http://www.difmag.com/DIF_68

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índice 8 18

Kukies . Arte

Velhos são os trapos! Texto Telmo Mendes Leal

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. Moda

Custo Barcelona: Universo Gráfico Texto Alejandra Egurrola

22

. Música

Diesel U Music Texto Miguel Gomes-Meruje

30

. Música

Bizarra Locomotiva Regresso Negro Texto Nuno Moreira

32 . Design 34 . 36Moda 52. Moda . Arte

O mundo customizado Texto Célia F

One Day Emil Kozak Texto Célia F

El Rey Vaudelet Texto Filipa Penteado

Wet, Wet,

Wet. Fotografia Paulo Segadães Styling Sandra Dias

38 62.Moda 24 . 28Música 40.Cultura . 74Agenda . . Moda 29Música 44 . Guia de 82 Compras . Places

26. O que andamos a ouvir

. Cultura

Improv Everywhere Texto Pedro Gonçalves

Aviso! The Ratazanas Texto Tiago Santos

Santa Popularidade Texto Célia F

“Not Now I’m Dancing” - Bloop Texto Sónia Abrantes

Santos e Pecadoras Fotografia José Barreto Styling Ema Mendes

Summer Flavours Fotografia Sara Coe Styling Marc Pita

Destaque, Festivais, Música, Teatro & Dança, Cinema

Ilustração: Diogo A. R. Costa


editorial

ficha técnica

Há quem diga que com o Santo António começa o Verão. A gente nas ruas, os bailaricos ao luar. O gosto em estar e ser popular. Daqui em diante é só apanhar boleia no fumo de umas sar‑ dinhas nas brasas, trepar os manjericos e chegar ao mar para não morrer na praia. Nos Verões, a quem às vezes já falta o calor, já não faltam os Festivais de boa música, os roteiros ao paraíso e muita vontade de dar graças à vida que nos deu tanto. Nesta edição, juntamos mundos a bem da harmonia e evolução. Design e popular. Religião e estilo e humor. O último grito da moda às tradicionais marchas populares. Corremos um mundo de Santos. Marchámos o styling com a Madragoa. Agora, só vos queremos livres. Ponham-se ao fresco, que nós também. Vivam o Verão sem contenção que em Setembro voltamos para vos consolar a alma fresca e leve. Até breve!

www.myspace.com/difmagazine www.difmag.com

Editor‑in‑chief

Trevenen Morris‑Grantham ‑ trevenen@difmag.com

Edição

Filipa Penteado (Moda . Cinema) ‑ filipa@difmag.com Pedro Figueiredo (Música . Cultura) ‑ ppfigueiredo@difmag.com Célia Fialho (Música . Arte . Cultura)

Colaboradores

A. Ribeiro Cru, Ana Cristina Valente, Ana Sousa, Carlos Noronha Feio, Cláudia Rodrigues, Emanuel Amorim, Gonçalo Mira, Hugo Israel, Laura Hamilton, MANU, Maureen Moore, Miguel Allen Valença, Miguel Gomes-Meruje, Nuno Moreira, Pedro Gonçalves, Raquel Botelho, Ricardo Preto, Rita Fialho, Rita Sobreiro, Rita Tavares, Tiago Santos, Tiago Sousa.

Este mês

António Gamito, Alejandra Egurrola, Ema Mendes, José Barreto, Luis Soares, Gomo, Margarida Rocha de Oliveira, Paulo Segadães, Sandra Dias, Sara Coe, Sónia Abrantes, Telmo Mendes Leal.

Fotografia

El Maco, Ferran Casanova, Gonçalo Gaioso, Herberto Smith, Mário Vasa, Paco Peregrin, Pedro Pacheco, Pedro Mineiro, Ricardo Brito, Sara Coe, Sara Gomes, Valéria Galizzi Santacroce.

Design Gráfico & Direcção Criativa

José Carlos Ruiz Martinez - joseglobal@gmail.com

Redacção e Departamento Comercial Rua Santo António da Glória 81. 1250-216 Lisboa Telefone: 21 32 25 727 - Fax: 21 32 25 729 info@difmag.com www.difmag.com myspace.com/difmagazine

Propriedade

Publicards, Publicidade Lda.

Distribuição

Fotografia – José Barreto Styling – Ema Mendes Maquilhagem – Laura Hamilton Cabelos – Nolga Manequin – Ana Lúcia @ L’Agence Ilustração – The Studio

Publicards - publicards@netcabo.pt

Impressão

BeProfit ‑ Av. das Robíneas 10, 2635‑545 Rio de Mouro

Sogapal ‑ 2745‑578 Queluz de Baixo

Registo ERC 125233

Número de Depósito Legal 185063/02 ISSN 1645‑5444

Copyright

Publicards, Publicidade Lda.

Tiragem e Circulação média 22 000 exemplares

Periodicidade Mensal

Assinatura 10 €

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Gomo omo, o músico, tem dois discos, o último dos G quais, NOSY, recentemente editado. Paulo Gouveia, o homem por detrás do músico, tem 38 anos, um Bacharelato em Design Industrial tirado na ESTGAD, nas Caldas da Rainha, três filhas e expe‑ riências profissionais e pessoais diversas. Do seu tem‑ po dedicado ao lazer fazem parte horas gastas, e bem gastas, a fazer desporto: BTT, karting e natação es‑ tão entre os seus destaques. Musicalmente falando, o seu tempo tem sido entregue a ONLY TIME WILL TELL, novo disco dos portugueses Sean Riley & the Slowriders.

António Gamito

Luís Soares

ntónio Gamito frequentou o curso de Fotografia na C.R.E.A., A Universidade Livre de Amesterdão, e em 1990 apresentou os seus primeiros trabalhos no mundo da moda. Assistiu os mais prestigiados

uís Soares sente ainda muito ocasionalmente saudades de Leducadora ouvir e cantar a Nini do Paulo de Carvalho ao colo da sua de infância. Da escola primária lembra-se de brin‑

fotógrafos holandeses e trabalhou como freelancer para as mais ousadas publicações, catálogos e agências. Em 1996, decidiu ir para Ibiça, onde fotografou para revistas como a Hola, Vanidad, Dutch, Marie Claire en‑ tre outras. No final desse mesmo ano, regressou a Portugal. Já lhe chama‑ ram o “poeta da imagem”, e este mês fotografou o colectivo Bloop.

Alejandra Egurrola

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lejandra Egurrola é uma “orquestra ambulante”. Esta Colombiana radicada em Portugal é produtora e jornalista de moda e co-pro‑ pietária do grupo de investigação de tendências de moda/consumo KePasaLoko TSG e RRPP em ascensão no fashion marketing. Sua “lo‑ cura” pela moda começou desde que tem memória. Aos 13 anos, já ti‑ nha um talento inato para a previsão de tendências em calçado sendo esta a causa de “compras compulsivas”. Nesta edição, foi corresponden‑ te convidada ao evento Vueling MTV com Custo Barcelona, entrevistan‑ do Custo Dalmau. Se queres saber mais sobre ela, visita o blog de street fashion e Cool Hunting em www.kepasaloko.blogspot.com.

car aos detectives com uma pistola de plástico e de jogar à bola entre as laranjeiras. Pensou em ser jornalista e dedicou uns anos à teoria, mas a ficção é o que o apaixona. Nunca pa‑ rou de ler ou de escrever. Hoje, já publicou quatro romances, sendo o último Regresso a Barcelona, uma história de amores, viagens, cidades, escrita e música, tudo coisas que lhe interes‑ sam e muito. Este mês anda a ouvir os Decemberists.

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Paulo Segadães aulo Segadães nasceu em Lisboa em 1977. Sendo o seu pai direc‑ Pcresceu tor de marketing da Kodak Portuguesa nos finais dos anos 60, Paulo rodeado de câmaras, películas, imagens. O Punk-Rock e a tá‑

bua de Skate traçaram-lhe a vida. A máquina fotográfica traduz o seu olhar e paga-lhe as contas. Trabalha como fotógrafo de moda desde 2005. Desde então tem espalhado as suas imagens pelas principais pu‑ blicações como a Vogue, GQ, Máxima, Magnética Magazine, FHM, entre outras. Este mês fotografou o editoral de moda, Wet, Wet, Wet.

Mário Vasa otógrafo freelancer. Desde os 15 anos de idade que se Fanos,interessa pelo mundo da fotografia. Nos últimos três tem feito alguns trabalhos internacionais. Agora com 33 anos, mantém regulares colaborações com várias entidades e revistas do meio. Actualmente, desenvolve projectos em associação com alguns artistas plásticos, em várias vertentes da fotografia. Nesta edição, fotografou o actor Pedro Laginha, e o Nicolas Vaudelet.

este mês

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Pop Up envergonha os limites uem tenha visitado cidades como Berlim ou Londres re‑ Q conhecerá em Lisboa, no Pop Up, o padrão do squatting, um modelo de espaço ocupado por piratas da terra no qual se assume a contra-cultura. Até meados de Julho pode ver-se, no Carmo, em Lisboa, um conjunto de intervenções de artistas emer‑ gentes, a convite do mentor do projecto, e também artista plás‑ tico, Hugo Israel.

A mostra temporária apresenta-se como um conceito à parte dos cir‑ cuitos habituais, mesmo dos ditos “alternativos”. À semelhança da tendência para a legalização desses espaços, os squats, cada vez me‑ nos ilegais, a iniciativa Pop Up pede emprestado um lugar em estado transitório. A intervenção artística não teme «envergonhar os limites e vergar o conformismo» — pode ler-se entre as frases criadas pela consultora Brandia Central, um dos parceiros do projecto. O graffiti de Miguel Januário na fachada — «Penso mas não existo» — dá um mote urbano à reflexão artística que decorre no coração da antiga cavalariça do Palácio da Trindade. Passada a porta negra da entrada, somos recebidos por um manequim de plástico despido que dá o corpo ao manifesto. Os apelos variados sucedem-se como num percurso naturalmente orientado pela curiosidade. O corpo e a mente estão alerta. As paredes negras e a sujidade desmistificam a ideia fria de white cube. Aqui, pode tocar-se. Aliás, a maioria das peças estão preparadas para a experimentação.

