em
jb folhas o informativo do jardim botânico
Agosto/Setembro 2017 | ano 14 | nº72 distribuição gratuita
Jardim Botânico Horto | Gávea | Humaitá
Consumo consciente
Gota d’água
O movimento Menos 1 Lixo visa a sensibilizar as pessoas em prol de um mundo mais sustentável. (Página 7)
Inércia no comando da cidade resvala no bairro, e moradores entram em ação para garantir a ordem. (Páginas 8 a 11)
De olho na mobilidade Nathalia Dill acredita que metrô, ciclovia e barcos cruzando a Lagoa podem melhorar o trânsito no bairro. (Página 18)
Editorial Em busca da luz no fim do caos
entrevistado por nós para a Cara do JB da edição 16, de junho/julho de 2006. Seguimos no parque, na coluna Entrevista. Conse
Prezado leitor,
guimos um tempo na agenda atribulada de Sérgio
Tá puxado morar no Brasil, viver no Rio de Janeiro e Besserman, presidente do Jardim Botânico do Rio de até circular no Jardim Botânico. A crise econômica, que Janeiro. Ele fez um balanço de seu primeiro ano no já preocupava o suficiente, se uniu à crise política e à cargo e falou sobre os próximos desafios. Simpático, falência do Estado do Rio de Janeiro, causando ainda no final, ele posou para uma foto comigo e com Betimais estragos, que podem ser constatados em nosso na Dowsley, nossa redatora (foto). A conversa rendeu dia a dia. E, como o exemplo vem de cima, a falta e foi além da tradicional página 12. Confira. SELFIE: CHRIS MARTINS
de respeito impera nas ruas, no trânsito, nas calçadas e até no comércio. É uma triste realidade, que piora a cada dia. Na
E por falar no JBRJ, a instituição tem um programa bem diferente, que vem chamando a atenção de moradores e visitan-
semana de fechamento desta
tes: o Passeio Noturno, cuja pro-
edição, o prefeito Crivella libe-
posta é apresentar a fauna que
rou mais 4.300 novas licenças para camelôs na cidade circula à noite pelo parque. Fui conferir o último passeio e uma pessoa foi assaltada à mão armada, na saída do ano passado, que aproveitou o Dia das Bruxas para do Banco Itaú, em plena rua Jardim Botânico, ao meio- promover travessuras no arboreto. Mas não precisa ter -dia. Apesar das notícias, há uma luz no fim do túnel. medo e fazer como duas amigas minhas que desistiram A reportagem central, a partir da página 8, chama a do programa por não gostarem de levar susto. E quem atenção para as mazelas, mas também mostra a atu- gosta? O passeio é divertido e muito interessante, e não ação de moradores que se juntaram para mudar uma chega a assustar. Eu garanto. Confira na página 17 e corsituação. O bom e velho ditado “a união faz a força” ra para reservar seu lugar, pois as vagas são limitadas. sempre traz bons resultados.
Até outubro!
Abrimos a coluna Folhas com a homenagem ao
Christina Martins
Folha Seca, funcionário mais antigo do JBRJ e que foi
Editora
Cartas
O JB em Folhas está muito bom. Cada vez melhor! Parabéns. Adorei a matéria das bicicletas. - Gilda Mattoso (jornalista).
Expediente
Foto da capa: Angela Galvão/JBRJ
O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editada pelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.
Telefone: 3874-7111/ 98128-6104
www.armazemcomunica.com.br Editora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 -RJ) Redação: Betina Dowsley Projeto Gráfico: Paulo Pelá | designjungle.com.br Revisão: Carla Paes Leme Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406 Estagiária de Redação: Sheila Gomes 2
Tiragem: 5.000 exemplares e-mail: jbemfolhas@armazemcomunica.com.br www.facebook.com/JbEmFolhasJornalDoJardimBotanico site: www.jbemfolhas.inf.br e www.issuu.com/jbemfolhas
Distribuição: Parques, bancas de jornais, galerias e prédios comerciais do Jardim Botânico, Horto, parte da Gávea e do Humaitá.
