IBLIOTECA
SOUFIE
1. Apresentação do projecto Este projecto, “Construindo Leitores”, integra actividades de leitura desenvolvidas de forma sistemática, em diferentes suportes, com variadas finalidades e com diversos intervenientes.
2. Objectivos do projecto Pretende este projecto:
21.Objectivos gerais
Despertar e estimular nos alunos o gosto pela leitura; Criar e reforçar práticas de leitura na escola; Criar leitores competentes; Estabelecer dinâmicas de articulação entre a BE e as diferentes turmas.
2.2.Objectivos específicos
Desenvolver ou melhorar as competências de leitura e escrita dos alunos; Aumentar os níveis de leitura dos alunos; Potenciar leituras em diferentes suportes, com diferentes finalidades e intervenientes; Possibilitar a exploração de diferentes géneros textuais.
3. Contexto de significação do Projecto Construir um projecto é, antes de mais, colocar em confronto duas bases fundamentais. De um lado, os estudos atuais da investigação científica, uma vez que a ciência evolui constantemente e, por isso, é necessário reajustar, reafirmar e confirmar conceitos, ideias, técnicas, métodos. Também as finalidades da Educação requerem da parte do professor uma vigilância de actualização constante. Esta base permite formular hipóteses de acção pedagógica. Do outro lado, está o Projecto Educativo com dados do terreno, as problemáticas a resolver, os alunos, os acontecimentos. Esta base permite avançar com algumas propostas de intervenção didática. Assim:
3.1.
Pressupostos teóricos
Nos dias de hoje, a Informação e o conhecimento transformaram-se em questões estratégicas na escola. Efectivamente, se um aluno não for capaz de discriminar, processar e avaliar informação também não consegue produzir conhecimento. Estas competências são facultadas pela capacidade de leitura. Com efeito, a leitura, além de proporcionar ao indivíduo a oportunidade de alargamento de horizontes pessoais, culturais e profissionais, constitui-se num eficiente meio para o exercício das atividades lúdicas e pragmáticas. Assim sendo, podemos afirmar que a leitura assume verdadeiras funções na vida social moderna. De entre essas variadas funções destacamos a leitura para fruição, deleite ou prazer, a leitura para a aquisição de informações de cultura geral, de atualização sobre o que ocorre na comunidade e no mundo, a leitura para fins de estudo e trabalho, a leitura para fins funcionais da vida quotidiana, a leitura instrucional que nos permite resolver variadas situações… Evidentemente, cada uma dessas funções realiza-se através de uma grande diversidade de textos, ou seja, textos literários, textos referenciais ou informativos, textos publicitários, textos instrucionais… além de muitos outros 1
textos de uso corrente na sociedade. Diante dessa imensa variedade de textos, o leitor não pode, obviamente, ter um comportamento único. Noutras palavras, as nossas leituras variam de acordo com o objetivo que temos, o contexto ou situação, o tipo ou função do texto, além de outros fatores (motivação, estado psicológico…), portanto, não existe uma única forma de ler. Do exposto, depreende-se que a leitura se reveste de uma dimensão formativa e de uma dimensão instrumental, isto é, a leitura faz-nos crescer enquanto pessoas e é um instrumento que nos permite melhorar o nosso desempenho em inúmeras atividades da nossa vida social, académica e profissional. Assim sendo, neste século, dominado pelo avanço das novas tecnologias, é mais necessário do que nunca um cidadão leitor, competente e crítico, capaz de ler diferentes tipos de textos e de discriminar a abundante informação que lhe é oferecida diariamente através de diversos suportes, ou seja, um cidadão com capacidade de leitura. A leitura assume, então, importância fundamental. A investigação produzida neste âmbito da leitura diz-nos que Ler é compreender. Com efeito, a compreensão é o traço mais marcante das atuais conceções de leitura. Esta conceção vem romper com as anteriores perspetivas que encaravam a leitura como uma atividade meramente instrumental, de decifração letra – som. Neste novo conceito de leitura, em que ler é compreender, o leitor constrói ativamente o significado do texto. A leitura é definida como “um processo interativo entre o leitor e o texto, através do qual o primeiro reconstrói o significado do segundo, ou por outras palavras, como o processo de, simultaneamente, o leitor extrair e construir significados, através da interacção e envolvimento com a linguagem escrita” (Sim-Sim, 1997, p.27). Depreende-se que duas mudanças fundamentais terão de acontecer na leitura em contexto escolar: em primeiro lugar, a decifração que ainda tem um peso muito grande na escola, terá de deixar de ser identificada como a capacidade leitora e passar a ocupar o seu espaço no conjunto das “habilidades” necessárias para entender o texto; em segundo lugar, o ensino da leitura, entendida como um “código de interpretação” da realidade deverá ser valorizado e manifestar-se transversalmente em todas as áreas do currículo. Importa pois, que os professores tenham em conta diferentes formas de processamento para a compreensão do texto, para a interpretação dos seus significados. Mas os professores, num Agrupamento de Escolas, não trabalham de forma isolada, desenvolvem cada vez mais dinâmicas participativas, colaborativas, às vezes, mesmo de colegialidade. Por outro lado, hoje, a escola é uma escola de projecto, em que se interrogam os problemas, procuram-se soluções, traçam-se rumos de resolução, criando-se estratégias e fazendo-as evoluir. Importa, então, tornar explícito de que forma o PEE encara e dá resposta a esta problemática da leitura e da formação de leitores competentes e de que modo este Projecto ganha sentido à luz deste documento.
