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As escolhas de Tarantino

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Cd’s e Dvd’s

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O mundo de Cara Delevingne

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Por onde anda Jamie Oliver

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70 anos de Mick Jagger

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Biografias não autorizadas

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EDIÇÃO 01 NOVEMBRO 2013 eDITORES CHEFES Luiz Felipe Tanese Paula Lerrer

design Luiz Felipe Tanese Paula Lerrer

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1 Afternoon Delight, Jill Soloway

LISTA 3 DE 10 5

Com a chegada da temporada de premiações, muitos críticos estão lentamente elegendo os melhores do ano, mas Tarantino, no entanto, decidiu lançar seus 10 filmes favoritos de 2013 até agora. Confira a lista em ordem alfabética de acordo com o site The Quentin Tarantino Archives

Antes da Meia-Noite, Richard Linklater

Blue Jasmine, Woody Allen Invocação do Mal, James Wan Drinking Buddies, Joe Swanberg Frances Ha, Noah Baumbach

7Gravidade, Alfonso Curón

Kick-Ass 2, Jeff Wadlow

9 O Cavaleiro Solitário, Gore Verbinski

É o Fim, Seth Rogen e Evan Goldberg

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Lanchonete TheDog Haus chega em São Paulo A fim de mudar o paladar paulista irmãos renovam no sabor e trazem um novo conceito de hot dogs

Ao andar pela cidade de São Paulo é comum avistar carrinhos de cachorro quente que poucos se diferenciam uns dos outros. Apesar do fácil acesso 6

a eles, as pessoas normalmente buscam o carrinho mais moderno com um aspecto físico melhor, mas nem sempre encontrando o padrão de qualidade desejado. Visto que a cidade carece de lanchonetes especializadas em cachorros quentes, Marcelo e Samuel Shoel, dois irmãos notaram essa escassez e criaram o melhor hot dog da cidade, segundo o slogan da empresa. A ideia deles em montar o negócio veio de muito tempo atrás, em um intercâmbio para o Canadá. Ambos com 18 anos de idade, trabalharam durante 6 meses em uma rede de hot dogs e de lá voltaram para o Brasil com este sonho, que de fato se realizou. O cardápio contém várias opções de lanches, atendendo todos os públicos. ”Um sabor fora do comum nos hot dogs, realmente a lanchonete surgiu

no mercado para trazer o sabor americano, além de tudo é do lado de casa” disse Arthur Santos, estudande e morador da região. Para trazer o sabor americano nos lanches, os irmãos importam os produtos, garante Samuel Shoel. “TheDog Haus é uma lanchonete única por ter 70% dos produtos importados dando um sabor não comum aos lanches” disse o empresário Samuel Shoel. Por enquanto a única loja é na Rua Bandeira Paulista, localizada no Itaim Bibi uma região nobre de São Paulo, a lanchonete atende todos os dias para todos os públicos, de segunda à quarta funciona das 12hs/2hs; de quintas, sextas e sábados, das 12h/4h; aos domingos, das 12hs/0h.. Por Luiz Felipe Tanese


ResenhAs Serra Pelada serve de considerável argumento para quem acredita que o legado deixado por Cidade de Deus, nestes últimos dez anos, é mesmo o da chamada cosmética da fome - termo criado em 2001 pela pesquisadora Ivana Bentes para falar dos filmes que transformam cenários de carência em espetáculos de massa exploratórios. Assim como Cidade de Deus, Serra Pelada emula o cinema de gângster hollywoodiano para correr atrás desse senso de espetáculo - se o filme de Fernando Meirelles eKátia Lund era o nosso Os Bons Companheiros, o longa de Heitor Dhalia (À Deriva) tem O Poderoso Chefão como modelo. Uma cena em particular, a da reza na hora do almoço, intercalada com os ataques, inspira-se diretamente no “batismo de fogo” em Chefão. Cabe a Juliano (Juliano Cazarré) a responsabilidade de ser nosso Michael Corleone, o cappo que ganha o poder e perde sua humanidade, enquanto Joaquim (Júlio Andrade) faz o Fredo da vez, o irmão diminuído. Na trama, ambos chegam à paraense Serra Pelada em 1980 prometendo amizade acima de tudo - e, ao longo de quatro anos, têm sua relação testada pelo dinheiro, na última grande jazida de ouro encontrada no país. Para agilizar a identificação com os leigos, Serra Peladarecorre, assim como Cidade de Deus, a um narrador-mediador que traduza o gangsterismo para o público médio. Juliano e principalmente Joaquim, o “Professor”, fazem o Buscapé aqui: intérpretes com ensino fundamental completo que sabem explicar com todas as palavras aquilo que os brutos do ga-