Cara do JB Márcia Lara Você agradeceu a Deus por ter chegado em casa em segurança no dia da enchente, em junho? A arquiteta Márcia Lara sim, mas nem por isso conseguiu dormir sabendo que ainda havia pesBETINA DOWSLEY
soas ilhadas na região, sem poder voltar para casa. Por volta da meia-noite do dia 20 de junho, quando a chuva diminuiu um pouco, ela preparou duas garrafas térmicas de café, pegou pacotinhos de biscoitos e desceu disposta a aquecer aqueles que esperavam a água descer para retomar seus caminhos. - As primeiras pessoas que abordei não aceitaram minha oferta, mas eu não desisti. Fui até o posto de gasolina na esquina das ruas Saturnino de Brito e Jardim Botânico, onde havia mais gente concentrada, e, aos poucos, fui quebrando a resistência das pessoas – conta Márcia, que mora na Lineu de Paula Machado. Ela conta que, ainda criança, via sua bisavó oferecer um prato de comida a quem batesse à porta de sua casa, na Tijuca. O fato a marcou, e Márcia segue praticando boas ações, algumas delas programadas pelo grupo Ruah (que significa sopro do Espírito Santo), da Igreja de São José. Dividido em quatro ou cinco carros, o grupo sai às ruas num sábado por mês para levar sopa ou macarronada para pessoas em situação de rua no JB e em bairros vizinhos. - Neste inverno, estamos distribuindo também roupas e cobertores. Sei que isso é apenas uma gotinha no oceano, mas agrada a Deus e me faz dormir em paz – conclui. 3
DIVULGAÇÃO JBRJ
Folhas do Jardim Folha Seca agora é lago Desde de julho, o lago localizado na Aleia Frei Leandro, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, chama-se Folha Seca. O nome é em homenagem a Orlando Pereira da Silva, que faleceu no dia 1º de junho, aos 94 anos, cerca de 70 deles dedicados a cuidar das plantas no JBRJ. O jardineiro mais antigo do parque tinha esse apelido por sua técnica para desatolar carros utilizando um punhado de folhas secas. O funcionário era reconhecido pelos frequentadores por ser o único a pedalar pelo arboreto. A bicicleta, modelo de 1953, foi doada pela família e fará parte do acervo histórico do JBRJ. Outra homenagem a Folha Seca foi o plantio, por sua neta Gabriela Vilela da Silva, de uma espécie da Mata Atlântica.
Palestras sobre Meditação no Gestos Solidariedade JB-Ilha do Governador Doutor em Saúde Coletiva, orofessor e fundador da A Saúde Criança Ilha, franquia social da Associação Grande Tríade – Centro de Artes Taoístas, Eduardo Ale- Saúde Criança, fechou uma parceria com o superxander está à frente de um ciclo de palestras sobre me- mercado Crismar para campanha de arrecadação ditação no Espaço Gestos, na rua Conde Afonso Celso. de cestas básicas. Outra parceria da ONG no bairro O mestre partilhará seus conhecimentos e práticas em foi estabelecida com os escoteiros do Clube Militar, mais de duas décadas de imersão no universo do Tao, visando à divulgação do tratamento da fissura labiomostrando sinergia entre seus lados meditador, tera- palatina. No site http://www.saudecrianca.org.br, há peuta e acadêmico. Na segunda-feira, dia 4 de setem- outras formas de apoiar, como o apadrinhamento de
CAROL BRANDÃO
bro, às 19h30, a palestra será “Sexualidade e saúde”.
uma criança com a doação mensal de R$100.
Cantando na praça O Coral JB vai comemorar seus três anos de atividades com apresentação no dia 27 de agosto, domingo, às 17h, na Praça Pio XI. No repertório selecionado pelo maestro Antonio Simão, estão as músicas “Velha Infância” (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Davi Moraes, Marisa Monte e Pedro Baby), “Refazenda” (Gilberto Gil), “Cio da Terra” (Milton Nascimento e Chico Buarque) e “Wave” (Tom
4
Jobim), entre outras.
Foco na gastronomia e no comércio O setor gastronômico foi o que apresentou mais mudanças nos últimos meses. Depois de cerca de 20 anos funcionando em casa que pertenceu ao escritor José Lins do Rêgo, a Escola do Pão encerrou suas atividades na rua General Garzon. Já o tradicional restaurante de comida natural NutriSão – na galeria do 635, na rua Jardim Botânico – reabriu sob nova direção. Entre as novidades gastronômicas estão a pizzaria Ella, na rua Pacheco Leão, e o restaurante Grado, na Visconde de Carandaí. Aliás, a pequena rua está movimentada. Saiu o ateliê Maria Oiticica e entraram os de Ana Porto (designer de joias) e de Laura Marcier (da grife À Colecionadora). O Botanic Hostel, que havia fechado no início do ano, reabriu como The Hostel.
De olho nas calçadas A AMAJB está de olho nas calçadas do bairro. Depois
HEITOR WEGMANN
de ter conseguido a reparação da calçada danificada
pelas árvores na rua Jardim Botânico – entre as ruas Abade Ramos e Oliveira Rocha –, a AMAJB estabeleceu uma ponte entre moradores e a Secretaria de Conservação para viabilizar outros consertos. No caso da calçada em frente à Hípica – que estava desnivelada pela ação de raízes de árvores, causando acidentes –, o trabalho foi possível graças a um morador, que doou o cimento. A Seconserva entrou com a mão de obra.
5
Meu JB Mari Stockler
fantil, exibição de documentário e debate, além de eventos no jardim da galeria.
O primeiro endereço da fotógrafa, designer e curado-
- A principal vocação daqui é ser ponto de encon-
ra Mari Stockler no Rio de Janeiro foi no Jardim Botâ-
tro. Em breve, ficará
nico, há quase 30 anos. “Acho que foi uma escolha
ainda melhor com a
natural, já que a praia não fazia parte do meu dia a
inauguração da Casa
dia”, explica a paulistana.
