17-17
INFORMATION
FREE DOM “OURS IS YOURS, YOURS IS OURS” E1.
MA.NI.FES.TO-ME - SÍNTESE
DANIELA PRETORIUS
the ELECTRONIC MINDS, a group of freerebels. Cyberpunks.We live in Cyberspace, everywhere, we know no boundaries. This manifest. The Cyberpunks’ manifest.
As questões levantadas pelo Manifesto Cyberpunk não pertencem unicamente ao seu universo, são facilmente transferidas como critica actual da nossa sociedade. As novas tecnologias por si só já nos obrigam a duvidar da nossa essência enquanto seres humanos que vivem simultaneamente num mundo físico e virtual. Sendo um movimento muito ligado às questões do Hacking, Realidade Virtual, Realidade Augmentada, computadores e tudo mais associado à era digital e da cibercultura pretende-se aqui transportar alguns destes conceitos fundamentais para este booklet. Esta síntese não pretende ser um resumo de todo o universo Cyberpunk e dos seus intervenientes, nem de todos os autores que se debruçaram sobre o assunto. O objectivo aqui é contextualizar enquanto movimento e passando por algumas das ideias-chave mais recorrentes no género e sugeridas no manifesto.
We are minded we are is our
INTRO DUÇÃO
O século XX foi um período conturbado: Grandes guerras, grandes revoltas, grandes depressões. O aspecto mais importante deste século, a apontar neste contexto das contraculturas, pertence à Geração Baby Boomers. A década de 50 era centrado na família, com um grande enfoque nos valores tradicionais, moralistas e um grande controlo parental. Os anos 60 trouxeram um período de adolescência em que esses valores tradicionais são postos em causa – noções de sexualidade, dever, trabalho, conformismo e sacrifício são desafiados. Iniciam-se as revoluções, não apenas do adolescente que põem em causa os valores familiares, mas também os afroamericanos, movimentos femininistas e estudantes que começam a lutar pelos seus direitos e liberdade de expressão. A década de 70 iniciou-se com uma juventude que desejava mundança, encontravam-se completamente desiludidos com as antigas estruturas socais, queriam crescer e desenvolver como indivíduos – me-generation – procuravam empregos longe das linhas de montagem e investiram nas áreas de comunicação, electrónica, educação, marketing, serviços, entre outros.
Who so would be a man must be a nonconformist” Ralph Waldo Emerson, in Nature.
CONTRACULTURAS
CYBER -PUNKS -CULTURE -SPACE
//Evolution/Revolution - Timothy Leary 1994 (tradução livre) Dispositivos digitais estão a criar relações entre o cérebro e o computador. Semelhante à necessidade do nosso corpo de estabelecer relações simbióticas com as bactérias que nos permitem sobreviver, o nosso cérebro forma esta relação com o computador. É necessário distinguir dois conceitos - dependência e associação simbiótica: O corpo pode criar dependências com certas substâncias (e.g. heroína), o cérebro pode criar dependências com sinais electrónicos (e.g. televisão). Neste ponto de evolução humana há cada vez mais pessoas que estabelecem relações de interdependência com os seus microsistemas, quando isto acontece, o indivíduo cria tal dependência que não consegue imaginar a sua vida sem esta troca de sinais electrónicos entre o cérebro e o computador pessoal. [...] Após Gutenberg o livro impresso criou um novo nível de pensamento que revolucionou a sociedade. Um novo marco na evolução humana será à volta destes dispositivos digitais, que permitirá a comunicação entre indivíduos de vários pontos do mundo.
O primeiro computador pessoal a ser comercializado massivamente surge em 1984 com a Apple Macintosh, é o primeiro objecto do género que integra um GUI (Graphic User Interface) já bastante intuitivo criado para o novo utilizador de computador – a pessoa comum, sem grandes conhecimentos técnicos. Tal como Ted Nelson no seu livro Computer LIB/ Dream Machines, escrito em 1974, demonstrava a necessidade de destruir a barreira tecnológica entre o utilizador comum e o cientista, reforçando a vontade de procurar novas formas de expressão ou meios de comunicação que o computador poderia possibilitar. O desenvolvimento do computador pessoal foi um passo semelhante em magnitude como a invenção da imprensa por Gutenberg (Timothy Leary, caos and cyberculture). O livro pessoal transformou a sociedade, facilitando a difusão do conhecimento antes apenas acessível a uma minoria restrita da população, o computador pessoal tornou-se numa ferramenta para a sobrevivência do individuo na era da informação. Na história da humanidade são vários os registos de inovação tecnológica: Maquinas caras, que necessitavam de grandes grupos de peritos para funcionar, tornavam-se instrumentos de repressão social; instrumentos acessíveis ao indivíduo produziram, inevitavelmente, revoluções democráticas.
