Revista Jardim Zoológico | Agosto 2022

Page 1

PEGADAS Duas histórias diferentes, uma mesma paixão. VISITA GUIADA Saiba tudo sobre a nova instalação do Zoo. EM DESTAQUE Mudança de vida em prol biodiversidade.da Conservar, educar e investigar AGOSTO#082022 Abelha Campeã da polinização

sumário 6. breves Pequenas notícias sobre o reino animal. 10. pegadas Duas histórias incríveis, a recuperação da fauna e flora na Austália, e um casal unido por uma paixão, a Conservação das espécies . 18. visita guiada Fomos conhecer de perto a nova instalação de grandes mamíferos no Jardim Zoológico. 22. palavra de bicho Para pequenos e graúdos, reunimos informações muito interessantes sobre a vida das Abelhas . 24. desafio de padrinho Sociedade Ponto Verde esclarece dúvidas sobre a reciclagem nas nossas casas e não só . 26. em destaque Anthony Sheridan e Martina Panisi contam-nos as suas mudanças de vida em prol da biodiversidade.

O Jardim Zoológicoenche-se de vida novamente

O esforço em prol da biodiversidade inclui também as condições que são dadas aos animais, quer com o melhoramento das instalações, quer com os cuidados diários. Nesta edição vai ficar a conhecer a Savana, a nova “casa” dos elefantes, girafas e hipopótamos, onde os visitantes vão ser guiados pelas cores, aromas e calor do continente africano.

Francisco Naharro Pires Presidente

Continuamos assim, diariamente, a alertar os nossos visitantes para o tema da extinção das espécies, um tema que tem marcado cada vez mais as nossas vidas, sensibilizando para diversos factores, como a importância dos pequenos gestos que cada um de nós pode ter.

Os nascimentos são sempre gratificantes e representam o sucesso dos programas de preservação das espécies. Todos os animais contam para o equilíbrio da biodiversidade, incluindo os insectos. E, por isso, pretendemos relembrar a importância de uma espécie muito especial, da qual depende em grande parte, o nosso bem-estar, a abelha.

FICHA TÉCNICA

Além de um conjunto de iniciativas internas, continuámos a apoiar diversos programas de conservação a decorrer em todo o mundo.

A todos — funcionários, visitantes, voluntários, parceiros e amigos — um muito obrigado.

Bem hajam! “Os nascimentos são espécies”preservaçãoprogramasoegratificantessemprerepresentamsucessodosdedas propriedade Jardim Zoológico coordenação Departamento de Marketing do Jardim Zoológico gestão de projeto Inês Seruya design Rita D’Orey redação e edição de textos Inês Seruya e Laura Dourado tiragem DigitalAGOSTO#082022

Embora nestes últimos dois anos, tenhamos perdido muitos visitantes, conseguimos manter o bem-estar dos animais e dar continuidade à missão do Zoo. Foram dois anos de adaptação a uma nova realidade, mas nunca esquecemos as famílias, crianças e escolas, a quem transmitimos a mensagem de conservação da Natureza e alertamos para o desaparecimento definitivo de algumas espécies.

Temos acompanhado de perto, o processo de recuperação da fauna e flora na Austrália, depois dos devastadores incêndios de 2019, que fizeram desaparecer milhares de espécies. Também o projecto de conservação das chitas na Namíbia, que procura proteger não só estes animais, mas também a própria população, tem evoluído de uma forma positiva, e recebemos ainda uma visita muito especial, o casal Breitenmoser, que representa uma das principais instituições de conservação de felinos, a nível mundial.

DIETA Omnívora PESO 3 a 6 kg GESTAÇÃO 4 a 5 Meses 51 a 73 cm28 a 49 cm ATIVIDADE Noturna /Crepuscular HABITAT Florestas temperadas REPRODUÇÃO Vivípara

Nasceu no Jardim Zoológico uma cria de Panda-vermelho (Ailurus fulgens), uma espécie que tem tanto de rara como de Comcuriosa.comportamentos maiori tariamente arborícolas, até aos seis meses foi praticamente impossível observar a cria, uma vez que apenas explorava com a progenitora a copa das árvores e não descia às zonas mais bai xas da instalação. No entanto, com seis meses, o animal des ceu e a partir desse momento foi possível acompanhar o seu crescimento de perto, passan do a seguir e a imitar a progeni tora em todas as suas ações.

PANDA MUNDOAMEAÇADOMAISDONASCE

exclusivamente de folhas de bambu.

A tromba do elefante tem mais de 40.000 músculos.

KOALA Chegam a dormir 18 a 20 horas por dia.

GIRAFA-DE--ANGOLA

DAS-TERRAS-OCIDENTAL-GORILA-BAIXAS Olhar fixamente olhos nos olhos um gorila é uma postura de confronto para ele.

VERMELHOPANDATal como alimenta-sePanda-gigante,oquase

LINCE-IBÉRICO

BUZIO-D’OBÔ Não é épormasmamífero,respirapulmões,gastrópodespulmonados.

ABELHA Uma colónia pode ter entre 20.000 e 50.000 abelhas ou até mais.

SOBRECURIOSIDADESALGUMASANIMAISDOJARDIMZOOLÓGICO

Nascem com quase 2 metros de altura.

90% da dieta Lince-ibéricodoécompostaporCoelho-bravo.

Detentor de uma pelagem densa e uma cauda longa que o ajuda a manter a temperatura corpo ral, este animal está perfeita mente adaptado ao frio que se faz sentir em algumas das suas áreas de distribuição como, por exemplo, as florestas de mon tanha entre a China e o Nepal. Apesar de se alimentar princi palmente de folhas de bambu, este pequeno panda apresen ta uma dentição de omnívoro e tubo digestivo de carnívoro, uma das muitas características peculiares que o caracterizam. A população de Panda-verme lho apresenta uma tendência decrescente, sendo a degra dação e fragmentação do seu habitat natural, apresentadas como as principais ameaças, e que o colocam “Em Perigo”, segundo a União Internacio nal para a Conservação da Na tureza, fazendo deste o panda mais ameaçado do mundo. A dificuldade na reprodução é ainda um fator de apreensão uma vez que o período fértil das fêmeas ocorre apenas uma vez por ano, e dura entre doze a trinta e seis horas.

-AFRICANO-DA-ELEFANTE--SAVANA

NASCIMENTO 4 Sabia que...

NO JARDIM ZOOLÓGICO

COLIBRI Bate as asas 200 vezes segundo.por

SABIAS QUE...

em perigo

| breves | NATUREZADAEMOCIONANTEMUNDOO 5 NA NATUREZA

O estatuto de conservação dos Pandas-gigantes (Ailuropoda melanoleuca) foi alterado. Se gundo os especialistas, foram atingidos os 1.800 indivíduos em habitat natural, fazen do com que a espécie deixe de estar classificada como “Em Perigo” e assuma o estatuto de A“Vulnerável”.recuperação está relaciona da com os esforços feitos na implementação de programas de conservação, que têm procu rado colmatar os problemas do habitat natural a fim de promo ver a recuperação das espécies. Para além dos pandas, também Panda-gigante

Devido às alterações climáticas, a União Internacional para a Conservação da Natureza estima um aumento do nível do mar de, pelo menos, 30% nos próximos 45 anos e alerta que, embora os Dragões -de-komodo presentes no parque nacional — indonésio — estejam bem protegidos, os que vivem fora, estão em risco de perder parte significativa do seu habitat devido às atividades humanas.

O Dragão-de-komodo é o maior lagarto do mundo e só existem em algumas ilhas da Indonésia.

