Revista Leque #1

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UM EXPERI( MENTO EDI( TORIAL DO UNIVERSO FURTACOR


A revista Leque é um experimento editorial da marca Furtacor. Nasce a partir do conceito de que uma marca é muito mais do que seus produtos, é uma combinação mágica das filosofias dos seus clientes, das histórias incríveis dos seus criadores, do universo que entorna a criação dos seus produtos e de toda informação deliciosa que nos alimenta todos os dias. A Leque é um ventilador editorial de textos, fotos, músicas, filmes, ilustrações e diversão. Essa publicação não tens fins lucrativos. A Leque é onde repousa nossos sonhos, desejos e pensamentos, por isso, merecem ser compartilhados e entregues de corpo e alma. todo o conteÚdo É de responsabilidade de seus autores e nem sempre irão compartilHar da mesma opinião da marca furtacor. alguns teXtos são livres para reproduÇão. essa obra É licenciada pelo creative commons.

AtribuiÇão – Não Comercial – CompartilHa Igual CC BY-NC-SA Esta licenÇa permite que outros remiXem, faÇam tWeak e construam sobre o esse trabalHo não comercialmente, contanto que atribuam crÉdito a ele e licenciem as novas criaÇões sob os mesmos termos.


ÍNDICE EN( TRE( VISTA

verso & prosa

LINK

EDITORIAL

ge( léia geral

muito além dos jardins

cozinha das meninas

on the road

LEIA!

SOCIEDA( DE ALTER( NATIVA

trevas no cinema

Música pessoaL

EXPE( DiEN( TE PROJETO CRIADO E DIAGRAMADO POR JOÃO FAISSAL, IMAGINÁRIA.

editorial por rita braga.

capa fotografias de cris&dani

COLABORADORES arthur pessoa, brÁulio tavares, fernando trevas, tiago araÚJO,


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EN� TRE� VISTA COM josé RUFI( NO


Zé Rufino, Quando criança qual era a resposta que você dava aquela clássica pergunta (O que você vai ser quando crescer(? Respondia logo que ia ser geólogo e um pouco mais crescido já respondia que ia ser paleontólogo. Desde cedo já gostava das ciências da natureza e fui uma espécie de pequeno naturalista, sempre investigando os terrenos por onde andava, coletando rochas, minerais, fósseis, sementes, ossos, folhas velhas, besouros e todo tipo de coisas estranhas. Adorava livros velhos e viajava nas figuras de vulcões, nas estampas de insetos e de todo tipo de assunto da natureza e de viagens de exploradores.


! J

osé Rufino vive e trabalha em João Pessoa. Desenvolveu sua jornada artística passando da poesia para a poesia-visual e, em seguida, para a arte-postal e desenhos, nos anos 80. O universo do declínio das plantações de cana-de-açúcar no Brasil conduziu seu trabalho inicial em desenhos e instalações com mobiliário e documentos de família e institucionais. Filho de ativistas políticos presos pela ditadura do regime militar brasileiro nos anos 60, o artista é também muito conhecido

MAS PERAÍ... JÁ COMEçOU A ENTREVISTA E NEM APRESENTOU O RAPAZ? QUE FALTA DE COMPOSTURA, MENINO! FALE LOGO, vÁ! APRESENTE O MOçO!

pelos seus impressionantes trabalhos de caráter político. Ultimamente, tem realizado incursões na linguagem cinematográfica e desenvolve cada vez mais um trabalho misto de monotipias/móveis/ objetos e instalações. O diálogo dicotômico entre memória e esquecimento contamina seu trabalho por completo. Em 2012 participou na SP-Arte, Divortium Aquarum na Sala A Contemporânea, no CCBB/Rio de Janeiro; Em 2011, expôs a obra 28.01.79 no 12º Festival de Areia, em Areia-PB; e Divortium Aquarum,