CYBER + PUNK
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Cyber- (ciber-) deriva da palavra grega Kubernetes que significa piloto. Traduzido para o latim acrescenta-se a esta definição a acção de controlo, exercer autoridade sobre algo. + Punk nome associado ao movimento rebelde marginalizado da década de 60. A Cibercultura tem a sua origem nos anos 60, influenciada pela evolução das tecnologias digitais. Esta cultura valoriza a informação, encarada enquanto um bem vital para a sociedade. O aparecimento da internet marca o mundo na era digital, tornando-se no meio de comunicação por excelência, onde é possível usufruir de uma grande liberdade de expressão. A partir deste ambiente frenético e tecnológico são criadas várias subculturas, sendo a mais proeminente e extremista, a subcultura Cyberpunk. O Cyberpunk começou como um género literário, o termo surgiu num conto com o mesmo nome do escritor de ficção científica Bruce Bethke. Contudo, o verdadeiro “pai” da literatura Cyberpunk é o também escritor de ficção científica William Gibson, no seu livro Neuromancer (Neuromante) esboça uma imagem do futuro da relação simbiótica entre humanos e computadores. Inicia-se com este livro escrito em 1984 uma nova subcultura da era digital, que
“1/ We are those, the Different. Technological rats, swimming in the ocean of information. […] 7/ We are those that see reality in a different way. Our point of view shows more than ordinary people can see. They see only what is outside, but we see what is inside. […] Our real friends are there, on the other side of the line. […] we are all united by one thing--we are Cyberpunks.” Christian A. Kirtchev, in Cyberpunk Manifesto (1997)
“These new technologies try to make virtual reality more powerful than actual reality, which is the true accident. The day when virtual reality becomes more powerful than reality will be the day of the big accident. Mankind never experienced such an extraordinary accident. This is drama. Art is drama. Any relationship to art is also a relationship to death. Creation exists only in regard to destruction. Creation is against destruction. You cannot dissociate birth from death, creation from destruction, good from evil.” Paul Virílio, 1994 in Cyberwar, God And Television
CIBERCULTURA
num primeiro momento era bastante associado aos hackers.Como todos os novos movimentos a revolução digital também teve direito a vários manifestos, incluindo o manifesto Cyberdada de 1990 e Cyberpunk de 1997 directamente ligados a esta subcultura. O manifesto Cyberpunk foi escrito por Christian A. Kirtchev, que nasce em 1979 na Bulgária. O manifesto divide-se em cinco partes, a primeira define o indivíduo Cyberpunk - esta parte foi bastante reformulada na segunda versão do manifesto de 2003, que já define um novo indivíduo que já nasce fortemente ligado ao ciberespaço.