De

Espécies Ameaçadas”, um indicador crítico da saúde da biodiversidade mundial e uma ferramenta poderosa para informar e cata lisar ações de preservação. Tendo como área de dispersão um conjun to de ilhas situadas no território indonésio, esta espécie depende, em algumas dessas ilhas, de parques nacionais para conseguir sobreviver. Para o IUCN, a evolução do es tatuto deste que é o maior sáurio do mundo, reflete a relação entre a diminuição da biodi versidade do planeta e a atividade humana.

os Leopardos-do-amur (Pan thera pardus orientalis) e a Íbis -do-japão (Nipponia nippon), registaram um aumento de indivíduos em habitat natural. Já em 2016, a comunidade científica tinha-se regozijado com a melhoria no estatuto de conservação dos pandas que tinham transitado de “Criticamente em Perigo” para “Em Perigo”.

Fonte: LUSA

animais mudam de climáticasalteraçõesdevidoformaàs Será que há alguma relação entre as alterações climáticas e as mutações morfológicas que se têm verificado em alguns animais? Estudos indicam que sim. As alterações corporais têm sido termorreguladoras,emprincipalmenteverificadas,estruturaspelo que tudo indica tratar-se de uma resposta ao aumento das temperaturas dos habitats. Os dados indicam que em climas mais frios, onde há uma maior necessidade de conter o calor, os animais apresentam membros mais curtos, em contraste com animais que habitam em zonas onde o clima é mais quente, que apresentam membros maiores, para melhor dissiparem o calor. Bicos, asas, orelhas, patas, ou mesmo caudas, são algumas das estruturas onde foram observadas essas mutações. As adaptações dos animais ao meio são cruciais para a sobrevivência das espécies, e fazem parte do processo evolutivo das mesmas. No entanto, o aumento brusco das temperaturas, provocado pelas alterações climáticas, obriga a uma adaptação igualmente rápida da parte dos indivíduos. Todos os que não acompanharconseguiremacabam por morrer levando, no limite, à extinção da espécie.

O estatuto do Dragão-de-komodo ( Varanus komodoensis) foi recentemente revisto, passando de “Ameaçado” para “Em Perigo”. Esta classificação é da responsabilidade da IUCN (União Internacional para a Conser vação da Natureza), também ela responsá vel pela elaboração da “Lista Vermelha das ameaçado para

MAIS LONGE DA EXTINÇÃO

rural, do qual resulta uma baixa den sidade populacional e, em consequên cia, a oportunidade dos animais volta rem a povoar zonas onde já se teriam estabelecido no passado. O regresso à região, de espécies como o corço, o vea do e o javali, presas naturais do lobo, é apontado como mais um incentivo. Com o reaparecimento do Lobo-ibérico nesta região, é fundamental reforçar o trabalho de sensibilização para pôr termo a muitos mitos responsáveis pela perseguição da espécie no passado.

Em outubro de 2019, o Jardim Zoológi co, financiou, através do seu Fundo de Conservação, o envio para a Namíbia, de uma cadela pastor.

O Cão-pastor-da-anatólia é uma das es pécies selecionadas para a proteção dos rebanhos, e desde o início do programa

Atento às necessidades das espécies, o Jardim Zoológico participa em progra mas de conservação um pouco por todo o mundo, sendo um deles, o Programa de Conservação das Chitas, na Namíbia, o Livestock Guardian Dog Program. ajudou a reduzir em 80% o conflito ho mem-animal, salvando muitas chitas e outros predadores selvagens.

Dois anos volvidos, a cadela, de nome “Lisboa Bella”, teve as suas primeiras crias, contribuindo com uma nova linha gem de cães para o programa.

Após ter sido dado como extinto no distrito de Castelo Branco, onde não se registavam avistamentos desde 2004, o Lobo-ibérico foi novamente observado em dezembro de 2020 no concelho de Idanha-a-Nova. À agência LUSA, Sa muel Infante, especialista neste campo, refere que a partir dessa altura os in divíduos começaram a ser monito rizados por fotoarmadilhagem e por recolha de indícios para análise genética. Esta análise procura, também, estudar o comportamento das populações sel vagens e perceber se os indivíduos que têm surgido são provenientes das popu lações a sul do Douro ou se são oriundos de TendoEspanha.emconta que a maior causa de extinção destes animais resulta do conflito com as populações locais, impulsionado pela fragmentação e redução do seu habitat, foi atribuído o ressurgimento da espécie ao êxodo

Este programa recorre a cães que, pela sua presença altiva, ladrar intimidante e natureza leal e protetora, assustam os predadores selvagens, como a chita.

Avistado onde era dado como extinto

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO

Fonte: LUSA

A perda de habitat e a redução de presas naturais são das principais causas de ameaça desta espécie, o que leva à apro ximação dos animais às populações hu manas, em busca de alimento nos pe quenos rebanhos. Para uma população pobre, que tem no pastoreio a sua subsis tência, a morte de um animal é financei ramente incomportável, resultando na perseguição dos predadores selvagens.

DAS CHITAS DÁ FRUTOS

NATUREZADAEMOCIONANTEMUNDOO | breves |6 INTERNACIONALLOBO-IBÉRICO

Um dos mitos responsabiliza os lobos pe los ataques a rebanhos mas, no entanto, é hoje reconhecido que a maioria desses ataques são realizados por cães selva gens. É fulcral que se existir algum ata que, os proprietários devem reportá-lo de imediato às autoridades, porque caso seja provado que foi o lobo, o Estado indemniza o proprietário”.

O lobo-ibérico (Canis lupus signatus) habita na Península Ibérica e distingue-se pelas cores fortes da sua pelagem e um padrão de coloração das faces e focinho, diferente do lobo que habita a restante área europeia.

barbatanasepatasentreConservar 1. Manter em bom estado. 2. Manter no estado atual. 3. Guardar. 4. Preservar. 5. Continuar a ter. 6. Reter (na memória). 7. Não perder. 8. Não desistir. Palavras relacionadas: reter, manter, permanecer, mantimento, memorizar, reservar, vivificar. 01 7

| pegadas |8 ...a respeitar a natureza Na sua missão de proteger as espécies e sensibilizar o público para a importância da sua preservação, o Jardim Zoológico associa-se a vários projetos em todo o Recuperaçãomundo. da fauna e flora australiana O final de 2019 e o início de 2020, foram marcados pelos maiores fogos florestais de que há registo no território australiano.

9| pegadas | E m contacto perma nente com o Zoo de San Diego, fundador do Programa de Conservação de Koalas no habitat natural, em que o Zoo participa desde 1991, o Jardim Zoológico re cebe com frequência as atua lizações sobre o desenrolar das operações no campo. No controle das mesmas, encon tra-se a Science for Wildlife, uma organização sem fins lucrativos, sediada em Blue Mountains, na Austrália. A Dra. Kellie Leigh, Diretora Executiva e CEO da organiza ção, foi durante estes meses a porta-voz da natureza. Uma vez extintos os fogos, deu-se início a um dificíl trabalho de recuperação dos animais sobreviven tes e dos seus habitats. Par tilhamos de seguida o últi mo relatório, assinado pela Dra. Kellie Leigh.

“Desde os incêndios de 2019— 2020 que ocorreram na Aus trália, tem havido uma enorme necessidade de compreender o seu impacto na vida selvagem, de forma a avaliar a necessidade de recuperar um conjunto de es pécies. A perda de vida selvagem sem precedentes, que se verificou há quase dois anos, resultou na morte de mais de três biliões de animais por toda a costa orien tal australiana. A Science for Wildlife que durante os incên dios, desenvolveu o primeiro pla no de evacuação de emergência de koalas, disponibilizou nos três meses seguintes, água e comida para os animais selvagens que sobreviveram, mas que enfrenta vam desidratação e fome. A longa jornada, no sentido de recuperar os animais e ainda de garantir um futuro para os koalas e outras es pécies afetadas pelas alterações climáticas, está em curso.

