EDITORIAL
na
grito multidão
EDITORIAL EDITORIAL
Um
O quanto você conhece a sua cidade? O quanto das pessoas dessa cidade você conhece? O que essas pessoas estão fazendo, onde, como e porque são as perguntas fundamentais que nos propomos a responder.
Atrás de entender as expressões artísticas atuais da nossa sociedade, a Brado se coloca como um caminho de ligação entre esses novos produtores e os consumidores, afim de gerar um meio de evidenciar e trocar experiências e conhecimentos que ficam restritos a determinados grupos e locais. Vamos conversar com aqueles e aquelas que estão de fato trabalhando e produzindo, quebrando regras e revendo conceitos que se entendiam como imutáveis e sagrados. A primeira edição tem como tema “Expressão de Identidade” e vai mostrar como essas pessoas estão exercendo, seja de forma visual, musical ou até mesmo na vestimenta, o que acreditam refletir de melhor forma suas opiniões e pensamentos, e com isso em mente, a Brado espera não apenas se tornar um editorial informativo, mas também um registro atual da cena cultural carioca de uma forma interessante e diferente do que se pode encontrar atualmente, seja nos meios de divulgação clássicos (impressos) ou até mesmo na internet, gerando um valo de pertencimento e, por consequência, uma valorização do meio artístico, o qual se manterá em contato constante a cada edição mensal.
SE LIGA!!! Vc acabou de abrir uma zine BRADDOCK com pensamentos esquisitos que vão te levar para lugares estranhos!!! Nossas opiniões são BASEadas em ideias exóticas que sempre vão trazer um mapa perverso de insanidades culturais, eventos tóxicos e artistas mal humorados, é isso q vc vai encontrar nessa bagaça!!!
02 Editorial 04 Registro 10 Maquiagem Urbana 12 PEGADA FASHION 18 Podreções 20 VIBE 28 Nóix Indica 22 GALERIA
roergtissitgre or REGISTRO
do reamor, e eles e, do da art ara eles qu p ínculo “É o v eu mostrei , speito
Ao lado Juliana, Natasha e Andrew, os criadores do RMA no lançamento da primeira coleção.
ta, e vai fazer aquilo que o mundo gosta. Por exemplo, tem um encaixe, aquela coisa do vestibular. Eu sou da geração que tinha uma pegada dos anos 50, 60, 70. Eu nasci nos anos 60. Era uma coisa de revolução. Você tem que prestar atenção em tudo, no que está em volta, observar até a chuva que está caindo. Frequentava o Jardim Botânico desde muito pequeno. Brincava com meus irmãos de cortar papel, dobrar papel, desenhar. De desenhar nas paredes. risos.
QUAL SUA MOTIVAÇÃO? Vai fazer aquilo que você gos-
PRIMEIRA LEMBRANÇA DO PORQUÊ: Referência do mundo que estava em volta, olhava pela janela. O olho que tudo vê. Observar, observar, observar. Minha mãe, meu pai. Quando eu nasci minha mãe era muito moleca e ela ficava na função comigo. Acho que foi ela a responsável por me encher de papel. Talvez por eu encher muito o saco. E por ser o irmão mais velho… Como vou distrair essas crianças? (3 irmãos) Papel, papel, papel, papel.
nhei, tenho registros de 2 anos de idade desenhando.
O QUE VOCÊ CONSIDERA SEU PRIMEIRO CONTATO COM A ARTE? Moleque, sempre moleque. Sempre dese-
REGISTRO
Rubens Shimer, 53 anos
“Eu sempre me vi na função de passador de alguma situação. O que observa, o que repete.”
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REGISTRO COMO ERA SUA RELAÇÃO NA ESCOLA? Normal, era aquele alu-
no que enchia o saco, que matava aula. Achava muito mais interessante ir a praia do que a aula. A escola é sempre muito chata. Se você não tem um professor que capta o teu feeling, para você prestar atenção nele, com algo muito inovador, você acha todo mundo muito chato. Aquela coisa, cacete, repetitiva. Eu apostei em fazer a diferença, por isso eu acho que trilhei o caminho da educação.
QUAL FOI A SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA? Belas Artes no fun-
dão. Fiz por não passar pra faculdade de veterinária. Ai eu pensei, eu tinha filho, era outra situação, não vou fazer essa coisa careta. Vivi com o pessoal do teatro, ali da CAL, e cenografia. Sempre tudo ligado ao contato do olhar.
POR NASCER NA REPRESSÃO MILITAR, O QUE VOCÊ LEMBRA NAQUELA ÉPOCA? Eu era muito
pequeno, mas lembro das coisas chegarem muito pouco a mim. Eu acho que eu era muito moleque, muito economizado dessa cena. O que eu lembro, não sei se é um registro de televisão, de jornal, mas lembro da família falando que não tinha as coisas, que tinha que ir pra fila, eu não vivia isso. Morava em Botafogo, brincava na rua. E que tenho memoria absolutamente fotográfica dessa rua. E as vezes me pego passando nela o que me faz muito feliz. Há um ditado em que se diz que você não deve revistar
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o lugar em que foi feliz. Eu quebro essa regra, por que essa felicidade alimenta o meu hoje. Que eu sou fruto daquilo também.
CONTE-ME UM POUCO DO SEU INICIO COM A EDUCAÇÃO. Eu não tinha uma porta de entra-
da. E uma vez eu fui chamado pra fazer um projeto, na Escola Parque. Que foi o grande barato. Uma amiga trabalhava na Escola Parque, e ela estava trabalhando com Nostradamus, que era o cara das profecias, e Galileu. E ela me chamou para fazer uma brincadeira de arte, na escola, com as crianças. E eu optei por uma coisa muito desbravadora, a sucata, que na época – 1985 – ninguém fazia isso. Não…Lixo já era uma coisa que me preocupava. Porra bicho, tem lixo demais! Porque naquela época, que nem é longe demais, tudo já era repetido. E nessa repetição, tem que brotar um olhar que se modifica, porque senão você vai cair no mesmo ciclo, e repete. E cade você? Você é só uma engrenagem quebrada. E depois dessa situação, eu fui chamado consequentemente para trabalhar na escola. A diretora pirou e gostou muito do mundo que a gente criou.
