JB em Folhas 67

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em

jb folhas o informativo do jardim botânico

Setembro/outubro 2016 | ano 14 | nº67 distribuição gratuita

Jardim Botânico Horto | Gávea | Humaitá

Conhecimento vale ouro Moradores do bairro podem usar as bibliotecas do Jardim Botânico (foto), do IMPA e da Embrapa Solos.  (Páginas 8 a 11)

Atividades na São José  Iluminação sustentável, paella e Outubro Rosa movimentam a igreja e a praça neste bimestre.  (Página 4)

As artes de Vitória Frate  A fotógrafa, atriz e artista plástica divide-se entre o Jardim Botânico e Lisboa.  (Página 7)


Editorial  É preciso semear o amanhã

meio da mata e, entre uma conversa e outra, aponta uma espécie e faz um comentário sobre o parque, o

Prezado leitor,

bairro, a vida. Mesmo com a agenda cheia, não abre mão de ir ao Jardim Botânico semanalmente, para

Que o Jardim Botânico é excelente não é novidade. desenvolver seu projeto “Fotopoema”. O registro da Mas que abriga espaços que primam pela excelên- conversa dele com a redatora Betina Dowsley (foto)

bem o país no exterior e conquistando medalhas, como na última Olimpíada Interna-

FOTOS: CHRIS MARTINS

cia no saber acadêmico, disso poucos sabem. Assim você lê nas últimas páginas desta edição. também como muitos desconhecem que E ainda tem muia matemática está em alta, representando ta coisa boa acontecendo no bairro: as notícias frescas da

cional, no Japão, em julho passado. Por conta

região estão no Fo-

disso, decidimos conhecer de perto institui-

lhas do Jardim (pági-

ções como o Instituto de Matemática Pura e

nas 4 e 5); a coluna

Aplicada (IMPA), na subida para a Vista Chi-

Estante traz suges-

nesa; a Escola Nacional

tões de livros (pá-

de Botânica Tropical, no Horto; e a Embrapa Solos,

gina 12); e a Indica, a programação cultural (páginas 14 e 15).

em frente ao Jockey; que

Em Cidadania, na página 17, mostramos

se dedicam à educação

o trabalho que moradores voluntários es-

e à pesquisa. No IMPA,

tão fazendo com as mudas de plantas do

uma curiosidade: alguns

bairro. É o caso de Claudia Schulz e os fi-

alunos fazem pós-graduação antes mesmo de com- lhos Francisco e Isabella, de 3 anos, que tiraram foto pletarem o ensino médio! Esse é o tema da nossa comigo, enquanto regavam uma muda pertinho da matéria de capa a partir da página 8.

casa deles. Turminha fofa e engajada que dá exemOutro gênio – esse da arte contemporânea – é o plo; afinal, cuidar do meio ambiente não tem idade. nosso Ilustre Morador desta edição. O poeta e músico Xico Chaves, que ajudou a fundar o Suvaco do Até novembro. Cristo e outros blocos, recebeu-nos no Parque Lage,

Christina Martins

que considera seu habitat natural. Ele caminha pelo

Expediente

Foto da capa: Biblioteca JBRJ | Ana Huara

O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editada pelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.

Telefone: 3874-7111/ 98128-6104

www.armazemcomunica.com.br Editora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 -RJ) Redação: Betina Dowsley Projeto Gráfico: Paulo Pelá | designjungle.com.br Revisão: Carla Paes Leme Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406 Estagiária de Redação: Sheila Gomes 2

Editora

Tiragem: 5.000 exemplares e-mail: jbemfolhas@armazemcomunica.com.br www.facebook.com/JbEmFolhasJornalDoJardimBotanico site: www.jbemfolhas.inf.br

Distribuição: Parques, bancas de jornais, galerias e prédios comerciais do Jardim Botânico, Horto, parte da Gávea e do Humaitá.