O mais assustador é que os incên dios a que assistimos foram apenas uma pequena amostra do que está para vir. Com as alterações climáti cas, esperamos fogos mais intensos e mais frequentes. Um dos maiores problemas foram as vastas áreas abrangidas. Normalmente, os fo gos florestais acontecem numa es cala menor e deixam mais áreas in tactas, ou refúgios, que os animais conseguem utilizar para se restabe lecer. Se registarmos outros incên dios com esta escala e com maior frequência onde, por exemplo, 80% de um milhão de hectares do Par que Nacional de Blue Mountains, uma área classificada como pa trimónio mundial, for queimada, o nosso Parque Nacional deixará de servir o objetivo de ser um refúgio para a biodiversidade.

O trabalho pós-incêndio que es tamos a realizar é multifacetado.

O Jardim Zoológico apoiou os nossos esforços através da ofer ta de aparelhos tecnológicos im portantes, os Trimbles. Um dos desafios que a nossa equipa expe rienciou durante e após os fogos, devido à coordenação entre staff e voluntários pelas diferentes zo nas de fogo, foi a inconsistência dos dados recolhidos. Parece um pormenor sem importância, no entanto, a maior parte do traba lho de campo tem como objetivo a recolha de dados para uma fu tura gestão, e por isso, a boa qua lidade dos dados é vital. Pedaços de papel preenchidos de forma diferente, por pessoas diferentes, criam muitos problemas, incluin do mais hipóteses de erro, quan do posteriormente a informação é adicionada às tabelas. De forma a resolver esta questão, tentámos em primeiro lugar, a utilização de aplicações de telemóvel, no en tanto estas não trabalhavam em áreas mais remotas sem rede, ou não eram compatíveis com os diferentes modelos de telefone. Os Trimbles resolveram todos os nossos problemas; permitiram a introdução de informação fide digna ainda no campo, e automa ticamente georreferenciada. Essa informação é armazenada numa “nuvem”, ficando imediatamente pronta para ser analisada.

Com o apoio da Wildlife Alliance do Zoo de San Diego e da NSW Koala Strategy, os nossos princi pais parceiros, estamos a trabalhar com o objetivo de compreender em que áreas e de que forma é que os koalas sobreviveram aos incên dios. Se compreendermos o que é necessário para que os animais sobrevivam numa paisagem quei mada, conseguimos prever o que precisamos de proteger no futuro.

folhas de eucalipto, tóxicas para a maioria das espécies, e a viajar para encontrar comida, tendo em conta as calorias e humidade que retiram dessas mesmas folhas. Se houver uma quebra na quan tidade de energia que ganham, comparativamente com a ener gia que despendem, poderá resultar numa nutrição deficiente, com consequências para a condi ção física dos animais e, para uma maior suscetibilidade em relação às doenças, uma queda na taxa de natalidade. Temos esperança que não seja o caso, mas estamos Poratentos.enquanto as notícias ainda não são animadoras, mas o facto de ainda termos alguns koalas pa ra monitorizar é um ponto positi vo. Na realidade, os animais têm -se mostrado mais resilientes do que Paraesperávamos.alémdonosso trabalho den tro da rede de áreas protegidas, estamos também a trabalhar com as comunidades em torno dos sistemas dos Parques Naturais, uma vez que muitas dessas áreas foram protegidas dos incêndios e contêm zonas de habitat saudá vel, que são importantes para os koalas e outras espécies. O nível de disponibilidade da co munidade para ajudar a vida sel vagem, tem permanecido eleva do desde os incêndios florestais.

| pegadas |10

Este crescimento é uma tática de sobrevivência verificada em eu caliptos, que nem sempre é bem -sucedida. Se as árvores morre rem a longo prazo, isso significa menos habitat disponível para os koalas giaenergético.porvezumateciaparativamentedepercorridasvadocêndio.espécie-nosteriormenteanimaismosreza,osEstamossobreviventes.tambémamonitorizarkoalasquelibertámosnanatutrêsmesesdepoisdeosterresgatadodosfogos.Esseseoutros,queforamposencontrados,têmensinadocomoéqueestausaapaisagemapósoinAtéàdata,temosobserumaumentodasdistânciaspeloskoalas,afimencontraremalimento,comcomoqueaconantesdosincêndios.Estaérazãodepreocupação,umaqueosanimaisdesenvolvemnaturezaumbombalançoTêmdegeriraenerquedespendemadigeriras

Quantas mais zonas os koalas ti verem para sobreviver, e quanto mais conectadas estiverem essas áreas, maiores são as suas hipó teses de sobrevivência perante as alterações climáticas e outras pressões. Estamos muito gratos pelo apoio que temos recebido, especialmente de fontes interna cionais como o Jardim Zoológico e a Wildlife Alliance do Zoo de San Diego. Para além de permitir o nosso trabalho, ajuda-nos a per ceber que há muitas pessoas em todo o mundo que se preocupam e partilham a nossa paixão pela conservação da vida selvagem.”

Dra. Kellie Leigh, Diretora Executiva e CEO da organização Science for Wildlife, num dos resgates na Austrália

Embora tenhamos encontrado koalas nas áreas atingidas pelos incêndios, um ano ou mais após os mesmos, muitos vivem dos re bentos que estão a nascer nas ár vores queimadas, um fenómeno conhecido como crescimento epicórmico. Em áreas onde as árvores foram severamente afe tadas, uma mudança nas con dições meteorológicas poderia resultar na morte das mesmas.

Estamos a tentar perceber co mo deverá ser um refúgio de in cêndios para apoiar as diferentes espécies, para que essas áreas possam ser ativamente prote gidas durante fogos futuros.

Vamos também compreender onde é que os koalas vivem atual mente, e as ameaças que enfren tam na ocupação do território. Para recolher a informação que precisamos, temos estado a mo nitorizar os animais nas zonas de incêndio, nas áreas de estu do em Blue Mountains e áreas adjacentes. Neste momento, ainda há muita esperança. Temos encontrado koalas sobreviven tes em todo o território, o que são boas notícias, significa que não os perdemos todos. A varia ção da intensidade dos fogos é a maior fonte de esperança. As áreas que não foram totalmente queimadas ou onde houve uma intensidade menor, registaram uma maior taxa de sobrevivência. As nossas análises ainda não es tão completas, mas temos en contrado indícios de que a taxa de recuperação da vegetação e os níveis de humidade na mesma pa recem também ser um dos prin cipais fatores de distribuição dos animais após o incêndio. Ainda estamos a tentar perce ber quantos koalas perdemos. Temos de os monitorizar a longo prazo para perceber se há ani mais suficientes para que a po pulação volte a crescer, ou se há poucos, e a população entrará em declínio se não for alvo de in tervenção no futuro.

Pretendem cumprir esta missão através de uma constante avalia ção e monitorização das popula ções, assim como das ameaças a que estão sujeitas.

os feli nos selvagens, em geral, falam da reintrodução do Lince-eu Unidos pelo Lince-euroasiático, o casal Urs e Christine Brentenmoser conheceu-se nas aulas de campo na faculdade e, hoje, representa uma das principais instituições de conservação de espécies.