SERRA PELADA

AM

Quando o Arctic Monkeys lançou “R U Mine?” como single, em fevereiro de 2012, um alerta piscou: a banda talvez estivesse voltando às raízes juvenis de Whatever People Say I Am... (2006) e Favourite Worst Nightmare (2007), após se aventurar pelo rock robusto em Humbug (2009) e Suck It and See(2011). Mas, enquanto AM não saía, o líder, Alex Turner, se aproximou ainda mais de Josh Homme – o que rendeu uma parceria no disco mais recente do Queens of the Stone Age – e a amizade se transformou em influência. As únicas contribuições de Homme a AM são backing vocals em “Knee Socks” e em “One for the Road”, mas a sombra dele paira por todo o álbum. Da bateria arrastada ao baixo volumoso e às guitarras gritantes, todas as faixas soam como parentes próximos das músicas de Like Clockwork, do QOTSA. Entre tantas referências, faltou ao Arctic Monkeys mostrar a própria identidade. Por sorte, Homme é um mestre competente, o que ajuda AM a ser um bom álbum de rock. Mas Turner e seus companheiros bem que poderiam entregar mais do que pedia a lição de casa. (Mariana Tramontina) 7


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Cara Delevingne O mundo de

CARA DELEVINGNE 9


Foi em fevereiro de 2012 que a revista francesa “Jalouse” anunciou Cara Delevingne como “a nova Twiggy”. À parte à nacionalidade britânica, a modelo compartilha com sua predecessora o rosto de boneca, os grandes olhos claros e os fios dourados: a beleza clássica e o jeito divertido encantaram Christopher Bailey, diretor criativo da Burberry, que escalou a moça de apenas 20 anos para representar a marca em campanhas publicitárias, desfiles e agora também em eventos internacionais. A ascensão meteórica de Cara é, indubitavelmente, ligada à Burberry já que, antes de desfilar para a marca em sua coleção de Outono/Inverno 2011, ela só havia aparecido brevemente em um editorial da revista “LOVE”, em 2009. Após a estreia nas passarelas de Londres, a modelo ainda foi convidada para estrelar as campanhas da linha de vestuário e beleza de Primavera/Verão 2012 da Burberry, que foram sucedidas pelos anúncios das temporadas posteriores e por aparições nas páginas de veículos como “W”, “Vogue”, “i-D” e “Russh”. Apesar dos holofotes internacionais só terem se voltado para Cara a partir do destaque conquistado na Burberry, Cara nasceu e cresceu em meio à opulência, que é tão familiar à moda. Filha de um agente imobiliário e uma personal shopper (que hoje trabalha para a Selfridges) – e irmã da socialite Poppy Delevingne –, Cara foi criada em uma mansão em Belgravia, distrito de Londres, e sempre conviveu com a alta sociedade britânica, além de viajar com frequência muito antes de se tornar modelo; o Rio de Janeiro, aliás, é citado em inúmeras entrevistas como seu lugar preferido e foi onde aterrissou em agosto do ano passado para fotografar um editorial para a “Vogue” brasileira.

