela estrada Tião de Sá, ambos acessos feitos por veículos. A Figura 4 aponta a localização do Parque no Município. A mancha verde referente à sua proporção aliado à parques adjacentes, chama atenção para a importância da presença de área verde na região central da cidade. Figura 4 – Contraste Parque Fonte Grande e Município de Vitória - E.S.
Acesso Rod. Serafim D.
Fonte: OpenSteetMap (2019), adaptado pela autora.
A escolha por esta área se deu primordialmente pelo fato desta região estar próxima a área Portuária de Vitória, não englobada na aplicação anterior, mas de grande impacto e relevância na cidade, pelo resultado não apenas em benefícios visuais, mas também físicos à saúde humana, como conforto térmico e melhoria
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
31
da qualidade do ar, dentro do parque e em seu entorno imediato. As características físicas do parque constituídas pela topografia acidentada, presença maciça de vegetação e de cursos naturais de água são propícias para a investigação das possibilidades de análise do software Infraworks. Entretanto, com base em ensinamentos provindos do Urbanismo, inclusive realizados na primeira aplicação, é necessário realizar um reconhecimento da região, a fim de propor soluções práticas, eficazes e que não prejudiquem o meio ambiente. A seguir, este breve diagnóstico é apresentado. Tabela 7 - Problemas e potencialidades: Parque Fonte Grande. PROBLEMAS
POTENCIALIDADES
Parque Fonte Grande: dificuldade de acesso já este é realizado pelo norte do parque, não havendo nenhum acesso interno pelo bairro;
Falta de estrutura para o Centro de Educação Ambiental;
Falta de sinalização e identificação das entradas, trilhas e mirantes;
Falta de espaços de permanência e contemplação adequados.
Possuem vegetação predominantemente da Mata Atlântica, com uma variedade de espécies de plantas e árvores. Também estão localizadas algumas das nascentes da cidade de Vitória.
Disseminação da História e Cultura do Parque.
Incentivo à prática de esportes, através das trilhas existentes; devido a sua altitude, permite ao usuário usufruir de belas paisagens.
Espaço arborizado propicio para à pratica de atividades físicas como pilates, caminhada, corrida e pedaladas.
Fonte: A Autora, 2019.
Diretriz: Melhorar a qualidade de vida do usuário assim como promover uma melhoria na qualidade ambiental dotando áreas de recreação com estrutura e espaços de permanência adequados, para que sejam de fácil acesso à população. Estratégias:
Desenvolver trilhas ecológicas para acesso interno pelos bairros adjacentes;
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
32
Criar espaços de permanência adequados que de sirvam apoio à prática de atividades como yoga e pilates;
Criar um edifício anexo à sede para a realização das atividades do CEA; e
Inserir equipamentos, como pórticos de entrada, mobiliários e sinalização adequada que atendam às necessidades básicas do usuário desses espaços;
Levantamento Fotográfico: Uma das etapas fundamentantais para a concepção de um projeto, seja ele arquitetônico ou urbano, é o levantamento fotográfico. Fotografias são um excelente método para análise preliminar, assim como armazenar detalhes que às vezes passam despercebidos em uma visita. Abaixo, são apresentadas fotografias que demonstram a característica formal dos elementos existentes. As imagens pertencem ao acervo da Prefeitura Municipal de Vitória, porém a autora conhece e realizou anteriormente visitas ao Parque. Figura 5 - Sede Administrativa e Centro de Educação Ambiental do Parque Fonte Grande.
Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
33
Figura 6 - Acesso Principal ao Parque da Fonte Grande. Chegada por meio da Rod. Serafim Derenzi.
Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória. Figura 7 - Estrutura de contemplação existente. Mirante da Fonte Grande.
Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória.
Concluída a etapa de análise, a etapa de concepção seguiu a metodologia proposta nessa pesquisa e o resultado da aplicação é apresentado no capítulo três, item 3.3.
2
PRIMEIRAS ABORDAGENS SOBRE O TEMA
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
34
2. PRIMEIRAS ABORDAGENS SOBRE O TEMA Profissionais das áreas de arquitetura e urbanismo estão sempre em busca de capacitação para desenvolver novos métodos de conceber e desenvolver projetos. O aparecimento do computador e de novas tecnologias na era pós Revolução Industrial representa uma nova metodologia de trabalho auxiliada por um conjunto de ferramentas digitais práticas e acessíveis. Estas ferramentas são aprimoradas, reinventadas e adaptadas de acordo com as evoluções de hardwares e softwares. Dentre vários desafios encontrados por profissionais, como a concorrência no mercado, a busca por fidelização de clientes e a luta para defender a necessidade do profissional arquiteto urbanista, é requerido o domínio dessas novas ferramentas que prometem mais agilidade e detalhes aprimorados nos projetos. Dentre essa diversidade de ferramentas, destaca-se a tecnologia BIM por apresentar características muito maiores que apenas de representação 3D. É um novo conceito para a arquitetura, engenharia e construção (AEC), que agrega potencial ao projeto e facilita todo o fluxo de execução e gestão da obra. Com base nesse tipo de tecnologia, inicia-se a fundamentação teórica com uma abordagem sobre o BIM, contendo suas definições e conceitos, a normatização da tecnologia do BIM no Brasil, sua interoperabilidade, ou seja, sua capacidade de se comunicar de forma transparente com outro software, e por fim, suas vantagens e limitações para a aplicação no urbanismo.
2.1.
BIM
A tecnologia BIM permite desenvolver um modelo virtual em 3D, não constituído apenas de geometria e texturas para efeito de visualização, como fazem os programas em 2D. Isso ocorre pelo fato de que esta ferramenta é caracterizada por gerar objetos paramétricos, ou seja, objetos supridos de informações que podem ser editadas e alteradas simultaneamente. Além disso, possibilita a troca de informações contidas nos modelos entre diferentes softwares, o que é chamado de interoperabilidade. O modelo BIM pode ser utilizado para visualização tridimensional, garantindo uma percepção antecipada que pode auxiliar nas decisões de projeto e comparar as várias alternativas de design, além de ser um programa de planejamento e
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
35
gerenciamento eficaz. Neste capítulo é apresentado um panorama geral sobre esta tecnologia. 2.1.1 Conceitos Gerais Existem muitas interpretações a respeito do conceito que carrega a sigla BIM. Os significados mais utilizados são: Building Information Modeling (em português, Modelagem da Informação da Construção), que é o processo de utilização de plataformas tecnológicas interoperáveis para gerar e utilizar dados de forma eficiente para o planejamento, construção e operação de uma edificação durante todo o seu ciclo de vida, modificando as funções e relações entre os profissionais, através do estimulo à colaboração de todas as partes envolvidas e o acesso simultâneo às informações criadas por elas; Building Information Model (Modelo da Informação da Construção), que é uma representação digital baseada na modelagem orientada a objetos inteligentes e paramétricos das características físicas e funcionais de um edifício; e Building Information Management (Gerenciamento de Informação da Construção), que trata da organização e do controle do processo de gerenciamento por meio da utilização das informações contidas no modelo digital para efetuar o compartilhamento de informações durante todo o ciclo de vida do empreendimento (BASTO, P. E.; LORDSLEMM JUNIOR, 2016). Como é possível observar, todas as definições descritas acima são similares. O que elas desejam expressar, são as funcionalidades que esta tecnologia carrega: interoperabilidade, parametrização e gerenciamento, respectivamente. Funcionalidades tendem a se complementar. De acordo com Chuck Eastman, um dos pioneiros do conceito dessa tecnologia, o princípio do sistema BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e construtores na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera uma base de dados que contém tanto informações topológicas como os subsídios necessários para orçamento, cálculo energético e previsão de insumos e ações em todas as fases da construção a elaboração do projeto com base em um modelo tridimensional único, capaz de concentrar diferentes informações técnicas e geométricas do projeto, podendo ser acessado por qualquer dos agentes, a qualquer etapa do projeto, inclusive durante a vida útil do edifício construído. Esta estrutura incentiva um processo integrado e colaborativo entre os diferentes agentes desde as fases iniciais. (EASTMAN et al., 2014).
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
36
Eastman também aborda que definição dos objetos de forma paramétrica, é uma das vantagens do sistema BIM. O objeto é definido por parâmetros e relacionado aos demais, tornando-os vinculados. Assim, quando um deles é alterado, o impacto se estende ao conjunto. (EASTMAN et al., 2014). Embora o conceito BIM sirva não apenas para uma construção específica, mas sim para simular o desenvolvimento do empreendimento em um bairro ou cidade, muitos objetos são criados voltados para aplicação em construções, limitando o uso e desenvolvimento dessa tecnologia para outras áreas do AEC, como para projetos de infraestrutura urbana e urbanismo. Este fato dificulta a produção técnica e teórica, atrasando o desenvolvimento de uma ferramenta que atenda à demanda de projetos de infraestrutura urbana.. 2.1.2 Normatização da Tecnologia BIM no Brasil A disseminação do conceito BIM no cenário mundial é mais eminente do que possa parecer. Segundo a Autodesk (2018), países como Estados Unidos, Reino Unido e Noruega já exigem o uso dessa tecnologia em projetos custeados pelo governo. O Brasil está seguindo as tendências desse cenário e tem buscado regulamentar o uso dessa ferramenta. O então presidente da república Michel Temer, sancionou o decreto de 05 de junho de 2017, posteriormente revogado para o decreto de 17 de maio de 2018, instituindo a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling no Brasil - Estratégia BIM BR, com a finalidade de promover um ambiente adequado ao investimento em BIM e sua difusão no País. Segundo o Artigo 2º deste decreto, a Estratégia BIM BR tem os seguintes objetivos específicos: I - difundir o BIM e seus benefícios; II - coordenar a estruturação do setor público para a adoção do BIM; III - criar condições favoráveis para o investimento, público e privado, em BIM; IV - estimular a capacitação em BIM; V - propor atos normativos que estabeleçam parâmetros para as compras e as contratações públicas com uso do BIM;
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
37
VI - desenvolver normas técnicas, guias e protocolos específicos para adoção do BIM; VII - desenvolver a Plataforma e a Biblioteca Nacional BIM; VIII - estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM; e IX - incentivar a concorrência no mercado por meio de padrões neutros de interoperabilidade BIM. O decreto foi sancionado recentemente, entretanto algumas ações no sentido de normatização da tecnologia BIM no Brasil já estão sendo feitas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desde 2011. O Grupo de Trabalho de Componentes BIM da Comissão de Estudo de Modelagem da Informação da Construção (ABNT/CEE-134) trabalha com o objetivo de padronizar os componentes BIM. Diferentemente do CAD, um modelo BIM não é formado por um conjunto de objetos, mas sim por um conjunto de componentes com informações e valores agregados. Uma porta não é apenas uma representação de linhas, mas um objeto repleto de informações que possibilitam a construção do mesmo. Assim, os fornecedores do setor poderão criar e disponibilizar os componentes dos seus produtos, já baseados em um padrão, garantindo que quaisquer profissionais que utilizem softwares normatizados possam incluir tais componentes em seus modelos. O escopo de trabalho desta comissão é criar uma normatização a fim de comprovar os benefícios da interoperabilidade entre os sistemas, elementos e componentes da construção. A norma ABNT NBR 15965 - Sistema de classificação da informação da construção (ABNT, 2011), define a terminologia, os princípios do sistema de classificação e os grupos de classificação para o planejamento, projeto, gerenciamento, obra, operação e manutenção de empreendimentos da construção civil. Na prática, todos os termos utilizados na construção civil (materiais, equipamentos, serviços, espaços, unidades, etc.) foram padronizados e transformados em itens, facilitando a troca de informações entre agentes nacionais e internacionais. Todas as partes componentes da NBR 15956 apresentam a estrutura de classificação que define as informações (ou dados referenciados e utilizados durante o processo de criação e manutenção de um objeto construído) para aplicação na tecnologia de
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
38
modelagem da informação da construção, pela indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC). As partes 1, 2, 3 e 7 da NBR 15965 já foram publicadas, estando as demais em desenvolvimento. Em 2011 foi publicada a parte 1 (ABNT, 2011), que define a terminologia e a estrutura a ser utilizada; em 2012 foi publicada a parte 2 (ABNT, 2012), que aborda as características dos objetos da construção; em 2014, a parte 3 (ABNT, 2014), que tem por objetivo apresentar os processos da construção, para aplicação na tecnologia de modelagem da informação da construção, pela indústria de AEC; em 2015, foi publicada a parte 7 (ABNT, 2015), que aborda as informações da construção. As normas brasileiras em desenvolvimento pela ABNT/CEE-134 visam organizar aspectos-chave para a adoção de BIM no país. A disponibilidade de um sistema de classificação de informações codificado padronizado, além de facilitar muito a implementação de vários usos de BIM, incluindo orçamentação, planejamento e suprimentos, também significa a remoção de uma barreira para viabilização do trabalho colaborativo na indústria da construção civil brasileira (CATELANI; SANTOS, 2017). 2.1.3 Interoperabilidade Além da parametrização dos objetos contidos no modelo BIM, outra característica que define um modelo criado através desta metodologia é a troca de informações contidas nele entre diferentes softwares. A interoperabilidade entre diferentes programas é um dos principais conceitos da metodologia BIM. Este assunto também
é
abordado
por
Chuck
Eastman (2014).
Segundo
o
autor,
a
interoperabilidade é a habilidade de promover o intercâmbio de dados entre diferentes softwares de uma forma eficiente que vise aprimorar a automação. Além disso, relata que a necessidade de realizar cópias manuais toda vez que um modelo BIM mudasse de plataforma, desencorajaria interações durante a fase de projeto. E isso, consequentemente, prejudicaria a qualidade das soluções de projeto encontradas, levando a erros e gerando grande retrabalho (EASTMAN et al., 2014). Essa comunicação também pode ser definida como um conjunto de tecnologias, processos e políticas, que permitem que várias partes interessadas possam, de maneira colaborativa, projetar, construir e operar uma edificação ou instalação.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
39
Desta forma, a capacidade de dois ou mais sistemas trocarem informações e de usarem
estas
informações
que
foram
trocadas
é
fundamental
para
o
estabelecimento da tecnologia BIM (AZEVEDO, 2009). A imagem (Figura 6) a seguir, faz um diagrama para exemplificar a quantidade de fontes de informação diferentes que podem compor um modelo BIM. Figura 8 - Diagrama fontes de informação que podem compor um modelo BIM.
Fonte: Graphitsoft.
O mais comum, é que esse tipo de compatibilidade aconteça entre softwares pertencentes a um mesmo desenvolvedor, devido às limitações encontradas pela concorrência de mercado. Dentre os desenvolvedores conhecidos no Brasil, o
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
40
melhor deles com o maior número de softwares compatíveis, viáveis e interface didática, é a Autodesk. Todavia, com a comprovação da importância da interoperabilidade para a construção civil, empresas ligadas à tecnologia têm se aliado para coordenar o desenvolvimento de padrões internacionais dos arquivos.
