JB em Folhas 69

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em

jb folhas o informativo do jardim botânico

Fevereiro/M arço 2017 | ano 14 | nº69 distribuição gratuita

Jardim Botânico Horto | Gávea | Humaitá

Um pet para chamar de seu A atriz Betty Gofman e a sobrinha Rosana integram um grupo que cuida de animais abandonados.  (a partir da página 8)

Polêmica  Moradores opinam sobre a retirada (ou não) de duas árvores na rua Jardim Botânico.  (Páginas 17)

Com a bênção do Redentor  O Humaitá da cantora e compositora Joyce Moreno, nossa Ilustre Moradora.  (Página 18 e 19)


Editorial  Admirável mundo animal

a gente fica orgulhoso quando os vizinhos param e brincam com ele. Como se fosse filho.

Prezado leitor,

Nossa matéria de capa, da página 8 a 12, mostra um pouco desse universo que vem ajudando a cres-

Em junho de 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia cer uma parte da economia e a solidariedade entre e Estatística (IBGE) divulgou o resultado de um levan- as pessoas, tanto em feiras para adoção como em tamento inédito: o número de cães nos lares brasilei- campanhas para alimentação de animais abandonaros superou o de pe-

dos. É o que faz Adriana José, da

quenos humanos. De

Kitupets, que oferece a loja como

cada 100 famílias no

posto de coleta de ração (para

país, 44 criam cachor-

qualquer bicho) e leva para a

ros, enquanto só 36

Sociedade Protetora dos Animais

têm crianças. A pes-

(Suipa) uma vez por mês. E por falar em bicho, é hora de

a existência de 52 mi-

soltá-los, por assim dizer, com a

lhões de cães, contra

chegada do carnaval. Co-

FOTOS: CHRIS MARTINS

quisa apontou ainda

45 milhões de crianças de até 14 anos – uma situação que se assemelha à de

mo o bairro é animado, listamos nas páginas 4 e 5 toda

países como o Japão e os Estados Unidos.

a programação momesca,

Em pesquisa informal, a gente desco-

como o Bloco Suvaco do

bre que todo mundo quer um bichinho

Cristo. Quem não gosta de

para chamar de seu. Seja cão, gato, ca-

folia, pode recorrer à coluna

chorro ou calopsita, os animais ocupam seu espaço Indica, com boas opções culturais, a partir da página 14. na família brasileira. Falo isso por experiência própria, O jornal presta sua homenagem ao maestro e pois, aos 12 anos, minha filha pediu um cachorro. compositor Tom Jobim, que, se estivesse vivo, teria Topei com a condição de que ele fosse adotado. Con- completado 90 anos em janeiro. A coluna Alamedas seguimos um da raça Shih Tzu, que tinha sido maltra- (página 7) faz um passeio pelos cantos do bairro que tado pela antiga dona. Toddynho (foto) chegou assus- levam o nome dele. tado e hoje, seis anos depois, é o rei do pedaço, na

Christina Martins Editora

casa e na família, desfilando todo pimpão pela rua. E

Expediente

Foto da capa: Chris Martins

O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editada pelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.

Telefone: 3874-7111/ 98128-6104

www.armazemcomunica.com.br Editora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 -RJ) Redação: Betina Dowsley Projeto Gráfico: Paulo Pelá | designjungle.com.br Revisão: Carla Paes Leme Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406 Estagiária de Redação: Sheila Gomes 2

Tiragem: 5.000 exemplares e-mail: jbemfolhas@armazemcomunica.com.br www.facebook.com/JbEmFolhasJornalDoJardimBotanico site: www.jbemfolhas.inf.br

Distribuição: Parques, bancas de jornais, galerias e prédios comerciais do Jardim Botânico, Horto, parte da Gávea e do Humaitá.


Cara do JB  Gustavo MM Morando há 15 anos na Praça Pio XI, Gustavo Brafman é um sujeito tranquilo. Mas quando assume as pick-ups, incorpora o DJ Gustavo MM e brinca de ser alquimista de ritmos, fazendo um mix entre o soul, o dub e o funk. O ano que passou foi generoso em trabalho e experiências para o DJ. Ele assinou a direção musical da Arena 2, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, e teve a oportunidade de tocar o Hino Nacional para a primeira medalha de ouro do Brasil, conquistada pela judoca Rafaela Silva. “Era um trabalho delicado. Houve o caso em que os técnicos da Mongólia tiraram suas roupas em pleno tatame, contrariados com um resultado, e eu acabei optando pelo silêncio, em CHRIS MARTINS

