Circo

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faz bem à saúde! Com formas que encantam, o circo chega para mostrar que suas atividades podem, sim, ser praticadas por todas as idades por JÉSSIE PANEGASSI

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ovimentos com ritmo, leveza, força, flexibilidade, exatidão, equilíbrio e concentração. As diversas modalidades circenses deslumbram crianças, adolescentes, adultos e idosos desde os tempos remotos. Há indícios de que esse tipo de apresentação já existia cem anos antes de Cristo e, mesmo assim, nunca perdeu a sua beleza. Contudo, hoje em dia, sabe-se que não apenas alguns poucos podem realizar essas atividades, e que se ela for feita de modo correto, seus benefícios serão tantos quanto as diversas modalidades que a arte circense pode oferecer. “O circo deve ser encarado como um exercício regular, que traz benefícios específicos para o corpo de acordo com os tipos trabalhados. Mas é necessário criar um condicionamento físico para realizar

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os treinamentos de forma eficiente”, orienta Samir Salim Daher, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). Segundo ele, uma pessoa sedentária que inicia a prática, depois de três meses de exercícios regulares vai começar a notar os benefícios. Porém, da mesma forma, se não forem realizados regularmente, não haverá melhora alguma. Dentre os progressos destacam-se “coordenação, resistência muscular localizada, equilíbrio e noção de espaço. Além da vantagem de sair de uma aula convencional de academia, sem atividades maçantes de repetição, e em uma hora perder de 400 kcal a 600 kcal, em média”, conta Marcos Ayran, preparador físico e coordenador de fitness da rede de Academias K2 (SP).

Para todos os públicos

“Sempre gostei de exercícios que não fossem repetitivos, tenho facilidade e já pratico o circo há sete anos. Ele vicia! Não sou magra, mas meu corpo mudou, sou mais forte, tenho maior resistência e flexibilidade”, relata Ana Paula Cury, 44 anos, que faz aulas de acrobacias aéreas e de palhaço. Já Junior Peixoto, de 19 anos, descobriu a paixão pelas acrobacias há um ano, quando saiu de Fortaleza (CE) e foi a um evento de atividades artísticas em São Paulo. Depois disso, começou a treinar e diz que sentiu maior resistência. “Não gosto de academia. Aqui, trabalho a força com o meu corpo, gostei bastante”, conta. Outra amante da arte é Marisa Silveira, 48 anos, que pratica trapézio, tecidos e lira. “Fiz academia a vida toda, mas chegou um momento em que eu não aguentava mais, enjoei. Então, há cinco anos parti para o circo – que é muito divertido. Fiquei mais forte e alongada”, comenta. Com relação à idade dos praticantes, “não há restrição, desde que a pessoa se sinta bem com o que vai fazer. Além disso, quando qualquer indivíduo se condiciona, dando tempo para o organismo se adaptar a essa ginástica de forma progressiva, ele está se exercitando de forma segura. Caso contrário, estará mais suscetível a um erro de treino e a uma lesão”, alerta Daher. WWW.REVISTAVIVASAUDE.COM.BR

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APRENDA COM QUEM SABE DAS COISAS Tire proveito das recomendações dos especialistas: Ao começar, tenha perseverança, força de vontade e dedicação. Nunca deixe de fazer exercícios de aquecimento. O alongamento deve ser realizado antes e depois das atividades e de forma completa. Não se acanhe de pedir informações. Conheça os equipamentos que serão utilizados para, então, se aventurar em alguma atividade. Pesquise sobre o que irá aprender. Saber mais histórias sobre a modalidade dá inspiração e pode trazer dicas de como realizá-la. Proponha-se a enfrentar o desafio de superar seus medos. Isso implicará diretamente nos movimentos e nas demais áreas da vida. Uma vez que iniciar os exercícios, deve praticá-los regularmente.

Trapézio aos 80

Prova disso é o mágico Nicholas Jean Condoyannis, mais conhecido como King, de 80 anos, que também utiliza o trapézio. “Entrei no circo em 1972 e, em minha opinião, para fazer as atividades circenses, dependendo da modalidade, não deveria ter limite de idade para começar”, afirma o “especialista”. Um exemplo dessas atividades seriam as dos palhaços e mágicos. Já com relação aos seus truques, ele explica: “A prática da magia se compõe pelo conjunto de habilidades manuais (agilidade nas mãos e nos dedos) e números mecânicos. Para ser um bom mágico é preciso ter elegância e vontade de ser”. Após todas essas declarações, atenção respeitável público, senhoras e senhores, meninos e meninas: a revista VivaSaúde mostrará algumas das muitas modalidades do circo que só vão fazer bem para a sua mente e seu corpo! Conversamos com Rejane Vargas, artista circense e coordenadora da Academia Brasileira de Circo (Circo dos Sonhos – SP) e também com o professor Juliano Robattini, que nasceu de mãe trapezista e pai malabarista, e hoje é vice-presidente da Associação Brasileira de Circo (Abracirco).

