jb folhas em
Novembro/dezembro 2016 | ano 14 | nº68 distribuição gratuita
Jardim Botânico
o informativo do jardim botânico
Horto | Gávea | Humaitá
Consumo consciente Por economia ou preocupação com o meio ambiente, a tendência atual é consertar, reciclar, revender e trocar. (Páginas 8 a 11)
Leandra Leal
Solar Monjope
JB é o cenário ideal na vida pessoal da atriz, diretora e produtora cultural. (Páginas 18 e 19)
A coluna Alamedas relembra detalhes da propriedade situada na esquina das ruas JB e Tasso Fragoso. (Página 7)
Editorial O negócio é se virar nos 30
AMA-JB ofereceu, dentro de sua campanha de educação no trânsito. Outro evento bem sucedido registrado
Prezado leitor,
pela coluna foi a apresentação do Coral JB no encerramento do Outubro Rosa, na Igreja São José. Já o
se vão muitos anos –,
Flagrante desta edição, na página
eu ouvia meu pai e mi-
6, mostra a ação dos moradores
nha mãe comentarem “como a vida está difí-
BRUNO LEVINSON
Desde pequena – e lá
que querem transformar a pista
interna da praça Pio XI em área de cil”. Mas a verdade é que a coisa, ao longo dos anos, lazer aos domingos, com o apoio da AMA-JB. não melhorou; pelo contrário, só piora. A situação está A atriz, diretora e dramaturga Cacá Mourthé mora “russa”, usando uma expressão também das antigas. aqui há 20 anos, mas frequenta o bairro há 40, desde O que vale é que, no meio dessa crise toda, tem gente que sua tia Maria Clara Machado abriu o Tablado. De lá “se virando nos 30” para conseguir driblar as dificul- para cá, ela viu a região crescer e dá suas dicas sobre o dades. Reciclar, aproveitar, reformar são palavras na Jardim Botânico na coluna Meu JB, na página 6. ordem do dia. Por isso, fomos atrás de exemplos e E, nesta onda de descobrir e conhecer os lugares do personagens no bairro para ilustrar a matéria de capa bairro, vou acumulando muitas novidades nas minhas desta edição, que você confere a partir da página 8. andanças. Por conta disso, decidi criar a coluna “Eu coEm nossa procura por soluções para dar a volta por nheço um lugar”, que você lê na página 16. A estreia cima, encontramos o exemplo de Márcia e Mariana, é sobre um espaço aqui no Jardim Botânico que faz mãe e filha, que transformaram o dom para fazer do- você se sentir na cozinha de casa, jogando conversa ces em um negócio lucrativo, adaptando suas receitas fora. Quem comanda as experiências no Fogão Colepara porções menores. As duas estão na página ao tivo é a simpática dupla Cristina Campos e Luciana lado, como personagens da Cara JB.
Tezoto. Vale conferir. E se quiser escrever sobre algum
Os eventos no bairro, feitos por moradores, continu- lugar que você conhece, esse espaço é seu, é nosso. am bombando e são o assunto da coluna Folhas, nas
Bom, o ano está acabando, mas em janeiro a gente
páginas 4 e 5. A Praça Pio XI ficou cheia de crianças no volta com novidades. dia 12 de outubro, para comemorar o dia delas com Feliz Natal e um ótimo 2017. o Sebinho. Além do tradicional troca-troca de livros, o
Christina Martins Editora
evento contou com uma oficina de mobilidade, que a
Expediente
Foto da capa: Montagem/ Reprodução
O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editada pelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.
Telefone: 3874-7111/ 98128-6104
www.armazemcomunica.com.br Editora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 -RJ) Redação: Betina Dowsley Projeto Gráfico: Paulo Pelá | designjungle.com.br Revisão: Carla Paes Leme Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406 Estagiária de Redação: Sheila Gomes 2
Tiragem: 5.000 exemplares e-mail: jbemfolhas@armazemcomunica.com.br www.facebook.com/JbEmFolhasJornalDoJardimBotanico site: www.jbemfolhas.inf.br
Distribuição: Parques, bancas de jornais, galerias e prédios comerciais do Jardim Botânico, Horto, parte da Gávea e do Humaitá.