Assim ocorreu o
surgimento da Aliança Internacional para Interoperabilidade (IAI), em maio de 1996. Em 2008, essa organização neutra e sem fins lucrativos, muda seu nome para Building Smart e cria o padrão de arquivo IFC (Industry Foundation Class ou Classe de Fundação da Indústria, em português), para compartilhar e trocar dados BIM em diferentes softwares (JÚNIOR, 2019). Existem outros desenvolvedores como a Bentley Systems que é fornecedora de soluções de software BIM para engenheiros, arquitetos, profissionais geoespaciais, construtores e proprietários-operadores para o projeto, construção e operações de infraestrutura. Assim como a Autodesk, a Bentley possui produtos específicos para determinadas disciplinas. Seu portfólio tem um enfoque maior na área de infraestrutura. Porém seu uso ainda é pouco disseminado no Brasil, sendo menos acessível para download, o que acarreta a falta de acesso à informação, não sendo viável agregar esse desenvolvedor à pesquisa. 2.1.4 Vantagens e Limitações do uso do BIM no Urbanismo Ainda existem muitos desafios a serem superados para que o BIM passe a ser uma unanimidade na indústria da construção. O conceito de Modelagem da Informação da Construção ainda é algo novo dentre os profissionais que trabalham no setor. Muitos ainda o consideram um sistema complexo e delicado, e também há a resistência à mudança, que para ser vencida, requer que os profissionais envolvidos no setor estejam com a mente aberta e dispostos a encarar novas tecnologias e novos
métodos
de
trabalho.
Todavia,
apesar
das
dificuldades
em
sua
implementação, as vantagens e os benefícios gerados através do BIM são excelentes e levam a AEC a um novo patamar de otimização de processos e eficiência. A necessidade da engenharia atual para automação de processos e redução de custos e prazos é a principal impulsionadora do desenvolvimento da metodologia BIM. A redução do retrabalho com a diminuição de conflitos e mudanças durante
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
41
a fase de construção e o aumento da produtividade ainda na fase de projeto são qualidades importantes que favorecem a adoção desta nova metodologia de trabalho. Também, para se manterem competitivas em um mercado de grande concorrência como é o setor da construção como um todo, as empresas buscam por inovação a fim de ganharem mais eficiência e margem de lucro nos seus projetos e obras, desta forma a adoção de metodologias como o BIM vem a contribuir para o alcance deste objetivo. Assim como através da metodologia BIM é possível também, por parte das empresas estatais, aplicar de forma mais racional e econômica os recursos públicos envolvidos em um projeto (BRANDÃO, 2014). Para a Arquitetura, os benefícios trazidos pela tecnologia BIM são numerosos, e ocorrem na sua utilização para a concepção e execução de projetos, compatibilização com projetos estruturais, execução em campo, gerenciamento de obras, entre outros. Porém, quando a necessidade de utilização é no urbanismo, temos um impacto negativo em decorrência da indisponibilidade de objetos paramétricos que sejam fiéis à necessidade projetoal, ou seja, os elementos necessários, que não tenham o seu uso adaptado. Para exemplificar esse problema, pode-se tomar como exemplo a utilização de um software com essa tecnologia, mas que tenha sua função voltada para a construção de edificações. Os elementos constituintes da barra de ferramentas disponibilizados pelos softwares, são para a construção de paredes, portas e janelas e não de calçadas, meio fio ou sinalização. Em muitos casos, a ferramenta de piso é utilizada para dar forma a esses objetos. Essa adequação não é indicada, visto que foge dos princípios empregados no BIM. Em 2012, uma pesquisa foi realizada pela Mc-Graw-Hill Construction com empresas que atuavam no segmento de empreendimentos relacionados à infraestrutura e que já inseriram o sistema BIM em alguns de seus projetos. As empresas foram questionadas sobre as principais vantagens da implantação do BIM em obras de infraestrutura, o percentual de aplicação do conceito pelo setor no período de 2009 a 2011, e a previsão de utilização em 2013. Na figura baixo, (Figura 9) apresenta-se o resultado dessa pesquisa:
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
42
Figura 9 - Benefícios da implantação do BIM em obras e sistemas de Infraestrutura.
Fonte: Mc-Graw-Hill Construction, 2012.
Segundo a análise do resultado feita por Raduns e Pravia em 2013, as obras que utilizam o conceito possuem uma redução de: 22% no custo de construção, 33% no tempo de projeto e execução do empreendimento, de 33% nos erros em documentos, 38% de reclamações após a entrega da obra ao cliente e 44% nas atividades de retrabalho. Verificou-se também o crescente desejo de ampliação da inserção do conceito BIM em obras de infraestrutura, como é visto no gráfico acima, que demonstra que em apenas quatro anos, a aplicação triplicou. Mesmo sendo utilizado o conceito BIM, que muitas vezes é direcionado para empreendimentos verticais, a pesquisa realizada pela Mc-Graw-Hill Construction (2012), e analisada por Raduns e Pravia em 2013, demonstra a melhora visível nos resultados nos empreendimentos horizontais. Com uma melhor delimitação, adequação e difusão do sistema, os resultados podem ser ainda mais satisfatórios. A Modelagem da Informação da Construção, portanto faz com que a indústria da construção baseada nos modelos atuais se direcione em relação ao progresso e evolução. Os projetos atuais baseados em dezenas de folhas de papel, desenhos em 2D e planilhas isoladas, irão com o BIM, evoluir para um patamar onde terão um fluxo de trabalho integrado e interoperacional, gerando, por conseguinte uma
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
43
maior comunicação entre as equipes e membros envolvidos nos processos (BRANDÃO, 2014). Buscando sanar a dificuldade encontrada na inserção do BIM no projeto urbano, mais recentemente estabeleceu-se um novo termo: City Information Modeling (CIM), Modelagem da Informação da Cidade, em português, o qual visa transformar o modo como os planejadores urbanos lidam com os seus planos (AMORIM, A. L. D., 2015). Stojanovski (2013) estabelece que o CIM é uma analogia ao BIM em urbanismo. É um sistema de elementos urbanos representados por símbolos em um espaço 2D e dentro de um espaço 3D. Ele também é concebido como expansão 3D do GIS enriquecido com vistas em vários níveis e múltiplas escalas, caixa de ferramentas de
projeto
e
inventário
de
elementos
3D
com
seus
relacionamentos
(STOJANOVSKI, 2013.) Desta forma, entende-se que o CIM seria equivalente ao conceito BIM para a projetação urbana. Mas embora Stojanovski (2013) conceitue desta maneira, sua visão explicitada no artigo “City Information Modeling (CIM) and Urbanism: Blocks, Connections, Territories, People and Situations” aproxima o CIM mais de um recurso para análise das complexas relações urbanas do que de um conjunto de ferramentas para a projeção e a gestão urbanas. Paradoxalmente, descreve uma situação muito mais próxima do GIS, que ele considera limitado para as aplicações urbanas, do que de uma visão de BIM, considerado por ele como mais adequado. Assim, ele não atenderia às necessidades do Arquiteto e Urbanista. A pesquisa realizada pela Mc-Graw-Hill Construction (2012) aponta uma adequação do uso do BIM para a Infraestrutura, que é diretamente ligada à cidade. Logo, essa adaptação também pode ser realizada no Urbanismo, de modo a contribuir para o desenvolvimento e difusão da tecnologia CIM. Com a utilização do software adequado, o processo de tomadas de decisões é facilitado através de uma melhor forma de visualização do projeto desde sua fase inicial, até o produto final, o que pode resultar em agregação de valor. Uma das principais limitações da implementação do BIM está associada aos custos na aquisição, manutenção e aprimoramento das licenças de softwares, que
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
44
representam um gasto superior com relação ao método tradicional. Vale ressaltar que esse custo é equivalente às possibilidades que essa tecnologia apresenta.
2.2.
A UTILIZAÇÃO DE PROGRAMAS COMPUTACIONAIS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA E URBANISMO
Para que todos os objetivos desta pesquisa fossem cumpridos, foi necessário fazer um levantamento sobre a utilização de softwares, de modo a coletar o maior número de informações possíveis a respeito da difusão da tecnologia BIM dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFES. 2.2.1 A utilização de programas computacionais no âmbito da Arquitetura e Urbanismo Fazer uso de tecnologias disponíveis é eficaz na concepção e desenvolvimento de projetos. Entretanto, no setor acadêmico, é eminente a diferença entre a quantidade de disciplinas teóricas em relação a quantidade de disciplinas que tendem a auxiliar na compreensão do espaço tridimensional, através de metodologias de ensino que abordem o uso ferramentas com inteligência computacional. Das 45 disciplinas obrigatórias que fazem parte do currículo do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFES, apenas 01 (Computação Gráfica para Arquitetura) é voltada para a computação. Além dessas, ainda são ofertadas disciplinas optativas, porém não são a mesma quantidade e mesmo foco em cada semestre, o que resulta no acúmulo de disciplinas do aluno caso o mesmo opte por garantir a participação na matéria. A disseminação do uso dessas tecnologias se faz necessária à medida que as mesmas avançam. Um dos pilares desta pesquisa visa coletar informações quanto aos possíveis impactos que essa diferença pode gerar na formação do arquiteto urbanista. O outro, se baseia no conhecimento dessas tecnologias. Para a realização do levantamento, adotou-se dois métodos como fonte para a obtenção de dados a respeito da formação acadêmica e a utilização de programas computacionais do profissional em questão. O primeiro por meio de um questionário online, devido à quantidade de pessoas a serem entrevistadas, e o segundo por meio de entrevistas presenciais. Ambos os métodos foram montados contendo questões discursivas e de múltiplas escolhas, sendo essas com foco para a obtenção de dados estatísticos. Já as questões discursivas foram utilizadas para
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
45
analisar opiniões individuais dos discentes e docentes que contribuíram para a realização desta pesquisa. Para a criação dos questionários, utilizou-se da ferramenta Google Docs. Tal ferramenta facilitou o envio dos questionários via email e auxiliou no agrupamento das respostas. 2.2.1.1 Aplicação de Questionário com os Alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo A primeira metodologia abordada, realizada por meio de formulário online (modelo apresentado no Apêndice A), no período de 01 de novembro de 2018 a 05 de dezembro de 2018 obteve o retorno de 75 graduandos em arquitetura e urbanismo, sendo em sua grande maioria, alunos da UFES. Os questionamentos foram separados em duas seções, como mostra a tabela a seguir. Tabela 8 - Grade de perguntas realizadas aos alunos no questionário.
O QUE BUSCOU SABER
Seção 01: Dados pessoais e
PERGUNTA NO QUESTIONÁRIO
1.
Endereço de e-mail;
2.
Nome Completo;
3.
Se está de fato cursando Arquitetura e Urbanismo;
4.
Período e Instituição de Ensino;
5.
Quais softwares você costuma utilizar para conceber projeto de
formação acadêmica
ARQUITETURA e INTERIORES? 6.
Quais softwares você costuma utilizar para conceber projeto de URBANISMO e PAISAGISMO?
7.
Atribua uma nota para a OTIMIZAÇÃO DE TEMPO de execução que esse sistema proporciona;
8. Seção 02:
Atribua uma nota para a QUALIDADE GRÁFICA de produto final que esse sistema proporciona;
9.
Ao utilizar um software com essa tecnologia, você costuma
Sobre o conhecimento
exportar para outros programas ou consegue executar todo o
da tecnologia BIM
projeto dentro de uma mesma ferramenta? 10. Dentre os softwares que você conhece, qual possui uma interface mais didática? 11.
Alguma vez já foi prejudicado por um programa computacional por insuficiência do mesmo? Em qual disciplina?
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
46
12. Acredita que o mercado carece de programas com essa tecnologia para determinadas áreas? Quais seriam? 13. Espaço para sugerir, relatar ou desabafar sobre o assunto abordado nesta pesquisa.
Fonte: A Autora, 2018.
Apresenta-se a seguir alguns gráficos quantitativos referentes às respostas obtidas nesta análise através das questões de múltipla escolha. A primeira pergunta buscava descobrir qual o software entre os mais conhecidos no mercado é o mais utilizado entre os universitários para conceber projeto de arquitetura e interiores (Gráfico 1). Gráfico 1 - Software utilizado para conceber projeto de Arquitetura e Interiores.
Fonte: A Autora, 2018.
O resultado demostra que o software mais utilizado entre os estudantes na concepção arquitetônica é o AutoCad, software para representação gráfica comumente utilizado para execução de desenhos técnicos em perspectiva bidimensional. A extensão do seu arquivo (dwg) é compatível com a maioria das tecnologias.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
47
O segundo questionamento também buscou descobrir qual o software entre os mais conhecidos no mercado é o mais utilizado entre os universitários, mas dessa vez, para conceber projeto de urbanismo e paisagismo (Gráfico 2). O resultado obtido demostra que o software mais utilizado entre os estudantes para as disciplinas de urbanismo e paisagismo também é o AutoCad. Este resultado pode ser observado abaixo. Gráfico 2 - Software utilizado para conceber projeto de Urbanismo e Paisagismo.
Fonte: A Autora, 2018.
A terceira pergunta, foi sobre como aprendeu utilizar os estes softwares, citados anteriormente. O resultado obtido constata que mais da metade dos entrevistados aprendeu a utilizar esses programas apenas assistindo vídeo-aulas disponibilizadas na internet, como demonstra o gráfico (Gráfico 3) a seguir.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
48
Gráfico 3 – Forma de aprendizagem dessas ferramentas.
Fonte: A Autora, 2018.
A quarta pergunta focou na tecnologia BIM. Essa pergunta consiste em atribuir uma nota de 0 a 10 quanto à otimização de tempo que programas com essa tecnologia podem oferecer (Gráfico 4). Gráfico 4 – Atribuição de nota para otimização de tempo ao utilizar ferramenta BIM.
Fonte: A Autora, 2018.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
49
O resultado obtido constata que aproximadamente 27% dos entrevistados atribuem uma nota 8 à otimização de tempo dessa plataforma. Vale ressaltar que nenhuma pessoa atribuiu um valor inferior a 5 pontos, o que pode ser considerado uma pontuação positiva em uma escala de 0 a 10. A mesma análise foi realizada na quinta questão, entretanto a pergunta se baseava em analisar a qualidade gráfica do produto final, como pode ser visto abaixo (Gráfico 5). O resultado obtido nessa seção constata que 45% dos entrevistados atribui nota 9 à qualidade gráfica do produto final de projetos concebidos em softwares BIM. Gráfico 5 - Nota para Qualidade Gráfica do produto ao utilizar ferramenta BIM.
Fonte: A Autora, 2018.
Mantendo o foco na tecnologia BIM supramencionada, a próxima pergunta procurou levantar a utilização de mais de um software para concepção de projetos conforme apresenta o Gráfico 6:
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
50
Gráfico 6 - Quantidade de Softwares que utiliza para desenvolver um projeto.
1,4% 17,8%
80,8%
Fonte: A Autora, 2018.