como artista convidado do Prêmio Energisa de Artes visuais, em João Pessoa-PB; Em 2010, expôs Aenigma na Galeria Milan em São Paulo; Blots & Figments, no Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, EUA; e Faustus, no Palácio da Aclamação, em Salvador. Participou da 25ª Bienal Internacional de São Paulo e de exposições coletivas como Caminhos do Contemporâneo, no Paço Imperial (Rio de Janeiro), ambas em 2002; da ARCO – Feira Internacional de Arte Contemporânea, em Madri, Espanha, em 2001; e de L’Art dans le Monde,

no Pont Alexandre III, Paris, em 2000. Realizou exposições individuais na galeria Virgílio em São Paulo, no ano de 2008; na Galeria Amparo 60 e no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, em 2005; no Museu Vale, Vila Velha – ES, em 2003; na Adriana Penteado Arte Contemporânea, São Paulo, em 1998; e no Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro, em 1996. As investigações mais recentes do artista tratam da falência irreversível do corpo e das memórias.



Em que momento você se descobriu ou se reconheceu artista? Essa descoberta aconteceu enquanto morava no Recife, nos anos 80. Era a época de aprofundar minha compreensão do mundo e da existência, de me envolver com os movimentos políticos e, especialmente, artísticos. Na mesma medida em que avançava nos processos da ciência, cursando Geologia, também sentia necessidade de me expressar, o que veio primeiro através da poesia, seguida pela poesia visual e arte postal, para, finalmente, ainda nos anos 80, entrar no campo dos desenhos e das pinturas. A arte veio para completar, para me oferecer uma possibilidade de transgressão do estado das coisas. A paixão pela literatura ajudou muito a botar fervura na minha capacidade criativa. Era um caldo grosso de desejos e ideais, misturado com João Cabral de Melo Neto, Manoel Bandeira, Ezra Pound, irmãos Campos, Gabriel Garcia Marques, Borges e tantos outros.

Você é realmente um cara multifacetado. Artista, geólogo, professor, escritor, poeta, colecionador, historiador (me corrija se omiti ou confundi algo...) Como é conviver com tantas facetas e administrar harmoniosamente tudo isso? Aos poucos fui desenvolvendo estratégias de pensamento e trabalho. O fato de ser um pesquisador ajuda muito a organizar, planejar e escolher métodos de trabalho. Hoje, cada uma das minhas atividades alimenta as outras, complementa, transforma. Claro que, do ponto de vista prático, o trabalho de pesquisador e professor é muito mais cheio de regras e procedimentos, mas o artista também segue um curso, também tem certos métodos e interesses, desde os estéticos até os políticos.


Qual o momento mais importante ou marcante de sua carreira? Acho que esse momento acontece continuamente, em cada nova obra, em cada desafio, em cada momento de dúvida sobre uma determinada escultura, instalação ou desenho. Acontece em cada momento de repensar a função da arte, em cada necessidade de reinventar tudo, de recomeçar, mesmo quando ninguém percebe que isso está acontecendo. O trabalho de arte é cheio de prazeres e conflitos e é preciso acreditar que cada pequena obra carrega a possibilidade de uma pequena revolução.

Você é um artista reconhecido internacionalmente, um cosmopolita, como é ser artista na Paraíba? Em alguns pontos é difícil sob aspectos técnicos e de logística de trabalho, especialmente transporte de obras, e também pela falta de um ambiente favorável ao diálogo e à visibilidade da produção. A arte contemporânea ainda não encontra um ambiente favorável na Paraíba. Ela pode ser perigosa para as instituições, pois pode fazer pensar, pode trazer questionamentos incômodos para quem está no poder. Por isso se dá mais espaço às categorias mais populares, como arte primitiva ou armorial. Mesmo assim, morar e produzir a maior parte das minhas obras na Paraíba é algo que eu não posso abrir mão, pois é isso que me permite um mergulho mais particular e mais silencioso. É aqui que eu encontro os elementos principais que trazem a potência que eu preciso para meu trabalho.


Fale um pouco sobre projetos passados e futuros...