Tiago Marques

Numa projecção de Bruno Canas, um coração que se agita em to‑ dos os sentidos à medida da aproximação é o centro da mostra. Nele se concentra a ânsia de tudo o que está por mostrar e por di‑ zer. Cortinas abrem-se para um espaço sensorial, no qual todos os sentidos são convocados pelo percurso de experiências que Ricardo Valentim, Illegal Creation, Carla Pinheiro e Cristóvão Carvalho pre‑ pararam. Os compartimentos de um armário contam histórias de algo que já aconteceu, uma criação de outro grupo de artistas, sob a orientação de Hugo Israel. Vale ainda a pena visitar as casas de banho e descobrir o que André Uerba lá deixou e o que se pas‑ sou, ali ao lado, numa cena de crime cuja arma foi um apagador de pensamentos. No piso de cima, como tirar os olhos dos enormes lustres que reme‑ tem para o passado, mas que são cabides? E por que terá a cantora Bárbara Lagido deixado um vestido cor-de-rosa e uns sapatos pou‑ sados dentro de uma cabine de plástico transparente? O espaço encenado vai revelando as obras dos artistas que ora lhe dão novas roupagens, ora intervêm no que este tem de mais nú e visceral.

Hugo Israel

Hugo Israel quer multiplicar as janelas deste Pop Up, em 2010, no Porto, e alargá-lo a outros países. Para já, o premiado Hotel do Bairro Alto vai acolher a performance com cinema-instalação de Bruno Canas e Israel. Na Fundação Portuguesa das Comunicações continua, em Julho, nos dias 2 e 9, um ciclo de conversas em torno da arte urbana, entre as 19h e as 21h, com entrada livre. A exposição pode ser vista das 15 às 22h, no n.º18 da Rua da Trindade. Mais in‑ formações em: popupcity.blogspot.com Nuno Neto Texto Margarida Rocha de Oliveira

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kukies

10 Lacoste by Zaha Hadid A

.arquitecta Zaha Hadid e a Lacoste vão lançar uma colecção de sapatos unissexo. O ponto de partida para esta parceria foi o logótipo da marca – o padrão da pele do crocodilo foi usado para criar uma série de texturas na pele dos sapatos. Graças ao de‑ sign ergonómico dos mesmos essa textura vai modificando-se com o movimento do pé, criando efeitos visuais diferentes. Esta colecção estará disponível a partir de Setembro em todas as lojas Lacoste. Entretanto, em Julho será lançada uma edição limitada de 850 pares destes sapatos em versão bota, que poderá encontrar em lojas como a Colette, em Paris, e Dover Street Market, em Londres. FP

Reebok A

Reebok, fazendo uso dos modelos Straptastik e NPC Slim, ofe‑ receu-lhes várias roupagens, alterando completamente as com‑ binações de cores e materiais, ao ponto de mais parecerem vários modelos em vez de apenas dois com várias diferenças. A nova colecção Outono/Inverno, intitulada Geração Fly, aponta para um público urbano e jovem e procura reinventar o que é usa‑ do nas ruas, numa inovação recorrente, que no caso das novas Straptastik, foram desenhadas pelo artista Rolland Berry. www.reebok.com. MG-M

Onitsuka Tiger & Tokidoki J

á estão disponíveis as primeiras imagens da nova colaboração en‑ tre a Onitsuka Tiger e a Tokidoki, a marca criada pela artista ita‑ liana Simone Legno. Por enquanto, ainda não há muito a avançar, para além deste “sneaker – preview” que deixamos aqui. No entan‑ to, já sabemos que estes novos modelos estarão disponíveis a par‑ tir de Outubro nas seguintes lojas: Temas Alternativos em Braga, Calvito Lda em Leiria, Sneaker Delight em Lisboa e Fashion Shoes no Funchal. FP


Fred Perry

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ara assinalar os cem anos da mar‑ ca, a Fred Perry lança uma colec‑ ção especial do seu emblemático pólo. Nesta nova edição, o sím‑ bolo Laurel aparece num tamanho maior e com um bordado criado especialmente para o centenário. A paleta inclui as cores “clássicas” da Fred Perry – branco, verde, pre‑ to e dourado – acrescentando de‑ pois um toque de azul e vermelho. FP

Iron Fist E

sta Primavera/Verão marca a estreia da Iron Fist no merca‑ do nacional. Inspirada pela street art e pelas tatuagens, esta marca oferece-nos peças com uma for‑ te componente gráfica, nas quais o sentido de humor e a ironia são elementos chave. Em www.iron‑ fist.tv tem uma loja online para aguçar o apetite. FP

mi Originals D

epois da Vans ser a pioneira a responder aos apelos da rua, ofe‑ recendo os materiais e combinações desejadas pelos clientes nos idos anos 80, até ao ressurgir do processo de custom sneakers nos anos 90 graças ao hip hop, mi Originals da Adidas é mais um passo em direcção ao consumidor. Procura entusiasmar quem prefere pagar mais por uns ténis únicos, feitos ao gosto de cada um para o bem e para o mal, expressando a sua originalidade. Apesar de estar já em vários países europeus e noutros continen‑ tes, para poder customizar modelos clássicos como o Gazelle, Stan Smith, Superstar e o ZX700, Portugal ainda não tem data definida para receber um laboratório mi Originals, onde numa cadeira e num computador se pode largar a imaginação e idealizar os nossos ténis, desde as cores aos materiais. M G-M

http://shop.adidas.co.uk

kukies

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Eastpak

Raf Simons SS09 D

epois de colaborar com a Fred Perry, o designer belga Raf Simons alia-se às três décadas de experiência da Eastpak para o terceiro (e último) capítulo da aventura conjunta. Sob o nome Eastpak-Raf Simons SS09, as malas e mochilas ornamentadas com o símbolo do ícone do design contemporâno europeu tiraram inspiração de malas de transporte de outros tempos, como o tamanho atesta, bem como nos detalhes de alta qualidade, com acabamentos metalizados, em lona e rede, retrabalhadas de forma futurista e usando pele para um toque mais luxuoso. A colecção de 19 peças está já disponível por todo o mundo, inclusivamente na flagship store da Eastpak no Bairro Alto. MG-M

www.eastpak.com www.rafsimons.com

Nuno Baltazar MAP

WHO Galeria

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uno Baltazar vai lançar uma linha de casa. A Baltazar MAP (Maison-À-Porter) é um projecto conjunto do designer de moda portuense e do arquitecto Vítor Almeida. Seguindo o uni‑ verso romântico e sofisticado de Nuno Baltazar, a primeira colecção da MAP é uma homenagem aos trabalhos mais emblemáticas do de‑ signer, repescando ambientes e paletas de cor. A Baltazar MAP vai lançar uma colecção por ano, complementada ocasionalmente por novas peças. A comercialização interna vai ficar a cargo da EU.SEI. QUE.VOU.TE.AMAR FP

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agência de talentos criativos WHO inaugurou a sua galeria em Lisboa com a exposição In an Absolut World. A galeria é direccionada aos artistas repre‑ sentados pela WHO e assume-se como «espaço de eleição na construção e no permanente diálogo entre a agência, a comunidade criativa e o público com quem tra‑ balha.» In an Absolut World é comissariada por PedroVaz e expõe os artistas Mário Ambrózio (fotografia), Nuno Neto (ilustração), Pedro Maia (media), Sílvia Prudêncio (design), Sofia Vilarinho (moda) e Rodrigo Oliveira (artes plásticas) como artista con‑ vidado. Promovida pela Absolut, pode ser visitada na WHO Galeria em Lisboa e no MUUDA no Porto. Lisboa: SA WHO Galeria, Rua Luz Soriano, 71, Bairro Alto de 4 a 27 de Junho. Cocktails Absolut de 18 a 25 Junho, 18h30-23h. Porto: MUUDA, Rua do Rosário, 294, Miguel Bombarda, de 4 de Julho a 12 de Setembro

kukies

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16 Pedro Laginha Unbuttoned É

actor, com trabalhos em teatro, televisão e cinema. É também músico, vocalista dos Mundo Cão que recentemente tocaram com os AC/DC no Estádio Alvalade XXI. Ele é Pedro Laginha, o convidado Unbuttoned do número 68 da DIF. Encontramo-nos com o Pedro Laginha no Teatro Nacional D.Maria II, onde começamos a conversa por falar dos projectos em curso a nível de representação.

Em cinema, diz-nos, está a filmar «um novo projecto» de AntónioPedro Vasconcelos, intitulado A Bela e o Paparazzo, onde con‑ tracena com Soraia Chaves, Ivo Canelas e… Nuno Markl. Já em Agosto, começará a preparar uma nova peça, encenada por Fernanda Lapa, a apresentar no Teatro da Trindade. Na televisão poderá ser visto em breve na série Damas e Valetes, a apresentar na TVI. Depois, há a música, com os Mundo Cão, formados em Braga em 2001. Tudo começou com um convite de Miguel Pedro, dos Mão Morta, a Pedro Laginha para vocalizar alguns temas que aquele ha‑ via composto. O entrevistado da DIF aceitou e, em poucos meses, percebeu que poderia fazer algo mais do que uma mera participação a dois com Miguel Pedro. Ambos convidaram Vasco Vaz, Budda e Canoche e, após alguns ensaios, a vontade de crescer chegou: Mundo Cão havia nascido. Este ano o grupo editou A Geração Da Matilha, segundo disco de originais, «evolução natural» do disco de estreia de há um par de anos, afirma-nos Pedro Laginha. «A grande diferença é que agora os Mundo Cão soam mais como uma banda. Estamos mais ligados, mais coesos», diz-nos. «A estrada dá uma adrenalina que o estúdio não dá», assume, pou‑ co tempo depois da primeira parte dos australianos AC/DC («uma oportunidade fantástica de mostrarmos a nossa música a quem não nos conhece») e da apresentação oficial de A Geração Da Matilha, no Theatro Circo em Braga. E quem gostarias de ver unbuttoned, Pedro? «Iria por uma opção mais política… gostaria de ver o que tem o Engenheiro Sócrates por debaixo… será que usa fio dental?», interroga-se. Foi só no final, mas ainda a tempo: assim é Pedro Laginha, artista sem papas na língua e direito ao assunto.

