UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE ARTES CURSO DE ARTES VISUAIS - BACHARELADO
Joรฃo Ricardo Lopes Grando
O AUTORRETRATO EXPANDIDO NUM ENSAIO MULTIPLATAFORMA
Porto Alegre 2ยบ semestre 2013
João Ricardo Lopes Grando
O AUTORRETRATO EXPANDIDO NUM ENSAIO MULTIPLATAFORMA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Graduação do Curso de Bacharel em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial e obrigatório para obtenção do título Bacharel em Artes Visuais. Orientadora: Profª Drª Umbelina M. D. Barreto
Porto Alegre 2º semestre 2013
RESUMO
O autorretrato expandido num ensaio multiplataforma. Este trabalho exigido para a conclusão do meu curso de graduação de Bacharel em Artes Visuais analisa minha produção artística em artes visuais especialmente no que tange seu aspecto múltiplo e interdisciplinar aglomerada pelo uso frequente do autorretrato no contexto da arte contemporânea e de suas características híbridas e ecléticas. A partir de experiências multidisciplinares que ocorrem independentemente traço uma evolução para a convergência desses meios, bem como identifico características gerais dessa produção. A principal base teórica são os estudos de Nicolas Borriaud desenvolvidos na sua obra Radicante. Apresento algumas obras-chave do andamento dessas fases e faço a análise dos meus trabalhos mais recentes.
Palavras-chave: Ensaio. Multiplataforma. Autorretrato. Hibridismo.
GRANDO, João Ricardo Lopes. O Autorretrato expandido num ensaio multiplataforma. Porto Alegre, 2013. 39 f. Trabalho de Conclusão de Graduação em Bacharelado em Poéticas de Artes Visuais, Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................4 1 LINGUAGEM HÍBRIDA ...........................................................................................5 1.1 CONTEMPORANEIDADE HÍBRIDA ......................................................................5 1.2 PRODUÇÃO ARTÍSTICA INDIVIDUAL HÍBRIDA ...................................................7 2 AUTORRETRATO ..................................................................................................10 2.1 ATOR NA NANONARRATIVA FOTOGRÁFICA ....................................................12 2.2 DESDOBRAMENTOS DA PRÓPRIA IMAGEM ....................................................14 2.3 ARQUIVO DE AUTORRETRATOS .......................................................................17 3 ENSAIO MULTIPLATAFORMA .............................................................................19 3.1 AUTORIA COMO CENTRO DE GRAVIDADE ......................................................19 3.2 ENSAIO DISSIPADO ............................................................................................20 3.3 MEIOS DE EXIBIÇÃO ..........................................................................................20 3.4 CONVERGÊNCIA ................................................................................................23 3.4.1 MMA e iPhone .................................................................................................24 3.4.2 VÁ #-1 ..............................................................................................................24 3.5 METONÍMIAS DA MULTIPLICIDADE ..................................................................27 3.5.1 Análise da obra “sim e não ou não e sim” ...................................................29 3.5.2 Análise da obra “Contato” .............................................................................31 4 PROCESSO ...........................................................................................................34 CONCLUSÃO ...........................................................................................................36 REFERÊNCIAS .........................................................................................................37
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa teórica sobre minha produção em artes visuais partiu da análise do corpo geral dessa produção a fim de identificar a posteriori as causas, características, premissas etc. que a orientavam para então, a partir da elucidação desse modus operandi, estabelecer uma rotina de trabalho conscientemente enraizada nos princípios captados. Esse processo de identificação e instauração é dissertado nesse trabalho de conclusão de curso.