Tenho pensado muito em maneiras de retomar os trabalhos sobre desaparecidos políticos, iniciados no começo da década passada. A criação da Comissão

da Verdade quase me força a retomar o tema e pode ser que eu retome a instalação Plasmatio. Pode ser que eu recomece a escavação desse período grotesco

da nossa história. Para- além da conclusão de lelamente, darei conti- meu primeiro romannuidade à produção de ce. obras para os projetos já agendados para São Paulo, Rio de Janeiro, Berlim, Porto e Recife,


Qual a pergunta que nunca lhe fizeram mas você tem a maior vontade de responder?

Nunca me perguntaram por que eu sou artista, pelo menos eu não me lembro e tampouco saberia responder. No entanto, tenho a maior vontade de saber dizer claramente porque faço trabalhos de arte. Às vezes chego perto de pensar que é algo quase patológico, já que parece completamente vital. Eu poderia, certamente, viver sem arte, mas ai não saberia dizer o que seria a vida.


2 &

VERSO

PROSA

por tiago araĂšJO imagem por iam ogi, flickr


é você? é a primeira vez que te escrevo. vê. vê? (uso até as costas da mão nisso) nisso que começou sabe-deus-onde e hoje, que parece ou virou, a tampa do meu crush minha escolha e desejo. tanto inacabar de detalhes descobertas casuais causuais tanta cor furta-me cor troca meu som

deixa cheiro e melodia e palavras (tão novas, virgens e descabeladas). misturam-se os três no dégradé da memória e viram o novo. lembrado tanto que fosse melhor que a partir de agora, se chamasse vintage. e toda hora não quero dizer nunca. não por necessidade por um não-se-apresse , não-se-avexe ou paixões assim. mas, apenas por ser. talvez ficar talvez cinema, rádio ou tv talvez, outra vez. quantas mais. todas mais. e também pelo seu jeito no dizê – seus colares astro-ancestrais – e com certeza, por ser você.


imagem por pedro ribeiro sim천es, flickr


v d r G a ida e

D

aqui até as duas luas que você enxerga nada mais é verossímil. Nada é tão sincero. Nada mais é impossível. Daqui até as duas luas que você enxerga, eu não vejo o absurdo. Só a verdade. E os baús que nunca se fecham. Daqui até as duas luas que você enxerga, eu sou a espiral que não existe e também as ondas que se cruzam. Sou o vapor de velhas estações de trem, um fantasma que atravessa os vagões procurando seus pares, ou até os ímpares. Daqui até as duas luas que você enxerga somos João e Maria. Às vezes, Pedro e o Lobo, o cordeirinho com sede e o leão faminto. Mas somos a resistência do ar, a gravidade, e todas as leis de Newton ou qualquer outro que tenha pensado sobre tais impossibilidades. Daqui até as duas luas que você enxerga, existe um corredor. Crivado de luz e existência. E tantos passados. E hastes flexíveis como a memória. E um carro parado na rua sendo observado por um vizinho que não teve tempo de pegar a câmera e filmar a obscenidade que sua boca despejava no meu corpo. Daqui até as duas luas que você enxerga, só havia um momento. Tempo o bastante para a língua dizer o arrepio que carreguei em minha cueca pelo resto da noite. Pelo resto da vida e pelo tempo que mantive a sensação dos seus lábios e gostos e cheiros. Daqui até as duas luas que você enxerga, a música era a ligação e o barulho que nunca acaba. Nunca enjoa e nunca sente falta. Daqui até as duas luas que você enxerga, e eu não duvido disso, havia mais demônios que no inferno e mais nomes do que as palavras escritas em todos os escritos sagrados, hebraicos, hindus, mandarins, escandinavos, gregos e maias. Daqui até as duas luas que você enxer-