Cara do JB Márcia e Mariana Ortiz Na família de Márcia e Mariana Ortiz, 54 e 31 anos respectivamente, o trabalho é doce e passa de geração para geração. Márcia começou a fazer bolos como hobby há 20 anos, mas nunca se profissionalizou, atendendo apenas a pedidos da família. Foi a filha Mariana que resolveu transformar o dom de fazer doces em negócio, há quatro anos, quando nasceu sua primeira filha. Primeiro, vieram os cupcakes, depois bolos e outras encomendas, que acabaram animando Márcia a largar o trabalho e unir-se à Mariana,
CHRIS MARTINS
ampliando o leque de ofertas.
- Nós queríamos algo que desse para vender no dia a dia e achamos que o bolo no pote seria algo diferente e prático para o cliente comer na hora ou levar para casa/trabalho – explica Márcia. Depois de ajustarem algumas receitas de família para caberem no pote, as duas começaram, em setembro, a se revezar nas imediações da rua Maria Angélica, vendendo cada unidade a R$ 6. O ponto movimentado é estratégico também por ser perto da casa delas. Dos três sabores oferecidos – cenoura com chocolate, baunilha e chocolate com brigadeiro –, o primeiro é o campeão de vendas. Aos poucos, elas começam a expandir seus domínios, levando o bolo no pote, de bicicleta, para feiras e eventos na Zona Sul, além de aceitar encomendas para festas. www.facebook.com/cupcakedocedasmeninas 3
Folhas do Jardim
viços de manicure, pedicure, estética e massagem, além de um pequeno café, logo na entrada. Já a
Jockey clubes
rede Vó Alzira expandiu seus domínios ao Humaitá, com loja perto do Corpo de Bombeiros. Na segunda quinzena de novembro, teremos a reabertura do restaurante Volta, agora como Venga Taberna, na rua Visconde de Carandaí. Em breve, contaremos também com um novo
FOTOS: CHRIS MARTINS
salão de cabeleireiros na Lopes Quintas, onde funcionou o Gibeer, e com um restaurante de comida indiana, o Taj Mahal, onde A próxima estação promete ser quente no Jockey era o Quadrifoglio. Por outro lado, o Sushikin fechou, Club. É que o clima vai ferver com novos espaços cerca de um ano e meio depois de substituir o tammisturando cultura, diversão e gastronomia. O pri- bém japonês Tadashi, na Maria Angélica. meiro a ser inaugurado será a Carpintaria, versão carioca da galeria paulistana Fortes Vilaça. O nome
Outubro Rosa na São José
faz referência ao local onde funcionava a carpintaria A iluminação da igreja de São José juntou-se a outros no clube (foto), que foi reformada, preservando os espaços do Rio de Janeiro – como Pão de Açúcar e detalhes do prédio original, de 1926. A abertura está Corcovado – aderindo à causa do Outubro Rosa, camprevista para a segunda quinzena de novembro. No panha que reforça a importância do exame preventivo início do ano, será a vez do artista plástico Vik Muniz, contra o câncer de mama. Em parceria com a Fundaem parceria com o empresário Cello Macedo, abrir um espaço para shows no local. Com 850 m2, a Casa Camolese será um misto de bar, delicatessen, restaurante e palco para shows, com um clube de jazz no subsolo. Para badalar o lugar, os sócios prometem convidar curadores distintos, como Adriana Varejão, Fernanda Torres e Kassin.
Gente que chega, gente que vai No último bimestre, registramos a abertura do Brise, estúdio de depilação e estética na galeria da Maria Angélica; e da Deep Freeze, de produtos congelados, ção Laço Rosa, a paróquia foi iluminada com a cor no em frente à agência dos Correios do bairro. Na mes- último final de semana do mês de outubro. O encerma galeria, também está funcionando o Bzz Ateliê, ramento, no dia 30, contou com uma breve apresencom bijouterias e peças exclusivas. Do outro lado da tação do Coral JB, que, sob a regência do maestro Tom
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rua, o grupo Doralice é só sorrisos com a inaugura- Simão, cantou algumas cirandas e clássicos da MPB, ção de sua terceira loja, a Doralice Adora, com ser- como “Cio da terra”, “Carinhoso” e “Wave”.
CHRIS MARTINS
Sebinho ano 12
A Praça Pio XI bombou no Dia das Crianças. A data foi comemorada com uma edição especial do Sebinho nas Canelas. O evento contou com as oficinas de percussão infantil do Tambor Carioca e de recreação de brinquedo de sucata, do Gato Mia, e também com a presença da autora infantil Luciana Sandroni, que leu alguns trechos do seus livros. O estúdio Gestos marcou presença com a aula de yoga para Crianças, com a professora Juliana Cabral. A AMA-JB aproveitou a ocasião e promoveu uma oficina de mobilidade para a garotada.