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Além da Burberry, em sua primeira temporada completa Cara já desfilou para marcas como Chanel, Jason Wu, Oscar de la Renta, Stella McCartney, Fendi e Dolce & Gabbana. Karl Lagerfeld, inclusive, escolheu a britânica para ser fotografada para o lookbook da coleção Cruise 2013 da Chanel, o que por sinal também aconteceu com a Dsquared2. Desde que “estourou”, ela não parou e pelo jeito, continua com fôlego firme e forte. Descrita pela imprensa e pelos amigos como dona de bom humor constante, Cara adora aparecer em fotografias fazendo caretas e é muito ativa no Twitter, sempre divulgando imagens de suas aventuras internacionais. Em sua descrição na rede social, a modelo se define como “ser humano profissional” e afirma que “ama sobrancelhas e tocar bateria”; com tanto carisma – e uma beleza indiscutível – dá para entender porque

Cara tem mais de 380 mil seguidores no Twitter e mais de 750 mil no Instagram. “Meus seguidores fazem com que eu me sinta menos sozinha.” Ela conta que gosta de ajudar as pessoas e recebe muitas mensagens de fãs, pedindo conselhos e dividindo inseguranças. A modelo tem um raro apelo universal. Para os homens, seria a namorada perfeita. Já para as meninas, a melhor amiga ideal. Não é difícil entender o porquê: Cara não se leva muito a sério e sabe se divertir. É daquelas que animam a pista de dança e não recusam um hambúrguer com batata frita. Na véspera de estrear na passarela da marca de lingerie Victoria’s Secret, por exemplo, ela revelou ter almoçado no McDonald’s e jantado uma pizza. Nada de dietas malucas com duas folhas de alface.

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Cara adora uma palhaçada e está sempre postando fotos engraçadas no Instagram. Em várias delas, aparece vestida com uma espécie de macacão quentinho, o chamado “onesie”. Foi o suficiente para transformar a peça em tendência instantânea. Há também uma infinidade de caretas e montagens malucas. “Eu sinto que tornei mais aceitável ser estranha”, diz ela. Não se deixe enganar, porém, por esse lado irreverente. A carreira de Cara é negócio sério. Desde que virou modelo, seguindo os passos da irmã, Poppy, ela já abocanhou alguns dos trabalhos mais cobiçados da indústria. A britânica é o rosto das marcas Burberry e Chanel, sem esquecer do exclusivíssimo posto de “anjo” da Victoria’s Secret. Durante a infância, Cara tinha outras ideias sobre o futuro. Ela já quis ser astronauta. Ou talvez psicóloga. Virar primeira-ministra e ganhar um Prêmio Nobel da Paz também estavam nos planos. Hoje em dia, a modelo sonha em ser atriz. Ela se apaixonou pela profissão ao atuar no filme Anna Karenina, ao lado de Keira Knightley, Jude Law e Aaron Taylor-Johnson. “Passei alguns dos melhores dias da minha vida no set do filme”, revela.

Fazer música também faz parte dos planos. Quando não está trabalhando, dormindo ou frequentando as festas mais fabulosas do planeta, ela aproveita para batucar. “Sou obcecada por música e consigo tirar ritmo de qualquer coisa, em qualquer lugar. Mas eu relaxo mesmo quando estou em casa e posso tocar minha bateria bem alto.” O que Cara faz nas horas vagas – especialmente sua vida afetiva – é fruto de constante especulação. Há rumores de que já namorou dois dos solteiros mais cobiçados do momento: o príncipe Harry e o astro da banda One Direction, Harry Styles. Discreta, diz que não passam de boatos e que os dois Harrys são apenas “bons amigos”. Essa suposta ligação com o ídolo teen atraiu a ira das fãs mais extremas da banda. A modelo já recebeu vários insultos pelo Twitter e até algumas ameaças. Cara rebate o inconveniente com seu característico bom humor. “Algumas delas são bem engraçadas e criativas, mas e as que me mandam ‘morrer em um buraco’? Tipo, você é a filha de nove anos de quem?”, disse ela à revista britânica “Grazia”.

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Food Revolution por

JAMIE OLIVER

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Cook it. Share it. Live it.