O resultado obtido aponta que 80,8% das pessoas entrevistadas, mesmo que façam uso de pelo menos um software com tecnologia BIM, ainda assim utilizam dois ou três softwares diferentes para a concepção e finalização dos mesmos, apontando uma possível insuficiência dessas tecnologias ou excesso de demanda que provêm para a concepção de arquitetônica, urbanística ou paisagística. A última pergunta abriu espaço para coletar depoimentos com intuito de chamar atenção para essa problemática que é vivenciada no meio acadêmico. A opinião de membros externos é uma rica contribuição para o desenvolvimento dessa pesquisa. Os nomes foram mantidos em sigilo para resguardar a opinião dos respondentes. Sendo assim, destacam-se a seguir: (...) o fato desse software "perfeito" para PU não existir nos faz perder muito tempo pulando de um programa para outro para conseguir completar um projeto. Existem muitos programas que funcionam como meios de conceber um projeto urbano, mas como não foram feitos especialmente para isso acabam não tendo uma boa otimização (em vários aspectos) (ANÔNIMO A, 2018). (...) o que não é o caso do Revit / Archicad que foram feitos e pensados especialmente para projetos arquitetônicos e por isso oferecem um conjunto completo de ferramentas capazes de auxiliar o projeto do início ao fim, sem precisar de auxilio de outros softwares para a conclusão de um projeto (isto é, quando a pessoa sabe utilizá-los direito) (ANÔNIMO B, 2018).
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
51
(...) acredito que essas carências de ferramentas computacionais adequadas para projetos urbanos contribuem muito para que os estudantes se interessem cada vez menos pela área de projetos urbanos, visto que o contato com a produção gráfica desses trabalhos sempre oferece obstáculos cansativos e desmotivantes. E a indiferença e falta de empatia dos professores sobre os percalços da disciplina só contribui para o aumento esse desinteresse (ANÔNIMO C, 2018). (...) a falta de apoio da universidade, inclusive em relação à falta de computadores para os alunos, e a incompatibilidade de diferentes versões dos programas deixa tudo muito confuso e desorganizado (ANÔNIMO D, 2018). (...) é notável que tais programas são fundamentais para que alguém consiga se formar como arquiteto. Cada vez mais é exigido dos alunos conhecerem e aprenderem como utilizarem os mesmos. No entanto, o acesso ao conhecimento de como usá-los ainda é um pouco negligente vindo das instituições de ensino (ANÔNIMO E, 2018). (...) acho que deveriam ter mais aulas para aprender a utilizar esses programas, porque as aulas que temos na faculdade ou não ensinam nada ou não ensinam o suficiente (ANÔNIMO F, 2018). (...) acho que deveria haver um melhor ensino desse sistema nas universidades, uma vez que está sendo cada vez mais utilizado e os cursos externos são extremamente caros e demandam um tempo que um estudante de arquitetura geralmente não possui (ANÔNIMO G, 2018). (...) estou fazendo a disciplina de urbanismo 3 nesse semestre (2018/2) e me deparei mais uma vez com a dificuldade de executar um projeto urbanístico sem retrabalho (ANÔNIMO H, 2018). (...) descobri recentemente a existência do programa Infraworks, que ainda não utilizei, mas parece ser de grande utilidade para essa área (ANÔNIMO I, 2018). (...) quanto aos demais programas, me pego na dificuldade de sempre, de precisar realizar um diagrama em um programa, idealização em outro, implantação do projeto em um terceiro. Atualmente o que tem melhor me atendido é o SketchUp, através de plug-ins consigo resolver várias questões. Só que o programa deixa muito a desejar nessa disciplina também, por não ser voltado para isso acaba apresentando muito gargalo em projetos de maior complexidade. Até dá para fazer o que se precisa, à custa de muito estudo por vídeo aulas e alguns vírus no computador de tanto baixar os tais plug-ins (ANÔNIMO J, 2018).
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
52
(...) eu tenho alto conhecimento sobre o software AutoCAD e o utilizo há 4 anos. Entretanto, no ano passado, (2017) conheci, em uma palestra, o sistema BIM e sua aplicação por meio do Revit. A partir desse momento fiquei muito impressionada com as facilidades e otimização de tempo que o programa oferece, se comparado ao AutoCAD, favorecendo diversos aspectos do processo de concepção projetual, dentre os quais a compatibilidade de projetos, que muitas vezes não ocorre de maneira adequada, visto a gama de profissionais de diferentes formações envolvida na concepção do projeto (ANÔNIMO L, 2018). (...) o bom conhecimento de ferramentas BIM para a profissão de arquitetos e urbanistas, se torna cada dia mais fundamental, uma vez que auxiliam estes profissionais a tomar decisões de projeto de forma mais concisas, mesmo nas fases mais iniciais de projeto. O arquiteto (a) tem em mãos o projeto em sua completude, já que estas ferramentas fazem com que a compatibilização das disciplinas se dê de forma mais fácil, possibilitando, ainda por cima, a extração de quantitativos precisos (ANÔNIMO M, 2018). (...) acho que a qualidade e quantidade de softwares é muito grande e boa. O que falta é a disseminação e ensino desses softwares dentro do ambiente acadêmico (ANÔNIMO N, 2018). (...) a falta de acesso a uma máquina adequado limita a utilização desses programas (ANÔNIMO O, 2018). (...) acho “super valido” o seu tema e todos nós sentimos a necessidade de programas que dialoguem mais com o contexto urbano, além do ser necessário a difusão do sistema BIM em todas as etapas de projeto, contribuindo para construção de arquitetura/urbano com maior qualidade e otimização de tempo (ANÔNIMO P, 2018).
2.2.1.2 Entrevista com Professores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo UFES Outra categoria pertencente à comunidade acadêmica e que tem fundamental importância na formação do arquiteto urbanista, é a categoria dos mestres e doutores. Foram selecionados 15 docentes para participar deste estudo, em um total de 20 professores efetivos. A seleção se deu através da área de ensino desse profissional no curso, ou seja, professores de disciplinas de projeto, seja ele de arquitetura, urbanismo, paisagismo ou patrimônio.
O convite para a colaboração desta
pesquisa se deu através do contato direto com o docente por meio de e-mail.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
53
Dentre os 15 docentes, quatro não puderam participar das entrevistas por estarem em licença e cinco não responderam à solicitação. As entrevistas também foram estruturadas, fazendo uso de um roteiro previamente estabelecido (modelo apresentado no Apêndice B), até mesmo para que houvesse um controle sobre o tempo da entrevista. Estima-se que casa entrevista levou de 20 a 25 minutos. Alternam-se perguntas de múltipla escolha e discursivas, uma vez que o objetivo é identificar a percepção dos professores em relação ao conhecimento da tecnologia BIM. O roteiro foi estruturado conforme apresenta a tabela abaixo (Tabela 9). Tabela 9 - Grade de perguntas realizadas aos professores na entrevista. O QUE BUSCOU SABER
Sobre o conhecimento
PERGUNTA NA ENTREVISTA
1.
da tecnologia BIM
Dados pessoais e formação acadêmica
O que você entende como Building Information Modeling (BIM)?
2.
Nome Completo;
3.
Curso e Faculdade onde se formou;
4.
Ano da formatura;
5.
Tempo que exerce o magistério;
6.
Quais disciplinas leciona atualmente?
7.
Em qual Instituição?
8.
Ano de ingresso na UFES;
9.
Você como professor utiliza em sua disciplina algum software?
10. Quanto ao uso de softwares em sua disciplina; Sobre a utilização de
11.
Você como professor, pensando em sua disciplina, sente
softwares em sua
necessidade de aprender novos softwares ou aprimorar o
disciplina
domínio de algum (uns)? Se sim, quais seriam? 12. Existe
algum
software
que
atenda
integralmente
às
necessidades de execução que sua disciplina demanda? Se sim, quais.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
54
13. De que maneira o uso do software errado pode atrapalhar sua disciplina? 14. No seu entendimento, qual estágio atual do uso do BIM no curso de Arquitetura e Urbanismo UFES? 15. Na sua opinião, o que o BIM poderia trazer de ganho para o projeto desenvolvido na disciplina? 16. Na sua opinião, o que o BIM poderia trazer de ganho para a formação profissional do aluno? 17. Quais seriam as possíveis limitações de se implantar o BIM no curso de arquitetura e urbanismo UFES?
Fonte: A Autora, 2018.
Avaliando as respostas dadas por cada entrevistado, é possível concluir os seguintes pontos a respeito do conhecimento e uso do BIM no curso de Arquitetura e Urbanismo UFES:
Em sua maioria, conhecem superficialmente essa tecnologia;
Apenas um professor não utiliza ou aconselha o uso desta tecnologia em sua disciplina, pois acredita que ela não se faz necessária;
Os softwares utilizados em sua disciplina ficam a livre escolha dos alunos;
Professores sempre estão dispostos a aprender novas ferramentas, mas a carga horaria não seria suficiente para ensinar o software para o aluno e ainda ministrar o escopo exigido pela Universidade;
Em sua maioria, afirmam não conhecer algum software que atenda integralmente às necessidades que sua disciplina dispõe; e
Dentre as possíveis limitações de se implementar o BIM no curso, estão a falta de professores capacitados e a necessidade de treinamento BIM dos membros do corpo docente.
As respostas que se referiam à identidade e a formação acadêmica são para armazenamento de dados referentes à entrevista. A identidade pessoal de cada entrevistado foi preservada, mesmo que todos eles tenham concordado em divulgar seu nome, quando necessário. Esta pesquisa está dentro das conformidades impostas no Código de Ética da Auditoria-Geral da UFES, disponível no Anexo da Resolução Nº 15/2015, disponível no portal da Universidade.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
55
2.2.2 Levantamento junto a profissionais de escritórios Acredita-se que os conhecimentos adquiridos no decorrer da graduação sejam refletidos na vida do indivíduo em sua atuação profissional. Muitos escritórios de arquitetura e suas demais áreas, traçam o perfil de seus colaboradores prédeterminando os conhecimentos que o mesmo precisa ter para se juntar à instituição. Essa pré-seleção é feita primordialmente para a interação com uma ferramenta comum de trabalho, gerando economia de tempo e dinheiro. Entre os grupos apresentados até aqui para realizar essa análise, o grupo das empresas, ou profissionais (externos) atuantes, é que sofre um impacto direto maior com a oferta e procura de programas computacionais. A concorrência exige que o produto oferecido seja bonito, e prático a alterações. Uma pesquisa entre os profissionais atuantes nos escritórios de arquitetura e urbanismo também foi realizada, sendo esse grupo o de maior dificuldade em obter retorno sendo contabilizadas um total de dez respostas. O questionário foi realizado por meio de formulário online, com perguntas sucintas (modelo apresentado no Apêndice C). Para tal também foi utilizada a ferramenta Google Docs. A seguir, apresenta-se os gráficos referentes as respostas obtidas dos profissionais. Gráfico 7 – Relação quantidade de pessoas versus ano de conclusão de curso.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
Gráfico 8 - Softwares aprendidos durante a graduação.
Fonte: A Autora, 2019. Gráfico 9 - Área de atuação do escritório em que trabalha.
Fonte: A Autora, 2019. Gráfico 10 - Eficiência do software para atender à necessidade projetual.
Fonte: A Autora, 2019.
56
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
57
Esse tipo de pesquisa proporcionando uma visão “futura” é fundamental para estimular o uso e conhecimentos de programas, ainda na fase acadêmica.
A
apresentação de exemplos de possíveis aplicações utilizando estas tecnologias encoraja o desenvolvimento do mesmo.
2.3.
PANORAMA GERAL DOS SOFTWARES DE TECNOLOGIA BIM
A substituição no método de conceber projetos, assim como fazer cálculos complexos, escrever textos, fazer analises georreferenciadas e criar listas e planilhas fez com que houvesse uma transição do uso exclusivo do grafite para o mouse e sua diversa cartilha de atalhos no teclado. Assim como tudo que é novo, há muito o que melhorar no desenvolvimento desses programas, entretanto, é eminente que essa indústria tecnológica não para de crescer. Como já dito, a variedade de ferramentas disponíveis é tamanha, mas em sua grande parte, a funcionalidade para que são voltadas é a de desenvolvimento de projetos de edificações, sejam eles de pequena, média ou grande escala. Assim, visando fazer uma breve avaliação a respeito de softwares, foram escolhidos alguns onde o critério de seleção foi a viabilidade. Os critérios para serem avaliados foram: em qual das áreas da Arquitetura e Urbanismo esse programa tem uma melhor aplicação; a compatibilidade entre outros programas; a velocidade de processamento; a viabilidade; a interface que apresenta; e qualidade gráfica do produto final. Com base na lista de softwares mais utilizados atualmente pelos entrevistados, foram selecionados cinco programas de desenvolvedores e tecnologias diferentes feitas as comparações e análises iniciais entre eles. A avaliação inicial é realizada individualmente para cada programa e posteriormente comparada em uma tabela. Esta análise foi realizada com o intuito de avaliar as funcionalidades de cada programa a fim de conhece-los e identificar quais seriam os mais apiteis para serem utilizados no estudo de caso desta pesquisa.