Para quem anda de ônibus Para melhorar a fluidez do trânsito na rua Jardim Botânico, o ponto de ônibus quase em frente ao Bar Joia Carioca foi retirado. Antes que alguém reclame de ter que andar um pouco mais, é bom lembrar que, do outro lado da rua Jardim Botânico, não há parada entre as ruas JJ Seabra e Oliveira Rocha. Depois de muitas reclamações de moradores e trabalhadores da região, a linha de ônibus 409 voltou a circular até a Tijuca.
Assessor Especial Com a volta de Bruno Ramos à subprefeitura da Zona Sul, Heitor Wegmann passou a Assessor Especial do prefeito Eduardo Paes até o final de seu mandato, em 31 de dezembro.
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Meu JB Cacá Mourthé
Ela contou que, no início de outubro, ocorreram dois assaltos na praça Almirante Custódio de Mello, em
Poucas pessoas conhecem tão bem o JB como a dire- frente ao Tablado. tora, atriz e autora Cacá Mourthé. Moradora do bairro
– Meu sonho é adotar esta praça e construir nela
há 20 anos, ela bate ponto no teatro O Tablado há um anfiteatro para uso de todos. A ocupação do es40. Isso como professora, fora os tempos de aluna e paço certamente melhoraria a segurança na região – sobrinha de Maria Clara Machado, de quem é quase acredita ela, para quem o bairro se basta. homônima e principal sucessora. Quem se acostumou a vê-la descer a pé a Lopes Quintas para o tra- Clube dos Macacos | Não sou sócia, mas faço hidrobalho ou para a praia, porém, vai sentir sua ausência ginástica naquele lugar maravilhoso. Jô Jô | Adoro! Especialmente às quintas-
em 2017. – Vou tirar um ano
feiras, dia de ostras fresquinhas, chego cedinho, por volta das 19h.
meu dia a dia é ex-
O Quintal Zen | Frequento tanto o es-
tremamente ligado ao
paço para meditação como o restauran-
do Tablado. Quero me
te. A feijoada é maravilhosa.
dedicar mais à obra da
JBRJ | Sou “amiga do Jardim Botânico”
Clara, ampliar seu pú-
e fico feliz em saber
blico, divulgá-la e edi-
que, bem pertinho, te-
tá-la em Portugal. Para
nho ainda o Parque La-
isso, preciso passar um
ge e a Lagoa.
tempo por lá – explica
Speed Bike | O Jaime
Cacá, que adora dar
é amigo antigo, e reco-
aula para adolescentes entre 11 e 17 anos. O afastamento, po-
FOTOS: CHRIS MARTINS
sabático. Há 40 anos,
mendo os seus serviços de chaveiro. Salão Globo | Confio na
rém, será apenas físico e por tempo determinado.
Débora para cortar, fazer
Cacá sente-se privilegiada de morar e trabalhar no
hidratação e escova. As
Jardim Botânico e daqui não pretende se mudar. Sua
unhas ficam por conta
grande preocupação é com a falta de policiamento.
da Penha ou da Glória.