respeito ao momento”, conta ele, que fechou o ano com a apresentação do guru Sri Sri Ravi Shankar e festa de réveillon na praia do Leblon. O ano novo começa no mesmo ritmo. Enquanto não retoma sua residência no Jazz Ahead – que acontece mensalmente no Clube dos Macacos –, MM tem marcado presença em Santa Teresa, às sextas, no Mama Shelter, um hostel boutique. E, no dia 4 de março, o DJ fará um set de soul e grooves brasileiros no Jungle Garden Pub, em Botafogo. Para ele, que tocou na primeira edição do Brechó da Pracinha, nada se compara ao Jardim Botânico: “O bairro tem áurea poética e tradição artística natural. Acho que isso se perpetua, é inspirador morar aqui”. 3


Folhas do Jardim

terças-feiras de fevereiro, das 20h30 às 21h30. Informações pelos telefones 2539-9804 / 2539-0312 ou

Com que roupa?

por e-mail: contato@gestosdocorpo.com.br.

Atrás de outros blocos Seja para seguir ou para fugir da folia, confiram a programação carnavalesca no bairro. O primeiro a sair é o Me esquece (domingo, 12/2, das 8h às 13h), que começa na rua Pacheco Leão e segue até a praça Santos Dumont. No domingo seguinte, pela manhã, a região bomba com o desfile do Suvaco do Cristo, que desce a rua Faro até a praça Santos Dumont. Durante o carFOTOS: CHRIS MARTINS

naval, na terça-feira gorda, tem Vagalume O Verde de manhã (da Pacheco Leão a Praça Santos Dumont), e Último Gole (Parque dos Patins, a partir das 17h). A novidade fica por conta do Cordão de São José, criado pelo Os foliões do bairro que gostam de seguir os blocos padre Omar Raposo, pároco da igreja. O bloco animará com as devidas camisetas encontram tudo – ou qua- a praça da igreja no sábado, dia 18/2, das 9h às 13h. se – num só endereço. A ONG Divinas Axilas montou uma lojinha dentro do Clube Carioca, onde a simpáti-

Bloco da Pracinha

ca Dona Déa ajuda para adultos e crianças a escolhe- O Bloco da Pracinha, que “concentra, mas não sai”, rem fantasias e vende camisetas do Suvaco do Cristo traz novidades após dez anos de folia. Este ano, o e de outros blocos menores do bairro. O atendimento bloco tirou a bateria de cena e convidou o DJ Marcelié diário, das 13h às 19h, até o dia 17 de fevereiro.

nho da Lua para mostrar sua versão remix de marchinhas e músicas de domínio público. A oficina de arte

Divinas oficinas Em fevereiro, a ONG Divinas Axilas, braço social do bloco Suvaco do Cristo, está oferecendo oficinas gratuitas com temas relacionados ao período momesco, como confecção de estandartes e maquiagem de carnaval. Em parceria com a Sebastiana (Associação Independente de Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul) e o Centro Sebrae de Referência de Artesananto Brasileiro, as aulas são gratuitas, no CRAB, na praça Tiradentes. Inscrições: oficinas@sebastiana.org.br.

Samba no pé Cansou de dizer que não sabe sambar? A atriz e do Gato Mia vai incentivar os pequenos a criarem dançarina Patrícia Ferrer preparou um workshop de seus próprios instrumentos de percussão a partir de samba no pé para quem não quer fazer feio neste material reciclado. O evento acontece na Praça Pio XI, 4

carnaval. As aulas acontecem no Espaço Gestos, às sábado, 18 de fevereiro, das 10h às 14h.


CHRIS MARTINS

Espaço Tom Jobim fechado

O Teatro Tom Jobim terminou 2016 fechado e assim permanecerá por tempo indeterminado. Segundo nota da assessoria de imprensa do parque, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro está estudando como aproveitar melhor o espaço, visando a incluir a cultura como canal para aproximar as pessoas da natureza e do conhecimento científico.

