Animais no mundo espiritual

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Animais no Mundo Espiritual

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Bem inicialmente quero que o leitor saiba que sou cinófilo, para quem não sabe esta palavra indica amigo ou amante dos cães. Mas, também tenho e gosto de felinos, aqui em minha cidade cheguei a produzir um programa sobre cães e gatos, também criei por algum tempo Fila Brasileiro e agora vou reiniciar minha criação. Hoje tenho um vira-lata que encontrei na rua e trouxe para casa e um gato, filhote de cruz credo com cobra d’água, a cadela chamo de caturrita e o gato de zebedeu. Como toda pessoa que tem animais como companhia, eu também criei laços de amor com meus animais, e quando a doença se abateu em um deles e tive que fazer a eutanásia isto foi um golpe bem duro. Entretanto venho aqui apresentar meus estudos sobre esta questão que muitos espiritualistas insistem em inserir na doutrina espírita. Que existem animais no plano espiritual. Kardec era extremamente crítico quanto a tudo o que chegava a suas mãos. E estabelecendo as regras no “O Livro dos Médiuns”, com a metodologia da comunicação entre os vivos da Terra e os supostos mortos do Além. Tanto que até hoje nenhum tratado atual de Parapsicologia conseguiu superar o que Kardec descobriu e expôs nesse volume. Entretanto o que vemos nos dias atuais é um abandono de toda sua metodologia, a fim de se aceitar qualquer novidade, sem comprovação cientifica, como se o espiritismo tivesse que ser um "almanaque abril”, que precisa sempre de novidades e atualizações anuais para vender bem. O que afirma as obras básicas a respeito desta questão?

O LIVRO DOS MÉDIUNS, CAP. XXV, ITEM 283, PERG. 36 36. Podemos evocar o espírito de um animal? R – Depois da morte do animal, o princípio inteligente que havia nele, fica em estado latente; este princípio é imediatamente utilizado por certos espíritos encarregados deste cuidado para animar de novo seres nos quais continua a obra de sua elaboração. Assim, no mundo dos Espíritos, não há espíritos de animais errantes, mas somente Espíritos humanos. Isto responde à sua pergunta. 36ª. Como é então que algumas pessoas, tendo evocado animais, obtiveram resposta? R – Evoquem um rochedo e ele lhes responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a tomar a palavra para tudo. Como é possível observar, a resposta do Espírito é muito clara e afirmativa quando diz não haver espíritos de animais na erraticidade. Isso realmente muda tudo. Lemos em muitos livros espíritas, mesmo de autores consagrados, sobre a existência de animais na espiritualidade. André Luiz já publicou em suas obras sobre a presença de animais nas colônias espirituais, como pássaros, peixes, cães e outros animais… Afirmo, porém, que no momento fico com Kardec, até que alguém consiga trazer uma informação que confirme, por A mais B, baseado somente nas obras de Allan Kardec e ninguém mais, que existem animais na espiritualidade; uma informação que seja tão clara quanto essa que o espírito trouxe à Kardec sobre a não existência desses seres na erraticidade. 2

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OS ANIMAIS E O HOMEM: 597. Pois se os animais têm uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria? R – Sim, e que sobrevive ao a corpo. 597ª. Esse princípio é uma alma semelhante ao homem? R – É também uma alma, se o quiserdes; isto depende do sentido que se toma essa palavra (ver em o Livro dos Espíritos – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita – Alma, Princípio Vital e Fluido o Vital); mas é inferior à do homem. Há, entre a alma dos homens e dos animais, tanta distância, quanto entre a alma dos homens e Deus. 598. A alma dos animais conserva após a morte, sua individualidade e a consciência de si mesma? R – Sua individualidade, dade, sim, mas não a consciência de si mesma. A vida inteligente permanece em estado latente. Ora, se o estado de vida é latente, não há atividade; se não há atividade, não há espíritos errantes de animais perambulando no mundo espiritual. 599. A alma dos Animais pode escolher a espécie em que prefira encarnar? R – Não; ela não tem o livre-arbítrio. livre 600. A alma do animal, sobrevivendo ao corpo, fica num estado errante, como a do homem, após a morte? R – Fica numa espécie de erraticidade, pois não esta unida a um corpo, mas não é um espírito errante. O espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade. É a consciência de si mesmo que constitui o atributo principal do espírito. O Espírito do animal animal é classificado, após a morte, pelos espíritos incumbidos disso, e utilizado quase imediatamente: não dispõe de tempo para se pôr em relação com outras criaturas. Analise este trecho da Revista Espírita de Junho de 1860, onde Allan Kardec obtém uma dissertação sobre os animais, dada pelo Espírito Charlet. Nessa dissertação, Charlet traz grandes informações sobre o espírito dos animais e a vida dos animais entre os homens. Após a dissertação, Allan Kardec faz uma análise de cada tópico, e na análise do tópico III, nr. 11 fazem a seguinte pergunta ao espírito: SOBRE O PARÁGRAFO III 10. Dissestes que tudo se aperfeiçoa, e como prova de progresso no animal, dissestes que outrora ele era mais rebelde ao homem. O animal se aperfeiçoa isto é evidente; vidente; mas, sobre 3

