TEXT_joaogrando

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CORAGEM É VIVER COMO SE ESTIVESSE NO LADO DE DENTRO DO FILME. Impedir um casamento (o lance do "ou cala-se para sempre") é uma das poucas situações em que se pode usar a frase 'NÃO ACEITO SIM COMO RESPOSTA'.


Seja qual for a área, FODA é sempre um belo status. Então o objetivo na vida é ser FODA. Então " FODA-SE" é MOTIVACIONAL.


Nos precipícios, o silêncio, o vazio e a amplitude da vista se sintetizam num grito de VEM. Não raro isso assusta e afasta, impõe uma cautela que cobre qualquer ato. Mas, no caso de realmente se considerar a proposta do chamado e se dispor muito próximo a ele, o precipício, antes de sugar num mar oco, usa seu poderoso som para falar e ali ele até ouve - para além dos testes acústicos de gritos bumerangues, naquele silêncio em erupção o pensamento volta para si como se fosse pensado por outro, donde, como no caso do eco ou de qualquer outro espelho, esclarece, até revela. Não estou em depressão, talvez até o contrário, mas devo dizer que cheguei à beira do precipício e devo pular. Como se trata de uma metáfora, há a opção de VOAR. E neste caso o silêncio traduzido por VEM virará VÁ.


Assim ó:

DEFINIÇÃOS AS DEFINIÇÃO DEFINIÇÕES i. ii. iii. iv. v.

Imaginação: o fundo da cabeça é para cima; Milagre: coincidência; Tempo: s/ cronômetro (a olho nu) todas as provas de 100m rasos são iguais; Extraterrestre: a grama do vizinho é sempre mais verde; Poesia: a bomba H (fusão termonuclear) tem origem no estudo do brilho das estrelas; vi. Paraíso: haver zíperes, meias-calças; vii. sim: uma forma de não. Ou não. viii. IR: § IR pode ser Imposto de Renda. Aliás, geralmente é. Mas pode ser o verbo ir DESTACADO, especialmente quando não se pode usar negrito, itálico, sublinhado ou eles três, como no Twitter e no bloco de notas. E é possível dizer bom final de semana ou até segunda, o que pode[ria] diferenciar pessoas com vida pessoal mais ativa de pessoas que depositam no trabalho toda a energia que a vida lhes dispensou através de decepções. Ou pode ser, vejam bem, uma discreta declaração de amor, de um gerente para uma estagiária. A VISA escolheu um go. traduzido pela Antônio Fagundes como “mais pessoas vão”. Eu fico¹ com o vá. [VÁ. VÁ. VÁ. VÁ. VÁ. VÁ. (...) Vá.]


1/2 MORTO_1/2 FUTURO --------------------

Nos ombros, Drummond carrega a poesia Um pomar, um vestido, um cheiro, uma flor mesmo, o amor, o tédio, o tempo e eles e nós indefesos, ilesos pela proteção de sua vigília É chama, mas é muito sério que não é querida Era de se evitar pensar e olhar, de qualquer coisa para evitar Enfiou a caneta no cu e ficou grávido de poesia: o cara não pára para um café Robocop leva Detroit nos deltóides. Não se pode parar um minuto. É preciso ser metade morto, metade futuro.


O pé num salto alto – desafiando o destino plantígrado, quase para se tornar felino –, através especialmente do metatarso, é um nó: uma ponta, a de cima, segue para uma parte predominada por músculos, que se avoluma deles, com conseqüente potência, além de ser quente e prática quando se dirige aos instintos biológicos de reprodução; a outra, a de baixo, dilui-se para a delicadeza, para o adorno, e como tal pode não ser lembrado, embora não seja tampouco despercebido. A parte que aponta para cima sugere uma cavala. A de baixo, uma guriazinha de tranças. Na dúvida entre as duas, rendemo-nos. A continuação das panturrilhas é sempre um mistério: seja para cima (saia), ou para baixo (sapato). As falanges separadas das coxas nem parecem poder dividir o mesmo corpo, menos ainda o mesmo membro. É como os lingeries: aquele lacinho no meio de dois peit|ões|os: o cio e o abraço concomitantes. E, como aqueles desenhos em que a velha e a moça aparecem ao mesmo tempo (mas uma de cada vez a todo o momento), ou Freud e uma mulher pelada, não há como resolver o embate. Apesar de toda a vontade já num nível de angústia (num dos pouquíssimos casos em que a angústia canta em vez de gritar) ante tanta biologia, haverá sempre o ursinho de pelúcia, o choro no final do filme: o fato de bochechas e bundas estarem num mesmo corpo é um indicativo de que estas coisas devem coexistir. E sem contar que ainda há um cérebro, que não se importa com nada disso.


VIVER, SEPARADAMENTE, PRIMEIRO OS SEGUNDOS, DEPOIS OS MINUTOS, DEPOIS AS HORAS, DEPOIS OS DIAS, DEPOIS OS ANOS E ENFIM A VIDA.


DE _ _ EM _ _ ANOS: _ _ _ ... _. DE 76 EM 76 ANOS: cometa Harley; DE 20 EM 20: hype de década; DE 4 EM 4: Olimpíadas, Copa do Mundo; 2 EM 2: eleições, bienais; ANUALMENTE: Carnaval*, Natal**, Páscoa**, Réveillon***; MENSALMENTE: folha de pagamento**, sangramento feminino**; SEMANALMENTE: sábado à noite**, Domingão do Faustão, Tele-sena*; DIARIMENTE: nascimento do sol**; A CADA SEGUNDO, à exceção de pequenas interrupções voluntárias:

respiração**; A CADA SEGUNDO: batimento cardíaco**; A CADA SEGUNDO: pensamento; A CADA SEGUNDO: um segundo acaba. * ESPERANÇA. ** Sob condições especiais, ESPERANÇA. *** Resoluções.


A delicadeza é mais ou menos épica quando captada. Qualquer coisa o é: há nesta captação quase o contrário de captura. Seja um cisco em zoom máximo colado à íris, seja o detalhe que é tudo na contemplação. Percebe-se algo, que antes era e tão somente, e sempre fora e tão somente, mas agora (convém chamar agora a tal instante) é, mas não mais apenas é, mas é miraculosamente, miraculosamente é. E não se sabe se mais vingança ou mais recompensa, mas a coisa rebate o arrebatamento de sua privacidade invadida na proporção absurda de E = mc², do átomo que engole a metrópole ao ter seu segredo descoberto. Encostar-se à verdade. E por breves instantes falar sua língua única e óbvia, como Dvořák derrete o som de uma porta fechando vagarosamente para fechá-la com seu violoncelo, ou como um tigre devora um boi e o transforma primeiro em sono depois em salto. Em tal linguagem compulsória emprega-se muito mais esforço do que qualquer mestre pudesse esperar do discípulo o mais dedicado: a demanda na nitidez com que de repente as coisas se apresentam. Ou melhor, parecem se apresentar, visto que de fato quem põe o palco somos nós: elas estavam sempre ali; nós não estávamos. Até agora. ESBOÇO SOBRE A CONCENTRAÇÃO ESPONTÂNEA:


HÁ VIDA(S) PASSADA(S). A OPÇÃO PLURAL entre parêntesis outorga a dubiedade da frase e é ela plural, ou me permite ao menos optar por um significado válido: nós somos é uma colcha de retalhos de outras vidas. A alma também é cremada. Deixa de ser uma questão de „fui‟ para tornar-se uma questão de „fui também‟ – eu „fui também‟ um rei na outra encarnação, além de uma escrava – aí dependerá da porcentagem. É como o código genético, porque afinal corpo e alma são o mesmo, é questão de a ciência descobrir (o 0/1 da informática é um plágio). E justamente nós que pegamos uma encarnação pósmoderna, quando já existiram encarnações que nem sabiam onde estavam, certamente somos um monte de coisas. E aí que tudo é nossa alma gêmea. Tu podes ler que comer muito carne faz mal aos rins, mas talvez tu sejas um marmanjo e aquilo seja uma revista para mulheres. E talvez tu tenhas pegado um bom pedaço da alma de um leão, ou de um cão ao menos; se estás com vontade de beber Pepsi, manda bala, pode haver uma pouco de vidas passadas de Pepsi (ou mesmo uns alumínios de Coca-Cola Company) em seu DNA holístico.


IN_______ COMIDA INTEGRAL BAIXO [colesterol] PRECOCE [genialidade]

OUT_____ INTEGRALISMO BAIXO [q.i.] PRECOCE [ejaculação]


O tempo é um O sol nunca é o mesmo há só um sol por dia


- A abreviação 'P/' serve tanto para PARA quanto para PRA. [barulho de bateria] - As bibliotecas estão vazias; as livrarias, cheias. [barulho de bateria feito com a boca e acompanhado de gesto com a mão]

- Soaria arrogante PENSAR ALTO PENSANDO ALTO. - Os MP3 Player ainda acabarão com o IBOPE do AMBIENTE. - Na página sobre PORCO da WIKIPÉDIA consta FEIJOADA na seção VER TAMBÉM. http://tinyurl.com/lj39rc - A ANA HICKMAN de salto 15 é mais alta que o MICHAEL JORDAN descalço. - Todos os dias temos motivos para usar todos os ditados. O é-cada-uma-que-são-duas, por exemplo. - A festa cheira a perfume; chegar em casa, cigarro. - Pense pode ser escrito pensa, porém quero que ele pense não pode ser escrito quero que ela pensa. E não somente pelo gênero. - Escurinho do cinema: trevas para ver luz. - Nada menos sexy do que uma terapeuta sexual. - Ao engatilhar um três oitão, se tirar a arma fica um joinha. - O 0 (zero) do "começar do zero" é o do 10, do 100; pois o 0 mesmo só existe um. - O fato de responder a um TESTE para saber qual a sua IDADE MENTAL já DESCONTA alguns anos no resultado final. .txt 50 KB > .jpg 1 MB > .mp3 4 MB> .avi 1 GB.


ELA PASSA DIFÍCIL POR HOMEM


DOIS EM UM DOI SEM UM


A Europa finalmente estรก se tornando o VELHO CONTINENTE. 1% de crescimento contra 15% dos emergentes. EU EU EU EUROPA SE FOD EU



GIRLS LOVE GIRL LOVES


XXI = iXX


João corre, a uns treze por hora. Era de fato bom que ele corresse e chegasse de peito ofegante lá. O vestido que ela está deixa a parte mais tenaz da coxa à mostra, o pé e a panturrilha conseqüente estão moldurados na forma mais reveladora dos músculos por estarem no alto de um salto. A parte menos levada a público, a continuação da coxa que se ligará à bunda, estava sob o vestido, para acentuar a curiosidade, mas revelando apenas o volume que ele encobria, dando assim uma das duas sugestões – a outra vinha da parte antes dita, pela qualidade da pele que continha os músculos à mostra. Enfim, era bom que seu peito estivesse preparado para um encurtamento brusco entre diástole e sístole. trecho do romance 'ELA É É; TU, ÉS.'que vem sendo escrito desde 2006.


Avatar é iPhone texto completo

"A banalizada expressão ‚see you‛ (a versão da língua inglesa para ‚tudo bem?‛ em termos de abstração da mensagem original) é recolocada, potencializada pelo seu significado literal: Avatar mostra aos milhões de fantasiados de publicitários que assistem a suas sessões que, muito mais do que salvar o nosso planeta (...), precisamos de um contato com a essência das coisas. (I) see you, nada mais que um ‚falow‛ ou ‚tchau‛ para os humanos, para o povo Na’Vi toma outra dimensão: é uma expressão que celebra a profundidade que o ato de ver pode ter. Ver é mais do que simplesmente o acontecimento do sentido: é algo resultante de esforço, é algo que se atinge com a essencialidade do ato – viver no planeta é mais do que simplesmente estar nele, do que consumi-lo (...)"