1. O precursor dos softwares voltados para as áreas da AEC foi desenvolvido em 1982 pela Autodesk, o AutocAD (Computer Aided Design) é um programa utilizado para
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
58
desenvolvimento de desenho de diversos produtos em inúmeras áreas como arquitetura, urbanismo, engenharia civil, elétrica, mecânica, entre outras. Foi um dos primeiros programas com essa capacidade de rodar em computadores pessoais e mesmo após quase 30 anos de existência, é uma ferramenta ainda muito utilizada. Por ser um aplicativo gráfico e bastante completo, quanto melhor forem os recursos do computador (processador, placa de vídeo, monitor, memória RAM), melhor será a performance do software. É um software não pertencente ao sistema BIM e sua maior utilização se dá como ferramenta de desenho técnico e representação / diagramação de prancha. Vem sendo substituído dentro das disciplinas de AEC por softwares mais atualizados e com mais ferramentas, entretanto seu uso no desenvolvimento do projeto urbano ainda se estabelece forte. A aquisição desse software é realizada através do site do desenvolvedor, sem que haja muita dificuldade, onde o usuário pode optar entre as versões Autocad, uma versão completa do programa; a versão Autocad LT, que não contempla a versão 3D do programa; e a versão educacional, que consiste na aquisição total do programa para estudantes que desejam utilizá-lo, garantindo 3 anos de licença para uso não comercial. Entre suas características, pode-se destacar: Produção de desenhos e documentação 2D com um conjunto abrangente de ferramentas de desenho, edição e anotação; Produção de desenhos de modelagem e visualização 3D. Importação da geometria, arquivos de fonte SHX, preenchimentos, imagens raster e texto, de um PDF para um desenho; Comunicação com softwares do mesmo desenvolvedor (Autodesk); e Capacidade de leitura de arquivos de outros desenvolvedores desde que salvos em sua extensão dwg. A desvantagem da utilização desse software, é o tempo. Por se tratar de uma ferramenta de desenho, o resultado gráfico e detalhado no projeto provém do tempo de dedicação para seu desenvolvimento. Alterações de projeto realizados em planta devem ser aplicados em cortes, vistas ou similares, o que resulta em mais tempo de execução do desenho em si do que o desenvolvimento do projeto.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
59
2. É uma ferramenta desenvolvida pela Autodesk, voltada para elaboração e análise de projetos nos mais diversos ramos da engenharia civil. Além de possuir todas as funcionalidades do AutoCAD na sua aba “desenho e anotação”, o Civil 3D possui uma cartilha de ferramentas exclusivas que permite o desenvolvimento de projetos na área de transportes, sistemas de informação geográficas (SIG) e inúmeras aplicações relacionadas ao meio ambiente, como análise de bacias hidrográficas e estudos hidráulicos e hidrológicos, tudo isso com certa facilidade. Sua versão pode ser adquirida no site do desenvolvedor. A Autodesk, desenvolvedor desse sistema que pertence à plataforma BIM, relata: “O software AutoCAD Civil 3D é a solução de modelagem de informações de construção (BIM) para uso em projetos e documentação de engenharia civil. O Civil 3D foi desenvolvido para engenheiros civis, desenhistas, designers e técnicos que trabalham em projetos de transporte, urbanização e de redes de água e esgoto. Mantenha a coordenação e explore as opções de projeto, analise o desempenho da obra e forneça uma documentação consistente e de maior qualidade - tudo dentro de um familiar ambiente AutoCAD. ” (AUTODESK, 2016)
Entre suas características, pode-se destacar: Realiza repetições de projetos com mais rapidez, usando um aplicativo inteligente que se baseia em modelos 3D e atualiza dinamicamente os elementos relacionados do projeto quando as alterações são feitas; Compatível com softwares do mesmo desenvolvedor (Autodesk); Capacidade de leitura de arquivos de outros desenvolvedores desde que salvos em sua extensão dwg. Possui versão educacional disponível para download; Projeta e determina a disposição de cruzamentos, rotatórias e corredores,
parcelas,
tubulações
e
grades
com
ferramentas
específicas e padrões de projeto personalizáveis; Otimiza o uso de materiais processando volumes de terra e realizando quantificações.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
60
Realiza análises de águas pluviais e esgotos; e Acessa e utiliza dados geoespaciais, inclusive permite manipular e realizar análises para avaliar as condições existentes. Existem outros aplicativos de georreferenciamento para se trabalhar em formatos dwg como por exemplo, a ferramenta TBN2CD. Entretanto, assim como o exemplo anterior, são pagos. O Autocad Civil 3D possui essa função sem que seja necessário adicionar uma extensão, gratuitamente, como pode ser possível visualizar nas imagens abaixo: Figura 10 - Imagem aérea de georreferenciamento bairro Jardim da Penha - Vitória /ES, realizada na ferramenta.
Fonte: A Autora, 2018. Figura 11 - Imagem aérea de mapeamento do bairro Jardim da Penha - Vitória /ES
Fonte: A Autora, 2018.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
61
3. O Infraworks é a plataforma BIM da Autodesk que permite parâmetros de base modelos planejando e criando uma infraestrutura civil no contexto simulação realista. Pode-se resumir esse software como: “Direcionado para arquitetos em projetos de planejamento urbano e engenheiros civis em projetos de infraestrutura, o Infraworks é utilizado na fase conceitual de projetos de infraestrutura, possibilitando estudos de alternativas de projetos e a comunicação destes com todos os envolvidos. Além disso, possui ferramentas de simulação de tráfego e de mobilidade que poderão prever possíveis problemas de projeto e que te ajudarão a chegar em melhores soluções de engenharia. Utilizando o conceito BIM, o Infraworks consegue conversar com outros softwares de geoprocessamento como o AutoCAD Map 3D, nuvem de pontos do Recap (ambas tecnologias deste mesmo desenvolvedor), e interage nos dois sentidos com o AutoCAD Civil 3D, possibilitando a troca de informações de superfícies e projetos viários. Com o Infraworks também é possível levar para o Revit os modelos de Obras de Arte como pontes e túneis. ” (AUTODESK, 2016)
Segundo a Autodesk (2016) o Infraworks 360 é muito útil para uma engenharia preliminar, num ambiente visual onde as ideias e resultados podem facilmente se comunicar. É, também, ótimo ao criar contexto no qual ideias de projetos podem ser comunicadas. Isto é muito útil para a parte do pré-projeto onde o desenho do projeto pode mudar rapidamente e precisa ser comunicado frequentemente e prontamente. Uma vez que o desenho é estabelecido e a equipe do projeto e partes interessadas têm uma ideia mais clara das diretrizes que seguirão, o projeto pode então ir para o Civil 3D para o detalhamento de desenho e documentação. Uma restrição do software é que, como se utiliza da base geográfica do Bing (ferramenta de pesquisa e base geografia concorrente do famigerado Google), os locais onde não forem contemplados com imagens via satélite serão menos providas de informações no modelo. Porém, é possível realizar o aprimoramento do modelo, e inserir os dados necessários para a sua análise. A ferramenta abre arquivos em 2D, 3D, shape file, raster, entre outros. Dentre suas características, sendo grande parte para uso na engenharia civil, podese destacar para o uso em urbanismo: É compatível com softwares do mesmo desenvolvedor (Autodesk);
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
62
Praticidade de criação e avaliação de propostas de projeto urbano e infraestrutura, assim como facilita a visualização do modelo em 2D e 3D; Realiza análises de insolação, gabarito, elevação, drenagem, tráfego ou qualquer análise que possa ser manipulada na ferramenta; Transforma dados geo espaciais 2D em modelos 3D que facilitam a compreensão da área de estudo; Importa dados georreferenciadas para aprimoramento do modelo, como ortofoto atualizada, shapes de vegetação e modelos digitais de edificação; Permite visualizar o design, compartilha modelos baseados em nuvem e transforma designs em apresentações atraentes através das imagens renderizadas e vídeos em terceira dimensão; e Calcula a quantidade da infraestrutura subterrânea por profundidade, massa da edificação, volumes etc. Outro ponto de destaque que pode ser atribuído à ferramenta, é a interface didática. A caixa de ferramentas fica na lateral esquerda sem que seja necessário abrir várias janelas para encontrar uma função. A imagem abaixo (Figura 12), apresenta a interface com uma pequena análise feita pelo autor, com destaque para a barra de ferramentas. Figura 12 – Interface Infraworks.
Fonte: A Autora, 2018.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
63
A Figura 13, é uma imagem final extraída dessa ferramenta. A proximidade com a realidade e a qualidade final do produto é de se destacar em relação ás outras ferramentas, principalmente no que diz respeito a projetos de escalas gigantes, como são os projetos urbanos em relação aos projetos arquitetônicos. Figura 13 - Perspectiva da Baia de Vitória/ES – Modelo 3D Infraworks
Fonte: A Autora, 2017.
4. Assim como os softwares anteriores, o Revit pertence ao mesmo desenvolvedor (Autodesk) e também possui a plataforma BIM. Seu uso é atribuído para planejar, projetar, construir e gerenciar edifícios e infraestrutura. Entretanto é subdivido em recursos gráficos e computacionais para Arquitetura, Engenharia e fabricação Estrutural e Engenharia e fabricação Mecânica, Elétrica e Hidráulica não possuindo atribuição específica para o Urbanismo e Paisagismo. Assim como outros softwares, é possível fazer uma adaptação e construir calçadas, canteiros e avenidas criando diferentes tipos de lajes. Pode-se destacar entre suas características: Compatível com softwares do mesmo desenvolvedor (Autodesk);
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
64
Interface semelhante à de outros softwares como o AutoCad e AutoCad Civil 3D, facilitando o reconhecimento e aprendizagem das ferramentas; Excelência no projeto técnico de arquitetura oferecendo todas as ferramentas necessárias; e Gerenciamento e tabelas de custos feitas de modo automático referentes ao custo da obra; Devido à grande extensão territorial de projetos de urbanismo, a adaptação para uso desse software nesses projetos faz com que grandes áreas representando zonas verdes ou rodovias fazem com que o arquivo fique muito pesado e prejudique o desenvolvimento do seu computador.
5. Embora pertença a um outro desenvolvedor, a companhia Húngara Graphisoft, o ArchiCad também possui plataforma BIM e seu uso é bem semelhante ao Revit. Seu foco é na arquitetura e no design também não possuindo ferramentas especificas para a criação de projeto de urbanismo ou paisagismo. Seu uso pode ser adaptado e assim como no software anterior, utilizando-se de lajes e elementos externos para compor a geometria. Essa ferramenta possui tecnologia BIM, porém não é compatível com os softwares descritos anteriormente, entretanto, é possível salvar o arquivo em formato em .dwg e abri-lo em programas que suportem esse formato. É necessário ficar atento a possíveis erros de exportação que podem danificar dados provenientes da fonte. Pode-se destacar entre suas características: Não há compatibilidade de projeto com os softwares descritos anteriormente devido a pertencer a outro desenvolvedor, apenas dos arquivos em extensões dwg, ifc; Interface diferente e com muitas funções ocultas. Para iniciantes não é muito didático, mas ao decorrer do uso é um dos mais indicados devido a flexibilidade que esse software apresenta; Excelência em projetos de interiores e visualização do modelo em 3D; e
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
65
Importa e exporta modelos e vistas em formatos que podem ser abertos em outros programas operacionais como Sketchup e Lumion. Abaixo,
apresenta-se
uma
tabela
relacionando
os
softwares
descritos
anteriormente com a área que o mesmo é comumente utilizado. Tabela 10 - Softwares e Área de Aplicação SOFTWARE
ÁREA DE APLICAÇÃO
AutoCad
Arquitetura e Urbanismo
AutoCad Civil 3D
Engenharia Civil
Infraworks
Engenharia Civil
Revit
Arquitetura
Archicad
Arquitetura
Fonte: A Autora, 2018.
A seguir, é apresentada uma síntese entre essas ferramentas e seu resultado de desempenho, embasado nas experiências pessoais da autora com os softwares, quanto à essa utilização. O resultado referente ao produto final se dá levando em consideração a relação entre o resultado final e o tempo de dedicação para a realização do mesmo, sendo “pequeno prazo” um curto espaço de tempo de desenvolvimento do projeto (dias), “médio” um prazo intermediário (semanas) e “longo” um tempo maior de dedicação e desenvolvimento (meses). Essa escalabilidade, também pode ser associado à praticidade. Tabela 11 – Tabela Síntese COMPATIBILIDADE
VELOCIDADE PROJETUAL
INTERFACE
AutoCad
Arquivos .dwg
Baixa
Muito Boa
Civil 3D
Arquivos .dwg
Média
Muito Boa
PRODUTO FINAL Ótimo a longo prazo (tempo de dedicação) Ótimo a médio prazo
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
Infraworks
Arquivos .dwg .skb .3ds .shp .rvt
66
Alta se para análise e projetos de
Muito Boa
Ótimo a curto prazo
infraestrutura.
Revit
Arquivos .rvt
Alta
Muito Boa
Ótimo a médio prazo
Archicad
Arquivos .pln
Alta
Muito Boa
Ótimo a médio prazo
Fonte: A Autora, 2019.
2.3.1. Importância de uma Interface de Software com Qualidade Além dos fatores que contribuem para o uso e desenvolvimento dos softwares apresentados até aqui, existe um fator de grande importância que está relacionado com a aprendizagem do programa para que o usuário possa utilizá-lo: a interface. Para isso, verifica-se a necessidade de cuidados relativos à qualidade do ambiente virtual. Um outro questionamento abordado na pesquisa realizada entre os universitários perguntava sobre qual dentre os softwares conhecidos apresentava uma interface mais didática. O resultado concedeu o primeiro lugar à ferramenta Skechup (Gráfico 11). Entretanto essa ferramenta não possui tecnologia BIM, constitui uma ferramenta de modelagem em três dimensões de elementos que podem ser considerados ou não elementos arquitetônicos. Gráfico 11 - Porcentagem de softwares considerados possuir uma interface mais didática.
Fonte: A Autora, 2018.
Como o foco dessa pesquisa é nesse tipo de tecnologia, dentre as ferramentas BIM analisadas, o software considerado pelos respondentes da pesquisa com a interface
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
67
mais didática foi o Archicad. Nota-se que a diferença em relação com o segundo colocado, o seu concorrente Revit não é discrepante e se pode atribuir esse resultado à familiarização que essas tecnologias apresentam quando, em vez de apresentar como ferramentas de trabalho linhas e malhas e passa a apresentar elementos, como portas, janelas e paredes. A interface do software eleita como mais didática é apresentada a seguir (Figura 14). Figura 14 - Interface Archicad.
Fonte: A Autora, 2018.
Simples elementos que compõem o display, como a cor, os ícones e a organização das ferramentas do programa são fundamentais para dar a segurança de que esse software oferece o que é procurado e que vai atender suas necessidades.
2.4.
ESTUDO DE PRECEDENTES: SORLI-BRUMUDDAL
Como já mencionado anteriormente, os softwares escolhidos são geralmente utilizados no ramo da engenharia civil, para a concepção de projetos de estradas e pontes. Para que a pesquisa não fosse em vão, foi necessário saber se de fato esses programas teriam capacidade de atender às demandas do urbanismo para a concepção de projetos. Assim, estudos de caso e projetos foram procurados para que a resposta desse questionamento fosse saciada.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
68
A utilização de softwares com tecnologia BIM é uma constante. A maior parte das empresas de arquitetura e engenharia do mundo são adeptas dessa tecnologia, mesmo que parcialmente. A seguir, apresenta-se um estudo de aplicação realizado na Noruega, para apresentar o possível o uso de novas tecnologias para a concepção de projetos de urbanismo e engenharia. Trata-se de uma avaliação abrangente do impacto de oportunidades alternativas de tráfico através dos municípios de Stange, Hamar e Brumunddal. Avaliação que dentre simula tempos de execução do trem para que o agendamento "no horário" durante os horários de pico do deslocamento pudesse ser calculado, otimiza as rotas novas, existentes e abandonadas para ganhos econômicos e ambientais, identifica antecipadamente as necessidades estruturais significativas, como pontes, túneis e edifícios técnicos e faz análise de águas pluviais e planícies de inundação. Essas avaliações são extremamente necessárias para concepção de projeto urbano, principalmente quando relacionados à mobilidade urbana e a infra e supra estruturas. FICHA TÉCNICA: TIPO: Projeto de Engenharia preliminar para ferrovias EMPRESA: Rambøll Sweco ANS PROJETO: InterCity Sørli-Brumunddal LOCALIZAÇÃO: Noruega PROPRIETÁRIO:
Jernbaneverket / Gerentes de Infra-estrutura Ferroviária
Norueguesa (JBV) A Noruega é mundialmente conhecida por suas belezas naturais. Mas o próprio terreno que o torna tão famoso pode representar desafios reais quando se trata de infraestrutura, como a Rambøll Sweco ANS descobriu quando foram contratados pelos Gerentes de Infraestrutura Ferroviária da Noruega para contribuir para um projeto de implantação de 75 quilômetros de trilhos duplos entre Sørli e Brummunddal (BANENOR, 2018). Por meio do uso de BIM, a equipe de projeto liderada pela JBV conseguiu superar os desafios do terreno, bem como a grande ordem de obter a aprovação de mais de 100 interessados.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
69
Em algumas seções, a Rambøll Sweco ANS precisava planejar uma pista inteiramente nova a ser construída; e ainda outras partes deveriam ter nova faixa interseção com a pista antiga. As linhas ferroviárias também tiveram que navegar pelas estradas, seja cruzando as ruas principais sobre a ferrovia, ou vice-versa. No entanto, o terreno representou o maior desafio. Os corredores ferroviários cruzam várias paisagens valiosas que possuem restrições ambientais e culturais significativas, incluindo uma importante reserva natural protegida pela Convenção de Ramsar - um tratado internacional para a conservação de áreas úmidas. O BIM tornou
possível
identificar
e
planejar
essas
áreas
precocemente.