1 LINGUAGEM HÍBRIDA
1.1 CONTEMPORANEIDADE HÍBRIDA
As profundas mudanças nos indivíduos, na sociedade, na comunicação etc. desde o pós-guerra demandaram a necessidade de novas conceituações compatíveis com a contemporaneidade. Uma série de conceitos em crise foi remodelada a partir de reflexões oriundas de todos os campos do saber (filosofia, antropologia, economia etc.) e que se relacionam mutuamente, logicamente a arte e seus rebentos aí incluídos. Essas conceituações, mais do que apenas teorias, elucidam uma situação já instaurada, no interior da qual todas as propriedades humanas estão irremediavelmente inseridas. Desde seu rompimento com a agenda moderna, a arte tem articulado diversas modalidades antes alheias a ela e se abriu em todos os seus aspectos, abrangendo totalmente os nichos sociais, culturais, midiáticos, políticos etc. A aurora dos anos 90, com o fim da dualidade URSS-EUA e o avanço da tecnologia da rede mundial de computadores, vem “[...] datar a entrada (...) da arte nesse mundo globalizado e destituído de ‘grandes relatos’ que é agora o nosso” (BOURRIAUD, 2011). As características de subversão histórica do pósmoderno só se expandiram mais e mais com a democratização do acesso e disseminação da informação proporcionados pelas novas tecnologias. Embora as obras de arte sempre foram complementadas por uma porção variante oriunda de sua inerente polissemia, como é próprio também de qualquer comunicação, talvez nunca o interior de uma obra foi tão frágil ante o seu exterior, cada vez mais amplo e influente, quanto nos dias de hoje. É cada vez menos possível determinar ou mesmo controlar a escala (público, significado, exibição) de um trabalho, que se vulgariza, supervaloriza, subverte-se à revelia do artista. Por analogia à reflexão de Anthony Giddens acerca do esvaziamento do espaço, o lugar contemporâneo é cada vez mais fantasmagórico, na medida em que sofre influências de tal modo diversas e numerosas que se torna difícil limitá-lo – é definido por agentes múltiplos e complexos, de origens distintas, numa teia de determinantes. Seguramente essa rarefação dos limites pode ser estendida a qualquer conceito em nossa época. Relativamente a isso, mas numa visão mais ampla sobre os tempos atuais, Nicolas Bourriaud metaforiza a contemporaneidade através de um arquipélago
interconectado, em oposição ao continente do modernismo; aliados à conceituação de Marc Augé sobre os lugares antropológicos e não-lugares, nos quais enfatiza a incontornável relação de influência de um lugar no sentido clássico com seu exterior, pode-se vislumbrar uma atmosfera artística onde o território, a origem, o limite e mesmo o individualismo, enquanto suspensão do pertencimento a um conjunto totalizador, perdem força. Daí tem-se uma rede complexa e única que abrange e relaciona todas as heterogeneidades, acabando com qualquer resquício de isolamento. A comunicação desta massa também é assim, heterogênea e até onipresente pelo volume concomitante e ininterrupto com que ocorre, um excesso de informações e em meios de veiculação de fácil acesso e disseminação. Essa situação gera um cenário artístico sem uma corrente crítica principal, sem um mainstream lógico: não há uma justificativa formal, social, política, poética ou estética balizadora, não há regras para que a obra adentre o terreno da arte contemporânea – o novo, que era o ingresso histórico exigido pelo moderninsmo, já não se estabelece numa cadeia evolutiva, como diz Luiz Camillo Osório¹:
“[...] a diferença do novo não está ligada a um suporte ou meio expressivo, não tem nada a ver com evolução tecnológica (nem é contra ela), mas se apresenta como uma surpresa estética: algo que nos tira das fórmulas constituídas e nos faz poder perceber as coisas de um modo singular.”
Partindo dos desbravamentos da arte, esse cenário abrangedor estende-se também gradualmente para os demais campos criativos, como destaca Heloísa Buarque de Hollanda² ao comentar que os novíssimos escritores brasileiros (segundo ela basicamente os nascidos de 1980 em diante) são de “[...] uma geração que tem uma formação literária com forte input de imagens, música, quadrinhos, clipes etc. Então você vê uma literatura quase multiplataforma [...]”. Já há tempo, mas cada vez mais, as categorias têm perdido importância no processo de criação em si.
1 Luiz Camillo Osorio in revista Filme Cultura nº 54, 2011, pág. 56, CTAv (Centro Técnico Audivisual CTAv) maio/2011.) 2 Heloísa Buarque de Hollanda (idem)
Nesse sentido, se como artista minha arte mover-se-á compulsoriamente nesse cenário, é preciso pensá-la nesse cenário, sob o risco de intenções ultrapassadas se perderem quando expressadas, ou seja, a produção se voltar para um fim que rapidamente será subvertido pelo “uso” dos receptores (espectadores, colaboradores, leitores, críticos etc.).
1.2 PRODUÇÃO ARTÍSTICA INDIVIDUAL HÍBRIDA
Minha produção artística desde sempre tramitou por variadas plataformas de criação (figuras 1 a 5). Sob um mesmo guarda-chuva chamado arte – já nem mais uso o termo artes visuais, e tendo cada vez mais a usar apenas o termo criação –, ela é como um tecido expressivo no qual se costuram retalhos distintos, que acabam por se relacionar casualmente, ou no qual se desenvolve, de modo então interagido a priori, um plano de síntese dessas modalidades diversas, sendo esta interação também a conseqüente construção de uma terceira parte congruente; em termos práticos, desmembra-se uma produção que relaciona desenho, pintura e foto combinados, por confronto ou complementação, ao texto, e manipulados num espaço comum, geralmente ordenada seqüencialmente para leitura, que pode ser estático, e assim organizado através do design gráfico, ou cinético, organizado pelo vídeo, já naturalmente uma plataforma de convergência. Ou ainda uma série de registros em diferentes meios arquivados num local comum para manipulação do espectador-leitor, ficando à sua leitura a ordenação que será utilizada. Essa espontânea e quase compulsória construção criativa híbrida e abrangente demanda-se de uma por assim dizer incapacidade de concentração, de uma incapacidade de abrir mão de modalidades para se isolar nalguma delas e desenvolver uma pesquisa específica; isso se asila numa vontade de franquear as habilidades criativas exercidas, acumulando os ofícios pretendidos e até então entremeados de escritor, ilustrador, quadrinista, realizador audiovisual, designer, pintor e até mesmo, já sem tanta pretensão quanto os anteriores, ator, sob a liberdade criativa da arte contemporânea, único terreno permissivo para dispensa de classificações.