Caminhar, branco e criança, na lua [Texto completo] Trecho:

"Então Michael foi além: Michael queria que sua pessoa pudesse tudo que sua imagem poderia. Queria concretizar a ilusão. Michael encarnou por excelência o não-humano: conquistou através do estranhamento (bizarrice se identifica melhor com o povo) um modo de não ser pessoa comum, de ser coisa, de estar não sobre ou sob, mas à margem do comum, ser por excelência uma personalidade, numa época em que ser personalidade é muito mais fácil, em que há muitas delas, em que pessoas comuns podem se passar (e assim de certa forma ser) por elas. Michael conseguiu quebrar as regras numa época em que somos motivados a quebrar as regras."


o sol jamais viu uma sombra apesar de elas todas irem aonde ele olha *** o sol vem de onde a terra vai


Antigamente, ao pintarem seus autorretratos (pleonasmo?), os artistas davam uma carga psicológica ou algo do tipo através dos elementos da pintura. Recentemente, especialmente na década de 90, utilizou-se das propriedades da fotografia e dos elementos fotografados para amalgamar retrato e retratado – ainda que para buscar certa aridez, certa esterilidade. Porém, na maioria dos autorretratos contemporâneos, a única coisa implícita é o tamanho do braço do autor estimado pela distância entre rosto e câmera.


Ela usar seus dentes de brincos de pérola; a pupila, de pedra no anel; o cabelo, correntes de ouro dezoito. Jogar bola com aqueles seios. A tristeza um filme - o bilhete a pele de pétala. O kit inteiro uma luva para coceira. Ela tirar os brincos e pôr de volta na boca. A pupila de volta no olho. O cabelo lavado, pintado, a preço de peruca mesmo. O seio embaixo da blusa - o filme não saiu, a pele podia ser epiderme mesmo, a coceira passou.


12/7/2010 [EMPATIA] Do subentendido no sorriso quieto de Buzz Dor de garganta, todo ranhento, juntando o copo do chão para desviar da projeção a vista, controle de respiração abdominal, boné abaixado, a coluna numa rotina espiral de tentativa de acomodação: uma luta brava contra a lágrima. Vencida, mas não sem poucos arranhões, uns sei lá quantos pontos perdidos contabilizados para a rinite, para o cisco que caiu no olho (vermelho). Não são poucos os filmes que quase me fizeram chorar. Mas este foi o menos quase dos últimos tempos. Aliás, o pessoal do Cinemark Canoas (devo enviar uma carta desaforada nos próximos dias) devia deixar a luz apagada por mais tempo. Olha o meu tamanho, já pensou o desastre? Eu até um boné vestia, tipo honrando um tipo bad ass canoense, daqueles que ficava de braço cruzado nas festas da Petrobrás e tomava três(!) cervejas – e ouvia reggaeira no carro, isso, no carro, evitando a van, especialmente a ‘escolar’. Curioso nas cenas de choro (as tocantes) é que o são também por méritos artísticos, da forma e não somente do conteúdo; a flexão deste por aquela apela à eficiência marcial de seqüenciar golpes, como uma senha desencadeando uma reação, um acorde. E na composição a empatia com um baldinho abandonado tem o mesmo efeito lírico e estético de imaginarmos o Vinícius de Moraes dizendo ‘tenho medo, minha mãe’. Além disso, brinquedo é uma sacanagem comigo: um índice de pureza é também índice de abandono quando abandonado. E somado ao tempo, a esta questão angustiante do tempo (a demanda da palavra saudade). Tô nesta ilusão sem querer livrar-me dela, de nutrir alguma estima espontânea por objetos inanimados (o cacete que são). E não estou sozinho naquela, vide a moedinha da qual fala Mario Quintana e também se pensarmos na música d’O Caderno, do C. Buarque de H., nota-se que até aquele cachaceiro que cínica e matematicamente explorava sentimentos notou nisso algo universalmente válido. Aliás, já encontro eco bem mais perto (sem precisar apelar ao público autenticador do período anterior), já na minha irmã (e se pá a outra também fecha, entre tantas mais talvez pessoas próximas), que fecha comigo num argumento técnico-científico intuído. Sustenta ela, baseado num conhecimento não profissional, embora lá meio profundo, em física quântica, que todas as coisas têm átomos que se movimentam (fato, para usar uma palavra giriada do momento), e portanto nas suas partículas infinitesimais são vivas e mui parecidas umas com as outras (0/1 style) – mesmo uma pedra ou o vento. Isso se casa (e corrobora, já que os céticos ironicamente não podem derrubar as constatações mais simples mesmo com os mais sofisticados argumentos (vide ateísmo)) com a ilusão que desde criança não me importo em deixar de exibir (exibir porque a validade é para fins externos e explicativos, pois não há de ilusão nada nisso). Um brinquedo brincado, um livro lido. São no mínimo um depósito de energias. Daí para imaginá-los hiperativos e tristes esperando os donos quando abandonados (fi-lo sempre) é um tapa (dado pelo filme com suas alegorias). Porquanto inda que não exatamente católico carrego no retrovisor interno do Tender Blue Thunder o rosário deixado por minha avó e não dispenso uns mental beijinhos simbólicos na ferradura (p/ o inferno os mal entendidos) cunhado pelo ferreiro Manoel, avô meu até 93, quando deve ter se tornado um tratador de animais no Éden ou um nuvenzeiro (olha que bonito isso). Claro que anexada a esta conclusão rolou uma bobajada forte de praxe, sempre internamente engraçada (‘não lava o garfo que ele vai pegar gripe’ na voz daquele personagem-bisão que os broders e eu tanto encarnamos para rirmos, entre tantas não tão ruins). Riso e choro foram projetados para serem incontroláveis.


Riso e choro foram projetados para serem incontrolรกveis.


Tudo é passível de debate, ponto de vista; e nem é preciso acreditar neste mistério evidente elucidado nos grandes ensinamentos esotéricos: as coisas em seu funcionamento mesmo se reservam versões, impossibilitam uma não rarefeita verdade; como dispensar a maravilha potencial em cada possibilidade que há em tudo, em qualquer infinitesimal vibração? Há uma sintonia precisa entre quaisquer coisas que se preferem ou em qualquer coisa preferida. E talvez aquilo que parece uma sensação evoca uma dimensão inteira, que transborda da sua camada e emerge delicadamente do ciclo padrão, na forma de sutilezas que nos põe em pequenos xeques eventuais, e nos inquirem justamente a certeza: será que eu tenho certeza? Será que eu tenho, então, certeza? Será que abro mão da languidez da verdade para criar (crer na, fechar-me na) minha própria? Tudo é possível certeza.


fly away VOAR A-CAMINHO ============== Escuta-me: minhas orelhas são asas porque eu posso ouvir minhas mãos são asas porque eu as uso eu desenho asas porque minhas mãos eu as uso meus pés são asas porque eu corro o mais rápido possível porque eu ouço meu mp3 são asas Minhas axilas são asas porque eu não quero mais tomar banho Eu acho que você se foi porque [no fundo] eu acho que você voltará


as brincadeiras com a gravidez honorária da sua mãe a sublimação com a carpintaria a paciência para com os que não entendiam as metáforas aquela frase latejando "é só seres perfeito, filho" uma dor nas costas horrível e uma pá de cicatrizes... Não perca no próximo versículo! Dentre os rochedos, eis que uma explosão quebrara as pedras e surge a mão: primeiro aberta, depois mais aberta e depois, num átimo, cerrada, e depois a mesma explosão, a mesma pedra na mesma proporção de novas rachaduras, portanto progressivo geometricamente quebradas, só que agora o corpo, primeiro curvo, depois mais curvo, menos ávido, e, num átimo, ereto, peito estufado, o brado, as mãos cerradas socando o peito novamente o corpo curvado as mãos cerradas, os músculos tencionados, o silêncio, antes do berro, dos olhos vermelhos (não é o coelhinho, não é papai noel) a barba suja de terra do enterro, o sangue inda correndo na testa, nos pulsos, nas veias, nos tornozelos (saindo destes e ensopando os pés) o brado gritado em voz baixa: perdoai, eles não sabem com quem se meteram. A fúria do rosto calmo do Messias. O Cordeiro vem aí e o bicho vai pegar. O Homem está de volta.


Esta mensagem é efêmera, tem validade somente por esta tarde, caso não lida no prazo certo, cumpra-se uma regra agora arbitrariamente posta: determina-se que não haja prescrição nos casos de entrega de pão quente e flores recém colhidas do mato, bem como correios eletrônicos enviados em virtude de tardes muito bonitas, aplicar-se-á o mesmo para anotações explicitadas verbalmente, em qualquer hipótese. Também, que a tarde hoje será bonita, já que a manhã já foi e eu irei almoçar brevemente para degustá-la, isso, aliado à noção não oficial do que lhe é indiscutível e patente, obrigou-me a fazer um comentário um tanto vago, muito lírico, um pouco óbvio: se tudo é metáfora, então nos resta não fumar, dançar diariamente [teu amigo "Nitch"¹] e andar bastante de pés descalços.

Há uma sensível diferença entre os vinhos, mas é a sensibilidade que faz o violino tocar.


ALÉM DO HORIZONTE HÁ OUTRO HORIZONTE PODE-SE IR AONDE ESTAVA O HORIZONTE MAS NAO AO HORIZONTE O HORIZONTE EH O PRÓPRIO ALÉM


na maior parte do tempo (que é uma parte intermitente) o pé está em contato com o chão, mas também com o céu a cabeça está em contato só com o céu


quantos s達o quem?


Tem umas ĂĄrvores que sĂŁo mais velhas que uma galera inteira.


a chuva sempre um bom sinal: ainda há água há céu há chão


O DOG STYLE EH O MAIS PRATICADO PELA MAIORIA DOS ANIMAIS


Nos filmes, ou mesmo no teatro, ou mesmo na novela A Viagem, o fantasma da pessoa é-la logo antes de morrer, até a roupa, nalguns casos. Então aquele papo de que os bons morrem jovens é papo. Os que morrem jovem são mesmo é uns espertos para serem eternamente jovens (e transparentes).


O conceito pejorativo que se tem da velhice é o mesmo que se tem da erudição. O mundo é jovem na medida em que é popular. E o popular é a primeira instância das coisas, que depois vão se sofisticando porque perdem a graça ou a utilidade. Porque se quer ou se precisa mais. As relações financeiras eram tão básicas, lucro, juro, prejuízo, e hoje temos o mercado financeiro e seu micro universo hermético. Na maturidade, fazemos da nossa vida um micro universo hermético, que cita toda a obra anterior. A juventude é uma coleção de novidades que se vai repetindo e perdendo força, e que por isso necessita reinventar-se para fazer um sentido maior que não somente a novidade. Depois de um tempo não impressiona mais. Precisa de detalhes mais sutis, detalhes que só iniciados percebem. A luta pelo arrebatamento e pela surpresa passa a ser mais dura. Deixa de ser coca cola e vira uísque, deixa de ser Michelangelo e vira Andy Wharol. Mas para ser velho é preciso enjoar de ser jovem. Porquanto faz parte da juventude a impulsividade, a urgência: para que ela se esgote no seu tempo, para que ela queime a si mesma. Ser maduro é ser mais sofisticado. É ser mais novo, ser contemporâneo. Para um velho, ser jovem é coisa do passado. Para um velho, ser jovem é ser ultrapassado.

Se a maioria dos garçons não fosse composta de jovens, a profissão chamar-se-ia vieillard.


pés frente a frente ao pé do ouvido fés frente a frente na boca escondida de vergonha não olha os lábios substi-tuídos pelas orelhas lhe dizem não diga nada e o nada repleta que se unem se ajudando a ver mas não não se pode descrever um momento que não se pode ver por não haver visão para isso por isso não há que se dizer nada por isso olhos fechados

PATIENCE


sALVAR DO ESTUPRADOR S/QUERER COMER A MINA DEPOIS DAÍ QUE TU COME MESMO!!!1!