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a Terra pelo menos, não se aperfeiçoa senão pelos cuidados do homem; abandonado a si mesmo ele retoma a sua natureza selvagem, mesmo o cão. RESPOSTA. E o homem, pelos cuidados de que ser se aperfeiçoa? Não é pelos cuidados de Deus? Tudo é escala na Natureza. 11. Falais de recompensas para os animais que sofrem maus tratos, e dizeis que é de toda justiça que haja compensação para eles. Pareceria segundo isso, que admitis no animal a consciência do seu eu depois da morte, com a lembrança de seu passado; isto é contrário ao que nos foi dito. Se as coisas se passam tal como dizeis, disso resultaria que, no mundo dos Espíritos haveria animais; então não haveria razão para que não houvesse Espíritos de ostras. Quereis, pois, dizer-nos se vedes ao vosso redor Espíritos de cães, de gatos, de cavalos ou de elefantes como vedes Espíritos humanos? RESPOSTA: As almas do animal tendem perfeitamente razão, não se conhece na morte do corpo; é um conjunto confuso de germes que podem passar no corpo de tal ou tal animal, segundo o desenvolvimento que adquiriu; ela não é individualizada. Dir-vos-ei, entretanto, que em certos animais, em muitos mesmo, há individualidade.

Mais uma vez, meus amigos, novas e claras afirmações de que não há espíritos de animais na erraticidade. De que esses seres, esses irmãos menores do desenvolvimento, não se relacionam após sua morte do corpo físico, por entrarem em estado latente. Notem algumas afirmações de Kardec, neste trecho na Revista Espírita: “Se as coisas se passassem como dizeis, resultaria que no mundo espiritual haveria espíritos de animais” O termo “se as coisas se passassem”, prova uma afirmação contrária, ou seja, afirma que não se passa dessa forma, mas se outra. “Assim, não haveria razão para que não existirem o das ostras” Note a intensidade dessa frase! Ela nos faz pensar da seguinte forma: Se existisse animais como cães, gatos, cavalos etc. no mundo espiritual, também deveria haver pernilongos, ostras, mariscos, moscas, pois todos são formas de vida do reino animal que mantém seu principio após a morte. E também a afirmação do espírito, ao dizer: “A alma dos animais – tendes perfeitamente razão – não se reconhece após a morte do corpo” 12. Essa teoria, de resto, não justifica de nenhum modo os maus tratos dos animais; o homem é sempre culpado por fazer sofrer um ser sensível qualquer, e a doutrina nos diz que, por isso, será punido, mas daí, a colocar o animal numa condição superior à dele há uma grande distância; que pensais disso? R. Sim, mas estabeleceis sempre, todavia, uma escala entre os animais; pensai que há mundos entre certas raças. O homem é tanto mais culpado quanto seja mais poderoso. Bem poderíamos seguir a mesma linha de pensamento fantasioso dos espiritualistas e perguntar; existem pulgas, ratazanas, escorpião, lacraias, baiacu e o que dizer de moscas, abelhas, cobras, carrapatos, morcegos e tudo mais? O neste plano espiritual dos sectários do maravilhoso só os coelhinhos peludos, zebrinhas listradas e gatinhos brincalhões podem existir?