Texto: Pedro Figueiredo Foto: Mário Vasa


Há sempre mais por descobrir.

Velhos são os trapos! ’Serrote’ Texto: Telmo Mendes Leal

Seja responsável. Beba com moderação.

a vida é feita de bons encontros e também de opostos: realidades diferentes que nos completam, como o melhor da cidade e o melhor da natureza. a vida é feita de coisas que marcam esses encontros, como um bom vinho. como vinha da defesa, tinto, branco ou rosé.

as luzes da cidade

N

uma velha tipografia de Lisboa, onde todos viam pó e passa‑ do, duas pessoas sacudiram a poeira e viram futuro.

Passa pouco das onze da manhã quando, num jardim lisboeta, nos encontramos com metade dos Serrote. A conversa ganha de imedia‑ to fôlego com a discussão sobre quem paga o refresco que acompa‑ nhará a conversa. Resolvida a disputa, Nuno Neves descreve-nos o colectivo, inicia‑ do em 2004, como uma família, formado por marido, Nuno, e mu‑ lher, Susana Vilela. Foram colegas de Faculdade e é desses tempos que remonta a ideia com que se estrearam e pela qual hoje são mais conhecidos: um caderno liso impresso em tipografia móvel, a técni‑ ca inventada por Gutenberg. Nuno explica-nos que «são vários ca‑ racteres que se podem juntar para imprimir, depois desmontam-se e voltam para as gavetas». Cinco anos mais tarde, os cadernos multiplicam-se e a cada edição ganham um conceito diferente. Por exemplo, hoje podemos rabiscar o Toalha de Mesa ou traçar tácticas futebolísticas no Estádio. No entanto, o trabalho destes jovens não fica por aqui. É possível en‑ contrar a sua assinatura em convites, cartões, gravuras e livros. É neste

arte

último suporte, num volume intitulado Minho, que foram artistica‑ mente mais arrojados ao recorrer à técnica do píxel para retratar a região dos lenços de namorados. Composto na íntegra ao nível do píxel, deixa transparecer a influência, assumida por Neves, de nomes como Delaware ou eBoy sem nunca se confundir com estes. Contudo, quando é de influências que se fala, Nuno acrescenta os «desenhadores anónimos portugueses», aquelas pessoas que estão por trás, por exemplo, do desenho das latas de atum, dos livrinhos de facturas ou dos sinais de trânsito. Não esquece também elementos presentes na sua formação pessoal como os Legos, o ZX Spectrum e um jogo da Quercetti, que descreve com carinho como «uma cha‑ pa com uns furos onde pões uns preguinhos coloridos e assim con‑ segues fazer desenhos». Para o futuro, este artista-tipógrafo confidencia-nos, entre muitas ideias para os formatos já experimentados, a de «um jogo que está feito há anos e pode ser que neste veja a luz do dia». Enquanto esse dia não chega, podemos ir coleccionando os cadernos Serrote, que não páram de surgir, e anotando, rabiscando ou desenhando neles o que bem nos apetecer. http://www.serrote.com/

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as estrelas do céu


moda

Texto Alejandra Egurrola

Custo Barcelona: Universo Gráfico R

eservado, observador, devorador de cenários e pessoas, assim é Custo Dalmau, designer e cofundador da marca internacional Custo Barcelona. Em conversa com a DIF, fala-nos sobre a mar‑ ca, a sua evolução e os projectos em que está envolvido, como a nova loja em Portugal e a aliança entre a Vueling e a MTV. O universo Custo Barcelona compõem-se e decompõem-se por cores, grafismos e materiais. Tudo co‑ meçou em 1981, ano em que Custo e o irmão, David Dalmau, criaram a conhecida marca. «Iniciámo-nos neste mundo sem saber nada sobre o negócio da moda. A prática e a experiência é que nos permitiu aprender, conhecer o meio e crescer como marca e empresa», explica Custo Dalmau. Desde o princí‑ pio, a marca tinha uma filosofia e um conceito que se manteve intacto através dos anos, reinventando-se a cada colecção e renovando a sua própria identidade por meio de cores, grafismos e materiais. Os seus seguidores identificam-se por serem atrevidos, autênticos, vanguardistas e fashionistas.

Para Custo Dalmau, Portugal é uma pátria irmã com a qual mantém uma relação comercial há oito anos. Chegou agora o momento de ter um espaço próprio no nosso país. A primeira loja estará pronta antes do final de 2009, em Lisboa. «Portugal é uma peça-chave dentro do nosso esquema, queremos conquis‑ tar o público português e futuramente abrir mais lojas», afirma Custo. Sobre a Vueling MTV, evento que nos permitiu estar à conversa com Custo, disse-nos que foi o traba‑ lho de «maior proporção» que fez, sentindo uma grande satisfação ao saber que os seus desenhos não só atravessam as ruas, mas também voam através do céu europeu.

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Os dois aviões da Vueling MTV desenhados por ele, foram conce‑ bidos a partir de dois conceitos inspirados no Verão. Cada um deles será associado a um artista convidado. O primeiro conceito chama-se Spread Love e foi baseado numa mu‑ lher que desfruta das ondas, das palmeiras, do conceito light do tem‑ po. A artista convidada para acompanhar esta viagem é Russian Red. O segundo conceito, Play Rock, inspira-se numa mulher mais pro‑ funda, amante da noite, das festas e da moda. Os artistas musicais convidados são os We are Standard. «Foi uma experiência em que três marcas com os mesmos valores, como a naturalidade, a frescura e a autenticidade, se uniram para criar um momento único para o público, no ar», explica Custo. Para a MTV é a prova de que o limite não é o céu; para a Vueling é criar novas tendências de consumo; para Custo é uma experiência inovadora e bem sucedida. Visita www.vuelingbymtv.com para par‑ ticipares em todos os concursos, que te oferecem incríveis pacotes de viagem para concertos e eventos.


Texto: Miguel Gomes-Meruje

Diesel U Music

Berlin Berlin BREAD & BUTTER

Berlin

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esde a génese em 2001, o Diesel U Music tem funcionado como uma rede social na web ao serviço de músicos e fãs, promovendo novos artistas para uma audiência de todo o mundo e oferecendo su‑ gestões aos ouvintes, ao mesmo tempo que concede uma plataforma de divulgação para os artistas. O conceito inicial era, para através da atribuição de prémios, reconhecer músicos sem nenhuma editora. No en‑ tanto, depois de vencedores de estilos tão distintos como Dj Yoda, Diplo, The Cool Kids, Mylo e os The Fiery Furnaces, o Diesel U Music assume-se também como uma nova forma de promoção de artistas já consagrados.

Airport Berlin-tempelhof

Neste ano de 2009, a amplitude continua a aumentar, com a introdução de uma digressão internacional para os dois vencedores escolhidos (a anunciar em Junho) por um painel de júri, que terão a oportunida‑ de tocar em várias cidades de três continentes, bem como a cobertura online dos concertos onde os ven‑ cedores terão como bandas de abertura artistas locais conceituados. As cidades por onde a digressão vai passar incluem Nova Iorque, Londres e Tóquio.

01.– 03. July 2009

Porque nem só em salas de concerto se pode ouvir música, outra das apostas da Diesel U Music é preci‑ samente a internet, sob a forma de uma rádio sediada em Londres, com transmissão contínua, bastando visitar cult.diesel.com para escutar programas de autor onde cada um partilha as suas músicas predilectas ou de editoras conceituadas como a Trojan, bem como explorar o som de rádios como a Rinse, a céle‑ bre rádio pirata que fomentou o início do Grime. Todas elas estão incluídas na grelha da programação que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, sem pausas. A forma independente como a músi‑ ca é seleccionada faz com que para além de computadores e telemóveis seja possível escutar a rádio nas 400 lojas Diesel espalhadas pelo mundo, pois toda a música está registada sobre uma licença Creative Commons, que a exceptua do pagamento de licenças. Para os ouvintes comuns, para além de descarregar os podcasts, é possível interagir com outros fãs, ver vídeos e consultar um calendário de eventos, ajudando a promover artistas e tendo acesso a conteúdos exclusivos. www.dieselumusic.com

música

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bread & butter IS comInG Home! www.breadandbutter.com


places MotorHairport Apelando a um público jovem, abriu um novo espaço para cortar o cabelo entre o Cais do Sodré e o Santos Design District. MotorHairport surge com um design arejado mesclando traços de tradi‑ ção e que nos pormenores remete para a antiga função do espaço, uma antiga sala de máquinas para lavagem de motores de camiões, onde paletes (bancos) coabitam com portas de armário arrancadas (espelhos), num projecto de upcycling desenhado pelos austríacos Carsten Leonhardi e Jo Hoffman. Numa zona em permanente mu‑ tação, o conceito de Motor-Hairport, que funciona sem marcações e aposta em preços reduzidos, promete ser bem recebido. Rua São Paulo 121, Loja R/C Dtº (perto do Elevador da Bica) 1200-427 Lisboa http://www.motor-hairport.com MG-M

Xocoa Por esta altura, já muitos fãs de chocolate conhecem esta sugestão. Para quem ainda não espreitou o espaço Xocoa fica a indicação dos responsáveis: «chegou o momento de injectar vitalidade ao choco‑ late e apresentar uma alternativa às formas e sabores tradicionais». E o que é, em boa verdade, o Xocoa? Quem já esteve em Espanha possivelmente saberá — o Xocoa Lisboa é a primeira loja da marca criada pela família Escursell, de Barcelona, a abrir fora de Espanha, depois das 18 espalhadas entre a capital catalã, Madrid, Valência, Vigo, Pontevedra, Alicante e Maiorca. É uma loja de chocolates, pois então. Dos bons. O Xocoa situa-se na Rua do Crucifixo, em pleno Chiado, e vai ser o novo ódio de estimação de todos aqueles que querem levar à risca uma dieta rigorosa. PF