MODOS DE XINGAR NO TRÂNSITO: ============================= - VAI TOMAR NA BUNDA QUE TUA MULHER JÁ TÁ TOMANDO - SÓ PORQUE TEU CU PISCA NÁO SIGNIFICA QUE NÁO PRECISA LIGAR O PISCA-PISCA - TÁ INDO DEVAGAR ASSIM PRA DAR TEMPO DO RICARDÃO IREMBORA? PROCURA USAR SEMPRE ‘CU’ COMO PRONOME RELATIVO OU SIMPLESMENTE SINÔNIMO DE TUDO. OBSERVE O USO DA MÃE E DA ESPOSA AO XINGAR.


joaogrando FINANCEIRAMENTE CURIOSO que os filmes mais comentados do ano no twitter tenham sido Avatar e Paranormal Activity. #cinema #2009 #$$ 28 Dec 2009 from web ============================================================== joaogrando a BÍBLIA tem um jeitão de TWITTER. 22 Dec 2009 from web ======================================== joaogrando Sheila Mello é mais BUSCADA do que Brittany Murphy [http://migre.me/eNTa]: morrer OUT, sair da Fazenda2 IN. 22 Dec 2009 from web ================================================================================ joaogrando A esperança é a última que morre A ANSIEDADE É A PRIMEIRA QUE NASCE. 16 Dec 2009 from Seesmic =============== joaogrando SANGUE só significa MORTE quando está FORA DE LUGAR. Do contrário, ele está bem mais para VIDA. Excetuado a transfusão, claro. 15 Dec 2009 from Seesmic =================================================================== joaogrando Confiar INCONDICIONALMENTE passa por DAR a senha do INTERNET HOME BANKING. #amizade #amor 15 Dec 2009 from web joaogrando Os pardais VOAM BAIXO e isso definitivamente não significa que ESTÃO JOGANDO MUITO. 15 Dec 2009 from web ========== joaogrando UM ÁS NO é muito semelhante a UM ASNO. #pensenisso [e.g.: eu sou um ás_no Twitter]. 14 Dec 2009 from Seesmic ======= joaogrando o relógio digital não tem sentido anti-horário. 10 Dec 2009 from web ==================================== joaogrando eu& vc no wc #poesia #? 09 Dec 2009 from web =============================================== joaogrando 'Que bom, amanhã JÁ É sexta.' -vs.- 'Puta merda, esta semana PASSOU RÁPIDO.' 03 Dec 2009 from web =============== joaogrando Os AMIGOS se parecem com as NAMORADAS. Tirando a parte BOA. E a RUIM. Ou seja: os amigos NÃO SE PARECEM com as namoradas. #thanksgod 03 Dec 2009 from web ======================================================= joaogrando Acabei de descobrir agora, o VIRA-BOSTA (Molothrus bonariensis) é um passáro BELÍSSIMO (negro brilhante). 02 Dec 2009 from web joaogrando Chuva boa para PASSEAR no CENTRO c/ 3 sacolas e 1 mochila (p/ fugir do clichê PIPOCA e FILME em casa). 02 Dec 2009 from web joaogrando Por que não usar BOM em vez de BEM BONZINHO? #pensenisso 26 Nov 2009 from web ======================== joaogrando Alguém lembra como começavam as respostas antes do 'COM CERTEZA'? ================================= ***************************You know that guys: HTTP://TWITTER.COM/JOAOGRANDO************************************** ++++++++++++++++++++++


Michelangelo, com o desenho, e contando com a história, talento e mercado, equiparou em valor o carbono do grafite ao do diamante; a tendência é, pelo verde, as árvores virarem esmeraldas (ou raríssimas, ou (ou e) valiosíssimas).


Não sei se isso é comum (e assim lhes pergunto “não sei se isso lhes é comum?”), mas há uma base de imagens de lugares nos quais nunca estive e que costumava justificar como vindas de sonhos ou situações imaginadas, mas que seguramente posso afirmar apenas que são um conjunto de imagens específicas (portanto não são apenas lugares, mas lugares registrados de um determinado ângulo, ponto de vista, como um déjà vu sem áudio e sem as demais coincidências, ou seja, como a parte visual de um déjà vu ( ou déjà vécu, como queiram)); esta base de imagens parece estar bem guardada na minha memória, tamanha precisão com que são visitadas e mesmo revisitadas, mas, a despeito de esta estabilidade sugerir uma localização profunda, elas estão muito perto da superfície, de modo a sempre emergirem involuntariamente durante minha rotina (não posso afirmar que diariamente, mas pelo menos semanalmente, embora ache mesmo que sejam diárias e dentro deste limite variadas vezes suas aparições), e com tal frescor que eventualmente me permito o exercício de buscar randomicamente algumas delas para ter a sutilíssima sensação (quase um som) de meu cérebro (ou mente, para ser inda mais sutil) pesquisando, remontando a imagem exatamente como ela foi seja lá quando tenha sido. Que estão incrustadas na minha memória é ponto resolvido, a questão é como pararam ali. Em princípio descarto a hipótese de outras vidas vividas, porque geralmente são cenários contemporâneos, ou ao menos não tão antigos. Surge a hipótese de ser um registro de sonhos, mas já noto isso há muito tempo e não houve atualizações no banco de dados com os sonhos que sonhei nos últimos anos, além do que, dos sonhos eu me lembro quase todos e eles vêm sempre acompanhados de sensações, e não raro são protagonizados por pessoas, além de terem sua formação rarefeita típica – e o fato de me lembrar deles tal como eles foram exige a utilização plena da mídia do pensamento. Insisto, assim, que se trata apenas desta base de imagens específicas, inclusive com travellings e outros movimentos incrustados na suas insubstituíveis versões. É-me cara então a hipótese de serem vidas vividas concomitantemente, através de universos paralelos; resolver-se-ia assim a questão da contemporaneidade, porém ainda se é de estranhar a esterilidade dos ambientes (algo que não citara até aqui: quando é uma praça, por exemplo, é como se fosse uma praça sem uso ou sem uso no momento, mas não simplesmente como uma praça à noite, e mais como uma fábrica quando está fechada, ou um parque de diversões que ainda não abriu, num estado de catálogo, dicionário), o que me dá duas justificativas possíveis principais: –a– a de que há níveis de densidade nas nossas vidas paralelas, e talvez algumas tenham uma materialidade concreta visível e destacável até no ar, ao passo que outros se mesclam intersensivelmente nas suas percepções (caso dos sonhos, geralmente), conforme a vibração de cada ambiente no espaço-tempo-dimensão e a vibração por nós exercida nele e –b– a de que realmente se trata de um catálogo ou dicionário disponível para experimentos ao nosso espírito, como um ambiente de teste par a nossa alma aprender o mundo concreto. O que é certo é que a investigação seguirá considerando a localização mental: do mesmo modo que tais lembranças estão no meio do caminho entre a imaginação e uma memória de experiência efetiva, talvez se trate de lugares que efetivamente visitei, mas lugares numa espécie de éter que, à maneira da linguagem, refaz todo o mundo, de modo facilmente referencial, porém sem deixar que sua característica midiática o suspenda da realidade.


agora imagina você que cada quilo seja um segundo (não é minuto, um quilo é muito pouco para um minuto); se cada quilo fosse um segundo, 300 segundos = 5 minutos: um tigre é cinco minutos; uma tonelada é pouco mais de 15 minutos; aquela mulher é 1 minuto “57 segundos”


MACACO-HOMEM =========== Seus superpoderes já estavam nele: a) viver no presente como se tivesse voltado ao passado; b) zoom óptico na visão; c) busca e substituição de traumas com F7; d) consciência de plástico; e) coração de aço inoxidável; f) audição com controle de volume; g) layout para exportar mapas astrais. O câncer: sob controle; aids: sob controle; a imensa gama de conhecimentos: destrutível. mas um vírus terrivelmente preocupante (e mais, ocupante): acontece o que quer que se imagina. O grande supermercado do mundo, aberto aos domingos, cem por cento de desconto. Começou a fila para os cem maiores do século. Queremos agressividade. Faze um twitter, pega uma ficha.


Do balcão, vejo chegar ao bar uma moça: ela empurra a porta - e estava escrito empurre - mas a porta fica presa. Um recém chegado trocou dezesseis por meia dúzia e saiu do trabalho às quatro da tarde. Agora como queira. Entra no carro, liga o pisca utilizando o câmbio. Acelera com o freio, ou resolve dirigir uma calçada. Uma nova demanda, uma nova mídia. Sem mídia alguma. O pensamento enxugado sem software. A solução para os blasés voltarem a se divertir. Uma das poucas vanguardas aguardadas. O novo domínio do fogo: o pensamento legível. E um vírus terrível: pensou, aconteceu. Ao invés de (em vez de em vez) inventarem coisas novas, as primeiras atitudes seguem mastigando ainda a velha cultura: colocaram balões nos diálogos das pessoas para entender os mais baixos sussurros; em nome da preguiça, passaram a trazer os cenários ideais para dentro de casa, para a vista da sacada. Tem até um louco que realizou seu sonho: colocou no lugar do cu um pênis, que flácido passa fácil, fácil por rabo, mas usou seu pau no rabo mesmo para dançar maxixe. Quem pensou em voar ao sentir calor? Ninguém. Na mentira apitar? Ninguém. Mas saias e passarelas transparentes...


o frio é fogo:

Eu não sou de dizer eu disse, mas eu disse: não subestimem o inverno gaúcho (o sul-rio-grandense pertence ao termo gaúcho). Não subestimem a porra do inverno gaúcho. Não subestimem o magnífico inverno gaúcho. 10ºC. Frio, ainda que os gaúchos digam que dez graus não é nada, ou seja, que são muitos, por estarem acostumados a bem menos, a pouquíssimos. Mas o vento deixa o frio dopado, na conotação atlética do termo, de melhor desempenho. Como se num repente estivéssemos todos andando em motos. De tal modo que uma sacola voando não era apenas uma sacola voando, era uma sacola voando e com frio. O frio: ele fenixosamente retorna sempre. Setembrão e o bicho pegando. O bicho tremendo. Nevando em cidades que não se viam sob neve há dezenas de anos. Mas punk mesmo foi o do ano passado, um inverso sólido, intenso e constante (quase que os três significam a mesma coisa) de oito meses – costume novamente gaúcho de valorizar a história dos invernos (“no meu tempo o mau tempo...”). O frio gera conforto nas pessoas justamente pela sua ausência, ou melhor, pelo seu isolamento ou neutralização. Proteger-se do frio, da chuva os tornam coisinhas fofas “que chuvinha boa, que friozinho p/ ficar dentro de casa”, quando em verdade eles são devastadores. Queimam. São lâminas, ambos. Ou todos, inclui-se aí o vento, do que eu originalmente falava. Estima-se assim o desconforto que seria estar lá os enfrentando, quando numa briga covarde se apela a paredes e calefações, usando destes termos aplicáveis a crianças, falando em cãezinhos quando tratamos com bestas. Pois apenas se supõe. Somente se conhece o frio – e sua gangue - quem (aqueles que) o(s) enfrenta(m) (jogar bola na chuva, no inverno, por um exemplo, para não me reportar a problemas sociais que me levariam a desviar severamente o assunto). Aí é o frio desgraçado, maldito. Só assim se pode saber (saborear, a sabedoria da etimologia) seu poder. Por isso há tanta dor de cotovelo. A verdade tem de ser vista por fora, o valor tem de ser mensurado pela ausência, pelo tamanho do vazio deixado. Conhecer o amor é sofrê-lo.


10 COISAS QUE QUERO FAZER ANTES DE MORRER: 10: mandar p/ o inferno todas as resoluções; 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1: BOOM


PREENCHA A LINHA PONTILHADA C/ O nº DE PRIMAVERAS JÁ COMEMORADAS (OU LAMENTADAS) NA TUA VIDA E GANHA UMA VERDADE:

A VIDA COMEÇA AOS _ _ _ . p.s.: Notem que deixei espaço p/ três dígitos. Caso haja algum leitor ou algum conhecido que possua uma idade superior a três dígitos (6?) (lembrando-vos que trataríamos aí de milhar e lembrando também que Jesus não vale, até porque oficialmente ele teve morte corporal antes dos 40), avisem-me, pois eu consigo um com espaço maior.


