em
jb folhas o informativo do jardim botânico
novembro / dezembro 2015 | ano 14 | nº62 distribuição gratuita
Jardim Botânico Horto | Gávea | Humaitá
Entrevista: José do Nascimento Jr Muito além do paladar Primavera inspira o cardápio de restaurantes na região. (Página 12)
Museu do Meio Ambiente aposta em programação intensa para aumentar visitação. (Página 17)
Andar com fé
Moradores e comerciantes unem-se para melhorar a circulação no bairro. (Páginas 8 a 11)
Editorial Por um bairro com mais mobilidade
está muito próxima de sair do papel, mas que ainda não tem o projeto ideal. Para escolhê-lo, é importante que os moradores participem e compareçam à próxima reunião da AMA-JB no dia 8/12.
Prezado leitor,
A jornalista Elizabeth Ritto é uma que se locomove
Segundo a pesquisa “Perfil do Ciclista Brasileiro”, feita
pelo Observatório das Metrópoles, 81,4% dos ciclistas com frequência de bike e sonha com uma ciclovia que cariocas usam bicicleta de cinco e sete dias na se- possibilite cruzar o JBRJ, da qual é sócia. Essa e outras dimana. Quem me conhece está acostumado a me ver cas dela sobre a região estão no “Meu JB”, na página 6. Outro que acredita na mobilidade é o designer de
ótimo ter essa opção sustentável de locomoção e não
joias Antonio Bernar-
me envergonho de assumir que ando na calçada, sim
do (foto), nosso ilustre
– claro que respeitando velocidade. E vou continu-
morador. Para ele, que
ar andando até que o Estado me dê segurança para andar na rua ou crie um espaço onde o ciclista tenha prioridade. Afinal, “bi-
FOTOS: CHRIS MARTINS
andando de bicicleta de um lado para o outro. Acho
morou durante anos no bairro e ainda mantém o vínculo por conta do
cicleta na calçada não
seu ateliê, o Jardim Botânico precisa, com urgência, de
mata ninguém, mas
uma estação de metrô. Leia mais nas páginas 18 e 19.
na rua mata”, frase
Em outubro, o bairro perdeu três moradores queridos:
que ouvi recentemen-
Paulo Lima, Yoná Magalhães e Manuel Ribeiro, home-
te de uma moradora.
nageados na página 16. Todos vão deixar saudades,
Diante desse assunto polêmico, fomos atrás do que cada uma à sua maneira. Mas vida que segue. anda sendo feito pela tal da mobilidade, palavrinha em
A equipe fecha esta edição (e o ano) desejando boas
moda atualmente e tema da capa desta edição, a par- festas e trazendo uma novidade: depois de muito temtir da página 8. O problema está longe de ter um final po, teremos, novamente, a edição janeiro/fevereiro, feliz, mas há uma luz no fim da via. Já existe uma co- atendendo a pedidos. Que o próximo ano seja cheio de missão de mobilidade dentro da AMA-JB – formada por boas energias, como prevê a taróloga Adriana Kastrup, Mauro Pacanowski, Carla Belletti e Ana Julieta (foto), nossa “Cara do JB”, na página ao lado. entre outros moradores – que está pensando e discutin-
Feliz 2016!
Christina Martins Editora
do o assunto. Uma delas é a tão sonhada ciclovia, que
Expediente
Foto da capa: Chris Martins
O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editada pelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.
Telefone: 3874-7111/ 98128-6104
www.armazemcomunica.com.br Editora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 -RJ) Redação: Betina Dowsley Projeto Gráfico: Paulo Pelá - www.bolaoito.com.br Revisão: Carla Paes Leme Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406 Estagiária de Redação: Sheila Gomes 2
Tiragem: 5.000 exemplares e-mail: jbemfolhas@armazemcomunica.com.br www.facebook.com/JbEmFolhasJornalDoJardimBotanico site: www.jbemfolhas.inf.br
Distribuição: Parques, bancas de jornais, galerias e prédios comerciais do Jardim Botânico, Horto, parte da Gávea e do Humaitá.
CHRIS MARTINS
ERRATA: Na edição anterior, o nome da diretora do Cores Playgym foi publicado errado. O certo é Carla Maia.