E ESSE MUNDO NOVO?
Saia do normal. Primeira vez que me vi com crianças, crianças diferentes. De outras escolas, de outros lugares. E eu tinha ali uma liberdade. E era uma coisa que eu acreditava. Eu tinha liberdade em mim, então eu só precisava de um outro lugar onde que eu pu-
“Eu as vezes questiono porque a rebeldia é a mesma, a vontade de falar é a mesma, os assuntos podem ser difer-entes, mas a necessidade de se expressar é a mesma”
os jeitos de propor uma nova ordem na educação. A primeira coisa é o uso responsável de um meio de comunicação, como a televisão. No caso da televisão como um agente im-
E UMA PERGUNTA DIFÍCIL, VOCÊ TEM ALGUMA CRITICA PRO SISTEMA EDUCACIONAL? Sim, são vários
Um assistente discreto do processo criativo. De outras pessoas. E ai eu fui me profissionalizar, para poder estar com as crianças.
O QUE SERIA ESSA CONDIÇÃO? Você ser o provocador.
desse que a minha liberdade pudesse ser exercida. E foi um sucesso. Era um mundo, com outras constelações, outros planetas. Outra realidade. Foi nessa época que eu comecei a acreditar que ninguém ensina nada a ninguém. Você só cria condição.
REGISTRO
becilizador. O que as crianças tem do elemento de associação vindo da televisão. Podia ser uma coisa mais responsável, e não é. E da televisão, passam para todos os outros veículos de comunicação: a, b, c, d, e, f, g, h, I, j, sem distinção. E essa criança recebe a informação pronta ou não. Pronta que eu digo a criança com um olhar seletivo. É tudo um bolo de coisas. Ele não só passa pela televisão, ou pela escola. Ele passa pela família, pelo o que a criança tem como acesso. Nas crenças
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REGISTRO que vão ser passadas para essa criança, os valores. Isso cria um ser hermético, não se abre a nada, vira um produto.
QUAL VOCÊ ACHA QUE É O CAMINHO?
Hoje a geração é do ”vou me dar bem em cima de todo mundo”, ”vou tirar vantagem”. Eu acho que existe desamor. É cobra correndo atrás do próprio rabo. Eu não sei aonde fazer a interseção, pra cortar. Para que a partir daquilo, mude tudo. Escutei hoje, que o caos está sendo instalado para uma nova ordem mundial. Eu não sei se o caos precisa acontecer para que a nova ordem aconteça. Porque com o caos acaba tudo. Se acaba tudo, como vão nascer novas coisas? A gente vive um momento muito complicado, mas não é insolúvel. Você tem que ter cuidado com o que você fala, com o que você experimenta. Porque os resultados a gente não tem nem como mediar.
NESSES ANOS DE ESTUDOS E DE AULAS – VENDO SEUS ALUNOS, O QUE VOCÊ VÊ COMO UM REFLEXO POSITIVO DO NÃO CONVENCIONAL? Tenho muito
orgulho, ter sido como falei um assessor discreto no processo criativo de muita gente. Sem sombra de duvida é bom orgulho mesmo. E o que eu acho que aconteceu é o retorno. O que eu dei, o que volta pra mim – além do bom orgulho – é a certeza de que, quando você lida com verdade, quando você fala exatamente ao coração, a coisa funciona diferente. Porque além de criar o vinculo aluno—professor, você cria vínculo de amigo, você cria vínculo para a vida.
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Você cria um vinculo eterno, de verdade. Tão de verdade que rende o fruto. Que rende coisa boa, que rende união.
VI QUE VOCÊ FALOU DA UNIÃO, NA SUA OPINIÃO QUAL É SUA IMPORTÂNCIA? Só vem a somar, porque
hoje em dia o verbo que eu acho que as pessoas deveriam usar mais é nós. Nós, o tempo certo de conjugar é nós. A partir do momento que acontece, é igual pedrinha na água, aquele círculo que está saindo, ele não para, ele volta pra você, universal, é infinito.
REGISTRO COMO ARTISTA O QUE VOCÊ ACREDITA?
Com o tempo você vai vendo resultado, né? – e assim, sem pietismo, tudo que existe, sempre existiu,olhando para o lado mais setorizado da arte por exemplo os movimentos, as pessoas mais empenhadas etc. O que eu acho que existe hoje, que a maioria das pessoas dizem é que existe liberdade. Eu as vezes questiono porque a rebeldia é a mesma, a vontade de falar é a mesma, os assuntos podem ser diferentes, mas a necessidade de se expressar é a mesma, a vontade de ser único é a mesma, mas acho que a consciência é diferente, acho que pela quantidade de informação. Hoje em dia você vê uma molecada muito nova, trilhando caminhos únicos, isso é muito bom, você olha e fala “nossa”, e sem saudosismo. “Ah queria ter 22 anos”, não, ainda bem que to com a idade que eu tenho. Fico feliz de estar perto e poder falar: “porra, olha que foda, em algum momento eu cavei para que acontecesse isso?” Pode ser, do mesmo jeito que eu estou cavando agora, e as outras pessoas estão cavando para as pessoas que vão vir, mas isso é união, fazer o bem sem olhar a quem. Estou fazendo, vou fazendo, não vou deixar de fazer porque não to vendo resultado hoje, eu acredito em arte, arte é salvadora, regeneradora, transformadora, ela, é responsável por muita coisa.
“É o vínculo da arte, do amor, do respeito, eu mostrei para eles que eles são capazes” 9
e u q i f i e r s o m . A
R .se TRA ifique N r O NC amo E @ MO nsta i CO
AHHH O GRAFITEE!!!!
