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DICIONÁRIO PARKATÊJÊ-PORTUGUÊS
Informantes, ao longo de 40 anos. Membros da comunidade, citando o nome de pessoas mais próximas à pesquisadora: Rỳ tyk – In Memoriam Jõkàntỳtỳre (João) Jõkũmti (Nego) Kapjêr Jõkorenhũm Kruwati Gavião Kuxwati (Alzira) Pàrjitore (Ĩnxê) Kormã tĩri – Ainda presentes Aikrepeire (Izabel) Akukàre (Tuiri) Ĩntokàkuromre (Tutakĩ) Jõjapàre Krowapeire (Manoel Velho) Pênprãmti (Pedro) Ronore (Mamãe Grande) Toprãmre Krôhôkrenhũm Jõpaipaire Xôntapti (Raimundo) Revisão do conteúdo e exemplos Akukàre (Tuiri) Hàrxàre (Matias) Japêre Jõkahyti Jõkakure Jõprar Jõxàkrare Krôhôkre (Iracema) Krowapeire (Manoel Velho) Kwỳikwỳire Pàrkrekapêre (Toninho) Pôjarêtêti Toprãmre Krôhôkrenhũm Jõpaipaire
Dicionário Parkatêjê-Português © 2016 Leopoldina Araújo Registro no Escritório de Direitos Autorais, da Fundação Biblioteca Nacional, sob o nº 475.288, livro 896, fl. 103, de 14/10/2009. Coordenação editorial e organização dos originais Leopoldina Araújo Ilustrações Kruwati Gavião, Jaxàti, Prõtewôre Revisão do acervo Marina Luiza Souto do Nascimento Assessoria lexicográfica e revisão técnica Jorge Domingues Lopes Imagens da capa Onça-pintada, Hàrxàre (Matias); onça-preta e saúva, Kruwati Gavião; representação de pintura corporal frontal, Leopoldina Araújo
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
__________________________________________________________ A658d
ARAÚJO, Leopoldina Dicionário Parkatêjê-Português. Leopoldina Araújo. – Belém: Edição da Autora, 2016. 312 p. ; 22 cm. ISBN: 978-85-9108710-5 1. Língua parkatêjê – Dicionário. I. ARAÚJO, Leopoldina. II. Título. CDD: 469.3 498 CDU: 811.1/.8
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Índice
Apresentação
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Lista de abreviaturas
13
Dicionário Parkatêjê-Português
15
Notas sobre casamento, parentesco e nomeação
259
Dicionário Parkatêjê-Português (Nomes próprios)
265
Microfilmes – Museu do Índio/RJ – Jan. 84
309
Decreto-Lei N.º 4.503 – de 28 de dezembro de 1943
311
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KkKk
KUKRYT Kukryt
Kukryt
KkKk ka1 [ka] pron pess tu Kê pia xy hy ajakry nã ka ha amnẽ mõ Será que tu vens muito tarde? (Será que tu esperas o final da tarde, para vir?) Ka ka kitare Foste tu mesmo ka2 ['ka] V1 assar Jê, tok to wa kapràn pỳ to mõ ka nã ka. Jê, faz fogo, eu vou pegar jabuti pra tu assares [Usa-se no mito, falando normal é hàr ~ xàr] ka3 ['ka] ~ kuka V2 Forma longa em -r cozinhar ...ku nã kuka, nã kapi ...pra nós cozinharmos e provarmos. Wa mũ nã tep ka Eu vou cozinhar peixe. Nõ kãm wa i te tep kar Ontem eu cozinhei peixe kà1 ['kʌ] sc casca, pele, invólucro Parkà Sandália Ikà Minha pele. meu seio kà2 ['kʌ] sc pátio, centro da aldeia ...mẽ to kà kuxôn ... limpamos o pátio kà3 ['kʌ] V2 Forma longa em -n separar ...nã to krã kàn ... separaram as toras kà4 ['kʌ] V1 canto de ave Ãhãre kupẽ jõ krit aiku kà, mẽ kãm hixi, mẽ to ãhãre nã Galinha é criação do branco, que cantava, nós botamos nome, chamamos ãhãre. Atoroti kà Nambu está assobiando. Nõ kãm atoroti airom kãm kà Ontem nambu estava cantando no mato ka.a.kô [ka'a'ko] V2 Forma longa em -r ka+akô soprar buzina Kre nã i kaakô No buraco, eu sopro a buzina. Nõ kãm, i te hõhĩ kre nã i te kaakôr Ontem eu furei buzina e soprei. Wa hõhĩ kre nã kaakô Vou furar buzina e soprar ka.hã1 [ka'hə̃] sc cobra [igual tamanduá, dorme muito] ka.hã2 [ka'hə̃] V2 Forma longa em -n torcer algodão [para fazer linha] I mã kwỳ kahã Torce um pouco pra mim. I mã kahã Eu tenho (algodão) torcido. Nõ kãm ĩnxê te kaxàtjĩ kahãn Ontem mamãe torceu algodão
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Notas sobre casamento, parentesco e nomeação
O
povo parkatêjê, grupo formado por pessoas remanescentes de lutas internas de um grupo conhecido na literatura por “gaviões de oeste”, ainda guarda memória da organização social de seus antepassados, assim como respeita ainda certas regras sociais, embora as novas gerações (3.ª e 4.ª) cada vez mais deixem de adotar a maioria delas, sobretudo no que respeita ao casamento.