Cara do JB Adriana Kastrup Morando há mais de 25 anos no bairro, Adriana Kastrup é taróloga, e das boas! O dom ela descobriu ainda criança, quando, aos 11 anos, aprendeu a jogar tarô. Aos 22, começou a se profissionalizar e foi estudar na Europa. De lá para cá, fez seu nome, lançou o livro “A vida pelo Tarô” e, atualmente, atende uma média de 100 pessoas por mês. Das previsões que Adriana tem orgulho de dizer que acertou está a derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo. Mas ela garante que, nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, tudo será diferente. Aliás, as previsões para o futuro próximo são as melhores possíveis. “Este ano, está tudo muito difícil, pois é o mesmo céu da Segunda Guerra Mundial, com muita luta e morte. Em 2016, vai ter crise, mas vai fluir melhor, o astral vai ser bom”, garante Adriana. Sobre o bairro, a taróloga avalia que ele segue se firmando como um dos melhores do Rio. Mas prevê alguma difi-
CHRIS MARTINS
culdade com o terreno do Jockey Clube.
Para alguém que tinha como fantasia de criança ser detetive, ela acha que conseguiu, de certa forma, realizar seu sonho. Só não conseguiu ainda descobrir a verdadeira história do tarô. “As suspeitas sobre sua origem pairam entre os povos egípcios, hebreus e chineses”, arrisca 3
Folhas do Jardim
e nome, B!ngo. O espaço de coworking XX Vinte está ampliando seus domínios e inaugura nova casa, na
Dia das crianças na pracinha
mesma rua, com espaço para exposições, palestras,
A edição anual do Sebinho nas Canelas, no dia 17 de ensaios fotográficos e salas privativas e coletivas. outubro, inovou. Pela primeira vez o evento, organizado Anote a dica para as comprinhas de Natal: a próxima há 11 anos pelo site www.amigasdapracinha.com.br, edição do Bazar Carandaí acontecerá de 3 a 6 de defez o troca-troca de livros dentro do parquinho de brin zembro, das 13h às 20h, no Studio 512. quedos da Praça Pio XI. O Ateliê dos Livros participou FOTOS: CHRIS MARTINS
Festas beneficentes nos parques Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Arto Lindsay participaram da festa beneficente em comemoração aos 40 anos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no início de outubro. Cerca de 600 pessoas pagaram entre R$ 250 e R$ 1.500 – o valor mais alto deu direito a uma gravura do artista plástico Luiz Zerbini, feita especialmente para a ocasião. A renda será revertida para melhorias na própria escola e financiamento de atividades artísticas. Já o JBRJ aderiu ao Jantar Branco, evento organizado há mais de 25 anos na França e que já foi copiado por outros países da Europa, América do Norte e África. A montando um espaço, com livros pendurados e almo- versão carioca no corredor cultural do parque reuniu, fadas espalhadas, enquanto Helen Pomposelli coman- em outubro, cerca de 300 comensais, que levaram seus dou a divertida oficina “Keka tá na moda”.
próprios talheres, louça e comida. A renda arrecadada foi destinada aos projetos sociais da Associação dos
Comércio em movimento
Amigos do Jardim Botânico, que organizou o evento.
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ria Angélica, a poucos metros do endereço original.
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Pertinho dali, a panificação Lagoa foi inteiramente
O Studio Bruno Donati
renovada. No segmento fitness, as novidades são as
abre seu espaço para
academias Puri (já em funcionamento) e uma filial
o tratamento de recu-
da Bodytech (que deve ser inaugurada até o final de
peração capilar do bio-
novembro). Na Jardim Botânico, na esquina com a
médico e analista clíni-
rua Oliveira Rocha, um estacionamento está tomando
co Derneval Araújo. O
forma no terreno há anos abandonado. Já a pequena
especialista em queda,
agência do Itaú, ao lado do Banco do Brasil, fechou.
oleosidade e desca-
Quase em frente a ela, a loja Top Line está se trans-
mações atende sem-
fornando em fábrica de bolo Vó Alzira. O Tocão nunca
pre na última segun-
mais será o mesmo. Com projeto arquitetônico assi-
da-feira do mês. Mais
nado pelo vizinho Duílio Sartori, o restaurante reabre
informações no site
na segunda quinzena de novembro com novo menu
www.dermotricos.com.
DIVULGAÇÃO/AMA-JB
A Ótica Carol trocou a rua Jardim Botânico pela Ma-
Moda + comida em nome da fé
O Bazar Ação José movimentou a praça ao lado da Igreja São José nos dias 3, 4 e 5 de novembro, reunindo moda e food trucks. A ideia do padre é organizar eventos desse gênero com mais frequência, sempre com parte da renda revertida para a paróquia.
Cidadania Até o final de novembro, os mercados Afonso Celso e Cris Mar estão funcionando como locais de arrecadação da campanha Primavera Solidária para Obra do Berço. A instituição está precisando de materiais de limpeza e alimentos não perecíveis. As doações podem ser entregues também na própria Obra do Berço, na Lagoa.