Os lugares escrotos que muitas vezes são entregues às traças por pessoas estúpidas, sucumbem ao reinado do mal gosto, PQP AINDA BEM Q TEMOS O GRAFFFFFF para poupar nossos olhares e nos esquecermos da misera existência fedida na babilônia de CO2!!
MAQUIAGEM URBANA maquiagem urbana Foi Foi em em 2005 2005 que que Rodrigo Rodrigo adotou adotou aa arte arte urbana urbana como como estilo estilo de de vida, vida, com com foco foco no no grafite. grafite. Junto Junto com com os os amigos, amigos, no no bairro bairro de de Botafogo, Botafogo, deu deu seus seus primeiros primeiros passos passos na na galeria galeria de de arte arte aa céu céu aberto aberto que que são são os os muros muros da da cidade. cidade. Não Não demorou demorou para para que que surgisse surgisse um um projeto projeto individual individual que que oo identificasidentificasse se como como artista, artista, oo Amorifique-se, Amorifique-se, que que aborda aborda mensagens mensagens de de reflexão reflexão para para oo mundo mundo desfrutar desfrutar ee poder poder resgatar resgatar sentimentos sentimentos esquecidos esquecidos dentro dentro deste deste caos caos urbano. urbano. AA ideia ideia surgiu surgiu de de um um presente presente qq foi foi dado dado àà sua sua namorada, namorada, um um quadro, quadro, ee aa partir partir dele dele se se desenvolveu desenvolveu toda toda proproposta. posta. Para Para RDG, RDG, oo suporte suporte define define aa sua sua arte. arte. Acostumado Acostumado aa usar usar múltiplas múltiplas plataformas, plataformas, sempre sempre buscou buscou adaptar adaptar sua com oo sua arte arte para paramelhor melhor interação interaçãocom material. material.
RDG RDGna naativa ativa
filme filme preferido preferido Clube Clube da da luta luta artistas artistas preferidos preferidos pergunta pergunta bem difícil/ Toz Big Doiz
intervenção intervenção #omundopodemudar. #omundopodemudar. arte arteem emum ummuro murodo dobairro bairro de deBotafogo Botafogo
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maquiagem urbana
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OIIIII VOCÊÊÊÊÊ!!!!! ÉÉÉ VOCÊ MESMO CARA-DE-EMPADA!! Cansado de parecer um bobão querendo parecer legalzão?!?!
Essa seção é dedicada para vc q deseja buscar identidade nos trapos q vc ostenta sem ser confundido com um qualquer ser normal comedor de sorvetes de iogurte!! Aqui vc encontrará as mais novas tendências fashionistas e badaladas do cenário mais bacanudo do mundo!!
RMA-3, o projeto de 3 amigos Juliana, Natasha e Andrew, traz para a moda uma questão interessante e, pra muitos, nova em relação a vestimenta: paredes. Paredes essas, criadas pelas próprias pessoas para dentro de suas cabeças. O trio traz na sua coleção um olhar diferente do habitual não apenas para as roupas mas também para as pessoas que as vestem, deixando claro isso no momento que não enxergam o RMA-3 como uma marca, mas sim um projeto que tem o objetivo de despertar dúvidas e reavaliar ideias quadradas e fechadas que se propagam sem obstáculos, e sentamos com a integrante Juliana, vulgo Princesa da Taquara, pra aprendermos um pouco mais sobre esse projeto.
pegada fashion
COMO ENCONTRAR: insta @rma3rma3rma3 rma333.com
RMA-3
Seus problemas acabaram!!!!
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pegada fashion QUAL FOI O MOTIVO QUE FEZ COM QUE VOCÊS TRÊS SE JUNTASSEM E COMEÇASSEM A TRABALHAR? Eu conheci o Andrew quan-
do fizemos o técnico em produção de moda, eu tinha uns 17/18 anos na época, isso foi antes de entrar na PUC-Rio, e fomos nos aproximando por conta desse olhar mais sensível para o masculino que nós tínhamos. A Natasha eu conheci aqui na PUC-Rio e acabamos ficando amigas, e fomos percebendo que tínhamos uns trabalhos que tinham uma certa ligação, umas temáticas que gostávamos de trabalhar e desenvolver que tinham também, através do masculino, umas narrativas que se interligavam. Nós duas acabamos entrando no mesmo curso, o da Casa Geração Vidigal, onde nós tivemos essa proposta de desenvolver uma coleção masculina, e foi ali a incubadora que deu o start pro nascimento da RMA-3.
COMO FOI O PROCESSO ATÉ CHEGAR NO CONCEITO DO PROJETO? Então, o processo
de conceituação foi, talvez, a parte mais extensa do projeto. O projeto em si teve 9 meses no total, e de conceituação foram 3 meses, só de estudo, pesquisa e recorte pra que o nosso tema não fosse uma apropriação, e pra que também a gente falasse com propriedade sobre o assunto. O nosso tema é parede, então a gente ficou entendendo qual o sentido dessa parede, o que seria uma parede pra gente, o que seria essa divisão ou proxiidade.
MUITA GENTE ACABA CONFUNDINDO A PROPOSTA DO PROJETO, ACHANDO QUE NÃO É UMA COLEÇÃO MASCULINA, MAS SIM UMA COLEÇÃO AGÊNERO. POR QUE VOCÊ ACHA QUE ISSO ACONTECE? Hoje tem uma
certa ... como eu posso dizer ... tudo mundo parte dessa ideia de que tudo seja agênero, sem mesmo entender o que é o gênero masculino e feminino. Hoje em dia o agênero tem muita visibilidade, então tudo meio que virou, de uma forma até “oportunista”, até porque já ta chamando a atenção das
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Ao lado Juliana, Natasha e Andrew, os criadores do RMA no lançamento da primeira coleção.
pegada fashion pessoas hoje em dia e acaba sendo um tema em voga no momento. A gente criou a coleção pensando nas problemáticas e na questão do vestuário masculino, mesmo entendendo que essa roupa pode pertencer a outros corpos e outros gêneros. Levamos em conta a questão do corpo masculino como mote, como centro da questão, mas isso não é um fator impeditivo pra uma mulher ou um outro corpo de usar aquela roupa.