Antigamente, o casamento era definido pelas famílias dos futuros cônjuges, sendo o futuro marido alguns anos mais velho do que a futura esposa, pois no momento do casamento o homem já devia saber caçar e construir uma casa. Quando a menina tinha por volta de oito/nove anos, o futuro esposo começava a caçar para a futura sogra e vinha dormir em sua casa, junto da menina. Não havia nenhuma aproximação sexual, o objetivo era apenas “aquecê-la”, para ela crescer rápido. Quando a menina menstruava, por volta de seus doze anos (atualmente também está acontecendo mais cedo), sua mãe fazia o tupre ([tu] barriga + [pɾɛ] amarrar), cinto de casamento. É um longo cordão, tecido com os dedos, pela mãe, ou avó materna, que a menina mantinha na cintura até engravidar, usando-o depois para amarrar, dentro de casa, uma cabaça, que serviria como depósito, em geral de penas, ou sementes. A partir desse momento, ela e o noivo, que dormiam juntos, mas de costas um pro outro, passavam a dormir de frente um para o outro, até passar a vergonha e ele “furála” (Relato de Ronore, “Mamãe Grande”, antiga chefe de Tucuruí, hoje residente na aldeia do Km 25). Genro e nora mantêm com seu sogro e sogra uma relação de respeito, que os impede de conversar diretamente. Embora estando diante um do outro, em qualquer situação, as perguntas e respostas devem ser intermediadas pelo cônjuge, ou por outro membro do grupo. O sistema de parentesco nomeia parentes vivos e mortos; tradicionalmente as pessoas tratam-se pelo termo de parentesco e não pelo nome próprio. As novas gerações, no entanto, começam a mudar esse procedimento.
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DICIONÁRIO PARKATÊJÊ-PORTUGUÊS Nomes próprios
Leopoldina Araújo
M m Mm Ma.kwa.ri [makwa'ɾi] Maguari (do português ‘Maguari’) Mẽ.hi.xà [mẽ'hi'čʌ] mẽ+hi+xà Serve pros ossos de muitos [aldeia na cabeceira do Moju, onde teve doença feia e, os velhos contavam, morreram todos] Mẽ.ka.hy.re [mẽka'hɨ'ɾɛ] mẽ+kahy+re Bate nos outros com a mão [filho de Aikrepeiti e Kũmxi; nomeador é Tõĩre] Mẽ.na.wỳ.i.nõ.re [mẽna'wəi'nõ'ɾɛ] mẽ+na+wỳ+i+nõ+re Não gosta de pedir [filha de Jakukrêipeiti e Pjêkawere; nomeadora é Jõkakure] Mĩ.re [mĩ'ɾɛ] mĩ+re Jacaré [apelido de Kôjipôkti, um kỳikatêjê que permaneceu no Km 30, com sua família, quando seu grupo foi para o Km 25] Mi.ri.ti [miɾi'ti] corruptela de Amirêti Mĩ.ti.kre [mĩ'ti'kɾɛ] mĩti+kre Buraco do jacaré [aldeia, na cabeceira do Moju, em que Toprãmre viu a primeira guerra] Mĩ.ti.nkwỳr.pê [mĩ'ti'nkwəɾ'pe] mĩti+nkwỳr+pê Toca do jacaré, onde ele põe ovo [nome de antigo acampamento, na Kaxàtàti] Mpiên.kôt.pra [m'pjenkôt'pɾa] mpiên+kôt+pra Anda com o marido (ciumenta) [filha de Rãrãkre e Airommpokti; nomeadora é Pẽpkwỳi] Mpo.ka.ka.ti [m'pɔka'ka'ti] mpo+kaka+ti Recusa as coisas (nomeador não gosta de comer as coisas) [filho do Akrôjarêre e Atarkwỳi; nomeador é Pẽnmãjarẽre] Mpo.pã.re [m'pɔ'pə̃'ɾɛ] mpo+pã+re Gosta de cheirar a comida [nomeadora é Pôjarêtêti, nome da Bete, filha do Kaprêktỳire e Conceição (kupẽ); casou com o Pẽpkràti, filho da Ronore, akrãtikatêjê; morreu jovem] Mpo.taw.pro.ti [m'pɔtaw'pɾɔ'ti] mpo+taw+pro+ti Avança e pega ligeiro (nomeadora é igual gavião, avança nas coisas pra pegar e pega ligeiro) [garotinha apalaí, filha de uma apalaí, cujo tio está casado com a Aikrekratati e Jõjapà pegou pra criar, com Krôhôkrenhũm; nomeadora é Arõkwỳi]
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