ERAS ASTROLÓGICAS DESDE O SURGIMENTO DO HOMO SAPIENS* 11.000 LIBRA -85.600 AQUÁRIO 8.900 ESCORPIÃO -87.700 PEIXES 6.800 SAGITÁRIO -89.800 ÁRIES 4.700 CAPRICÓRNIO -91.900 TOURO 2.600 AQUÁRIO -94.000 CÂNCER 500 PEIXES -98.200 AQUÁRIO -1.600 ÁRIES -100.300 PEIXES -3.700 TOURO -102.400 ÁRIES -5.800 CÂNCER -104.500 TOURO -7.900 GÊMEOS -106.600 CÂNCER -10.000 LEÃO -108.700 CAPRICÓRNIO -12.100 VIRGEM -110.800 AQUÁRIO -14.200 LIBRA -112.900 PEIXES -16.300 ESCORPIÃO -115.000 ÁRIES -18.400 SAGITÁRIO -117.100 TOURO -20.500 CAPRICÓRNIO -119.200 CÂNCER -22.600 AQUÁRIO -121.300 CAPRICÓRNIO -24.700 PEIXES -123.400 AQUÁRIO -26.800 ÁRIES -125.500 PEIXES -28.900 TOURO -127.600 ÁRIES -31.000 CÂNCER -129.700 TOURO -33.100 GÊMEOS -131.800 CÂNCER -35.200 LEÃO -133.900 CAPRICÓRNIO -37.300 VIRGEM -136.000 AQUÁRIO

-39.400 LIBRA -138.100 -41.500 ESCORPIÃO -140.200 -43.600 SAGITÁRIO -142.300 -45.700 CAPRICÓRNIO -144.400 -47.800 AQUÁRIO -146.500 -49.900 PEIXES -148.600 -52.000 ÁRIES -150.700 -54.100 TOURO -152.800 -56.200 CÂNCER -154.900 -58.300 GÊMEOS -157.000 -60.400 LEÃO -159.100 -62.500 VIRGEM -161.200 -64.600 LIBRA -163.300 -66.700 ESCORPIÃO -165.400 -68.800 SAGITÁRIO -167.500 -70.900 CAPRICÓRNIO -169.600 -73.000 AQUÁRIO -171.700 -75.100 PEIXES -173.800 -77.200 ÁRIES -175.900 -79.300 TOURO -178.000 -81.400 CÂNCER -180.100 -83.500 CAPRICÓRNIO -182.200 *Valores aproximados. O sinal negativo é o mesmo que A.C. EM SUMA: APROVEITE A VIDA, BLÁ, BLÁ.

PEIXES ÁRIES TOURO CÂNCER CAPRICÓRNIO AQUÁRIO PEIXES ÁRIES TOURO CÂNCER CAPRICÓRNIO AQUÁRIO PEIXES ÁRIES TOURO CÂNCER CAPRICÓRNIO AQUÁRIO PEIXES ÁRIES TOURO CÂNCER


xy Os braços pesados deixam o corpo leve. Procede o contrário de um salto, no que ao chegar no alto a estrutura se avoluma, os músculos só não estouram por estarem amarrados pelas veias expostas à flor da pele. Deixa-se cair novamente, embora com certa resistência. Volta. Repete o movimento para que o músculo o decore. Controla as reticências entre uma ida e outra. Quando abandona a barra, nota-se que já há herança dessa organização da força. As veias tal como fios dão à mão um aspecto ventríloquo. As veias vêm do coração e, se as controla, ele só quer agora saber de uma garrafa plástica. Bebe água. Expira.

xx É como as outras... Mas na hora de exercitar os músculos de trás da perna como se ela fosse a cauda de um escorpião... Ficar de quatro funciona como um pedestal. {'FORÇA, GURIAS!'}


o relĂłgio ĂŠ uma bĂşssola na qual o ponteiro sempre aponta o norte: agora.


O PAU, E Nテグ SOMENTE A MULHER, GRITA NA HORA DO ORGASMO O GRITO ESTRIDENTE ABAFADO PELAS PAREDES DA BOCETA

A MULHER EH O MICROFONE A LEGENDA DO PAU.


Guri pula para aparecer no Google Earth; máquina paga pelo carinho de um cartão plástico; guri experimenta a gravidade e a agressão com um balão cheio de água; guri aposta corrida com um ônibus e este último vence com grande vantagem. Já para a guria o mesmo ônibus pára e abre sua porta. E ela estava, ainda por cima, coberta por uma pequena barraca, protegida da chuva que dificultou a corrida daquele guri. Quatro homens jogam cartas com DVDs; homem usa o vestiário feminino para tirar uma roupa que não é sua e que não está no seu corpo. Meninos de barba, meninas de calça, velhos com cabelos já grisalhos.


i like rilke more than i like nike

i like to work but i do not like to job


AMOR

---A moral é que o Jack Brown - quer(o) dizer, o Jack Estripador - nunca será descoberto, mas é certo que ele está morto, disso ninguém foge, nem a mãe dele, aquela vaca. Agora não há nada mais foda (há até pior) do que ir lá, vê-la e não falar com ela. E certamente eu me não refiro à mãe do Jack. Eu me refiro a ela. E eu sei muito bem o que ela significa para mim.


Uma nuvem. Se pequena, nuvenzita. Um barco, se pequeno, barquito. Se for por pouco, e o pouco o for por pouco, um pouquito. Uns favores da natureza: existir tigres, existir plátanos, existir coisas sapientes, existir etc. Mas um num pequeno pedaço – pedacito, portanto – é que o é por o ser. O caso, então, é ser um pequeno favor, ser favorito.


"A arte antecipa as coisas. A "morte" (aspas em destaque) pela qual passou a arte (e se falarmos em morte talvez possamos chamar a contemporaneidade sobrevida ou vida eterna) passam agora o jornalismo ("o jornalismo morreu?"), a televisão, o comércio, a sociedade. Assim como coisas essencialmente inquestionáveis, como a medicina, ou, menos especificamente, a ciência, passarão também – atingirão um grau de relatividade que lhes tirará a possibilidade de ser universal, transformandose em mais uma opção dentre outras: porque tudo isso não deixar de ser a morte (ou a crise) do certo, do melhor, do bonito, da resposta." Trecho do texto RONALDO é ready made. [texto completo]


Eloá morreu. A culpa é da imprensa. A culpa é da polícia. A culpa é do culpado. A culpa é da Eloá. A culpa é do amor. Bruno Barreto disse que o caso de Lindemberg é parecido com o do ônibus 174. Sandro participou da chacina da candelária. A polícia participou da chacina da Candelária. A imprensa falou que a chacina da Candelária não é legal. Lindemberg ama Eloá. Sandro não amou. Luiz Eduardo Soares escreveu um livro (entre tantos outros) no livro uma coisa que mostra (entre tantas outras) o BOPE é cruel. José Padilha dirigiu um filme a partir do livro de Luiz. Capitão Nascimento para presidente. O BOPE é herói. José Padilha dirigiu o documentário ônibus 174. Um policial do BOPE matou sem querer a refém. O BOPE é vilão. Bruno Barreto pode ir ao Oscar com o filme 174 última parada. Bruno Barreto é herói. Bruno Barreto perdeu o Oscar em 97. Bruno perdeu o Oscar. José e Luiz pensaram o ônibus 174. Gabriel o Pensador fez uma música 175 nada especial. O policial errou o tiro. O Lindemberg perdeu a vida. O Lindemberg errou. O Sandro errou. A imprensa disse que eles erraram. A imprensa disse que Bruno perdeu o Oscar. A imprensa não disse que ela errou. 40 mil pessoas no enterro de Eloá. 1 pessoa no enterro de Sandro. Sandro morreu.


DISPUTA -------

cĂ­lio quer ser pupila virarĂĄ pedido entre a ponta de dois dedos que pedem a mesma coisa: o resto dos donos dos dedos


“L‟absence diminue les médiocres passions, et augmente les grandes, comme le vent éteint les bougies et allume le feu.” François de La Rochefoucault [trecho do texto A Waltz for a Night]

Em vez do beijo desesperado (a queda de, ainda que inofensivas, ainda que pequenas, máscaras) à porta do trem no filme anterior, uma valsinha (mais leve, mais aliviada, mais tranqüila do que os violinos que encerra o filme anterior). A sensação agora não é o desespero. A sensação é o alívio. Valsarão, definitivamente. Foi tacitamente decidido, definido, definitivamente. Tanto pelo título, tanto pelo conceito do filme anterior, tanto pela perene ameaça do final vindouro, resistiase. Mas Celine quebra a regra principal do projeto: “você vai perder o seu vôo”. Um pequeno zoom, close-up nele, que sabia. Ela sabia. Eles sabiam. Nós, no fundo, também. Definitivamente, usada linhas acima, pode significar que define, mas pode significar algo que não mais se alterará. Pode ser uma situação que ficou definida (e vai durar), pode ser uma situação que foi apenas definida (foi decidida, vale para o momento). E do final, do depois do final, não sabemos. E o final nos diz isso. Definitivamente. Porquanto, por excelência, um filme de amor: de como ele inevitavelmente se instala, de como ele abrange uma combinação de acontecimentos e buscas (ou de todos os elementos) que nutrem a e nascem da sua contigüidade. Da fatalidade com que se consorcia. De como ele, sempre sob uma aura ambígua, para exigir coragem, instala-se como anseio guia, tal como um anseio vital, de sobrevivência, e obriga a busca oprimindo infelicidade a seus componentes; em suma, de como dá um jeito de fazer com que seus envolvidos dêem um jeito. Em suma, de como ele inevitavelmente não é evitável. Au revoir, later


“É uma questão de sutileza. Uma sutileza que toca o lugar onde acontece o prazer de qualquer manifestação: a recepção individual. Ela vem perdendo espaço para a exteriorização desta recepção, que se confunde com as outras já exteriorizadas.” Trecho do texto “Cri-critica-se ou o silêncio da sutileza”. [texto completo]


eu& vc no wc


De 0 a 9 são 10 os números de 1 algarismo. 0 + 9 = 9; 9 + 10 = 19; 19 + 1 = 20. De 0 a 20 são 21 os algarismo. Mas apenas 10 os de 1 algarismo. Os de 2 algarismo são 11, portanto 10 + 1. Os números de três algarismos são 0 se for de 0 a 20. De 0 a 99 o mesmo. Mas de 0 a 100 temos o 100. Que é, por sua vez, 99 + 1, mas nem todo número - e eu diria a maioria deles, para piorar - de 2 algarismos mais 1 outro de 1 algarismo dá um de 3 algarismos. As palavras representam, mas os números também não são exatamente santos. Além de não terem a opçãoo de Caps Lock p/ substituir o negrito no twitter.


“Nur manchmal schiebt der Vorhang der Pupille/ sich lautlos auf -. Dann geht ein Bild hinein,/ geht durch der Glieder angespannte Stille -/ und hört im Herzen auf zu sein.” =============================== Der Panther, Ranier Maria Rilke

Trezentos quilos de leveza num pequeno mar de carne que olha as grades e pensa ver nestas estranhas listras tão retas um sinal de evolução de um tigre bem maior que oprimiu sua agressividade sem fazer barulho algum ou mesmo se mexer. Lanço um olhar de quem só pode olhar e, sem saber pôr no papel, tiro uma foto deste poema bem maior que lança um olhar de quem só pode olhar e, sem querer rugir, boceja.