Camolèse e do estú-
- Não canso de me surpreender com a beleza
dio do Oskar Metsa-
daqui. Gostaria de ser sócia do Clube dos Macacos.
vah. Os jardins serão
Sempre que vou lá, acho incrível – confessa ela, que
unificados e eventos
frequenta o JBRJ, o Parque Lage e as cachoeiras da
como o Cinema no
região com a família.
Jardim, que já reali-
Com formação multimí-
zamos aqui, ganhaFOTOS: CHRIS MARTINS
dia, Mari assinou direção de arte e cenografia de inúmeros filmes, peças de teatro e videoclipes. No ano passa-
rão mais destaque. Só precisamos cuidar para que os gatos não usem o local como banheiro – observa, lembrando
do, lançou o livro “Letreiros”,
que, muitas vezes, o gramado é
uma espécie de inventário
utilizado por bebês e crianças.
visual de painéis clássicos
Gastronomia | Vou do La
da cidade, como o salão
Bicyclette e dos restaurantes do
Karícia, na esquina da rua
Troisgros ao Bar Rebouças.
Conde Afonso Celso: “Além
Plantas | Costumo comprar
do letreiro, adoro o décor do
plantas e mudas para a minha
estabelecimento”, destaca.
casa no Horto do JBRJ.
Além de morar, Mari, há
Drink | Há pouco tempo desco-
poucos meses, passou a tra-
bri o Jimmy, do Rubaiyat, que
balhar no bairro, como
mistura gin, maxixe, zimbro e
diretora da galeria Car-
água tônica (foto). O barman
pintaria, na Vila Por-
de lá é super-bom!
tugal, no Jockey Club.
Beleza | O salão Ema, da Tati, é uma graça, e os
Desde que assumiu o
serviços, ótimos.
cargo, promoveu ativi-
Fitness | O estúdio do Jun Igarashi (foto) tem um
dades paralelas à ex-
astral espetacular, um lugar de cura. Recomendo a
posição da artista plás-
sessão de acupuntura facial com a Amélia.
tica Beatriz Milhazes,
Supermercado | Gosto do Zona Sul, que tem o ta-
tais como oficina in-
manho ideal para comprinhas de última hora.
Classificados
Aulas de reforço de português e redação. Serviços de revisão e copidesque. Contato: carlapaesleme@gmail.com / 98117-3483.
6
DIVULGAÇÃO
CIDADANIA Ambulatório Praia do Pinto
Para quem está com dificuldade para manter ou contratar planos de saúde particulares, o Ambulatório Praia do Pinto pode ser uma boa solução e – o que é melhor – bem pertinho de casa. Com atendimento médico e convênios para exames laboratoriais e radiológicos a preços populares (a partir de R$ 20), o APP conta com 22 especialidades, incluindo novidades: endocrinologia, pneumologia, ortopedia e psiquiatria. A obra social foi fundada em 1954 e, desde então, já atendeu 140 mil famílias. O qua-
ECODICA Menos 1 Lixo
dro de sócios-doadores da instituição, que
O movimento Menos 1 Lixo começou no dia 1º
soma 100. Além de dinheiro para custear
de janeiro de 2015 como um desafio pessoal da
seu funcionamento, o APP aceita doações
moradora Fernanda Cortez de produzir menos
de remédios, roupas e produtos de higiene
lixo a partir de um simbólico copo retrátil. Desde
e está sempre aberto a parcerias a fim de
então, Fernanda passou a carregar seu copo na
garantir descontos para a realização de exa-
bolsa para qualquer lugar – até para uma bala-
mes e consultas a preços abaixo do merca-
da! Em um ano, ela conseguiu evitar, sozinha,
do. O ambulatório funciona de segunda a
o uso de 1.618 copos descartáveis e, acima de
sexta, das 8h às 11h30 e das 13h às 15h45.
tudo, provar que pequenas atitudes, quando
Rua Jardim Botânico, 187. Tel: 2527-7715
somadas, são capazes de mudar o mundo. Dois
www.ambpraiadopinto.webnode.com.
chegou a 700 associados, atualmente não
anos e meio e 20 mil copos retráteis depois, Fernanda estima que perto de 3 milhões de pessoas já tenham sido impactadas por sua campanha, por meio de palestras gratuitas e dicas práticas para o dia a dia disponíveis no site do movimento, cujo principal propósito é promover uma mudança de comportamento. O copo Menos 1 Lixo é vendido no ateliê da Carol Cronemberger, na rua Visconde de Carandaí, 28. Confira o que mais você pode fazer em http:// www.menos1lixo.com.br. 7
DIVULGAÇÃO/ JBRJ
CHRIS MARTINS
SOS JB
8
Era uma vez uma Cidade Maravilhosa. Depois das
cipal cartão postal. De acordo com Lídia Vales, diretora
festas da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o que
de Conhecimento, Ambiente e Tecnologia do JBRJ, o
sobrou foi a conta: uma cidade sem cuidado, que so-
maior problema é a dificuldade de vazão do rio dos
fre uma crise política e econômica sem precedentes.