Spirit by coffee&pot Abre no Cascaishopping a primeira loja Spirit by coffee&pot, a nova insígnia da Coffee&Pot que traz o espírito de conforto e de qualidade das suas coffee houses de rua para dentro de centros comerciais. Spirit by coffee&pot traduz as últimas tendências em espaços, aliando a restauração rápida, ligeira e saudá‑ vel à oferta duma coffee house e revelando uma consciência ambiental ao utilizar recipientes de material biodegradável. A loja tem um menu variado e completo, tudo preparado com os produtos mais frescos e saudáveis: refeições ligeiras, big muffins, pão quente, sumos naturais e, claro, as melhores especialida‑ des de café, produzidas com o lote exclusivo da marca. Oferece ainda um serviço de take-away. A marca promete distinguir-se por acompanhar os vários momentos do dia, “Ao sabor do momento”. SA

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Luís Soares Escritor The Decemberists The Hazards of Love Rough Trade/Popstock 2009

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Pedro Gonçalves Criativo publicitário e crítico de música Miike Snow M iike Snow Downtown Recordings 2009

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os dias que correm, encetar carreira no universo da mú‑ sica popular pode dar numa de duas coisas: 1) ou o artista/grupo em causa mais não ambiciona do que respirar e instala-se num lim‑ bo de indiferença francamente letal a médio prazo; 2) ou o ar‑ tista/grupo em causa se faz valer de elementos que o distinguem da cantoria dominante num cer‑ to período de tempo. Quem opta pela segunda via, segura‑ mente mais trabalhosa, tem hoje mais futuro do quem o não faz. É o caso do trio que aqui nos reúne, colectivo com raízes sue‑ cas e americanas que responde pelo nome Miike Snow. O que tem a música para, entre ou‑ tras coisas, merecer referência como um cruzamento entre os A-Ha (esses mesmo, que na se‑ gunda metade dos 80s chega‑ ram a fazer pensar na Noruega como país pop) e os Animal Collective? Tem, por exemplo,

aquela combinação frequente‑ mente magnética entre o apego pelas experiências e a mais arrei‑ gada militância numa pop com veia electrónica. E duvidosa, en‑ tendamo-nos. Se é verdade que os Miike Snow coleccionaram expectativas em relação ao seu primeiro álbum (em blogs, em remisturas feitas para gente como os Vampire Weekend ou Peter Björn & John), não é menos verdade que raras vezes a coisa se mantém ao nível do seminal ‘Animal’, seguramente uma das canções de 2009. A parte sue‑ ca dos Miike Snow é composta por Christian Karlsson e Pontus Winnberg, o que equivale a falar na dupla Bloodshy & Avant, res‑ ponsável por algo tão incontor‑ nável quanto Toxic, de Britney Spears, além de minudências para Kylie Minogue. Se sobre material duvidoso estamos con‑ versados, pois que se diga que Karlsson, Winnberg e o america‑ no Andrew Wyatt logram, ao fim e ao cabo, dar dimensão quase emocional a trechos que na ori‑ gem são algo não mais espes‑ so do que algodão doce. Miike Snow é, seguramente, um dis‑ co de que se falará este Verão. Já ‘Animal’, essa é uma canção para o ano todo.

Gomo Músico Sean Riley & The Slowriders Only Time Will Tell Valentim de Carvalho/ iPlay 2009

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á músicas que me arrepiam numa primeira audição. Não é habitual, mas por vezes isso aconte‑ ce e raramente, com muita pena mi‑ nha, esse fenómeno é gerado por um artista português. Talvez por isso, me dê um prazer fora do comum fa‑ lar sobre este álbum em particular. E porquê? Porque é bom. É bom que se farta... perdão, que não se farta. A primeira vez que ouvi Houses and Wives foi como se um raio me atingisse em cheio no peito. Um efeito semelhante àquele que mui‑ tos de nós sentimos, no momento em que percebemos que estamos apaixonados. Baralhou-me de tal forma os sentidos que fiquei sem sa‑ ber se devia rir ou chorar... calar-me ou gritar. A naturalidade com que Sean Riley canta as suas músicas não é habitual num artista com tão curta carreira discográfica e isso é o que me desarma como ouvinte. A sim‑ plicidade com que o faz é arreba‑ tadora e não é só num tema, mas em todos eles. Neste disco, Sean

o que andamos a ouvir

Riley transporta-nos confortavelmen‑ te numa viagem, ao volante de um Mercedes, por um continente ame‑ ricano recheado de pérolas e dia‑ mantes, lapidados por ele mesmo, com um requinte invejável. Não vou perder tempo a compará-lo com ou‑ tros músicos, porque isso seria redu‑ tor e nem vou destacar uma ou duas músicas porque, acreditem, são to‑ das boas. E atenção, eu não morro de amores pela América. Agora ex‑ pliquem-me, por que me apaixonei por este disco? A música tem des‑ tas coisas...

uço de tudo, mas nun‑ ca ouvi o álbum de rock progressivo do José Cid. Se for minimamente parecido com este dos Decemberists, acho que quero. Brincadeiras à par‑ te e comparações à parte (Pink Floyd? David Bowie? Arcade Fire?), não me interessa muito o que é o rock progressivo, inte‑ ressa-me que The Hazards of Love conta uma história em tom rock e folk, que são os tons que me interessam mais na música americana recente. Mesmo que não conhecesse as letras (há um digital booklet para download no site da banda em www.de‑ cemberists.com), saberia bem acompanhar a tal dinâmica de história que vai da multiplicidade sinfónica de The Abduction of Margaret ao tom mais acústico de Annan Water sem hesitar. Ou se calhar sou só eu a gostar de histórias e com saudades do sons que me permeavam a infân‑ cia quase sem eu dar por eles.

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Aviso! The Ratazanas Texto: Tiago Santos

A

Bloop, actualmente a edi‑ tora independente de mú‑ sica de dança mais importante em Portugal, nasceu em 2007 fruto do «bichinho» da música de dança e da paixão de «edi‑ tar vinil». Este mês, rodam dis‑ cos em Espanha e os festivais portugueses aguardam por eles neste Verão, altura certa para uma conversa com a DIF.

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scondam as vossas filhas, vêm aí os The Ratazanas! Um grupo hostil ao som da moda, indecoroso no estilo e lascivo no ritmo.

O calor de Junho pode torná-los perigosos, dando azo a manifestações públicas de insubordinação e sensualidade gritante — Ouh Lala!!! — a extravasar de biquínis apertados em esplanadas a escorrer suor, entre piña-coladas e gelados de rum. Apresentam um som sujo à boa maneira dos estúdios analógicos da década de 60, mas essa moda an‑ tiga não lhes inspira as boas maneiras da velha senhora. Dá-lhes um irresistível groove capaz de inebriar «novas e velhas» em danças ao ar livre, nos «bataclans» mais underground ou na tasca da esquina. Sabe onde está a sua filha neste momento? Provavelmente de «bob» na mão, em frente ao espelho, a expe‑ rimentar a saia mais curta para condizer com o top, ao som destes praticantes do som rude jamaicano da década de 60. E a sua avó? Pois talvez esteja de volta dos seus discos mais soul e funk à procura de uma linha de baixo tão poderosa como aquelas que vêm do disco dos The Ratazanas. Se muitas vezes

música

a vida imita a ficção, não se admirem também de vocês um dia se encontrarem a meio da noite em busca de pura diversão, a correr de bar em bar, atrás da próxima dança e do som sujo do early re‑ ggae. Este é o efeito de uma das maiores surpresas que até hoje o ano nos revelou. Um grupo de jovens rebeldes de Oeiras em bus‑ ca de um sonho jamaicano perdido nas noites de lua cheia dança‑ das nos relvados de Kingston, ao som do reggae e funk que então «gritava» dos sound systems. Este sonho já os levou a acompanhar ao vivo a primeira dama do rocksteady, a lenda Susan Candogan. Mas, também até à Bélgica, para gravar o seu álbum de estreia num estúdio totalmente analógico, tal como os de Duke Reid ou Harry J na Jamaica dos anos 60. E é com este som «vintage», tão genuíno como o de uns The Upsetters de Lee Perry ou o dos Soul Brothers de Jackie Mitoo, que os The Ratazanas se tornaram a primeira banda portuguesa a gravar para a respeitada editora alemã, Grover Records. Uma estreia explosiva, onde cada faixa de Ouh Lala se devora como um delicioso ham‑ búrguer Big Kahuna, a espelunca havaiana no filme Pulp Fiction. Uma atrás da outra, lambendo os dedos até ao fim, à espreita da pró‑ xima actuação ao vivo destes rebeldes sem pose. Eles andam aí, os The Ratazanas. Apanhem-nos!