3.2. Enquadramento no Projecto Educativo Na dimensão designada de curricular, o Projecto Educativo apresenta três objectivos estratégicos: Aumentar os níveis de sucesso educativo; Formar cidadãos conscientes, activos, críticos, criativos e solidários; Ampliar e valorizar os saberes e a aprendizagem com outras ofertas formativas, adequadas às realidades e necessidades locais. Estes objectivos pretendem dar resposta aos problemas diagnosticados, designadamente, entre outros, diferentes capacidades no domínio de Língua Portuguesa, elevado índice de insucesso, desvalorização de questões para a cidadania, falta de hábitos e métodos de estudo. Ora, este projecto “Construindo leitores” visa, tal como revelam os seus objectivos, colmatar estas insuficiências. Por outro lado, a implementação de um projecto de leitura que atravesse todo o Agrupamento até 2014, é uma das metas constantes no PE. 2
4. Metodologia No desenvolvimento das actividades de leitura, a metodologia a usar pelos professores, bem como pela professora bibliotecária, deve ter presente, entre outros aspectos: Os conhecimentos prévios de cada aluno – as diferenças individuais – já que os esquemas cognitivos de cada um são produto da sua história de vida e estão intimamente associados ao desenvolvimento cognitivo; A adaptação das actividades, estratégias, recursos e materiais tendo como referencial o conhecimento do mundo dos alunos para que a ativação dos esquemas cognitivos seja facilitado; O aprofundamento do processamento de um texto para que o aluno melhor o compreenda; A confirmação das hipóteses que o aluno levanta ao longo do texto; A definição de critérios-tarefa para que o aluno desenvolva estratégias adequadas para a compreensão dos diferentes textos; Tenha em conta as diferentes tipologias textuais de modo a que o aluno forme um esquema particular; A ativação de valores ausentes no texto para exercitar o raciocínio inferencial. A metodologia utilizada deve ainda despertar nos alunos o desejo de aprender e motivá-los para um trabalho consciente do processo de aprendizagem. Para a construção deste projeto privilegiou-se a seguinte metodologia: 1. Apresentação informal do projeto aos professores envolvidos para uma consciencialização da recetividade do mesmo e para auscultar sugestões de melhoria. 2. Planificação do projeto, a partir da BE, tornando explícito as suas intenções, o contexto de significação, a metodologia e as actividades a desenvolver. 3. Envio do projeto aos professores; crítica construtiva do mesmo e correção de trajetórias. 4. Avaliação com métodos quantitativos e qualitativos.
5. Actividades com os alunos 5.1. Leitura Orientada A leitura orientada, como abordagem pedagógica, permite ao docente exercitar os seus alunos na interpretação dos textos, com obras de literatura infantil. Mais do que a mera descodificação dos textos, exige-se práticas de compreensão que conduzam a leituras plurais (potenciadas pelos textos literários) capazes de formar sujeitos leitores que participem ativamente na construção dos sentidos desses mesmos textos. Assim, em contexto de sala de aula, todos os períodos, o docente explora obras de literatura infantil (narrativa, poesia, teatro), implementando atividades de leitura orientada; uma das obras a trabalhar integra o baú itinerante do Projecto “Aler+-os-Livros”. A PB pode colaborar com a construção de guiões de leitura ou ainda, com a exploração da obra em articulação com o professor titular. Nota: Operacionalização através do (sub) projeto “Aler+-os-Livros”
5.2. Leitura recreativa A leitura recreativa visa o ler pelo prazer de ler, abrindo as portas da criança / aluno para a imensidão a que se pode aceder quando se abre e percorre as folhas de um livro. Implica a 3
manipulação do livro enquanto objeto, permitindo que cada um explore as obras e aí descubra os mistérios contidos e guardados. Como bem diz António Torrado em “Eu sou o Livro”: “Eu sou o livro – diz o livro que é de poucas falas, porque gosta mais de dizer as coisas por escrito. - E eu sou o leitor, ou melhor, talvez seja o leitor – dizemos nós. Folhear um livro é espreitar para dentro de uma caixinha ao alcance das mãos e dos olhos. Não há segredos. - Que tens tu guardado para me dar? – perguntamos nós ao livro. Aí o livro conta, não pára de contar o que dentro dele tem guardado para nós. (…) Terminado, fechado, o livro que nos deu prazer, fica-nos na memória, resiste ao esquecimento, ilumina ainda. - Valho muito mais do que peso – diz o livro, sem ser por vaidade. – Tenho tanta coisa, tanta surpresa, meus amigos, que só lendo-me se acredita. Vamos então descobrir por nós o que ele tem para nos dar. Vamos ler!