Macacos, que, junto com a chuva, danificou o piso e
O descaso e a fraca atuação do novo prefeito – so-
uma ponte, derrubou 11 árvores e inúmeros galhos.
mados à falência do Estado do Rio e à situação do
- Na segunda-feira, dia 19 de junho, choveu ape-
país – agravaram o quadro e mancharam a imagem
nas na cabeceira do rio dos Macacos, mas o canal
da cidade, resvalando até no pacato bairro do Jardim
que desemboca na Lagoa estava com a comporta
Botânico. O resultado está nas ruas: falta de policia-
fechada e não deu vazão à quantidade de água.
mento, aumento da presença de vendedores ambu-
Com isso, a recém-inaugurada Região Amazônica do
lantes e de pessoas em situação de rua, desrepeito
JBRJ – por ser mais baixa e ter o lençol freático muito
às leis de zoneamento e do silêncio.
aflorado – foi inundada. A chuva forte do dia seguinte
A gota d’água, por assim dizer, para essa sensação
fez o rio transbordar novamente, e a água arrastou
de abandono da cidade foi a falta de alerta de uma
até uma canoa cenográfica por baixo da rua Jardim
possível enchente, em junho passado, que se concre-
Botânico, reaparecendo junto ao bicicletário da Gene-
tizou em apenas oito horas, com o volume de chuva
ral Garzon (detalhe foto acima) – descreve a diretora,
maior do que o esperado para o mês (foto acima).
lembrando que, ao todo, foram retirados do JBRJ 50
Além do enorme transtorno que muitas pessoas en-
caminhões com galhos, lixo e outros resíduos.
contraram na volta para casa, o Jardim Botânico foi
Os sinais de que a situação está crítica estão por
um dos bairros mais afetados, assim como seu prin-
toda a parte. As patrulhas da PM pararam de circular
FOTOS: CHRIS MARTINS
na região por falta de combustível. Algumas lojas, por medida de segurança, colam avisos de que não aceitam mais pagamentos em espécie e cheques, somente em cartões de crédito ou débito. No Parque Lage, placas bilíngues (foto ao lado) e funcionários avisam sobre o risco de roubo na trilha que leva até o Corcovado, onde, somente este ano, foram registrados mais de 40 assaltos, fazendo mais de 100 vítimas. Segundo o vigilante Edson Santos, o movimento mensal da trilha era de cerca de 4.000 visitantes; atualmente, o número não chega a 200: “Pegaram cinco elementos no mês passado, mas os assaltos continuam”, relata ele, que trabalha há 11 anos no parque. O pior é que os casos aumentaram muito também no asfalto, seja na movimentada rua Jardim Botânico, seja em suas tranquilas transversais. A sensação de inseguranca aumenta com a presença de camelôs e moradores de rua, que, apesar de não estarem diretamente relacionados ao problema, demonstram a falta de cuidado e atenção dos governos com a população. No início de julho, a moradora Ana Luiza Ford alertou as autoridades sobre a presença de pessoas morando – e sujando (foto acima) – o canal do Rio dos Macacos, na Lineu de Paula Machado, na altura da rua J.J. Seabra: “Tem barraca de praia, isopor, comida, roupa secando; enfim, uma favela está se formando embaixo 9
DIVULGAÇÃO
do asfalto por onde corre o rio”. Até o início de agos- à instalação de luminária em galho de árvore e ao esto, contudo, ela confirmou que a situação não havia tacionamento irregular para entrega de mercadorias. O mudado. À frente da VI Região Administrativa desde principal questionamento do grupo, contudo, é a próabril, Carlos Eduardo Albuquerque afirma que essa é pria concessão do alvará do restaurante, uma vez que a justamente sua principal preocupação:
maior parte da rua é Zona Residencial 2 (exceto os imó-
- O Jardim Botânico não foge do perfil dos demais veis localizados a até 30m de suas esquinas), ou seja bairro da região. Estamos atentos ao aumento da popu- de baixa ocupação, com edificações de dois ou três palação de rua e de ambulantes. A calçada em frente ao vimentos e um máximo de 12,5 metros de altura. A fim número 700 da rua Jardim Botânico é um ponto crítico. de confirmar a irregularidade, alguns moradores solicitaAcredito que, a partir de agosto, já será possível perce- ram – como teste – alvará para abertura de restaurante ber uma melhora na reorganização urbana – avalia ele, na rua, mas a prefeitura não concedeu, levantando susque, desde junho, conta com apoio da força integrada peita de uma possível concessão ilegal, que, em tempos de Macrofunção do Ordenamento e Gestão dos Espaço de lava-jato e afins, não seria nenhuma surpresa. Públicos (Mosep), dedicada especialmente à rotina de operações de acolhimento dessa população.