C hristine sempre quis ser bióloga. O avô e o pai eram alpinistas e agricultores, pelo que a natu reza estava-lhe no sangue. Urs, por sua vez, não tinha qualquer ligação ao campo, mas sim um grande fascínio por felinos. Assim, quando teve de escolher uma área, enveredou igualmente pela biologia. Quis o destino que estas esco lhas os colocassem na mesma aula de campo, e desde então nunca mais se separaram. Hoje, representam o Grupo de Especialistas de Felinos, uma ramificação da Comissão de Sobrevivência de Espécies, da IUCN (União Internacional pa ra a Conservação da Natureza). Um trabalho de dedicação, reali zado em regime de voluntariado, à semelhança dos restantes pro fissionais que, com eles, com põem o IUCN. Promover a longo prazo, a conservação de espécies de felinos selvagens, é o objeti vo deste grupo de especialistas.

CARNÍVOROSGRANDESDOSCONSERVAÇÃO | pegadas |12 Urs e Christine Breitenmoser

A informação recolhida no cam po é fundamental, pois permite delinear um plano de atuação centrado nas medidas prioritá rias de Apesarconservação.detrabalharem

Um casal

carnívorosdosconservaçãonagrandes

13 Lince-euroasiático

| secção |14 CARNÍVOROSGRANDESDOSCONSERVAÇÃO “Não sei se ela me escolheu a mim primeiro ou aos linces”, graceja Urs durante entrevista.a | a saber | Euroasiático visto ao pormenor Embora iguais à primeira vista, o Lince-euroasiático é, das 4 espécies conhecidas de lince, aquele que tem maiores dimensões. Falamos das principais características que distinguem esta sub-espécie.Pelagem de regiãomaismembrossepintascomcastanho-amarelada,corumpadrãodenegrasqueconcentramnoseestãodispersasnadorsal

Tufos de pelo em cada lado da face roasiático como o projeto das suas vidas. Possibilitar o re gresso deste grande carnívo ro às densas florestas da Suíça, é o objetivo do programa mas, no entanto, tem de ser cuida dosamente planeado para evi tar o conflito com as popula ções humanas. O casal reforça que os animais não estão a re gressar para uma “região selva gem, mas sim para uma paisa gem profundamente dominada e alterada pelo uso humano”, que resultou no seu desapare cimento.

TRABALHO COM ZOOS Nunca trabalharam num zoo, mas trabalham muito com estes, e a sua opinião sobre este tipo de instituições é muito assertiva. Reconhecem o papel fundamen tal dos “bons zoos” na conserva ção das espécies, não apenas pe la parte científica de investigação das espécies e a sua reprodução, mas também em relação à com ponente educacional. Reconhe cem igualmente o fator recreati vo das instituições e aceitam-no, quando o balanço entre o entre tenimento e a sensibilização do visitante é conseguido. Lamen tam, no entanto, que por vezes, o importante trabalho dos zoos no habitat natural não chegue aos visitantes. Acreditam que se a população fosse envolvida nas ações de conservação, seria mais facilmente impactada para esta temática e, deste modo, ficariam mais disponíveis para alterar os seus comportamentos e agir em prol da conservação da natureza.

Tufos negros na extremidade de cada orelha Tipicamente de cauda curta

Urs e BreitenmoserChristine

VISITA AO ZOO É a primeira vez que Urs e Chris tine visitam o Jardim Zoológico, no entanto, vieram “apenas comprovar aquilo que, de certa forma, já conheciam”. O traba lho entre o Jardim Zoológico e associações de conservação no habitat natural, como o IUCN, é de proximidade e baseado numa constante partilha de informa ção. Os zoos são como Arcas de Noé que criam grupos de indi víduos geneticamente variados, para reintrodução, sempre que possível. Devido ao contacto diário com as espécies, são tam bém uma fonte fundamental de informação sobre as mesmas e os seus hábitos. As associações de conservação conhecem os habitats e as suas problemáti cas. É a soma de ambas as partes que permite um trabalho corre to e cirúrgico na conservação da biodiversidade do planeta.

Educar verbo transitivo 1. Dar educação a.2. Criar e adestrar (animais). 3. Cultivar (plantas). verbo pronominal 4. Adquirir os dotes físicos, morais e intelectuais que dá a educação. Palavras educando,relacionadas:educado,educativo, deseducar, educação, bem-educado, desemburrar. 02 piareserugidosentre 15

Uma savana para o maior do mundo

No coração do Jardim Zoológico nasceu a Savana, uma instalação que pretende homenagear o maior mamífero terrestre e símbolo do Zoo. PESO ≤ 7,5 t DIETA Herbívora ATIVIDADE Diurna/Noturna VIDA SOCIAL Familiar 6 a 7,5 m ≤ m3,7

MATURIDADE SEXUAL 11 a 20 anos DISTRIBUIÇÃO África REPRODUÇÃO Vivípara Nº CRIAS 1 GESTAÇÃO 22 meses

HABITAT Savanas

17 tureza como inspiração, neste novo espaço podem ser obser vados diversos elementos, co mo por exemplo, rochas e pe quenos lagos, que demarcam os limites da instalação. Preten de-se com estas barreiras na turais, que a separação dos ani mais que ali habitam, elefantes, girafas e hipopótamos, não seja notada pelos visitantes, dando a sensação de que habitam todos no mesmo espaço.

OS ANIMAIS DA SAVANA A savana é um lugar único e di verso, com uma pluralidade de espécies. Nesta instalação po demos encontrar as mais em blemáticas, que pela sua impo nência dão uma “cor” especial a este espaço. Chegar à Savana é uma emoção. Subimos uma extensa avenida ladeada por rinocerontes e órixes e quan do olhamos em frente começam a definir-se altos pescoços no horizonte. “Olha as girafas”, ouvimos as vozes inocentes e so nhadoras das crianças, enquan to caminham apressadas para contemplar o animal mais alto do mundo. Curiosas, as girafas aproximam-se e olham do topo dos seus cinco metros de altura para mais um grupo que chega. Aqui começa a Savana MEO, no me oficial da nova instalação do Jardim Zoológico. Este espaço foi cuidadosamente pensado para transportar os visitantes pelas cores, aromas e calor do continente africano. Com a na Das girafas ajustamos a objeti va e vislumbramos, ao fundo, os maiores do mundo num cons tante frenesim de trombas pa ra cima e para baixo, enquanto se alimentam. Trezentos qui los de feno por dia, por elefante, uma conta redonda e “pesada”, mais de uma tonelada diária para tão ilustres paquidermes. Ao chegarmos mais perto, a no va instalação coloca-nos pro positadamente ao mesmo nível destes animais e somos impac tados pela imponência das qua se oito toneladas que envergam. Naturalmente, olham-nos de cima e cresce em nós o respeito por cada indivíduo e pela espé cie. Cumpriu-se a missão. Coabitam com os elefantes as nialas. Estas são antílopes de e semidesérticasestepes

| visita guiada |18

O QUE MUDOU A instalação dos elefantes foi a que recebeu a maior interven ção. Foi aumentada em mais do triplo, e recebeu alimenta dores em altura que promo vem o exercício dos músculos da tromba. Em vez de um, pas sou a contar com dois lagos com cascata, onde os animais se po

UMA INSTALAÇÃO DINÂMICA E ESTIMULANTE No Jardim Zoológico, o enrique cimento ambiental é uma realida de constante. Este consiste num conjunto de itens e estruturas in seridas nas instalações e que têm como objetivo estimular os com portamentos naturais dos ani mais. Conhecem-se cinco tipos diferentes de enriquecimento — alimentar, físico, ocupacional, sensorial e social — e podemos agora identificá-los a todos. Neste novo espaço, os enrique cimentos fundem-se com o con ceito da instalação e apresen tam-se ao visitante de forma na tural. Sombras foscas, pontos de água, lagos de lama e diferentes substratos a cobrir o solo, são al gumas das estruturas físicas in seridas na instalação e que ofe recem diversificados estímulos a estes animais da savana afri cana. A colocação da alimenta ção dos elefantes em estruturas elevadas é outro exemplo de en riquecimento, alimentar, físico e ocupacional, e que pretende levar os animais a exercitar os músculos da tromba, tal como fariam para chegar às folhas das árvores no habitat natural.

pequeno porte que, tal como nu ma savana, exploram o espaço, sempre alerta. Uma espécie de hábitos reservados, que vive ge ralmente em grupos de três in divíduos e que aproveita para se apropriar das áreas dispensadas pelos elefantes fazendo delas o seu território.