Comlurb em ação As ruas Caio de Melo, Ministro Artur Ribeiro, Maria Angélica e Ministro João Alberto estão com nova aparência. A partir de relatório feito por moradores, a AMA-JB entrou em contato com a Secretaria DIVULGAÇÃO/AMA-JB
Municipal de Conserva-
ção e a Comlurb, que traçaram uma operação de limpeza para tapar buracos, tirar folhas e limpar as ruas.
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A história da jornalista Elizabeth Ritto com o Jardim Botânico começou em 1981, quando ela morou na
FOTOS: CHRIS MARTINS
Meu JB Elizabeth Ritto
rua Nina Rodrigues com os filhos pequenos. “Até então, eu só tinha vivido em Ipanema e confesso que não senti falta de LEITOR PEDRO LUIZ DE FREITAS
lá. Meus filhos cresceram brincando na rua Foi muito bom”, afirma ela que se mudou para a Gávea em abril. Ape-
BETINA DOWSLEY
e subindo em árvores.
sar da mudança, Beth mantém a rotina no JB, onde
o JBRJ de bicicleta. Tal-
circula com frequência, especialmente no sábado,
vez a trilha paralela às
quando ela gosta de aproveitar desde cedo, com um
grades seja uma boa
bom café da manhã na rua ou um passeio pela feira.
solução para isso. Seria muito bom”, aposta.
Por muito tempo, a jornalista trabalhou na TV Globo, da qual saiu para integrar a primeira equipe do
GNT, onde permaneceu por 15 anos. Hoje ainda Speed Bike – Como ando muito de bicicleta, não dismantém o vínculo com o canal como produtora de penso uma revisão nos pneus com o Seu Joaquim. conteúdo para alguns programas, como o “Papo de Feira da Frei Leandro – Gosto do astral e conheço Segunda” e o “Saia Justa”. Autora do livro “Arpoador, os feirantes. Oferece mais opções do que outras feiras. meu amor”, lançado ano passado, ela agora acerta Spa do pé – Faço tratamento nos pés há anos. O atenos detalhes de seu novo livro, sobre o músico Ernesto dimento é muito bom. Nazaré, que sai até dezembro pela editora Funarte.
Boni’s Costura Expressa – Costumo levar roupas para
Para encurtar as distâncias, Beth tem como aliada consertar. Gosto de ser atendida por uma senhorinha uma bicicleta tradicional, e é comum vê-la pedalando que tem o jeito daquelas costureiras antigas. pela região. Quando está a pé, costuma aproveitar Mil Frutas – Adorava o café da manhã e costumava sua carteira da Associação de Amigos do Jardim Botâ- trazer os amigos de fora do Rio. Era um dos melhores nico para atravessar o parque. “Adoro a entrada da Pa- do Rio, sem fila. checo Leão”, confessa, para depois fazer um desabafo: Bruno Donati – Não abro mão de pintar minhas ma“Adoraria que houvesse uma opção para atravessar deixas com o cabeleireiro.
Telefones úteis Atendimento ao cidadão 1746 Bombeiros 193 / 3399-1234 Cedae (água e esgoto) 195 / 2297-0195 CEG 0800-240197 Defesa Civil 199 / 2576-5665 Disque-Denúncia 2253-1177 6
Guarda Municipal 153 Light 0800-282-0120 15ª DP 2332-2900 Polícia Civil 197 Polícia Militar 190 Procon 151 Subprefeitura da Zona Sul 2521-5540 Vigilância Sanitária 2503-2280
Flagrante A calçada é nossa! A falta de educação de motoristas que insistem em estacionar nas calçadas, desrespeitanLEITOR PEDRO LUIZ DE FREITAS
do a área para pedestres, é constante no bair-
ro. Alguns mo radores decidiram importar de Salvador uma campanha feita pelo designer Nildão e estão marcando os carros infratores com o adesivo “Devolva meu passeio. A calçada é do pedestre, respeite.”