Flagrante Moradores da região decidiram fechar a pista interna da Praça Pio XI para lazer no final de semana. A iniciativa cooficial foi encaminhado para a AMAJB, que está tratando do assunto junto à Subprefeitura da Zona Sul. 6
FOTOS: CHRIS MARTINS
meçou informalmente, mas um pedido
Alamedas Solar Mojope CHRIS MARTINS
Quem passa pela rua Tasso Fragoso, quase na esquina com a Jardim Botânico, impressiona-se com o imponente portal de entrada do condomínio Parque Monjope, decorado com medalhão e armas. Os ornamentos são meros detalhes da propriedade que o endereço abrigou muitos anos atrás. Segundo pesquisa da museóloga Ana Cristina Pereira Vieira – moradora nascida e criada no bairro e atual coordenadora da Comissão de Cultura da AMAJB –, o terreno foi ocupado, no início do século XIX, pela Chácara de Bica, que se estendia até a Lagoa Rodrigo de Freitas. A edificação original deu lugar ao Solar Monjope, construído pelo Dr José Marianno Filho, entre 1920 e 1928, em homenagem à Fazenda Monjope, onde nascera, nas proximidades de Recife. Defensor da arquitetura “tradicional”, o médico e colecionador trouxe do Nordeste painéis de azulejo, móveis e objetos coloniais legítimos. A propriedade incluía amplos jardins, além do casarão propriamente dito, que serviu de cenário para o filme “Sangue mineiro” (1929), de Humberto Mauro. Apesar de tombada por seus valores artístico e ambiental, a propriedade foi demolida em 1973 para dar lugar ao atual condomínio. As informações fazem parte do projeto Memória, que tem por objetivo resgatar a história social e cultural da região. A pesquisa completa poderá ser consultada, em breve, no site: www.amajb.org.br. 7
CHRIS MARTINS
JB tem conserto Economizar, reciclar ou preservar o meio ambiente,
de 10% na demanda pelos serviços oferecidos. Os
seja qual for a motivação, consertar e fazer ajustes
mais procurados são remendo de calça jeans, bainha
estão na ordem do dia no Jardim Botânico. Deixan-
e troca de fecho éclair: “Consertamos de tudo, até
do de lado o consumismo inconsequente, moradores
casa de cachorro já apareceu por aqui. Só não aceito
e trabalhadores do bairro passaram a procurar mais
mais produtos em couro, pois não tenho profissional
serviços de consertos e reformas em vez de sim-
de confiança para fazer um bom serviço” – explica
plesmente jogar fora e comprar produtos novos. Se,
a proprietária, que, há quatro anos, abriu o Doralice
por um lado, os clientes economizam e ficam com a
Bonita, com serviços de depilação, e, em agosto, o
consciência mais tranquila em relação à natureza; por
Doralice Adora, misto de cafeteria e espaço de beleza
outro, alguns comerciantes começam a se animar com
com manicure e massoterapeuta.
o aumento na demanda por serviços. Sinal de que a
Oferecer serviços de qualidade é o lema desse e
tal crise tem conserto. Aqui no JB, há vários endereços
de outros dois estabelecimentos de Kátia na mesma
para alegrar o final de ano.
galeria. O bom atendimento é seu segredo para não
A empresária Kátia Pinto (foto acima) abriu sua primeira loja na galeria dos Correios, Doralice Costurando, 8
há cinco anos. De 2015 para cá, registrou crescimento
sentir a crise, e ela não hesita em atender casos de emergência de consertos da roupa do corpo. - Muitos anos atrás, o saltinho do meu sapato caiu
FOTOS: CHRIS MARTINS
pouco antes de uma reunião importante. Procurei um notou aumento na procura por seus serviços nos úlsapateiro próximo a meu local de trabalho para resol- timos meses. ver o problema na hora, mas ele disse que eu poderia
– Atualmente, os clientes estão encomendando
deixar o sapato para conserto e pegá-lo dias depois. A mais capas de sofá e estofamento com tecidos imperfalta de solidariedade e de compreensão daquele se- meáveis e mais resistentes – afirma ele, que atende nhor nunca saiu de minha cabeça – relembra.
muito consultórios e outros tipos de endereços comer-
Do outro lado da rua Jardim Botânico, o sapateiro ciais que precisam de prazos curtos para realização Aurino Souza Correia é mais compreensivo do que o do trabalho. colega de profissão. Desde 1996 no bairro, ele garante
Na Bicicletaria (antiga Cyclo Ponto), Aline Molinaro,
que é mais procurado no inverno ou em dias de chu- sócia da loja desde 2014, também sentiu o movimenva: “Pode ter certeza de que, quando chove, sapateiro to da oficina aumentar entre 30 e 40%. “As pessoas fica logo feliz”, atesta.