Essa é a defesa do Food Revolution Day, um movimento criado pelo chef Jamie Oliver, que resumidamente busca reconectar as pessoas através de sua alimentação, educando, capacitando e inspirando pessoas a conhecerem melhor seus alimentos, e dessa maneira ter o controle sobre sua alimentação. Sempre motivado a extrair o melhor dos alimentos, Jamie Oliver já publicou diversos livros mostrando de maneira simples e objetiva como qualquer pessoa pode dar um “upgrade” em seus pratos. Na verdade, ele busca e acredita que uma alimentação melhor, começa a partir do conhecimento das ferramentas da cozinha e principalmente do respeito e entendimento do alimento. Conhecendo um pouco da história de Jamie, é possível entender que todo esse movimento sempre acompanhou o grande chef em sua formação e trajetória.

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Conhecido por utilizar alimentos naturais e orgânicos em suas preparações e por seu trabalho recente em mudar hábitos alimentares nas escolas britânicas, James Trevor Oliver nasceu em 27 de maio de 1975 em uma vila chamada Clavering, ao noroeste de Essex na Inglaterra. Clavering fica a 15 quilometros de Londres e seu nome quer dizer “local onde crescem trevos”. James Trevor Oliver ou como é mais conhecido Jamie Oliver, se interessou desde cedo pelo mundo da alimentação e gastronomia, muito influenciado por seus pais – Trevor e Sally – que comandavam o restaurante The Cricketers em Essex. Aos 16 anos, Jamie terminou seus estudos no Westminster Catering College, em Londres. Sua história com a televisão começou logo depois de participar de um documentário sobre café, aonde sua participação e desenvoltura chamou a atenção dos produtores da TV que prontamente o convidaram para ter seu próprio programa: o The Naked Chef. O programa buscava descontruir as preparações e mostrar como qualquer pessoa pode fazer suas preparações como um verdadeiro chef em sua própria casa. O programa também virou um livro, e depois mais um, e hoje Jamie já tem um série de livros publicados. Em 2010, Jamie Oliver inicia o seu primeiro desafio em um programa de televisão diário chamado “30 minute meal”, que vai ao ar todos os dias 5:30h da tarde. Como não poderia ser diferente, o programa gerou um livro no mesmo ano. O livro bateu recorde de vendas e foi o livro que se tornou best-seller mais rápido de todos os tempos na Inglaterra, vendendo mais de um milhão de cópias até o natal do mesmo ano. O programa ganhou o prêmio “Best Food Show” por escolha da audiência, em 2011. Sempre buscando encontrar 16


novas maneiras de combater a obesidade e mudar os hábitos alimentares das pessoas, para que assim vivam mais e melhor, Jamie Oliver teve um premiado programa de tv o Jamie Oliver’s Food Revolution, rebatizado posteriormente como Jamie’s American Food Revolution. Essa revolução alimentar começou a “fervilhar” dentro de Jamie que novamente rebatiza seu programa como Do something (Faça alguma coisa), e expande o foco para promover a alimentação saudável e melhoria da ali-

mentação em escolas públicas. O Food Revolution é um movimento que busca capacitar e inspirar todas as pessoas do mundo a selecionar melhor os seus alimentos – e o que estão comendo – , redescobrindo o prazer de cozinhar e reconectando pessoas com os alimentos, para que entendam que uma vida mais longa e melhor, depende de novos hábitos. Entre exemplos de vida e muita emoção que Jamie Oliver abriu seu coração para o mundo sobre suas razões para lutar por uma melhor formação

das pessoas em relação a alimentação saudável. “Muito se fala em obesidade, mas não existe um programa de conscientização alimentar.” diz Jamie. Muitos amigos e fãs participaram no telão, dando seu depoimento e ajudando Jamie a contar sua história. Sua história é emocionante, mas nada foi tão impactante como ver um carrinho de mão despejado no chão e formando a montanha do que nós consumimos. Como ele mesmo ressaltou, é preciso conhecer, entender e respeitar a comida.