Ecodica PASSAPORTE VERDE A campanha Passaporte Verde, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), chegou ao Comitê Rio 2016. O objetivo é incentivar um turismo mais sustentável e responsável durante os Jogos Olímpicos, mostrando que é possível preservar o meio ambiente e causar menos impacto na cidade. A ideia é que tanto turistas como moradores do Rio de Janeiro deixem apenas rastros de cidadania por onde passarem, gerando menos lixo e optando por um consumo consciente, que privilegie produtores e comerciantes locais. Para saber mais: www.passaporteverde.org.br
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A mobilidade urbana é o assunto do momento. O ter-
as novas construções são comerciais ou mistas, au-
mo é relativamente novo para um problema antigo,
mentando o fluxo de pessoas que não moram aqui.
que só se agrava com o crescimento das cidades: a
- Nossos objetivos são dar visibilidade ao assunto
qualidade dos deslocamentos dos cidadãos. Isso en-
e convocar a participação dos moradores. Já promo-
volve sistema de ônibus, ciclovias, calçadas e mesmo
vemos várias palestras com profissionais especia-
segurança para ir e vir.
lizados em patrimônio, trânsito e mobilidade, bus-
A preocupação com o assunto levou a Associação
cando orientação técnica e científica – explica Mauro
de Moradores do Jardim Botânico a criar uma comis-
Pacanowski, um dos integrantes da comissão, que,
são de mobilidade. Para responder à pergunta “como
até o final do ano, vai encaminhar à prefeitura um
o bairro anda?”, um grupo de dez pessoas tem se
plano específico para o bairro, incluindo a criação de
reunido quinzenalmente. A ideia é discutir e elabo-
uma ciclovia, a extinção da faixa reversível e a redu-
rar propostas para melhorar a mobilidade de todos.
ção do limite de velocidade para 50 km/h.
A criação da comissão se justifica. Há cerca de 20
Outra iniciativa da AMA-JB para o assunto foi a cria-
anos, o bairro tinha poucos prédios comerciais. Hoje
ção da campanha “A calçada é do pedestre”, direcio-
FOTOS: CHRIS MARTINS
CHRIS MARTINS
Queremos mobilidade!
mercadorias. “Fomos muito bem recebidos pelos pro- cletários e estuda a criação de uma ciclovia no bairro. prietários, que concordaram em orientar seus funcio- Uma opção seria fazê-la na parte central da rua Jardim nários e terceirizados sobre possíveis infrações ao Có- Botânico. Outra seria a ciclovia passar pelas ruas Lineu digo Nacional de Trânsito, por exemplo”, conta Mauro. de Paula Machado e Alexandre Ferreira: pelo asfalto ou - Acho a campanha ótima, e até nos ajuda. Esta- sobre os canais. Defensora da bicicleta como meio de mos licenciando um bicicletário e vagas para motos transporte, a especialista em mobilidade Mônica Cana rua Visconde da Graça. Enquanto isso não aconte- mões integra também a comissão da AMA-JB e ainda ce, orientamos os motociclistas a não pararem as mo- está dividida sobre qual seria a melhor opção. tos sobre as calçadas e os ciclistas a trafegarem pela
- A solução ideal seria na Rua Jardim Botânico,
rua. É uma tarefa árdua. Inclusive, afixamos o cartaz mas, acho que não há espaço para fazer uma cicloda campanha no setor de entregas. Estamos conse- via fechada, com segurança. Por isso, talvez o melhor guindo melhorar um pouco isso, mas os motociclistas, seja cobrir o canal – afirma Monica, que já sofreu dois principalmente, oferecem resistência – declara Carlos acidentes de bicicleta na via principal do bairro. Alberto Couto Ribeiro, sócio do Bibi Sucos, que já ame-
Diante do impasse, o subprefeito da Zona Sul, Bru-
açou cancelar o contrato com a empresa de motos no Ramos, sugeriu que a AMA-JB agendasse uma caso seus funcionários insistam em descumprir as leis. reunião para os moradores votarem no trajeto ideal As bicicletas ganharam papel de destaque na re- para a ciclovia. O encontro será no dia 8 de dezemgião. Só o Itaú instalou, este ano, mais três estações bro, na reunião mensal da associação, a partir das de Bike Rio (Hospital da Lagoa, General Garzon e Clube 20h, no Colégio Divina Providência. FOTOS: CHRIS MARTINS
!