“1/ We are those, the Different. Technological rats, swimming in the ocean of information. 2/ We are the retiring, little kid at school, sitting at the last desk, in the corner of the class room. 3/ We are the teenager everybody considers strange. 4/ We are the student hacking computer systems, exploring the depth of his reach. 5/ We are the grown-up in the park, sitting on a bench, laptop on his knees, programming the last virtual reality. 6/ Ours is the garage, stuffed with electronics. The soldering iron in the corner of the desk and the nearby disassembled radio--they are also ours. Ours is the cellar with computers, buzzing printers and beeping modems. 7/ We are those that see reality in a different way. Our point of view shows more than ordinary people can see. They see only what is outside, but we see what is inside. That’s what we are--realists with the glasses of dreamers. 8/ We are those strange people, almost unknown to the neighborhood. People, indulged in their own thoughts, sitting day after day before the computer, ransacking the net for something. We are not often out of home, just from time to time, only to go to the nearby radio shack, or to the usual bar to meet some of the few friends we have, or to meet a client, or to the backstreet druggist... or just for a little walk. 9/ We do not have many friends, only a few with whom we go to parties. Everybody else we know we know on the net. Our real friends are there, on the other side of the line. We know them from our favorite IRC channel, from the NewsGroups, from the systems we hang-around: 10/ We are those who don’t give a shit about what people think about us, we don’t care what we look like or what people talk about us in our absence. 11/ The majority of us likes to live in hiding, being unknown to everybody except those few we must inevitably contact with. 12/ Others love publicity, they love fame. They are all known in the underground world. Their names are often heard there. But we are all united by one thing - we are Cyberpunks. 3 13/ Society does not understand us, we are “weird” and “crazy” people in the eyes of the ordinary people who live far from information and free ideas. Society denies our way of thinking-a society, living, thinking and breathing in one and only one way-a cliché. 14/ They deny us for we think like free people, and free thinking is forbidden. 15/ The Cyberpunk has outer appearance, he is no motion. Cyberpunks are people, starting from the ordinary and known to nobody person, to the artist-technomaniac, to the musician, playing electronic music, to the superficial scholar. 16/ The Cyberpunk is no literature genre anymore, not even an ordinary subculture. The Cyberpunk is a stand-alone new culture, offspring of the new age. A culture that unites our common interests and views. We are a unit. We are Cyberpunks.” Christian A. Kirtchev, in Cyberpunk Manifesto (1997)
TFYQA (THINK FOR YOURSELF; QUESTION AUTHORITY)
Timothy Leary define o Cyberpunk como aquele que pensa por si próprio. São todos aqueles considerados inovadores, criativos, independentes e excentricos, contudo aos olhos da sociedade são vistos como estranhos, hooligans e traidores. O termo “Cibernauta” remete ao sentido original de piloto – personalização de conhecimento/informação, indivíduo enquanto pensador inovador. Segundo o autor Rudy Rucker, no livro sobre a revista MONDO 2000, o movimento Cyberpunk torna-se mais do que ficção científica, transforma-se num veículo sobre novas formas de pensar.
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We are the neo men. Those new species of homosapiens, that were meant to be born at this age. The way we feel the world, includes the cyberspace as natural. Our first breath take in this world, at the moment of our birth, consisted the dense of electricity flow in wires, the machinery buzz surrounding the place, the data vibrations on information high-ways on air and cable. The way we take technology equals the way others take food, water and air. The data-space it self is the extra element of our environment. But we are that mutation, which is not only ordinary presense of technological tools. Everybody can learn and become to understand technology and new technology, but we are those, who have got it naturally. We are those that see reality in a different way. Our point of view shows more than ordinary people can see. They see only what is outside, but we see what is inside. That’s what we are - realists with the glasses of dreamers. The way we think and look out to the enviorment, the blood that rushes trough our veins, the air that fizzles in our brains - it is that mutation that distinguish us from others. Being a net-head, a technologicalgeek, computer nerd is not it, that’s a sign. We are new; every and each area of the new being is something we take as homely and familiar. We know history and we know it is dead crawling for life. A Cyberpunk is just a label word, the content inside is us - the man and women who are different, most of us are out of understanding. You can call us crazy, mad, insane, strange, weirdos - that is the most close word in your dictionary to cover what you think of something never manifested before. Most of today’s world is meeting a serious change. Some are sticking with the ruins, some are moving ahead letting go of the past. Society, which still does not want to refresh its self, have found the stability of its existence in the old-approved ways of accepting the ordinary and known. But we are none of them. Cyberpunks will always be refreshing. And even those who claim that cyberpunks is dead, will be just the ones that can not see it reborn in the new wave of discoveries. You can’t say that evolution has stopped, or can you? “Cyberpunks”, we are that evolving part. The rebel, who fights for its own survival. And we believe in our strength, because our advantage is that of understanding new phenomenas, which are unclear to the rest, but part of our being.” Christian A. Kirtchev, in Cyberpunk Manifesto (2003)
//Prometeu Herói da mitologia grega, ícone para a filosofia Cyberpunk. Segundo o mito, Prometeu defensor da humanidade, rouba o fogo aos deuses para dar aos homens, Zeus castiga-o ao prendê-lo a uma rocha onde uma grande águia consumia lentamente o seu fígado. Este acto de entrega de informação vai ao encontro aos ideais Hackers de tornar toda a informação de livre acesso.