Para quem precisa de um motivo a mais para torcer

CHRIS MARTINS

Cara do JB  Camila Castro

nos Jogos Paralímpicos, a atleta do vôlei paralímpico Camila Castro reúne ótimas credenciais. Uma delas é o terceiro lugar no World Paravolley Intercontinental Cup 2016, na China. Sucesso do outro lado do mundo, Camila mora desde os dois anos no Jardim Botânico, estudou a vida inteira no colégio Divina Providência e frequenta o clube Piraquê, o bar Joia Carioca, o Belmonte e o Bibi. Ela era jogadora de vôlei quando sofreu um acidente de moto no Humaitá, em 2011. Teve mais de 18 fraturas no pé e outras lesões, resultando em uma artrose severa, que prejudica sua força e seu equilíbrio. Depois de um período inicial de revolta, a atleta descobriu o vôlei sentado – no chão! – em 2013. A modalidade chegou ao Brasil há pouco mais de dez anos. No Rio, inclusive, não há equipes femininas. Camila, que disputa campeonatos por um time de Goiânia, precisa treinar com a equipe masculina do Vasco e só viaja quando há jogos. Antes do acidente, Camila trabalhava como fisioterapeuta e levava seus pacientes para práticas ao ar livre no Jardim Botânico e na Lagoa. Atualmente, faz pequenas caminhadas e vai de bicicleta para a fisioterapia, no Leblon. “Não dá é para ficar em pé por muito tempo”, explica ela, que só fica constrangida na hora de fazer valer seus direitos de usar acento preferencial no transporte público ou nas filas especiais de bancos e supermercados. 3


Folhas do Jardim

Parque Lage e suas atividades de formação estão de volta ao Jardim Botânico. Em setembro, tem

Igreja iluminada

início o programa piloto de formação em estudos

CHRIS MARTINS

curatoriais, com coordenação de Lisette Lagnado – crítica, curadora e diretora da EAV. A formação é direcionada para pesquisadores, artistas, arquitetos, educadores e interessados em teoria, história e crítica da arte. Para obter o certificado, o interessado deve cursar um mínimo de três disciplinas no mesmo semestre. Outra novidade são as aulas públicas. A cada último domingo do mês, um convidado realiza uuma aula aberta com temas diversificados e atividades especiais a cada encontro. “Dê doce no parque”, A Paróquia São José da Lagoa abraçou a causa da com Aderbal Ashogun, abre o projeto no dia 27/9. sustentabilidade e tornou-se a primeira no Brasil a Em outubro, Chacal e o Coletivo Gráfico comandam a gerar sua própria energia. A paróquia instalou 56 “Palavra mascarada”, dia 25. placas fotovoltaicas em seu telhado, que vão su-

Festa dupla no teatro

economia que pode chegar a R$ 20 mil por ano. A iniciativa, segundo Padre Omar, está dentro dos

Para comemorar os

DIVULGAÇÃO

prir em 40% o consumo do templo, gerando uma

65 anos de funda-

preceitos da “Encíclica Verde”, lançada pelo Papa

ção do curso e os

Francisco no ano passado.

60 anos da revista Cadernos de Teatro,

Ainda na São José

O Tablado digitalizou

A programação cultural da igreja está “bombando”.

todas as 178 edições

Em setembro, a Paróquia São José vai promover

lançadas por ela en-

uma “Paella na praça”, em parceria com o restau-

tre 1956 e 2007. É

rante Entretapas. O evento acontecerá dia 25 de se-

um enorme acervo

tembro. E, em outubro, a igreja será iluminada de

de pesquisa sobre

rosa, dentro das comemorações do Outubro Rosa,

artes cênicas, com

promovido pela Fundação Laço Rosa, que, todo ano, entrevistas, peças publicadas, textos clássicos e conilumina vários pontos turísticos do Rio, começando temporâneos, além de muito material teórico. O conpelo Cristo Redentor, no dia 4. Entre os que já re- teúdo está disponível para consulta gratuita no site ceberam a “luz rosa”, estão a Igreja da Penha e o www.otablado.com.br. Museu de Arte Contemporânea, em Niterói.

Mutirão pela Suipa A EAV está de volta

O petshop Kitu-pet está recebendo doações para a So-

Depois de dois meses funcionando extramuros, ciedade Protetora dos Animais, que está passando por período em que foi sede da British House durante dificuldades. Quem tiver interesse em ajudar pode en4

os Jogos Olímpicos, a Escola de Artes Visuais do trar em contato com Adriana (98514-4480/ 31140342).


Natal com menos brilho A Bradesco Seguros anunciou que não erguerá sua árvore de Natal na Lagoa Rodrigo de Freitas em 2016. Este ano, o evento completaria 20 edições, mas a empresa alegou que não teria como bancá-lo sozinha e já avisou, oficialmente, a prefeitura do Rio.

Balanço das Olimpíadas no JB De uma maneira geral, o bairro não sofreu com a realização dos Jogos Olímpicos na cidade. A experiêncha pela rua Jardim Botânico, na manhã do dia 5 de agos-

CHRIS MARTINS

cia começou com a passagem do revezamento da to-

to, que teve o chef Claude Troisgros e o príncipe Albert II de Mônaco como condutores na região. A nota baixa ficou por conta do barulho das casas de convivência da França, na Hípica, e da Jamaica, no Jockey, que, apesar dos esforços da AMAJB, excederam os limites aceitáveis em alguns momentos.