ga só o calor sentia saudade, só o medo perdia a vaidade, só havia sentidos. Nunca sentimentos. Mas não eram as luas, não era a espiral e menos ainda um carro parado na rua. Eram faíscas de cabelos cinza se fundindo aos cor-de-abóbora. Daqui até as duas luas que você enxerga (queria eu enxergar assim), queria ver tudo dobrado. Queria duplicar o número de estrelas, triplicar os grãos de areia das praias que nunca fomos, queria quadriplicar as moléculas do ar que me rodeava e não queria mais nada. Só isso. Daqui até as duas luas que você enxerga o tempo era tão elástico que mesmo o chiclete derretido no asfalto ou as bitucas que se acumulavam no pulmão eram os nutrientes da madrugada que começava a nos vestir. Daqui até as duas luas que você enxerga o eterno retorno não era mistério algum para qualquer filósofo com um leve retardo mental. E tantos eram os Robespierres cortando as cabeças dos franceses, gauleses, neandertais, nazistas e africanos em guerra no século quatorze, que ninguém sentia a surpresa do fato que nunca acabava e tampouco a ojeriza que um dia a moral pensou sentir. Daqui até as duas luas que você enxerga éramos só nós dois. Éramos a voz e seu dono vivendo em guerra de pratos, e facas, e mãos sobre o jeans ressecado pelos séculos da sua própria essência, e dedos sob calcinhas. Lambendo o mel da falta de inocência e cheirando os dedos por horas e dias. Daqui até as duas luas que você enxergava, eu não via nada, não sentia nada, e tudo o que havia era só a lua nova, cheia talvez, cegando meus pensamentos, queimando meus olhos com frieza e sendo a mesma superfície cheia de pegadas da NASA, um dragão e um cavaleiro.


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LINK por brテ「lio tavares eXtraテュdo do mundofantasmo.blogspot.com.br imagem por rosino, flickr


A MATÉRIA DOS SONHOS J

orge Luis Borges fala, em seu conto “Tlön, Uqbar, Orbis Tertius”, de um planeta fantástico em que as coisas são criadas pelo pensamento. Por exemplo: Fulano perde uma caneta no escritório e pede aos colegas que a procurem. Depois, percebe que tinha deixado a caneta em casa, mas esquece de avisar. Um dos amigos, movido pela expectativa de que a caneta está no escritório, encontra-a e entrega ao dono, que agora tem duas canetas idênticas. Em outro exemplo, ele fala de uma expedição arqueológica em que os trabalhadores recebem uma descrição prévia dos artefatos que se espera desenterrar ali; eles são encontrados, mas sempre com alguma deficiência, devido aos ruídos de comunicação no processo. Encontram, por exemplo, moedas enferrujadas que têm gravada uma data posterior à da escavação. Oscar Wilde, que muito influenciou Borges, dizia com razão que é mais frequente a vida imitar a Arte do que o contrário. Vejam por exemplo o caso do filme O Falcão Maltês, o clássico do filme policial “noir” dirigido por John Huston. O falcão é uma estátua negra que se diz valer mais de 2 milhões de dólares, e pela qual os indivíduos traem e assassinam uns aos outros durante uma hora e meia. Era um filme “B”, estreia do diretor (Huston só tinha trabalhado até então como roteirista). Humphrey Bogart, que interpreta o detetive Sam Spade, fez o filme inteiro usando suas próprias roupas, de tão minguado que era o orçamento. Para o falcão foram

confeccionadas algumas estátuas de cobre, outras de resina (mais leves). A fabricação de todas elas juntas custou cerca de 700 dólares. Estas estatuetas valem hoje cerca de 2 milhões de dólares, ou seja, exatamente o que o falcão valia no filme (e mais, também, do que o orçamento completo do filme). Por que? Contêm jóias, tesouros? Não: contêm (na frase famosa de Sam Spade que encerra o filme) “a matéria de que os sonhos são feitos”. Todas as riquezas humanas são riquezas simbólicas. Valem porque acreditamos que valem. Um cheque ou uma nota de 100 reais só valem isto por uma convenção, um acordo tácito. O papel de que são feitos não pode valer tanto. Os falcões valem porque o filme tornou-se (indiretamente; não foi feito com este propósito) um enorme comercial despertando nas pessoas o desejo de possuí-los, porque se tornaram símbolos de algo famoso. É o nosso desejo que os torna reais, em primeiro lugar, e depois os torna valiosos. Uma frase famosa de G. K. Chesterton diz que “os romanos não amavam Roma porque ela era uma grande cidade; ela se tornou uma grande cidade porque eles a amaram”. É o sonho nosso que projetamos nas coisas que as faz crescer de importância e de valor. A Bolsa de Valores, p. ex., surgiu de início como uma aferição do valor das empresas, e depois virou um sistema de avaliação que depende mais do estado de espírito de compradores e vendedores (seus sonhos, expectativas e ilusões) do que da solidez da empresa em si.