“Eu desejo que todos ajudem a criar um movimento forte e sustentável para educar todas as crianças sobre alimentação, inspirar as famílias a cozinhar novamente e capacitar pessoas de qualquer lugar na luta contra a obesidade” Jamie Oliver

No Brasil o Food Revolution Day, acontece nos dias 17, 18 e 19 de maio com diversos eventos por todo o país. As ações incluem também uma grande divulgação de toda a blogosfera que fala sobre alimentação saudável e assuntos relacionados. O objetivo principal desse dia é levar o movimento de slow food para o máximo

de pessoas possíveis, mostrando que é preciso cozinhar, compartilhar e vivenciar o seu alimento. Dentre as ações diverde gastronomia buscando capacitar pessoas no manuseio de alimentos e conscientizar a população da importância do conhecimento das propriedades do alimento e do que está se consumindo atualmente.

Sabemos que o dia-a-dia corrido das grandes metrópoles, aliado ao alto custo dos alimentos orgânicos e a praticidade do junk food, são os maiores problemas a serem enfrentados, mas com certeza o conhecimento pode abrir novas portas para que as pessoas entendam a real importância que uma boa alimentação tem no seu organismo. 17


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Jagger completa sete dĂŠcadas e, mesmo que se recuse a botar lenha nos rumores sobre a vida pessoal, o roqueiro nunca conseguiu se esconder.

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“Antes eu trabalhava com drogas e outras coisas ruins. Hoje, eu prefiro ir com uma linda garota na cama.” Mick Jagger Diante da proximidade dos 70 anos de vida, tentaram de tudo para convencer Mick Jagger a escrever uma autobiografia. Quando o colega de Rolling Stones Keith Richards lançou a sua, em 2010, o retorno financeiro e midiático foi colossal. Mas Jagger nem levou isso em consideração. Disse apenas que não. Alegou que seu público, talvez, não tivesse tanto interesse em um livro de memórias. É que, a despeito da trajetória repleta de detalhes picantes e controversos, o líder e vocalista dos Stones conserva certa discrição quanto o assunto é ele próprio. Bem diferente do personagem incendiário e despudorado que tomou para si nos últimos 50 anos, tempo em que a banda está na ativa. Ao procurar notícias sobre ele na internet, é fácil ler sobre uma antiga obsessão pela atriz Angelina Jolie, uma mecha de seu cabelo que será leiloada e que, para manter a notável boa forma, ele prefere sair para dançar a frequentar academias. Além disso, são inúmeras 20

as biografias sobre os Stones, algumas centradas apenas no vocalista. É o caso da não autorizada Mick Jagger (Companhia das Letras, 624 páginas), escrita pelo inglês Philip Norman e publicada ano passado. Em uma passagem do livro, o autor lembra que, quando a banda iniciante mandou uma demo com covers de rhythm & blues para a gravadora Decca, ouviu como resposta que eram bons, mas que, com aquele cantor, não chegariam a lugar nenhum. Erraram. Até porque Jagger reinventou o conceito de cantor, moldando o que viria a ser o protótipo do rockstar. Hoje, sexta-feira, Mick Jagger faz 70 anos. E tem razões para festejar. Ontem ficou a saberse que Hyde Park Live, o álbum dos Rolling Stones gravado durante os últimos concertos (de 6 e 13 de Julho) no Hyde Park em Londres, alcançou, em apenas 24 horas, o número 1 da lista de discos mais vendidos do iTunes. Mas as razões para comemorar vão muito além disso. É

que aos 70 anos o cantor continua com a voz intacta, e revela uma agilidade em palco notável, sendo sem dúvida o sustentáculo principal do grupo, apesar do protagonismo de Keith Richards. E mesmo sem novo álbum, os Rolling Stones parecem sedentos de palcos:“Não vejo porque é que não haverá um sexagésimo aniversário” do grupo, afirmou Keith Richards, que em Dezembro também se vai transformar em septuagenário. E não estão sós. Muitos outros músicos da mesma geração que já ultrapassaram os 70 anos continuam bastante activos. O ano passado Bob Dylan (72 anos) e Leonard Cohen (78 anos) lançaram novos álbuns e andaram em digressão, enquanto Lou Reed (71 anos), John Cale (71 anos), Paul McCartney (71 anos), Aretha Franklyn (71 anos) ou o brasileiro Caetano Veloso (70 anos), que lançou o ano passado o excelente álbum Abraçaço, também não têm parado.