estão preferindo consertar a comprar uma bicicleta
Vizinho do sapateiro, o estofador Marcello Gianni nova. Chegamos a vender 20 bikes novas por mês, (foto acima, à direita) está há 25 anos no bairro. Mora- agora são no máximo cinco”, compara. Com clientes dor de Santa Teresa, ele aprendeu o ofício com o pai. das classes A, B e C, Aline enumera, além da crise, alComo sua clientela é basicamente da região, Marcello guns fatores para um crescimento tão significativo da sabe que não pode vacilar no atendimento: “Clientes demanda: medo de circular com uma bicicleta nova e insatisfeitos voltam para reclamar de um serviço mal ser assaltado; trânsito intenso/lento; transporte públifeito mesmo cinco anos depois. Quando gostam do co reduzido e de baixa qualidade, especialmente após trabalho, fazem novas encomendas”, observa. Para Marcello, “o melhor amigo do estofador é o
as mudanças das linhas de ônibus. O hábito de consertar está mesmo em alta entre
gato”, cujo hábito de afiar as unhas em sofás e pol- os moradores daqui, e, muitas vezes, isso é uma tronas é conhecido. Brincadeiras à parte, ele também questão de princípios. Cristina Rebelo, por exemplo,
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não considera razoável jogar um produto no lixo e costuma questionar onde e qual a maneira adequada para se fazer isso. O designer Pedro Pellegrini (foto que abre a matéria) vai além e conserta, ele mesmo, muitos dos eletrodomésticos de sua casa, “nem tanto por economia de dinheiro, mas pelo planeta”. Na mesma linha, Rita Byington tem horror da obrigação imposta pelo mercado de trocar bens duráveis com frequência e prefere repará-los, assim como Marilena Lerina: “Acabo de mandar consertar meu iPhone. Valeu super a pena! Desde pequena, aprendi a não desperdiçar nada, minha mãe já era ecológica e não sabia”, explica. Algumas profissões de antigamente continuam a fazer sucesso, como a de empalhador e lustrador, que ainda podem ser encontradas na região. Há 20 FOTOS: CHRIS MARTINS
anos na esquina das ruas JB e Visconde da Graça, José Antônio é um deles e garante que não lhe falta trabalho. Três anos atrás, ele foi contratado como zelador de um prédio na mesma rua, mas segue com os biscates de reforma de móveis, cada vez mais procurados. Novidade no mercado informal é a venda de quentinhas, que aumentou bastante nos últimos meses. A ex-jornaleira Sandra Maria da Silva Fernandes “arma sua banca” no começo da rua Jardim Botânico, na hora do almoço, há cerca de sete anos. Seus clientes são, em grande parte, porteiros, zeladores, operários e trabalhadores informais, que pagam R$ 10 ou R$ 12, preço da feijoada, seu prato mais procurado, que costuma preparar às sextas-feiras. Apesar do crescimento do ramo, ela percebeu uma queda no movimento no útlimo ano. Se antes vendia de 85 a 90 quentinhas por dia, atualmente são 60. E não é porque o preço aumentou, não, é porque a oferta também está maior. Atualmente, Sandra encontra concorrência em todo o bairro. A venda de usados também se mantém aquecida. Betty Borges garante que seu negócio, criado na garagem de sua casa há 23 anos, só fez aumentar. Seu comércio expandiu para venda em residência, sendo 10
DIVULGAÇÃO / BRECHÓ MULAMBUS
50% com fins de espólio e os outros 50% de jovens amigas e promover um bazar em sua casa para troque estão indo embora do Rio de Janeiro. Os jovens ca e venda de roupas e acessórios seminovos. Pegou também representam os maiores compradores do araras emprestadas, comprou cabides e sacolas, e estabelecimento da JJ Seabra (foto à esquerda).
preparou lanche, incluindo até espumante! O paga-
– Eles procuram móveis pequenos e objetos uti- mento era informal, cada um colocava em uma caixa litários, e não se preocupam em comprar um jogo o valor que achava justo pela peça adquirida. de louça completo, com seis, 12 ou 24 peças. Com-
– A ideia surgiu ao ver o dinheiro para compras
pram o que gostam, independente da quantidade – mais curto e três malas cheias de peças de roupa afirma a comerciante, que agora conta com a ajuda sem uso em casa. Mais interessante do que gade seus filhos, especialmente na organização das nhar dinheiro é a experiência, uma oportunidade vendas em residência.
de reunir amigos e praticar o desapego – garante
A produtora Maria Dias (foto acima) encontrou ela, que já organizou o bazar duas vezes em casa uma maneira criativa de renovar o guarda-roupa sem e prepara-se para expandir a experiência para a grandes despesas. A solução foi reunir um grupo de praça Pio XI, em dezembro.