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Agora peço especial atenção nesta nota geral, que é muito importante, poderíamos afirmar que é um verdadeiro antídoto contra a miscelânea mística que tenta entrar pela janela do espiritismo, que são os livros que são jogados mensalmente nas prateleiras sem nem um compromisso com os princípios doutrinários espíritas. E como o leitor procura leituras rápidas, fáceis e de preferência que venha de encontro as suas opiniões, acabam formulando uma idéia pessoal da Doutrina, um estereótipo mental a que se apegam. A maioria se esquece desta coisa importante: o Espiritismo é uma doutrina que existe nos livros e precisa ser estudada. Nota geral. Um ensinamento importante, do ponto de vista da ciência espírita, ressalta dessas comunicações. A primeira coisa que toca, em as lendo, é uma misturado idéias justas, profundas, e trazendo a marca do observador, ao lado de outras evidentemente falsas, e fundadas sobre a imaginação mais que sobre a realidade. Charlet era, sem contradita, um homem acima do vulgo, mas, como Espírito, não é mais universal do que o era quando vivo, e pode se enganar porque, não sendo ainda bastante elevado, não encara as coisas senão sob o seu ponto de vista; não há, de resto, senão os Espíritos chegados ao último grau de perfeição que estão isentos de erros; os outros, por alguns dons que tenham, não sabem tudo e podem se enganar; mas, então, quando são verdadeiramente bons, fazem-no de boa fé e nisso convém francamente, ao passo que há os que o fazem conscientemente e se obstinam nas idéias mais absurdas. Por isso, é necessário guardar-se de aceitar o que vem do mundo invisível sem tê-lo submetido ao controle da lógica; os bons Espíritos o recomendam sem cessar, e não se melindram nunca com a crítica, porque de duas coisas uma, ou estão seguros do que dizem, e então não temem, ou não estão seguros e, se têm a consciência de sua insuficiência, procuram, eles mesmos, a verdade; ora, se os homens podem se instruir com os Espíritos, certos Espíritos também podem se instruir com os homens. Os outros, ao contrário, querem dominar, esperando que aceitem as suas utopias com o favor de seu título de Espíritos; então, seja presunção de sua parte, seja má intenção, não sofrem a contradição; querem ser acreditados sob palavra, porque sabem bem que eles não podem senão perder ao exame; se desagradam com a menor dúvida sobre a sua infalibilidade, e ameaçam soberbamente de vos abandonar como indignos de ouvi-los; também não gostam senão daqueles que se põem de joelhos diante deles. Não há homens assim feitos, e deve-se espantar de encontrá-los com os seus defeitos no mundo dos Espíritos? Entre os homens, tal caráter é sempre, aos olhos de pessoas sensatas, um indício de orgulho, de vã suficiência, de tola vaidade, e partindo da pequenez nas idéias e de um falso julgamento; o que é um sinal de inferioridade moral entre eles não poderia ser um sinal de superioridade nos Espíritos. Charlet, como se acaba de ver, se presta de bom grado à controvérsia; escuta e admite as objeções, e responde-as com benevolência; desenvolve o que estava obscuro e reconhece lealmente o que não está exato; em uma palavra, não quer se fizer passar por mais sábio do que é, e, nisto, prova mais elevação que se obstinasse nas idéias falsas, a exemplo de certos 5

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Espíritos que se escandalizam tão-só com o anúncio de que as suas comunicações parecem suscetíveis de comentários. O que é ainda próprio desses Espíritos orgulhosos é a espécie de fascinação que exercem sobre seus médiuns, com a ajuda da qual, algumas vezes, chegam a fazê-los partilhar os mesmos sentimentos. Dissemos de propósito seus médiuns porque eles se apoderam deles e querem ter, neles, os instrumentos que agem de olhos fechados; não se acomodariam de nenhum modo com um médium escruta dor ou que visse muito claro; não é assim ainda entre os homens? Quando o encontraram, temem que se lhes escape, inspiram-lhe o afastamento de quem poderia esclarecê-lo; isolam-no de alguma sorte, a fim de que gozem de inteira liberdade, ou não o aproximam senão daqueles dos quais nada têm a temer; e, para melhor captar a sua confiança, se fazem bons apóstolos usurpando os nomes de Espíritos venerados, dos quais procuram imitar a linguagem; mas age inutilmente, a ignorância nunca poderá arremedar o verdadeiro saber, nem uma natureza má a verdadeira virtude; sempre o orgulho surgirá sob o manto de uma fingida humildade, e é porque temem ser desmascarados que evitam a discussão e dela desviam os seus médiuns. Não há pessoa, julgando friamente e sem prevenção, que não reconheça como má tal influência, porque cai sob o mais vulgar bom senso que um Espírito, verdadeiramente bom e esclarecido, não procuraria nunca exercê-la. Pode-se, pois, dizer que todo médium que lhes cede está sob o império de uma obsessão, da qual deve procurar se desembaraçar o mais cedo. O que se quer, antes de tudo, não é quando mesmo comunicações, mas comunicações boas e verdadeiras; ora, para ter boas comunicações são necessários bons Espíritos, e para ter bons Espíritos é necessário ter médiuns livres de toda má influência. A natureza dos Espíritos que assistem habitualmente um médium é, pois, uma das primeiras coisas a considerar; para conhecê-la, exatamente, há um critério infalível, e isso não está nem nos sinais materiais nem nas fórmulas de evocação ou de conjuração que são encontradas; esse critério está nos sentimentos que o Espírito inspira ao médium; pela maneira de agir deste último, pode-se julgar da natureza dos Espíritos que o dirigem e, por conseguinte, do grau de confiança que as suas comunicações merecem. Isto não é uma opinião pessoal, um sistema, mas um princípio deduzido da mais rigorosa lógica se admite estas premissas que um mau pensamento não pode ser sugerido por um bom Espírito. Tanto que não se prove que um bom Espírito pode inspirar o mal, diremos que todo ato que se afaste da benevolência, da caridade e da humildade, onde penetre o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho ferido ou a simples acrimônia, não pode ser inspirado senão por um mau Espírito, então mesmo que este pregasse hipocritamente as mais belas máximas, porque, se fora verdadeiramente bom, prová-lo-ia pondo seus atos em harmonia com as suas palavras. A prática do Espiritismo está cercada de tantas dificuldades, os Espíritos enganadores são tão velhacos, astuciosos, e ao mesmo tempo tão numerosos, que não se saberia cercar-se de muitas precauções para frustrá-los; importa, pois, procurar com o maior cuidado todos os indícios pelos quais podem se trair; ora, esses indícios estão, ao mesmo tempo, em sua linguagem e nos atos que solicitam. Tendo submetido estas reflexões ao Espírito de Charlet, eis o que nos disse: "Não posso senão aprovar o que acabais de dizer, e convidar todos aqueles que se ocupam do Espiritismo para seguirem tão sábios conselhos, evidentemente ditados pelos bons Espíritos, mas que não estão de todo, podeis bem crê-lo, ao gosto dos maus, porque eles sabem muito bem que é o meio mais eficaz de combater a sua influência: também fazem tudo o que podem para 6