Sem dadosavaliadoNão preocupantPoucoe ameaçadaQuase Vulnerável CriticamenteemperigoEm perigo ExtintaExtinta natureznaa Estatuto de Conservação

Um gigante “Em Perigo”

O de‘em‘vulnerável’mudançaquedeclíniodesde-savanaElefante-africano-de-registou,2008,umacentuadodapopulação,culminoucomadeestatutodeparaperigo’,emmaio2021.

Este é o maior animal terrestre e representa para muitas comunidades indígenas, a força e a inteligência. As suas principais ameaças são a caça para a obtenção dos seus dentes, e a fragmentação do seu habitat. dem refrescar ou beber água nos dias mais quentes. Numa das extremidades do espaço, obser vamos ainda o lago de lama que os animais utilizam para pro teger a pele da exposição solar e dos Continuandomosquitos.apercorrer o es paço encontramos o lago onde habita o “Agricultor da Savana”. O hipopótamo é assim conheci do porque as suas fezes tornam o terreno muito fértil, permitindo assim que na época das chuvas, cresça vegetação que irá alimen tar os herbívoros da savana. Es tes animais dependem muito da água, no entanto, apesar da sua grande capacidade de apneia, não respiram debaixo de água. São mamíferos, sendo obriga dos a “espreitar” a superfície de tempos em tempos, para pôr os pulmões a trabalhar. No topo da savana, numa área elevada, conseguimos alcançar com o olhar este magnífico com plexo de instalações. Mas, um rugido interfere com o momento de contemplação e leva-nos a virar as costas para constatar que, ali mesmo atrás de nós, se encontra mais um ele mento da savana, logicamente separado das eventuais presas. Apesar de não fazer parte da Savana MEO, não é de forma inocente que a delimita supe riormente. mosanimaiscontemplamosAproximamo-nos,ainteraçãodoscomoespaçoesaudaosleões.

19

Com muitas outras curiosidades, vamos conhecer melhor este animal!

AbelhasSabias que...

ARTIGODOTEMA | palavra de bicho |20 ...A ABELHA HABITAT

Só em Portugal vivem mais de quinhentas es pécies diferentes de abe lhas, entre as mais de vinte mil conhecidas em todo o mundo. Detentoras de uma incom preensão generalizada, vão sobrevivendo numa luta injusta sendo habitualmente confundidas com as vespas. “Cuidado com a abelha”, é a expressão mais ouvida nos al moços ao ar livre. Uma fama sem proveito, uma vez que, em noventa e nove por cento À noite, todas as abelhas regressam à colmeia, uma estrutura de favos alveolares que lhes confere abrigo, mas não se limita a essa função. Organizada por áreas, “a casa das abelhas” tem um armazém, onde as obreiras guardam o néctar e o pólen das conhecervamos os cantos à casa!

São insetos himenópteros, que produzem o mel e a cera.

das situações, estamos peran te vespas, carnívoras vorazes, que estão dispostas a entrar em confronto físico com os humanos por um pedaço de comida. As abelhas, por sua vez, alimentam-se do néctar das plantas e evitam o confli to, atacando apenas se amea çadas. O seu ferrão é um pro longamento do abdómen e quando picam, morrem.

Para evitar as expedições que tinham de realizar para a obtenção do “líquido dos deuses”, os antigos egípcios começaram por colocar as abelhas em potes de barro, garantindo a proximidade das colmeias e a sua fácil movimentação. No entanto, os potes não permitiam uma eficaz extração do mel acabando por resultar na destruição das colmeias. Foi em 1851, que Lorenzo Langstroth criou a colmeia com quadros móveis, marcando o início da apicultura atual, em que as colmeias e os enxames são preservados sem danos, apesar da retirada dos seus produtos. Percebeu-se assim, que a prática apícola requer utensílios e cuidados próprios, não só para a segurança do apicultor, mas também para garantir a produção dos diversos produtos e a segurança das próprias abelhas. flores para alimentar larvas e pupas em crescimento, ou mesmo uma maternidade, onde a rainha deposita os seus ovos. Cada ovo é colocado num alvéolo que, de seguida é fechado com cera e assim permanece até ao fim do desenvolvimento. Os restantes alvéolos são ocupados com o mel que, produzem.entretanto,

Numa saída a abelha visita apenas uma espécie de plantas, garantindo assim a eficiência na transferência de pólen entre flores da mesma espécie.

21

Campeã da polinização

DA A DESPENSA

A polinização é um fenóme no através do qual ocorre a transferência do pólen, das estruturas do aparelho repro dutor masculino da flor, os estames, para o aparelho re produtor feminino, o estigma. Um processo essencial para o Homem, uma vez que dele dependem alimentos como, laranjas, maçãs, morangos, cenouras, cebolas, melancia ou mesmo café. Na realidade, um terço dos alimentos que chegam ao nosso prato, resulta da ação dos poliniza dores, não só no que respeita à quantidade, mas também à qualidade dos mesmos. A Abelha-melífera ( Apis melífera), é um dos mais importantes polinizadores para as culturas, sendo, através da polinização, res ponsável por 15% da produ ção agrícola. Em primeiro lugar, é detentora de um “fato peludo”, onde os grãos de pólen ficam agarrados quan do esta visita uma planta. De seguida, transporta consigo esses grãos que acabam por se soltar, en quanto esta se alimenta na planta seguinte, dando ori gem à fecundação do óvulo, ou seja, à polinização. No entanto, não há apenas uma abelha dedicada a este processo, o mesmo é multiplicado pelas dezenas de milhares de abelhas que com põem uma colónia, e que são avisadas pelas outras por entre danças e zumbidos, da localização das flores, garan tindo assim que mais abe lhas vão estar envolvidas na polinização. Apesar da Abelha-melífera ser um dos promotores de polinização mais relevante, borboletas, moscas, abelhões, vespas, formigas e escarave lhos, são outros polinizadores, também eles importantes, e sem os quais a vida na Terra seria muito diferente.