As minhas experiências anteriores, inda que se tenham desenvolvido frutiferamente, sempre me foram insuficientes quando não múltiplas em seu processo criativo. Se há a necessidade de estabelecer uma coerência em minha produção, para que ela não seja fomentada e para que não atrofie o desenvolvimento mais do que germiná-lo, ela tem de se apresentar pela instauração de liberdade: formal, temática e poética, porque a sua base é ideal, sendo a prioridade, portanto. Figura 1 – “Canoas-POA > Everest”, 2012, papel vegetal datilografado sobre papel impressão em papel sulfite, 21 x 30 cm
Figura 2
Figura 4
Figura 3
Figura 5
Trata-se da soma de um anseio totalizador à assunção da dúvida/indecisão como agente libertador.
2 AUTORRETRATO
Outra questão perene espontânea e compulsoriamente desde sempre em minha produção é a utilização de minha própria imagem. Ela se dá em autorretratos (fotográficos, desenhados ou pintados), na exploração de novas figuras derivadas desses autorretratos, na inserção de minha imagem como personagem em desenhos e pinturas, e se estende, metaforicamente, na utilização de meu universo cotidiano, que se nivela às demais temáticas universais, bem como na produção de textos autobiográficos, nos quais a minha expressão pessoal é explicitada no mesmo espaço de impressões intelectuais gerais, igualando ponto de vista e conhecimento, imaginação e fato.
Figura 6 – “A criação de João”, 2007, caneta marcador sobre impressão fotográfica
Figura 7 – “Genealogia: João e Maria”, 2007, montagem digital
2.1 ATOR NA NANONARRATIVA FOTOGRÁFICA
Nalgumas fotografias trabalho extraindo algum sentido de uma situação inusitada presente na cena, como o lançamento urgente de uma narrativa que lhe dê algum sentido, servindo de mote, início ou conclusão no desenrolar de uma nanonarrativa tão fugaz quanto o instante captado pela máquina. Esse sentido breve e leve se dá implosivamente, como colocar um verso na música surgida da imagem.
Figura 8 – “Eu-luz”, 2009, fotografia.
Figura 9 – “Raio de sombra/ Mundo subterrâneo d’água”, 2010, fotografia.
2.2 DESDOBRAMENTOS DA PRÓPRIA IMAGEM
Figura 10 – “Autorretrato Constelação”, 2012, imagem digital
Trabalho também na coisificação da minha própria imagem, transmutando-me, por exemplo, num logotipo (fig. 10), usando-me de personagem dos próprios desenhos e pinturas (figuras 11, 12 e 13); minha própria imagem funciona como referencial inequívoco pessoal da raça humana, da existência e do universo, garantindo uma veracidade da poética sob uma hipótese solipsista, como no mapa em que, a partir da ampliação repetida de um autorretrato a grafite, eu justifico o universo como sendo nada mais do que uma questão de escala de um todo composto ou extensivo a esse ser que sou (fig. 14).
Figura 11 – “4 p.m.”, 2012, 105 x 73 cm, carvão sobre papel
Figura 12 – “I am coming”, 2011, detalhe
Figura 13 – “A criação de João”, 2012- (em andamento), óleo sobre tela, 90 x 120 cm
Figura 14 – “mapa solipsista”, 2012, imagem digital
2.3 ARQUIVO DE AUTORRETRATOS
Contrapondo essas experiências com a imagem, em que, ainda que se conte com o acaso, há a intenção de elaborar-se alguma expressão, há também uma série de registros cujo único pretexto seja eu aparecer na foto (na sua imensa maioria fotografada por mim mesmo). Na rede social virtual Flickr mantenho e atualizo desde 2007 um álbum chamado SELF i_大_j_g autorretrato, que agrupa um histórico desses registros – hoje há cerca de mil fotos. Ainda que não sejam todas as fotos do período, está mais para um diário do que para uma seleção; há desde fotos com toalha sem preparação alguma até disparos acidentais em que apareci a centímetros da câmera. Essa coleção cujo único critério é minha aparição ganha sentido no conjunto, em como a “[...] aglomeração de objetos contribui para o surgimento do sentido de diferença, produzindo essa diferença enquanto valor. Toda série, toda gradação, toda comparação, gera variedade e diversidade” (SEGALEN, 1999 apud BOURRIAUD, 2011, p. 69).