É LEGAL DE PERCEBER QUE DO TRIO O ANDREW É O ÚNICO HOMEM, E VOCÊ E A NATASHA SÃO A MAIORIA, SEM FALAR QUE OS TRÊS TEM CORPOS COM CARACTERÍSTICAS DISTINTAS. COMO ISSO REFLETIU NA CRIAÇÃO DA COLEÇÃO? É interessante porque
nós temos corpos e vivencias diferentes, somos um grupo inter-racial no caso, e isso também muda tudo, porque não tem como você não enxergar o seu trabalho por uma ótica que vai ser denegrida por essa vivencia. Essa coleção tem esse reflexo do pessoal, é uma coleção que a gente trabalha essa parede interna, essa parede que é nossa, são impedimentos ou questões que são derivados de nós mesmo. Esse denominador é um denominador pessoal sobre o mundo e as questões que foram vivências individuais nossas, e o nosso olhar foi pra questão de como nós íamos abraçar esses diversos corpos, já que nós somos múltiplos a nossa coleção não podia só falar de um corpo X ou Y, queríamos que ela
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pegada fashion abraçasse as mais diversas possibilidades de corpos, não só um corpo magro, um corpo gordo, preto, branco, nós somos múltiplos e falamos disso, a multiplicidade dos corpos.
VOCÊ É CONHECIDA COMO PRINCESA DA TAQUARA (NICE), A NATASHA É DE VILA IZABEL, O ANDREW É DE BANGU, SÃO REGIÕES COM SUAS SEMELHANÇAS MAS COM SUAS DIFERENÇAS TAMBÉM. O QUE VOCÊ PODE DIZER QUE TROUXE DA TAQUARA, DO SEU BAIRRO? Eu trouxe esse olhar sensível do cor-
po negro. Todos os nossos modelos são negros, e esse negro não é entendido como mancha gráfica, tem uma relevância de ter essa afirmação que é preta, que é racial. A gente entende que o negro quando ocupa certos locais ele ta ocupando em um sentido de que a pele negra combina com aquela coleção que é vermelha, sabe? Fica apenas em uma questão de que a cor da pele combina com aquela cor da roupa. A gente quis sair disso. É um ponto que perpassa também a questão social, a minha representatividade, da minha FALTA de representatividade, da ausência, fala do porque não. Quando você faz um cast no qual todos os modelos são brancos, isso nunca é questionado, e se pararmos pra pensar no dado de que a nossa população é formada socialmente por 54% de pessoas negras, você se pergunta, “por que não?”. Por que não trazer essa representatividade pra moda, pro vestuário? Por que não
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transformar essa questão em uma plataforma de reflexão? Eu trago na Taquara isso, a resistência. Eu trago da Taquara a força. Eu trago da Taquara o intender sobre um local que é visto como gueto por estara margem do que é entendido como turístico, como bonito, e eu faço essa ressignificação do que é bonito, do que é central. Essa coleção fala disso, essa parede que a gente fala subjetivamente vem falar sobre isso: o que é central e o que não é? Porque a centralidade, o fora e o dentro dependem de ponto de vista. Você entende o centro de onde você ta, sabe? A nossa coleção, quando começamos a desenvolver, tinha como mote ser uma coleção carioca, mas a gente parou e pensou que aquilo não tinha como NÃO ser carioca porque nós somos cariocas,sabe? Não tem como não ser daqui. A sua visão do que é ser carioca também é um ponto de vista, e o meu ponto de vista é o que é ser uma carioca por outras instâncias.
pegada fashion E AS REFERÊNCIAS QUE VOCÊS TIRAM DAS FESTAS, DA CENA GAY E QUEER DA CIDADE? E sou bastante
vezes você escuta uma música e não curte muito, mas não porque é uma música ruim, mas porque você não ta pronto. E com o passar do tempo você muda junto com os seus gostos e você pode um dia sentir vontade de escutar aquela música que você não tinha gostado ou vestir aquela roupa que antes não tinha te agradado.
da vida noturna, a Natasha também, o Andrew já vivencia a cidade de uma forma mais diurna em exposições, galerias e bibliotecas. Eu gosto muito de ver a cena artística periférica na cidade, essa arte mais performática, essa arte que não é tão centralizada nos pontos turísticos da cidade. Eu tenho um olhar mais sensível E O QUE A RMA-3 PRETENDE pras questões raciais negras e afro-indí- PRO FUTURO? A gente já ta tragenas, a Natasha tem uma ligação mais balhando a próxima coleção já, mas forte pra questão de gênero, e quando sem nenhuma pressa, queremos fazer as coisas no seu isso se une fica algo muito tempo. Não somos bom. O Andrew é ilustramarca, nosso obdor, trabalha muito com “Estamos juntos porque uma jetivo não é atingir um arte, e essas diferenças acabam sendo algo cons- queremos falar alguma coisa valor X a cada coleção, gente gosta dessa litrutivo pro trabalho, nós com o nosso trabalho” aberdade que a palavra deixam mais ricos como “projeto” da pra gente. grupo. Estamos juntos porque queremos faE COM O QUE VOCÊ MAIS SE IDEN- lar alguma coisa com o nosso trabaTIFICA NA COLEÇÃO? Assim, lho, e se chegar o dia que não vermos eu sou pouco suspeita pra falar, necessidade de falar sobre alguma mas tem uma calça em específico questão, nós não temos a obrigação que a gente tem, que ela tem um que uma marca tem de sempre profecho tipo o de mochila, um fecho duzir algo. Queremos que aconteça que você olha e não espera que seja de uma forma natural e que a coleção de uma calça de alfaiataria. Pra mim que fizermos tenha um valor verdaela foi uma calça muito dura de se en- deiro, trazendo nossas opiniões e tender, o Andrew e a Natasha lutaram sentimentos. bastante, e eu tinha uma resistência muito grande na proposta dessa calça, e hoje em dia ela é uma das peças que eu mais gosto, porque eu vejo uma sensibilidade e possibilidades muito grandes nela, sem precisar de muita informação. Pra mim é uma calça que não precisa de muitos elementos pra comunicar, e isso eu acho muito legal. Tipo música. As
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podreções
A PRODUTORA INDEPENDENTE ZOOEY VEM REMANDO CONTRA A MARÉ, TRAZENDO UM ENFOQUE PARA TEMAS HISTÓRICOS E NACIONAIS, LEVANDO CÂMERAS E LUZES PARA O SUBÚRBIO CARIOCA. PEDIMOS À PRODUTORA PARA NOS FALAR UM POUCO SOBRE ELES.