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desviarem aqueles que querem colocar em suas fileiras." Charlet disse que se deixa ir ao prazer novo, para ele, de escrever belas frases, mesmo às expensas da verdade. Que teria advindo se tivéssemos publicado o seu trabalho sem comentários? Acusou-se o Espiritismo de acreditar em idéias ridículas, e nós mesmos de não sabermos distinguir o verdadeiro do falso. Muitos Espíritos estão no mesmo caso; procuram uma satisfação do amor-próprio ao darem a luz, por intermédio de médiuns, não podendo fazê-lo por si mesmos, obras literárias, científicas, filosóficas ou dogmáticas de grande fôlego; mas quando esses Espíritos não têm senão um falso saber escreve coisas absurdas tão bem como o fariam os homens. É sobretudo nessas obras continuadas que se pode julgamos, porque a sua ignorância toma-os incapazes de sustentar seu papel por muito tempo, e que eles mesmos revelam a sua insuficiência ferindo, a cada passo, a lógica e a razão. Através de uma multidão de idéias falsas, às vezes, se encontram muitas boas, sobre as quais contam para fazerem passar as outras. Só esta incoerência prova a sua incapacidade; são pedreiros que sabem bem alinhar as pedras de um edifício, mas que seriam incapazes de levantar um palácio. Algumas vezes, é uma coisa curiosa de ver o dédalo inextricável de combinação e de raciocínio no qual se empenham, e do qual não podem sair senão à força de sofisma e de utopias. Vimos os que, à custa de expedientes, deixaram aí seu trabalho: mas outros não se dão por vencidos e querem impeli-lo até o objetivo, de fazer rir às custas daqueles que os tomam a sério. Estas reflexões nos são sugeridas como princípio geral, e estar-se-ia errado não vendo nelas uma aplicação qualquer. Entre os numerosos escritos que foram publicados sobre o Espiritismo os há, sem dúvida, os que poderiam dar lugar à crítica fundada; mas nos guardamos de colocar tudo na mesma linha; indicamos um meio de apreciá-los, cabe a cada um fazê-lo como entenda. Se ainda não empreendemos deles fazer um exame na nossa Revista foi pelo temor de que não se menospreze sobre o motivo da crítica que poderíamos fazer; preferimos, pois, esperar que o Espiritismo fosse melhor conhecido e, sobretudo, melhor compreendido; então a nossa opinião, apoiando-se sobre uma base geralmente admitida, não poderia ser suspeita de parcialidade. O que esperamos se produza cada dia, porque vemos que, em muitas circunstâncias, o julgamento da opinião precede o nosso; também nos aplaudimos pela nossa reserva. Empreenderemos este exame quando crermos o momento oportuno; mas já se pode ver qual será a nossa base de apreciação: esta base é lógica, da qual cada um pode fazer uso por si mesmo, porque não temos a tola pretensão de possuí-la por privilégio. A lógica, com efeito, é o grande critério de toda comunicação espírita, como o é de todos os trabalhos humanos. Sabemos bem que aquele que raciocina em falso crê ser lógico; o é à sua maneira, mas não o é senão para ele, e não para os outros; quando uma lógica é rigorosa como a de dois e dois são quatro, é que as conseqüências são deduzidas de axiomas evidentes, o bom senso geral, cedo ou tarde, faz justiça a todos esses sofismas. Cremos que as proposições seguintes têm esse caráter: 1º Os bons Espíritos não podem ensinar e inspirar senão o bem; portanto, tudo o que não é rigorosamente bem não pode vir de um bom Espírito;