Outra
preocupação especial era que a linha Sørli- Brummunddal continha linhas ferroviárias que seriam colocadas perto do lago Mjøsa, necessitando de análise de planície de inundação. O BIM permitiu simulações de eventos de inundação de 200 anos para ver como corredores e áreas de estação seriam afetados negativamente. Esta simulação também ajudou a determinar as elevações da plataforma da estação na cidade de Hamar para limitar, ou mesmo evitar, o tempo de inatividade das ferrovias durante as inundações (BANENOR, 2018). O planejamento do projeto InterCity também teve que levar em conta as necessidades dos moradores locais, um fator importante no trabalho do JBV. Desde o início, a Rambøll Sweco ANS teve que preservar elementos que eram de importância histórica e para manter o impacto ambiental ao mínimo, com a ajuda de agências locais. A comunicação externa foi um fator-chave, dado o forte interesse da mídia e dos grupos comunitários locais, e a necessidade de obter o consentimento do público e da agência. Tudo isso exigia um sistema que pudesse agregar enormes quantidades de dados diferentes e apresentá-lo em um formato fácil de visualizar e entender. As mudanças precisavam ser compreensíveis em todos os níveis, desde a base até os profissionais de engenharia mais sofisticados. E o cronograma apertado significava que a aceitação do projeto e o acordo de todas as partes interessadas deveriam ocorrer em tempo recorde. Um total de 120 participantes de projeto e aprovação usaram as ferramentas BIM como uma plataforma central para construir, projetar, propor, analisar, compartilhar e comentar durante todo o projeto (BANENOR, 2018). A nova linha InterCity propõe tempos de viagem mais curtos, capacidade dobrada e mais tráfego de carga, beneficiando um grande número de viajantes, bem como a economia.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
70
“Usar o BIM como ferramenta de planejamento melhorou nosso processo em praticamente todas as frentes”. Diz Kristin Lysebo, gerente de BIM do projeto InterCIty. E continua: “Com o BIM, poderíamos reduzir o impacto ambiental do nosso projeto, otimizar projetos entre disciplinas e aumentar a democracia e a transparência em nosso planejamento” (BANENOR, 2018). Figura 15 - InterCity Sørli-Brumunddal: Perspectiva.
Fonte: Biblioteca da Autodesk, 2016.
O uso de ferramentas e fluxos de trabalho inovadores para estabelecer um fluxo de trabalho confiável baseado em modelos foi fundamental, não só para atender às demandas e exigências do proprietário, mas também para ir além e estar na fronteira da fusão de software, tecnologia e conhecimento para melhorar eficiência do projeto, qualidade e impactos ambientais. O modelo tornou-se uma “fonte única de verdade” para a compreensão e comunicação do design e da intenção do projeto. Todos os processos conectados para projeto, análise, colaboração e visualização para todos os participantes e interessados, tanto internos quanto públicos, poderiam acessar e usar facilmente o modelo. Um resumo dos benefícios está listado abaixo: Compreensão clara do design para todos os participantes e partes interessadas; Capacidade de revelar questões de design e áreas de engenharia crítica em um estágio inicial de planejamento; Identificação de possíveis desafios de bloqueio de projetos;
Concepção do Projeto Urbano
71
a partir do sistema BIM
Melhor coordenação multidisciplinar nas fases inicial e detalhada;
Base aprimorada para
decisões em todas as fases;
Capacidade de visualizar
e mudar rapidamente entre várias alternativas de design;
Aceleração do processo
de aceitação do projeto e aprovação da comunidade; Fonte: Biblioteca da Autodesk, 2016. Figura 16 - InterCity Sørli-Brumunddal: Análises.
Impacto otimizado ou
ambiental
e
redução
de
custos; e Capacidade de compilar enormes quantidades de dados em um único modelo. Softwares Autodesk utilizados: InfraWorks, AutoCAD Civil 3D, AutoCAD, Revit e Autodesk 3ds MAX (BANENOR, 2018). Figura 17 - Vista área parcial InterCity.
Fonte: Biblioteca da Autodesk, 2016.
O estudo apresentado chama atenção pela dimensão da área de intervenção. Entretanto, no sítio eletrônico do desenvolvedor, é possível ter acesso a uma interessante biblioteca de projetos, de diferentes escalas e usos que devem ser conhecidos por todos.
3
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
72
3. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO DO BIM NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO URBANO Para o desenvolvimento deste exercício de aplicação foram utilizados os softwares Infraworks, para análise inicial e representação 3D e o Revit para elaboração e execução projetual. Foram analisadas as possibilidades projetuais desses softwares para otimização de processos nas etapas de análise e diagnóstico para a elaboração de propostas. Os benefícios da interoperabilidade e a integração entre as tecnologias BIM nesse tipo de concepção também serão avaliados a partir dos resultados obtidos na aplicação.
3.1.
OS SOFTWARES ESCOLHIDOS
Como já dito, foram utilizados os softwares Infraworks e Revit, ambos os softwares utilizam a metodologia BIM e são designados para o uso em AEC em geral. A escolha destes softwares foi feita por conta da sua acessibilidade e possibilidade para o uso que será destinado. É importante destacar que o Infraworks foi utilizado pela autora apenas para representação gráfica na disciplina de Urbanismo II, na etapa final de projeto. Os conhecimentos abordados neste capítulo são resultado da busca e aprimoramento para a realização desta pesquisa. Já o Revit, foi utilizado pela mesma nas disciplinas de projeto arquitetônico ao longo de sua formação acadêmica, o que contribuiu na otimização de tempo e aprofundamento na busca de informações do software até então, desconhecido. Para recapitular, o software Infraworks tem o objetivo de trazer o projeto de uma obra de engenharia para o contexto real onde ele será construído. Trata-se de um moderno programa de engenharia que integra as tecnologias BIM e GIS em um só modelo inteligente e em 3D. O software foi desenvolvido mais especificamente para ser utilizado em obras de infraestrutura (AUTODESK, 2014). O estudo de infraestrutura urbana não é restrito a engenheiros. A disciplina de Urbanismo, lida diretamente com o tema de infra e supra estrutura e indiretamente através das decisões projetuais de todas as suas vertentes: mobilidade urbana, patrimônio material e imaterial, sistema de espaços livres, uso do solo, tipologia urbana, cidade e natureza, geomorfologia e morfologia urbana e habitação e habitabilidade.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
73
O objetivo do programa é fazer com que o projeto passe a corresponder seu entorno, ou seja, integrar a modelagem em contexto. Os dados obtidos através do GIS fornecem informações georreferenciadas do terreno ou região onde a obra será inserida, fornecendo, portanto, as coordenadas geográficas e as cotas de elevação do terreno ou região onde estará o empreendimento assim como também as informações de relevo, nascentes de rios, áreas alagadas, áreas ocupadas, zonas urbanas, etc. Ou seja, as condições onde o projeto estará inserido (BRANDÃO, 2014). Trata-se, porém de um programa de uma análise, ineficiente para a modelagem de edifícios, mas sendo possível inserir ou representar através de volumetria. A partir das necessidades encontradas para atender às demandas provindas da arquitetura e do urbanismo, é necessária a utilização de um software auxiliar, capaz de possibilitar a construção e manipulação de edifícios e mobiliários arquitetônicos. Devido à viabilidade, o software utilizado foi o Revit, que possui mesmo desenvolvedor. O fato de escolher ferramentas de desenvolvedores compatíveis não é uma restrição. Como já dito, a interoperabilidade destas ferramentas pode acontecer através da exportação do elemento arquitetônico em modelo 3D em formato compatível. A opção pelo uso do Revit, em relação a seu concorrente Archicad, se deu crucialmente, pela não necessidade de exportação do modelo 3D, onde o arquivo em formato rvt (Revit) pode ser aberto diretamente na ferramenta Infraworks, otimizando o processo. O Revit é um software que utiliza a metodologia BIM e foi desenvolvido para ser usado em projetos de arquitetura, engenharia mecânica, elétrica e hidráulica e projeto estrutural, detalhamento e engenharia (AUTODESK, 2014). Porém, se refere ao detalhamento de engenharia no que diz respeito à questão estrutural. Ressalta-se que o uso do BIM permite a interoperabilidade entre diversos programas. Assim pode-se por exemplo, através deste software importar um projeto de uma construção vertical feita no Revit, e inserir dentro de um modelo Infraworks já criado com as condições reais de entorno, inclusive com obras de urbanismo e infraestrutura já incluídas. Desta forma é possível ter uma visualização do impacto do projeto em sua cidade ou região, por exemplo. (BRANDÃO, 2014). A interoperabilidade entre essas duas ferramentas visando primordialmente à otimização de projeto também será analisada.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
74
O exercício de aplicação deste trabalho será demonstrado através do uso do Infraworks para a concepção do projeto urbano a partir de análises e modelagem em contexto. 3.1.1. Interoperabilidade: Infraworks + Revit Por se tratar de um software de uso voltado à infraestrutura baseada na engenharia, o Infraworks possui uma integração dinâmica maior com o software BIM que possui essa função, o Autocad Civil 3D. O que difere a interoperabilidade da integração dinâmica, é que no primeiro caso, os dados e elementos importados só podem ser modificados dentro do seu software de origem, ou seja, caso alguma mudança venha a acontecer, é necessário abrir o programa, editar e fazer atualização. No segundo, a atualização acontece de maneira dinâmica, através de vinculo, que muitas vezes não precisa nem ser atualizado manualmente. Segundo a Autodesk, componentes de rodovias importados do Infraworks se tornarão automaticamente no civil 3D corredores de montagem simples e de sub montagem (SANTOS M. L., 2018). Desta maneira, acontece uma conversão automática e compatível de uma ferramenta 3D para uma que apesar de também possuir essa função, tem maior uso na representação 2D através de plantas, cortes e detalhes. No que diz respeito à arquitetura, com o uso do Revit, essa integração só é possível através das mudanças feitas em pontes. Quando uma ponte é desenvolvida dentro do Revit e inserida no Infraworks, ao analisar o entorno e ver necessidade de modificação, como a adição ou retirada de pontos de apoio por exemplo, existe a opção da atualização dinâmica, que atualiza simultaneamente com o modelo no Revit, não sendo necessário que o detalhamento, caso já realizado, não seja perdido (SANTOS M. L., 2018). Vale ressaltar que essa função de atualização dinâmica só está disponível a partir da versão 2019 do software Infraworks. Porém, essa função está restrita a pontes. Edifícios podem ser inseridos, entretanto não podem ser modificados dentro do Infraworks, sendo necessário editá-lo no programa de origem e posteriormente fazer a atualização do modelo.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
75
3.1.2. Conhecendo as ferramentas A funcionalidade de cada ferramenta, já foi mencionada. Essa seção tem o objetivo de introduzir os “primeiros passos” para a utilização dessas ferramentas. O enfoque maior se dá para o software Infraworks que, como abordado anteriormente na pesquisa de utilização de softwares, é o menos conhecido e utilizado. O software Revit será apresentado apenas no que se refere ao seu uso nesta aplicação, visto que seu conhecimento é consideravelmente mais difundido em relação à primeira ferramenta citada. A seguir, apresenta-se um breve guia de uso inicial do Infraworks. Passo 1: Interface Para obter esse software, basta ter acesso à página oficial do desenvolvedor, obter cadastro e descarregar. Caso seja estudante, o download é feito de forma gratuita e uma licença de três anos de uso de todas as ferramentas Autodesk é obtida. A versão utilizada pela autora, em todas as ferramentas utilizadas, se enquadra na descrita acima, e embora a versão paga da ferramenta possua mais vantagens do que a gratuita, não atrapalhou o desenvolvimento deste exercício. Na figura abaixo (Figura 18), é possível observar a interface inicial da ferramenta. Figura 18 - Página Inicial Infraworks.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
76
A ferramenta disponibiliza em sua página inicial alguns exemplos de modelos de regiões conhecidas internacionalmente, como Dubai, que podem ser abertos para que antes de começar a desenvolver o seu projeto, seja possível se familiarizar e conhecer melhor os elementos que esse software dispõe. É interessante iniciar através destes exemplos para perceber as possibilidades deste software. Passo 2: Gerar modelo no Infraworks. Para gerar um novo modelo, basta clicar em “gerar um novo modelo usando o gerador de modelos” que se encontra na barra de ferramentas na página inicial, conforme mostra a figura a seguir (Figura 19). Figura 19 - Gerar modelo.
Fonte: A Autora, 2019.
A base de dados da ferramenta é constituída de informações geográficas internacionais que facilitam a busca por localidade, basta ir aproximando a imagem com o mouse ou “pesquisar por localização”, no canto superior direito da página.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
77
Figura 20 - Busca por localidade.
Fonte: A Autora, 2019.
A ferramenta dispõe de duas formas de visualização, a estrada e o aéreo. Figura 21 - Tipos de visualização.
Fonte: A Autora, 2019.
A diferença está no modo de visualização que no modo Aéreo, consiste em imagem de satélite, como é possível observar na imagem a seguir.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
78
Figura 22 - Modo de visualização aéreo.
Fonte: A Autora, 2019.
Faz-se a busca pela região onde deseja gerar um modelo. Como a base de dados é internacional, a busca é facilitada. Figura 23 - Buscando uma região por nome.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
79
Figura 24 - Área limite de exportação no Infraworks.
Fonte: A Autora, 2019.
Percebe-se que a ferramenta possui um limite de recorte de 200km². Isso se dá pela quantidade de informações geográficas que são exportadas. Vale ressaltar que quanto maior for sua área de exportação, mais carregado ficará seu modelo. Isso pode ocasionar uma demora maior para abrir ou carregar as propriedades. O ideal é que se trabalhe com sua área e seu entorno imediato. Figura 25 - Criando a geometria da área de exportação.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
80
Figura 26 - Criando o modelo no Infraworks.
Fonte: A Autora, 2019.
A ferramenta trabalha com os arquivos em nuvem, ou seja, armazena todos os dados online. Por isso, ao gerar um modelo, ele levará alguns minutos para ser criado e enviado para a sua conta. O tempo que levará depende do tamanho da área do seu modelo e da velocidade de conexão da sua internet. Modelos de dimensões razoáveis, de 50km² não levam mais de 10 minutos para serem gerados. Feito isso, o modelo aparecerá na sua página inicial, como mostra a figura abaixo: Figura 27 - Identificação do modelo no Infraworks.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
81
Abra-o. Seu modelo aparecerá para ser trabalhado. Figura 28 - Abrindo o modelo.