nada, especialmente, aos comerciantes do JB que uti- Militar) para atender a demanda. A Secretaria de Meio lizam bicicletas, motocicletas e triciclos para entregar Ambiente pretende implantar, até o final do ano, bici-
O casal Alec e Patrícia e a Bibi Sucos aderiram à campanha “A calçada é do pedestre”. Já Monica Camões integra o grupo que torce por uma ciclovia no bairro. 9
- Acho importante que os moradores compareçam à reunião e participem da decisão. Depois que for resolvido, não será possível mudar – alerta Bruno. Felizmente, os moradores já estão pensando sobre o assunto e sugerindo opções. Afinal, na calçada ou no asfalto, é fundamental uma boa convivência entre pedestres, bicicletas e veículos motorizados. Para o morador Miguel Gonzalez, o projeto de ciclovia no bairro deve fazer parte de um plano maior, integrado aos demais meios de transporte: “Não é normal assistirmos, todos os dias, ao engarrafamento da rua Jardim Botânico e, simplesmente, nos acostumarmos com isso”, provoca. Moradores há 10 anos no bairro, o casal Alec Flinte e Patrícia Rocha Saboia usa a bicicleta como meio de transporte sempre que possível - seja para ir ao cinema ou passear com os filhos, os gêmeos Pedro Henrique e Beatriz, de cinco anos – e acha importante ter uma via exclusiva para as bicicletas. “É fundamental uma campanha para educar ciclistas e motoristas a respeitar o pedestre, que é o primeiro na ordem de FOTOS: CHRIS MARTINS
prioridade” – defende o engenheiro Alec. Para a arquiteta Carla Belletti, adepta da bicicleta como um carro a menos nas ruas, as pessoas têm de se conscientizarem de que a ciclovia da Lagoa destina-se ao lazer e que, a cada dia, mais pessoas utilizam a bicicleta como meio de transporte. Também integrante da comissão de mobilidade da associação, Carla desenhou um projeto para melhorar a mobilidade no cruzamento das ruas Lineu de Paula Machado e JJ Seabra. “A proposta é criar uma pista extra, à direita, para quem vem da Lineu e quer virar na JJ em direção à Lagoa. Outra providência é elevar a travessia de pedestres ao mesmo nível da calçada para forçar a redução de velocidade e intimidar os motoristas que param sobre o cruzamento”, completa. Os problemas do sistema de ônibus da cidade, porém, são bem mais complexos e demandam envolvimento maior dos governantes. A boa notícia é que eles A Rio Bike aumentou o número de estações no bairro para atender a demanda e, com isso, diminuir o trânsito de veículos, acima. 10
também estão preocupados com isso. Em outubro, teve início a racionalização das linhas de ônibus do Rio de Janeiro, que visa a acabar com a sobreposição de tra-
Projeto de Carla Belletti visa a melhorar a circulação na esquina das ruas JJ. Seabra e Lineu de Paula Machado.
jetos e disputa por passageiros nos pontos de parada. plantada. Em setembro, começou a circular pela rua Apesar de ainda não ter atingido o Jardim Botânico (em Jardim Botânico uma nova linha de ônibus executivo dezembro está previsto o encurtamento da linha 124, (número 2017), ligando a rodoviária à Barra. atual Horto-Central para Horto-Jardim de Alah, passan-
Enquanto não se chega a uma conclusão sobre
do a chamar-se 509), o reordenamento de todas as tantos projetos de mobilidade, cabe ao morador buslinhas em um sistema único, com linhas troncais e inte- car medidas paliativas para a questão, como andar a gradas, deve tornar o sistema mais eficiente em toda a pé pelo Jardim Botânico desfrutando do verde que os cidade e evitar a circulação de ônibus vazios.
dois parques propiciam, não fechar cruzamento, não
Mesmo com tantos ônibus na Zona Sul, está em estacionar sobre as calçadas e pedalar devagar pelas estudo uma linha que atenda todo o entorno da La- mesmas. Mas o fundamental é respeitar o próximo. goa, solicitação antiga de moradores da região. Outra Fazendo bom uso dessas regras básicas de convivênreinvindicação, encaminhada pela AMA-JB ao secre- cia, será possível também aumentar a qualidade de tário de transportes do município, acaba de ser im- vida e reduzir o impacto no meio ambiente.
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Sabores do Jardim Flores e frutas
abriu, no bairro, sua filial brasileira. O chef Joachim Koerper enfeita o conjunto de massa leve e sorvetes de morango e nata com cerejas frescas
Violeta, amor-perfeito, capuchinha e as belas e e flores capuchinhas (R$ 39). românticas rosas. Do buquê à mesa, é tudo uma
Outro nome famoso pela cozinha colorida e
questão de primavera. Incluindo as frutas, que perfumada é o chef Nao Hara, do Japa B, que ajudam a colorir o sabor. Pratos, sobremesas e elege a flor de mostarda, amarela e saborosa, e drinques que viram canteiros em nosso Jardim Botânico. É o estilo do salmão marinado com salada cítrica do Rubaiyat, que traz o visual da estação com seus gomos de grapefruit, laranja e limão sobre
DIVULGAÇÃO
o peixe de cor acesa (R$ 35). Ou a salada de fi-
a borragem, de cor entre o azul e o violeta, como as preferidas para seus esqueminhas de degustação (sob reserva). No rodízio (R$ 54 a R$ 74), a manga vira chutney num sushi de salmão com foie gras, e o atum pode levar redução de melancia e gorgonzola. go, presunto de Parma, rúcula e mel levando a primavera ao Borogodó (R$ 48).