Ano novo nas ruas O ano começou com algumas baixas, especialmente no setor gastronômico, de tradicionais a recém-chegados. Encerraram suas atividades o Ró, que funcionou por pouco mais de seis meses na Pacheco Leão, o Roberta Sudbrack, após 12 anos no bairro, e o Entretapas, que chegou a mudar de nome e adaptar sua proposta antes de fechar as portas de vez. Já O Quintal Zen, restaurante vegano da Lopes Quintas, ficará fechado em fevereiro, funcionando apenas para meditação. Em março, a casa reabre com novidades. Falando nisso, o complexo gastronômico do Jockey Club ganhou o Bar Inverso, inaugurado em dezembro, embaixo da tribuna e com vista para o prado. Também no final do ano foi aberto o Parque das Figueiras, que vem abrigando a Babilônia Feira Hype, cuja próxima edição acontece nos dias 25 e 26 de março. O Bzz Atelier mudou de endereço e agora está na galeria dos Correios. No Humaitá, agora tem um hortifruti, Sabor da Vila, onde era a loja Griffos.

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FOTOS: CHRIS MARTINS

Meu JB  Celso Alvim Em fevereiro, tem carnaval, e há 17 anos tem também Monobloco, que traz à sua frente o percussionista e maestro Celso Alvim. Ele veio morar no Jardim Botânico em 2006, mas já frequentava o bairro havia muitos carnavais, primeiro curtindo o Suvaco do Cristo, depois com o próprio Monobloco, que, em 2001 e 2002, superlotava o Clube Condomínio: - Depois daqui, levamos nossos ensaios para a Fundição Progresso. Hoje, como morador, percebo que a decisão foi mais do que acertada. O Monobloco cresceu muito, já reuni-

Sobre a polêmica das marchi-

mos cerca de um milhão de pes-

nhas politicamente incorretas, ele

soas. Nos últimos anos, nossos

garante que o Monobloco não vai

desfiles atraem cerca de 500 mil

bani-las: “Elas foram feitas em ou-

foliões, não tinha mesmo como

tra época, fazem parte do carna-

ficar aqui – reconhece Celso, la-

val”. Quem quiser conferir, haverá

mentando que sua agenda não

ensaios na Fundição às sextas-fei-

o permita sempre curtir o Último

ras, em fevereiro, e o desfile será

Gole com os amigos.

no dia 5 de março, na rua Primeiro

No dia a dia, Celso tenta resol-

de Março, no Centro.

ver tudo por aqui, sempre que possível, de bike. As exceções

Vista Chinesa e Mesa do Im-

são os ensaios num estúdio em

perador | Costumo pedalar até lá duas ou três vezes por semana. É rapidinho. Antes de descer, é sagrado comprar uma água do Carlos. Speed Bike | Sou freguês e amigo do Jaiminho, que toca repique. Japa B | Vou muito lá em família, minhas filhas gos-

DIVULGAÇÃO/ MONOBLOCO

tam do rodízio e sempre botam pilha.

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Gestos | Faço pilates duas ou três vezes por semana lá. Além de gostar do lugar, eles têm um cartão que dá liberdade de horário e facilita bastante. Teatro Tom Jobim | Torço pela reabertura o mais Botafogo e as oficinas do Monobloco, na Sala Baden breve possível. A programação sempre foi boa. Powel, em Copacabana. “Temos 120 alunos por ano Casa Camolese | Estou apostando no sucesso da Canas oficinas, sendo que uns cinco ou seis participam sa Camolese, que vai abrir em breve na Vila Portugal, desde o começo, em 2000”, conta. no Jockey Club.


Alamedas  O JB do Jobim Antonio Carlos Brasileiro Jobim está presente no Jardim Botânico mesmo mais de 20 anos depois de sua morte. O maestro e compositor – que completaria 90 anos em Gustavo MM deste ano – mudou-se para o JB, em 1978, começando uma verdadeira história de amor com o bairro e o parque, chamado por ele de “meu querido Jardim Botânico”. Ao contrário de seu apartamento na rua Nascimento Silva – que ficou famoso na música “Carta ao Tom 74”, de seus parceiros Toquinho e Vinícius de Moraes – seu endereço na rua Sara Vilela ficou

CHRIS MARTINS

reservado aos amigos e familiares. As referências musicais ao JB foram mais sutis, falando da natureza, sempre com a bênção do Redentor. Após a morte do com­positor, uma fron­­­ dosa Sumaúma (foto), localizada em área central do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, foi transformada em Monumento Tom Jobim, uma vez que ele costumava se sentar entre suas imensas raízes. O parque abriga também o Teatro Tom Jobim, fechado temporariamente; a recém-