A leitura recreativa deve promover ainda, a interação do aluno com o texto, levando-o a imaginar e a comentar comportamentos das personagens e a expressar o seu gosto pessoal pela obra que leu. A interação com as famílias através das leituras recreativas é algo que deve também ser dinamizado porquanto estes agentes constituem potenciais promotores de ambientes favoráveis ao prazer de ler. Assim, importa que os alunos procedem às requisições domiciliárias junto da BE ou dos docentes (no caso das escolas sem BE); Importa ainda, que os docentes impliquem as famílias neste processo e interajam nestas leituras, implementando algumas estratégias que promovam o prazer de ler. Nota: Operacionalização através do empréstimo domiciliário, do (sub) projetos “Já sei ler” e “Leitura em vai e vem”.
5.3. Leitura de textos informativos A leitura informativa, também denominada de estudo, tem como objetivo a recolha de dados ou de informação, portanto, é fundamental para dar resposta a questões específicas (questionários, quadros de identificação…) e também para o desenvolvimento e elaboração de trabalhos a partir de pesquisas. A leitura informativa, por conseguinte, é uma das bases da aprendizagem escolar pois, tal como refere Antão (2000, p.27), “com ela se obtém informação necessária para ampliar o conhecimento e dar resposta às necessidades de formação e de desenvolvimento do indivíduo”. Devem os docentes, portanto, levar os alunos a adquirir e desenvolver estratégias de leitura informativa suscetíveis de serem utilizadas na escola, nas diversas áreas curriculares, disciplinares e não disciplinares. Referência bibliográfica: ANTÃO, J. A. S. (2000). Elogio da leitura: tipos e técnicas de leitura. Porto: Edições ASA. Nota: Operacionalização através do (sub) projeto “Ler para recolher informação” e projeto de Literacia.
5.4. Leitura de textos instrucionais O texto instrucional é um texto que orienta o leitor na realização de uma atividade ou na utilização de um produto. Caracteriza-se pela ênfase na ação, apresentada de modo detalhado. De acordo com Koch e Fávero (1998) este género de texto pertence à ordem do “descrever ações”. Para Scheneuwly e Dolz (2004) “descrever acções ou instruir ou prescrever 4
acções diz respeito às instruções e prescrições e indica a regulação mútua de comportamentos”, tais como: receitas, manuais de instruções, regras de jogos, regulamentos... O texto instrucional faz parte do quotidiano dos nossos alunos e está presente nos diversos ambientes discursivos da nossa sociedade. Como tal, é importante que se amplie o estudo deste género de texto ao longo do ano letivo. O professor deverá levar diferentes textos instrucionais para a sala para que o aluno se familiarize com a estrutura e vocabulário deste tipo de texto e explorar as características macro textuais, a enumeração de tópicos que organiza a ordem a ser seguida, a função das imagens que possibilitam entender a orientação e o tempo dos verbos. Referências bibliográficas: Koch,I. ; Fávero, L. (1998). Linguística textual: Introdução. Porto Alegre: Mercado Aberto. Scheneuwly, B. ; Dolz, J. (2004). Géneros orais e escritos na escola. Porto Alegre: Mercado das Letras. Nota: Operacionalização através do (sub) projeto “Leitura de textos instrucionais”
5.5. Leitura instrumental / funcional Vivemos rodeados de uma grande quantidade de materiais com informações escritas, muitas vezes associando a linguagem verbal e a imagem, e com os mais diferentes propósitos. E porque assim é, muitas vezes não damos conta da presença intensa da leitura na vida diária. Desde que acordamos até que nos deitamos estamos constantemente a ser bombardeados por informação, desde o champô que utilizamos no banho, a validade do leite que tomamos, as mensagens do telemóvel, até aos horários do comboio, da camioneta, passando por embalagens de produtos, panfletos, cartazes, tabuletas, slogans nos muros e paredes, sinais de trânsito, gráficos variados, programas de televisão e de espetáculo, entre muitos outros. Por outro lado, as novas tecnologias de informação e comunicação vieram ampliar e mesmo criar novas possibilidades de informação, gerando novos géneros textuais e exigindo do cidadão novas capacidades leitoras. O mesmo é dizer que o dinamismo da língua escrita reclama do leitor competências e habilidades que lhe permitam lidar com a informação que constantemente o rodeia. Ora, deve a escola possibilitar as condições para que o aluno desenvolva as competências requeridas para usar a leitura e a escrita nas diversas práticas sociais, respondendo adequadamente aos desafios colocados. Assim, cabe ao docente, desde os anos iniciais e de acordo com o nível de experiência leitora dos seus alunos, trazer para a sala de aula os textos que circulam nas diferentes esferas da sociedade, designadamente, horários, bilhetes, programas televisivos, convites, anedotas, avisos, rótulos, provérbios, emails, textos não verbais (logomarcas, placas…), slogans, entre outros.