Na área dos coquetéis, o aroma está no restaurante Puro, do chef Pedro Siqueira: o Mint Julep
O Avenca, por sua vez, exibe, no bufê (R$ 68), é feito com infusão de camomila e hibisco, Jack um ceviche de banana que o prezado leitor não Daniel’s, mel, raspas de laranja e hortelã, enfeitadeve perder, com a acidez valorizando a fruta do com flores de camomila (R$ 23). E o barman de forma notável. No Bibi Sucos, é também o William Barão, do bar Sobe, assina o White Roses salmão que se destaca entre cubos amarelos de (R$ 23,90), que leva Steinhaeger, pétalas de romanga e kani, mix de folhas e molho agridoce na sas brancas, bitter caseiro, zimbro e água tônica. Salada do Carlos Burle (R$ 34,50).
Para a sobremesa, vale a passada no Mil Fru-
As flores comestíveis – que emprestam bele- tas, onde é novidade o sabor de rosa com pistaza, sabor e textura especiais aos cardápios – sur- che e framboesa, feito com as pétalas da flor (R$ gem em sobremesas sofisticadas, como a torta 10, a bola). Floresta Negra ‘desconstruída’ do novo Eleven, o restaurante com estrela Michelin em Lisboa que 12
Pedro Landim é editor da revista Gula
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História do coração da Zona Sul
JBF indica
O livro “A Fa-
Ideia fixa no teatro
zenda Nacional
NIL CANINÉ
da Lagoa Rodrigo de Freitas” resgata a hismais charmosa da Zona Sul do Rio,
incluindo
REPRODUÇÃO
tória da parte
Jardim Botânico, Horto, Gávea, Lagoa, Fonte da Saudade, Leblon e Ipanema. A pesquisa de Cláudia Braga Gaspar e Carlos Eduardo Barata reúne documentos, fotografias, pinturas e recortes de jornal, revelando curiosidades como os fatos de o Solar da Imperatriz nunca ter sido de uma imperatriz e de que os bairros em volta da Lagoa foram uma fazenda que fornecia leite para a O trio de moradores do Jardim Botânico Guta Stresser, região de Botafogo, já urbanizada. Sílvia Buarque e Rodrigo Penna está em cartaz no Te-
O nosso Rio de Janeiro
espetáculo inédito de Adriana Falcão conta a história de duas mulheres que amam o mesmo homem e que por ele foram abandonadas. Enquanto o homem se-
Aproveitando os 450 anos da cidade, o livro
gue sua vida, as duas ficam presas à dor da rejeição.
“O meu lugar”
Até 20 de dezembro.
faz um tour literário pela Cida-
Loucura total REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO
atro Poeira, em Botafogo, com a peça “Ideia fixa”. O
de Maravilhosa. O CD “Loucura
São 34 crôni-
total” celebra a
cas de bambas
amizade entre
da escrita e do o argentino Fito samba, não necessariamente nessa ordem. O prefácio Paez e o brasi- do compositor Paulo César Pinheiro já dá uma pista do leiro Moska, um roteiro organizado por Luiz Antonio Simas e Marcelo de nossos ilus- Moutinho. Estão lá Aldir Blanc, Moacyr Luz, Hugo Suktres moradores. man, João Pimentel e Fernando Molica, entre outros Fruto de meses craques, contando histórias e lembranças vividas em de trabalho e bairros como Vila Isabel, Méier, Humaitá, Laranjeiras e viagens, o disco conta com 12 canções compostas Piedade, respectivamente. Só faltou o Jardim Botânico. individualmente ou em parceria dos dois artistas. Um Ao final do livro, fica a sensação de que o Rio de Janei-
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ótimo exemplo é “Hermanos”, de autoria da dupla, ro é “uma cidade com muitas cidades dentro”, como com produção de Liminha, outro craque do JB. dizia o imortal Marques Rebelo.
40 anos da EAV em livro Para celebrar seus 40 anos de fundação, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage lança, dia 18 de novembro, às 19h, o livro “O que é uma escola livre?” (R$ 35). A publicação da Oca Lage e da editora Cobogó é uma compilação de mais de 100 depoimentos escritos a convite da diretora da instituição, Lisette Lagnado, que enviou a pergunta do título a várias personalidades do mundo da arte. As respostas vieram em textos, poemas, fotografias, desenhos e até um QR code, que remete a um site na internet. O lançamento contará com leitura de trechos do livro e projeções no palacete de imagens históricas.