Erigido em 1961, o Muro de Berlim simboliza a divisão da Alemanha em dois estados antagónicos - a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã resultantes das decisões tomadas na Conferência de Ialta e da derrota da Alemanha nazi. O muro, levantado com o propósito de impedir e controlar movimentos entre as duas partes, isolava a cidade de Berlim e as áreas adjacentes; a RDA pretendia com isso anular movimentações de dissidentes e agentes de espionagem (verdadeiros ou imaginários) e criar dificuldades económicas à cidade de Berlim. Transformou-se num símbolo da Guerra Fria e veio a ser demolido, com pompa e circunstância, quando finalmente as duas Alemanhas se voltaram a reunir, duas décadas mais tarde. A sua queda, iniciada a 10 de Novembro de 1989, simboliza ainda, de modo claro, o fim dos blocos político-militares e da Guerra Fria e põe termo ao receio de uma terceira guerra mundial, que possivelmente seria nuclear.
(infopédia)
//Queda do Muro de Berlim (1989)
“We welcome change and openness; for we believe that freedom and security go together, that the advance of human liberty can only strengthen the cause of world peace. There is one sign the Soviets can make that would be unmistakable, that would advance dramatically the cause of freedom and peace. General Secretary Gorbachev, if you seek peace, if you seek prosperity for the Soviet Union and eastern Europe, if you seek liberalization, come here to this gate. Mr. Gorbachev, open this gate. Mr. Gorbachev, tear down this wall!” Ronald Reagan, 40º Presidente dos EUA – Berlim, 1987
Homo Sapiens significa animais que pensam.
Homo Sapiens Sapiens Cyberneticus
The New Breed
tomorrow. Everything they must do is stretch their hands and feel for the new; give freedom to thoughts, ideas, to words: 6/ For centuries each generation has been brought up in a same pattern. Ideals is what everybody follows. Individuality is forgotten. People think in a same way, following the cliché drilled in them in childhood, the cliché--education for all children: And, when someone dares defy authority, he is punished and given as a bad example. “Here is what happens to you when you express your own opinion and deny your teacher’s one”. 7/ Our society is sick and need to be healed. The cure is a change in the system...” Christian A. Kirtchev, in Cyberpunk Manifesto (1997)
“4 1/ The Society which surrounds us is clogged with conservacy pulling everything and everybody to itself, while it sinks slowly in the quicksands of time. 2/ However doggedly some refuse to believe it, it is obvious that we live in a sick society. The so called reforms which our governments so adeptly use to boast, are nothing else but a little step forward, when a whole jump can be done. 3/ People fear the new and unknown. They prefer the old, the known and checked truths. They are afraid of what the new can bring to them. They are afraid that they can lose what they have. 4/ Their fear is so strong that it has proclaimed the revolutionary a foe and the free idea--its weapon. That’s their fault. 5/ People must leave this fear behind and go ahead. What’s the sense to stick to the little you have now when you can have more
II SOCIEDADE +III SISTEMA
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Surge no início da década de 90 aquilo que Leary chama de nova geração: centrado no indivíduo, na personalização, exposto a memes (ideias que se auto-replicam e espalham-se rapidamente provocando alterações culturais) que acabam por definir todo uma geração como: documentários, música rock, MTV, etc. Este novo movimento não pode ser discutido a nível da politica, sociologia ou psicologia, pertence a uma nova ciência pós-darwinista, denominado de sociogenética, evolução cibernética ou memetica – está ligado à noção de comunicação e transmissão de novas ideias e atitudes. Esta juventude já não quer pertencer a uma democracia socialista ou a uma democracia capitalista, defendem a liberdade individual – a democracia ameaça esta liberdade. Os eleitores tornaram-se apáticos com uma preferência no voto em branco ou abstenção (em Portugal os números de abstenção chegam a valores recordes que põe em causa o próprio sistema democrático). Os baby-boomers foram a primeira geração que utilizaram a televisão para se ligarem a outras realidades, são os primeiros a pertencer à ideia de “aldeia global” teorizado por Marshall McLuhan. A queda do muro de Berlim aconteceu pelas mãos de jovens que procuravam a liberdade individual, as contraculturas do ciber universo só foram possíveis através dos media electrónico. //Actualmente redes como Twitter e Facebook contribuiram para revoluções e manifestações contra a situação político-social, e.g.: manifestações anti-Mubarak no Egipto (2011), que inspiraram várias manifestações similares