Sebinho nas Canelas Outubro é mês das crianças e também de Sebinho nas Canelas. O mais famoso troca-troca de livros do bairro acontece no dia 12, quarta-feira, na Praça Pio XI, com atividades infantis para a turma pequena, das 10h ao meio-dia. Para participar, é importante levar um livro em bom estado, que poderá ser trocado por outro que esteja na banca. Se chover, o evento será remarcado. Participe.

R.I.P. Pedro Marins O JB em Folhas lamenta o falecimento de Pedro Marins, presidente da Colônia dos Pescadores da Lagoa, na primeira semana de setembro, de infarto. Ele foi um dos principais responsáveis pela reforma da colônia, recentemente.

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CHRIS MARTINS

Alamedas  Aliança do Divino Pastor Rua Jardim Botânico esquina com a rua Professor Saldanha. O endereço é dos mais valorizados, mas nobre mesmo é o que move a Aliança do Divino Pastor. Há 56 anos instalada em duas casas no bairro, a instituição foi fundada por um grupo de idealistas que buscava não só difundir a doutrina espírita, mas também atuar ativamente no campo social, junto a crianças e idosos. Segundo Sara Gamper, atual presidente e sócia do grupo mantenedor há 37 anos, a Aliança não

deriam ser voluntários. Atualmente, a Aliança

tem fins lucrativos. Além de difundir a doutrina do Divino Pastor segue dando assistência a 46 espírita – por meio de estudos, reuniões e confe-

idosas, moradoras das comunidades Rocinha,

rências –, os 128 sócios buscam proporcionar às Vidigal, Nova Holanda e Recanto Familiar, no Hupessoas reconhecidamente necessitadas atendi- maitá. Elas recebem cestas básicas, assistência mento social sem discriminação de etnia, gênero, orientação sexual ou religiosa, tendo sempre em vista o espírito fraternal: - Não há quem bata à nossa porta pedindo um

médica, remédios e apoio psicológico. A ADP aceita doações em dinheiro e de cestas básicas, roupas, calçados e outros objetos para venda em bazares no local às terças (das 16h às 19h)

prato de comida que não seja atendido - garante e quartas (das 17h às 20h). Na primeira quarta-feira Dona Sara, que há 37 anos dedica parte de seu

do mês, entre 11h e 18h, acontece o Bazar da Pe-

tempo à instituição.

chincha, com preços ainda mais baixos.

Com mais de 60 anos de fundação, a casa de

- Com esses bazares, ajudamos muitos tra-

caridade manteve, até 2014, uma creche para balhadores do bairro. O mais engraçado é ver cerca de 40 crianças. Apesar de contar com as-

alguns evangélicos entrando rapidamente, sem

sistência psicopedagógica e pediátrica, a creche quererem ser vistos, a procura de ternos – diverfoi fechada devido a mudanças na lei municipal, te-se a voluntária. que determinaram que tais profissionais não po-

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http://www.aliancadodivinopastor.org.br/


Meu JB  Vitória Frate

reira e não gosta de ficar parada. Em setembro, Vitória embarca para uma temporada de três meses de

Jornalista, fotógrafa, atriz e artista plástica, Vitória trabalho em Lisboa, onde realizará o desejo antigo Frate nasceu no Jardim Botânico, agora – depois de

de desenvolver

temporadas em São Paulo, Londres, Nova Zelândia

suas obras em

e Barra da Tijuca – mora no alto da rua Faro e só

ateliê

precisa descer a rua para chegar a seu ateliê. Pa-

ao público. Mas

ra ela, que já morou no Alto Jardim Botânico e na

ela garante que

região da rua Maria Angélica, “essa é a localização

volta logo.

ideal do bairro, pertinho de

aberto

- Como meu PEDRO NESCHLING

tudo”, afirma. Vitória passou a dedicarse às artes plásticas há três anos. Participou do início da

marido

cos-

tuma dizer, sou bairrista. Gosto de andar pelas ruas e cruzar com pessoas que conheço desde sempre –

da Bhering e dividiu ateliê

observa.

no Rio Comprido com ami-

Mil Frutas | Vou lá todos

gos antes de conseguir con-

os dias! Meus sabores fa-

centrar casa e trabalho no

voritos são abacate e ja-

mesmo lugar. Para comple-

buticaba.

tar, desde junho, várias de

Casa Soma | Sempre que

suas criações (quadros, pa-

posso, dou uma passadi-

péis de parede e almofadas)

nha para comprar alguma

podem ser vis-

coisa na loja das minhas

tas e compra-

amigas.

das

Casa Carandaí | Ótimo lu-

na

loja

Oba!, na rua Lopes Quintas. Mas sua alma é aventu-

FOTOS: CHRIS MARTINS

ocupação da antiga fábrica

gar para reuniões de trabalho. Feira orgânica | Sempre encontro minha mãe lá e aproveito para comer tapioca e tomar mate. Jojô | Drinks e ambiente deliciosos.