A quarta edição do Avistar Brasil acontecerá
nos
GUSTAVO PEDRO
No céu e no Parque Lage
dias 5 e 6 de dezembro, das 7h às 17h, no Parque Lage. Ao longo do final de semana, haverá exposição fotográfica,
pa-
lestras e passeios para observação de pássaros, tudo relacionado a aves e à preservação do meio ambiente. O evento é gratuito e contará também com atividades infantis.
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MEMÓRIA
formá-las em livro. Por conta do seu conhecimento sobre o bairro colaborou e foi personagem de
No mês de outubro, o bairro perdeu três figuras
algumas matérias para o jornal, incluindo a edição
importantes, de diferentes áreas: o morador
passada. Foi o "Ilustre Morador" e participou das
Paulo Lima; o gerente do Bibi Sucos, Manuel Ri- comemorações do 10o aniversario do JB em Folhas, na Praça Pio XI, recitando poemas de Vinícius beiro da Silva; e a atriz Yoná Magalhães. de Moraes, em outubro de 2013, junto com o grupo Último Gole. Por isso mesmo, as filhas e a esposa decidiram fazer, na mesma praça, uma roda de samba com os grupos UG e Troças, no último dia 2 de novembro. Os amigos lotaram a praça e
CHRIS MARTINS
renderam homenagem, lembrando histórias dele. MANUEL RIBEIRO DA SILVA faleceu no dia 19 de outubro, aos 82, vítima de pneumonia bacteriana. o
Ele era pai de Carlos Alberto Ribeiro, um dos sócios
Paulinho (como ele
do Bibi, e trabalhou na loja desde a inauguração
gostava de ser cha-
em 2001 até agosto do ano passado.
PAULO
LIMA,
mado) era uma figura querida na região entre o Parque Lage e a
YONÁ MAGALHÃES foi internada em meados de
Lopes Quintas. Engenheiro aposentado e morador
setembro, na Casa de Saúde São José, com insu-
do bairro havia 70 anos, conhecia como ninguém ficiência cardíaca. Com 80 anos de idade e 39 de as histórias da região. Era comum vê-lo, com sua bairro, a atriz não resistiu às complicações pós boina, lendo o jornal no bar Jóia. Chegou a inte-
operatórias e faleceu no dia 20 de outubro. Entre-
grar a diretoria da AMA-JB por uns tempos, mas
vistada para a coluna “Ilustre Morador”, na edição
depois resolveu dedicar-se somente à coluna que de maio/junho de 2010, Yoná tinha uma rotina no escrevia para o Bloghetto, blog coletivo onde reu- bairro, que incluía aulas de pilates no estúdio Sano, nia suas histórias com o sonho de, um dia, trans-
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da amiga Magda Zago.
Entrevista José do Nascimento Junior
– adianta ele, destacando que, até janeiro, o museu terá em cartaz uma exposição com ilustrações de
Inaugurado em 2008 para a comemoração do botânica da Mata Atlântica, seguida por uma outra, bicentenário do Jardim Botânico do Rio de Ja- em parceria com o Museu do Índio. neiro, o Museu do Meio Ambiente está de cara
Além da programação, outras iniciativas devem
nova desde abril, quando o antropólogo José do corroborar para que o MMA esteja consolidado no Nascimento Junior assumiu sua direção, atenden- cenário cultural do Rio até 2018. do a convite da presidente do
- A esplanada em frente ao
parque Samyra Crespo. Tendo
museu passará por ampla re-
trabalhado em parcerias en-
formulação, tornando-a menos
tre o MEC e a Unesco e com
árida. Haverá áreas para repou-
passagem pela presidência do
so e lanche, além de uma ca-
Instituto Brasileiro de Museus
feteira – conta.