Figura 15 – álbum “SELF i_大_j_g autorretrato” mantido no Flickr³
3 https://www.flickr.com/photos/joaogrando/sets/72157603415893090/
Figura 16 – álbum “SELF i_大_j_g autorretrato” mantido no Flickr³
3 ENSAIO MULTIPLATAFORMA
3.1 AUTORIA COMO CENTRO DE GRAVIDADE
À multiplicidade de estímulos da contemporaneidade posiciono-me replicando múltiplas respostas formais eladas pela autoria, freqüentemente explícita através da utilização de autorretratos, impugnando a casualidade e anonimato que de praxe estes estímulos carregam – a própria imagem funcionando como assinatura, até como certa absolvição, na medida em exponho somente a mim mesmo, e certa autenticação, na medida que sou dono da minha verdade e o detentor dos direito de imagem que reflito para a realidade. Desta prática que não restringe modalidades afluem experiências e obras de desenho, pintura, escrita, fotografia, vídeo etc. que se cruzam e afastam ao longo de seus cursos, operando ora independentemente, ora relacionadas (pela síntese ou sobreposição), mas sempre como rios diversos pertencentes a uma mesma bacia hidrográfica; seu registro e publicação também são variados, complexando inda mais a contingência para um espaço de exibição estático por tempo determinado. Ainda assim, ela rebentara-se de um mesmo contexto de produção no qual a autoria, para além do estabelecimento compulsório de uma trajetória, estilo, histórico etc., talvez seja a chave conceitual que a retenha: os textos extensos ou pequenos, as fotos, os infográficos, as montagens, até mesmo as inserções em redes sociais, são expressões cujo único elo é o emissor, fazendo do autor um lugar dissipado pelas obras, um vetor que as relaciona. Este método correria o risco de ser vago, já que se vale das pertinências da autoria, mas é como tenho trabalhado e a experiência me mostra que ele tem sido eficaz ao conglomerar os diferentes tipos de manifestações e mesmo assim dar um mesmo tom a elas, dar-lhes algo perceptível em comum. (Nalguns casos o autorretrato torna forçosa a autoria, relacionando-se, por oposição ou adaptação, às tendências de fim de anonimato e criação coletiva, vistos em movimentos como o Copyleft, quase como um levante.)
3.2 ENSAIO DISSIPADO
Talvez a principal característica do ensaio, gênero literário cujas bases foram fundamentas por Bacon e Montaigne, consista na liberdade: ela está no âmago das características atribuídas a ele, como a possibilidade de ser breve, como a possibilidade de transitar entre estilos, sua informalidade, sua subjetividade, sua assunção da liberdade para falar sobre qualquer tema. Sob essa ótica, é difícil não associar o gênero aos cadernos de Leonardo da Vinci, uma versão visual (e já há 5 séculos atrás complexando categorias) em que um esboço artístico para um afresco divide espaço com o projeto de uma ponte ou estudo científico anatômico. Não vejo melhor associação ao meu trabalho do que esta, uma série de ensaios ou um grande ensaio que se rarefaz em parcelas variadas tanto no espaço quanto no tempo. Não por acaso, logo que iniciei minhas publicações na internet, em 2007, meu lema (talvez slogan tenha mais cabimento) era “sobre tudo sob um”.
3.3 MEIOS DE EXIBIÇÃO
Dado então ser da minha atividade criativa operar em plataformas várias e de publicação gradual e dissipada, ela problematiza a questão da exposição como fomentação de um lugar, já que não se trataria de um espaço pensado previamente para tanto, mas um espaço que deve abarcar o gênero desta produção, na falta da identificação de um conceito estreito que a acompanhe. Vejamos o caso da pintura, a qual, no caso da utilização que faço dela, comunica-se mais tradicionalmente com o público, pela natureza do suporte: o quadro na parede para ser contemplado e analisado in loco em todos os seus detalhes, a materialidade (relevos, dimensão, camadas de tinta etc.) presente além da imagem retiniana, além do que uma reprodução visual registra; porém a reprodução do original pintado ressonará em outros meios, podendo ser reutilizada por mim com manipulação digital e associada às outras formas de criação, ou ainda por outrem, pela simples disseminação permitida pelas tecnologias atuais. A imagem conceitual, a idéia emanada da materialidade se move livremente, acumulando significados e usos adquiridos na sua trajetória.
Figura 17 – site de exibição dos trabalhos
Talvez o caminho para atender isso seja a exposição fractal, retalhada e costurada, superposta, misturada, tal como a é virtualmente pelo site onde mantenho e atualizo parte considerável de minha produção: http://www.joaogrando.com. Nele o discurso fragmentado em imagens (fotos, infográficos, desenhos, pinturas, rascunhos etc.), textos de diferentes estilos e tamanhos se organiza tal como num jornal ou site de notícias: as partes têm interdependência, a aproximação se dá pelo espaço disponibilizado, passível de manipulação pelo visitante, que pode reordenálo por alguns critérios disponíveis, como ordem temporal, por assuntos (amor, esporte, arte etc.) através dos marcadores de postagens, por formato (texto, imagem, foto etc.). Além disso, há ainda uma pequena gama de opções para a diagramação e dinâmica geral do site (há um menu suspenso no canto superior esquerdo que permite escolher dentre sete formatos, que mudam consideravelmente o padrão (padrão, não original) da exibição). Interessante notar que, embora o agregador de conteúdos possa ser manipulado pelo leitor-espectador, eles se mantêm originais em todos os detalhes (o texto, além de ser imutável, mantém a formatação definida por mim). O controle é sobre o conteúdo, o meio é livre. Temos aqui a espacialização do tempo, a espacialização do tema, disponíveis em modulações manipuláveis pelo espectador.