4 EDI( TO( RIAL



estilista rita braga fotos por cris&dani maquiagem de alysson modelaram camila sales, josy silva, sara lorena, marcos vinĂ­cius e joĂŁo faissal obrigado a ramon, krysna, fadas, gnomos e duendes do quintal













MAKIN


NG OF


imagem por duald flip flop, flickr


5

gelĂŠia geral nossa caixinha de surpresas e delĂ?cias apanhadas pelo mundo.


geléia geral

mÁ C R

CO


ÁS( CA( RAS DE OR( DA

A

chado pelo Pinterest, o rosto disforme me lembrou o Elephant Man, do David Lynch. As combinações de cores e os detalhes da costura do tecido me deixaram curioso. Quando visitei a página do projeto, me deparei com esse depoimento: “Mesmo parecendo que essas máscaras dizem algo, isso acabou começando por um experimento. Eu queria ver se, costurando uma corda, poderia transformá-la em um tapete plano. Invés de plano, o tapete acabou ganhando curvas. Quando estava prestes a abandonar o processo, Vladi veio com a ideia de transformá-las em máscaras. As possibilidades são infinitas, estou vendo novas máscaras todos os dias.” Bertjan Pot é um design de produtos holandês com um material experimental incrível. Vale a pena uma visita na sua casinha: www.bertjanpot.nl




gelĂŠia geral

gave


Gavetas. O que guardam tanto nas gavetas? De tantos tamanhos, cores, materiais, maçanetas, formas, espaços... guardam memórias, anotações, objetos, papéis, documentos, e tudo mais que você conseguir colocar dentro delas. São pequenos universos onde nos reencontramos, onde descobrimos e revelamos. Salvador Dali amava as gavetas e dizia homenageando uma grande descoberta sua, a Psicanálise: “A única diferença entre a Grécia imortal e a época contemporânea é Freud, que descobriu que o corpo humano, que era puramente neoplatónico na época dos Gregos, está hoje cheio de gavetas secretas que só a psicanálise é capaz de abrir”. E suas gavetas? Que guardam?

etas


6 muito alÉm dos jardins


PI( TAYA ou dra( L gon( fruit Hylocereus undatus

á pelas bandas da Tailândia, vietnã, Laos... Ele é vulgarmente chamado pelo nome de “Dragon fruit”. Está sempre presente nas barraquinhas de sucos que enchem as ruas de Bangkok, Luangprabang, Hanoi... E enchem também os nossos olhos, nos deixando de água na boca com tantas cores, sabores, texturas e perfumes... Mas por aqui o tal do dragon fruit se traveste de Pitaya, e não dá tanta pinta assim. É meio metido a besta e só é encontrado nos grandes supermercados, desses que tem de um tudo, ou então nas ceasas das grandes cidades. Eu por acaso tenho uns pezinhos no meu quintal e um deles já tá dando os primeiros frutos. Além de lindos são tão charmosos... Tem o amarelo, o vermelho e branco por dentro, e o todo vermelho, cada um mais colorido do que o outro... Mas aqui pra nós, ele é muito mais bonito do que gostoso e lembra um pouquinho uma alcachofra? Ou será que eu tô viajando... Ah! Essas frutas exóticas me fascinam, me piram!


O velho e bom Melão de São Caetano Momordica charantia

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á no nosso quintal nasceu um pé de melão de São caetano. Era todo tímido, pequenininho... De repente cresceu, enramou pelo muro, subiu nas paredes e está vigoroso e belo, principalmente quando seus frutos amadurescem e se abrem mostrando aqueles sementes de um vermelho vivo. Então resolvi mostrar aqui as suas características e propriedades terapêuticas. É uma belíssima trepadeira de origem Africana, bastante comum no Brasil. Os frutos são comestíveis e a planta tem muitas propriedades medicinais. Na Índia é utilizado para fabricar cerveja e na Europa, prepara-se um famoso picles (conserva). As folhas retiram manchas da roupa.