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-inaugurada Sala Tom Jobim; e o Instituto Antonio Carlos Jobim, que abriga o acervo completo do artista (fotos, partituras originais, áudios, vídeos e objetos pessoais), e mantém parte dele em exposição permanente. Ainda na região, o Parque Tom Jobim, criado em 1995, abrange todo o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, com pista/ciclovia de 7,5 km e parques menores, como Catacumba, das Tábuas, dos Patins e o recém-inaugurado das Figueiras. 7


DIVULGAÇÃO/ CLUBE PET

Reinado animal O jardim é botânico, mas o reino animal ganha cada

amiga de Ângela Villela, dona do Joca. Haydée inte-

vez mais espaço na região. São inúmeros os consul-

gra um grupo animado que se reúne todas as noites

tórios veterinários, serviços e lojas especializadas em

no final da rua Pio Corrêa com seus “melhores ami-

artigos para cachorros e gatos – para ficarmos apenas

gos”, mas ela reconhece que o espaço é comparti-

nos bichos mais comuns. Não podemos esquecer as

lhado de forma mais democrática e adequada por

praças com espaços reservados para cachorros, como

cães e donos na praça localizada na saída do túnel

o parcão da Ricardo Palma (adotado pelo morador e

Rebouças, na Lagoa.

ex-subprefeito da Zona Sul Heitor Wegmann) e o par-

- Enquanto os cachorros correm e brincam, a gen-

cão da Santos Dumont (que contou com o apoio do

te joga buraco e, nos finais de semana, pedimos

supermercado Zona Sul para sua criação).

pizza. A regra é que os animais mais bravos usem

Essas áreas de lazer para cães acabaram promo-

focinheira, mas, de um modo geral, todos convivem

vendo também a interação entre os donos dos ani-

em harmonia. Já teve até “Festa da Jujuba”, uma es-

mais. Algo comum na visão da jornalista e escritora

pécie de gelatina para cachorro – conta Haydée, que

Luize Valente, dona da Bebel. “Os cães aproximam e

deu abrigo a Úrsula há três anos.

melhoram as pessoas”, afirma a autora da crônicas sobre o universo canino, no box da matéria.

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Na mesma proporção que o mercado pet cresce na economia, aumenta a opção de adotar em vez

Foi na Ricardo Palma que Úrsula conheceu Joca. Ou

de comprar um animal. “O Joca também foi adotado.

melhor, que Haydée Goodman, dona de Úrsula, ficou

Uma pessoa o encontrou e colocou um anúncio na


internet”, explica Ângela, que há dois meses pegou também uma gatinha preta para cuidar. É mais ou menos isso que a atriz Betty Gofman costuma fazer. Como há muitos animais abandonados, ela pega, cuida, dá abrigo – ainda que temporário – até conseguir um lar para o bichinho. Em aproximadamente dez anos, ela resgatou, cuidou e disponibilizou para ado-

troca boa para os dois lados. Eles são bem tratados, ganham casa e comida, e eu fico mais leve e feliz – resume a intérprete de Dona Bela, na nova versão da Escolinha do Professor Raimundo. Betty adora bichos de uma maneira geral. Parti-

ACERVO PESSOAL

- A relação com esses animais é especial, uma

CHRIS MARTINS

ção mais de 300 cães e gatos encontrados nas ruas:

cipa de associações de proteção ao bem-estar dos animais e integra uma comissão em defesa das centenas de gatos que vivem no Jockey Club, agora responsável pela alimentação e cuidados dos bichanos. Ela faz um apelo aos moradores: “Não comprem um animal, há muitos abandonados nas ruas precisando de cuidados e de amor!” Atualmente, Betty está com oito animais em casa,

CHRIS MARTINS

sete cachorros e um gatinho, e ajuda a manter um

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CHRIS MARTINS ACERVO PESSOAL CHRIS MARTINS

acima) há quatro anos, no Leblon. Junto com a sócia Rosane Arcade, ela montou um espaço para cães, gatos e, eventualmente, outros animais, como pássaros e coelhos. Os quatro andares da casa (um deles com ar condicionado e tratamento acústico) dividem-se em creche, hospedagem 24 horas, veterinária e fisioterapia, além da tosa e banho tradicionais. “Demorei para achar um espaço onde os cães pudessem circular livremente, sem gaiolas ou grades, como se estivessem em sua própria casa”, conta ela. Atendendo cão diabético em um abrigo, pagando todas as des- cerca de 300 animais por mês, o Club Pet envia, ao pesas veterinárias e de alimentação. Mas só amor longo do dia, fotos dos bichinhos que estão na cree dedicação não bastam. A atriz conta com uma re- che a seusdonos e promove campanhas de adoção de de amigos e veterinários para ajudá-la financei- de animais,como o calendário que está à venda por ra e profissionalmente, como sua sobrinha Rosana R$15, com renda revertida para a compra de ração. Gofman (na foto da capa com Betty). Há seis anos,

