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PROJETO BILL Criei o Projeto Bill (www.projetobill.com) em 2013 para homenagear o autor William S. Burroughs, no centenário do seu nascimento, que ocorreria no ano seguinte, especificamente no dia 5 de fevereiro de 2014. A ideia era editar material inédito, principalmente de quadrinhos, mas também textos e músicas, que gravitassem em torno do universo burroughiano.
A
revista começou na web como um experimento que visava a se desdobrar para além da multiplicação de conteúdo virtual e motivar encontros reais entre criadores e leitores, agindo como um vírus que se multiplica e colateralmente produza algum tipo de efeito. Estes logo vieram, na forma d e c ut-ups (em poucas palavras: recorte e colagem de textos, rearranjados de modo a criar um novo texto), viagens sonoras, glitch
art, adaptação de textos do Burroughs para os quadrinhos, remixes de imagens encontradas na internet, xilogravuras, entrevistas do
velho
post-mortem, bill
e
outros
retratos lances
experimentais que passei a receber todos os dias.
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Eu mesmo comecei a experimentar com cut-ups, gravações e remixies. Desses experimentos, nasceu a história Interzone Game, que passei a publicar semanalmente no site no formato de tira. A ideia da história era bem simples: Burroughs é um personagem de videogame e sua missão, conforme vai passando de fase, é fugir dos agentes do controle, descolar drogas para manter a barra de energia cheia, escrever relatórios, além de trocar mensagens com personagens do submundo da Interzona, como: traficantes, gigolôs, bichas, putas, mugwumps, escritores beats, médicos e exterminadores de barata, além dos informantes típicos dos filmes de gângsters. Na última fase, ele encontra o Doutor Benway, em um hospital secreto, onde este realiza seus experimentos sádicos, e ao invés de matá-lo, como seria comum em jogos do tipo, ele une-se ao grande vilão e os dois passam a trabalhar em conjunto. Definido o pano de fundo, comecei a improvisar em cima, utilizando diversos métodos de colagem ao mesmo tempo que me aprofundava na obra do titio Burroughs. A história foi crescendo e os acontecimentos se tornaram mais complexos do que essa brincadeira inicial fazia supor. Os efeitos do vírus lançado se voltaram contra mim e logo me vi obrigado a transbordar toda aquela loucura que me invadia nas páginas que compõem esse álbum.
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Porém o vírus não parou de se multiplicar e apenas quatro meses depois do seu nascimento, eis que surge a Noite Beat ´13, primeiro evento físico em que o Projeto Bill esteve presente. A programação da noite teve espaço no Teatro Bar Cemitério de Automóveis, situado na rua Frei Caneca, São Paulo, no dia 07 de novembro de 2013 e contou com a participação de importantes nomes de estudiosos, tradutores e divulgadores dos beats, novos e velhos. O site da LP&M anunciou desse modo o evento em seu site:
Uma incrível e imperdível Noite Beat em SP O espírito de Jack Kerouac e Allen Ginsberg vai baixar nesta quinta-feira, 7 de novembro, no Teatro Cemitério de Automóveis em São Paulo. É lá que acontecerá uma noite dedicada aos beats com a participação de Eduardo Bueno e Claudio Willer. “Enorme. Trepidante. Resultado do ímpeto visionário de Ivone Fs, Guilherme Ziggy e João Pinheiro. Quem assistir à programação sairá do teatro com sensações alucinógenas.” Assim Willer descreveu o evento em seu blog. Exposições, pocket show, lançamentos de livros, leituras e um debate com especialistas em literatura beat fazem parte da programação que começa às 18h. Corre por aí o boato de que o evento teria se tornado lendário, porém a memória etílica dos participantes não fornece maiores detalhes. 4
O site, a exposição e a revista impressa contaram com a colaboração de diversos artistas, músicos e poetas de várias partes do Brasil e de outros países (Argentina, Bélgica e Austrália). São eles em ordem alfabética: Antonio Amaral, Antonio Eder, Batata Sem Umbigo, Carcarah, Carlos Ferreira, Carol Sakura, Cleber Gazana, Cláudio Willer, Daniel Gisé, Dario Fantacci, Diego Aguiar Vieira, Eduardo Rosa, Eric Moreira, Floriano Martins, Guilherme Ziggy, Homero Urbano, Ikaro Maxx, Ivone Fs, José Luis Salvador, João Pirolla, Junior Lopes, Lavínia di Prima, Marcelo Dutra, Marcelo Monteiro, Mariana Waechter, Michelle Henriques, Pablo Conde, Paulo Monteiro, Pedro Mancini, Pedro de Rosa, Peter Maloney, Ricardo Rodrigues, Sirlene Barbosa, Wagner Rocha, Wagner William, Walkir Fernandes e Yves Budin. Agradeço de coração esses companheiros da Interzona.
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JoĂŁo Pinheiro
A revista impressa foi publicada no inĂcio de 2015. Acima e ao lado, algumas fotos do evento de lançamento.
Capa da revista impressa. 6
fotos: Guilherme Ziggy
Mariana Waechter
Batata Sem Umbigo
Wagner Rocha
Daniel Gisé
Nas próximas 4 páginas, uma mostra do que era Interzone Game no início. E lembrem-se: “Nada é verdadeiro, tudo é permitido”. 7
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