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DIVULGAÇÃO JBRJ

Excelência em pesquisa e educação A tranquilidade do bairro e sua proximidade com o

tempo segue relevante para a comunidade científi-

verde são boas para... estudar! Que o digam o Ins-

ca; e os trabalhos desenvolvidos por Marcelo Viana,

tituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), a Em-

diretor-geral do IMPA, e pelo pesquisador Artur Ávila,

presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

também ligado à instituição, já foram prestigiados

e o próprio Jardim Botânico, ou melhor, o Instituto de

internacionalmente. Viana foi um dos vencedores do

Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que assu-

Grande Prêmio Científico Louis D deste ano; e Ávila,

miu no nome sua vocação acadêmica quase 200 anos

em 2014, foi o primeiro pesquisador brasileiro a con-

depois de ter sido criado pelo então Príncipe Regente

quistar a Medalha Fields (equivalente ao Nobel).

português Dom João VI.

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- Exemplos de aplicação de sistemas dinâmicos no

Apesar de ser reconhecido por sua excelência no

dia a dia das pessoas são a previsão do tempo e a

universo da matemática, com alunos e pesquisadores

modelagem de tráfego, com objetivo de prever o im-

dos quatro cantos do planeta, o IMPA é praticamen-

pacto de um evento como a Rio 2016 no trânsito da

te desconhecido por sua vizinhança. Criado em 1951,

cidade – destaca Viana (foto acima, à direita).

instalou-se no Horto 30 anos depois, com a constru-

Há 30 anos no IMPA, o atual diretor é um entusias-

ção do prédio na Estrada Dona Castorina, inaugurado

ta da divulgação da matemática e lamenta que a dis-

com o Simpósio Internacional de Sistemas Dinâmicos.

ciplina sofra uma espécie de “bullying” nas escolas.

O estudo de fenômenos que mudam ao longo do

A fim de desmistificar o tema, despertar o interesse


pela matemática e mostrar sua importância no dia a dia das pessoas, Viana usa peças de dominó sempre que vai apresentar uma palestra para o público escolar. Tem uma coleção de jogos em suas gavetas. Por falar em jogos, a Olimpíada Brasileira de Matemática, organizada desde 1979, é o caminho para descobrir novos talentos, como Artur Ávila, que conheceu o IMPA graças à competição quando tinha 13 anos. “A Olimpíada Brasileira de Matemática tem revelado grandes talentos no país. A iniciativa é aberta aos alunos a partir do 6º ano, das escolas públicas e privadas. Os

No último mês de julho, o Brasil teve seu melhor resultado na Olimpíada Internacional de Matemática, no Japão, onde conquistou cinco medalhas de prata e uma de bronze, garantindo o 15º lugar, à frente de países tradicionais como França e Alemanha. No ano que vem, a expectativa é maior ainda, já que o IMPA

FOTOS: CHRIS MARTINS

competições internacionais”, explica Viana.

DIVULGAÇÃO IMPA

melhores são selecionados para representar o Brasil em

sediará o evento internacional. Aproveitanto o vento favorável, Marcelo Viana aguarda aprovação do Senado Federal para estabelecer o Biênio de Matemática, em 2017/2018. Sem dúvida, uma importante conquista para que a disciplina deixe de ser o bicho-papão dos estudantes. O peruano Raúl Arturo Chavez Sarmiento (foto abaixo), que está cursando seu segundo ano de mestrado em Álgebra, no IMPA, e graduação na Fundação Getúlio Vargas, nunca se assustou com matemática. - A primeira vez que vim para o Rio de Janeiro foi aos 12 anos, para participar de um curso de verão do IMPA, e voltei várias vezes depois. Em meu país, participei de olimpíadas de matemática e, em 2015, fui selecionado para a edição internacional – resume sua história, às vésperas de completar 19 anos. Mesma idade do carioca Daniel Santana Rocha, que também aproveita da excelência e gratuidade dos cursos da instituição desde 2012, quando conquistou medalha de ouro na Olimpíada de Matemática dos Países de Língua Portuguesa. No ano seguinte, ganhou medalha de prata na Olimpíada do Cone Sul e 9