Outra que une prazer e negócio é Paula Sasson (foto

Rosana trocou a carreira na área de marketing pela à esquerda), fotógrafa e designer. Conversando com companhia dos animais. Começou levando cachorros uma amiga, ela aceitou a tarefa de passeadora e para passear e trabalhou em centros de cuidado e aprimorou o serviço. “Eu me considero uma recreadiversão para pets. Dedicada, fez cursos de adestra- dora, pois brinco, jogo bolinha e ainda filmo e fotomento, massagem e comportamento animal, e colo- grafo” – explica ela que conta com o auxílio luxuoso ca tudo em prática nos períodos de hospedagem de de Chica, uma “royal street dog”, como ela define, cães e gatos, em seu endereço, na Gávea.

que adotou há um ano e três meses. “Mais do que

- Sempre tive uma ligação forte com animais, mas minha companheira, ela é hoje minha assistente de foi minha tia quem me incentivou a me dedicar a eles recreação”, diverte-se. e a criar minha fanpage no Facebook – assume ela, que tem em casa a Layka, um labrador de 12 anos.

Mas nem tudo é festinha e alegria. Aos 13 anos, Nina (foto acima), filha do professor universitário Sidnei

Foi essa paixão por bichos que impulsionou Fabiana Paciornik e da jornalista Lu Fraga, sofreu com o sumiço Elkind a deixar a advocacia e abrir o Clube Pet (foto da calopsita Tasha, sua parceira de cantoria dos sete aos 10


FOTOS: CHRIS MARTINS

nove anos. Apesar de já ter convivido com vários outros e, como tal, exigem cuidado constante. Ao longo de animais em casa – a cágada Julieta, o peixinho Isca, o seus 45 anos de vida, Luciana já teve sete cachorros, gatinho Rodin e um filhote de border collie de uma nenhum comprado. Suas atuais companheiras são amiga –, é de Tasha que Nina mais sente falta, tanto Laila, de 11 anos, e Kakau, com quase dez. Além das que preferiu não falar sobre a calopsita que voou e não despesas normais com alimentação e vacinas, há ouvoltou mais. Foram dois sumiços. Na primeira vez que tros gastos com a saúde e o transporte dos animais. alçou voo, Tasha foi encontrada no mesmo dia, na gara- Sua cadela mais velha tem glaucoma e é preciso pingem do prédio vizinho. Na segunda vez, porém, apesar gar colírio nos olhos dela três vezes ao dia. de a família ter procurado muito, não a encontraram.

- Laila operou há seis meses, mas está cega. Em - A Tasha era especial. Dava pouco trabalho e o casa não tem problema, mas, na rua, a atenção é custo para mantê-la era pequeno. Ela e Nina pare- dobrada – adverte a diagramadora. ciam estabelecer uma verdadeira “conversa musical”.

Para o veterinário Fernando Vieira, da clínica Petit Quando sumiu, até pensamos em comprar uma outra Ami, é preciso ter cuidado nesses dias quentes. Atencalopsita, mas achamos que seria impossível não fa- dendo mais cachorros do que gatos, ele recomenda aos zer comparações – pondera Sidnei, também saudoso.

donos ficarem de olho na hidratação dos animais, eviPara Luciana Figueiredo e sua mãe, Maria Rita Al- tando exercícios pesados, principalmente aqueles sem buquerque, os momentos felizes com os animais são condicionamento adequado. “Sempre que possível, evimais importantes. Os cachorros são parte da família te passeios nos horários mais quentes do dia”, adverte.

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FOTOS: CHRIS MARTINS

sinceridade, que amo os cães. Me incomodam os choros e gritos de crianças, mas não os latidos no meio da madrugada. Me incomodam dedinhos gordurosos roçando paredes brancas, mas sempre tenho uma desculpa para um pipi na porta de casa e havaianas com dentadas. Penso duas vezes antes de cruzar a porta, numa sexta à noite, e deixar para trás a Bebel, minha vira-lata preta e orelhuda. Também me atraem cada vez mais as saídas que incluem quatro patas: praia do Diabo nas primeiras horas da manhã, pôr do sol com água de coco na Lagoa, caminhadas pelas ruas do bairro onde moro, o Jardim Botânico. Com minha cachorrinha, conheci a Maria, o Miles, o Fred, o Zico, a Cuca. E os seres por trás deles. Também recuperei a sensação de viver em um mundo de gente, onde cumprimentos mecânicos resultados da boa educação se tornam bate-papos agradáveis. Hoje desejo bons dias verdadeiros ao

Os que gostam de cães e os outros

apontador do bicho, à caixa do mercadinho, ao jornaleiro. Também eles não sabem meu nome mas sabem quem sou: a que passa com a Bebel.