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José Belo, fundador da editora, forma com Magazino (alter ego de Del Costa) e João Maria — todos DJ’s — o novo «nú‑ cleo duro da editora», conta o primeiro. Este ano, as iniciativas são muitas e estarão de Norte a Sul, com o melhor deste país e de outros a fazer-nos dançar. José Belo confessa com orgu‑ lho que «a linha definidora da Bloop» é o «próprio gosto» dos três, e que «é impressionante» contribuir numa época «tão in‑ teressante da música de dança», quer pelos artistas que admira e «devolvam esse respeito» que‑ rendo trabalhar em parceria, quer por dar aos talentos nacio‑ nais «sítio para editar». Estar com a Intergroove, «talvez a melhor distribuidora actualmente», que coloca as edições da Bloop «em todos os cantos do mundo»,

” g n i c n a D m ’ I , w o N t “No Bloop

rantes Texto: Sónia Ab Gamito tografia: António

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tem sido preponderante para o seu sucesso internacional, mas em Portugal também têm tido uma «aceitação grande por parte do público». José Belo afirma sermos «um dos públicos mais exigentes do mundo», mas também «dos mais sinceros». Prova desse »reconhecimento» são, justifica o DJ, «as residências no Europa Club, em Lisboa, e no Gare, no Porto; os Flash no Op Art» e a presença nos «festivais de Verão». Para a próxima estação a Bloop apresenta duas «estreias absolutas em Portugal»: Nick Curly e DJ Wild que têm actualmente «um peso que é raro», conta José Belo. Durante o Festival Sonar a decorrer este mês em Barcelona, a Bloop con‑ ta com «um showcase a meias» com os «amigos da 8bit», onde para além do núcleo duro da editora nacional vão estar a tocar «Nick Curly, Gorge, Marcin Czubala, Gruber & Nurnberg, DJ Wild, Ekkohaus e Kasper».

música

Em Portugal, estão confirmados no Festival Sudoeste que é para a editora o «festival de Verão por excelência» e onde a Bloop se fará representar no palco electrónico Groovebox por «Gruber & Nurnberg, Magazino, João Maria». No NEO POP, em Viana, serão responsáveis pela «afterparty oficial», o que deixa o funda‑ dor da editora satisfeito pela «afinidade musical» que têm com quem os ouve. O convite feito por Miguel Rendeiro — uma das pessoas que «mais surpreendeu musicalmente» José Belo este ano — para o Azurara Beach Festival, em Vila do Conde, foi uma boa surpresa: «É um djing que esperamos com a mais saudá‑ vel ansiedade», finaliza.

http://www.myspace.com/blooprecordings

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Bizarra Locomotiva Regresso Negro Texto: Nuno Moreira

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lbum N egro é o novo disco dos portugueses Bizarra Locomotiva. À conversa com Miguel Fonseca, guitarrista e compositor dos Bizarra Locomotiva, a DIF descobriu alguns dos segredos por detrás do novo disco do grupo.

Se ainda houvesse dúvida em relação à força visceral dos Bizarra Locomotiva, Álbum Negro vem confirmar que as descargas indus‑ triais deste quarteto conduzido por Rui Sidónio são de facto avassala‑ doras e com um ritmo sem precedentes. Álbum Negro é composto por 14 temas, todos eles indispensáveis e de um ambiente — como o próprio título indica — negro, denso e feroz. Os Bizarra encon‑ tram-se melhor do que nunca, num pico de vitalidade e este álbum é prova disso: a locomotiva está bem oleada e mostra o que de melhor se faz a nível nacional.

música

Ao longo dos 16 anos de formação da banda qual é a sensação de serem precursores no género industrial em Portugal? Algum momento especial que recordes com entusiasmo? Temos mantido o nosso estilo musical, porque é o que gosta‑ mos de fazer e onde nos sentimos bem. Podemos inclusive dizer que somos filhos do dito “industrial” devido a termos crescido e sido criados nessas atmosferas citadinas que nos rodeiam e que nos marcaram. As coisas evoluíram entretanto nestes 16 anos, a tecnologia evoluiu muito e as máquinas que usamos hoje para criar o nosso som são muito diferentes das de 1993. Temos boas recordações que nos marcaram por estas viagens que a Bizarra Locomotiva tem percorrido. Posso relembrar algumas actuações mais importantes que fizemos como o caso da primeira edição do Festival do Sudoeste em ‘97 com Marilyn Manson, tam‑ bém a primeira edição do Festival Ilha do Ermal com os Sisters of Mercy, ou como convidados dos Rammstein ou dos Young Gods... E mais recentemente o festival Super Bock Super Rock, com os Korn. Foram bons momentos que marcaram a nossa via‑ gem e que dificilmente iremos esquecer. Quais são as próximas estações na viagem dos Bizarra Locomotiva para este ano? Estaremos dia 4 de Julho em Benavente e depois disso quere‑ mos fazer o lançamento do Álbum N egro no Porto, numa data a anunciar e possivelmente fazer alguns festivais ainda este Verão. Quem quiser estar actualizado com as estações por onde passa a Locomotiva basta consultar o nosso MySpace.

Como correu o processo de composição e gravação de Á lbum N egro? O conceito de Á lbum N egro foi inspirado num antigo livro da Idade Média chamado Hypnerotomachia Poliphili, que remon‑ ta aos tempos da Inquisição e da dita idade das trevas. O au‑ tor desconhecido explorou a fase hipnagógica do sono, em que estamos ainda meio acordados meio a dormir e onde o cérebro acaba por desenvolver um processo muito criativo. Foi essa fase que acabou por se tornar no processo de criação de alguns dos temas do álbum, foi assim que surgiram e por fim nos arrastaram para o conceito geral do disco, liricamente, musicalmente e tam‑ bém graficamente. Para a capa do álbum inspirámo-nos nas ilumi‑ nuras que esse livro continha e em toda a imagética dessa época negra da nossa História, tão bem ilustrada por Bosch ou mesmo Bruegel. Convidámos um ilustrador nosso amigo para recriar esse ambiente e que fez um trabalho magnífico que incluímos em for‑ mato poster oferecido na edição digipack do CD. As gravações decorreram no nosso estúdio onde nos dedicámos a explorar as sonoridades que queríamos para este álbum e que depois fomos misturar aos estúdios Namouche — que são os mais antigos e

conceituados estúdios de gravação do nosso país, onde tivemos a oportunidade de usar a maquinaria vintage que por lá havia, o que ajudou muito a criar as atmosferas deste trabalho. Tivemos alguns convidados especiais, como o Fernando Ribeiro, dos Moonspell, e também o Carlos Santos, que já tinha gravado os baixos eléctricos no nosso disco anterior, Ó dio.

www.myspace.com/bizarralocomotiva

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panhar um colectivo de writers a pintar um carro, uma mon‑ tra de uma loja ou a dar personalidade a um vulgar par de ténis deixou de ser crime, coisa do outro mundo e invulgaridade. O design invadiu o mundo e o próprio foi invadido em grande escala pela street art.

As pinturas saíram dos muros das cidades e entram-nos casa adentro em livros, peças de decoração e até nas nossas roupas e sapatos. Uma união que parece não ter fim à vista e que atribuiu à street art o seu merecido reconhecimento. Fomos à pesca de bons exemplos. Picou-nos o anzol uma iniciati‑ va da IMV que gentilmente cedeu um Alfa Romeo MITO a qua‑ tro mosqueteiros do graffiti: Klit, Paulo Arraiano, Leonor Morais e Addfueltothefire. No dia 30 de Maio, enquanto uns se ocupavam do carro, outros artistas mudavam a vida de uma tela (Mosaik, Mar, Minimal Animal, Skran, Mr.Dheo). E assim se cumpriu a primeira par‑ te do plano. A fechar a missão, no dia 4 de Junho, Ram no Spazio Dual partiu o resto da loiça.

Detido pela Dif em flagrante delito, Paulo Arraiano prestou as declarações que fazemos com o de‑ vido meio de prova: Como foi a experiência de pintar um carro? No meu caso, vejo o carro como uma tela ou folha de papel, no entanto tridimensional e suporte de cus‑ tomização. O mais interessante deste projecto e suporte é que foi feito em conjunto por quatro artistas: entre mim, a Leonor Morais, Addfueltothefire e Klit. Portanto, «uma tela a quatro mãos» totalmente fre‑ estyle e deixando que as quatro linguagens fluíssem e se encontrassem comunicando em diversos pontos; no fundo um diálogo, mas em vez de palavras através de linhas e forma. Como foi criado e como funciona o vosso colectivo? Não funcionamos formalmente como um colectivo, embora trabalhemos muitas vezes juntos. O que su‑ cede é que actuamos num meio híbrido que toca entre vários pontos: da rua à galeria, do street art e gra‑ ffiti ao desenho e serigrafia, entre outras formas de expressão plástica, sem nos limitarmos a determinados meios /contextos e acabando por deixar fluir diferentes correntes e linguagens que se cruzam. Assim, fa‑ zemos em conjunto alguns projectos, tentando que a mensagem individual ou colectiva de cada projecto transmita aquilo que sentimos e toda a energia que possa fluir de cada peça, exposição, instalação...

O mundo customizado

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O que tens a dizer da invasão da street art no design e nas vidas? É cada vez mais notório que ninguém pode passar ao lado do que se encontra na rua. Toda a desinforma‑ ção dos media e da publicidade vem cada vez mais fortalecer uma linguagem e corrente artística que de certa forma tenta reapropriar o espaço público, criando correntes e diferentes formas de expressão plásti‑ ca. É normal que o mainstream se alimente do underground e, por sua vez, o papel do underground é de se recriar e continuar a produzir. Penso que o que acontece hoje em dia é de certa forma uma explosão que muitos chamam de «new pop culture». Hoje em dia, são cada vez menos notórios os limites entre as diversas formas de expressão plástica e tudo cada vez mais tende a fundir-se, misturar-se e remisturar-se. É então normal que a nossa vida, o nos‑ so olhar seja influenciado por tudo isto e por sua vez o design e a publicidade tentarão apropriar-se de estilos e formas de expressão emergentes, trazendo-as para o mainstream, fazendo com que muitas ve‑ zes exista uma sobreutilização e saturação de determinadas linguagens. Contudo, e falo também por mim, cabe a quem trabalha ligado a correntes provenientes do street art, desenho, etc., reconstruir, recriar e não ficar fechado em linguagens, fórmulas e conceitos e procurar constantemente um caminho para onde toda esta energia possa fluir. Texto: Célia F.

arte


One Day — Emil Kozak Texto:Célia F.

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mil Kozak deu ao mundo, além de várias pérolas gráficas, o mui bem concebido One Day. Um livro que nos conduz numa viagem pelo nosso próprio dia-a-dia e pelos objectos que o pre‑ enchem ou o enchem. Comum a todo o dia e a todas as coisas que utilizamos é a presença do design na sua criação, forma ou simplesmente existência. Emil foi raptado para o mundo do design pela mão de uma gran‑ de paixão: as tábuas de skate. Já customizou produtos de vá‑ rias marcas como a Vans, a Eastpak, Burton, Nike. Oriundo da Dinamarca, acredita que na vida devemos fazer o que amamos e amar o que fazemos e que cada minuto deve ser aproveitado e bem vivido. Cada peça sua combina a simplicidade dos traços com a força da mensagem sempre a querer fazer-nos lembrar de que “a imagina‑ ção pode desafiar a força da gravidade”.