Fonte: A Autora, 2019.
Passo 3: Trabalhar seu modelo dentro da ferramenta. Antes de começar a trabalhar o modelo no Infraworks, é necessário saber como manusear o programa. Embora seja do mesmo desenvolvedor, os atalhos de mouse são diferentes. Na figura a seguir, é possível visualizar essas funções correspondentes e como manuseá-las. Figura 29 - Atalhos do mouse para uso no Infraworks.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
82
As fontes de dados do programa provem de dados que são colhidos via satélite pelo sistema de mapas geográficos do navegador Bing, semelhante à mais conhecida e concorrente ferramenta Google Earth. O programa coleta os dados geográficos e simula em três dimensões o objeto. As edificações, calçadas, vias e topografia são geradas conforme constam nesses dados e podem ser substituídas ou modificadas. É possível fazer o aperfeiçoamento do modelo gerado no programa através da inserção de shapes files de edificações, a substituição da imagem satélite por Ortofoto e até utilizar de objetos fornecidos pelo próprio programa para a inserção de mobiliário urbano, vegetação e equipamentos públicos. No que se refere à possibilidade de projetação, é possível criar projeto de pontes, estradas e drenagem, temas fortemente ligados à engenharia civil. No âmbito da arquitetura e urbanismo, é possível criar sólidos, traçar caminhos, editar largura de via, inserir ciclovia, inserção de vegetação, tal como equipamentos e mobiliários urbanos. Entretanto, vale ressaltar que devido aos modelos pré-determinados do programa, existe uma limitação da ferramenta, no que se refere a materiais, formas e espécies. Relembrando: não é possível criar edificações dentro do Infraworks. É possível criar dentro do programa apenas a volumetria, o sólido geométrico, sem nenhum cuidado arquitetônico, alterando o desenho das fachadas por modelos pré-determinados ou pode-se inserir através do banco de dados, modelos de edificações em 3D para serem situadas em sua localização. Esses aprimoramentos foram identificados a partir da de buscas realizadas pela autora. Dentre elas, vale destacar a aplicação desenvolvida em Medellín pela Empresa Desarrollo Urbano. Medellín, está localizada na Cordilheira dos Andes, a cerca de 1.500 metros acima do nível do mar, e grande parte do desenvolvimento da cidade se estende pelos lados das muitas montanhas da região. Parte desse desenvolvimento, assim como em quase todas as cidades pertencentes à América Latina e Caribe ocorreu com pouco ou nenhum planejamento, com os bairros se formando à medida que as pessoas construíam pequenas habitações em terrenos disponíveis. No entanto, muitas dessas comunidades vibrantes estão localizadas em terra com alto risco de deslizamentos de terra perigosos. Com o objetivo de garantir que as pessoas nas comunidades afetadas tenham acesso a moradias mais seguras, transportes, saneamento e parques melhorados, uma entidade pública, a Empresa Desarrollo Urbano (EDU), de Medellín, utilizou as ferramentas BIM para
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
83
planejar comunidades mais seguras para as pessoas que vivem nessas áreas (AUTODESK, 2018). A equipe da EDU queria iniciar o projeto com uma visão de toda a cidade, mas eles não tinham fundos para realizar uma pesquisa manual. Tão importante quanto isso, a equipe reconheceu a necessidade de transformar qualquer resultado de planejamento e design em materiais que as pessoas nas comunidades afetadas pudessem rever facilmente. Para iniciar o projeto, foram reunidas informações de vários bancos de dados de GIS da cidade, incluindo aqueles para serviços públicos, transporte e a cidade como um todo. A equipe trouxe essas informações, juntamente com fotos ortográficas, para o software Infraworks e as usou para criar um mapa da cidade em 3D, como mostra a imagem a seguir (Figura 30). Figura 30 - Trecho de Medellin no Infraworks.
Fonte: Imagem cortesia de Empresa de Desarrollo Urbano, por meio da Autodesk, 2018.
Ao levar os dados para o Infraworks, os membros da equipe criaram um modelo 3D que incluía as condições existentes e as alterações propostas no sítio. Realizando a Interoperabilidade entre os softwares Infraworks, Autocad Civil 3D, Revit, e Navisworks, a equipe criou modelos preliminares de volumes, declives, cortes, preenchimentos e outras informações de engenharia e urbanismo para as áreas de intervenção. No Civil 3D eles geraram modelos de conceito para novos parques e
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
84
aprimoramentos de trânsito; no Revit, foram criados novos conceitos de habitação para as comunidades e o Navisworks serviu para a renderização realística que é realizada por meio da conexão por nuvem de dados. A empresa idealizadora do projeto acredita que seu processo de planejamento baseado em BIM pode ajudar o projeto a avançar mais rapidamente. A equipe estima ter levado 45% menos tempo graças às ferramentas BIM. Uma abordagem baseada em modelos também melhorou a qualidade, com a equipe estimando que as novas moradias serão 28% mais eficientes (AUTODESK, 2018). O segundo software a ser utilizado, o Revit, ao contrário do descrito anteriormente, tem seu conhecimento disseminado no Brasil e no Mundo. Uma busca rápida pela palavra no Google Acadêmico apresentou um total de 58.400 publicações sobre o tema em 0,04 s. de busca enquanto a palavra “Infraworks” apresentou apenas 969 resultados em 0,10 s. As informações referentes a apostilas, tutoriais e dúvidas frequentes são acessíveis nas plataformas online de forma gratuita, disponibilizadas pelo próprio desenvolvedor. Por esse motivo, apenas o passo 1 que aborda a interface da ferramenta será apresentado a seguir. O uso deste programa não se faz obrigatório na metodologia deste trabalho. A sua função é auxiliar no desenvolvimento das propostas. É dar suporte para que ideias de intervenções sejam realizadas e sejam possíveis de serem visualizadas diretamente no sítio em contexto com o que já existe. O idealizado aqui, é que a maior quantidade de propostas e intervenções possam ser desenvolvidas dentro de apenas um software, o Infraworks, para que a otimização de ferramentas aconteça. Passo 1: Interface O Revit é uma ferramenta desenvolvida pela Autodesk com o intuito de trabalhar o desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia. Para ter acesso a essa ferramenta é da mesma forma, basta ter conta e login Autodesk e descarregar diretamente do site do desenvolvedor. As intervenções arquitetônicas a serem realizadas no segundo exercício de aplicação, o Parque Fonte Grande, estão apresentadas abaixo a fim de demonstrar a interface do software, suas possibilidades projetuais visto que toda a concepção
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
85
e modelagem foi realizada diretamente no programa. Na figura 31, é possível observar a interface inicial da ferramenta. Figura 31 - Interface inicial do Revit.
Fonte: A Autora, 2019. Figura 32 - Inserção de um edifício anexo para a realização das atividades do Centro de Educação Ambiental do Parque Fonte Grande.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
86
Figura 33 - Instalação de Pórtico e Guarita nos principais acessos do Parque.
Fonte: A Autora, 2019.
Figura 34 - Inserção de um novo Mirante da Fonte Grande.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
87
Com os modelos já determinados, no Infraworks, não é necessário realizar nenhuma exportação ou conversão de modelo. Basta apenas abrir o arquivo na barra de Infraestrutura>criar e gerenciar seu modelo>origens de dados>adicionar origens de dados do arquivo> Autodesk Revit. Assim, seu modelo fará parte dos dados inseridos no software e estará pronto para ser inserido após configurar sua localização (selecionar a opção “configurar”) que pode ser através de coordenadas geográficas ou por meio de colocação interativa, diretamente no modelo.
3.2.
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO DE BIM NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO URBANO NA ÁREA PORTUÁRIA DE VITÓRIA-ES
Como já exemplificado na metodologia, tomou-se como objeto para exercício a proposta realizada pela a autora para a área portuária de Vitória, na disciplina de Urbanismo II, no ano de 2017. A segunda etapa de projeto partiu para o desenvolvimento das propostas em um recorte dentro da área de intervenção, escolhida pelos autores sob orientação e o resultado final proposto pela equipe na disciplina, pode ser observado na imagem a seguir. O software utilizado foi o Autocad 2D. Figura 35 - Área de intervenção final: porto de vitória.
Fonte: Os Autores, 2017.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
88
3.2.1 Aprimoramento do modelo Vale ressaltar que no caso desta aplicação, o diagnóstico já havia sido realizado. Entretanto, a fim de conceber o projeto com a utilização do software se faz necessário inicialmente aprimorar o modelo. O aperfeiçoamento se dá através da substituição dos dados intrínsecos gerados automaticamente, por dados mais fiéis contidos em shape files e Ortofotos. É comum a disponibilização desses dados por meios eletrônicos das prefeituras ou secretarias públicas. Os dados para aperfeiçoamento do modelo nas duas aplicações desta pesquisa são provenientes da PMV, disponibilizados através do GeoWeb e do IEMA, em sua plataforma oficial. Esta possibilidade soluciona a falta de dados encontradas em alguns modelos gerados automaticamente no Infraworks, ou seja, caso precise realizar uma intervenção em uma região não metropolitana (onde é comum a disponibilização de dados online) e o resultado do modelo gerado não for o esperado, realiza-se o aprimoramento. A seguir, apresenta-se um banco de imagens e informações que exemplificam o aprimoramento no Infraworks fazem a comparação dos modelos. 1.
Adicionar imagem raster (Ortofoto): aba “Infraworks” > criar e gerenciar o modelo > origem de dados > adicionar origem de dados do arquivo > raster> selecionar arquivo. Figura 36 - Adicionando uma imagem raster.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
89
Fonte: A Autora, 2019.
2. Configurar o dado importado: botão direito do mouse > configurar > aba “comum” > selecionar tipo (para este caso, “imagem do chão”) > selecionar localização geográfica > fechar e atualizar.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
90
Figura 37 - Configuração de dado importado.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
91
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
92
3. Sobreposição de camadas: aba “Infraworks” > criar e gerenciar o modelo > camadas de superfície > selecionar o arquivo importado e clicar na seta para baixo até que a imagem não sobreponha elementos, como por exemplo, o oceano. Figura 38 - Camadas de visualização.
Fonte: A Autora, 2019.
As imagens a seguir, fazem uma comparação entre o arquivo importado e o arquivo onde a Ortofoto foi substituída. Após, imagens aéreas são apresentadas para dar foco no resultado, mostrando o ponto detalhamento que a imagem aérea pode alcançar. Quanto mais recente for sua imagem raster, mais autenticidade para a elaboração de propostas. Figura 39 - Antes e depois da inserção da Ortofoto.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
93
Figura 40 - Vista aérea Ginásio Esportivo Tancredo de Almeida Neves e acesso à Segunda Ponte.
Fonte: A Autora, 2019. Figura 41 - Vista aérea Carretéis do Porto de Vitória.
Fonte: A Autora, 2019.
Para o aprimoramento total do modelo, basta seguir o mesmo passo de "aba “Infraworks” > criar e gerenciar o modelo “ alterando somente o formato do arquivo a ser inserido e configurando este ao tipo equivalente. Este comando não serve apenas para esta função mas para inserir as propostas, como novos edifícios, monumentos, mobiliários ou vegetações que não estejam no catálogo oferecido, basta importar os arquivos em formato 3D. Uma característica bacana é que ao importar por exemplo, o shape file de árvores existentes, é possível configurar o arquivo para que o objeto de uma árvore existente na biblioteca do Infraworks apareça no modelo de trabalho em cada ponto, através das coordenadas georreferenciadas em arquivos desse tipo, uma contribuição significante para a concepção de projetos, arquitetônicos ou urbanísticos. Para isto basta seguir o caminho: botão direito do mouse > configurar
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
94
> aba “comum” > estilo de regra (para este caso, “vegetação”) > selecionar modelo de árvore a representar as arvores existentes > fechar e atualizar. Figura 42 - Configurando pontos para representação em 3D.
Fonte: A Autora, 2019. Figura 43 - Situação parcial de aprimoramento do modelo: árvores em 3D.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
95
Outro problema encontrado, se refere à topografia. O modelo apresenta terreno irregular em área plana, como é a região da baía. Por isso, foi realizado o nivelamento da área através do comando de cobrimento de solo. 4. Aprimorando a topografia: aba “Infraworks” > criar os recursos de projeto conceitual > terrapleno (adicionar áreas de cobertura de solo com estilos de nivelamento) > selecionar o estilo (neste caso foi selecionado o pavimento de concreto) > criar polígono referente à área que se deseja nivelar > dois cliques ao final > vai abrir uma outra janela > estilo de regra > nenhum. A imagem abaixo apresenta o procedimento descrito anteriormente desde a identificação da falha da topografia até o resultado desejado.
Figura 44 - Aprimorando a topografia.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
96
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
97
Seguindo este método, foram inseridos e substituídos no total os arquivos referentes a Ortofoto, as árvores, as vias e os pontos e ônibus. As edificações foram mantidas pois o shape file equivalente não continha as informações de gabarito necessárias. Houve também o aprimoramento da terraplanagem. 3.2.2 Análise e concepção urbana: resultados Antes que as propostas fossem desenvolvidas, foi realizada uma análise do terreno. O Infraworks possui ferramentas específicas para a hidrografia e criação de estradas e pontes. O mapa de adequabilidade, neste caso o de áreas alagáveis, facilita a percepção do planejador. Outros mapas podem ser criados com base nos dados existentes no modelo através de aba “Infrawoks” > analisar seu modelo > mapa de adequabilidade (ou temas de recursos). Os mapas são gerados a partir de parâmetros, que podem ser definidos pelo planejador. Abaixo, o mapa de adequabilidade da área do Porto de Vitória. Figura 45 - Áreas alagáveis.
LEGENDA
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
98
No exemplo a seguir, apresenta-se um modelo de análise territorial, que poderia ter sido gerada com fins de identificação de uso do solo, gabarito das edificações e etc. na área de intervenção, devido à falta de dados não foi possível realizar essa análise e essa se baseou em parâmetros aleatórios apenas para fim de teste. Análises de qualquer natureza podem ser obtidas através da inserção e articulação de parâmetros. Figura 46 - Mapa teste.
Fonte: A Autora, 2019.
Outra mudança indicada no diagnóstico é quanto ao alargamento das calçadas. O Infraworks, por realizar dentro da ferramenta projeto de estradas, possibilita a edição das vias a partir da inserção de valores correspondentes que já alteram concomitantemente o seu modelo. Essa função permitiu realizar as mudanças descritas quanto a vias, a calçadas, a arborização, a ciclovias e ciclorrotas, como demonstra as imagens a seguir. 1.
Alargamento de calçada, mudança de vias, inserção de ciclovias e canteiros vegetáveis: selecionar aba “projetar, rever e criar engenharias de estradas” (ícone de estrada) > projetar rodovias > paleta de estilos > estrada > selecionar um tipo qualquer > duplicar > edite as propriedades (lápis).