no médio oriente, teve início no Twitter; Protesto Geração à Rasca em Portugal (2011) que foi convocado pelo Facebook, acabou por se espalhar pelo pais inteiro e motivou uma manifestação com o mesmo nome em Espanha. A nova geração já não funciona à base de obediência e conformismo às dogmas. (Timothy Leary) Baseiam-se no pensamento individual, conhecimento cientifico e troca de informação a grande velocidade. A nova sociedade já não tolera os inovadores, é totalmente constituído por eles. Toda a infraestrutura social terá que se adaptar a esta nova geração. Aquele que controla o ecrã, controla o espectador (Timothy Leary) como o livro de Orwell Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, escrito em 1949, previa um mundo do “futuro” controlado pelo Big Brother, que através de uma das maiores ferramentas de controlo social – os média – conseguia controlar e ser adorado pelo povo que vivia na miséria. Tal como esta secção do manifesto Cyberpunk diz “misinformation is the systems greatest weapon”, apesar de não vivermos numa ditadura como 1984, vivemos numa “informational eclipse”. No entanto, a internet não é controlavel e permite a anarquia - defendido pelos cyberpunks, que afirmam ser a única forma de libertar a informação, sendo que o acesso ao mesmo é o nosso direito enquanto indivíduos.
controlled and in this is its power. 10/ Every man will be dependent on the net. 11/ The whole information will be there, locked in the abysses of zeros and ones. 12/ Who controls the net, controls the information. 13/ We will live in a mixture of past and present. 14/ The bad come from the man, and the good comes from technology. 15/ The net will control the little man, and we will control the net. 16/ For if you do not control, you will be controlled. 17/ The Information is POWER” Christian A. Kirtchev, in Cyberpunk Manifesto (1997)
“6 1/ Some people do not care much about what happens globally. They care about what happens around them, in their micro-universe. 2/ These people can only see a dark future, for they can only see the life they live now. 3/ Others show some concern about the global affairs. They are interested in everything, in the future in perspective, in what is going to happen globally. 4/ They have a more optimistic view. To them the future is cleaner and more beautiful, for they can see into it and they see a more mature man, a wiser world. 5/ We are in the middle. We are interested in what happens now, but in what’s gonna happen tomorrow as well. 6/ We look in the net, and the net is growing wide and wider. 7/ Soon everything in this world will be swallowed by the net: from the military systems to the PC at home. 8/ But the net is a house of anarchy. 9/ It cannot be
Paul Virílio 1994 in Cyberwar, God And Television
“The research on cyberspace is a quest for God. To be God.”
IV VISÃO
Not laws build on the basis of the past. Laws, build for today, laws, that will fit tomorrow. 13/ The laws that only refrain us. Laws that badly need revision.” Christian A. Kirtchev, in Cyberpunk Manifesto (1997)
“5 1/ The System. Centuries-old, existing on principles that hang no more today. A System that has not changed much since the day of its birth. 2/ The System is wrong. 3/ The System must impose its truth upon us so that it can rule. The government needs us follow it blindly. For this reason we live in an informational eclipse. When people acquire information other than that from the government, they cannot distinguish the right from the wrong. So the lie becomes a truth-a truth, fundamental to everything else. Thus the leaders control with lies and the ordinary people have no notion of what is true and follow the government blindly, trusting it. 4/ We fight for freedom of information. We fight for freedom of speech and press. For the freedom to express our thoughts freely, without being persecuted by the system. 5/ Even in the most-developed and ‘democratic’ countries, the system imposes misinformation. Even in the countries that pretend to be the cradle of free speech. Misinformation is one of the system’s main weapon. A weapon, they use very well. 6/ It is the Net that helps us spread the information freely. The Net, with no boundaries and information limit 7/ Ours is yours, yours is ours. 8/ Everyone can share information, no restrictions. 9/ Encrypting of information is our weapon. Thus the words of revolution can spread uninterrupted, and the government can only guess. 10/ The Net is our realm, in the Net we are Kings. 11/ Laws. The world is changing, but the laws remain the same. The System is not changing, only a few details get redressed for the new time, but everything in the concept remains the same. 12/ We need new laws. Laws, fitting the times we live in, with the world that surrounds us.