CHRIS MARTINS

integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica da Unesco, uma de suas funções é proteger a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Para tanto, criou um espaço na área recentemente reintegrada ao JBRJ – onde funcionou o clube Caxinguelê (foto ao lado) – para germinação de sementes e produção de mudas de espécies ameaçadas de extinção.

completou seu mestrado. Atualmente, Daniel é aluno de Doutorado do IMPA. ARQUIVO EMBRAPA SOLOS

Bem menos escondido do que o IMPA, o Jardim Botânico todo mundo conhece. Ou, pelo menos, pensa que conhece; afinal, ele dá nome ao bairro, está localizado em sua principal via e é um dos pontos mais visitados do Rio de Janeiro. Mas o que nem todo mun-

A Dipeq conta com 40 pesquisadores, além de

do sabe está relacionado a seu nome oficial: o parque estagiários e cerca de 30 alunos do Programa de é um dos mais antigos centros de pesquisas do Brasil. Iniciação Científica. Metade dos profissionais contraCriado para aclimatar as especiarias do Oriente, abrigou, tados pela instituição divide seu tempo com a Escoem seguida, estudos técnicos e científicos sobre a cultu- la Nacional de Botânica Tropical, criada há 15 anos. ra do chá e de outros produtos. A pesquisa teve maior Localizada no Solar da Imperatriz (foto central na impulso no início do século XX com a taxonomia (clas- página 9), a ENBT oferece cursos de pós-graduação sificação científica) vegetal e a presença de botânicos e de extensão em Botânica, Meio Ambiente, Conbrasileiros, europeus e norte-americanos na instituição. servação, Ilustração e Nomes de Plantas. Hoje a Diretoria de Pesquisa (Dipeq) é comandada

- Atualmente, temos 50 alunos de mestrado acadê-

por Daniela Zappi, que cuida das coleções botânicas, mico e 30 de mestrado profissional. Alguns dos cursos das informações científicas, da biblioteca e dos labora- de extensão, entretanto, não exigem formação espetórios do JBRJ. Ela explica que o projeto mais importante cífica e podem ser frequentados por qualquer pessoa, de sua área é o “Flora do Brasil”, que relaciona as espé- como o de Desenho Botânico, com aulas aos sábados cies de plantas e fungos do país, com o auxílio de botâ- em setembro e outubro – observa Vinícius Castro Sounicos do mundo inteiro: “O Jardim Botânico é guardião za, Diretor da escola. de enormes coleções. Nosso acervo herbário conta com

Quase tão antiga quanto o Jardim Botânico é a uni-

650 mil exsicatas* de todos os grupos vegetais e fun- dade Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrogos. O projeto pode ser consultado por meio do sistema pecuária (foto acima), ou pelo menos o prédio onde Jabot – Banco de Dados da Flora Brasileira no JBRJ, a a mesma está instalada. Apesar de poucos percebepartir do site www.jbrj.org.br. É possível fazer a pesqui- rem sua presença ao lado do corredor cultural do parsa por família, gênero, localidade ou espécie”, explica.

que, acredita-se que a construção date do século XIX,

Daniela é responsável também pela Coordenação quando funcionou como laboratório de estudos das Geral do Centro Nacional de Conservação da Flora (CN- lavouras de cana de açúcar da Lagoa Rodrigo de FreiCFlora). Como o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico tas. Desde então, o local está ligado ao estudo do solo, 10


passando por tecnologia dos alimentos, agrobiologia,

- Estamos fechando um acordo para troca de comudanças climáticas, uso sustentável do solo e da nhecimentos com o Museu do Amanhã, por exemágua, entre outros temas. De acordo com José Carlos plo, para desenvolvimento de atividades lúdicas Polidoro, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimen- interativas – adianta ele, que acredita na força das to da unidade, a Embrapa Solos realiza parcerias com visitas escolares para reforçar a importância da coninstituições públicas e privadas do Brasil e do exterior, servação ambiental e despertar o interesse pelas com o objetivo de encontrar soluções economicamen- atividades desenvolvidas pela empresa. te viáveis e sustentáveis para uso da terra, recupera-

- O programa “Embrapa & Escola” apresenta ações

ção de solos e zoneamento de atividades produtivas.