‚Nessuna cosa si può amare nè odiare, se prima non si há cognition de quella" Leonardo da Vinci

O que me dá nos nervos na arte e ao mesmo tempo me encanta é o modo como ela se disfarça de outras coisas dando uma atmosfera poética a estas coisas – a atmosfera poética é um estado de atenção amplificada, que torna os detalhes poéticos – a palavra poética em si já substitui todas as outras: a atmosfera melancólica é um estado depressivo que faz qualquer detalhe parecer triste e assim vai indo, e a possibilidade deste sistema lingüístico (ou mais que isso, sensorial) de percepção é que determina a poesia. (...) Até porque às vezes as vanguardas se disfarçam de mau-gosto e eu sempre penso que o pós-modernismo dá enfim voz ao povo, aceita definitivamente o humano – pois é uma desistência do horror e da empolgação ante um novo mundo do início do último século do milênio passado (cataloga os preguiçosos, os hedonistas, o pessoalzinho que quer curtir a vida e diz que todos podem ser assim). (...) E, claro, se ‚a arte revela o humano‛, ela vem cumprindo sua missão. Se antes isso era retratá-lo (até a fotografia, num pensamento objetivo que beira o simplório), passou a ser revelar sua ânsia coletiva, e após sua ânsia individual, ou alegria, ou raiva, ou ideologia, enfim, revelar-se. As obras que iniciaram o pós-modernismo ilustram de maneira elementar as definições dele. E, como tudo, um pouco numa via de mão dupla, definiu e definiu-se. E sofisticam-se para expressarem as coisas cada vez mais como são, como surgem. Assim reporto-me a mais um índice de transformação do século XX: Wittingenstein e a crença de que os limites da linguagem são os limites do mundo, do pensamento. A linguagem (todas as artes) que dê um jeito para acompanhar nossas cabeças, independentemente se aplicarmos as artes ao cotidiano, o cotidiano às artes, ou às artes a arte. Em meio aos meios mais especializados isso meio que acontece (como essa minha tríplice utilização para meio – vide vós que a ingenuidade intencional é um recurso, é como meditar) sem querer querendo, muitas vezes. (...) É chover no molhado, mas saber como se está chovendo. Pois chovendo no molhado criamos uma grande poça, que se acumulou em rio, que vem desde os gregos e antes deles nos homens das cavernas inundando a cidade, e ao mesmo tempo que dá água, desabriga, traz à tona o lixo – mas sempre transforma.

Trechos do texto “A Arte dá nos Nervos” [texto completo]


terça-feira, 26 de agosto de 2008: um beijo, beijing

Põe-se um prendedor no nariz das nadadoras sincronizadas a fim de evitar o excesso de beleza gerada pelos corpos das atletas somados aos movimentos por estas e usando aqueles executados; // Atletas brasileiros gritando porra em câmera lenta. // Um filho de Michael Phelps com Shawn Johnson. // Quem roubou a vara da Fabiana Murer foi o velho aquele fanático que atrás do cordeiro de deus achou o Cordeiro, Vanderlei. quatro anos antes nos quarenta e dois mil cento e noventa e cinco metros rasos. // Anti-dopping nos repórteres: adjetivos anabolizantes: Galvão falando músculos impressionantes por causa da saga phelpiana. // Michael Phelps é o novo Pelé das piscinas Pelé é o Pelé dos gramados então o Pelé propriamente dito que paga para não nadar pois nada nada ou não nada nada. // Cesão tentou cantar o hino: a letra era outra: a língua era a lágrima.


Um dos campos mais férteis para a criatividade é o campo do vizinho: inspirar-se em linguagens diferentes (ou ramos diferentes) da que se vai criar. Uma vez quando era criança ouvi até um dono de joalheria falar que dizia aos seus designers para jamais se inspirarem em jóias para fazerem jóias, mas em obras de arte, em músicas, na rua etc. Pois bem, sabemos disso. O Ronaldinho é NBA; o Kaká, religião evangélica. O jogo entre Espanha EUA foi equilibrado. Mas ginga, marra, a beleza de jogar – claro que uma beleza popular, apelativa, uma beleza peituda e de grande bunda – somente os norte-americanos têm. Evidentemente que para quem gosta do jogo – como na crítica de cinema, na enologia e tudo mais – qualquer jogo que tenha bons times é digno de apreciação e avaliação, e muitas vezes há sutilezas que valem mais que gritos. Mas ver os norte-americanos comemorando e muito um título de basquete mostra que o “Dream Team” sempre esteve à frente, mas o Dream Team (este s/ aspas) sempre estará: ele, no meu universo de descoberta pessoal, é um símbolo da magia do esporte nascendo para o meu eu-expectador, o nascimento da Olimpíada: 1992. Então “a olimpíadas” é isso, é ver TV, é dizer a todo Daí que surge o panatlo (em vez de triatlo). Ou um tudoatlo. Ou sei lá.

momento

que

não

se

tratam

de

humanos,

é

querer

praticar

esportes

diferentes.

E quem sabe, concomitantemente, lutando pelo recorde mundial, nadar por uns 10 metros, marcar um gol e após a comemoração explosiva adequar-se ornalmentalmente ao sofá e ao travesseiro e mantendo os dedos esticados conforme o código pressionar somente o suficiente o on da televisão. Eu ia dizer que o nado sincronizado e os saltos atléticos (vara, distância, altura) traziam as mulheres mais bonitas, mas talvez eles tragam as mulheres mais modelos, pois mulheres são tão bonitas que não há como não se render à Cristiane camisa 11 dançando enquanto comemorava um de seus golos e isso evidentemente para citar um exemplo apenas – e para dar outro temos a injustiçada cantorazinha que, segundo a versão oficial, foi dublada por “uma colega mais bonita” ou simplesmente “porque era feia”. O time da Bulgária, por um exemplo, a moça deu uma barrigada (como se tivesse uma) no bambolê (bamboleiioo, sim, veio-me à cabeça a mesma coisa) e ele foi parar na mão da outra – Just do it, impossible is nothing. E pessoas tiram o prefixo do impossível e ainda tiram notas ruins. E cada vez mais impossível, e cada vez mais isso é nada: 100 metros em quase 9 segundos e meio. E o pessoal da rítmica da Rússia fez coisas piores. Enriqueceriam num sinal fechado. O atleta tem de gostar do frio na barriga, do fato de não poder errar, da adrenalina como tantos falam. Há uma porção de piadas nestes jogos, que são piadas por si só: vara sumir, o argentino também da vara que foi reto, o cubano que não leva injustiça para casa. E há também o Galvão. Eu não sei bem quando foi que ele virou vilão. Se for por isso, muitos outros na TV deveriam virar vilãos também. Mas só os populares são vilões. Até Caetano já virou vilão. Um dos maiores músicos do Brasil, tão importante quanto (ou mais que) Chico Buarque. É difícil fazer sucesso no Brasil e não virar vilão (nesta conotação, claro, que é uma conotação leve para vilão). O Galvão conversando com os familiraes é pura comédia, é tão bom quanto o Sílvio Luiz dizendo tá todo mundo segurando o tchan. A diferença é que o Galvão vira um comediante sem intenção. Só quem ganha ou deixa de ganhar uma medalha (só o dopagem faz perder uma medalha) sabe o que é. Em princípio, há que se respeitar sempre o choro alheio, seja ele pelo o que for.


SENTIR [segunda-feira, 14 de julho de 2008]: Shyamalan, além de transformar árvore nalguma coisa ameaçadora, um professor secundário de tênis brancos em herói, transformou uma equação exponencial em terror. E tendo saído do cinema acostumado ao medo, reagi com ele ao que seria de candura, de desânimo da alegria. Pois foi como terror com trilha sonora aguda que rememorei das penas que me deram ontem, em dois momentos isolados da tela escura da televisão para folgar do sol bonito demais do dia claro. Rapidamente: Na TVE, o caranguejo pobre movia lentamente as patas e tirava uma formiga, depois voltava e tirava outra, enquanto neste hiato eram dezenas ou dezenas de milhares as que, após descobrirem um ponto fraco entre suas juntas, nas quais a carapaça não o salvava, na alcunha de soldadas lhe raptavam os membros sem lhe raptar a vida ainda. No Faustão, num quadro de humor, um humorista tinha de atingir um índice num aparelho virtual ao qual chamavam risômetro, e os segundos foram se indo, o índice não atingido, ele gaguejou e pediu desculpa. Usando da bizarrice e dos gêneros como arma para ambigüidade, mergulhamos numa experiência áudio-visual sensorial de arrebatamento, seja pelo terror, seja pela esperança. E embora ríramos, embora nos comovêramos, pagáramos e batemos palmas também para sentirmos medo. Tudo é do espetáculo (no melhor sentido da palavra, no sentido de aplaudir em pé num teatro). Mas do medo extrai tudo contíguo a ele: assim a coragem, a imperfeição. Nas tais transformações que falava, Manoj Nelliattu faz com que as esperança e pessimismo brotem da mesma terra. Então sentir medo é bonito. E de ver não ser o que se é por importância tanta a alguma coisa – gaguejar, ficar nervoso – como de ver algo só e vivo acompanhar a própria morte e mesmo assim tenta escapar, numa certa inocência, numa certeira impotência. E por coisas assim a piedade normal e estranhamente nos repleta o espírito. E tanto é espetáculo que a imagem isoladamente de um caranguejo submetido a um ataque coletivo de formigas é de fluidez tão harmônica que bela, se nos despirmos da amizade que fazemos com o caranguejo. Então se a apego inútil enfeie a música do espetáculo, talvez seja um mal este cuidado, pois o mundo tem de ir para frente e aos vencedores as batatas. E talvez assim se encha o peito para que dê alívio a esta pena que se dá, as notas altas de suspense, e o coração precisa ser mimado, sentir-se útil, quando o resto todo sabe que aquilo é assim mesmo. Mas deixemos a selvageria aos animais. Aplaudamos também os que fracassam. Que no fim são espetáculos todos. São nomes (fracasso e sucesso, medo e coragem etc) que a gente fica dando. Que a gente fica girando a mesma moeda. O coração só se enche e se esvazia, e algumas coisas aceleram, desaceleram ou impedem este processo. Bonito é sentir.


[3 de julho de 2008] O Thiago Neves marcou três gols, além do que marcara no Equador. Após ter feito o segundo gol ontem, mordeu a camisa de modo que o símbolo do Fluminense ficou logo abaixo de seu rosto. A imagem estava pronta para entrar para a história, para cravar nos corações de todos os tricolores fluminenses, de cada um que, usando a camisa de pixel, transformou o templo maior num grande ovo da páscoa alvi-rubroverde. Após escapar de tudo, após ir tão longe, após se livrar de todos os problemas, por causa de alguns detalhes hoje está sem nada nas mãos. E o vazio pesa demais, a ponto de se tentar, como se fosse possível, refazer aqueles detalhes. A derrota é isso. Ingrid Betancourt, após ter vivido tanto tempo pescando a liberdade e depois tanto tempo imersa na prisão, após ir tão longe, após se livrar de todos os problemas, reencontra os filhos, a mãe e finalmente a liberdade, sua mãe e também sua filha. Apesar de tanta carga, está levíssima. A ponto de tentar, como se não fosse impossível, desfazer tudo que passara. A vitória é isso.


COLIZORZÃO DE HÁDRONZ 2.0: Dessa vez maior: 40 km de largura. 78 anos de feitura. Um projeto guardado em segredo por anos. Mobilizou toda a comunidade estelar: várias celebridades que, embora não saibam por que estão ali, ganharam um

ingresso

vip

e

curtem

o

evento

do

ano

com

alegria

e

descontração.

No centro do debate (ou na intermediária, porque no centro estão os flashs e os mais sexy do ano), e da máquina, a cabeça: investigar os mistérios da cabeça – pois, como no espaço, a maior parte do espaço é vazio. 10¹

KB

de

memória

para

acelerar

as

partículas

à

meia-luz:

a

colisão

do

tico

e

o

teco.

Para ver se eles se cumprimentam, dão dois ou três beijinhos, comentam do tempo e decidam fazer alguma coisa juntos.


Pedra nยบ1 --------Se fodemos. Agora nรฃo dรก mais. Jรก atiraram a primeira pedra.


[GOOGLE]

RECORDAR É VIVER 196.000 vs. 59.500 QUEM VIVE DE PASSADO É MUSEU


A DONZELA surpreendeu-se ao saber que um pênis pode preencher uma camisa de Vênus inteira. Em meio às risadas alheias, o silêncio de dentro dela. Dentro do banheiro, em meio aos silêncios alheios, o riso de dentro dela: constatou que ela mesma poderia se preencher de um pênis inteiro. NUDEZ APARECIDA =============== As roupas no chão. O cobertor retirado. A nudez está coberta pelo desejo. No coito, coberta ainda, de prazer. Somente depois a nudez fica despida.

um braço faz par com outro braço; uma perna, com outra perna. o sexo faz par com a cabeça. +++ A MELHOR POSIÇÃO DE SEXO É A QUE UM SEXO E SÓ O SEXO FICA PERTO DO OUTRO: DE QUATRO, SÓ O QUE FOR SEXO E NEM A MÃO DELA, E NEM OS SEIOS, TÃO POÉTICOS, PODERIAM ENCOSTAR. UM PAR DE MÃOS PARA MANTER O EQUILÍBRIO, OU PARA MORDER. OUTRO PARA SEGURAR E POSICIONAR MELHOR O QUE REALMENTE IMPORTA. UM BEIJO SERIA UMA OFENSA. +++ no sexo sempre tem um que está mais calmo, que rege o outro quando nenhum está calmo, é aquela história de derrubar tudo que tem na mesa quando os dois estão calmos, é motel, morango, champanha, minutos e minutos de massagem


(letra/ música: Korda/ Guevara)

Um só representando. Ali, ele.

