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Fotografia: Phil Poynter
Pólo com cerca de 1.000 crocodilos bordados, resultante da colaboração entre a Lacoste e os Irmãos Campana. Toda a gama de pólos desta exclusiva colecção é fruto do trabalho artesanal das costureiras da Coopa Roca - associação de responsabilidade social da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Christophe Depois de ter assumido o controlo criativo da Lacoste em 2001, a marca do mundialmente famoso “crocodilo verde” assistiu a um notável (e necessário) ressurgimento da sua identidade na indústria da moda. Responsável por trazer um toque contemporâneo e casual chic à marca francesa, Lemaire soube modernizá-la, aliando sabiamente “l´air du temps” ao estilo clássico criado em 1933 pelo seu fundador, o legendário tenista René Lacoste. POR JOANA JERVELL
O que consideras ser o ADN da Lacoste? Além do icónico logótipo - o crocodilo -, penso que toda a gama de produtos da Lacoste partilha um ADN especial. Uma combinação de desporto e estilo, uma referência ao seu património mas sempre com um olhar direccionado ao futuro.
Depois de quase 10 anos a trabalhar com a marca, como tem sido a experiência até agora? Fantástica! Adoro a Lacoste porque representa a elegância desportiva e o casual chic, é fácil de vestir, confortável, alegre…é uma marca positiva associada ao estilo. É intemporal. Como lidas e desfrutas do desafio de manteres o legado desta marca histórica e simultaneamente imprimires nela a sua “assinatura”? Sempre respeitando a herança das raízes da marca sem estar ancorado ao passado. Para conseguir isto crio, para cada colecção, peças clássicas, modernas e “frescas” dentro do tradicional look preppy (formal e clean) mas dando-lhe um twist de modernidade. Quando percebeste que querias fazer parte do mundo da moda? Estava a estagiar na Yves Saint Laurent e a trabalhar como Dj ao mesmo tempo. Tive que optar pela profissão que queria seguir e escolhi a moda. Ainda levo a música no coração e, esporadicamente, costumo tocar em festas. O que tentas comunicar através dos teus designs? Moda eterna. Actualmente estou mais interessado no “estilo” do que propriamente na componente “moda”. Acredito que o verdadeiro estilo deve ser o reflexo da nossa própria personalidade, a expressão da alma. E isso pode naturalmente evoluir através da experiência de vida de cada um, com o seu ritmo próprio, e não através dos conceitos ditados pelo negócio e pelos media.
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Fala-nos um pouco da recente colaboração da Lacoste com a dupla de designers brasileiros - os Irmãos Campana - para a “Holiday Collector Series”. Para a “Holiday Collector Series” deste ano - iniciativa em que desafiamos um designer que não esteja ligado à área da moda para reinterpretar o clássico pólo da Lacoste – Fernando e Humberto Campana criaram uma gama exclusiva de 20 000 pólos baseada na famosa cadeira da dupla intitulada “Alligator”. Há 4 modelos, nas versões feminina e masculina, que apresentam variadas combinações realizadas a partir do icónico crocodilo da marca. Ambas as edições limitadas e super limitadas foram produzidas em colaboração com a Coopa-Roca, uma associação de responsabilidade social na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Até que ponto é importante para a Lacoste desenvolver este tipo de colaborações artísticas? Muito importante. Adoramos colaborações estimulantes e estamos continuamente a trabalhar com artistas como fotógrafos, designers ou músicos para criar projectos especiais. Qual a inspiração para a colecção Outono/Inverno 09/10? Esta colecção é sobre cores puras e elegância descontraída. É quente e confortável, mas claramente mais abstracta e menos referenciada que as anteriores. Quanto ao desfile, procurei que se focasse no lado chic e sofisticado da Lacoste.
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Quais os teus looks favoritos da colecção? Adoro o charme e o look masculino popularizado pela actriz Diane Keaton em Annie Hall, que inclui gravatas e camisas no mesmo tecido coordenadas com chinos de homem (1). Também posso destacar o grupo de volumosos casacos em lã de dupla face, com acabamentos de fitas e grandes molas em metal, sobre macacões em lã macia conjugados com um gorro que é simultaneamente um cachecol (2). Finalmente, a capa cujo drapeado funciona como um vestido (3) e a gabardine plástica transparente usado por cima de uma camisola de gola alta e calças a combinar são igualmente os meus looks favoritos (4). O “melhor” de ser o director criativo da Lacoste? A Lacoste é uma excelente marca e o seu património permite-me criar projectos que façam sentido. Quando trabalho para Lacoste deixo-me emergir no seu universo, nas suas raízes, no seu espírito: sinto que o meu papel é o de traduzir o espírito intemporal da marca através de uma linguagem contemporânea, e adoro este desafio! Como ocupas normalmente o teu tempo livre? De vez em quando adoro jogar futebol ao Domingo à tarde com o meu filho e amigos. Algum sonho/ambição ainda por alcançar? Admito que posso ser, provavelmente, um músico frustrado…mas faço a minha vingança no karaoke! Risos.