de educação ambiental para ensinos fundamental e A Embrapa Solos não oferece cursos de graduação, médio. Tem microscópio, simulador de erosão, commas, para alimentar seus estudos, a empresa conta posteira, maquetes, mas o que as crianças gostam com pesquisadores em pós-doutorado de várias par- mesmo é de botar as mãos na terra para perceber os tes do mundo, além de alunos de graduação, mestra- diferentes tipos de solo ou para pintar com as “tintas do, doutorado e até de Ensino Médio, por meio do Pro- de solo” – explica Cláudio Capeche, coordenador das visitas (foto ao lado). Além de estimularem a visitação escolar, a Embrapa, o IMPA e o próprio Jardim Botânico mantêm as portas de suas bibliotecas – repletas de acervos importantes e histórias curiosas – abertas a todos. ALEXANDRE ESTEVES

Independentemente de interesse particular em agronomia, botânica, meio ambiente ou matemática, os espaços funcionam como ilhas de silêncio e tranquilidade no caos urbano, como já descobrigrama de Iniciação Científica: “Ao todo, circulam por ram advogados e juízes que costumam frequentar nossos laboratórios de 70 a 100 bolsistas e estagiários a sala de leitura do IMPA nos finais de semana em por ano, incluindo um pesquisador australiano, no mo- busca de concentração e – quem sabe – de inspimento”, contabiliza Polidoro. O engenheiro agrônomo ração especial. e pesquisador sênior quer atrair ainda mais pessoas

*Nota da Redação: exsicatas são amostras de plan-

para sua área de interesse e firmar mais parcerias de tas secas, prensadas em estufa e fixadas em papel de cooperação técnica e científica. tamanho padrão.

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ESTANTE

Todo dia é dia de livro: As frases da moda (Ruth Joffily) – R$ 19,40 | Tinta Negra Frases para pensar a moda, do fútil ao filosófico. O livro reúne máximas, reflexões argutas e considerações bom-humoradas sobre a arte de se vestir.

Viajanseio (Roberto Vámos) – R$ 80 | Editora Bambalaio Retrospectiva em P&B de visitas feitas pelo fotógrafo e ambientalista Roberto Vámos a mais de 20 países nas últimas três décadas. O livro é dividido em quatro partes: “A natureza”, “O homem”, “Civilização” e “O lar”.

Na sala de roteiristas (Christina Kallas) – R$ 34,90 | Zahar Entrevistas com showrunners (misto de produtor executivo e roteiristachefe) e autores de séries de TV, nas quais eles compartilham as práticas e experiências do método de escrita conhecido como “sala de roteiristas”. 100 coisas que Cem pessoas não vivem sem (André Arruda) – R$ 100 | Memória Visual Retratos de 100 brasileiros dos mais variados perfis da atriz Sônia Braga à bailarina e coreógrafa Deborah Colker e ao garçom Lacerda – e de seus objetos favoritos, inesquecíveis ou imprescindíveis.

Rio visto do mar

FOTOS: REPRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO

(Rico Sombra) – R$ 89,90 | Tinta Negra Livro bilíngue com flagrantes fotográficos do Rio de Janeiro a partir de ângulos inusitados.

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Viva a língua brasileira (Sérgio Rodrigues) – R$ 49,90 | Companhia das Letras Declaração de amor à língua portuguesa falada no Brasil em forma de verbetes rápidos e instrutivos.



JBF indica

Limitado a 15 pessoas, o evento acontece uma vez por mês, mas não tem data pré-determinada, sendo

Festival de vida sustentável

necessário telefonar para agendar. O programa custa

FOTOS: DIVULGAÇÃO

R$ 20 e dura cerca de uma hora e meia. Agendamentos: 2239-9742 / 2259-5026.

África e capoeira no Galpão das Artes Urbanas Estão em cartaz no Galpão das Artes Urbanas, na Gávea, as exposições “Sanha africana”, com pinturas em tinta acrílica e desenhos em bico de pena do arquiteto Hélio Pellegrino, e “Capoeira, mãe das capacidades brasileiras”, com história, músicas, vídeos e roda organizadas pelos mestres Nestor e Garrincha. As obras de Hélio Pellegrino Primeira edição do LivMundi – festival de vida sus- trazem represententável – acontecerá nos dias 8 e 9 de outubro, em tações de deudiversos endereços do Jardim Botânico e da Gávea. ses, reis e rainhas Na programação do evento, atividades gratuitas vol- africanos, incluintadas para alimentação, educação, inovação, empre- do instrumentos d os na ca­ endedorismo, economia colaborativa e circular, com usa­ destaque para o encontro “Economia Colaborativa e po­e ira. A outra Consumo”, que desafiará os princípios do capitalis- mos­t ra destaca mo, e a Feira LivMundi, que reunirá, pela primeira as

mensagens

vez, as organizações Junta Local e a Essência Vital, do das músicas canCircuito de Feiras Orgânicas. A organização do even- tadas nas rodas to dá o exemplo de como estimular uma vida mais de capoeira e as saudável e sustentável adotando medidas simples, histórias da dancomo concentrar as atividades em locais próximos ça/luta, além de (Jardim Botânico, Espaço Nirvana e praça Santos Du- oficinas de atamont), a fim de facilitar o deslocamento do público. baques, berimMais informações em www.livmundi.com.