(Ibram), Nascimento atua tam-
No âmbito do bairro e de
bém como coordenador de as-
seus moradores, um projeto
suntos culturais do JBRJ.
ligado à memória do parque e de seu entorno está em anda-
Janeiro é o terceiro ponto turísti-
mento e deve ajudar a traçar
co mais visitado no Rio de Janei-
linhas estruturais para acom-
ro, mas o Museu do Meio Ambiente ainda está engatinhando nesse aspecto. Precisa ser con-
ALEX FERRO / RIO 2016
- O Jardim Botânico do Rio de
panhar o crescimento e as mudanças na sociedade. Um dos desejos de Nascimento é ins-
solidado e institucionalizado a fim de aumentar sua titucionalizar a passagem da ciclovia pelo corredor cultural do parque, ligando a entrada na rua Jardim representatividade na cidade – observa. E quais são as estratégias para alcançar tudo isso? Botânico à Gávea: “Como não há mais estaciona- Acredito que possamos aumentar a visitação mento interno e a via é larga, esta seria mais uma com uma programação ininterrupta e oferecendo forma de integrar o parque ao dia a dia da cidade, uma exposição permanente sobre biodiversidade e agregando, de forma simples, cultura, bem-estar e sustentabilidade, que deve ser inaugurada em 2017 natureza”, explica.
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ANTONIO BERNARDO
CHRIS MARTINS
Ilustre Morador
Isso foi na década de 1980. De lá para cá, a sala inicial cresceu e multiplicou-se para abrigar adminis-
Ele não é mais morador do Jardim Botânico, mas tração, criação e produção de suas joias. As vendas sua marca continua presente aqui, onde tudo come- acontecem apenas em suas lojas – seis no Rio e 11 çou. Em 1975, o joalheiro Antonio Bernardo morava em outras cidades brasileiras, além de suas criações e trabalhava na rua Benjamim Batista, na esquina estarem presentes em lojas multimarcas em países com a rua Jardim Botânico. Quando casou, na década como Portugal, Bélgica e Estados Unidos. de 1980, mudou-se para a mesma rua, mas precisou Antonio Bernardo preza muito as áreas verdes e encontrar um novo endereço para seu ateliê. Bateu pensa que o Jardim Botânico influencia, mais do que muita perna. Naquela época, só havia dois prédios seu trabalho, sua própria natureza. Os parques, aliás, comerciais no bairro. Depois ter feito obras em um sempre exerceram papel fundamental em seu cotiescritório na Praia de Botafogo para adaptá-lo às diano. Ele é sócio e sempre frequentou o JBRJ: prisuas necessidades, o endereço dos sonhos, perto de meiro com as filhas de seu primeiro casamento, decasa, foi liberado.
pois como patrocinador do orquidário e, agora, com
- Sempre acreditei ser importante morar perto sua filha caçula, de três anos. do trabalho, e a ideia de ter de atravessar Botafogo
- Sempre admirei muito o Jardim Botânico do Rio
não me agradava nem um pouco. Resolvi deixar pa- de Janeiro. Em 1993, vi um anúncio no jornal dizendo ra trás o que havia investido no outro e nunca me que o parque estava abrindo parcerias para melhorar arrependi – recorda. 18
a manutenção de alguns de seus espaços. Como sem-
pre via a estufa fechada, achei que era uma boa oportunidade. Ao todo, foram 21 anos de apoio, mas, no final do ano passado, julguei que aquela “filha” atingira sua maioridade e podia caminhar por suas próprias pernas, explica o final da bem-sucedida parceria. Na memória de Antonio Bernardo, o bairro era
Prepare o seu filho para voar alto,
olhe para o CEL.
bastante pacato. Ele lembra que, quando veio para cá, não havia muitos restaurante, por isso, levava comida de casa para o trabalho. Agora não lhe faltam opções para almoçar. Os preferidos são Lorenzo Bistrô, Empório Jardim, Casa Carandaí e Nanquim. Para ele, “almoço durante a semana tem de ser rápido e C
sem precisar tirar o carro da garagem”.
M
Matrículas
2016
À noite, ele curte o restaurante da Roberta SudbraY
ck, o Puro e o Entretapas. Tem planos de ir ao Volta CM
numa terça-feira, para conferir as apresentações de MY
jazz. Falando em eventos culturais, Antonio Bernardo CY
aproveita bem o que o bairro tem a oferecer e pode CMY
ser visto, com frequência, em exposições e palestras no Parque Lage, no Studio 512 e no POP.
K
O crescimento do bairro, porém, preocupa o designer de joias, especialmente na questão da mobilidade. Para ele, é lamentável não ter uma estação do metrô aqui e ver os inúmeros ônibus circulando, muitas vezes, vazios. - Para o Jardim Botânico ficar um brinco mesmo, precisa fazer jus a seu nome e cuidar melhor dos espaços públicos – observa Antonio Bernardo, que
DA CRECHE AO VESTIBULAR
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deseja ver calçadas bonitas e canteiros floridos por toda parte.
Jardim Botânico | Barra da Tijuca | Norte Shopping
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