COMO/QUANDO NASCEU A ZOOEY? A Zooey
Produções surgiu depois que nós, os sete sócios, fizemos um curta sobre o primeiro dia da ditadura militar juntos, o processo de criação e produção do filme foi muito intenso e de muita troca, crescemos muito durante o processo. Nossa ligação artística naquele momento fez com que resolvêssemos nos juntar para produzir mais projetos com a mesma dinâmica e tratando de assuntos que consideramos muito importantes e que são pouco lembrados.
QUAL A PROPOSTA DA PRODUTORA? Nosso
Acima equipe Zooey Podruções
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primeiro filme, ‘O Dia Invisível’ fala sobre o primeiro dia do golpe militar de 64 através do dia de uma mulher comum e do subúrbio carioca, para nós é importante contar histórias sobre pessoas como nós, quase todos nascemos e crescemos no subúrbio do rio e sempre sentimos essa falta de representatividade no cenário do cinema, porque quando um filme fala do subúrbio ele sempre tem uma temática da favela estereotipada, mas não nos reconhecemos só nisso. Nossa proposta é produzir produto audiovisual que trate de pessoas e suas vivências.
podreções cinema, novos festivais, que estão sendo produzidos por essa nova leva de produtores.
QUAIS SÃO AS TEMÁTICAS QUE VEM GANHANDO ESPAÇO NA CIDADE? As temáticas são as mais diversas, isso é o mais interessante, como cada produtora está tentando fazer projetos sobre seu próprio local, estão surgindo filmes que abordam assuntos muito diferentes. Vemos uma forte mobilização das pessoas do subúrbio em produzir documentários sobre assuntos frequentes nessa região, o movimento negro cada vez mais trazendo seus assuntos e debates em forma de filme, os movimentos feministas usando a plataforma do audiovisual para expandir seus ideias. E um bom momento de descoberta sobre como o audiovisual pode ser mais do que os blockbusters.
Equipe Zooey
COMO É A CONVERSA ENTRE AS PRODUTORAS? A conversa entre as produtoras varia muito, mas
surgindo com esse ideal, de produzir filmes de um lugar com pessoas do próprio local, dar força para quem tem vontade de criar projetos autorais e divulgar nos grandes circuitos. É interessante procurar os novos circuitos de
conseguimos algumas parcerias, isso depende muito do projeto .
QUAIS SÃO OS LOCAIS QUE ATUALMENTE PODE SE ENCONTRAR UM CONTEÚDO FORA DO CIRCUITO BLOCKBUSTER? Atualmente muitas produtoras estão
QUAIS SÃO AS DIFICULDADES QUE SE ENCONTRAM NO RIO NA HORA DE PRODUZIR CONTEÚDO? A
maior dificuldade de produzir cinema no Rio é a captação de recursos, é muito difícil conseguir apoio para produzir os filmes e quando se consegue produzir algo (com muita força de vontade), ainda temos que lidar com a seletividade dos circuitos de cinema e dos festivais. A seleção de filmes claramente tem estilos de filmes favoritos e quando se faz cinema independente criativo e fora do comum é difícil se inserir nos circuitos.
Acima poster do curta "O Dia Invisivel".
Abaixo cena do curta "Subúrbio carioca"
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≈ Sons Para Derreter, na Pista e Online ≈
5 feira - 20h mixlr.com/radiomagma
falecommagma@gmail.com
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“Boa noite Boa noite Boa noite” É Assim que toda quintafeira começa a famigerada Rádio Magma, um encontro de novas (e maravilhosas) ondas sonoras. O coletivo composto por A_Hank (Tomaz), Nico (Nicholas) e Svrin (Suryan) tem a proposta de trazer novas experiências sonoras a partir da música eletrônica.
VIBE POR FAVOR SE APRESENTEM. Nico: Meu nome é Nico, também sou conhecido como Nicholas, e em águas passadas já fui conhecido como Billy the Kid. A_Hank: Eu sou o João Kleber. Sou apresentador de TV.
A_Hank COMO VOCÊS CHEGARAM NA DISCOTECAGEM?
Nico
A_Hank: Eu comecei na música tocando violão ..., ae tocando violão comecei a tocar guitarra. Tocando guitarra comecei a tocar em uma banda e a partir daí comecei a fazer show, tocar em bar ... comecei a gravar as músicas, e isso me fez ter interesse em estúdio e daí fui percebendo que dá pra rolar uma troca irada, que aprendendo tudo fica melhor, você pode fazer você mesmo as suas coisas. Depois da fase de banda, quando acabou tudo, eu comecei a produzir em casa com a ajuda de um amigo (Johnny) que acabou me dando um tecladinho básico da Yamaha. A gente estava ouvindo Rap na época e ae eu comecei a fazer umas batidas.
ENTÃO PODE-SE DIZER QUE VOCÊ TEVE UM COMEÇO MAIS TÉCNICO, MAIS POR CONTA DA CURIOSIDADE DO EQUIPAMENTO COM A IDEIA DE MELHORAR O SEU SOM?