— Eu penso que a t-shirt básica é um bom exemplo de um produto eficaz e relativamente barato que transcende classes, raças e idades. Mas, pessoalmente diria que o que teve maior influência em mim foram os grafismos das tábuas de skate. Tive o meu primeiro skate quando tinha cerca de sete anos. Na adolescência tornei-me obce‑ cado pelo skate e passei muitos anos a “estudar” revistas, filmes e ruas onde se andava de skate na minha cidade. Mas, o que me prendeu mesmo no skate foi a criatividade: rasgar com estilo, as cores, a mú‑ sica, o visual de marca e como os skaters customizam o seu equipa‑ mento, “partiu-me” a cabeça. A partir daí, isso influenciou tudo na minha vida e até o modo de pensar. Durante esse período tive vários skates e cada um simboliza uma fase da minha vida. Os gráficos nes‑ sas tábuas estão altamente relacionados com certas memórias des‑ ses tempos. Se começo a pensar numa tábua que tive e nos lugares onde me levou…

Fomos interrogá-lo sobre o mundo “desenhado”! No teu entender, quais são as principais razões para a “invasão do design” nas nossas vidas e gestos do dia-a-dia? Até os ob‑ jectos ou actos mais insignificantes foram influenciados… Pensas que tudo isto tem a ver com a necessidade e o desejo de perso‑ nalizar as nossas próprias vidas e com isso distanciarmo-nos das massas? — Claro, existe o desejo de ser diferente da norma. Mas, eu tam‑ bém sinto que esta tendência e todos os movimentos culturais neste sentido são uma luta pela pertença e, de algum modo, um preencher de um vazio de valores e moral. Procuramos maneiras de expres‑ sar as nossas crenças, expectativas e ética cultural. Partilhando essas opiniões e valores publicamente, seja sob a forma de slogan numa t‑shirt ou na tua chávena de café, filtras uns e acabas por atrair outros. Podes chamar-lhe filtragem social. Pensas que seria demasiado extremista dizer que o design invadiu tudo, absolutamente tudo nas nossas vidas citadinas? Podes dar um exemplo de um objecto que não tenha sofrido a influência do design ou não tenha sido por ele tocado? Ou pensas que isso só já é possível num estado natural/selvagem? — Não. Não penso que seja extremista dizê-lo. Parece que é mes‑ mo o caso hoje em dia, pelo menos em certas partes do mundo. Contudo, existem alguns objectos onde o design teve uma apro‑ ximação mais funcional. Mas, até mesmo as placas informativas, os sinais de trânsito e a tipografia numa cidade expressam um conjunto cultural de crenças e opiniões. Dado que o design invadiu tudo à nossa volta, tens algum exem‑ plo desta intrusão descarada que te agrada particularmente?

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Título: One Day Autor: Emil Kozak Edição: Inglés Formato: 23 x 23 cm, 252 páginas Mais info: www.indexbook.com

design


N

icolas Vaudelet, 33 anos, designer da marca espanhola El Caballo. Bretão de nascimento, sevilhano por opção, ci‑ dadão do mundo por direito geracional.

Vaudelet representa o designer actual, para o qual as fronteiras se tornaram difusas. Já trabalhou em três cidades diferentes e a sua ex‑ pressão é um misto de espanhol, inglês e francês. Muda o registo consoante o local onde se encontra. Ainda não aprendeu a falar português, mas diz que se apaixonou por Lisboa. «Tem qualquer coi‑ sa de Barcelona, não achas?», pergunto. «Mais ou menos... há algo mais autêntico em Lisboa. Barcelona é uma cidade lindíssima, mas perdeu um pouco de alma», diz Vaudelet.

El Rey Vaudelet Texto Filipa Penteado

Depois de Lisboa, a conversa passa obviamente pelo novo fôlego que Vaudelet trouxe à El Caballo em 2007, ano em que tomou as rédeas da marca. Não esquecendo a tradição andaluza da mesma, tornou este universo apetecível a um público mais jovem. Um pouco como Jean-Paul Gaultier, um dos seus mestres, fez com a Hermès.

Foto Mário Vasa

«As minhas primeiras colecções para a El Caballo mostraram a silhueta de uma mulher mais guerreira, com muito carácter, quase como um homem na sua força», diz Vaudelet. As propostas para este Verão são prova dis‑ so e surpreenderam pelo grafismo com que uniu cores e formas. A colecção para o próximo Outono / Inverno representa mais uma viragem no percurso de Vaudelet à frente da El Caballo. Sem medo de perder o factor “tchan”, alcançado com a colecção de Verão, Nicolas “baixa um pouco o volume”. Tudo foi suavizado, incluindo os pormenores. Os botões, por exemplo, dão lugar a ímanes invisí‑ veis, tornando as peças mais neutras. A paleta de cores também se torna menos explosiva, com os tons de caramelo a tomar conta da colecção. «Para o Inverno, a silhueta é mais angulosa, mais românti‑ ca. Os casacos, por exemplo, são mais largos. A inspiração vem dos ambientes costeiros e do Novo Mundo», diz Nicolas Vaudelet. Afirma que as ideias para cada colecção podem ter origens muito di‑ ferentes – uma conversa casual num bar, com amigos, uma imagem de uma revista ou algo que vê quando caminha pela rua. «De repen‑ te, uma imagem transforma-se num tema, no princípio de uma histó‑ ria», diz Vaudelet. «É um clique, uma centelha», acrescenta. A atenção que dá aos detalhes e à perfeição dos acabamentos diz ser fruto do seu trabalho com Lacroix e Gaultier. Foram eles os seus grandes mentores. «A dada altura do processo de criação pergunto sempre o que estas pessoas pensariam do que estou a fazer. Estão sempre presentes», afirma Nicolas Vaudelet. A Lacroix pode agra‑ decer a introdução à cultura sevilhana, que é parte integrante da sua vida e trabalho actualmente. Com Gaultier, aprendeu a forma de ver o mundo e de o incorporar nas roupas que cria. Para finalizar (e tentando deixar aqui pequenos nadas que ao construir o texto foram ficando pelo caminho) resta dizer que Nicolas Vaudelet gosta de trabalhar com pele e crepes de seda; que ouve todo o tipo de música enquanto está no atelier; que o grande conselho que dá aos jovens designers que lhe seguem as pegadas é “ouvir”. «Quando ouvi‑ mos, aprendemos. Aprendi muito a trabalhar no terreno, estando cala‑ do e a ouvir quem tinha mais experiência do que eu», afirma Vaudelet. «E ter muita paciência também é essencial», finaliza.

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moda


Improv Everywhere

Texto: Pedro Gonçalves

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á quem lhe chame intervenção urbana. Para o seu funda‑ dor, o que a Improv Everywhere faz é “diversão organizada”. O resultado é que o que verdadeiramente interessa, é um mun‑ do muito mais bem-disposto à custa de umas partidas encenadas em público. Charlie Todd é um homem perfeitamente normal que tem como aparente missão provocar momentos de anormalidade na vida dos outros. Se à partida a coisa parece praticar equilíbrio no limiar da mais inconsequente estupidez, a verdade é que Todd e a Improv Everywhere são uma preciosidade na primeira década deste milé‑ nio. Curricularmente ligado ao teatro de improvisação do Upright Citizens Brigade Theatre, onde boa parte destes cúmplices se co‑ nheceram, Charlie Todd passou os últimos anos a levar para os es‑ paços públicos as mais inusitadas e animadas encenações. E o que começou numa noite de copos com dois amigos — basicamente, convencera toda a gente num bar que Todd era o músico Ben Folds — é hoje vista como a “empresa” mais inspirada na criação de agita‑ ção pública e/ou de rua em todo o mundo. De tal forma que, mesmo em Portugal, uma das suas ideias resultou mesmo num pobre clone com fins comerciais/publicitários.

Imagine que, numa deslocação de metropolitano, se cruza com de‑ zenas de pessoas sem calças. Não nuas, mas sem calças, saias ou calções. Ou que a estação do mesmo metropolitano, onde habitual‑ mente sai, foi transformada numa galeria e que nela decorre uma ver‑ nissage com gente francamente interessada na arte de todos os dias. Ambas são obra da Improv Everywhere, ambas podem ser vistas online e ambas fazem parte de uma lista de situações que o criador Charlie Todd faz questão de distanciar das flash mobs. «A Improv Everywhere foi criada dois anos antes da moda das flash mobs», es‑ clarece em entrevista. E, na realidade, enquanto as flash mobs juntam rapidamente multidões que praticam um acto e dispersam, as acções da Improv Everywhere são mais ambiciosas. A título de exemplo, ve‑ ja-se o vídeo relativo ao congelamento de centenas de pessoas em simultâneo na Grand Central Station de Manhattan, Nova Iorque. Aí, retenha-se o contraste entre a costumeira agitação anónima e um momento de surrealismo em que uns param para reparar outros, já parados. Chega a ser filosófico, o divertimento. Ainda segundo o fundador, «por vezes, as pessoas enganam-se no nosso URL e captam Improve Everywhere [Melhorar Tudo, em tra‑ dução livre]. Achamos que é talvez um nome melhor para o que tentamos fazer». E não podia ter mais razão, de tal modo aquilo que fazem é organizar extractos de felicidade que oferecem a quem ca‑ lhar passar. Numa das “partidas” mais recentes, apanharam um par recém-casado à saída da conservatória e fizeram-lhe uma festa de ca‑ samento no meio da rua. Com tenda, música, damas de honor e o diabo a quatro. Não é difícil imaginar que o casal saiu feliz e com uma história para contar. Para os mais perversos, há sempre o filme do dia em que 80 figurantes entraram numa loja dos retalhistas Best Buy com roupa igual à dos funcionários. O caos durou coisa de uma hora, de acordo com as crónicas. E tudo isto leva, em jeito de moral da história, a recordar as avós que diziam que o que é bonito é brin‑ car sem ofender.

cultura

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Fotos: Chad Nicholson Photography


cultura

Santa Popularidade Texto Célia F

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ão era religiosa confesso. Pelo menos não nos moldes ins‑ titucionais e monopolizados pelas igrejas. Sempre fui mais como os índios, tanto os da Índia como os das Américas. A fé e a crença tem que brotar directamente do coração... ou do tama‑ nho do aperto em que se está metido.