Amo os cães. É fato que a palavra amor foi bana- Nestes tempos tão corridos, onde todo o segundo lizada. Dizemos que amamos tanto caras metades tem que ser objetivo, minha cachorrinha vem me quanto sushis e sashimis. No velho Aurélio, está dando uma lição. O mundo dos que gostam de cães a definição. Amor: sentimento de dedicação abso- poder ser bem mais humano do que os outros posluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devo- sam imaginar. ção, culto, adoração. O que me permite dizer, com Por Luize Valente

CIDADANIA

A Casa de Betânia, que abriga mais de 20 idosos, está sempre precisando de doações de medicamentos e de material de higiene, assim como de roupas e objetos para venda no brechó da instituição. Um pedido especial nos períodos mais quentes é de pomada NISTATIN e de sabonete líquido infantil para combater e prevenir assaduras provocadas pelo calor, pois o local não possui ar condicionado. As doações podem ser entregues na secretaria da paróquia Divina Providência, na rua Lopes Quintas, aos cuidados de Sérgio. Mais informações pelo telefone: 2294-5648 ou no

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site www.paroquiadadivina.com/casa-betania


ECODICA

Com o objetivo de conscientizar as crianças e suas famílias sobre a importância de descartar

corretamente o óleo de cozinha, evitando entupir encanamentos e contaminar rios e lençóis freáticos, a Obra do Berço está recebendo óleo de cozinha para reciclagem. A orientação é esperar o óleo esfriar antes de colocá-lo em recipiente com tampa, uma garrafa pet, por exemplo. Além de colaborar com o meio ambiente, o descarte do óleo no Ecoponto da Obra do Berço reverterá em recursos para a instituição. O endereço é rua Cícero Góis Monteiro, 19 – Lagoa.

Flagrante  Na contramão de São Paulo, onde o novo prefeito proibiu (e cobriu) grafites nas ruas da cidade, o Rio (ainda bem!!) aposta obras de arte para embelezar seus pontos cinzentos. A Mozak Sereno para colorir os tapumes do empreendimento que vai construir em frente à ABBR.

CHRIS MARTINS

Engenharia teve a boa ideia de convocar Miguel


ANANDA CAMPANA

JBF indica  Comédia para esquecer dos homens (ou não) Duas amigas desiludidas de relacionamentos com homens decidem formar um casal. Esse é o enredo da peça “Ela é meu marido”, em cartaz até 22 de fevereiro no Teatro dos 4, na Gávea, às terças e quartas, às 21h. Escrita pelo casal Nelito Fernandes e Martha Mendonça portante para fortalecer a relação com o filho; e para – criadores do site Sensacionalista –, a comédia é es- a mulher, é também uma oportunidade para reorganitrelada por Guta Stresser e Bia Guedes, e tem direção zar seu corpo pós-gravidez. Já a coach e astróloga Taassinada por Diego Molina. A plateia se diverte com o litha Rozenbaum organiza uma roda de conversa com esforço da dupla para conseguir viver sem a presença troca de conhecimentos e práticas que contribuem masculina em suas vidas, na tentativa de esquecer para a construção de uma relação verdadeira e fluida que os homens existem. Ingressos a R$ 60.

entre pais e bebês. Como diferencial, Talitha faz observações singulares a partir do mapa astral da criança.

Gestos para pais e bebês

Litografias de Von Martius Em cartaz até dia 16 de abril no Instituto Moreira Salles, na Gávea, a exposição O mapa de Von Martius ou como se deve escrever a história natural do Brasil celebra os 200 anos da chegada da missão austríaca no país. A mostra tem como ponto de partida um

DIVULGAÇÃO

REPRODUÇÃO

mapa criado, em 1858, por Carl Friedrich Philipp von

As novidades do verão no Espaço Gestos são atividades para bebês. Na aula de yoga de Luana Freitas, a mãe ou o pai faz yoga juntinho com o seu bebê. Com posturas de yoga, a prática é entremeada por danças, brincadeiras e shantala, promovendo estímulos motores, sensoriais e afetivos nos bebês. Para os pais, é im-