COLMEIA PARA

Definida como a arte de criar abelhas, tendo em vista a obtenção de produtos como mel, pólen, cera, geleia-real, apitoxina (veneno) e a própolis, uma matéria viscosa e aromática produzida pelas abelhas e à qual são atribuídas muitas propriedades benéficas para o ser humano, a prática da apicultura remonta há milhares de anos e evoluiu até se aperfeiçoar na forma que hoje conhecemos.

| palavra de bicho |22

Obreira Zangão

Quantos mais polinizadores visitarem a planta, maior é a reprodução dessa espécie. Mas nem tudo “é um mar de rosas”. Ao estar disponível para ser visitada por muitos polinizadores, a planta põe em risco a integridade da flor, que para ser criada e mantida exige um grande gasto ener gético. De forma a minorar os danos, ao longo de anos de evolução, muitas espécies transformaram as suas flo res, permitindo a visita de um número restrito de poliniza dores. Na planta do cacau, por exemplo, o acesso ao pólen ocorre através de uma pequena estrutura tubular que permite apenas a passa gem a pequenas moscas com cerca de um a três milímetros de comprimento. Já na flor da baunilha, a polinização fica a cargo das doriamentecomAbelhas-da-baunilha,pequenasqueumalínguaextraordinalonga,comodobrocomprimentodocorpo, têm acesso privilegiado ao néctar desta flor. Esta espe cialização traz, no entanto, algum constrangimento, uma vez que, com o declínio dos polinizadores, a sobre vivência da espécie fica com prometida. Atualmente, a polinização da orquídea da baunilha, amplamente con sumida em todo o mundo, é em grande parte feita à mão, pelo Homem. Obreira, Zangão e Rainha Uma colónia de abelhas pode ter entre vinte e cinquenta mil indivíduos, que comunicam entre si através da liberta ção de feromonas, danças ou sons. Há três tipos de abelhas que se desenvolvem de forma diferenciada, desde a fase de ovo, e que assumem diferen tes funções na colmeia. As obreiras constituem o cor po de trabalho de um enxame e podem viver até quarenta dias aproximadamente. Cada abelha obreira tem tarefas distintas de acordo com a idade, característi cas físicas e necessidades da colónia. A elas cabe a limpeza dos alvéolos e das abelhas recém-nascidas, a produ ção de cera para construção dos alvéolos e a produção da geleia-real, uma secreção utilizada para alimentar, não só as larvas em desenvolvi mento, mas também a rainha. Asseguram ainda a recolha do néctar, pólen e água para toda a colónia e com o néctar reco lhido produzem o mel. Quando nomeadas para a

A atração das flores Cheiros distintos, cores atra tivas e formas exuberantes, esta é a resposta de muitas plantas à necessidade de ga rantir a continuidade da espé cie. Para tal, não se limitam a atrair os insetos pelo néctar, o suco doce de algumas flores, dotam-se ainda das carac terísticas mais atrativas de forma a garantir que são sele cionadas entre tantas outras.

Flores e mais flores, são as palavras de ordem na salvaguarda dos polinizadores. Não precisa de muito espaço. Uma varanda, um parapeito, são suficientes para criar um pequeno jardim onde os polinizadores possam descansar e alimentar-se. Pequenos refúgios numa selva de betão que poderão ter grande impacto na sua vida. O ideal será optar por flores com diferentes cores, formas e épocas de floração para assim, criar a situação ideal para um maior número de polinizadores. Se fôr agricultor opte pela diversidade de culturas, uma vez que a monocultura faz com que as abelhas e outros polinizadores tenham apenas uma fonte alimentar. Isto não satisfaz as suas necessidades nutricionais, para além de alterar a qualidade dos seus produtos, como o mel. Também a utilização de pesticidas é extremamente prejudicial para os polinizadores. A sua ação é ampla, e pode ir desde a simples desorientação à acumulação de toxicidade até à morte. O ideal é dar preferência a produtos da época, tomando assim decisões sustentáveis na escolha dos produtos e na avaliação das suas necessidades.

23 Rainha defesa da colmeia, as obreiras podem picar, no entanto só o farão quando ameaçadas uma vez que se o fizerem, não sobrevivem. O zangão é a abelha-macho e a única que não tem ferrão. Depende das obreiras para se alimentar, e por isso, quando há escassez de alimento, principalmente no período do outono e inverno, são ex pulsos da colmeia, e não resistem ao frio e à fome. A sua função na colónia é a de fertilizar a rainha durante o “voo nupcial”, morrendo depois disso. A peça fundamental na col meia e, por isso protegida pelas restantes abelhas, é a rainha. Vive cerca de cinco anos e é a única com capacidade para se reproduzir. No voo nupcial, a abelha-rainha é seguida por vários zangões, que a fertili zam em pleno voo. Pela conservação do café e do chocolate! Produtos alimentares a que a maior parte de nós tem fácil acesso no seu dia-a-dia, como por exemplo, maçãs, café ou chocolate, poderão vir a de saparecer, caso não tomemos medidas que impeçam a ex tinção das abelhas e de outros polinizadores. São muitas as ameaças a que estes insetos estão expostos. Com o crescimento demo gráfico verifica-se a destrui ção do seu habitat natural, que com poucos locais para construção de ninhos e sem fontes de alimento adequa das, vêem nas zonas urbaniza das um cenário inviável à sua sobrevivência. A esta ameaça junta-se ainda a utilização de pesticidas e a introdução de espécies invasoras. A proli feração de doenças causadas sobretudo por fungos e para sitas, afetam igualmente as colmeias, com particular des taque para as espécies sociais. Também as alterações climáticas representam uma grande ameaça à existência dos polinizadores.

As crescentes mudanças no clima, com períodos de temperaturas extremas cada vez mais longos, refletem-se no equilíbrio dos ecossis temas. Escassez de água ou florações fora da época, são alguns exemplos disso, impedindo a sobrevivência dos polinizadores, ou fazen do com que a sua função po linizadora não seja tão eficaz.

A polinização artificial é já uma realidade conhecida, no entanto, com mais trabalho e mais custos associados, os produtos do nosso dia-a-dia, tornar-se-ão cada vez mais raros e mais caros, começan do a haver escassez, o que poderá pôr em causa a saúde da população mundial. Nos últimos anos, foi descrito o desaparecimento súbito das abelhas-obreiras de colónias aparentemente saudáveis. Este fenómeno, conhecido como “Síndrome do Colapso das Colónias”, tem levado ao declínio da população global desde 2006. As causas desta síndrome precisam ainda de ser compreendidas e identi ficadas, apesar de já ser estudada há vários anos. | como ajudar |

Faça a diferença!

RECICLAR? Sim, agora mais do que nunca!

NATUREZADAEMOCIONANTEMUNDOO | desafio de padrinho |24 DESAFIO DE PADRINHO Pode adquirir o seu conjunto de ecobags na loja do Zoo.

Reciclar é um dos comportamentos que podemos adotar rumo à preservação do ambiente. “Mas, vale mesmo a pena reciclar?”, poderá questionar-se. Vejamos! Ao reciclar estamos a diminuir o recurso a matérias-primas virgens, preservando os nos sos ecossistemas. Ecossiste mas preservados, significa manutenção das espécies vegetais e animais. E manter esta biodiversidade é manter as condições que permitem a nossa própria vida. Os benefícios de reciclar não ficam por aqui. Ao reciclar todas as embalagens, dimi nuímos o número de resí duos enviados para aterro e poupamos energia. Por exemplo, sabia que sempre que reciclamos uma emba lagem de vidro, poupamos energia suficiente para man ter acesa uma lâmpada de 100 watts durante 4 horas? “Dá tanto trabalho”, talvez pense nisso. Mas vejamos em conjunto: reciclar poupa idas ao contentor do lixo pois, ao separar todos os seus resí duos, o saco do lixo demorará mais tempo a encher. Por outro lado, ao reciclar está a contribuir para muito mais do que o seu próprio bemestar. Está a contribuir para o bem-estar de todos aqueles que depois de si, se seguem e a manter condições para que todos possam desfrutar do planeta e da natureza. “Não há condições”. Vá lá, sem desculpas. As infraes truturas necessárias pa ra o processo de reciclagem estão criadas. Existem mais de 60 mil ecopontos espalha dos pelo território nacional, quatro vezes mais do que cai xas multibanco. Vai de certe za encontrar um no caminho para o trabalho ou mesmo perto de sua casa. Há 25 anos que a Sociedade Ponto Verde comunica para que a reciclagem seja cada vez mais prática e conveniente para os portugueses. Durante este quarto de século mais de 9 mil milhões de toneladas de embalagens foram encami nhadas para ganharem uma nova vida. Chegados a 2021, só numa hora reciclamos em balagens com o peso equiva lente a 50 girafas. Se estiver mos a falar de embalagens de plástico, passamos para o pe so equivalente a um elefante. Imagine quando começar mos a receber os resíduos de todos aqueles que ainda não aderiram à reciclagem. E como é que podemos passar da palavra à ação? Começan do em casa! Se não tem como fazer a separação, disponibi lizamos ecobags, muito práti cos, que, ao serem adquiridos na loja do Jardim Zoológico, revertem a favor do Fundo de Conservação Animal. E se, ao separar as suas em balagens, ficar com dúvidas sobre se tem de as lavar, ou se deve tirar rótulos e tampas, desengane-se, não é neces sário. O processo de recicla gem encarrega-se de tratar de tudo corretamente. Reci clar é mais fácil do que pensa e os benefícios são muitos. Basta começar! E se precisar de fazer alguma pergunta sobre regras de separação ou reciclagem de embalagens, pergunte ao Gervásio, que chegou agora ao WhatsApp! Através de uma simples men sagem escrita ou de voz para o +351 914 619 286, pode es clarecer todas as dúvidas do Contasdia-a-dia.feitas, reciclar vale mesmo a pena, agora mais do que nunca. Contamos consigo?