E existe ainda esse fenómeno recente chamado Sixto Rodriguez (71 anos), que no início dos anos 1970 lançou dois álbuns sem nenhuma repercussão – excepto na África do Sul – e que foi recuperado nos últimos tempos, graças ao documentário Searching For Sugarman (2012), andando agora na estrada. Brian Wilson (71 anos) também não se pode queixar. O fundador dos Beach Boys está a viver uma espécie de novo apogeu, tendo o seu grupo publicado o ano passado um novo álbum de originais. E o que dizer de pioneiros do rock como Little Richard (80 anos), Jerry Lee Lewis (78 anos) ou Chuck Berry (86 anos) que ainda dão concertos, com muitos netos, na assistência?

Quando são músicos do jazz ou da clássica ninguém estranha. A estranheza decorre do facto do rock se ter afirmado com essa ideia de ser a música dos jovens, para os jovens, sobre o que é isso de ser jovem. Ouvimos essa lengalenga tantas vezes que já nem nos interrogamos se é assim. E a verdade é que essa narrativa já perdeu o sentido. Nada de extraordinário, se pensarmos que o rock, a e a cultura associada, há muito que passaram os 50 anos. E naturalmente, os músicos e os consumidores, e as sucessivas gerações que foram crescendo com o fenómeno, também foram envelhecendo. O que não mudou - contra todos os factos – é essa ideia de que criar e consumir rock é uma forma de

expressão própria da juventude. Mas entre a mitologia e a realidade existe uma diferença enorme. E se existe grupo que o personifica são os Rolling Stones. Longe vão os tempos em que Mick Jagger afirmava que nunca cantaria (I can’t get no) Satisfaction aos 40 anos. Eram os tempos em que criar e consumir rock era afirmar uma certa ideia de rebeldia. Hoje começa a ser pacífico que o rock é feito e consumido por pessoas das mais diversas idades, como o jazz ou a clássica. Há anos os netos de Mick Jagger ficariam embaraçados ao ver o avô gritar para milhares de pessoasLet’s spend the night together. Hoje limitar-se-ão a sorrir. E não esconderão o orgulho pelo avô.

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A liberdade de expressão x o direito à intimidade Questão das biografias não autorizadas vira polêmica após Anel contestar artigos do Código Civil, gerando manifestos de diversos artistas

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“A liberdade de expressão é assegurada pela constituição desde 2002 e o Código Civil prevê que qualquer biografia –livro ou filme- tem de ter o aval do biografado, quando vivo, ou ter autorização de veiculação”, explica Ricardo Pellegrini formado em direito e especializado em direito civil pela Universidade de São Paulo (USP).“Se o personagem ou sua família sentirem que foram prejudicados por um trabalho, estes têm o direito de recorrer à justiça para que a biografia seja retirada de circulação”, completa Pellegrini. Foi através desta lei que Roberto Carlos, em 2007, conseguiu tirar de circulação a biografia “Roberto Carlos em Detalhes” escrita por Paulo César Araújo. O livro chegou a ser lançado nas livrarias do Brasil, mas em pouco tempo, por decisão judicial, foi retirado das estantes. Na ocasião, o escritor Paulo Coelho criticou a proibição de Roberto Carlos. Foi publicado um artigo no jornal Folha de S. Paulo (2007) em que Coelho criticava Roberto Carlos e dizia estar “chocado com a atitude infantil” do cantor. O assunto voltou à mídia quando a Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) entrou no ano passado com uma ação questionando um dos artigos do Código Civil citado anteriormente, o que afirma que a vida privada é inviolável. Em meio a essas polêmicas, surgiu o Procure Saber, uma associação criada com o objetivo de gerar um projeto de lei do senado que apoie a reforma