A_Hank: Total, a discotecagem veio mais como consequência de eu estar mexendo com música eletrônica.Na real isso é o que acontece com muita gente, tem muitos produtores de Techno e House que começaram fazendo beat de
Svrin
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VIBE Rap, o que é comum, ter o Rap como primeiro contato com esse gênero, quando não se mora na Alemanha. Geralmente muita gente começa no Rap, porque é estilo de música mais mainstream hoje em dia e foi um dos primeiros a ter a parte eletrônica mais trabalhada, e é até por isso que muita gente é levada, porque você já ta alí, vai escutando mais coisa, uma coisa leva a outra e você acaba conhecendo outros estilos grandes como o House, e se depara com uma coisa nova e acaba gostando e se interessando, e foi o que aconteceu, tava escutan≈ MÚSICA NÃO É SÓ UMA TRILHA SONORA PRA NÃO FICAR SILÊNCIO ENQUANTO FAZ CROSSFIT. MÚSICA É UMA PARADA QUE TE FAZ REFLETIR SOBRE COISAS; É UMA EXPRESSÃO ARTÍSTICA QUE FAZ VOCÊ TIRAR COISAS DE DENTRO DE SI E COLOCAR PRA FORA; TE FAZ APROXIMAR DE PESSOAS; MÚSICA É EXTREMAMENTE POLÍTICA. ≈
do Justice na época, e foi o que me levou a discotecar. Meu amigo Gustavo (Marginal Men) tinha um projeto na época e me pediu ajuda pra gravar umas paradas aqui em casa, depois de que gravamos começamos a colocar umas baterias e outras coisas no meio do som, e foi ficando bem louco, fomos vendo até onde isso ia dar, até que uma hora ele virou pra mim e falou: “Po, bora tocar?” Depois disso fomos discotecar pela primeira vez na Rebel, no final de um show de Hardcore totalmente sem sentindo nenhum, até que no final da noite voltando pra casa a gente ainda foi assaltado. HAHAHAHAHA, foi histórico. Nico: Eu não sou músico, não tenho nenhum conhecimento teórico musi-
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cal, quando eu era mais novo tentei aprender a tocar violão sozinho mais falhei miseravelmente, mas música sempre foi uma coisa grande na minha vida por vários motivos, acho que um deles é porque na casa da minha avó tinha vinil pra cacete, tipo, tinha vinil do meu pai, do meu tio, que eram basicamente rock, mas era uma gama muito variada, tinha Black Sabatth, discografia dos Beatles, tinha disco do New Order, The Clash, mas tinham dois discos que eu me amarrava, que era um do Tears for Fears e um outro do The Police. Acho que o The Police foi a minha grande paixão musical, e ae pra cimentar esse amor eu ainda vi o Sting de sunguinha no Duna ... inclusive, Sting coroa gato, parabéns produção. Mas assim, outra parada que me fez prestar atenção na música, e acho que eu só reparei isso agora, é que, quando eu estudava no Santo Agostinho eu tirava nota baixa, mas era muita nota baixa, só me fudia, e a minha avó achava que a televisão era a grande culpada disso, e como solução ela me deixava uns meses sem assistir televisão. Já que eu não podia ver televisão, o que eu fazia? Escutava música, escutava música pra caralho, saca? E ae teve um dia muito importante na minha vida que eu estava de férias e descobri que o Dj Marky ia tocar na Bunker (uma boate maravilhosa que existia ali em Copacabana, do lado da Le Boy) numa quarta, em uma festa que se chamava Movement. Tive que falsificar minha identidade pra ir, e fui; bixo, minha cabeça explodiu ali dentro. Entrar em contato com esse mundo de boate ... sei lá, minha cabeça explodiu brabo. Eu fiquei muito tempo nessa de só poder ir na Bunker e nas festinhas de rock, sendo que de vez em nunca tinha uma festa de Drum ‘n’Bass. Eu ficava nessa vontade de festa de Drum ‘n’Bass e na época eu era muito ativo na comunidade de Drum ‘n’Bass do Orkut, e um belo dia eu vi uma festa que era muito provável de conseguir entrar que se chamava Dj for Dj. Quem
çou de fato a se falar, trocar ideia, ouvir música junto, sabe? Quando você trabalha na mesma parada, vê discotecagem como um trampo, você começa a pesquisar e trocar figurinha com quem ta perto de você, e na galera que
a gente só saiu. Depois que a gente saiu, nos dois ficamos um ano e meio só escutando música e longe de discotecar, só conversando sobre o que a gente tava ouvindo, e na época também não tinham
MÚSICA E FALEM, “CARALHO, MEU FRÁGIL do que com Trap que foi o caminho que a E COMO VOCÊS SE CONHECERAM? MUNDINHO SE ABALOU. E VÃO TER UNS FDP ALI Wobble foi tomando, e por consequência a gente foi vendo que a festa não tava mais A_Hank: A gente se conheceu com a QUE VÃO ME MOSTRAR MAIS DISSO.” casando com o que a gente queria tocar e formação da Wobble. A gente come-
tava fazendo a festa era o Rodigo S (Wobble) que rolou em uma tocava na Wobble, a gente tinha os gostos mais em cocasa lá em Laranjeiras, e a partir daí eu entrei em contato com os mum, mas além disso a gente tava em uma etapa mudjs de Drum ‘n’Bass aqui do Rio de Janeiro e foi ali que eu acabei sical muito parecida em relação a galera da Wobble que colando com o Rodrigo, e meio que ele me apadrinhou ao ponto era mais velha e já tava com outra cabeça. de que chegou uma época que o programa quase essencial do fim de semana era ir pra casa do Rodrigo biritar e ouvir música. Nico: Assim, eu e o A_Hank acabamos tenAté que chegou um dia que ele me do um direcionamento musical vindo do falou “Brother, tu vai aprender a to≈ QUEREMOS QUE AS PESSOAS ESCUTEM UMA Dubstep e Bass, que flertava muito mais car. Frangamente, ta na hora.”. com o Techno, paradas como Modeselektor,
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VIBE festas que tocavam o que a gente tava pilhado pra escutar. Mas ae teve um fim de semana que a gente tava aqui na casa do A_Hank biritando e com a mão coçando pra tocar e a gente se ligou que o Akin transmitia a Metanol ao vivo toda semana, 2 horas por dia, de São Paulo e ae foi que a gente se ligou: cara, bora transmitir a nossa parada daqui.