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Martius (1794-1868), botânico alemão, que, por sua

Mais “Uma Canção para o Rio” CHRIS MARTINS

importância, virou nome de rua aqui no Jardim Botâ- A galeria Carpintanico. Von Martius fez o maior levantamento da flora ria, inaugurada em brasileira e propôs uma divisão regional a partir de novembro no Jocinco grandes biomas: cerrado, caatinga, mata atlân- ckey Club, exibe a tica, selva amazônica e pampa.

segunda parte da coletiva “Uma can-

Rio Open no Jockey Club

ção para o Rio”, com trabalhos de artistas como Barrão, Nuno Ramos e o coletivo cubano Los Carpinteros. As obras, que unem artes visuais e música, ficam em cartaz até o dia 25 de março. Quem for conferir o novo espaço não pode deixar de visitar também o jardim, que tem obra de Ernesto Neto. Rua Jardim Botânico, 971. De terça a sexta, 10h às 19h; sábado, das 10h às 18h. Grátis.

Livro sobre autismo e paternidade “Meu menino vadio – Histórias de um garoto autista e seu pai estranho” narra as agruras de criar um filho com autismo. Escrito peREPRODUÇÃO

lo jornalista Luiz Fernando Vianna, o livro é uma esO Jockey Club Brasileiro recebe a quarta edição do pécie de desabaRio Open 2017. O torneio é o maior da América La- fo sobre sua retina e está entre os 13 mais importantes do tênis lação com seu fimundial, reunindo atletas do porte de Rafael Nadal lho, Henrique, de (campeão em 2014) e Francesca Schiavone (campeã 16 anos, que fala em 2016). O evento acontece de 20 a 26 de feve- pouco, mas repeREPRODUÇÃO

reiro e contará com os top 10 Kei Nishikori e Domi- te algumas palanic Thiem, além dos dois últimos campeões do Rio vras à exaustão. A Open: David Ferrer e Pablo Cuevas. A novidade fica franqueza do relapor conta do Club Top 100, que garantirá passe livre to expõe sua experiência, cheia de altos e baixos, diaos tenistas que estiveram entre os 100 melhores do vidida de forma desigual entre momentos de ternura mundo para assistirem aos jogos no Rio.

e de desespero.

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CONSUMO Toalhas de praia  |  R$ 79 Alfaias - Tel: 2239-8189

Bolsa de lenço italiano, dupla face  |  R$ 130 Bzz Atelier- Tel: 98134-4236

Porta-temperos  |  R$ 95 Coisas de uma arquiteta Tel: 3598-8289

Camiseta de poliamida  |  R$ 169

O que tem na geladeira?  |  R$ 79 livro de receitas de Rita Lobo Livraria da Travessa Tel: 3138-9600

Canga com estampas diversas  |  R$ 49 Parceria Carioca – Tel: 2511-8023

FOTOS: CHRIS MARTINS

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CHRIS MARTINS

EM QUESTÃO Na rua Jardim Botânico, no quarteirão entre as ruas Abade Ramos e Oliveira Rocha, duas árvores dividem a opinião dos moradores da região. O problema é que, apesar da sombra, suas raízes estragam o calçamento com frequência, dificultando a circulação e, muitas vezes, provocando acidentes. O agravamento da situação levou à colocação de uma placa de sinalização e tem gerado polêmica sobre como solucionar a questão. Convidamos dois moradores do bairro para manifestarem suas opiniões: A FAVOR

“As árvores trazem inúmeros benefícios para

CONTRA

“Árvores nos dão a sombra de que

a população urbana. As áreas verdes – como

tanto necessitamos no verão escal-

parques, praças e jardins – são imprescindíveis, porém,

dante. Defendo encontrar soluções para plantas

temos sempre que ter um olhar crítico, pesando a fun-

sadias com este tipo de problema a qualquer cus-

cionalidade das árvores no contexto urbano. No caso em

to. Segundo consulta a um engenheiro agrônomo

questão, elas apresentam vários pontos desfavoráveis: es-

solicitada pela AMA-JB, existem soluções – simples

tão em uma calçada estreita, dificultando o trânsito de pe-

ou mais elaboradas – conforme a necessidade. No

destres; e não são as ideais para o ambiente urbano, por

caso das árvores em questão, a solução seria podar

conta da agressividade de suas raízes. Por tudo isso, eu

a copa e a raiz para diminuir altura e comprimen-

sou a favor do abate das mesmas e plantio imediato de

to, além de aumentar o espaço da gola para as

duas mudas de pau ferro ou outra muda condizente com

laterais. Somente depois disso, o piso da calçada

o local, de acordo com estudos. Ressalto ainda a impor-

deve ser refeito de forma contínua e em rampa.

tância fundamental de canteiros com terra, para que eles

Nosso bairro é especial quando falamos em ruas

possam absorver parte das águas da chuva, auxiliando a

arborizadas. Precisamos cuidar dele com dedica-

minimizar possíveis alagamentos.”