9-9
As questões da Metafísica são temas recorrentes na literatura e cinema Cyberpunk, segundo Virílio as novas tecnologias questionam a essência humana e convergem para uma nova procura de Deus: Deus ex Machina (deus como máquina). A dualidade corpo/mente de Descartes é várias vezes debatida entre os autores Cyberpunk, aponta para uma vida fora do corpo, uma alma que imerge no ciberespaço. O livro “Ghost in a Machine” de Arthur Koestler, escrito em 1967 (a frase que serviu de título para o livro é de um outro autor Gilbert Ryle) fala sobre este dualismo em que a mente (ou essência/alma) é simultaneamente uma parte e um todo. O corpo pertence ao mundo físico e contêm a mente que pertence ao mundo das ideias, sendo assim imortal e possivelmente independente. Esta ideia de separação corpo/mente é um dos objectivos máximos do Cyberpunk, tal como no livro Neuromancer em que o desejo de viver completamente imergido no ciberespaço da personagem principal é bastante presente. Koestler tem uma visão muito Comportamentalista (teoria da psicologia sobre comportamento humano) deste conceito, explica que o Homem tem tendência de se autodestruir. Que a evolução cerebral é construído sobre o cérebro primitivo, que a qualquer momento pode dominar a parte racional e provocar assim reacções irracionais. Os Cyberpunks manifestam o desejo de destruir a sua parte irracional e viver na informação pura – transcendentalismo - ultrapassando assim as falhas humanas.
“Cyberspace is a new form of perspective. It does not coincide with the audio-visual perspective which we already know. It is a fully new perspective, free of any previous reference: it is a tactile perspective. To see at a distance, to hear at a distance: that was the essence of the audio-visual perspective of old. But to reach at a distance, to feel at a distance, that amounts to shifting the perspective towards a domain it did not yet encompass: that of contact, of contact-at-a-distance: tele-contact.” Paul Virilio 1995 in Speed and Information: Cyberspace Alarm!
COLLECTIVE INTELLIGENCE
“7 1/ Where are we? 2/ We all live in a sick world, where hatred is a weapon, and freedom-a dream. 3/ The world grows so slowly. It is hard for a Cyberpunk to live in an underdeveloped world, looking the people around him, seeing how wrongly they develop. 4/ We go ahead, they pull us back again. Society suppresses us. Yes, it suppresses the freedom of thought. With its cruel education programs in schools and universities. They drill in the children their view of things and every attempt to express a different opinion is denied and punished. 5/ Our kids grow educated in this old and still unchanged system. A system that tolerates no freedom of thought and demands a strict obeyance to the rules... 6/ In what a world, how different from this, could we live now, if people were making jumps and not creeps. 7/ It is so hard to live in this world, Cyberpunk. 8/ It is as if time has stopped. 9/ We live on the right spot, but not in the right time. 10/ Everything is so ordinary, people are all the same, their deeds too. As if society feels an urgent need to live back in time. 11/ Some, trying to find their own world, the world of a Cyberpunk, and finding it, build their own world. Build in their thoughts, it changes reality, lays over it and thus they live in a virtual world. The thought-up, build upon reality: 12/ Others simply get accustomed to the world as it is. They continue to live in it, although they dislike it. They have no other choice but the bare hope that the world will go out of its hollow and will go ahead. 13/ What we are trying to do is change the situation. We are trying to adjust the present world to our needs and views. To use maximally what is fit and to ignore the trash. Where we can’t, we just live in this world, like Cyberpunks, no matter how hard, when society fights us we fight back. 14/ We build our worlds in Cyberspace. 15/ Among the zeros and ones, among the bits of information. 16/ We build our community. The community of Cyberpunks.” Christian A. Kirtchev, in Cyberpunk Manifesto (1997)
V ONDE ESTAMOS?