festas com essa proposta de diversão pela diversão. A rádio na real foi uma preparação pra primeira festa. Começamos procurando o La Cueva, em Copacabana, por ser bem acessível, pro começo, até por ser um pouco menor, até porque não dava E ae foi isso, Rádio Magma número 1. pra fazer muito grande. Na época já tava rolando a festa V de Viadão, A_Hank: Começou na zueira, sacoé? Aquela velha e a gente já sabia que lá também é mais aberto pra história, porra, provavelesse tipo de promente a maioria das pesdiferente soas, festas e selos come"HOUSE ETECHNO SÃO, ORIGINALMENTE, jeto, da Fofobox, por çam com uma necessidade. MÚSICAS DE BIXA, PRETA E POBRE. E SEM exemplo, até porVocê tem um gosto e não lá você já tem vê que nada ta acontecenESSAS BIXAS, PRETAS E POBRES MARAVILHOSAS que que chegar lá com do até que você se pergunta “por que a gente não faz NÃO IA TER ESSA PORRA. A música do final uma coisa mais formada, e a genisso?” do século XX, início do XXI deve e muito à te também tava com o pé atrás, Nico: Tanto que essa paraessas pessoas.” né. da da festa no primeiro momento a gente nem queria fazer essa porra, a ideia era só ficar na rádio mesmo, quem chegou com essa ideia de fazer uma festa física mesmo, um rolê AFK (Away From Keyboard), foi o Suryan (svrin).
A_Hank: A rádio no começo nem existia. O Suryan ta desde o começo, na verdade a rádio começou como consequência de uma festa que o Suryan queria muito fazer. A gente sentou no bar, ele tava voltando de viagem, eu tava voltando de “viagem espiritual” (acidente), tinha acabado de me recuperar depois de ter ficado muito tempo parado, e perguntou “cara, por que a gente não dá uma festa?”. Eu já tava afim de fazer alguma parada, mas meio que tava faltando aquele empurrão inicial e ao mesmo tempo ele tava começando a ouvir música eletrônica, sendo que no início ele falava mais com o Lucas (irmão mais velho) que também tava na criação da parada. A gente gostou da ideia e foi discutindo e foi acontecendo logo em seguida. Mas no início é aquilo, não tínhamos 1 real, não tínhamos nenhum network pra começar nem nada, sem falar que na época não tinha muita
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E QUANTO A CENA DO RIO? COMO É ESSE CONTATO? A_Hank: As pessoas não tem acesso, geralmente, elas tem que ter muita gana e vontade pra conhecer. Se a gente for comparar com Inglaterra ou Berlim aqui o que se conhece é muito pouco, lá é uma coisa normal você escutar esse estilo de música desde cedo, e ae você já acaba conhecendo a maioria dos clássicos.
Nico: Pros alemães música Techno é uma música muito meanstream, é quase um pop, saca, não é uma parada undergound. A_Hank:
As festas de eletrônica que rolam por aqui costumam ser umas coisas muito mastigadas e superficiais do que de fato esses estilos são. Enquanto
VIBE ≈ O CARA QUE TA ESCREVENDO MÚSICA NÃO TÁ FAZENDO ISSO SEM NADA NA CABEÇA. ELE QUER TE PASSAR ALGUMA COISA. É UMA FORMA DE ARTE. ≈
Entrevistado NeguimBeats
lá é comum você escutar essa música em qualquer festa, aqui as pessoas tem até a ideia de que House é uma coisa de coxinha, sem emoção, que é apenas “tuti tuti tum” enquanto segura um drinkinzinho na mão. Quem curte esse estilo e procura saber mais, vai pra internet pra achar material de qualidade, e esse acaba sendo o principal trabalho da rádio, colocar em contato com sons novos e de qualidade essa pessoa que ta começando a entrar nesse mundo. A gente tava querendo inserir essa visão de possibilidades para as pessoas, saca?
O QUE SÓ PODE SER ENCONTRADO NO TECHNO E NO HOUSE EM ESPECÍFICO? Nico: Pra mim Techno e House são ... é mó difícil de explicar; simplesmente acontece de serem os gêneros musicais que hoje em dia mais mexem comigo. Uma parada maneira da música é que tem certos sons e certas músicas te trazem memórias, saca? Escutar The Police hoje em dia me faz lembrar da minha infância na casa da minha avó. House, Tecnho e Drum ‘n’Bass me fazem lembrar daquele momento em que eu descobri a vida noturna.
A_Hank: Toda música é única, então a música eletrônica é algo totalmente diferente do que
se está acostumado por aqui, como o samba e o funk que tem muita percussão, então quando uma pessoa escuta uma música eletrônica ela pode sentir algumas sensações novas, até por todos os artistas que existem, os instrumentos diferentes as camadas que essa música tem. Música eletrônica não é algo que você escuta só em festas, até por todos os artistas que existem com estilos e pegadas diferentes, é algo bem contemplativo, mas isso não quer dizer que a gente toque só música underground, a gente gosta de tocar música boa. Por isso eu toco as paradas que eu toco, eu quero ter uma experiência única daquilo.