Inicialmente, os vizinhos do restaurante tentaram conversar com os proprietários do estabelecimento,
A segurança, porém, não é o único problema. O des- inclusive com a mediação da AMAJB. Como não forespeito às leis e ao próximo vem aumentando com a ram bem recebidos, organizaram um abaixo-assinasensação de impunidade reinante. Algumas carrocinhas do e um protesto, reunindo cerca de 50 pessoas na instaladas em frente ao 700 da rua Jardim Botänico rua, com direito a megafone, a fim de expressar a têm licença itinerante, mas o que se veem são insta- insatisfação com o Grado. O caso está longe de ser lações grandes, fixas e até com funcionários. A pacata resolvido, e o restaurante continua funcionando. rua Visconde de Carandaí está no foco de uma disputa
Estacionamento irregular é sempre motivo de
que envolve o novo restaurante Grado (foto acima) e aborrecimento. A região tem sofrido também com seus vizinhos. Os moradores já fizeram várias denúncias problemas provocados pela pizzaria Ella, recém-inau– nas redes sociais, in loco e perante a Justiça – quanto gurada na Pacheco Leão, que tem provocado congesao desrespeito à lei do silêncio, à alteração de fachada, tionamentos e barulho por seu serviço de valet per-
10
para a Polícia Militar. O serviço é gratuito e, quanto maior a participação dos moradores, melhor. Outra iniciativa da associação de moradores para tornar o Jardim Botânico um bairro mais seguro é a implantação de um sistema integrado de câmeras de segurança, ainda em estudo. A proposta é instalar 200 câmeras no bairro, a serem monitoradas 24h por dia por policiais do 23º Batalhão da PM e por um funcionário da empresa de monitoramento. - O sistema usará cabeamento de fibra ótica e câmeras IP de alta definição, que serão instaladas em postes e ligadas a um DVR e a um HD capazes CHRIS MARTINS
de gravar e armazenar as imagens. As câmeras de segurança particulares, instaladas em residências ou estabelecimentos comerciais, que tiverem as mesmitir estacionamento na porta do estabelecimento, mas especificações poderão ser integradas ao sistema – explica Heitor Wegmann, presidente da AMAJB, muitas vezes em fila dupla. que pretende incentivar a instalação do equipamen-
A participação dos moradores é fundamental
to também por moradores. De uma maneira geral, a união dos moradores
Cansados de esperar por providências oficiais, mora- tem conquistado mais vitórias do que derrotas. Redores estão se mobilizando para encontrar soluções centemente, vizinhos de um edifício tombado pelo para problemas cotidianos. A primeira delas foi a Iphan em rua preservada do bairro, precisaram entrar criação do grupo Alerta JB, parceria da AMAJB com na justiça contra um inquilino que tentou tomar posa PMERJ e a ONG Viver Bem, que utiliza o aplicativo se de uma área comum do prédio na marra. A dispuTelegram para troca de mensagens. O objetivo é es- ta durou três meses. Ao final, os condôminos consetabelecer um canal ágil de transmissão de alertas de guiram embargar a obra na prefeitura. São pequenas emergências (situações suspeitas e/ou flagrantes de conquistas diárias, mas que, como disse a jornalista crimes, contravenções penais e acidentes) com mo- e moradora do prédio Ângela Tostes, “enchem o conitoramento de mensagens 24h por dia direcionadas ração de alegria e de esperança”.
11
ENTREVISTA Sérgio Besserman Vianna
nenhum dos dois lados pode estabeler compromissos que fujam da determinação judicial. As reintegrações
Para um mateiro e observador de pássaros, não po- continuarão porque é lei, mas o processo é demorado. deria haver melhor lugar onde trabalhar do que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Essa é a opinião JBF: Quais são seus planos a curto e longo prazos do economista e ambientalista Sérgio Besserman na instituição?
mo para ele – que passou por instituições co-
CHRIS MARTINS
Vianna, que assumiu a presidência da instituição SBV: Estamos trabalhando com três metas fundamentais. A primeira é em maio de 2016. Mesenfrentar a crise sem perder a qualidade. Para
mo BNDES, IBGE e Insti-
isso, estamos buscando
tuto Pereira Passos –, os
ampliar parcerias públi-
desafios do atual cargo
co-privadas. Em segun-
são enormes, mas faz
do lugar, nosso objetivo
bem trabalhar num lu-
é conectar o conheci-
gar em que compartilha
mento do instituto de
com os demais funcio-
pesquisa à experiência
nários o “sentimento de
da visitação, passando,
missão”.
principalmente, pelo uso da tecnologia, com cria-
JB EM FOLHAS: Um ano
ção de aplicativos e QR
depois de sua posse, co-
codes para identificação
mo está a questão da retirada das casas ilegais da área do JBRJ?
de trilhas e canteiros temáticos e até utilização de drones, no futuro. Nossa
SÉRGIO BESSERMAN VIANNA: A questão fundiária terceira meta é juntar os esforços de pesquisa à coné muito complexa, não dá para ser resolvida de ma- servação e à restauração florestal. O Jardim Botânico neira simplória. Há soluções boas, com as quais todos do Rio de Janeiro é o maior e mais antigo instituto perdem um pouco, mas todos ficam com um sorriso. de pesquisa do país que tem a maior restauração Eu fui o primeiro presidente do Jardim Botânico a re- florestal do mundo a fazer. O arboreto é o sustentáceber uma comissão de moradores da região, mas culo fundamental da rede de pesquisa e ciência, e,
12
por isso, precisamos de espaço para estudar espécies conhecem que a medida visou à regulação da ativiem extinção, preservar a biodiversidade original e dade dentro do arboreto, evitando certos abusos que promover a restauração florestal.
vinham ocorrendo. Atualmente, estamos com 274 fotógrafos registrados, uma média de seis novos ca-
JBF: O aumento do ingresso para R$ 15 provocou re- dastros por semana. Só em julho, 113 profissionais ações negativas. Isso afetou a visitação?
vieram ao JBRJ para realizar trabalhos fotográficos.