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“The Art and Architecture of Cyberspace” do livro Collective Intelligence de Pierre Levi, escrito em 1994, debruça-se sobre a noção de ciberespaço. O autor define ciberespaço como o universo de redes digitais, um mundo de interacção e aventura, um sítio de conflitos globais, o próximo passo económico e cultural. Constituído por um espaço vasto e ilimitado, ainda que parcialmente indeterminado, projectado para estabelecer ligações e providenciar um interface para os vários métodos de criação, captação, comunicação e simulação. O termo ciberespaço apareceu pela primeira vez no livro de ficção científica Neuromancer, escrito em 1984 por William Gibson. Contudo, não é um conceito completamente novo, o termo remete para as formas originais de criação e navegação no conhecimento. Esta ideia já tinha sido bastante explorada por: Vannevar Bush no seu artigo “As we may think”, escrito em 1945, apontava para a ideia de materialização e extensão da memória num dispositivo chamado Memex, esboçava-se aqui a primeira noção de hipertexto. Até o trabalho do escritor William Burroughs já indicava este tipo de navegação não-linear, serviu de inspiração para projectos como XANADU de Ted Nelson (1974) seguido do projecto que ficaria conhecido por INTERTNET criado pela CERNE e comercialiazado em 1993. Esta vontade de navegar e aceder num espaço imaterial e totalmente digital foi bastante explorada nas áreas da Realidade Virtual e Realidade Augmentada. Um dos pioneiros da Realidade Virtual Jaron Lanier afirmou que “a essência da realidade virtual é o de partilha”. As potencialidades da RV é o de permitir a existência de uma consciência colectiva, este conceito tem a capacidade de ir alem da interface (ou mesmo de o abolir) e dar lugar a uma experiência imersiva na informação do ciberespaço. Segundo Derrick De Kerckhove, no seu livro Pele da Cultura escrito em 1997, a internet é um cérebro colectivo que vive para trabalhar e produzir informação, onde o único problema é como o utilizador acede e navega por ela. Levi defende no seu texto que o ciberespaço encaminha-nos para uma revolução cultural - a partilha, criação e concepção de conhecimento é uma acção colectiva. Um dos exemplos mais directos da comunidade global e intelligência collectiva é o site da Wikipédia, criado por Jimmy Wales e Larry Sanger em 2001, é uma enciclopédia livre, online, de fácil acesso e contribuição. O utilizador encontra no seu poder: editar e acrescentar conteudo a qualquer entrada da enciclopédia. No entanto, em volta desta plataforma existem alguns receios que não são facilmente controláveis, o próprio conceito que apresenta torna-se no seu maior perigo: QUALQUER utilizador, mesmo sem qualificações ou boas intenções pode editar o conteúdo.
Numa conferência TED de Jonathan Zittrain, entitulado “Random Acts of Kindness”, professor de direito da Universidade de Harvard (EUA), fala sobre este fenómeno da Wikipédia e como a comunidade global da internet tem evoluido bastante. Apesar da geração da internet ser acusado de apatia, vão acontecendo de vez em quando pequenas atitudes e acções de bondade, no caso da Wikipédia foi criado um grupo Anti-Vandal Initiative que luta contra os actos de vandalismo a que artigos podem ser sujeitos. Começam a surgir novas leis de utilização da internet que já não pertencem ao campo tecnológico, mas às noções de ética. São estas pequenas acções que remetem à ideia de Levi de revolução cultural das comunidades no ciberespaço, e de certa forma a motivação do manifesto Cyberpunk de ‘97. Kirtchev defende esta ideia de comunidade e revolução sociocultural, explicita a vontade de converter a pessoa comum, que tem medo das possiveis consequencias das novas tecnologias, para um utilizador ávido da tecnologia. Contudo, o panorama actual já aponta para um novo clima social online, tal como refere Zittrain, as acções cívicas vão transformando a noção de comunidade global. Já pertencemos à era das redes sociais: Twitter, Facebook, Youtube, etc. Criamos a tal dependência ou associação simbiótica com estas redes, como referia Timothy Leary, já não nos imaginamos a viver sem eles. Com o aumento de dispositivos que permitem aceder às redes a dependência aumenta ao ponto de existir uma certa obrigação em pertencer, pelo risco de ser excluído do acesso à informação. Permanece a pergunta: será realmente necessário? Será isto que os Cyberpunks ambicionaram?