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ESTANTE
Todo dia é dia de livro:
A caixa de Zahara (Adriana Morgado e Vanina Starkoff) – R$ 34,90 | Editora Zit A partir do ponto de vista de uma menina africana, o livro aborda, com seriedade e leveza, as mudanças que cada um de nós precisa enfrentar ao crescer em um mundo quase sempre complicado. Arte brasileira para crianças (Isabel Diegues, Márcia Fortes, Mini Kerti e Priscila Lopes) – R$ 85 | Editora Cobogó Com linguagem simples e divertida, o livro traz obras e pequena biografia de 99 nomes importantes da arte brasileira, além de propor uma atividade inspirada no trabalho de cada artista.
A graça do dinheiro: as melhores charges da New Yorker sobre economia em 90 anos (Robert Mankoff) – R$ 34,90 | Zahar Admiradas no mundo inteiro, as charges da revista norte-americana são verdadeiras crônicas dos últimos acontecimentos do século XX. Ao todo, o livro traz 400 desenhos de mais de 100 cartunistas, entre as quais destacam-se Peter Arno e William Steig.
Jorge Aragão: o enredo de um samba (João Pimentel) – R$ 49,90 | Sonora Parte do projeto Sambabook, o volume conta a história do cantor e compositor Jorge Aragão, que conquistou a fama por seu próprio talento e mérito. Um registro não só da história do artista, mas também do próprio samba.
101 canções que tocaram o Brasil
FOTOS: REPRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO
(Nelson Motta) – R$ 59,90 | Sextante – selo Estação Brasil Autor de mais de 300 canções, Nelson Motta compilou as mais marcantes do universo musical brasileiro de todos os tempos. Do frevo ao pop, do rock ao samba, cada item da lista traz curiosidades e referências ao contexto histórico da época em que a música foi lançada, assim como o impacto que ela provocou naquele momento.
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Coleção O Livro do Disco (“Harvest” – Neil Young e “Paul’s Boutique”, dos Beastie Boys) – R$ 35 cada | Editora Cobogó Depois de revelar as histórias por trás de discos de astros e bandas como Jimi Hendrix, Stevie Wonder, Joy Division e O Rappa, a coleção aborda outros dois álbuns de peso: “Harvest”, de Neil Young, e “Paul’s Boutique”, dos Beastie Boys.
GUGA MELGAR
JBF indica 2x Sura Berditchevsky O espetáculo “Historinhas”, de Sura Berditchevsky, está em cartaz no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea, com seis histórias clássicas adaptadas para os dias de hoje, embaladas por músicas dos Beatles e exe-
Natal na Lagoa
cutadas por estudantes do projeto Villa-Lobinhos. A O projeto Tênis na Lagoa agendou sua festa de Namontagem conta com 25 integrantes da companhia tal para o dia 11 de dezembro, a partir das 15h, nas da atriz, escritora e diretora. A peça fica em cartaz quadras que ficam em frente ao Clube Monte Líbano, até 18 de dezembro, mas a oficina – que acontece na Lagoa. Quem aos sábados, no Espaço Sauer Danças – terá conti- quiser ajudar ponuidade durante as férias, com breve intervalo en- de escolher uma tre 18 de dezembro e 7 de janeiro. das cartas escri-
Festival Villa-Lobos no Tom Jobim
tas pelos alunos
de 5 a 12 anos de Entre 4 e 15 de novembro, o Espaço Tom Jobim re- idade, com pedicebe, mais uma vez, o Festival Villa-Lobos. O com- dos para pedidos positor e instrumentista Egberto Gismonti é o ho- para Papai Noel. menageado nesta edição do evento, que terá como Os presentes dedestaque as apresentações do Duo Gis Branco, acom- verão ser entregues até o dia 6. Além da presença panhado por Jacques Morelenbaum e Chico César, no do bom velhinho, a festa contará com recreadores dia 11/11, às 20h30; e show de Alfredo Del Penho para entreter a criançada. Mais informações pelo site
FOTOS: DIVULGAÇÃO
e Moyseis Marques, com participação da portuguesa www.projetotenisnalagoa.com.br ou pelo e-mail aleCarminho, no encerramento, dia 15/11, às 17h. xandreborges847@hotmail.com.
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Recriações no Parque Lage Duas versões de obras icônicas criadas 25 anos atrás ocupam as Cavalariças do Parque Lage: “Labirinto”, de Carlos Vergara, e “Desvio para o vermelho”, de Cildo Meireles, agora rebatizada de “Impregnação: em torno do Desvio”. Ambas podem ser conferidas somente nos sábados de novembro, das 14h às 17h. Ótima oportunidade de conheDIVULGAÇÃO
cer o trabalho de dois importantes artistas contemporâneos.