Figura 18 – algumas das opções de manipulação de conteúdo do site
Repetir estas ferramentas permitidas pela tecnologia digital analogicamente é um desafio, mas pode não ser a única saída. A dificuldade em expor para visitação esta parte do trabalho é projetar o dinamismo destes elementos que se ligam por diferentes fatores, ora narrativos, ora temporais, ora unicamente pela centralização autoral; costumeiramente eles não têm critérios específicos para exibição, ou seja, são disponibilizados virtualmente, para leituras nos veículos que convirem aos espectadores (computador pessoal, smartphone, tablet, televisão etc.). Então a sua exposição planejada num espaço para ser visitada presencialmente tende a uma atmosfera arquivista, de compilação. Para evitá-la, se for o caso ou intenção, é preciso fazer uma curadoria do próprio trabalho, estabelecendo recortes temáticos,
temporais ou, mais profundamente, elaborar uma narrativa multiplataforma, um processo de montagem que trabalhe novos significados a partir do material existente – embora esta prática também possa ser realizada a priori deliberadamente. Isso entanto cria um novo degrau, já que essas práticas resultantes em narrativas se assentam mais adequadamente no formato livro ou vídeo, mais propensos à distribuição para o público do que para a visitação.
Figura 19 – alguns meios de indexação do site: tempo e tema
3.4 CONVERGÊNCIA
Uma tendência natural dessas práticas é que passem da simples sobreposição para um cruzamento, já aí não apenas unidas por um conjunto artístico, mas unidas no interior de uma peça isolada. Daí nivelam-se as potencialidades poéticas desenvolvidas nas diferentes linguagens, de tal modo que, uma vez aplanadas, permutem suas propriedades típicas: o ritmo do texto pode se transferir para a imagem; a imagem pode se valer de um contexto estabelecido anteriormente pelo texto num processo de estímulo mútuo. As linguagens trabalharão também nas elipses deixadas por outras linguagens, atuando como chaves de interpretação. O cuidado fundamental é não
mascarar “reinvenções de roda” na simples mistura de modelos já resolvidos; para tanto, as formatações devem, como já disse, trabalhar a favor da narrativa ou punção poética que as agrupa: têm função, mas função não implica vontade – esta é da poética, e ela que determina o que será usado, ela é o fio condutor. 3.4.1 MMA e iPhone O MMA (mixed martial arts, traduzido da língua inglesa significa literalmente “artes marciais misturadas”) é um conceito que vem se desenvolvendo desde os anos 60, crescendo em popularidade nos anos 90 e gozando de grande prestígio nos dias atuais. Inicialmente consistia numa competição intermodalidades (a sobreposição do boxe, jiu jitsu, caratê etc.) que evoluiu rapidamente, graças às regras únicas que atendiam todos os estilos, abrigando-os num lugar comum, para a competição de um novo estilo surgido, onde os lutadores usaram o que lhes interessava em cada modalidade: a síntese do boxe, jiu jitsu, caratê etc. Todas as artes marciais têm suas regras próprias, suas tradições, suas especialidades; o MMA despreza essas especificidades e recruta o que é prático para um fim. O smartphone (um aparelho telefônico móvel com funções estendidas, quase um mini computador portátil) ecoa esse mesmo conceito do nosso tempo: embora não seja uma máquina fotográfica, é usado para tirar fotos; embora não seja um computador, é usado para processar programas vários. Analogamente, para além da linguagem comum binária que processa todos os tipos de arquivo (imagem, vídeo, som, texto), a comunicação e expressão são para mim a prioridade nesses casos da convergência, e assim sendo podem convocar o meio que for necessário para seus objetivos, reforçando que o público já se relaciona naturalmente com esses cruzamentos.
3.4.2 VÁ #-1
O trabalho “VÁ #-1”, de 2009, um arquivo PDF de 332 páginas disponível para leitura e download na internet4, transita entre um periódico (“#-1” sugere a seqüência do programa nos números 0, 1, 2 etc.), livro de artista, romance gráfico, catálogo,
portfólio etc. Ao decorrer de suas páginas, textos de todos os tipos e imagens de todos os tipos se relacionam através da organização poética do design. Há textos inéditos e manipulações de trabalhos anteriores, que se combinam (um poema de 2006 é aglutinado a um esboço até então esquecido de 2004) e atuam combinadamente num álbum de idéias gráfico-textuais. Figuras 20 a 26 – Páginas da VÁ #-14
4 http://bit.ly/va-1 ou http://issuu.com/joaogrando/docs/va-1
3.5 METONÍMIAS DA MULTIPLICIDADE
Ao analisar algumas obras verifica-se que esse método operacional de abarcar as linguagens livremente vista no conjunto do meu trabalho se repete nalgumas experiências de suas unidades, refiro-me especialmente àquelas que demandam mais dedicação nas suas elaborações e execuções: as pinturas e desenhos grandes refletem metonimicamente este mesmo sistema totalizador e permissivo, ora sobrepõe ora sintetizam estilos, técnicas, figurações, elementos de comunicação etc. sob uma estrutura que os cinja.