baus, caxangás e pandeiros. A visi-

JBRJ à noite

tação é aberta de

O Núcleo de Conservação da Fauna do JBRJ e a Asso- segunda a sexta, ciação dos Amigos do Jardim Botânico (AAJB) promo- das 9h às 17h, até o dia 7 de outubro: av. Padre Leovem passeios noturnos pelas aleias do parque com nel Franca, s/no (embaixo do viaduto da autoestrada a presença de pesquisadores e biólogos voluntários. Lagoa-Barra), na Gávea.

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Professores em cena

novatos – como as duplas Juliana Sinimbú e Marcela Bellas, e Fernando Temporão e Cesar Lacerda – e de experientes, como o tropicalista Jorge Mautner e Dona Onete, atual sensação paraense.

Shakespeare no Leblon

O encontro entre um professor de psicologia e sua aluna é o mote da peça “Boa noite, professor”, que fala sobre afetos, armadilhas, desejo e culpa. No elenco, estão Ricardo Kosovski (ator, diretor e proFOTOS: DIVULGAÇÃO

fessor do Tablado) e Nina Reis, (atriz, figurinista e vice-presidente da ONG Conexão do Bem, que realiza intervenções artísticas em hospitais da rede pública). Escrito e dirigido pelo crítico e também professor do curso Lionel Fischer e por sua filha, a atriz Julia Stockler, Está de volta aos palcos cariocas, a premiada mono espetáculo fica em cartaz de sexta a domingo no tagem do clássico “Ricardo III”, de William Shakesteatro O Tablado, até 25 de setembro.

peare, com o ator Gustavo Gasparani. Depois de temporadas de sucesso em São Paulo, Rio, Salvador,

Dance com Julia

Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília, a peça fica

Filha do cantor e compositor

em cartaz até 25 de se-

João Bosco e moradora do

tembro, no teatro Café Pe-

Jardim Botânico, Julia Bosco

queno, no Leblon. Sozinho

acaba de lançar seu segun-

em cena, Gasparani in-

do álbum, “Dance com seu

terpreta 24 personagens,

inimigo”, Segundo a própria

alternando narração e dra-

cantora, esse trabalho é mais

matização, diante de ce-

autoral, a começar pela es-

nário simples e com figu-

colha do produtor Donatinho

rino limitado a calça jeans,

com quem ela divide três das

blusa cinza e tênis. De

dez faixas do CD e a vida. No

sexta a domingo, às 20h,

repertório, composições de

com ingresso a R$20.

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FOTOS: CHRIS MARTINS

Flagrante  A onda de food trucks – pequenos trailers adaptados para venda de comida – que tomou conta da cidade, aos poucos, começa a marcar presença no bairro. Aos sábados, já são duas as opções. O Panzerotti & Cia (foto abaixo), de comida italiana, fica ao lado da Igreja São José, no mesmo horário da feira orgânica, até as 14h. Já Comabrauni (foto acima) oferece doce e café, das 11h às 21h, na esquina da rua Jardim Botânico com a General Tasso Fragoso.

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CIDADANIA Uma campanha vem mobilizando moradores do Jardim Botânico desde julho: regar as mudas recém-plantadas nas calçadas do bairro. A ideia é do designer Pedro Pellegrini, que deixou um balde no estacionamento do banco Itaú, próximo à rua Lopes Quintas, e convocou os vizinhos para o revezamento. Assim, a cada dia da semana, um morador assume a responsabilidade de regá-las. A proposta CHRIS MARTINS

fez sucesso e já brotou em outros pontos do bairro, como na praça Pio XI.

ECODICA Criada em 1999, a Associação dos Amigos do não-governamental, sem fins lucrativos, que visa à conservação, à proteção e à promoção da natureza do parque mais visitado do Brasil. Apesar de o morro do Corcovado e a estátua do Cristo Redentor

AMIGOSDOPARQUE.ORG.BR

Parque Nacional da Tijuca é uma organização

serem seus principais atrativos, o parque estende é de todos, e, por isso mesmo, todo mundo pode seus domínios até o Jardim Botânico, abrigando contribuir com o trabalho da associação. A campatambém a Vista Chinesa e o Parque Lage, cujas nha “Seja um amigo do parque" oferece opções trilhas e cachoeiras ganharam, recentemente, no- de pagamento mensal ou anual a partir de R$ 10. va sinalização. A maior floresta urbana do mundo https://amigosdoparque.org.br/.