Brechó na pracinha
Barra da Tijuca, durante todos os sábados de outubro
O Natal está chegando, e é hora de praticar o desape- e circulou pelas Arenas Cariocas de Madureira, Anchiego. A produtora cultural Christina Martins, junto com o ta, Realengo e Campo Grande. A programação conta brechó Mulambus, promove a primeira edição do Bre- com troca de livros, recreação para crianças – com chó na Pracinha, um troca–troca de roupas, acessórios, brincadeiras de antigamente – e contação de histórias. objetos de decoração e o que mais aparecer. O evento, O gran finale no Jardim Botânico ficará por conta do que contará com o DJ Gustavo MM, será realizado na Papai Noel, que descerá a escadaria da rua Benjamin 22h. Para participar, é necessário reservar uma das dez barracas disponibilizadas pela organização pelo e-mail jbemfolhas@gmail. com. Os itens que não forem tro-
DIVULGAÇÃO / GUILHERME DURÃO
Praça Pio XI, no dia 3 de dezembro, sábado, das 15h às Batista até a praça.
cados podem ser entregues na igreja São José, que os doará aos mais necessitados.
Papai Noel na Pio XI O projeto Amigos na Praça encerra sua itinerância no dia 26 de novembro, na Praça Pio XI, entre 10h e 13h. Com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura e do Colégio Mopi, o evento ocupou a Praça do Pomar, na
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CIDADANIA A Associação Saúde Criança está comemorando 25 anos de atividades. Sua trajetória de sucesso teve início no Hospital da Lagoa, onde a fundadora, Dra Vera Cordeiro, trabalhava.
Diante
REPRODUÇÃO
da dura realidade dos pacientes que atendia e do círculo vicioso envolvendo crianças que iam e voltavam ao hospital, a médica constatou que “a doença era apenas a ponta do iceberg”. Em 1991, traçou um projeto já com os cinco pilares que norteiam a atuação da instituição até hoje: cidadania, renda familiar, educação, moradia e saúde, claro. Apontada como a ONG mais influente da América Latina e a 19ª do mundo pelo ranking mundial de organizações sem fins lucrativos NGO Advisor, a Saúde Criança já atendeu mais de 22 mil crianças e adolescentes de cerca de 4.500 famílias, transformando diretamente a vida de mais de 60 mil pessoas. Atualmente, sua capacidade de atendimento mensal é de 250 a 300 famílias, beneficiando, aproximadamente, mil pessoas por mês. Há várias formas de apoiar: sendo voluntário ou parceiro, fazendo uma doação simples ou contribuições mensais para as campanhas “Seja amigo do Saúde Criança” (R$ 30), “Apadrinhe uma criança” (R$ 100) e “Transforme uma realidade” (diversos). Doações de roupas, brinquedos e eletrodomésticos também são bem-vindas. Além disso, o tradicional bazar de Natal da associação será realizado nos dias 26 e 27 de novembro, das 12h às 19h, no Clube Militar. Durante o evento, serão arrecadados alimentos não perecí-
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veis. Mais detalhes: www.saudecrianca.org.br
CHRIS MARTINS
Eu conheço um lugar Por Christina Martins Quem olha aquele portão de ferro – espremido entre outros estabelecimentos – logo no começo da rua Lopes Quintas não pode imaginar o admirável mundo gastronômico que se expande em seu interior. Sob o comando da chef Manoela Zappa, o espaço existe há três anos e oferece aulas informais de gastronomia, tendo sempre a prosa como ingrediente principal. Aconchegan-
servido em bule esmaltado. Elas
te é a palavra que melhor de-
cuidam de todos os detalhes, como
fine o local.
a colher personalizada que marca
Outro dia, tive a oportuni-
os 20 lugares disponíveis. No car-
dade de ser convidada para
dápio do terceiro encontro, experi-
uma edição do Fogão Cole-
mentamos salada com favas, ba-
tivo, ótima ideia de Cristina Campos e Luciana calhau e arroz de pato, além baba de camelo (é Tezoto, roteiristas unidas pelo hobby da culiná- isso mesmo, trata-se de uma delícia portugueria. O encontro gastronômico acontece uma vez sa), na sobremesa. A próxima edição será dia 19 por mês, ao custo fixo de R$ 150, e dá direito de novembro. Vale reservar logo seu lugar (pelo a entrada, dois pratos, uma sobremesa e o ma- e-mail lutezoto@gmail.com) para essa pequena ravilhoso Bolo da Cris, acompanhado de café “Festa de Babete” em versão brazuca.