5.6. Leituras digitais Os livros impressos em suporte de papel não são os únicos recursos disponíveis e acessíveis na sala de aula. É preciso que nos apropriemos das inúmeras possibilidades que nos tempos de hoje temos ao nosso alcance. Neste âmbito, as novas tecnologias de informação e comunicação, bem como a Internet, são fontes e recursos que, pela novidade e potencialidade que apresentam, ampliam a motivação dos alunos para a leitura, pelo que devem estar presentes nas aulas. A BE disponibiliza, para este efeito, alguns recursos digitais no seu espaço e ainda, através dos blogues, bem como, hiperligações que conduzem a uma panóplia variada de materiais digitais.
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5.7. Leituras de apoio ao currículo As obras existentes nas BE´s constituem ótimos recursos para operacionalização do currículo: obras de referência - enciclopédias, livros variados e de temáticas diversas, no âmbito das áreas curriculares disciplinares e não disciplinares, para apoio a projetos diversificados poesia, teatro e literatura infanto-juvenil. Devem os docentes utilizar estes recursos na operacionalização do currículo, a par (ou substituindo) do manual escolar.
5.8. Participação nas iniciativas do PNL Todos os anos, o Plano Nacional de Leitura disponibiliza aos docentes um leque variado de atividades / projetos a que os docentes têm acesso, através da Biblioteca Escolar, mas também, por iniciativa própria, consultando o portal do PNL e inscrevendo-se nas diversas atividades aí propostas, designadamente: “Ler+para vencer” (1º e 5ºanos de escolaridade), “Já sei ler” (1º ciclo), “Leitura em vai e vem” (Pré-escolar), “Conta-nos uma história” (podcast), “Semana da leitura”, “Ler+ em vários sotaques”, Concursos diversos (O Concurso Nacional de Leitura, O cartaz da minha escola, Faça lá um poema, entre outros). Participar nestas iniciativas do PNL são, sem dúvida, momentos enriquecedores para o desenvolvimento da Língua materna, e para a projeção da imagem da escola.
5.9. Participação em iniciativas da BE Ao longo do ano letivo, enquadrado no PAA, a BE implementa e desenvolve um leque variado de atividades, e cujo objetivo é articular com os diferentes docentes, construindo projetos, otimizando os recursos da BE e complementando as tarefas dos docentes na formação de leitores competentes, tendo presente as diferentes áreas curriculares: Desafios do mês, sessões de leitura, oficinas de leitura, escrita e oralidade, atividades em articulação com o PNL, vindas de escritores, entre muitas outras.
5.10. Participação nas iniciativas da BM A Biblioteca Municipal apresenta à comunidade, todos os anos, o seu plano educativo. Deste consta uma panóplia de atividades que permite ao docente ampliar as experiências de leitura dos seus alunos e explorar a vertente social da leitura. São outros momentos que o docente deve potenciar aos alunos, uma vez que a vivência de inúmeras experiências no âmbito da leitura e o contacto com os livros constituem portas de entrada no mundo da literatura.
6. Avaliação A avaliação integra métodos quantitativos e qualitativos. Assim, em contexto de sala de aula o professor constrói: portefólios / dossiers de leitura e fichas de leitura; estes materiais constituem elementos avaliativos das atividades desenvolvidas; O docente preenche a ficha “Registos de leitura”; esta dará uma imagem do trabalho desenvolvido e das experiências de leitura em que os alunos se envolveram. A PB analisa os registos e elabora relatórios de avaliação. A PB constrói um inquérito por questionário dirigido a professores e analisa os dados recolhidos, produzindo um relatório.
A BIBLIOTECA ESCOLAR SETEMBRO DE 2011 6