riscasepintasentre Investigar (latim investigo, -are) verbo transitivo Proceder à investigação de... Palavras relacionadas: investigação, investigativo, reinvestigar, megainvestigação, meteoronomia, exactificar 03

| em destaque |26

Anthony Sheridan Da electrotécinca a deconsultorZoos

Com um percurso profissional desenvolvido na indústria eletrotécnica, da qual se reformou em 2008, Anthony Sheridan assume-se hoje como consultor voluntário de zoos europeus.

ZOOSOSESHERIDANANTHONY

Zooming in on Europe’s Zoos

No mais recente livro publicado, o Jardim Zoológico aparece como o segundo melhor zoo do sul da Europa. Segundo o autor, trata-se de “um Jardim Zoológico de grande qualidade situado num local atrativo, com uma excelente coleção de animais, uma forte presença na educação e conservação, apoiada por uma força de trabalho profissional e dedicada”.

©petrhamerník2016

Quando, em 2008, assumiu este projeto pelo qual é hoje amplamente reconhecido no meio zoológico, Sheridan começou por definir os fato res principais a considerar na avaliação de cada zoo. Esses parâmetros são individual mente avaliados e cotados, resultando num ranking dos melhores zoos europeus. Em 2009, esses dados deram origem ao primeiro livro de Anthony Sheridan, que co nheceu novas atualizações a cada dois/três anos. Ao todo já foram vendidas mais de dez mil unidades, revertendo o valor para pro jetos de conservação in situ . Sheridan dedicou os seus esforços à conservação dos gibões, uma ideia que sur giu em 2011, na sequência da campanha “S.O.S. Prima tas”, desenvolvida pela EA ZA (Associação Europeia de Zoos e Aquários). A cam panha tinha como objetivo

Anthony D. Sheridancomfazertentoupapelfezesdeelefante.

| Publicação | 27 sensibilizar para a conser vação dos primatas do su deste asiático, entre eles gi bões e orangotangos, mas com um flagrante destaque atribuído aos orangotangos. Atualmente, apoia um projeto de conservação do (-bochecha-polida-do-norteGibão-de Nomascus annamensis ), no Parque Nacional Kon Ka Kinh que, segundo o autor, é o maior projeto de conservação de gibões no Vietname. Classificado como ‘Em Peri go’ pela UICN (União Inter nacional para a Conservação da Natureza), a espécie apre senta uma tendência geral de decréscimo populacional, no entanto, nos últimos dois anos, a população residen te no Parque Nacional Kon Ka Kinh tem registado ten dências de crescimento que Sheridan atribui ao trabalho realizado. As ações do proje to envolvem o treino de guar das florestais, visitas e apoio às escolas, e trabalho em con junto com chefes das aldeias locais, com o objetivo de gra dualmente eliminar a caça furtiva desses primatas alta mente ameaçados e prevenir a destruição do seu habitat. Hoje, e após tantos anos de contactos com zoos de todo o mundo, Anthony Sheridan acredita que os “bons zoos” têm um papel cada vez mais importante na sociedade. Segundo o autor, numa altura em que se verifica uma explo são populacional de “quase oito biliões de pessoas e com elevadas expectativas e pa drões de vida que exigem cada vez mais das terras, colocando em causa a biodiversidade”, a missão de sensibilização destas instituições é crucial.

A penas treze anos separam o início da sua “atividade zoológica” e a atualidade, no entanto já leva na mala mais de novecentas visitas distri buídas por cento e quarenta zoos europeus, num total de vinte e nove países distintos.

| em destaque |28

BIODIVERSIDADEPELAFASCÍNIOO

Martina Panisi comconservacionistaUma“C”grande

Nasceu em Itália e desde cedo, foi assaltada por uma grande sensibilidade para a natureza.

N o entanto, na casa dos seus pais havia um pequeno jardim, onde Martina passava a maior parte do seu tempo, em grandes ex pedições debaixo dos arbustos, enquanto se deixava fascinar por toda a vida que pulsava de baixo de cada pedra. Caracóis, coleópteros, aranhas, minho cas, lesmas, bichos da conta, um sem-número de animais, e uma pequena amostra de biodiversi dade, que aos poucos moldavam os sonhos de uma criança que faria de tudo para dar voz a estes Enquantopequenos-gigantes.crescia,Martina tinha cada vez mais certeza que queria estar envolvida no mundo natu ral. Assim, escolheu a única es cola que tinha disciplinas de eco logia, na sua terra natal. Foi aqui

que percebeu que os pequenos seres que sempre a fascinaram não eram apenas magníficos nas suas cores, formas ou hábitos, eles tinham o papel importante de manter os ecossistemas sau dáveis. Invertebrados, era a sua designação científica e represen tavam mais de 97% de todas as espécies animais. Martina que ria saber e dar a conhecer mais sobre eles e, por isso começou a estudá-los em detalhe. Enquan to os amigos tinham cães e gatos como animais de estimação, a pequena exploradora começou a criar coleópteros, milípedes, fasmídeos e caracóis. Diz que são “carismáticos” e que, apesar de não suscitarem empatia ime diata, podem ser alvo de curiosi dade, e essa sim, poderá ser a sua arma contra a extinção.

O ensino secundário terminou, e apesar de no seio familiar não haver tradição em cursos su periores, cientes dos sonhos da filha, os pais deram-lhe essa oportunidade. Escolheu biolo gia. Acabou por chamar a aten ção dos professores que parti lhavam dos seus interesses e, assim, foi-lhe proposto aquilo que seria o seu primeiro grande passo na conservação: estudar os efeitos da degradação do habitat na diversidade de formas e tamanhos dos coleópteros.

Na vila onde nasceu, os habitats sucumbiram à evolução das populações e deram origem a espaços estéreis de pastagem ou a campos de cultivo intensivo, onde não resta muito espaço para a biodiversidade.

O Buzio-d’Obô (Archachatina bicarinata) foi o seu “primeiro amor” e, a partir desse mo mento, a história de vida de Martina fundiu-se com a his tória deste pequeno gigante.