UMA DAS COISAS MAIS LEGAIS SOBRE A MÚSICA ELETRÔNICA É QUE ELA ABRAÇA TODO MUNDO, VOCÊ PODE SER GAY, TRANS, POBRE, RICO E VOCÊ NÃO VAI TER PROBLEMA PRA SE APROXIMAR. ESSE TAMBÉM UM DOS VALORES DA MAGMA? A_Hank: Porra. Só é. Nico: Esse é o valor da música eletrônica em geral, não só o nosso; é o nosso valor também porque foi onde a gente se encontrou. A gente se identifica com isso e então nós queremos passar pra frente esse
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RedBull House
sentimento. Cara, acho que você deveria até colocar isso em letras garrafais na revista, porque as pessoas esqueceram disso: HOUSE ETECHNO SÃO, ORIGINALMENTE, MÚSICAS DE BIXA, PRETA E POBRE. E SEM ESSAS BIXAS, PRETAS E POBRES MARAVILHOSAS NÃO IA TER ESSA PORRA. A música do final do século XX, início do XXI deve e muito à essas pessoas.
COMO É A CENA CARIOCA? ELA É FÁCIL, DIFÍCIL? Nico: Meu deus, como essa porra é difícil, caralho!
A_Hank: Acho que tinha que baixar o preço do açaí. Nico: Assim, eu tenho algumas reclamações. A primeira é o preço do açaí, a segunda já mais séria é o fato do governo Municipal e Estadual estarem querendo gentrificar a cidade de uma maneira muito agressiva e contra cultural. O ponto número três (a gente até esbarra em questões socioeconômicas), é fato do Rio de Janeiro ter pouquíssimos espaços acessíveis na cidade. Aí a minha crítica a cidade: a gente ta no meio de uma crise econômica; tem um bando de lugar vazio, o Porto Maravilha, ta ligado, deserto, um bando de jovens desempregados e sem o que fazer, o que pro surgimento de subculturas isso é algo maravilhoso (...).Todos os estilos musicais relevantes no mundo criados nos últimos 100 anos seguem uma formula muito básica de gente desempregada e jovem em um lugar ferrado, se juntam pra fazer alguma coisa, acabam criando uma parada maneira e vira uma coisa nova.
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27 mesmo tempo.
E AS PESSOAS QUE ESTÃO TRABALHANDO E VIVENDO NA CENA?
Nico: Aqui no Rio você tem alguns produtores, tanto de evento quanto musicais, que são fora da curva, tipo a galera da 4 Finest Ears que fazem umas paradas muito boas e de qualidade, tirando leite de pedra, tendo também o Manara com eles fazendo um trabalho foda, mas se eu tivesse que dar uma estrelinha dourada seria pra cena gay carioca.
A_Hank: E quando acontece de fato as pessoas abraçam de uma forma muito forte, gostam e participam.
E COMO É A CONVERSA COM ESSES COLETIVOS E PRODUTORES?
QUAL É O LEGADO DA MAGMA? O QUE VOCÊS QUEREM PASSAR PRA FRENTE COM A RÁDIO?
Nico: Eu pessoalmente, se conseguir inspirar pelo menos uma pessoa a gostar de House e Techno do jeito que eu gosto, querer crescer mais isso aqui no Rio eu vou achar ótimo se a gente passar essa vontade para as gerações futuras. A_Hank: Quero deixar claro que é das pessoas para ser feito, saca? Que é possível e eu quero ver não só o House e o Techno na cidade, quero ver o Regge, o Rap, Funk também acontecendo, seja onde for.
A_Hank: Agora ta acontecendo bem, e ta rolando muita conversa e troca entre essa galera. Já existiu uma época que tinha um rixa entre esses coletivos, uma certa competição que não fazia bem. Hoje já tem muita troca, tem o CU (Coletivos Unidos) que é uma coisa bem nova pro Rio, essa ideia de que tem como todo mundo dar certo ao
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NOIX IND TIÃO GRAFITEIRO DA CREW SNC TROCOU UMA IDEIA COM A BRADO E DEU O SEU MAPA DA CULTURA DO RIO !!!!
Tem que ir Galpão Ladeira das Artes, no cosme velho
MEATING OF FAVELA EVENTO ANUAL, Q ACONTECE EM NOVEMBROW////MAIOR EVENTO DE GRAFDA AMERICA LATINA VILA OPERARIA
Galera na instiga Meeting of favela (MOF)
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Som de Peso Blind Melon DE OLHO NA RUA!!!! MZ //OLHE PARA CIMA E VERÁS TENTáCULOS !!! !! !! SOM DO MOMENTO???? RAISE AGEINST THE MACHINE P$@fd!!!!
DICA por TIÃO
insta @tiaosnc
MEATING OF FAVELA EVENTO ANUAL, Q ACONTECE EM NOVEMBROW////MAIOR EVENTO DE GRAFDA AMERICA LATINA VILA OPERARIA
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saca só
SACA SÓ Uma penerada maquiavélica no que há de mais bizarro no mundo das artes plásticas afim de encontrar criadores e criaturas dignas do hall da fama dos circo dos horrores. Quer fazer parte? Mande seu trampo para nós. bradozine@gmail.com
PROSA ( PHOTOZINE ) @rodrigorosm
Narrativa visual. Cada página é uma composição e cada unidade foi editada com uma sequência diferente de imagens, tornando cada narrativa única. uma pesquisa visual sobre a paisagem urbana e seus elementos construtivos : a rua , as pessoas, fachadas e prédios, botecos, pixações, sinalização, mobilários urbanos e outros.
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CURA
@memiguilherme ilha grande 2016 ...tecnica spray e tinta pva
366 BARBUDINHOS @caze
2016, ano bissexto, Cazé resolveu se lançar um desafio. Desenhar seus tão conhecidos barbudinhos todos os dias, testando novas técnicas, materias e traços, se autodescobrir a cada novo dia.
MUNDO FEMINO ( COLEÇÃO) flick:/bichográfico
Conjunto de pinturas com foco na desmitificação do CORPO, MENTE e ESPÍRITO feminino, tocando em questões como censura aos pelos, mamilos e a mestrução, coisas naturais nas mulheres e que a sociedade lida de forma de forma retrograda.
ESCOMBROS
@sonacorreria Série de vídeos mostrando as intervenções realizadas em locais abandonados do rio, como a Terra Encantada, local que fez parte da infancia de muitos cariocas.
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bradozine@gmail.com