ção e carinho.”.

Francisco Schnoor,

Marilena Lerina,

diretor do Instituto Moleque Mateiro

tradutora

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LEO AVERSA/ DIVULGAÇÃO

ela a pé pelo bairro, apesar de suas muitas turnês internacionais. Somente em 2016, foram três na Europa, uma nos Estados Unidos e outra no Japão, onde se apresenta todos os anos. O país oriental, aliás, costuma bancar seus novos projetos, como o CD autoral “Palavra e som”, gravado no estúdio da Biscoito Fino – aqui pertinho –, que sai no Brasil depois do carnaval. O bairro que ela mesma considerava “de passagem” não demorou a conquistá-la, a começar pelo apartamento, numa de suas ruas mais calmas. “O janelão voltado para o verde, a vista para o Corcova-

JOYCE MORENO

do e o Pão de Açúcar me fizeram desistir imediatamente de uma obra no Leblon”, justifica a troca. O tempo passou, mas a paisagem continua a lhe tirar o fôlego, que ela teme perder, literalmente, ao subir a ladeira íngreme. Mas isso está longe de acontecer. Joyce resolve seu dia a dia nas redondezas de casa, dos bancos à academia, passando pelas compras. Ela gosta de tomar um capuccino no Café Sorelle ou no Café Botânica, ambos na rua Capitão Salomão. Na Cobal, a pedida é o restaurante Rio Vegetariano. As frutas, verduras e legumes, porém, ela deixa para comprar

Ilustre Morador

na feira da rua Frei Leandro, no JB, onde encontra os amigos em torno de uma tapioca. Falando nisso, ela

Perto de completar 50 anos de carreira, a cantora, destaca o sorvete Brasil, vendido no Sanduka. Seu compositora, arranjadora e instrumentista Joyce More- sabor favorito é o de figo com nozes, mas no congeno segue na ativa, com novo álbum, relançamento de lador de sua casa costuma ter também o de tapioca, discos da década de 1980 e shows. Como a artista é preferido de seu marido – o também músico Tutty moradora do Humaitá há 20 anos, é fácil cruzar com Moreno – e do amigo Dori Caymmi.

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Ginástica, atualmente, ela faz na Forma Total, que oferece horários livres e flexíveis, sob medida para a vida de artista. Antes de voltar para casa, ela dá uma parada no Carioca Zen para abastecer a dispensa com produtos naturais e, quando a sacola fica mais pesada, o jeito é pegar um táxi para subir a ladeira. Joyce prestigia a região também para comprar presentes nas lojas Mister B e Pele Rara, ambas nas imediações da Cobal: “Fora as roupas de show que compro no atelier de uma amiga em Santa Teresa, mas mando lavar aqui, na 5 à Sec, adoro as calças compridas feitas de fibra de bambu da Pele Rara. Tenho várias”, indica. Ao ser indagada sobre o que falta aqui, a resposta é rápida: praia. Criada no Posto 6, em Copacabana, com passagens pelo Recreio e pelo Leblon, Joyce gostaria de não precisar pegar o carro – que pouco sai da garagem – para ir ao encontro do mar. - Morei durante 12 anos no Jardim Botânico. Na época, pegava ônibus com minhas filhas Clara, Ana e Mariana (quem acompanhou o Festival de Música Popular Brasileira da TV Globo em 1980 deve se lembrar do sucesso da música “Clareana”, composta por Joyce para suas filhas, antes do nascimento da mais nova: “Clara, Ana e quem mais chegar...” ), guarda-sol, piscina inflável... Era jovem, né? – recorda ela que acalanta o desejo de trazer para Espaço Tom Jobim o show com o qual rodou o Brasil com Toquinho e João Bosco no ano passado, em homenagem aos 90 anos que o maestro, cantor e com-

FOTOS: DIVULGAÇÃO

positor que dá nome ao teatro.

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