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
99
Figura 47 - Editando vias.
Fonte: A Autora, 2019.
A primeira alteração foi realizada na Avenida Marechal Mascarenhas de Morais, mais conhecida como Beira-mar. O projeto propõe a retirada de uma das vias e a inserção de VLT sobre piso verde, inserção de ciclovia, alargamento das calçadas, arborização, iluminação. O processo e resultado é apresentado a seguir. 2. Alterando valores: na dentro de cada linha, insira os valores correspondentes. Adicionar ou reduzir a quantidade de linhas necessárias seguindo a ordem de visualização da via.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
100
Figura 48 - Alteração da via: janela de edição.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
101
Fonte: A Autora, 2019.
Um outro exemplo é a Avenida Jerônimo Monteiro. Nesta via, no seu trecho inicial até a FAFI, foi retirada uma faixa de rolamento e inserida uma ciclofaixa. Também houve o alargamento das calçadas e a inserção de arborização, iluminação e sinalização tátil. O procedimento foi igual ao realizado anteriormente. Figura 49 - Avenida Jeronimo Monteiro - Proposta em 3D.
Fonte: A Autora, 2019.
As outras vias da área de intervenção também passaram por modificações, sendo desconsideradas apenas a inserção de vegetação para as que são estreitas.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
1.
102
Inserir/ Importar mobiliário e equipamento urbano: Inserir a partir da aba “Infraworks” > criar recursos do projeto conceitual > mobiliário urbano > escolher objeto na biblioteca; ou através da importação de modelo 3D na origem de dados. Figura 50 - Pré visualização do modelo 3D.
Fonte: A Autora, 2019.
Os resultados obtidos são apresentados nas imagens a seguir. Figura 51 - Deck - Baia de Vitória.
Inserção de espaço de permanência na baía.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
Figura 52 - Av. Mal. Mascarenhas de Morais.
Inserção de VLT sobre faixa verde na Av. Marechal Mascarenhas de Morais. Figura 53 - Av. Jeronimo Monteiro.
Ciclofaixa Avenida Jeronimo Monteiro. Figura 54 - Av. Jeronimo monteiro vista aérea.
Arborização e iluminação na Av. Jeronimo Monteiro.
103
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
Figura 55 - Aquaviário.
Criação Terminal Intermodal, inclusive aquaviário. Figura 56 - Vista da Baia de Vitoria.
Arborização total da orla da baía de Vitória. Figura 57 - Recorte área de intervenção.
Representação aérea das intervenções realizadas; recorte na área apresentada na Figura 35. Fonte: A Autora, 2019.
104
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
3.3.
105
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO DE BIM NA CONCEPÇÃO DE UM PROJETO URBANO NO PARQUE DA FONTE GRANDE, VITÓRIA-ES
O aprimoramento deste modelo também foi realizado através da substituição da imagem raster e camadas shape files descritas na aplicação anterior. Tomando partido desses dados intrínsecos na ferramenta e buscando usufruir das possibilidades que a mesma possui, análises de altimetria e adequabilidade foram realizadas. Primeiro, é realizada a analise referente à elevação da área, sendo os pontos em vermelho, os mais altos. Esse tipo de análise permite ao arquiteto urbanista a identificação de pontos visuais que proporcionam a instalação de áreas de permanência e mirantes. O resultado é obtido através de representação gráfica por cor no modelo, assim como a legenda e é apresentada a seguir. Após, o mapa de adequabilidade de áreas molhadas é apresentado. Figura 58 – Análise de Altimetria Parque Fonte Grande.
Figura 59 - Análise de Declividade Parque Fonte Grande. Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
106
Ao trabalhar com estes dados, se têm consciência dos limites de precisão e aplicações tecnicamente possíveis. Em geral estes fatores de imprecisão não são considerados, até mesmo responsáveis pelos projetos de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), quando se trata do uso para a análise preliminar. Vale lembrar que para obter o resultado de uma boa concepção, é necessário realizar uma boa e profunda análise. Partindo para a análise urbanística, com base nas intervenções a serem realizadas, foi feita a análise visual do Parque e sua relação com o entorno imediato. Para que o modelo fosse o mais fiel possível na realização desse exercício, tomando como exemplo o estudo de caso feito em Medellín e apresentado anteriormente, foi realizado o seu aprimoramento através da substituição de dados disponíveis na ferramenta por shape files. Embora a atualização dos mesmos não seja a mais recente, esses arquivos são elaborados por instituições, como IBGE e Prefeituras Municipais, que acarretam em uma fidelização maior quanto à realidade. A substituição de camadas se deu nos seguintes aspectos: Substituição da imagem raster, ou seja, a Ortofoto que representava a imagem do terreno, por uma imagem mais recente, realizada pelo IEMA em 2015 e disponibilizada gratuitamente pela secretaria por meio eletrônico no sítio oficial da instituição; Inserção do shape file de árvores, onde em cada marco geográfico referente a uma árvore, inseriu no modelo o elemento árvore em 3D; Tentativa de substituição da camada volumétrica de edificações. Entretanto, o shape file disponibilizado pela PMV não possui a altura dos edifícios. È possível adotar uma altura para cada edificação. Como o aprimoramento buscou a aproximação da realidade, essa opção se tornou inviável. Não foram encontrados nos sites do IBGE ou da PMV um shape file de gabarito que atendesse a essa necessidade, por isso, o dado referente à altura das edificações provém da ferramenta e pode ser totalmente fiel a realidade. O método para realizar o aprimoramento, a edição das vias e a inserção dos edifícios foi o mesmo apresentado na aplicação anterior. Na Figura 60, é possível observar a proporção de área verde do parque e consequentemente o seu impacto na cidade.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
107
Figura 60 - Perspectiva Parque Fonte Grande e entorno imediato.
Fonte: A Autora, 2019.
A seguir, apresenta-se os resultados referentes às intervenções propostas para o Parque Fonte Grande, podendo ser observado não apenas as características físicas das intervenções, como também sua relação com o entorno. Figura 60 - Intervenções Parque Fonte Grande: Área Administrativa.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
108
Figura 61 - Intervenções Parque Fonte Grande: CEA e Sede.
Fonte: A Autora, 2019. Figura 62 - Intervenções Parque Fonte Grande: Mirante.
Fonte: A Autora, 2019.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
109
Figura 63 - Intervenções Parque Fonte Grande: Pórtico de entrada e guarita.
Fonte: A Autora, 2019.
No primeiro teste de interoperabilidade realizado, os edifícios inseridos estavam sendo exportados sem materiais, ficando apenas um sólido branco difícil de se diferenciado. Isso aconteceu porque a exportação estava sendo mediada pelo software Navisworks, ao invés de ser carregada por intermédio da nuvem. É possível identificar através de: configurações > importação > e desmarcar a opção Navisworks.
3.4.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS EXERCÍCIOS
O objetivo proposto nesta pesquisa, constituído da concepção do projeto urbano a partir do sistema BIM foi alcançado. Para isso, os fóruns de pesquisa realizados eram baseados em monografias, periódicos e tutoriais em sua grande maioria. A falta de informações práticas do software Infraworks principalmente no que se refere o seu uso para além da concessão de projetos de estradas, foi uma grande dificuldade encontrada pela autora. A falta de dados contidos em arquivos em formato shape files por exemplo, também ocasionou a limitação de análises territoriais realizadas nas regiões, assim como informações que somariam o aprimoramento do modelo. O BIM não substitui a necessidade do GIS, visto que quanto melhor elaborado em GIS, melhor será apresentado em BIM e consequentemente melhores propostas poderão ser realizadas. Outra dificuldade, é a falta de conhecimento do software Infraworks em território nacional, o que dificultou os primeiros contatos com a ferramenta. O desenvolvedor disponibiliza em sua página oficial na internet, fóruns de pesquisa a respeito dos
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
110
softwares e como utilizá-los. Entretanto, esses resultados são diretamente voltados para engenharia civil na concepção de infraestrutura, drenagem e estradas. O conhecimento internacional também não possui uma grande difusão, nem foco específico para a área de aplicação em questão, mas possui a biblioteca de ensino ampliada. Uma desvantagem desse programa, é a de que as modificações realizadas no modelo ainda não podem ser exportadas para um arquivo 2D levando todas as linhas que compõem a sua geometria. É possível realizar a exportação para outro software BIM, o Autocad Civil 3D, entretanto, no caso das ruas por exemplo, a exportação acontece através de eixos de estaqueamento, importantes no projeto de estradas (pertencente à Engenharia Civil), mas não trabalhado no projeto urbano da faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Quanto à exportação inversa à realizada nas aplicações, importando do Infraworks para o Revit, essa exportação só é possível com o auxílio de outro programa, o Navisworks,
também
desenvolvido
pela
Autodesk.
Entretanto,
além
da
necessidade de ter um outro software para a comunicação entre as ferramentas, a exportação acontece através de sólidos apenas para fins volumétricos em 3D como mostra a figura a seguir. Figura 64 - Modelo Infraworks exportado para Revit.
Fonte: A Autora, 2019.
Embora os elementos como as calçadas, vias e edifícios sejam exportados de forma fiel ao modelo, essa visualização somente é possível na janela 3D, o que não agrega de fato ao projeto executivo. A visualização em planta pode acontecer de acordo com a topografia, pois regiões planas tendem a aparecer melhor definidas, mesmo
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
111
sendo constituída por um bloco de objetos. Caso a etapa de projeto executivo seja desenvolvida posteriormente no Revit, essa possibilidade possa auxiliar na verificação projetual. A otimização de tempo no processo de concepção pode ser agregada às próximas etapas, até que esse ou outro programa esteja preparado para o desenvolvimento do projeto urbano da concepção ao detalhamento. Figura 65 - Modelo Infraworks importado para Revit: aproximação.
Fonte: A Autora, 2019.
Uma vantagem do Infraworks, é que além da análise, ele pode ser usado paralelamente ao processo de desenvolvimento e retomado para a última etapa, de representação gráfica. O software é capaz de realizar imagens render e vídeos para a apresentação do produto final sem exigir tanto do computador como os softwares comumente utilizados. As duas ferramentas são de fácil acesso, tanto para download quanto para manuseio. O Infraworks realiza a interoperabilidade entre as tecnologias CAD, GIS e BIM, sendo o seu foco a análise graças a seu banco de dados associado à visualização. Assim, diante do fato de que o resultado esperado na pesquisa foi alcançado, pode-se recomendar o uso da ferramenta para melhor análise e para o processo de concepção, entretanto, de forma articulada com o Revit ou Autocad Civil 3D, visando sempre seu aprimoramento para atender às necessidades integrais do Urbanismo.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
112
CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo geral a concepção do projeto urbano a partir do sistema BIM. Um dos objetivos específicos deste trabalho foi identificar a percepção de alunos, professores de Arquitetura e Urbanismo da UFES e profissionais externos, em relação ao uso do BIM no curso de graduação. Este objetivo foi alcançado
através
de
levantamento
de
dados
provenientes de questionário online e entrevistas. Assim também foi possível explorar ferramentas de acesso remoto para colheita de informações, obtendo resultado satisfatório nesta avaliação. Essa pesquisa buscou contribuir para o desenvolvimento do uso da metodologia BIM na área do urbanismo, que ainda é limitado principalmente dentro do mercado de AEC brasileiro. Através deste trabalho foi possível perceber que a adoção desta nova metodologia requer uma mudança em relação aos atuais métodos no sentido da interoperabilidade e da parametrização de novos objetos. Essas mudanças exigem o empenho dos profissionais envolvidos no setor da construção para avançar à medida que as pesquisas e aprimoramentos dentro do BIM e do CIM avançam. As
regiões
das
aplicações
realizadas
traziam
características propícias para o desenvolvimento de projeto urbano: a área do porto de Vitória, plana, e o Parque Fonte Grande, de topografia acentuada. As dificuldades encontradas consistiam na falta de dados e informações a respeito das ferramentas neste uso. Esta pesquisa buscou contribuir para o desenvolvimento do uso da metodologia BIM na concepção de projetos urbanos. Através deste trabalho foi possível perceber que a adoção desta nova metodologia requer uma mudança
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
em
relação
aos
métodos
atuais
de
113
trabalho,
especialmente no sentido da integração entre as diferentes áreas da AEC. A adoção da metodologia BIM é uma verdadeira mudança de cultura dentro das áreas de arquitetura, urbanismo e construção. Para tanto, requer o empenho dos profissionais envolvidos no setor da construção. Entretanto, é importante salientar que o BIM não oferece a solução de todos os problemas existentes, mas propõe uma integração entre todas as disciplinas envolvidas visando à criação de um modelo 3D parametrizado e interoperacional que representa um modelo virtual do empreendimento, reduzindo assim erros e prevendo possíveis incompatibilidades envolvidas no projeto. Este trabalho foi apenas o início, a semente plantada. Para trabalhos futuros sugere-se a prática e continuidade dos
estudos
de
integração
entre
os
modelos
desenvolvidos no Infraworks e o software auxiliar (sendo o Revit o escolhido pela autora), assim como a comunicação desse tipo de ferramenta com as outras áreas da AEC. Que novas descobertas como esta, aconteçam
e
que
a
metodologia
CIM
para
desenvolvimento de projetos de cidades seja maior explorada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT. NBR 15965-2011: Sistema de classificação da informação da construção. Partes 1, 2, 3 e 7: Informação da construção. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/pesquisas/?searchword=15965&x=0&y=0>. Acesso em: 02 mai. 2019 AMORIM, A. L. D. Discutindo Modelagem da Informação da Cidade (CIM) e conceitos correlatos. Bahia. p. 01-15, dez./2005. Disponível em: <http://www.periodicos.usp.br/gestaodeprojetos/article/view/103163/105968>. Acesso em: 19 jun. 2019 ARCGIS. Arcgis online. Disponível em: <https://www.arcgis.com/index.html>. Acesso em: 29 out. 2018. AUTODESK. Concurso melhor projeto au brasil 2016 – projetos inteligentes para cidades inteligentes. Disponível em: <http://blogs.autodesk.com/mundoaec/concursoinfraworks-360/>. Acesso em: 23 abr. 2018. AUTODESK. Infraworks: infrastructure design reimagined. Disponível em: <https://www.autodesk.com/products/infraworks/overview>. Acesso em: 26 jun. 2018. AUTODESK. Prêmios de excelência da AEC 2018. Disponível em: <https://www.autodesk.com/solutions/bim/hub/aec-excellence-2018/infrastructure/small>. Acesso em: 29 abr. 2019 AUTODESK. Um software CAD para todos, em todo lugar, a toda hora. Disponível em: <https://www.autodesk.com.br/products/autocad/overview>. Acesso em: 16 out. 2018. AZEVEDO, O. J. M.; Metodologia BIM – Building Information Modeling na Direcção Técnica de Obras. Braga, Portugal, 2009. BANENOR NO. Sørli-brumunddal. Disponível em: <http://www.banenor.no/prosjekter/inter-city-/dovrebanen/sorli-brumunddal/>. Acesso em: 23 jun. 2018. BASTO, P. E.; LORDSLEEM JUNIOR, A. C. O ensino de BIM em curso de graduação em engenharia civil em uma universidade dos EUA: estudo de caso. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 45-61, out./dez. 2016. ISSN 1678-8621 Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. BRANDÃO, R. A. Avaliar a utilização do BIM para o estudo de obras de infraestrutura. 89f. il. 2014. Monografia – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