CLASSIFICADOS
Aulas de reforço de Português. Serviços de revisão e copidesque. Contato: carlapaesleme@gmail.com | celular (What'sApp) 98117-3483.
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Ilustre Morador Leandra Leal nasceu no palco. Força de expressão, claro, mas ninguém duvida que ela tenha estrela. Filha da também atriz Ângela Leal, Leandra não nega a influência da mãe em sua vida, tanto profissional como pessoal. Moradora do Jardim Botânico há cinco anos, Leandra lembra que esta é sua segunda passagem pelo bairro. A primeira foi na adolescência, dos 12 aos 18 anos, quando morou na rua J. Carlos e estudou no Tablado. - Eu vim com minha mãe ainda meio criança, mas depois voltei porque gosto muito da mata, do verde, dos parques. Sou sócia do Jardim Botânico e vou sempre lá para caminhar. Gosto da tranquilidade e da vida do bairro – revela a também produtora cultural. A busca por tranquilidade soa como um contraponto à sua rotina agitada. Nos últimos meses, por exemplo, Leandra participou da minissérie “Justiça”, da TV Globo; estreou como diretora do documentário “Divinas Divas”; e participou da cerimônia de encerramento DIVULGAÇÃO/ DARYAN DORNELLES
dos Jogos Olímpicos, no Maracanã, com o bloco Cordão da Bola Preta, do qual é porta-estandarte. - Foi emocionante entrar no campo embalada pelo hino do Bola! – garante. Vencedora de inúmeros prêmios de melhor atriz, Leandra exibiu talento, desde cedo, no cinema, no tea-
LEANDRA LEAL
tro e na TV. Entre seus trabalhos mais lembrados, está a personagem Rosário, da novela “Cheias de Charme”, que voltou ao ar em “Vale a pena ver de novo”:
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- As crianças amam as empreguetes! – destaca a atriz, que acha o bairro excelente para crianças, com pracinhas e a Lagoa bem pertinho. Outro fator importante para ter voltado para cá é a localização estratégica do JB em seu dia a dia, “entre o Projac e o Teatro Rival”, destaca. De fato, ninguém mais se surpreende com os novos papéis que a atriz multitarefa assume. O teatro foi fundado por seu avô materno, Américo Leal, e, recentemente, Leandra assumiu sua direção artística, substituindo Ângela e dando um novo rumo à casa. Falando nisso, ela acredita que tem tudo de que precisa bem perto de casa – ou quase, já que sente falta de um cinema. Para manter a forma, frequenta o Estúdio Igarashi há dois anos. Sua rotina inclui ainda os restaurantes da região – todos de uma maneira geral –, e ela fica feliz por poder contar com boas opções também para tomar café da manhã: “Amo o Empório Jardim”. Aqui, Leandra costuma fazer tudo a pé, até porque “de carro, seria impossível com o trânsito”. Além do tráfego intenso e dos caminhões que param para descarregar mercadorias a qualquer hora, outro grande problema do JB, na opinião dela, é a acessibilidade: “As calçadas não são niveladas, não têm rampas”, afirma. Sobre isso, aliás, ela adoraria contar com uma ciclovia na principal via do bairro para que “as bicicletas não fiquem mais espremidas entre o trânsito louco da Jardim Botâ-
O que você faz quando a validade de um cartão plástico expira? Até pouco tempo atrás, a primeira ideia era cortar em pedaços pequenos e jogar em lixos diferentes por motivos de segurança. Agora existe o Papa Cartão, uma máquina manual desenvolvida para que o próprio dono do cartão o destrua com segurança. A máquina não precisa de energia elétrica. É só inserir o cartão e girar a manivela para vê-lo ser triturado através de um visor transparente. Uma dessas engenhocas foi instalada na frente da sede da Associação de Amigos do Jardim
Botânico
(AAJB), no Corredor Cultural do JBRJ, para que qualquer pessoa possa fazer o descarte de maneira correta e segura.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
nico e a calçada”.
ECODICA
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