Quem começa a prática, depois de três meses de exercícios regulares já pode notar os benefícios

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Circo faz bem à saúde

Escolha a atividade certa para você! Malabares com mãos e pés Usando de bolinhas, claves, aros, pratos, panos e tantos outros objetos, essa modalidade exige concentração, exatidão, destreza e habilidade de manipulação de objetos. Pode ser realizada com as mãos ou com os pés e não é restringida a nenhum interessado. Apesar de ser mais tranquila, é necessário ter paciência na hora de aprender. Assim como muitas das técnicas circenses, ela pode ser usada como base ou incorporada a outras modalidades, gerando um maior grau de dificuldade.

Acrobacias de solo São utilizadas como base para a maioria das atividades circenses. Consiste em aprender técnicas de movimentos de ginástica no solo que podem ser requeridos nas demais modalidades. Com a prática, desenvolvem-se condicionamento físico, força e concentração, além de trabalhar os grandes grupos musculares. Conforme adaptação e orientação dos professores, pessoas de ambos os sexos e qualquer idade podem participar dentro dos seus limites.

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ARTE QUE DÁ FORÇAS PARA A VIDA Um dos integrantes do cenário artístico, teatral e do circo é o palhaço. Esse homem ou mulher de rosto branco, nariz vermelho e acessórios chamativos tem a missão de trazer a alegria por meio do riso. Mas em momentos difíceis, o seu papel pode ser ainda mais significativo, como em um hospital, apesar de serem necessários maiores cuidados do que em um circo. “Quando se vai a um ambiente hospitalar é preciso atentar ainda mais com coisas básicas, como a maquiagem. Se ela for muito exagerada, pode assustar as crianças”, conta Thais Ferrara, coordenadora de formação da Organização Doutores da Alegria. Esses artistas passam por treinamentos específicos para ajudar, por meio do bom humor, as crianças debilitadas, e são mais um exemplo do emprego da atividade artística e circense em benefício da saúde.

Trapézio e Lira

Monociclo, para concentrar

O trapézio é um aparelho fixado

Essa parte do número com bicicletas trabalha concentração,

no teto, como um balanço,

força nos membros inferiores e equilíbrio. Durante o treinamento

onde a pessoa se pendura e

ocorrerão quedas, mas não oferecem riscos. Crianças, jovens e

realiza posições diferentes. Pode

adultos podem participar, mas é preciso ficar atento aos que

ser individual, em duplas ou

apresentam algum problema de joelho. Pode ser incorporado a

grupos. A lira é presa da mesma

outras modalidades, aumentando-se o grau de dificuldade.

forma e tem formato de arco. O acrobata realiza os movimentos e paradas onde é sustentado pelas próprias pernas, braços, pés, mãos e até pelo pescoço. É necessário não ter medo de

Toda a flexibilidade da Contorção

altura, ou que, pelo menos,

Requer treino e alongamento, pois o corpo é o “show principal”.

queira superar essa fobia.

Se iniciada quando criança, os resultados serão mais rápidos e

Trabalha destreza, força nos

expressivos, mas pode ser praticado em qualquer idade. Pessoas com

membros inferiores e superiores,

antigas lesões devem tomar um maior cuidado, mas, a não ser por

resistência e postura corporal.

restrição médica, podem participar. Há melhora da flexibilidade de forma completa, além do autoconhecimento corporal e da postura.

Brincando com Tecidos É um aparelho aéreo, no qual se trabalha simultaneamente músculos de todo o corpo, principalmente os superiores e das costas. A pessoa se enrola nos dois pedaços de pano de tal forma que realize movimentos de alongamento e quedas em diversas posições. Com a prática, FOTOS: SHUTTERSTOCK

há melhora da flexibilidade, resistência, força e agilidade. Homens e mulheres de qualquer idade podem realizar. Apenas com as crianças é preciso ter mais cuidado, por causa da sua segurança. Pessoas com labirintite podem não se sentir muito bem com esse exercício.

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