da fiscalização de Direitos Autorais. De início, o grupo contava com artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Gilberto Gil e outros. Estes afirmavam que tal postura não possui relação com censura. “A campanha Procure Saber surgiu de forma equivocada e só serviu para desgastar a imagem dos artistas envolvidos com essa iniciativa, que tenta impedir uma mudança essencial na legislação brasileira. Os artigos 20 e 21 do Código Civil são, sem sombra de dúvida, instrumentos de censura”, diz Gilvan Ribeiro, jornalista e escritor da biografia “Casagrande e seus semônios”. De acordo com Ribeiro, “Recolher livros publicados é algo brutal, que tolhe a livre expressão do pensamento e remete a ditaduras”, complementa o autor que contou não ter tido problemas na execução de seu livro, pois foi um processo aberto com o artista. Apesar disso, Ribeiro confessa: “É preciso ter a grandeza de não querer manipular a história”. Em artigo publicado no jornal O Globo, Chico Buarque defendeu o colega Roberto Carlos por preservar sua vida pessoal. Além disso, o cantor negou ter cedido qualquer tipo de entrevista para o livro de Paulo César Araújo e afirmou que lamentava pelo autor. Entretanto, Araújo comprovou, através da gravação de um vídeo e por meio de fotos, que de fato havia sim entrevistado Chico Buarque. O cantor reconheceu o engano e pediu desculpas pelo erro.

A repercussão foi tão grande que programas como o Saia Justa colocaram em debate o assunto da liberdade da expressão e o direito à privacidade. No caso do programa exibido semanalmente no GNT, a convidada foi Paula Lavigne, presidente do grupo Procure Saber, mas que estava ali, de acordo com ela, como pessoa física e não representante da associação. A ex-mulher de Caetano Veloso gerou polêmica nas mídias com as declarações que deu. Além dos termos que usou, como “bullying”, “linchamento” e “coisas deturpadas na imprensa”, a atriz colocou em questão a orientação sexual da jornalista Barbara Garcia e criticou escritores por não serem tão mal remunerados como dizem. Outros artistas O cantor Djavan adepto ao Procure Saber, pronunciou-se em uma carta aberta ao jornal O Globo. “A liberdade de expressão, sob qualquer circunstância, precisa ser preservada. Ponto. No entanto, sobre tais biografias, do modo como é hoje, ela, a liberdade de expressão, corre o risco de acolher uma injustiça, à medida que privilegia o mercado em detrimento do indivíduo; editores e biógrafos ganham fortunas enquanto aos biografados resta o ônus do sofrimento e da indignação”, desabafou. Em contra partida, outros artistas apoiam as biografias não autorizadas. Em uma conversa informal com Maitê Proença, após a apresentação de sua peça em São Paulo, a atriz declarou: “Eu sou a favor da liberdade de expressão. O biógrafo tem RG

e a identidade dele está exposta. Se eu não gostar de algo que foi dito no meio do livro há leis que eu posso usar para denunciar”, disse. “Existe uma coisa que eu não tolero: os covardes da internet que caluniam e não mostram a verdadeira identidade”, complementa Maitê. Apresentando uma posição divergente, nomes como Frejat, Fernanda Abreu, Ivan Lins e Leo Jaime formaram o Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música (Gap), que esclarece ser “a favor da liberdade de expressão” e “contrário à necessidade de autorização para biografias e à obrigatoriedade de pagamento aos biografados”. Diferentes grupos envolveram-se na história. Um deles, formado por duzentos acadêmicos, entre os quais estão historiadores, intelectuais e pesquisadores, em sua maioria da USP, escreveu uma carta intitulada “liberdade para as biografias” que foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. Ao longo do texto, o grupo defende que “as vidas dos indivíduos são parte da história” e que “a biografia não busca elogiar nem insultar, mas entender”. Atualmente o projeto de lei que libera as biografias não autorizadas aguarda votação na câmara. Uma proposta de emenda ao projeto prevê ainda que caso a figura biografada sentir-se atingida, ela poderá pedir a Justiça a retirada do trecho que conseguir provar ser ofensivo, mas apenas em reedições da obra publicada. Por Paula Lerrer 23


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