Figura 27 – S/ título, 2010, 150 x 87 cm, técnica mista sobre papel
O universo da imagem funciona como um agrupador para diferentes experiências e tratamentos gráficos e pictóricos. Veja-se o exemplo da obra “S/ Título” (fig. 27): seu cenário compreende uma rua simples rodeada de alguns prédios e árvores; habitam o cenário pessoas, animais e máquinas; trata-se, então, quase da manifestação conceitual da idéia de cenário urbano, no qual basicamente são esses os elementos que se misturam: mineral, vegetal, animal, humano e máquina. Na cena
do desenho todas as imagens geradas, independentemente de função, estilo, cor etc. compartilham um ambiente comum imposto pelo cenário que ocupa todo o quadro: o macaco feito a grafite com traços marcados, o homem e seus filhos feitos a grafite com traços leves, os grafismos feitos com caneta hidrocor e qualquer outro elemento transitam no mesmo ambiente imaginário. A figura principal que ocupa a parte direita do centro do quadro alegoricamente sintetiza todos os elementos tratados no seu entorno, atraindo para si magneticamente todas as manifestações formais e representativas sem qualquer seleção: a operação totalizadora e permissiva transnominada mais uma vez dentro de si mesma, uma sinédoque dentro de outra sinédoque: o que une tão diferentes tratamentos gráficos e pictóricos, cores, níveis de realismo é a estrutura da figura, seu contorno: sua idéia de corpo, neste caso, abarca qualquer coisa dentro dos limites de seu contorno, de sua imagem. Como o DNA, a estrutura pode ser encontrado em qualquer mínima amostra.
Figuras 28 e 29 – detalhes de “S/ título”, 2010, técnica mista sobre papel e “I am coming”, 2011, técnica mista sobre papel
Associada a outra obra, feita no ano seguinte (“I’m coming”, figuras 10 e 26. ) vemos isso nas representações do céu: eles aparecem na parte superior (como conceitualmente não poderia deixar de ser), são céus simbólicos, cuja Lua é também
simbólica (o destaque às crateras características), assim como o Sol (a síntese do Sol-corpo-celeste com sua idéia de estrela: as chamas e explosões da transformação de Hidrogênio em Hélio contidas no formato de pentagrama regular). A sobreposição e síntese dão-se complexamente em todos os níveis do trabalho, como nos materiais (partes do desenho a grafite, outras partes com tinta acrílica, tinta óleo, colagens, canetas hidrográficas), nos estilos (tratamento ora realista, ora expressivo, ora esquemático), nos métodos de comunicação (texto, imagem, estrutura espacial guiada ora pela cena da imagem ora pela plataforma abstrata da superfície). Esse processo construtivo vem evoluindo até hoje, como veremos nas obras a seguir, as mais recentes, terminadas no final deste ano de 2013.
3.5.1 Análise da obra “sim e não ou não e sim: in.form.ação”
Figura 30 – “sim e não ou não e sim: in.form.ação”, 2013, óleo e acrílica sobre tela, 133 x 188 cm
Como nos trabalhos analisados anteriormente e na produção de forma geral, temos aqui um ecletismo que permeia todos os fatores da obra. As variações de cores, de tipos de pincelada, de níveis de realismo trabalham na elaboração de camadas acumuladas e na tensão entre elas. Uma figura tratada tecnicamente de modo mais acadêmico com seus tons pastéis dialoga com uma imagem de cores vibrantes e contornos bem definidos por linhas fortes, chocando tradição pictórica e gráfica, volume/profundidade e plano bidimensional, cores misturadas e diluídas a cores chapadas e puras. Os elementos de estruturas retas do cenário como prédios, ruas e os postes em seqüência reforçam a perspectiva da cena, fazendo dela a origem não só dos raios-guia de profundidade como de toda a imagem, como se tudo que há ali erigisse dali estendendo-se do fundo do quadro e trocando influências entre figurações na extensão do caminho (interessante salientar que é a ordem de pintura do quadro também, tendo sido iniciado pela pintura do céu, justamente do céu, abrigo divino da criação na maioria das mitologias e origem da vida em muitas correntes científicas). A narrativa da cena é de acontecimentos ilógicos sem relações aparentes: as personagens parecem ter sido teletransportadas naquele instante de outro local ou realidade, onde a ação acontecia e fora interrompida pelo rapto do quadro. A existência das coisas dali está ligada à condição que a imagem do quadro fornece, como se ela tivesse começado naquele exato momento, entrosada com o tempo