2º Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem ensinar coisas absurdas; portanto, toda comunicação manchada por erros manifestos, ou contrários aos 7

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dados mais vulgares da ciência e da observação atesta, só por isso, a inferioridade de sua origem;

3º A superioridade de um escrito qualquer está na justeza e na profundidade das idéias, e não na inchação e na redundância do estilo; portanto, toda comunicação espírita onde haja mais de palavras e de frases brilhantes que de pensamentos sólidos, não pode vir de um Espírito verdadeiramente superior;

4° A ignorância não pode contradizer o verdadeiro saber, nem o mal contrafazer o bem de maneira absoluta; portanto, todo Espírito que, sob um nome venerado, diz coisas incompatíveis com o título que se dá, está convicto de fraude;

5º É da essência de um Espírito elevado se ligar mais ao pensamento que à forma e à matéria, de onde se segue que a elevação do Espírito está em razão da elevação das idéias; portanto, todo Espírito meticuloso nos detalhes da forma, que prescreve puerilidades, em uma palavra, que liga importância aos sinais e às coisas materiais, acusa, por isso mesmo, uma pequenez de idéias, e não pode ser verdadeiramente superior;

6º Um Espírito verdadeiramente superior não pode se contradizer; portanto, se duas comunicações contraditórias são dadas, sob o mesmo nome respeitável, uma das duas é necessariamente apócrifa; se uma é verdadeira, esta não pode ser senão aquela que não desmente em nada a superioridade do Espírito cujo nome foi posto em frente. A conseqüência a se tirar destes princípios é que fora das questões morais não é necessário acolher senão com reserva o que vem dos Espíritos, e que, em todos os casos, nunca é necessário aceitá-lo sem exame. Daí decorre a necessidade de pôr a maior circunspeção na publicação dos escritos emanados dessa fonte, quando, sobretudo pela estranheza das doutrinas que contêm, ou a incoerência das idéias, podem se prestar ao ridículo. É preciso desconfiar da tendência de certos Espíritos para as idéias sistemáticas, e do amorpróprio que colocam e propagam-nas; é, pois, sobretudo nas teorias científicas que é necessário colocar uma extrema prudência, e se guardar de dar precipitadamente como verdades sistemas freqüentemente mais sedutores que reais, e que, cedo ou tarde, podem receber um desmentido oficial. Que sejam apresentados como probabilidades, se são lógicos, e como podendo servir de base a observações ulteriores, seja; mas haveria imprudência em dá-los, prematuramente, como artigos de fé. Um provérbio diz: Nada é mais perigoso do que um imprudente amigo. Ora, é o caso daqueles que, no Espiritismo, se deixam levar por um zelo mais ardente que refletido. Cap. 27 – CONTRADIÇÕES E MISTIFICAÇÕES O Livro dos Médiuns 1. As mistificações são um dos escolhos mais desagradáveis da prática espírita. Haverá um meio de evitá-las? — Parece-me que podeis encontrar a resposta revendo o que já vos foi ensinado. Sim é claro, há para isso um meio muito simples, que é o de não pedir ao Espiritismo nada mais do que eles podem e devem dar-vos: seu objetivo é o aperfeiçoamento moral da Humanidade. Desde que não vos afasteis disso, jamais serei mistificado, pois não há duas maneiras de se 8

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compreender a verdade moral, mas somente aquela que todo homem de bom senso pode admitir.

Observação de Kardec:

Jamais se deixar ofuscar pelos nomes usados pelos Espíritos para darem validade ás suas palavras. Desconfiar das teorias e sistemas científicos ousados. Enfim, desconfiar de tudo o que se afaste do objetivo moral das manifestações. Poderíamos escrever um volume dos mais curiosos com as estórias de todas as mistificações que têm chegado ao nosso conhecimento.

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