Sobre o alvíssimo, uma janela abriu-se pelo tempo bastante para que cada fio de luz marcasse sua cara em prol de uma cara maior.

Ali, ele e o potencial de riso, de fúria, de surpresa. Na face séria, as faces todas repousadas, podendo ser a qualquer momento.

Não era um papel (nem camiseta, biquíni, adesivo), era o rosto. Tampouco este, face haver faces ali. Ele poderia estar piscando, gargalhando, irritado, em dúvida ou fazendo uma careta, o cabelo mexendo, o charuto na boca, uma brincadeira com o charuto usando a careta. As possibilidades que antecederam e as que se seguiriam. O mistério: igual. A fúria: igual. A felicidade: igual. Todos iguais num berçário. Hoje em dia não há tempo para igualdades, o que repete ou se repete fica um só, o resto se elimina.

O longe: para receber o olhar; o botão: para receber o dedo: a morte de cada fio de luz por uma vida maior, morta por uma vida maior. Uma vida menor ante uma bandeira (camiseta, biquíni, adesivo). E nós, de inteligência superior à da fotografia, vemos os adultos mortos que na vida da foto nem nasceram ainda, que morreram em outubro, nove do dez de sessenta e sete, mas reencarnaram seus espíritos sob a forma de outro corpo:

1968


Eu vi um rato morto no chão. Um chão de concreto, a calçada, no caso, abaixo dele. Não sei exatamente quanto tempo levou para que as pessoas não percebessem mais que se tratava de um rato, entre os que não perceberam e pisaram e entre outras ações orgânicas de decomposição ordinária até que ele virasse a mancha que virou quando eu o vi. A partir de então, passou a ser pisado vulgarmente, pois estava no chão e parecia, repito, tão somente uma mancha. Mas, por mais que as pessoas pisassem, ele jamais entrou na calçada. Eu já fui a alguns funerais. Há neles diversas facilidades para que o corpo vá terra adentro, tal como cavar um buraco e antes de preenchê-lo adequar o corpo a uma caixa (o caixão) para que o mesmo permaneça lá “protegido”. Mas o que o pessoal (ou a maioria, pelo menos) quer, é enviar o morto (através da alma, geralmente) ao céu (ou trazer de volta o corpo, para os mais pretensiosos). Inimigos se silenciam, patrões deixam seus empregados trabalharem somente pela manhã porque alguém de proximidade não coberta por lei certamente não aparecerá mais por aí (pois se estivesse viajando o destino poderia…), inimigos, ou ao menos nem tanto para chamá-los inimigos, fofoqueiros, que sejam, silenciam-se. E põe óculos escuros. Mas, por mais que as pessoas rezem, chorem, pensem positivo, façam minutos de silêncio, ele não sobe ao céu. Em ambos os casos, eles diluem-se, aos poucos, por aí. Para nós os respirarmos. Tanto o rato, quanto o gato, um pum solto por um velho, o território já queimado da Atlântica, a Lady Di, os seismossauros, a moça que tocou o filho no lixo e depois se matou, o amor da vida de cada um uma hora ou outra. A alma é cremada após a morte.


A moda está sempre a descobrir (no sentido de inventar, como já havia apontado Borges, antes mesmo de eu achar que eu havia visto essa relação, e depois de a palavra ter-se desmembrado do radical primitivo comum) uma nova maneira de deixar as mulheres bonitas. Os homens também, mas falemos das mulheres, pois a palavra bonita é mais bonita que a palavra bonito. Paralelo básico: a arte. Sempre reinventando uma maneira de aplicar suas criatividades (ao ritmo da seta de Zenão). Sempre lirismo, sempre criatividade, porque não talento atrás de cada manifestação, por mais que se queiram isentar do artista isso as constatações pós-modernas. Nunca falta filosofia, sempre sobra volúpia. De volta ao assunto (voltando ao assunto): elas, as que impuseram suas belezas e também as que deixaram à disposição da moda a mesma, estiveram sempre bonitas: com os cabelos curtos e calças centro-pê dos anos 80, os vestidões dos anos 50, os pêlos não tratados da idade da pedra lascada, os redtags com meias de futebol na pré-adolescência burguesa dos anos 90.


(milagre)

e a morte) sob um olhar puro. Eu sempre havia ouvido falar muito de Before Sunrise. E pensava (mas não com tom desafiante) no que o filme poderia ter de mais. Afinal, visto por fora, pela capa do DVD (ou pelo cartaz, para quem teve a boa sorte de assistir num cinema) são somente duas pessoas conversando. Falarei dos motivos depois, primeiro do impacto: para ficar somente no cinema (embora tudo pertença a tudo, repetindo sempre) vale lembrar a anedota que Hitchcock contou a E me I não O Ulembro se li um trecho na livraria ou se li num livro de Mamet Truffaut,Aque (mas com certeza ninguém me comentou, pois eu li), ao falar sobre roteiros relativamente à direção: ele conta de um homem que sonhou um filme que lhe parece fascinante durante o sono e ao acordar e anotar a história do sonho recém sonhado escreve apenas “homem se apaixona por mulher”. Então se me fez intuitiva e subitamente óbvia a consistência que Ítalo Calvino proclamaria, mas não pôde proclamar como queria, para o próximo (este) milênio. Há uma série de elementos quase independentes que o cinema combina. Ele acontece BCDFGHIJKLMNOPQRSTUVXYWZ devido mais à combinação e menos aos elementos em si (e digo todos os elementos: produção, elenco, fotografia, orçamento, impacto nas revistas de fofoca, argumento, roteiro etc.). A lógica acadêmica (acadêmica no sentido de Oscar) de um todo ser bom e suas partes serem destacáveis (melhor fotografia, melhor som etc.) para o qualificar (própria da indústria (linha industrial) nalguns casos) imita uma lógica que se usa na vida mesmo para diversas escolhas pré-estabelecidas (a famosa “preferência”), como gostar de morenas, ou loiras, ou ruivas, ou magras, altas, tímidas, ricas, inteligentes etc. Porém se sabe não haver fórmulas: o processo de estimação é mais sofisticado.


dado que derreteu o coração esfriou-se torto


♥ > mente > CORPO vs.

45% PIÇA 45% ESTÔMAGO 8% CORAÇÃO 2% CÉREBRO


/VOAR: PULAR DE PÁRA-QUEDAS: É O CONTRÁRIO DE VOAR VOAR É NÃO QUEDAR E NÃO ESTAR NO CHÃO. ANDAR DE BICICLETA: QUANDO SE PÁRA DE PEDALAR SE VOA COM O MOVIMENTO CONTÍNUO QUE JÁ HAVIA, PLANAR. OS PEDAIS AS NOSSAS HUMILDES ASAS. NADAR: NÃO SE RESPIRA. ANDAR DE ASA-DELTA: QUE O RATO (OU COELHO) CAPTURADO POR UMA ÁGUIA (OU HARPIA) SEJA UM VOADOR; NA ASA-DELTA SOMOS SIMPLES VÍTIMAS - NOSSOS BRAÇOS ESTÃO FIXOS E PIOR AINDA ESTÃO SEGURANDO. ANDAR DE AVIÃO É O MESMO QUE ANDAR DE ÔNIBUS. ANDAR. É O QUE PODEMOS FAZER. ANDAMOS. SOMENTE. AINDA ASSIM, TENTE VOAR.


Você anda, você pula, você dribla um time inteiro e faz um gol de bicicleta, você pinta um quadro do qual as cores pulam e ainda usa um conceito discretamente lindo para o justificar, você justifica um texto com um clique, você faz justiça depois de fazer faculdade e até salva o mundo, escreve um livro de 200 páginas nas quais as palavras ali postas parecem ter sido destinadas a estarem onde estão, você dança, beija, faz alguém do sexo oposto fazer careta por maravilhosos motivos, você toma um remédio que lhe retira a dor na cabeça, você com a cabeça pensa em quaisquer lugares, você comanda uma máquina muito mais pesada que você e com uma muito menor tem o mapa do mundo inteiro, você pode fazer tantas coisas e essas coisas têm tantas maneiras de serem feitas ou desfeitas. Você vai do Chuí a Caburaí, você viaja de avião, de asa delta, helicóptero, F-5, F-14 Tomcat. Aí você está andando na rua, chega perto de um joão-de-barro e ele voa para o telhado da casa mais próxima. Daí você assovia, ele voa donde estava aonde você nem mais vê. Mesmo que os homens usem e usaram os braços e as mãos para concretizar anseios (casas etc) e considerando que o prazer da satisfação da necessidade sexual espécie alguma abre mão, jamais, mesmo construindo monumentos, escrevendo, pintando, alcançaremos a esperteza e competências das aves no que diz respeito à utilização dos braços. Os patos, que são os patos, que caminham daquele jeito, com um rebolar que nem através da promiscuidade consegue ser sensual, como alguns fetichamente conseguem, enfim, os patos usam seus braços para voar e para eles as coisas todas que o homem faz com os seus não se compara a isso, são desprezíveis: eleva o corpo só metaforicamente, chega mais para fundo do céu só metaforicamente. Os que voam nos usam de esgoto e o céu aberto de privacidade. Tente voar, pois voar é impossível; mas tente, usando quaisquer de seus membros.


PEGA UM CORPO (O TEU MESMO) E PENSA NELE. AGORA AUMENTA MUITAS E MUITAS VEZES ATÉ ELE FICAR COM UNS 30 KM DE ALTURA. AGORA IMAGINA QUE SE ISSO FOSSE O TEU CORPO, UM VÍRUS NÃO SERIA DO TEU TAMANHO NATURAL. VÁ FUNDO, NÃO DESISTA! OLHA O ESTRAGO QUE VOCÊ PODE CAUSAR! MAS SE PENSARES QUE O TEU PROBLEMA É O PIOR DO MUNDO, IMAGINA QUE O CORPÃO (O DE TRINTA E POUCOS QUILÔMETROS) NÃO É NEM UMA ESPINHA NO MUNDO E ESFRIA A CABEÇA.


Não vi OVNI, mas tem ET Talvez o episódio da Federação da Luz previsto por Blossom Goodchild para os 14 de outubro tenha subestimado o poder quiçá arbitrário de nossos políticos e mídia, já que dizia o suposto (adjetivo muito utilizado em textos sobre ET) manifesto que nem eles poderiam ocultar a visita. Pois quem não acompanha nada ("eu nem ligo TV"/ "por mim tudo podia explodir") ficou sabendo do Lindemberg/Eloá/Nayara e não de alguma aparição extraterrena ou, ao menos, um OVNI voador não identificado ou um O.bjeto V.oador N.ão I.denfiticado identificado como disco voador. Este é o termômetro para saber o tamanho da (que dão à) notícia. Ou os políticos e mídia intervieram na notícia (ou um no outro e, evidentemente, vice e versa) ou os ET não quiseram tanta mídia como teriam panfletado. Evidentemente a previsão em si, como tudo no Brasil (e um pouco no mundo – e não atiro a 1ª pedra, tampouco a 2ª ou qualquer outra), virou piada, virou objeto de artigos chama-visitas de blogs, tag Juliana Paes. Sem entrar muito em detalhes: eu creio. "Crer" em vez de "acreditar" para, embora desprovido de qualquer embasamento semântico, dar uma conotação de fé flutuante: de não saber bem no que, mas uma fé, uma fé por si só, tão sincera que me dá medo. Daquele tipo de medo-fascinação ante o desconhecido, ante a possibilidade de fazê-lo conhecido; ou, como diz minha irmã, com a qual nisto me identifico, como tantos outros também talvez, aquela sensação de estar num filme, que uma porta pode se abrir, alguém aparecer numa janela (pimenta nos olhos dos mocinhos de filme é refresco); enfim, um tipo de medo que se diz olha aqui estou arrepiado falando com o antebraço, que se diz fiquei impressionado; um medo não da morte, mas o medo do susto: um tipo de medo que luz acesa resolve, que uma companhia resolve – ou que uma campainha dispara.