do trabalho, com a existência da pintura em si, a criação da forma como criação da forma representada, e não como personagens que tivessem sua vida própria independente do registro ali feito; os objetos físicos passam a existir a partir da imaginação, como no célebre conto “Tlön, Uqbar, Orbis Tertius”, de Jorge Luis Borges. Assim, as relações puras de forma transpõem a realidade representada: uma linha inserida no espaço de perspectiva diagonal da calçada transposta para o bloco de texto deixa de ser profunda para virar uma forma geométrica abstrata: a mesma linha reaplicada, colada, toma outra sentido. O quadro é o histórico dessas relações formais que se influenciaram dinamicamente até o momento de ficarem congeladas na imagem finalizada. Entre os dois personagens maiores (dois autorretratos complementares), no primeiro plano do quadro, há uma relação de dúvida, ou ao menos hesitação:
aparentemente duelam, mas as feições não esclarecem a força imprimida, há certa ambigüidade entre a simulação e a efetividade do ato, se ele é de fato agressivo ou se seria até mesmo afetuoso, se há de fato voluntariedade em seus atos ou se é como se estivessem ali por uma determinação, uma determinação visual por assim dizer, como figurantes que cumprem seus papéis burocraticamente (ou talvez o espanto da recém-chegada a um cenário para o qual foram teletransportados). No tratamento pictórico irregular do quadro a textura que resolveria uma representação realista salta de seu contexto e toma vida própria no espaço da tela, como se a representação e o representado gerassem uma terceira coisa, que ao mesmo tempo se materializa na realidade representada diminuindo a distância entre o que é representado (narrativa, conteúdo) de como se representa (expressão, forma): tudo o que está na tela, seja uma mancha ou um corpo nu, ganha vida tanto como personagem quanto elemento abstrato, não há exceções ou divisões: se dividem o mesmo plano bidimensional, as regras são, ainda que generosas, as mesmas para tudo. Há nessa ação totalizadora e permissiva algo de indecisão assumida que proporciona essa liberdade a qualquer resposta, qualquer tentativa, onde há espaço para tudo; à tela qualquer coisa pode ser trazida indistintamente; ao meu tecido expressivo, qualquer tipo de criação é bem-vinda.
3.5.2 Análise da obra “Contato”
Embora a pintura “Contato”, óleo e acrílica sobre tela de 123 x 222 cm finalizada em dezembro de 2013 (fig. 31), trata-se de uma representação fantástica e com ambientação inóspita, nalguns pontos ela recebe um tratamento realista; e embora ela tenha um aspecto geral figurativo, nalguns pontos ela tem um tratamento pictórico abstrato. Isso cria certa tensão entre realidade e fantasia, novamente cria camadas de representação sobrepostas, acumuladas. Às vezes as figuras têm seus laços entre umas e outras representados (a representação de uma conexão física, como os tentáculos da figura verde ou a continuidade do corpo em uma estrutura brilhante de metal), noutras vezes parecem estar apenas coladas, sem nada que as justifique ali.
O cenário onde a ação ocorre é de uma simplicidade conceitual: o céu acima e o chão abaixo criando uma linha horizontal que os separa exatamente na metade do plano pictórico. Suas cores reforçam o contraste entre os seus conceitos: a soma das cores do céu (bases azuis e negras) com a das cores do chão (bases amarelas e brancas) gera uma terceira cor (bases verdes e cinzas) que surge e se desenvolve no sentido de leitura ocidental, da esquerda para direita, fomentando uma figura que se justifica tanto no plano abstrato pictórico, quanto no espaço cênico representado, quanto na significação metafórica de origem, surgimento, formação (céu com estrelas associado ao chão e suas pedras e minerais resultando numa forma orgânica viva, numa forma que carrega a escrita).
Figura 31 – obra “Contato”, óleo e acrílica sobre tela, 123 x 222 cm
A sombra é arbitrária; ainda que quando incida, ela incida sob as regras do realismo, baseando-se nas formas e ângulos que a formam. Mas é arbitrária, como as demais representações realistas do quadro, que não constituem a sua regra: o realismo é sempre uma alternativa a ser solicitada, uma alternativa para ancorar alguns trechos da imagem num imaginário referenciado no concreto, como se a cena ali erigida através de diversos recursos pictóricos e gráficos tivesse algo de acontecido, algo de registro.