115
CATELANI, W. S.; SANTOS, E. T. Normas brasileiras sobre BIM. Concreto & Construções, 85ª edição, jan-mar 2017, p. 54-59. Disponível em: <http://www.makebim.com/wpcontent/uploads/2017/05/NORMAS-BIM-BRASIL.pdf>. Acesso em: 10 mai de 2019. CHECCUCCI, É. S. Teses e dissertações brasileiras sobre BIM: uma análise do período de 2013 a 2018. PARC - Pesquisa em Arquitetura e Construção. Campinas, SP, v. 10, p. e019008, fev. 2019. ISSN 1980-6809. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc/article/view/8653708>. Acesso em: 26 fev. 2019. CHOPPIN, A. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 03, p. 1678-4634, set./dez. 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022004000300012&script=sci_arttext >. Acesso em: 04 nov. 2018 DECRETO 9.377 DE 17 DE MAIO DE 2018. Institui a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2018/Decreto/D9377.htm#art14>. Acesso em: 02 mai. 2019. EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. Manual de BIM: um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014, 483p. GRAPHISOFT. Archicad. Disponível em: <https://www.graphisoft.com/br/archicad/>. Acesso em: 29 out. 2018. JÚNIOR. F. G. BIM: Tudo o que você precisa saber sobre esta metodologia. Mais Engenharia, 2019. Disponível em: < http://maisengenharia.altoqi.com.br/bim/tudo-o-quevoce-precisa-saber/ >. Acesso em: 23 abr. 2019 LUMION. Lumion 3d: rendering software for architects. Disponível em: <https://lumion.com/product.html>. Acesso em: 29 out. 2018. LYRIO, A; SOUZA, L.; AMORIM, S. Impactos do Uso do BIM em Escritórios de Arquitetura: oportunidades no mercado imobiliário. Gestão & Tecnologia de Projetos, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 26-53, nov. 2009. MARQUES, A.C., BASTOS, L.E.G., BONNEAUD, F. Análise ambiental da envoltória do edifício: Diálogo com o Sistema BIM. In: EURO ELECS, Anais. Guimarães, Portugal, 2015. MEDEIROS, A. Precisão e Aplicações das Imagens do Google Earth. ClickGeo, nov. 2013. Disponível em: <http://www.clickgeo.com.br/limites-posicionais-imagens-google-earth/>. Acesso em: 28 mai. 2019
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
116
PREFEITURA DE VITÓRIA. Parque Fonte Grande. Disponível em: < http://www.vitoria.es.gov.br/cidade/parques >. Acesso em: 05 abr. 2019 QGIS. Qgis: um sistema de informação geográfica livre e aberto. Disponível em: <https://www.qgis.org/pt_br/site/>. Acesso em: 29 out. 2018. RADÜNS, C.; PRAVIA, Z. BIIM: o BIM da infraestrutura. Infraestrutura urbana. Projetos, custos e construção. n. 30, set. 2013. Disponível em: <http://infraestruturaurbana17.pini.com.br/solucoes-tecnicas/30/biim-o-bim-para-obrasde-infraestrutura-os-beneficios-294311-1.aspx>. Acesso em: 04 nov. 2018. REBELO, I. B. Realidade Virtual Aplicada à Arquitetura e Urbanismo: Representação, Simulação e Avaliação de Projetos. Florianópolis, 1999. XX páginas. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 1999. RUSCHEL, R. C. O ensino de BIM: exemplos de implantação em cursos de engenharia e arquitetura. IN: TIC 2011 - V Encontro de tecnologia de informação e comunicação na construção civil. Anais... Salvador, 2011. RUSCHEL, R. C.; ANDRADE, M. L. V. X.; MORAIS, M. O ensino de BIM no Brasil: onde estamos? Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, abr./jun. 2013. ISSN 1678-8621. p. 151-165. SALGADO, B. J. C.; POMP, D. V.; RIBEIRO, S. E. C. A divulgação do conceito BIM no meio acadêmico e o processo de incorporação pelas universidades e centros universitários de Belo Horizonte. Construindo, Belo Horizonte, v.6, n. 1, jan./jun. 2014. ISSN 2175-7143. p. 711. SANTOS M. L. Confira as novidades do Infraworks e do civil 3d 2019. Disponível em: < https://blogs.autodesk.com/mundoaec/confira-as-novidades-do-infraworks-e-civil-3d2019/>. Acesso em: 27 mai. 2019. STOJANOVSKI, T. City Information Modeling (CIM) and Urbanism: blocks, connections, territories, people and situations. In: Symposium on Simulation for Architecture and Urban Design, 2013, San Diego. Anais eletrônicos... Disponível em: <http://dl.acm.org/citation.cfm?id=2500016>. Acesso em: 19 jun. 2019 YOU TUBE. Intercity sørli-brumunddal, foreløpige alternativer. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hjfg61gfce8>. Acesso em: 26 set. 2018.
ANEXOS OU APÊNDICES
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
117
ANEXOS OU APÊNDICES APÊNDICE A A seguir é apresentado o modelo de questionário aplicado com os alunos do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo por meio de plataforma online.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
118
Softwares na concepção de Projeto Urbano SEÇÃO 01 de 02. Simples contribuição para um projeto de graduação que visa identificar os principais softwares utilizados entre estudantes e profissionais arquitetos-urbanistas para conceber projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Esta pesquisa pretende detectar dificuldades encontradas durante a formação do profissional em detrimento do uso de tecnologias que muitas vezes são restritas a determinadas áreas e não atendem a necessidade integral que a profissão exige.
1.
Endereço de e-mail: ______________________________________________
2.
Nome Completo: _________________________________________________
3.
Está cursando Arquitetura e Urbanismo? ( ) sim ( ) não
4. Está em qual período? Em qual instituição?
5.
Quais softwares você costuma utilizar para conceber projeto de ARQUITETURA e INTERIORES? ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (
) AutoCad ) AutoCad Civil 3D ) Revit ) ArchiCad ) Sketchup + V-Ray ) Lumion 3D ) 3Ds Max ) ArchiGis / Qgis ) Infraworks ) Rhinoceros ) Urban Metrics ) Modelur ) Promob ) Nenhum
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
119
6. Quais softwares você costuma utilizar para conceber projeto de URBANISMO e PAISAGISMO? ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (
) AutoCad ) AutoCad Civil 3D ) Revit ) ArchiCad ) Sketchup + V-Ray ) Lumion 3D ) 3Ds Max ) ArchiGis / Qgis ) Infraworks ) Rhinoceros ) Urban Metrics ) Modelur ) Promob ) Nenhum
SEÇÃO 02 de 02. Como você deve saber, o sistema BIM é um modelo virtual, não constituído apenas de geometria e texturas para efeito de visualização. Trata-se de uma construção virtual equivalente a uma edificação real, possuindo assim, muitos detalhes. Isso permite simular a edificação e entender seu comportamento antes de sua construção real ter sido iniciada. O modelo BIM pode ser utilizado para visualização tridimensional, para auxiliar nas decisões de projeto e comparar as várias alternativas de design, além de ser um programa de gerenciamento eficaz. Com base nesse tipo de tecnologia, esse questionário é uma contribuição para a elaboração de um projeto de graduação que visa identificar os principais softwares utilizados entre estudantes e profissionais arquitetos-urbanistas para conceber projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Esta pesquisa pretende detectar dificuldades encontradas durante a formação do profissional tanto quanto saber se essa dificuldade é refletida no mercado de trabalho em detrimento do uso de tecnologias que muitas vezes são restritas a determinadas áreas e não atendem a necessidade integral que a profissão exige. Conta para mim sua experiência com essa plataforma!
7. Atribua uma nota para a OTIMIZAÇÃO DE TEMPO de execução que esse sistema proporciona: 1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
8. Atribua uma nota para a QUALIDADE GRÁFICA de produto final que esse sistema proporciona: 1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
120
9. Ao utilizar um software com essa tecnologia, você costuma exportar para outros programas ou consegue executar todo o projeto dentro de uma mesma ferramenta? ( ) Faço tudo dentro de apenas 1 programa ( ) Utilizo 2 ou 3 programas ( ) Utilizo 3 ou mais programas 10. Dentre os softwares que você conhece, qual possui uma interface mais didática? ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 11. Alguma vez já foi prejudicado por um programa computacional por insuficiência do mesmo? Em qual disciplina?? ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 12. Acredita que o mercado carece de programas com essa tecnologia para determinadas áreas? Quais seriam? ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________
13. Fique à vontade para sugerir, relatar ou desabafar sobre o assunto. Sua experiência é de fundamental importância para o desenvolvimento dessa pesquisa. Obrigada! ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
APÊNDICE B A seguir é apresentado o roteiro de entrevista realizado com os professores do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo UFES.
121
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
122
Softwares na concepção de Projeto Urbano Entrevista com Professores por Jaqueline Rocha 01.
O que você entende como Building Information Modeling (BIM)?
__________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________
02.
Nome completo: _________________________________________________________________
03. Curso e Faculdade onde se formou: __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 04.
Ano de formatura: __________
05.
Há quanto tempo exerce o magistério? Menos de 5 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 anos ou mais
06.
Qual (is) disciplina (s) leciona atualmente? Projeto de Arquitetura
Design de Interiores
Projeto de Urbanismo
Desenho Arquitetônico
Paisagismo
THAU, Estética e afins
Patrimônio
Conforto
Projeto de Graduação
Outros
Qual? ___________________________________________________________ 07. Em qual Instituição? _________________________________________________________________________________________
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
08.
Ano de ingresso na UFES: _____________________
09.
Você como professor utiliza em sua disciplina algum software?
123
( ) não ( )sim Se sim, qual (is) software(s) utiliza?
10. (
Autocad
Archicad
Sketchup
Photoshop
V-Ray
ArchiGis
Lumion 3D
QGis
Revit
Google Earth
(
) outro ______________________________________
(
) não utiliza nenhuma ferramenta.
Quanto ao uso de softwares em sua disciplina: ) ficam à escolha do alunos;
( ) você como professor, sugere um ou dois softwares básicos mas o aluno pode escolher outros para conceber e desenvolver seu trabalho. 11. Você como professor, pensando em sua disciplina, sente necessidade de aprender novos softwares ou aprimorar o domínio de algum (uns)? Se sim, quais seriam? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 12. Existe algum software que atenda integralmente às necessidades de execução que sua disciplina demanda? ( ) não
(
) sim
Se “sim”, qual (is)? Se “não”, o que a falta desse tipo de tecnologia específica influencia em sua metodologia? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 13.
De que maneira o uso do software errado pode atrapalhar sua disciplina?
__________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
124
14. No seu entendimento, qual estágio atual do uso do BIM no curso de arquitetura e urbanismo UFES? ( ) o assunto não é abordado durante as aulas. ( ) os alunos desenvolvem trabalhos com conhecimento de softwares BIM adquiridos fora da sala de aula ( ) os alunos não utilizam BIM no desenvolvimento dos trabalhos ( ) não é ensinado pelos professores durante as aulas, mas os professores incentivam os alunos a utilizarem no desenvolvimento de trabalhos. ( ) não tenho elementos para responder 15. Na sua opinião, o que o BIM poderia trazer de ganho para o projeto desenvolvido na disciplina? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 16. Na sua opinião, o que o BIM poderia trazer de ganho para a formação profissional do aluno? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 17. Quais seriam as possíveis limitações de se implantar o BIM no curso de arquitetura e urbanismo UFES? ( ) A dificuldade em se trabalhar/gerenciar uma grande quantidade de informações, que podem ser analisadas e alteradas. (
) Falta de professores capacitados em teoria e prática do uso do BIM.
(
) Necessidade de treinamento BIM dos membros do corpo docente.
( ) Inexistência de laboratórios de informática com capacidade de atendimento as diversas disciplinas que são ofertadas simultaneamente. (
) A estrutura curricular atual do curso.
( ) Necessidade de realizar trabalho colaborativo entre os professores, de forma a evitar uma aprendizagem fragmentada e pouco significativa.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
125
18. Caso tenha uma observação/sugestão quanto ao tema abordado nessa pesquisa, fique à vontade para escrever aqui. Obrigada! __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
126
APÊNDICE C A seguir é apresentado o modelo de questionário aplicado com os profissionais externos.
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
127
Softwares na concepção de Projeto Urbano Como você deve saber, o sistema BIM é um modelo virtual, não constituído apenas de geometria e texturas para efeito de visualização. Trata-se de uma construção virtual equivalente a uma edificação real, possuindo assim, muitos detalhes. Isso permite simular a edificação e entender seu comportamento antes de sua construção real ter sido iniciada. O modelo BIM pode ser utilizado para visualização tridimensional, para auxiliar nas decisões de projeto e comparar as várias alternativas de design, além de ser um programa de gerenciamento eficaz. Com base nesse tipo de tecnologia, esse questionário é uma contribuição para a elaboração de um projeto de graduação que visa identificar os principais softwares utilizados entre estudantes e profissionais arquitetos-urbanistas para conceber projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Esta pesquisa pretende detectar dificuldades encontradas durante a formação do profissional tanto quanto saber se essa dificuldade é refletida no mercado de trabalho em detrimento do uso de tecnologias que muitas vezes são restritas a determinadas áreas e não atendem a necessidade integral que a profissão exige.
1.
Nome Completo: _________________________________________________________________
2.
Em que ano terminou a graduação? ______________________________________________
3.
Em qual Instituição? ______________________________________________________________
4.
Qual (ais) softwares você aprendeu durante sua graduação?
5.
Em qual escritório você trabalha? ________________________________________________
6. Em qual área do campo da Arquitetura e Urbanismo o escritório em que você trabalha atua? ( ( ( (
) Arquitetura e Construção ) Interiores ) Urbanismo ) Paisagismo
Concepção do Projeto Urbano a partir do sistema BIM
7.
Quais softwares vocês utilizam para conceber e desenvolver projetos? ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (
8.
128
) AutoCad ) AutoCad Civil 3D ) Revit ) ArchiCad ) Sketchup + V-Ray ) Lumion 3D ) 3Ds Max ) ArchiGis / Qgis ) Infraworks ) Rhinoceros ) Urban Metrics ) Modelur ) Promob ) Nenhum
Esse software é totalmente eficiente para atender à necessidade projetual? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei responder
9. Quais softwares você costuma integrar para obter um resultado satisfatório? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 10. Sente falta de algum software voltado para uma área especifica? Qual software e qual área? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 11.
Se necessário, aceita que seu nome seja divulgado nesta pesquisa? ( ) sim ( ) não
12. Caso tenha uma observação/sugestão quanto ao tema abordado nessa pesquisa, fique à vontade para escrever aqui. Obrigada! __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________