O teto desta sua casa eram as copas das árvores e no limite, o céu. Houve noites de muita chuva. Martina percebeu que ser conservacionista no terre no não era para todos. Gabriel Oquiongo, o guia de campo que a acompanhava nas suas expedições, teve muitas vezes de ser a voz da esperança que não a deixava esmorecer, quando a sensação de impo tência lhe atacava o corpo.

Ricardo Lima e Jorge Palmei rim foram os orientadores que lhe ofereceram as molas e, sem qualquer hesi tação, Martina catapultou -se para São Tomé e Príncipe para conhecer melhor os caracóis gigantes.

Logo no início do projeto começaram a delinear-se al gumas dificuldades no seu horizonte. Fazer conserva ção não era fácil, sobretudo em contextos tropicais onde parecia impossível encon trar a espécie que tinha de estudar. Para além disso, es te era um país com regras e costumes muito diferentes.

29 Natureza), esta espécie so freu uma acentuada redução populacional desde meados do século XX. Um declínio atribuído à introdução do Búzio-vermelho (Archachatina marginata), uma invasora voraz que rapidamente se espalhou por toda a ilha. Esta introdução teve como objetivo oferecer uma no va fonte de proteína à popu lação das ilhas. Uma fonte cujo valor proteico é ampla mente reconhecido na áfrica continental. Estudos indi cam que a população rural depende deste alimento, que representa 45,7% da fonte proteica total consumida. Na teoria, o consumo aca baria por controlar a inci dência da espécie invasora, no entanto, a incapacida de da população em dis tinguir as espécies, resul tou no consumo de ambas.

Também o facto de ser mu lher ditou algum preconceito que procurou suplantar atra vés do respeito. Mas as ad versidades apenas lhe deram mais força para continuar. Passou noites na floresta.

PORTUGAL, UMA BOA OPÇÃO Sabia que este pequeno país, à beira mar plantado, tinha boas relações com lugares com uma biodiversidade úni ca. África e Brasil tornaram -se rapidamente a sua nova ambição. Assim, em 2014, fez as malas e partiu. Em Portugal, aprendeu a lín gua, apaixonou-se pela terra e escolheu ficar. Fez o mestra do em biologia da conserva ção e pela primeira vez no seu percurso académico, sentiu que estava no sítio certo. Com o final do mestrado e a obri gação de desenvolver uma tese final, surgiu mais uma oportunidade de fazer o que sempre tinha ambicionado.

Apesar de tudo, define São Tomé e Príncipe como “o conceito mais simples, puro e direto de ‘vida’”, e afirma que desde o primeiro minuto que chegou, sentiu-se em casa.

Classificada com “Vulnerá vel” pela UICN (União Internacional da Conservação da Esta missão completou-a com distinção, mas ambi cionou mais. Mas para isso, Martina sabia que tinha de sair de Itália.

A rápida disseminação da es pécie invasora, associada à apanha intensiva do Búzio -d’Obô e à destruição da flo resta para agricultura, aca baram por resultar no declí nio da espécie endémica. Este caracol gigante é uma lenda na ilha. Enquanto os mais velhos contavam a Martina, com saudosismo, como o apa nhavam atrás de casa quando eram pequenos, as crianças de hoje nem sabiam da sua exis tência. Foi das interações com a população local que surgiu a ideia que viria a dar forma ao seu novo projeto. O conhecimento sobre a espécie e as soluções sobre a conservação, estavam dependentes de uma

Trabalhar na conservação, dar voz aos pequenos-gigantes e sensibilizar o mundo para a perda da biodiversidade.

|

O Búzio-D’Obô, assim co mo os outros invertebrados, são muito diferentes da nossa espécie, mas não só a sua conservação depende de nós como nós dependemos da sua conservação, pois o seu desa parecimento terá consequên cias nefastas no equilíbrio e salubridade dos ecossistemas.

A mudança de comportamentos é possivelmente o ponto mais complicado de qualquer projeto de conservação. A sensibilização para a adoção de medidas diferentes no dia-a-dia de cada individuo, depende do grau de empenho de cada um perante a conservação. No entanto, de forma a suplantar este problema, o projeto Giant Forest criou a perfeita solução: não é o projeto que dita as novas medidas a implementar, estas são estabelecidas pelas próprias comunidades. Como?

Através de debates e brainstorming. Nestas sessões é identificado o problema, e a população é conduzida de forma a chegar a conclusões próprias sobre as medidas a adotar. É para todos ponto assente que a perda da espécie resultaria numa enorme perda global. Através desta estratégia, foi estimulado o senso de apropriação por estas espécies fazendo deste projeto um “bebé” de todos.

forte componente social e tinham de ser implementadas o quanto antes. No entanto, com o término da tese de mes trado, chegou igualmente ao fim o tempo de Martina na ilha. O desconforto era gran de. Tinha identificado a edu cação ambiental como uma possível solução para a espé cie e via-se obrigada a aban donar o país. Tinha de regres sar, tinha de agir. O tempo deste grande caracol estava a esgotar-se e com ele, avançava também a enorme biodiversi dade das ilhas. No interregno das suas ativi dades de campo, e enquanto pensava em como ia conse guir regressar para São Tomé e Príncipe, Martina viveu em Portugal e escolheu o Jardim Zoológico como segunda casa. No Zoo desenvolveu diversas atividades de educa ção ambiental, que serviram de teste para o grande projeto que ansiava executar. Neste tempo, em conjunto com os colegas Vasco Pissarro e Gabriel Oquiogo, delineou o Projeto Forest Giants, que após ter sido apresentado à National Geographic, recebeu o seu primeiro financiamento. Esta vitória inspirou os três mosqueteiros, que desenvol veram ainda várias candida turas apresentadas a entida des como a ONG italiana Alisei Onlus e a Universidade de Lisboa, através das quais conseguiram apoios para a implementação do projeto. Nos últimos 3 anos, Marti na viveu entre Portugal e São Tomé, passando atualmente mais tempo em Portugal, a fim de terminar a análise dos dados recolhidos. Ao mes mo tempo, dedica-se à tese de doutoramento na Univer sidade de Lisboa, cujo objeto de estudo são as atividades de investigação e educação de senvolvidas no âmbito da con servação do Búzio-D’Obô.

A conservacionista assume que tem muitas ideias para desenvolver, num futuro, que apesar de incerto, terá de concreto os muitos desafios a que Martina já se acostumou.

Projeto |

Baseado na comunidade com medidas desenvolvidas em comunidade

No meio de uma agenda atri bulada, Martina vai encon trando espaço para ir visitar os familiares em Itália. A São Tomé vai sempre que é essen cial e fica com o Vasco junto das comunidades, onde vivem os outros dois membros prin cipais do projeto, o Gabriel e o Ineias. Uma vez que o projeto se desenvolve em torno da sensibilização das comunida des, muito tem sido feito pela disseminação de informação. Workshops, redes sociais, web site, revistas científicas, con ferências, apresentações e a produção de um livro infan til sobre a história do Gigante da floresta, são algumas das ações desenvolvidas, também elas afetadas pela pandemia. As ilhas de São Tomé e Príncipe são de uma riqueza estontean te. Na sua jornada, Martina conseguiu ainda identificar artrópodes, cuja existência desconhecia, e recolher infor mações que vão contribuir pa ra que a União Internacional para a Conservação da Natu reza atribua estatuto a outras espécies endémicas que não estavam avaliadas. Hoje, Martina é detentora das mesmas ambições que ti nha enquanto exploradora no jardim de casa dos pais.

Patrocinadores Oficiais Fornecedores Oficiais Padrinhos & Parceiros O Jardim Zoológico agradece a todas as empresas que o apoiam.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.