SBV: O aumento era necessário e foi estabelecido consultando os preços da concorrência. O valor do in- JBF: A parte cultural do JBRJ foi bastante afetada com gresso do JBRJ continua bem abaixo de outros pontos o fechamento do Teatro Tom Jobim e do La Bicyclette. turísticos do Rio de Janeiro, como o Museu do Ama- Quando as atividades serão retomadas? nhã e o Pão de Açúcar. Inicialmente, a visitação caiu, SBV: A abertura do novo café acontecerá em bremas as causas são multifatoriais: crise, período de ve. A empresa que venceu a licitação para explorar chuvas e grande oferta de opções de lazer . No últi- o espaço está realizando obras de melhoria, a fim mo mês de julho, período de férias, o número de vi- de adequá-lo às exigências do edital, como a inssitantes aumentou, assim como nas demais atrações. talação de ar condicionado. Já o edital para o teatro será lançado em breve. O principal aspecto que será JBF: E o cadastramento dos fotógrafos profissionais es- levado em consideração na licitação é a garantia de tá funcionando? Quantos profissionais fizeram registro?
uma programação de qualidade, em sintonia com a
SBV: Sim, está em andamento. Os profissionais re- missão do JBRJ.
Flagrante Com a cidade e o país fervendo diante dos últimos acontecimentos
políticos,
tem morador usando a porta
CHRIS MARTINS
de casa para manifestar o seu ponto de vista sobre os (des)governos atuais.
13
JBF indica
tica, do violoncelista e maestro Jaques Morelenbaum. No espaço da antiga Miranda, a casa terá capacidade
Abrolhos no Museu do Meio Ambiente
para 350 pessoas e funcionará também como centro
FOTOS: DIVULGAÇÃO
gastronômico, sob comando do chef Pedro de Artagão, durante o dia e nas noites sem show. A agenda já tem atrações programadas até novembro, com nomes consagrados no cenário nacional, como Robertinho Silva, Marcos Suzano e Carlos Malta (31/8), Dori Caymmi (2/9) e Sérgio Mendes (9 e 10/9); além de atrações internacionais do quilate do saxofonista da banda de James Brown, Maceo Parker (7 e 8/9), e do compositor e pianista Chick Corea com a Steve Gadd Band (20/10). www.bluenoterio.com.br A exposição "Rede Abrolhos: monitorando o maior complexo coralíneo do Atlântico Sul”, com, é com-
Semente do JB
posta por 40 fotografias impressas, com imagens A jornalista e moradora do bairro Patrícia Terra acaba aéreas e submarinas, exemplares da fauna e da flora de lançar o DVD “Geração Semente”, sobre a renomarinha e equipamentos científicos utilizados pelos vação musical evidenciada no palco do bar da Lapa, cientistas para estudar a região, que tem a maior na virada do século XXI. O documentário – que será biodiversidade da costa brasileira. A curadoria é de
exibido no Ca-
Fernando Moraes, pesquisador associado do Jardim
nal Brasil dia 2
Botânico do Rio de Janeiro. A mostra tem entrada
de setembro –
gratuita e pode ser visitada às segundas-feiras, das
traça um painel
12h às 17h; e de terça a domingo, das 9h às 17h.
contemporâneo
Endereço: Rua Jardim Botânico, 1008.
do choro e do samba no local
Milton para crianças
que se tornou
O musical infantil “Bituca – Milton Nascimento para
referência
crianças”, inspirado na trajetória do músico, aborda
boa música no
temas importantes e delicados, como adoção e o
Rio de Janeiro e
respeito às diferenças raciais e sociais. O espetáculo
ajudou a divul-
inclui grandes sucessos do cantor e compositor - co-
gar artistas co-
de
mo “Coração de estudante” e “Maria, Maria” – e faz mo Yamandú Costa, Casuarina, Moyseis Marques, Peparte do projeto “Grandesmúsicos para pequenos”. O dro Miranda e Nicolas Krassik. O DVD está à venda na musical fica em cartaz no Teatro dos Quatro, no Sho- Livraria Travessa, na Cavídeo – na Cobal de Botafogo pping da Gávea, até 27 de agosto.
– e no próprio Bar Semente.
Blue Note aporta no Lagoon
Encontros na varanda
O jazz club novaiorquino Blue Note – que tem filiais Em julho, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage deu no Japão, na Itália e na China – será inaugurado em 30 início ao ciclo Varanda Sonora, que, a cada mês, prode agosto, no Lagoon, com o grupo Orquestra Atlân- moverá o encontro entre um músico e um DJ produtor.
