Um dia, uma criança sonhou que os animais falavam. Foi assim...
Era uma vez um caranguejo que morava nas Formigas. Não daquelas com patas e antenas, coitadas! Morava em cima de pequeninas ilhas chamadas Formigas.
Passava o dia a apanhar Sol nas rochas, e comia o que o mar lhe trazia.
Um dia, encontrou uma grande e apetitosa cauda de peixe! Mas antes de começar a comer pedacinho a pedacinho ouviu a outra ponta do peixe dizer: “AJUDA-ME!”
O peixe era um grande mero que tinha ficado preso naquela rocha por causa de um pedaço de plástico perdido no mar!
Depressa se entenderam os dois e o caranguejo cortou o plástico com as suas pinças.
O grande mero, um peixe verdadeiramente gigante para o caranguejo, sentiu-se muito agradecido.
E por isso, o mero ofereceu-lhe uma viagem ao fundo do mar! O caranguejo queria ir lá abaixo desde que era pequenino.
“Vamos viajar! Mostra-me tudo!” - disse o caranguejo!
E como o mero lhe parecia muito amigável, o caranguejo nem sequer teve medo de viajar dentro da sua enorme boca.
Mergulhando fundo rocha abaixo, foram até um magnífico palácio. A entrada estava decorada com conchas brilhantes e com coloridas “bolinhas de ouriço-do-mar”! Este palácio pertencia a um polvo, que lhes disse “olá” com os seus oito braços.
Nas rochas, todos os buracos eram casas para alguém e algumas pareciam bem animadas. Numa delas, viviam três amigos: uma moreia-preta, uma abrótea e um velho congro que passavam o tempo, ora a rir, ora a rezingar!
O caranguejo riu-se. A moreia e o congro, peixes muito compridos, pareciam passar a vida a embirrar um com o outro, mas a abrótea conseguia sempre que fizessem as pazes.
Junto ao topo de uma pedra, um bodião levava bocas cheias de algas de muitas cores. Algas com nomes de menina, como Padina e Zonaria, para fazer um ninho especial para os seus ovos.
O mero queria ver os peixes pequenitos a rodar dentro dos ovinhos transparentes como o vidro, mas o valente pai bodião não o deixou aproximar.
Seguiram na direção do mar aberto, onde vivem criaturas enormes, e o caranguejo teve um bocadinho de medo.
Viram então as brilhantes pintas azuis das castanhetas, que pareciam luzes de Natal dançando acima das suas cabeças.
O caranguejo esqueceu qualquer bocadinho de medo que se pudesse ter escondido dentro da sua carapaça.
Lá do fundo, o caranguejo olhou para cima e viu um grupo de chicharros brincando até que, de repente, PUM! Um garajau tinha mergulhado para apanhar o seu almoço! Como todas as aves, os garajaus fazem ninhos em terra, mas cruzam os mares em busca do melhor peixe. São grandes aventureiros, mas voltam sempre aos Açores para criar a sua família.
“A minha família! Temos de voltar, amigo mero.” Tinha passado tanto tempo que já deviam estar a sentir a falta do caranguejo na rocha onde vivia.
Ao chegarem, o caranguejo subiu de novo para a sua rocha, e vários amigos vieram cumprimentá-lo.
Mas o mero tinha mais para lhe mostrar.
“Há muito mais para ver, amigo! As jamantas, os cachalotes, os peixes-voadores, o pintado...! Amanhã espero por ti aqui, à mesma hora!”
O caranguejo agitou as suas pinças no ar, de alegria, dizendo que sim.
O mero despediu-se e deu à barbatana de volta ao profundo azul.
Ficha Técnica
Título: Mostra-me o Mar!
Edição em formato digital: Novembro de 2020
Texto, Ilustração e Design Gráfico
João T. Tavares
Revisão e outras contribuições
(ordem alfabética dos apelidos)
Andrea Botelho
José Cascalho
Ana Costa
Hélia Guerra
Vera Malhão
Armando Mendes
Paulo Novo
Manuela Parente
Este trabalho é financiado pelo FEDER em 85% e por fundos regionais em 15%, através da Programa Operacional Açores 2020, no âmbito do projeto
SEA-THINGS
Objetos de Aprendizagem para Promover a Literacia Oceânica
ACORES-01-0145-FEDER-000110
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons
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Foi desenvolvido em combinação com um Plano de Aula para crianças de 3 a 5 anos.
Este inspira-se nos Princípios da Literacia do Oceano e incorpora metas de aprendizagem do nível pré-escolar.
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