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CHRIS MARTINS

XICO CHAVES Ilustre Morador

anos. As palavras, entretanto, nunca lhe foram su-

ficientes, e ele acabou buscando apoio nos campos MG + DF + RJ = #xicochaves ---> “Eu sou o Jardim Botânico”. visual e sonoro. Não é matemática pura, mas a fórmula geográfica Artista multifacetado, Xico nunca se prendeu a – infinitamente variável – aplica-se ao poeta, artis- uma única linguagem ou em apenas suporte físico ta plástico, produtor cultural e jornalista Xico Chaves. para se expressar, experimentando trabalhos em Nascido em Minas Gerais, líder estudantil em Brasília, que viveu escondido em Niterói e exilado no Chile, Xico Chaves considera-se carioca, ou melhor, o próprio Jardim Botânico, lugar onde se estabeleceu há tanto tempo (mais de 30 anos) que diz ter perdido a conta. Não é para menos. Ainda na década de 1970, criou e dirigiu eventos de ocupação artística – poéticos e musicais – na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, como os do Boca Livre e do Céu da Boca. “Tudo sem fins lucrativos”, lembra ele, um dos mais ativos defensores da contracultura. E assim foi fazendo da arte sua arma. Para Xico, Minas funcionou como incubadora. A poesia foi o primeiro caminho para suas manifestações artísticas quando tinha 13

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música, vídeo, fotografia, instalações, performan-

- A arte está ligada ao meio ambiente. Que obra

ces, televisão, rádio, etc. Ele publicou mais de dez

pode se pretender melhor do que uma árvore? –

livros; participou de inúmeras exposições individu-

questiona ele, enquanto colhe frutos no chão do Par-

ais e coletivas; tem obras expostas no Museu de

que Lage num domingo de sol. “Não sei o que é isso,

Arte de Brasília e nos paulistanos Museu de Arte

o gosto lembra o do fruto da maçaranduba”, avalia o

Contemprânea e Masp, além de somar mais de

que aparenta um figo com caroços de fruta-do-conde.

200 músicas gravadas por artistas como Nara Leão,

Ele leva uma frutinha para casa para integrar seus

Caetano Veloso e Elza Soares, tendo como parcei-

estudos e esforços de preservação de espécies em

ros nomes do quilate de Lenine, Antônio Adolfo e

extinção, que incluem fazer mudas em seu aparta-

seu vizinho Jards Macalé. Com esse último, compôs

mento e distribuir aos amigos que têm sítio.

“Selfie-se quem puder”, que marcou os 30 anos do bloco Suvaco do Cristo em 2015.

Se o Parque Lage é seu quintal – por onde caminha entre supostos altares dedicados aos orixás do

A gestão cultural também faz parte da vida de Xico,

candomblé –, a Panificação Lagoa é sua cozinha, pelo

que atuou nos âmbitos estadual e federal, ocupando,

menos para um cafezinho. Ele diz que gostou da re-

atualmente, o cargo de diretor do Centro de Artes

forma, mas mantém o hábito de ficar em pé no bal-

Visuais da Funarte. Lá, ele desenvolve projetos que

cão. “Só uso as mesinhas se estou acompanhado”,

têm como objetivo ativar ações culturais em todo o

explica ele, que gosta também da torta de queijo

país, mas mantém seu olhar no bairro que atravessa

e goiabada da Fornalha, no Humaitá, e da pizza de

de ponta a ponta. Do alto da rua Maria Angélica, cos-

espinafre que o pessoal da Adega do Porto, na rua

tuma andar até o Humaitá, onde fica seu ateliê, e ao

Alexandre Ferreira, prepara especialmente para ele. Marcado por projetos multimídias, Xico Chaves é

da rua Frei Leandro. Desde o início dos anos 1990, Xi-

um dos curadores da exposição “Ponto Transição”,

co faz parte do “Movimento Nacional de Artistas pela

com obras que refletem a ampla gama de possibi-

Natureza”, e o parque é cenário de sua série “Fotopo-

lidades que a arte permite. A mostra, gratuita, fica

ema”, em que junta sementes, folhas e flores a pa-

em cartaz somente até o dia 18 de setembro, na

lavras escritas no chão com uma vara de bambu que

Fundição Progresso, na Lapa. Quem sabe o que ele

ele deixa “guardada” no local. (fotos)

aprontará depois?

FOTOS: DIVULGAÇÃO

JBRJ, que visita todos os sábados, depois de ir à feira

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