14
O evento acontecerá sempre na última quarta-feira do
Fluxo de Bechara no MAM
mês, às 19h, na varanda da biblioteca da instituição, O artista plástico José Bechara, morador do Jardim Bocom entrada gratuita. As apresentações serão transmi- tânico, está com exposição nova no Museu de Arte tidas, gravadas e disponibilizadas no site exst.net/arte- Moderna do Rio (MAM). “Fluxo bruto” reúne seis obras sonora. Até o final do ano, passarão pelo projeto Fausto inéditas e outras quatro de colecionadores. A curadoria Fawcett, Ricardo Basbaum, BQVC e Antonio Antmaper, da mostra é de Beate Reifenscheid, diretora do Ludwig Museum de Koblenz, na Alemanha. A exposição ficará conhecido como Omulu, entre outros artistas. em cartaz até 5 de outubro, mas Bechara terá obras em
Circuito das Artes
exibição em Buenos Aires (em setembro), Pequim (em A 21ª edição do outubro) e Miami (em dezembro). Circuito das Artes do Jardim
Registros passageiros
Botânico acon- “Passageira” é o nome da exposição que a jornalista tecerá na se- e fotógrafa carioca Fabíola Gerbase apresenta até 15 gunda quinzena de dezembro na sede do curso de alemão Baukurs. A de agosto (dias mostra reúne imagens produzidas no Brasil e na Ale19, 20, 26 e manha, desde 2005, em diferentes meios de trans27). Criado pe- porte. A curadoria é de Guto Miranda, Simone Melo e las produtoras e artistas plásticas Gabriella Civitate e Cattia Capistrano para homenagear o 190º aniversário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o evento faz parte, FOTOS: DIVULGAÇÃO
há anos, do calendário cultural da cidade, atraindo para o bairro mais de 16 mil visitantes a cada edição. Além da participação de cerca de 80 artistas e artesãos, o circuito promoverá oficinas de aquarela, pintura zen e percussão, circuito gastronômico, Thea Miranda; e a entrada, gratuita. O público embarjam sessions e palestras de nutrição e alimenta- ca nessa viagem no metrô de Berlim, em trens no sul ção vegana. Confira a programação completa em da Alemanha, em ônibus do Rio ou nas ruas das cidades. O Baukurs fica na rua Goethe, 15, em Botafogo. www.circuitodasartes.com.br.
cada dia um cardápio diferente; comida com gostinho caseiro; sempre uma opção vegetariana; Rua Jardim Botânico 635, loja 101. TEL: 2259-3098 /nutreresto
15
ESTANTE
Crônicas do golpe | R$ 29,90 (Felipe Pena) Record Coletânea de textos (cartas, diálogos e artigos) escritos no período de abril de 2016 a maio de 2017 sobre como a trama para derrubar a presidente Dilma Rousseff foi arquitetada nos bastidores de Brasília.
Cafofo do remelexo | R$ 41,90 (Andrea Viviana Tabuman, Marcelo Pellegrino e Thiago Taubman Costa) - Zit Editora O livro reúne inúmeros personagens do folclore brasileiro em um grande baile. A proposta é levar o leitor a relembrar marcas e figuras da cultura popular.
Tô frito! – Uma coletânea dos mais saborosos desastres na cozinha | R$ 34,50 (Luciana Fróes e Renata Monti) Editora Rocco As jornalistas reuniram histórias contadas por 20 chefs renomados, em que eles relatam – em primeira pessoa e com humor – situações desastrosas por que passaram na profissão.
Mary Poppins – Edição comentada e ilustrada | R$ 54,90 (de Mary Shepard por P.L.Travers) – Zaha Editora Com tradução, apresentação e notas do escritor Joca Reiners Terron, o clássico inclui todas as ilustrações originais de Mary Shepard e um anexo de P.L. Travers sobre seu processo criativo.
FOTOS: DIVULGAÇÃO/ REPRODUÇÃO
A boca da noite | R$ 34,90 (Cristino Wapichana) Zit Editora A história mostra um pouco da realidade dos povos indígenas a partir das aventuras dos irmãos Dum e Kupai. Este ano, o autor – que pertence à tribo indígena Wapichana, de Roraima – ganhou os prêmios de Melhor Livro e Melhor Ilustração, oferecidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
16
O sol & a lua e os Rolling Stones | R$ 69,90 (Rich Cohen) Zahar Editora O autor relata momentos fascinantes do tempo em que acompanhou a banda numa turnê nos anos 1990. A biografia passa pela amizade e também pela difícil convivência.