O compromisso com a realidade é firmado e abandonado à ordem da execução ou da organização pictórica. Camadas de texto ordinariamente se posicionam num espaço visual abstrato, numa camada além-imagem, suspensa do espaço cênico em que os demais elementos visuais se relacionam; é o que ocorre com os blocos de textos que sobrepõe fotos em materiais jornalísticos e peças publicitárias, com as legendas de filmes etc. Entanto nessa obra o texto se movimenta entre camadas de maior ou menor profundidade, a ponto de se fixar na mesma camada do espaço imagético, recuar da condição de informação independente para fazer parte do cenário; aqui novamente há uma escala em que ele vai e volta níveis de realismo, entre o texto como integrante da ação cênica e o texto como informação diagramado independentemente da imagem. O título emerge das relações tratadas na cena, na medida em que se vale das aberturas que a palavra contato em si carrega, de suas possibilidades de uso a partir de seu estado isolado, como uma entrada de dicionário (contato no sentido de contatos com seres extraterrestres, contato no sentido de contatar através da linguagem, mensagens, contato no sentido de tato, contato no sentido de resultado), como um índice visual de conotações.
4 PROCESSO
Se a produção em si carrega essa característica múltipla, o processo criativo não teria como ser diferente. Nele experiências se cruzam, rotas são desviadas e novos caminhos são abertos inesperadamente, filigranas de movimento intenso e multilateral. Principia-se – a despeito do processo ser contínuo pode-se usar esse termo – de um movimento aleatório de diversos esboços, ações, idéias, intenções etc. até que se alinhem numa situação favorável à criação mais pensada, orientada e planejada, daí se rebentando dessa tempestade de estímulos para um caminho só, qual a formação de um planeta surgido de poeira cósmica. Um processo de evolução como o elucidado pela Teoria da Inflação da física, onde pequenas irregularidades e acidentes iniciais acumulam-se em progressão geométrica e geram resultados não previstos inicialmente, como uma bola de neve cujo formato esférico seja substituído pela novidade na dinâmica de sua evolução. Do recorte de uma cena de um vídeo em que eu me movimentava para a filmadora estacionada sobre uma cadeira surgiu um esboço sem fim definido; tempos depois, esse esboço completou outro esboço que havia sido criado alheiamente a esse processo. Indubitavelmente o caminho do frame do vídeo à pintura “Contato” (fig. 31) não foi planejado, mas surgiu devido à fértil permissividade instaurada no ambiente de atelier.
Figura 32 – do frame à pintura, passando pelo esboço
Não deixa de ser, claro, o processo mental criativo ordinário, em que intenção e acaso (e até mesmo intervenção divina para os mais crentes, como eu) se
confundem no turbilhão de estímulos que se cruzam a todo o momento na imaginação de um criador de imagens. Tento somente perder o mínimo possível (o que será sempre muitíssimo) desse processo registrando-o para que sejam acordes passíveis de composição ou ao menos uma coleção de obedientes impressões, traduções da introspecção, mapas dos circuitos internos – todos solúveis entre si.
Figura 33 – cadernos de rascunhos onde retransitam imagens do meu próprio trabalho
CONCLUSÃO
Percebo uma caminhada do meu trabalho da sobreposição para a convergência. A dinâmica de trabalho deve seguir a mesma, mas a convergência tende cada vez mais a evoluir para um estilo próprio, em que ele resuma as identificadas orientações de totalização e assunção da dúvida como motor de liberdade. A situação atual é um pacto de atelier que me permite evoluir cada vez mais na unificação dessas práticas, ainda que a ação delas separadamente não necessite cessar, e provavelmente não cessará. O desafio continua sendo a busca de uma assinatura comum aos meios diversos – ao que posso chamar aprimoramento, ou reforço dessa assinatura, dado que já a considero existente -, para que o elo fique cada vez mais independente de aspectos formais-visuais e se revele identificável a partir de uma poética-prática própria.
REFERÊNCIAS
ADORNO, T. W. O ensaio como forma. São Paulo: Ática, 1994. ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. BORGES, Jorge Luis. Ficções. Tradução: Carlos Nejar. São Paulo: Abril Cultural, 1972. BOURRIAUD, Nicolas. Radicante. São Paulo: Martins Fontes, 2011. CALVINO, Italo. Seis Propostas para o Próximo Milênio: Lições Americanas. São Paulo: Companhia das letras, 1990. DE DUVE, Thierry. Na Cama com Madonna; in: Revista Concinnitas n. 7. UERJ, 2004. FILME E CULTURA. Editor: Carlos Alberto Mattos. São Paulo: CTAv (Centro Técnico Audivisual CTAv) 1965- (edição consultada: nº54, maio/2011.) GREENBERG, Clement. Vanguarda e kitsch; in: Clement Greenberg e o debate crítico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. HAWKING, Stephen; MLODINOW, Leonard. O grande projeto: novas respostas para as questões definitivas da vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. MAMMÌ, Lorenzo. À margem. São Paulo: Revista do Departamento de Artes Plásticas, ECA-USP, Ano 2, número 3, 2004. O’MALLEY, Charles D. e SAUNDERS, J. B. de C. M. Os cadernos anatômicos de Da Vinci. São Paulo: Atelier Editorial: 2012. PAVIANI, Jayme. O ensaio como gênero textual. In: V SIGET: Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuai, 2009, Caxias do Sul. SILVANO, Filomena. Antropologia do Espaço. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010.