Descrição da planta: Trepadeira de até 5 metros dotada de gavinhas, apresenta caule fino e sulcado de cor verde. As folhas são alternas, com 5 a 7 lobos sinuados, dentados e opacos, sustentados por longos pecíolos. As flores são solitárias, com 5 pétalas, de cor amarelo-palida. Os frutos são bagas amarelo douradas que divide-se em três compartimentos, contendo sementes envolvidas por substância vermelha comestível. Os frutos jovens podem ser comidos crus em saladas, já os maiores podem ser fritos ou cosidos, não esquecendo de tirar as sementes. Propriedades Medicinais: As folhas servem para regularizar o fluxo menstrual, combatem a leucorréia e aliviam as cólicas intestinais, além de exterminar vermes intestinais. As folhas transformadas em suco agem contra sarna e afecções da pele. Tem propriedades antidiabéticas, antileucêmica, antitumoral e antiviral. Usada também no Tratamento da anemia e hemorróidas. A polpa das sementes misturada com vaselina, converte-se num poderoso ungüento que faz supurar tumores, furúnculos e abscessos etc…


imagem por rosino, flickr


7 imagem por martin soler, flickr


Cozinha Meninas das

por rita baiana

D

e azulejos psicodélicos. Com um abajur lilás, pra afastar os mosquitos. Uma chaleira sempre quente. Panelas de cobre reluzentes. Pinguim em cima da geladeira. A fruteira cheia de frutas frescas. Um bom vinho respirando, pra brindar com os amigos. Peixes e mariscos no freezer, para o almoço de domingo... Cheiro de alho, ervas, cebola, flores, manjericão, gengibre, dendê, pimenta, leite de coco, açafrão... Um monte de cositas colhidas no quintal... A cozinha da nossa casa é puro coração.

A cozinha das meninas é assim mesmo, arejada, criativa e saborosa. Cheia de cores, liberdade, bom humor, alegria, memórias afetivas... E janelas, e portas, sempre abertas! Essa é nossa proposta, trazer pra cá um pouco do que a gente compartilha no dia a dia, além de muitas receitas interessantes garimpadas pelos “cooking class” mundo afora, pelas cozinhas de nossas avós e tias, enfim, um Leque de aventuras gastronômicas... Então vamos começar pela receita mais fácil, e rapidinha, aquela que não pode faltar nos festejos de última hora...


GUA( CA( MO( LE


Ingredientes 01 abacate grande e maduro 01 tomate bem vermelhinho 01 pimentão pequeno ( pode ser amarelo, verde ou vermelho, lembrando que o verde é de sabor mais forte, né?) 01 pimenta dedo de moça sem sementes, (ou jalapeña, ou mesmo malagueta. Mas tome cuidado com a malagueta, arde mais!) 01 cebola média ou grande 02 talinhos de cebolinha verde 02 limões médios 01 pitada de sal

Modo de preparo Pique bem picadinho o tomate, a cebola, o pimentão, e a cebolinha verde. Amasse bastante o abacate com um garfo até ficar bem homogêneo, pique a pimenta bem picadinha ou então amasse-a. Misture tudo, esprema os limões, coloque o sal e mexa bastante. Enfeite com um galhinho de salsa, se preferir mais picante, jogue uma pimentinha ralada por cima. Então sirva com uns tacos, ou então com Doritos mesmo... Convide os amigos e festeje a vida. Olé!!! Viva el méxico! Ah! Se tiver mais de cinco pessoas, ou se a larica for grande, dobre a receita!