Eu conheço um lugar Por Christina Martins
Quer fazer um programa diferente no bairro? Que tal visitar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro à noite? O passeio noturno é proFOTOS: CHRIS MARTINS
movido de março a outubro, uma vez por mês, e abre os olhos dos participantes para detalhes e características perceptíveis apenas de ver de perto – e até de tocar – sapos, morcedepois que o sol se põe. Participei do último pas- gos e outros pequenos bichos. seio de 2016 – inspirado no Dia das Bruxas e com
O passeio noturno começou em 2010 e tem
monitores fantasiados de zumbi –, que divertiu uma média de 40 visitantes por edição. Recocrianças e adultos. menda-se fazer reserva antecipadamente, vestir A experiência é fascinante, especialmente pa- calça comprida e sapato fechado, lembrando que ra quem gosta de bichos e natureza. Fomos re- não é permitido comer no arboreto. O passeio cebidos em uma sala da Associação dos Amigos custa R$ 25 por pessoa, inclusive crianças. A orgado Jardim Botânico pela equipe de biólogos do nização procura sempre conciliar os passeios com parque, que informa sobre a fauna noturna que a lua cheia, para ajudar na iluminação, mas isso nos espera e algumas regras básicas de convívio é um pequeno detalhe, que não afeta em nada a no arboreto. Em seguida, saímos em caminhada proposta bacana do passeio. pelas aleias, sempre acompanhado de monitores, Passeio Noturno JBRJ animados em contar histórias – dos animais e do Rua Jardim Botânico 1008 parque. Ao longo de duas horas, tivemos chance Ingresso: R$ 25 | Reservas: 2239-9742
17
Story”, em que viveu as gêmeas Júlia e Lorena – não permite que Nathalia se envolva tanto quanto gostaria em ações e atividades do bairro, como a organização da festa junina de sua rua. Mas isso não invalida pequenas iniciativas, como fazer compostagem de seu lixo com apoio do Ciclo Orgânico. Ela até tentou convencer o prédio todo a adotar o sistema, colou cartazes, falou com os vizinhos, são. Consumidora consciente, Nathalia separa seu lixo, compra produtos orgânicos, usa coletor menstrual de silicone para evitar os poluentes absorventes higiênicos e frequenta a Junta CHRIS MARTINS
NATHALIA DILL
mas não conseguiu ade-
Local, na Gávea ou no Humaitá. - Adoro tomar café da manhã no Empório Jar-
Ilustre Morador
dim, é quase meu quintal. Quando precisei fazer
Menina do Leblon, a atriz Nathalia Dill não hesitou obras na cozinha do meu apartamento, fazia praem escolher o Jardim Botânico para morar quando ticamente todas as refeições lá – destaca ela, que decidiu sair da casa dos pais, em 2010. Ainda que não segue uma dieta restritiva. Para a atriz, a rua do Empório tem ainda outros o bairro não influencie seu trabalho, ela admite que seu estilo de vida tem muito a ver com o JB, tanto atrativos, como o Benta Studio, o bar Gente Bem pelos vizinhos, como pela economia colaborativa lo- e as aulas de cerâmica de Joana Toledo. Adepta da cal, voltada para a sustentabilidade e a coletividade, produção local, ela usa as criações da grife Augustana, que prega uma moda justa, preocupada com que encontra na vizinhança. A agenda apertada quando está gravando uma formas sustentáveis de produção e consumo. Além novela – especialmente a mais recente “Rock de prestigiar os restaurantes do JB, Nathalia adora
18
quando food trucks invadem o Parque dos Patins: “É bem o estilo carioca de usar a rua. Mostra que a cidade está viva”, avalia. Como a maioria dos moradores, ela gostaria de mudar o trânsito da rua JB. Filha de engenheiro de transportes, ela idealiza soluções para o problema, passando sempre pelo transporte coletivo, com estação de metrô no Jardim Botânico e barquinhos cruzando a Lagoa. Enquanto essas soluções não estão disponíveis, Nathalia anda a pé ou de bici-
açaí sanduíches e pastas
medalhão hamburguão de mignon pratos variados água de coco
milkshakes sucos frescos
cleta sempre que possível. Ela confessa que ficaria mais à vontade se tivesse uma ciclovia no bairro e lamenta que os projetos iniciais tenham sido associados à Secretaria de Esporte e Lazer e não à de Transportes. - Muitas vezes, acabo circulando de bike na calçada para ir malhar no colégio Divina Providência, por exemplo. Mas vou bem devagarzinho, mentalizando “a preferência é do pedestre”, já que os motoristas de carro nuncam pensam que a preferência é do ciclista! – admite Nathalia, que é amiga de Isabel Pinheiro, uma das idealizadoras das famosas plaquinhas “Respeite um carro a menos”. Nathalia não se intimida com as distâncias e defende que é preciso usar a cidade da melhor maneira possível. Como nem sempre é possível ir pedalando para o trabalho, costuma ir dirigindo para o Projac: “Aproveito o tempo para ouvir música e
Menu executivo em promoção Rua Jardim Botânico, 605 peça por aqui também
pensar na vida. Quando tenho muito texto para decorar, prefiro ir de uber”, justifica. Atualmente de folga da TV, Nathalia está ensaiando a peça “Fulaninha e Dona Coisa”, com o diretor Daniel Herz. Ela lembra que foi com ele que começou a estudar teatro, em 2002, na Casa de Cultura Laura Alvim. De lá para cá, fez cinco peças, sete filmes e 13 séries e novelas na televisão. A estreia do espetáculo está prevista para o dia 1o de setembro, em Niterói. Nos planos a curto prazo da atriz, há ainda o desejo de retomar os estudos de direção teatral, iniciados na UFRJ, agora na Casa das Artes de Laranjeiras (Cal). 19