Uma ida ao México mudou-me a vida, ou melhor a religiosidade. Uma Santa de manto longo e cara de caveira. Virgens rodeadas de flames ao estilo tat‑ too em flash. Igrejas cheias de flores e rezas tribais, mantras mais belos do que qualquer pai nosso que estás no céu e nós aqui a precisar de ti. Vinga o modo pagão de viver dos povos que uma vez que não os poderam vencer (aos cristãos) juntaram-se a eles e fundiram o sagrado com o profano. Kitsh to‑ tal. Rodeada de tanto estilo, rendi-me às evidências e vi o quanto era devota. Que outro motivo senão uma enorme devoção me faria sair à rua em noite de Santo António apanhar tamanhas bebedeiras e afins e suportar no dia seguin‑ te «aquela» ressaca. Voltei de lá. Comprei um Santo António roots design ao

qual limpo o pó uma vez por mês não vá o Santo deixar de me acudir por se sentir mal com a poeira nos olhos... Vai-se a ver e afinal o Santo António de Lisboa, que também é de Pádua, chamava-se Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo e o padroeiro de Lisboa é São Vicente. Foi o povo, mais uma vez o povo, que numa terra cheia de fado, preferiu o António ao Vicente e o impôs como Santo da cidade. Como o nosso querido Santo há muitos, e outros há ainda piores. A Igreja não os reconhece. Mas, o povo ve‑ nera-os e é neles que confia quando o diabo as tece. Ora aqui fica uma lista alternativa para a próxima vez que quiserem acender uma velinha.

Santa Muerte recebe pedidos de amor, sorte e protecção, recuperação da saúde, de bens roubados e o regresso de familiares sequestrados. Carrega uma foice e uma balança. Tem uma cor para cada milagre. É mulher de refi‑ nado gosto e por isso em sua honra oferecem-lhe marijuana, cigarros, doces, frutas e tequilla. Por todo o México tem bares, perdão, santuários em sua ho‑ menagem adornados com cigarros, rosas vermelhas e garrafas de tequilla.

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cultura A quem nenhum Santo pode valer ela vale e por isso é adorada por traficantes, sequestradores e toda a gente da má ralé.

Jesus se Malverde. É o Robin Hood mexicano. Roubava aos ricos para dar aos pobres... dizem! Era um bandido e morreu enforcado ou com um tiro e fez uns milagres. Chamam-lhe o narco-Santo, pois uma vez, aquando da captura de um “narco”, encontraram na sua casa uma imagem de Malverde. A partir daí, pegou moda e todas as capelas que existem foram erguidas por narco-traficantes. Difunta Correa. Só, com o filho ao colo, decidiu seguir o ma‑ rido que fora recrutado para o exército da Argentina na década de 1840. Quando atravessou o deserto lá pereceu mas, mes‑ mo morta, continuou a produzir leite que salvou a vida ao seu bebé. Foi milagre! Nesse local ergueu-se um altar que hoje deu lugar ao santuário com correios, hotel, parque de campismo e milhares de peregrinos. É adorada sobretudo por camionistas e viajantes. San Pasculalito. Venerado na Guatemala e em Chiapas. Representado por um esqueleto, diz-se que, nesta mesma forma, apareceu a um indígena da Guatemala quando este morria de cucu‑ matz. Apareceu e prometeu acabar com a epidemia se fosse adop‑ tado como Santo por esta comunidade. Mesmo contra a Inquisição Espanhola, o esqueleto passou a Santo e a epidemia acabou. Saint Foutin ou Saint Fuck . Imensamente popular. Dizem que tem um enorme poder sobre a fertilidade feminina e sobre a virilidade perdida dos homens. Se o problema é impotência faz-se uma cópia do desfalecido membro em cera, molha-se a cabeça com vinho e oferece-se ao Santo. Local: Provença. Guachito Gil. Lendária personagem da cultura argentina. Trabalhador agrícola, apaixonou-se por uma abastada viúva com quem teve um romance. Quando o chefe da Polícia, tam‑ bém ele apaixonado pela viúva, descobriu acusou-o de roubo e tentou matá-lo. Gil alistou-se no exército para tentar fugir e foi lutar contra o Paraguai. Quando voltou como herói manda‑ ram-no de volta à luta. Fugiu para o deserto e foi apanhado e torturado na floresta. Quando o polícia o ia matar ele disse que o seu filho ia morrer a menos que rezasse em sua honra. O po‑ lícia cortou-lhe a garganta, foi ver o filho que afinal morria mes‑ mo, rezou a Gil e o miúdo viveu. E fez-se o Santo! Santa Claus. Santo porquê?! Santa paciência! Tem uma equipa de duendes que fazem tudo por ele, mais umas renas voadoras. Assim qualquer um era Santo!


Santos e Pecadoras Kate Tank top, Hilfiger Denim. Saia, H&M. Cinto, Pepe Jeans. Brincos e Pulseiras prateadas, ambos Accessorize. Pulseira amarela, H&M

Fotografia – José Barreto Styling – Ema Mendes Maquilhagem – Laura Hamilton (www.makeupmad.com) com produtos MAC

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Cabelos – Nolga

Kate Vestido, Patrizia Pepe. Cinto e Brincos, ambos H&M. Pulseira com strass, Mango. Pulseira corrente, Miss Sixty.

Manequins – Ana Lúcia e Kate @ L’Agence Produção – Ema Mendes e Sandra Dias. Agradecimentos – Esperança Atlético Clube, Bairro da Madragoa, Marchantes da Madragoa, Mario Monteiro, Paulo Bravo e Joaquim Guerreiro.


Ana LĂşcia Blazer, Patrizia Pepe. Vestido, Mango. Brincos, H&M

Kate Colares, Accessorize. Vestido, H&M


Kate Vestido, H&M. Colares e Anel, ambos Accessorize. Ana LĂşcia Blazer, Patrizia Pepe. Vestido, Mango. Cinto e Brincos, ambos H&M.

Ana LĂşcia Colete, El Caballo. Leggins, cinto e brincos, tudo H&M. Pulseiras, Accessorize. Sapatos, Mango.


Kate Vestido e Brincos, ambos H&M.

Ana LĂşcia Vestido, H&M. Sapatos e Pulseira, ambos Mango.


Fotografia – Paulo Segadães Styling – Sandra Dias Make Up – Joana Bellucci Cabelos – Mariana Emauz Modelos – Alice Cardoso Ana Rita Filipe Ginja Gonçalo Athias Leonor Gil (Just Models)

Wet Wet Wet

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Polo, Michael Stipe -Visionaire, Lacoste. Calções, Andy Warhol by Pepe Jeans. T-shirt, Andy Warhol by Pepe Jeans. Calções, Converse

T-shirt, Lightning Bolt. Biquini, Calzedónia. Chinelos, Havaianas


T-shirt, Carhartt – Artists Collection. Calções, Lightning Bolt. Bola Nike

T-shirt, Pepe Jeans. Biquini, Cia Marítima. Sandálias, Melissa


T-shirt, Vans. Calções, Converse. T-shirt, Carhartt – Artists Collection. Calções, Lightning Bolt. Polo, Phil Poynter – Visionaire e biquini, ambos Lacoste. Sandálias, Melissa. T-shirt, Pepe Jeans. Biquini, Cia Marítima. Sandálias, Melissa. Óculos, D&G.


Óculos escuros, Ray Ban Calções, Lightning Bolt. Biquini, Triumph.Óculos escuros, D&G. Biquini, Calzedónia. Biquini, Calzedónia. Calções, Converse

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Top, Iron Fist. T-shirt, SportStyle. Calções, Converse. Top, Vans. Biquini, Calzedónia. T-shirt, Converse. Calções, Lightnng Bolt. T-shirt, Pepe Jeans. Biquini, Calzedónia.

T-shirt, Deeply Biquini, Calzedónia Óculos escuros, D&G.