O manifesto Cyberpunk termina nesta frase, bastante apropriado para o contexto descrito aqui. Reforço a importância deste manifesto para o nosso contexto social, politico e cultural. Este slogan constrói a ponte entre este tema, muitas vezes irreal, e a realidade actual. Recorrente em praticamente todas as manifestações sociais especialmente do século XX e XXI, “Fight for you rights” é um grito de liberdade, de consciência colectiva e de vontade de mudança. Muitos discutem acerca do fim do Cyberpunk, se o movimento foi absorvido pela cultura mainstream. Segundo Leary a geração a partir dos anos 90 já tem outros objectivos, que acabam por ter como base a ideologia Cyberpunk. Contudo, é uma geração mais optimista em relação ao futuro e que já nascem familiarizados com as tecnologias digitais.
“8. UNITE. FIGHT FOR YOUR RIGHTS!”
CONCLUSÃO
E1. MA.NI.FES.TO-ME - SÍNTESE DCV DANIELA PRETORIUS FBAUL 2011
FICHA TÉCNICA
CAPA + CONTRACAPA LA JETÉE PAG 1 MONDO 2000 PAG 2 MONDO 2000 PAG 4-5 VIC KELLER - TIMOTHY LEARY, CAOS AND CYBERCULTURE PAG 7 E 9 TIMOTHY LEARY, CAOS AND CYBERCULTURE PAG 10-11 GHOST IN A SHELL + AKIRA PAG 12 LA JETÉE
ÍNDICE DE IMAGENS
1. INTRODUÇÃO 2.CYBERPUNKS, CYBERSPACE, CYBERSPACE 2.CONTRACULTURAS 3.CIBERCULTURA 3.CYBERPUNK 4.TFYQA 6.SOCIEDADE E SISTEMA 7.NEW BREED 8.VISÃO 10.ONDE ESTAMOS? 11.COLLECTIVE INTELLIGENCE 12.CONCLUSÃO
ÍNDICE
La Jetée (1962) Chris Marker THX 1138 (1971), George Lucas Clockwork Orange (1971) Stanley Kubrick Blade Runner (1981) Ridley Scott Tron (1982) Steven Lisberger Videodrome (1983), David Cronenberg Akira (1988) Katsuhiro Otomo Total Recall (1990) Paul Verhoeven Johnny Mnemonic (1995), Robert Longo The Matrix (1999) Andy e Lana Wachowski
CINEMA
Sex Pistols – Nevermind the Bollocks Billy Idol – Cyberpunk Massive Atack - 100th Window Black Lab – Technologie Daft Punk – Human After All
MUSICA
TED Random Acts of Kindness (Wikipédia) – Jonathan Zittrain Cyberpunk documentário Ghost in a Shell (1989-1997) de Masamune Shirow
MULTIMÉDIA
Cyberwar, God And Television: Interview with Paul Virilio «http://www.ctheory.net/ articles.aspx?id=62» http://project.cyberpunk.ru/
ONLINE
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BIBLIOGRAFIA
REFERÊNCIAS
STEVEN LEVY - THE HACKER ETHIC: ACCESS TO COMPUTERS SHOULD BE UNLIMITED AND TOTAL. ALWAYS YIELD TO THE HANDS-ON IMPERATIVE ALL INFORMATION SHOULD BE FREE. MISTRUST AUTHORITY–PROMOTE DECENTRALIZATION. HACKERS SHOULD BE JUDGED BY THEIR HACKING. YOU CAN CREATE ART AND BEAUTY ON A COMPUTER. COMPUTERS CAN CHANGE YOUR LIFE FOR THE BETTER.