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ON( THE( ROAD ISTAMBUL, turquia


BALIK EKMEK UMA DELÍCIA EM ISTAMBUL

É

imperdível fazer um passeio de barco pelo estreito de Bósforo, e na volta (ou na ida) comer um sanduíche enorme e bem baratinho, de peixe grelhado, o tal famoso “Balik Ekmek”, com picles e chá, no cais do porto. A estrutura é super simples, bancos de madeira bem baixinhos, mesas pequenas, não rola álcool, os sanduíches são feitos dentro dos barcos e servidos no cais, por uns pescadores de roupas exóticas, no meio do povão, um barulho danado de vozes gritadas em turco. A gente não entende bulhufas mas é tão caótico e divertido... Sem contar que o sanduba é delicioso, o visual ao redor é massa, e a gente se mistura geral com as pessoas do lugar... Recomendamos!



trevas no cinema

9 por FERNANDO TREVAS


O cineasta que veio do Norte

O

cinema nos cativa pela sua capacidade de contar histórias emocionantes, mas também por revelar pessoas, paisagens e situações distantes do nosso cotidiano. O documentário cinematográfico, gênero que ganha cada vez mais espectadores, nos convida a conhecer de perto um novo mundo. É o caso dos filmes do cineasta canadense Pierre Perrault, nome quase desconhecido no Brasil, e que terá sua obra exibido em algumas das nossas cidades. Perrault (1927-1999) filmou as várias faces da vida do Quebec, a parte francesa do Canadá. Em sua obra agricultores, pescadores, indígenas, antropólogos e arqueólogos, através das suas experiências de trabalho e de vida contam como se forma uma nação, com suas riquezas e suas contradições. Em uma série de filmes dedicados a uma região agrícola do norte do Quebec, Perrault acompanha a luta de Hauris Lalancette. Durante a crise econômica da década de 1930, o pai de Hauris, assim como outros desempregados das grandes cidades, foi incentivado a migrar e tornar-se produtor rural. Hauris cresceu em uma fazenda, e contra inúmeras dificuldades lutou para mantê-la. Na década de 1970, o governo canadense decidiu transformar as fazendas em grandes florestas de pinheiros, matéria-prima para as fábricas de papel. O que parece ser um simples relato da vida econômica e social do Quebec torna-se um drama humano de grande comoção na série de filmes do chamado Ciclo de Abitibi. Hauris, um personagem verdadeiramente fascinante, nos convida a compartilhar sua luta por uma vida simples em uma fazenda, que torna-se um sonho cada vez mais distante.


MÚ( 10 SICA PES( SOAL Elvis Boamorte e os Boas Vidas

www.myspace.com/elvisboamorteeosboavidas

por arthur pessoa

Vem da capital sergipana uma das ótimas revelações da nova música independente nordestina. Elvis Boamorte e os Boas Vidas faz um som dançante e bem executado, com letras inteligentes, carregando no sotaque influências musicais que vão de Fela Kuti ao Clube da Esquina, passando por Luis Gonzaga e Jorge Bem. Formado por Elvis Boamorte (Voz e guitarra); Allen Alencar (Guitarra e vocal); Rafael Findans (Baixo); Gustavo Furiba (Bateria) e Vinicius Bigjohn (teclado e vocal) o grupo se prepara agora para lançar o seu primeiro álbum e junto com outra revelação que vem de Aracajú, o visceral duo The Baggios, representam a nova cena musical do menor Estado brasileiro, mostrando que em termos de som, tamanho não é mesmo documento.


LEIA!

Borges e os Orangotangos Eternos LUIS FERNANDO VERISSIMO COLEÇÃO LITERATURA OU MORTE COMPANHIA DAS LETRAS 1A. EDIÇÃO, 2000 133 PÁGINAS

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SOCIEDADE ALTERNATIVA notÍCIAS DE ÚLTIMA HORA QUE VÃO MUDAR O MUNDO. VOcÊ nÃO VAI ACREDITAR!

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raphael venâncio tem 23 anos, toca teclado na famosa banda los pimbiñas e é louco por filmes românticos! seu ator preferido é mel gibson e adora comer uma saborosa salada de atum! raphael é dos meninos tímidos que conquistam nossos corações com poeminhas e serenatas.


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