Em muitas das imagens-clichê os ufólogos não tomam banho, usam barba comprida, vestem-se de qualquer jeito (no sentido de "à revelia", dado o "de qualquer jeito" não conotar a incondicionalidade que tal termo entre aspas poderia conotar, dado que a nudez é também uma opção abrangida por este tipo de clichê, e que se aproxima mais de vestir-se à revelia do que de vestir-se sempre, a despeito de ser um ato contrário ao de vestir-se, opondo-se assim a ambos). Porque talvez isso não importe tanto quando se pensa na dimensão de tudo (ou no verdadeiro tudo). Claro que não podemos esquecer que os universos (micros em geral, os pessoais etc) são proporcionais e sua proporção é a de sempre ser um pequeno tudo, ou um grande tudo – o(s) universo(s) é(são) tudo(s). E quando pensamos num universo grande demais – no sentido físico, já que, sendo tudo, todos são finitos, mas não têm fim, como a Terra, e, se pensarmos no que dizia Goethe, que achar o infinito é lançar-se a todas as diferentes direções do finito – isso, o finito sem fim, é infinito, ou, quase isso, mas não num modo abstrato, a versão prudente de infinito: os outros "i": imensurável, incontável, inimaginável. Voltando aos universos, se pensarmos no universo que pega todos os universos (o espaço sideral) aí estes micros ficam pequenos, ainda que pequeno seja maior que micro. E um tudo e outros tudos que caibam todos noutro tudo, um tudo só. Mas de fato algumas coisas por alguns momentos (que podem à maneira dos universos funcionarem à base de proporcionalidade e englobarem minutos, horas, dias e, principal e geralmente, recortes que se repetem e poderiam ser uma categoria, uma tag) tudo parece parar de importar: olhar acima se torna intimidador, a solidão também. Percebese mais uma vez que é gritante o número de estrelas no céu. Que dinheiro é para ser torrado, que não dá para dar bola para tantas coisas e o resto da letra daquela música dos Titãs. Uma sensação extraterrena. De quando a Terra é muito pouco, muito leve, ou demasiada pesada, e nós leves para ela.


Então não são de titãs dominadores que falamos. O nosso pensamento, nossa imaginação, nossa inspiração (e estas coisas que passam pelo cérebro, espírito ou equivalente) são extraterrenas, porque eu não vejo pensamento de ninguém por aí como vejo tênis, cachorros, árvores, ou mesmo o vento através das árvores, ou árvores como a baobá através de livros. Os pensamentos estão por aí, sabemos que existem e deles saem tantas dessas coisas todas.

Eu nem quero ler mais nada: as coisas se distorcem na hora de transformar um roxo em #800080, ou #570057, ou #C800FF, ou #4B0082. Isso sem contar nas possibilidades em que os R e B do RGB são iguais, o que caracterizaria algo mais magenta e não roxo, mas é tudo (bordô, violeta, púrpura, lilás) roxo. E talvez tenha sido justamente este o problema da interpretação insuficiente (talvez pelo excesso, pela exatidão) da australiana.

Mesmo que o caso tenha sido de dois ouvirem falar e falarem para um outro, e o outro simular algo para alguém e para este alguém isso virar verdade e para alguém que confia naquele alguém anterior a este se ele disse que é verdade é verdade também, e os que ouviram falar ouviram uma invenção gratuita, ou a mesma relação com um número diferente de atores (as armações e os mal-entendidos são de fomento simples, basta a estes uma dose de segurança e àquelas iniciativa e falta ou distorção de ética), a sensação é real, as sensações em si são sempre reais, mesmo que tenham surgido dessa faca de gume duplo que é a maior arma humana. E assim talvez os estrangeiros numa escala planetária estejam aí (aqui, acolá) há tempos.

As coincidências fazem parte do desempenho serial (abc, abb, acb, bbc, bcc... uma hora ou outra chega o aaa, o bbb, o ccc). Por causa delas (você encontra a sua velha paixão secreta bem quando pensa na sua velha paixão secreta) e de outras coisas eventualmente nos parece o destino escrito com vírgulas, pontos e, especialmente, ponto final. E pensamos as perguntas básicas. E pensamos onde estamos. E olhamos onde estamos como se não estivéssemos. E mesmo que fosse só esta a causa ET, numa hipótese cujo método seria o de uma intervenção sutil, praticada com a geração de questionamentos como o que me fez perder o sono, já nos é útil: fazer-nos ver a vida na Terra de fora, tudo isso, este meio do caminho entre o bicho e a nave interestelar, ou mais esticado, entre o ser unicelular e a máquina do tempo, entre o hidrogênio e o _ _ _..._.

E disso é que indubitavelmente já são feitos, pois não foi uma ilusão a minha noite insone: uma materialidade possível, uma abstração certeira. Talvez este, como o dos pensamentos, seja seu meio. A notícia não dada não importa. Não é para isso que eles apareceriam. Não são hominídeos arthur.c.clarkianos verdes. Neste final de semana foram abstrações que parecia iam se materializar. Entanto, embora a logorréia imanente, eu queria mesmo dizer que acredito (agora "acredito", já que "creio" (na sua significação utillizada no universo deste texto, ou seja, uma especificação arbitrária temporal) é mais garantido, por não definir o objeto e se reportar mais à sensação) no clássico da coisa: eles estiveram por aí.

Uma consultoria calhava bem. Ou uma auditoria, que seja. A fim de que, de repente à base de lasers, nós voltemos os olhos e as conseqüências deste ato na sempre visível maravilha que deram as coincidências químicas, físicas, biológicas – e os bilhões de anos de tentativas caóticas para elas coincidirem. Talvez a gente se lembre do tamanho da nossa cachola e do que podemos fazer com ela, da cadeia alimentar, do universo Terra, do universo Ar que Respiramos, do universo Água, Fogo. Nem que, sob ditadura alienígena, como rebeldes, possamos sonhar com saída utópica, sonhar com um planeta perfeito, o planeta que já (ou ainda) temos. Para fazer o que a gente não faz, mas pode fazer.


De um lado para o outro Parece que vai acelerar de vez E volta Parece que vai escrever e levanta Parece que vai convidar e senta digerindo eu dirigindo o poema nasce dentro e para dentro volta dentro duma bobagem que vira dominó [bola de neve] o poema nasce dentro [mas nascer mesmo é ir para fora] o flamenco começou quando uma Doña leu o poema do Rilke Poema é que nasce de verdade [pois é do sacrifício] olhando assim dormindo é um amor 1.1 Não é um amor 1.2 Não é um amor? (cúti){cúti} Interrogação usada para afirmar Tese: a dúvida acima da negação Um pensamento vem à mente quando chega na cabeça, dói No embate com as palavras elas batem mais que apanham Nada de velho [nada contra] mas nada de novo também. Palma nos olhos, caneta na mão, baixa Ver em um certo destino Por exemplo, palavras como o pqdbl apontam algum lugar? Há uma intervenção mínima nossa, que seja pôr um ponto, uma vírgula. Mas ter um objetivo, qual objetivo? É preciso acreditar [no quê?] Briga (de rua) com as palavras ACREDITAR O que oprime vem justamente do que se acredita Descrença é a fé mais forte Um alerta criado para nos defender usado em favor do desespero [ótimo] Um elefante que não rompe a corrente que o prende desde criança [olha o clichê] ferramenta usada para o amor eterno para fabricar traumas [é por aí] a benção de ver a imagem de uma pessoa que não divide mais o mesmo tipo de configuração material negada até mesmo com ciências muito mais inacreditáveis [fazer cortes - buscar a síntese] O rato quando sente a terra vibrar foge mas volta [e daí vai para pior] Que é a vida? Voar é de fato muito menos emocionante e mais gradativo

O que fazer dum domingo? [metáfora da vida] Encarar de frente a vida, como um jogo de tétris Acomodar a inspiração O empate com as palavras botar os is nos pingos. ou penetrar o pingo com o i. ou o i entrar no pingo numa passagem secreta à dimensão outra, a dimensão inclinada para outro semelhante, a dimensão do amor, a dimensão X. Xi is a another Máquina nem do mundo Só a máquina do meu mundinho entrei com tudo Perguntei o que deu Só podia uma o maquinista falou Que é a vida? Ele: um elevador com um elefante ACREDITA qualifica o teu amor, todo o amor que há no mundo! mais: pais melhor: mulher menor: menos* *subtrai! exclui! Manda p/o inferno! tudo que não seja tudo não interessa. contudo: tudoquetenhotudoquetenhotudoquetenhotudoquetenhotudoquetenhotudo sóoquemefalta sóoquefaçosóoquefaçosóoquefaçosóoquefaçosóoquefaçosóoquefaço tudooquequero Quem sabe nas mulheres. Pelo menos nelas, diferente do resto, fora dada a alternativa do gozo delimitada. Ah é? Que o gozo lhe dá em verdade é pouco: Foi ver embaixo da saia. Embaixo da saia o short. Embaixo do short a calcinha. Embaixo da calcinha o pêlo. Embaixo do pêlo a pele. Dentro da pele o desejo. Depois do desejo o cansaço. E nada de achar o que havia embaixo da saia. O desejo [a saia] a saia [o short] o short [a calcinha] a calcinha [o pêlo] o pêlo [a pele] a pele [o desejo] o desejo [a saia] o desejo [o gozo] o gozo [a paz] a paz [o descanço] a saia [o corpo] a perna [a alma] a perna [o corpo] o desejo [a alma] ficou cansado [cansaço] (eu sou a prova de tudo o que acredito e duvido)


trabalhamos com o que temos para o que não temos Buscar [começar]¹ (1 no que os outros acreditam) Aqui começa. Estrofe: Verso 1: Sinto-me na ponta da língua. Verso 2:

Mudar

1. tentativas a) SOgra coBRA pobre cogra b) Judeu fodeu má-zistas c) sons, botar uns sons, soluços hic (sic) hic ad hoc tentar dentro dando enter d) tao para manha ~ ^´, / e) ,ambígua escrever forma sem associar a fôrma sem associar a forno imaginar-me drogado assemelhar-se a uma samurai elegias elegem e elogia sonetos só mete palavra na medida mete linguagem leva um tempo os dardos são no meio e extremos é pouco achar a metáfora é como cavar o vento ou cavar a terra estando ao vento sentindo o vento mas sendo terra e sem poder cavar o vento usar o envelope para enviar por ele pêlo para enviar à pele ou pelo o qual se envia a pele os olhos do pavão são como os do povão etc e tal pega no meu esquisito: normal um normal se achar normal normal: esquisito um esquisito se achar esquisito [vê que são três esquisitos III] pensa reticências na cabeça conta um, dois, três reticências proporcionais à espera IIIII=V LaterAll Manda bala e deixa tudo para depois depois organiza timidez saturno esconder os anéis introspecção forno aberto Verso 2: Os amores mais súbitos são anotados tão urgentemente que se tornam ilegíveis Deter a poesia [que é a insistência] do mundo a maravilha [que é a intenção] (mundo era para ter ido aqui) chover no molhado com charme chover no molhado tira flores da poça [círculos concêntricos quando pinga]

tomou de assalto nosso expectativa quanto tudo o que o poema constrói é tomado por um bandido Inspiração ereção deixar fluir ejaculação controlar Organização Colocar um ovo de páscoa no refrigerador para comer depois mas não: noivou com a arte O bandido roubou o herói e o grande herói(!): depôs... Desejar desejar bem desejado !BEM FORTE! uma salva de paz PAZ! de novo PAZ! Respectivamente Amor (2x) Igualdade (2x) Saúde (1.000.000 x)

As coisas invariavelmente todas são assim: têm o necessário no formato mais acessível e menos incômodo ao mundo. eu nasci para alguma coisa específica (nada que ver com roupas e horários, tem que ver com a lua, com os pensamentos) tédio

brota

as idéia mais

média Quantos são quem? entretanto, outrossim contudo, porém, sabe como é, apesar: mas. Falarei como falo (opa) não como tal e tal poeta e nem como ninguém (opa!) À vontademente: a gente tá aqui para um bate-papo. Cantar escrevendo (a contradicção sempre desde) Não pensem que eu também não penso em revolucionar tudo. Na busca da nova forma, um novo frasco (no fundo e na superfície eu sou um desenhista) - até porque as mãos


não receberam nenhuma função específica. Aí que, em início, tudo = poesia: diálogos em famílias, andar para frente (ou como eu digo, respirar para dentro). Tudo é a poesia. A vitalidade é poesia. A linguagem é poesia. A tristeza. O novo. A feiúra. Eliminada. Eliminado. Eliminada. A leitura é o coito do poema. Anotar é sua punheta. Anotar um poema sobre punheta é a punheta da punheta. A poesia da vida. A metáfora da vida. A poesia metáfora da vida. Vida a metáfora da metáfora. A poesia da poesia. Usar para a subversão uma ferramenta de organização Usar para a rebeldia um instrumento da regra Usar para a dúvida, um instrumento da explicação Não dá para se encantar com o mundo porque já se encantaram antes Porra Tu pensa uma coisa bonita duma flor, um palhaço já escreveu Porra digo eu Poesia é poesia Encantamento é encantamento Vai tomar no cu Vai tu Eu tenho lutado constantemente com minha vida (não comigo) tentando me salvar. Eu cheguei a mandar um e-mail do meu particular para o e-mail do trabalho dizendo "imaginese não trabalhando! tu odeias essas oito horas" e ainda tive a meticulosidade de formatá-lo em fontes grandes para que meu chefe visse sem eu-no-trabalho, tolo e disciplinado, perceber a selvageria do eu-em-casa, um animal, perverso, um felino que cai sempre em pé. CORAGEM! Eu mando correio eletrônicos entre mim com esse tipo de mensagem. Comunico-me comigo, mas mantenho as aparências dos dois lados. Auto-ajuda no estado puro. Proibido medo! Essas coisas. Iludido de publicações, levantar prêmios etc. Iludido de exorcizar nisso a minha desilusão, o meu desespero. O meu amor mal direcionado. Eu semi-semita, minha família na minha responsa, meu signo libriano, meu sangue africando. Meu olhos redondos e pretos por dentro. Meu, minha, eu, eu, eu... Eu, eu, eu, o poeta se fodeu. A soma de todas as palavras multiplicadas na própria cabeça neste dado período de tempo e em consultas a dados de tempos anteriores. Repetição de palavras, semi-rimas. O mais maior a nível de português correto e nenhuma surpresa. Tampouco da beleza na forma do feio. O feio na fôrma há tempíssimos já, a arte de se interpretar uma resenha de arte. O plágio como movimento, se sincero, não pode ser reclamado de ter sido feito antes. O clichê, enquanto recurso, jamais solucionara uma minha grande pedra ou um amor no meio do caminho. O poeta se percebeu homem, enquanto poeta, e depois de ser esquerda, de ver toda a arte oridental errada, enquanto clichê, e apontou os próprios erros e artimanhas, enquanto apelo. A promessa enquanto quando. Nem traumas. Era para eu ser gênio de fora que quer brincar com as palavras, a novidade das palavras. Controlar o encantamento ante o mundo para não ser um que já tenha sido. Um monte de coisa para fazer.

Talvez se não houvesse retrabalho o homem teria uma mão na frente outra traz em vez de as ter num lado e outro banhar de inteligibilidade o momento ou disfarçá-la Poesia ocupa o final de semana, toma o tempo de organizá-la A poesia toma o lugar da poesia. Edição cruel para a melhora do trabalho Jurados dos nossos próprios poemas Reorganizar cada livro é uma operação delicada no coração Da próxima vez eu prometo a mim, a tal e tal, a todo mundo e a mais ninguém escrever tudo de uma vez somente, sem precisar retornar a notas momentâneas e retrabalhá-las Agora aqui, montes de folhas usadas, para organizar O fodão da subversão organizando Agora me deu um pouco de euforia, em vez de ir a rua (*vide eu me assemelho a uma samurai logo mais) eu encaro a minha missão (?) e escrevo sobre os vários escritos de momentos acumulados Por meu filhos pôr os espermatozóides em fila Da próxima vez eu tento conseguir, mas desta, consigo tentar. Em frente a uma platéia vestida, subo nu num palco de mins mesmos, toco o tambor das minhas próprias bolas: Folhear um livro e deixá-lo entre tantas revistas só no meu quarto Folhas em branco espalhadas pela casa, bem como brancos espalhados pela casa: na parede, no poodle, no sofá fashion, no tapete brega, no banheiro em pequenas partes: pus, sêmen, papel-higiênico, hidratante para as mãos escondidos, xampu, sabonete, azulejo Passear pela casa com o cérebro em branco, sem levar nada a sério e sem jogar nada fora, buscando como pode favorecer um poema pousar coincidentemente no branco da folha O papel segue branco Treino minha assinatura Segundos antes: volto ao papel em branco olho novamente a folha nem tão branca, mas seguramente ainda 80% branca (uma resenha de uma lauda deixa muito branco) E agora a vida tá cheia de confusões óbvias, e obviamente desnecessárias por um lado e obviamente fundamentais de outro O fato é que, com ou sem sucesso e/ou reconhecimento ou/e/ou leitores, escrever equilibra (risquei remedia, apesar de estar no Word) essa merda toda Segundos antes: e ante ele, sem qualquer dúvida, sem sequer prever qualquer escolha,


sem nem pensar ao fazer isto (de talvez só ter constado essa poesia por eu em me distrair perceber que o fizera) lanço minha assinatura

Não penses na briga moderno vs. contemporâneo ou qualquer outra enquanto uma coisa que está sobrando estiver saindo do teu corpo por intenção dele.

Eu deveria escrever isto num banheiro, o que seria autêntico de um poeta, mas como quero que saibam que fui eu, aqui o escrevo

Se fosse responsabilidade tua, talvez não terias esta idéia. No máximo, poderias escolher a hora, mas nem isso: obedeces. Dói a barriga? Vais cagar? Caga.

Às vezes a gente tá tão feliz que tem que correr, pular, ficar em pé vendo Às vezes a gente só se sente à vontade sentado Às vezes a gente só sente vontade de ficar deitado Mas às vezes nós temos de tornar os ângulos de nossos joelhos mais agudos e nos sentarmos numa privada para nos sentirmos bem entorto a coluna e me assento bem (socar o peito machucou-me)

AFINAL, QUE IPI_IPI_URRA SUBSTITUIRIA UM BEIJO? DIZER ‘HÃ?’ SOMENTE QUANDO REALMENTE NÃO ENTEDER NECESSÁRIO OU EXCEPCIONALMENTE PARA GANHAR TEMPO EM QUESTÕES DIFÍCEIS, COMO AS QUE NECESSITEM INVENÇÕES.

Mas caga com amor. Canalizar todas outras energias para fora do corpo para o corpo agir em paz. Depois limpe, aí sim, tu, tua habilidade manual. Usa tua inteligência para limpar a sujeira que o corpo fez. A vida custa tudo


Até mesmo o termo MULHER HONESTA gera putaria na busca Google. Além dele, prima, irmã, esposa, marido (instituições do sagrado matrimônio), mulher, coroa, 19 anos, colega, secretária, empregada etc. são dominados (ou ao menos tem uma entrada na primeira página) por conotações sexuais e, mais que isso, de pura sacanagem mesmo. Há centenas de sites cujo tema central é o corno, sites desenvolvidos pelos ‘cornos’ (leia-se homens que sofreram adultério, não que chifres entendam de HTML) – há, por exemplo, o endereço de correio eletrônico esposadocorno@ig.com.br . A questão do adultério sofrido imaginado, embora eu não pratique, parece-me bastante saudável, na medida em que se a tua mulher te excita, é excitante vê-la transando e gostando muito. E desprezando a imoralidade, a moral dá seu jeito de aparecer e acaba, como uma mola empurrada quando volta, potencializando a excitação, SACANAGEM mesmo. E, em última instância, os efeitos negativos do adultério – que já seriam quase discutíveis-, perdem toda a força se o campo do acontecimento for a imaginação. Em suma, FANTASIE, ilumine-se. A PROMISCUIDADE É POÉTICA P/ QUEM A SENTE. OU MELHOR: A PROMISCUIDADE É POÉTICA VISTA DE DENTRO. Considerando que se avizinha a Era de Aquário, a hipocrisia é sublinhada em episódios passados (março: quase dois meses [à época]), como o vídeo da Maíra. No futuro talvez seja comum visitar-mos em perfis as performances de cada casal, de cada namoradinhos-ficantes-só-uma-noite, de cada pai e mãe do mundo, sem abrir mão de adicionar aos favoritos, avaliar com um joinha e comentar com a vizinha "gostei do seu papai-e-mamãe com o cunhado ontem". E mesmo que isso se estenda à ação em si (o que iria de encontro à tendência virtual, mas ao encontro da convergência


pós-pós-moderna, do elo entre futuro e passado, retro-futurista, pós-industrial bárbaro), sempre haverá alguma intimidade misteriosa aos terceiros, sempre haverá uma maneira de mergulhar na superfície – nem que seja para apenas nadar, apenas saber o que é a água. E mesmo que casais (formados há/por minutos inclusive) façam amor (em vez de guerra) ao ar livre, como hoje se beijam os pré-adolescentes, a nudez sempre achará algum modo de se valorizar, de se manter e, à moda de se o malandro soubesse como é bom ser honesto seria honesto por malandragem, ela tornar-se-á novamente um segredo, a ser apenas insinuado por volumes, por elipses – e em vez dessa proibição em cujo teor pode haver sempre algum moralismo pejorativo teremos a opção por esconder, a opção por preservar para si um magnífico mundo intraduzível de sons, imagens, cheiros e defeitos. PAGAR UM, XUPAR [sic], ENGULIR [sic], PEDE P/ ENTRAR, CAIR DE BOCA, ENGOLIDORA DE ESPADA DO CIRCO, FALAR NO MICROFONE _ _ _ PARA ALÉM DE SEREM BRINCADEIRAS DE UM HOMEM RELATIVA E HIPOTETICAMENTE À IRMÃ/ MÃE/ NAMORADA DO AMIGO DURANTE A ESCOLA FUNDAMENTAL, SÃO EPÍTETOS DE UMA PRÁTICA QUE POR NÃO REPRODUZIR A ESPÉCIE [impossível não lembrar a piada do espermatozóide que indagado por outro se estavam perto do óvulo responde que estavam recém no esôfago] CONSAGRA A CONDIÇÃO HUMANA, A CONDIÇÃO DA ARTE ENQUANTO INÚTIL, EXTRA [impossível não lembrar Victor Hugo dizendo que o Belo é tão útil quanto o útil, talvez até mais].

NUDEZ É POR EXCELÊNCIA UMA PALAVRA FEMININA: MULHER, INSPIRE-SE, OLHE, OLHE-SE, OUÇA I TOUCH MYSELF, porque as coisas não se eliminam: haverá sempre o ursinho de pelúcia, o choro no final do filme: o fato de BOCHECHAS e BUNDAS dividirem um MESMO CORPO é um indicativo de que estas coisas devem COEXISTIR. A nudez é detida, não escondida.


Como se me abrissem a enciclopédia: Saturno ser menos denso que a água. Agora imagina você nadando no seu balneário com seu calção no final de semana e dar de cara com Saturno boiando? Se há oceano suficiente? O nosso céu. Mais denso que o Sol. Que este, por sua própria vez, bóia ali (lá em cima). E sendo muitas milhares de vezes maior (se a Terra fosse uma moeda nova de dez, o Sol seria uma tevê muito mais polegadas) fica ali pequeno, submerso no nosso azul. E há céu suficiente, no qual se adejassem outras coisas igualmente menos densas. E flutuam galáxias travestidas de estrelas. Todas ali, grudadas na gravidade da terra. O Sol, superficial, reina.



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