Summer Flavours

62 Fotografia – Sara Coe www.saracoe.com Styling – Marc Piña www.marcpinastylist.blogspot.com Cabelos – Jose Fuentes www.josefuentesmakeup.com com produtos Sebastian Maquilhagem – Jose Fuentes www.josefuentesmakeup.com com produtos Make Up Forever Manequins – Angelina (www.groupmodels.com) John (www.viewmanagement.com)

Jeans Diesel. Colete H&M. Cardigan Hilfiger Denim. Mala Lacoste


Vestido e fita de cabelo H&M

angelina - Todas as peças Diesel. Óculos de sol Ray-ban - john - Pólo Lacoste. Jeans Levi’s. Ténis Converse All Star


T-shirt Diesel. P贸lo Lacoste.T茅nis Lacoste

Vestido Diesel


T-shirt H&M. Viseira de plástico da produção

T-shirt e mala Lacoste


1. Adidas 2. Eastpak by Raf Simons 3. Levis 4. Swarovski. Pen USB 5. Eau D’eté. Issey Miyake 6. Le Coq Sportif 7. Karl Lagerfeld for Repetto 8. Chilli Beans 9. DKNY 10. Converse. Jack Purcell 11. CAT

70

1. Merrell 2. Diesel Only The Brave 3. Le Coq Sportif 4. Gola by Christian Lacroix 5. Lacoste Advantage 6. CAT 7. WESC oboe green 8. FLY London 9. Cubanas 10. Chilli Beans 11. Keds


1. Burberry 2. Hilfiger Denim 3. Cubanas 4. CAT 5. Women’secret 6.D&G 7. Nike 8. Chilli Beans 9. Converse All Star Light 10. Hilfiger Denim 11. Fornarina 1. Ecko Red 2. Maybelline WaterShine Gloss 3. Timex 4. Fornarina 5. Fossil 6. Diesel Black Gold 7. Bulgari 8. FLY London 9. Keds 10. Le Coq Sportif 11. SHEER Stella McCartney


Faith No More

The Killers

Placebo Avenida da Boavista, 911 4100-128 Porto Tel: 226098968 Telm: 914943039 E-mail: info@triplex.com.pt

Texto: Pedro Figueiredo

Se só puderem ver uma banda no… Três discos de originais e um álbum de raridades depois, Portugal tem, finalmente, a oportunidade ver The Killers ao vivo. Tardaram, não chegam a Portugal com o seu melhor álbum, mas o alinhamento best-of que se espera será mais do que suficiente para pôr milhares a dançar em pleno Restelo, cenário que, com a despromoção do Belenenses, abandona a primeira liga de futebol, mas regressa, aqui, à primeira linha musical. Diz quem já viu Brandon Flowers e amigos que poucos espectáculos há tão eficazes e certeiros como um con‑ certo dos The Killers. Assim o esperamos. Antes, há também Duffy, mais uma estreia em palcos nacionais que merece destaque, e, mais para o arranque, atenção a The Walkmen, máquina rock à manei‑ ra antiga. Isto falando na versão lisboeta, claro. No Porto, o Super Bock Super Rock traz como destaque cimeiro o regresso a Portugal dos Depeche Mode, bem como o regresso dos Nouvelle Vague, ambos com discos novos, e meritórios, na bagagem. O Festival Super Bock Super Rock realiza-se a 11 de Julho no Estádio do Bessa XXI, no Porto, e a 18 de Julho no Estádio do Restelo, em Lisboa.

Optimus Alive!, vejam os Placebo. Porquê os Placebo? Simples: Brian Molko e amigos têm novo disco em mãos, BATTLE FOR THE SUN, enérgico, fundamental, melhor conjunto de canções desde WITHOUT YOU I’M NOTHING, de 1998. Os Placebo souberam evoluir de conjunto satisfatório para uma minoria independente para co‑ lectivo de massas e consumo popular – quem os viu nos primeiros concertos em Portugal e os veja no Optimus Alive! terá oportunidade de verificar as diferenças. Os Placebo têm novo disco, estão de volta a Portugal e até o líder de sempre, Brian Molko, voltou a deixar crescer o cabelo. Vai valer a pena, por‑ tanto. Outros destaques incluem TV On The Radio, The Prodigy, Os Pontos Negros e The Ting Tings. O Optimus Alive! 09 realiza-se de 9 a 11 de Julho no Passeio Marítimo de Algés.

Festival Sudoeste, vejam os Faith No More. Ele há regressos e regressos. No caso dos Faith No More, projecto de sempre de Mike Patton, respeito total: faziam falta. Curiosamente, o término da primeira encarnação do grupo sucedeu pouco depois de um espectáculo em Portugal – mais uma razão para não perder o concerto do grupo no Festival Sudoeste, vá lá adivinhar-se o que poderá passar na cabeça de tal gente depois de respirar ares alentejanos. Mais a sério: imperdível, no mínimo. Pela Zambujeira do Mar passarão também Lily Allen, Buraka Som Sistema, The National e Ebony Bones, entre muitos outros. O Festival Sudoeste’09 realiza-se de 6 a 9 de Agosto na Zambujeira do Mar.

74 - AGENDA - DESTAQUE

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Super Bock Super Rock, vejam The Killers.

este mês, só dez euros por 10 revistas. Assina já! nome* endereço* telefone profissão

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Warsaw Village Band

Stereo Addiction Bajofondo

Sinergia Summer Camp FMM Sines Na terra de Vasco da Gama, Sines, há dez anos se pensou em juntar novamente mundos. Não ir outra vez ao mar o marinheiro, mas deixar o marinheiro receber o que lhe traz o mar, ou seja, o mundo inteiro. Sob o motivo de aproveitar o belo castelo da povoação sob o mar nascida, surgiu o FMM que, embora um dia tenha servido de acessório ao castelo, deixa agora a este o papel secundário e assume o merecido protagonismo. Música sem fronteiras, pois é assim que devia ser o mundo. Música que cruza mares, terras e sobretu‑ do universos. Do jazz ao folk, dos blues ao tango, do reggae à fusão. Nesta barca de Noé entra todo o mundo para se dar a descobrir. União nas musicalidades, nas idades e nos géneros. Dividido entre Porto Corvo e Sines (castelo e praia), desenvolve um autêntico serviço cultural e é normal ver entre o públi‑ co viajantes, músicos, perfeitos estranhos, velhos, novos, experientes e experimentados ou puros vir‑ gens de ouvido. Há música para todos e um ambiente de festa raro de ser encontrado em eventos desta envergadura. Este ano, e para não deixar ninguém desiludido, o cartaz é, novamente, uma bomba: Circo Abusivo, OqueStrada, Dele Sosimi Afrobeat Orchestra, Orquesta Típica Fernández Fierro, Chicha Libre, L´enfance rouge, Carmen Souza, Hanggai feat. Mamer, Warsaw Village Band, Cyro Batista, Chucho Valdés Big Band, Rupa&The April Fishes, Vítor Démé, The Ukrainians, Wyza, Daara J Family, Mor Karbasi, Pórtico Quartet, Corneliu Stroe&Aromanian Ethno Band, Mamer, Trilhos, Uxía, Acetre, Assobio, Alô Irmão, Kasai Allstars, Ramiro Musotto&Orquestra Sudaka, Paulo Sousa, Njava, Debashish Bhattacharya, Melech Mechaya, Bibi Tanga, James Blood Ulmer, Alamaailman Vasarat, Speed Caravan e o destaque para o grande fecho, no último dia no castelo de Sines, com o grande mestre, the ultimate upsetter, Pipecock Jonhson, the king – Lee ‘Scratch’ Perry que seguro nos enfeitiçará com as suas sonoridades da refinaria dub, o sempre inolvidável reggae e tudo o mais que a máquina do feiticeiro tem para dar, enquanto pelos céus da costa alentejana explodem os fogos de artifício a que a organização do FMM já nos habituou e que fazem perpetuar e aumentar a magia de tão alta vibração conjunta. Até lá! Célia F Porto Covo 17 a 19 de Julho Sines 20 a 25 de Julho

Um ambiente povoado pelo verde. Com os pés bem postos com res‑ peito na terra e a mente pronta a chegar mais longe, superar-se e evoluir além mais. O rio respira e segue o seu curso beijando as margens da terra e deixando-nos refrescar nas suas águas. Ninguém diria que se está num parque de campismo e de facto quase só nos lembramos disso quando re‑ corremos aos práticos recursos de que dispõe. Harmonia, paz e conforto para uma semana que se propõe ser de sinergia, de trabalho conjunto para uma soma das partes que seja mais do que o todo. É este o cenário natu‑ ral para esta festa que comemora as fusões, as misturas, o juntar de minerais que cria novas pedras preciosas dançáveis. Assim nasceu o techno, o acid house e o psi-transe e a eterna Goa. Agora, embarcamos numa nova fase, uma nova mudança para uma nova evolução. Complementado por duas áreas, Sinergic Floor e Comfy Nest. A primeira proprõe-se a ser lugar de encontro do transe, do techno, do progressive, do jungle e doutras formas de fazer dançar. Por lá vão passar lendas e novos talentos. Velha e nova guarda. Kox Box, Expander, Exercise One e muitos outros. O Comfy Nest será um local dedicado ao intercalar de sons, culturas e bem-estar. Situado junto ao rio, cruzará músicas e sentimentos fazendo o conceito de chill out ganhar uma nova forma mais alargada e expansiva. A concepção do espaço/decoração é fruto das explosões criativas de Ram, um dos artistas mais versáteis da nossa praça, perito em pôr em prática delírios em forma de coisa lógica. Todo o line-up em: www.sinergia-summercamp.org Célia F 1-5 Julho Parque de campismo de S.Gião Oliveira do Hospital Pré-venda:50 euros lotação limitada a 3000 pessoas

76 - AGENDA - FESTIVAIS DE VERÃO

Festival MED - Loulé Passou discreto por alguns anos, mas como todas as boas sementes fixou-se, foi crescendo e é hoje uma muito bela planta capaz de oxi‑ genar multidões. Embora para alguns seja uma total novidade, o Med já conta com seis edições e do mediterrâneo já passou ao mundo. Organizado pela Câmara Municipal de Loulé, o Med é já uma refe‑ rência para os amantes da World Music. Começou por ser uma festa da música do mediterrâneo. Depois, qual romano em expansão do império, resolveu abrir horizontes e ir mais além para nos trazer mais longínquas especiarias, mel e frutos, vozes e ritmos. Além da excelente programação musical, o Med abarca diversas ac‑ tividades artísticas e culturais como a gastronomia, a pintura, o ar‑ tesanato, o teatro e a animação de rua a desenvolver pelo centro histórico de Loulé. Dois palcos principais, o palco da Matriz e o da Cerca, recebem este ano nomes como Ojos de Brujo, Orquestra Buena Vista Social Club, La Notte de la Taranta, Horace Andy & Dub Asante, Stewart Copeland e Bajofondo, Camané, Lura e Rokia Traoré a encerrar a edição deste ano. A estes dois palcos juntam-se mais três onde brilharão as grandes promessas da música. A apresentação está feita e lançado o convite. Atrevam-se a ir. Célia F. DE 24 a 28 de Junho Loulé

Copeland


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6/9/09

6:06 PM

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Festival Internacional de Cinema de Humor Com as habituais festas da época veraneante no Algarve, passa a haver uma alternativa alegre em Albufeira, na Praça dos Pescadores, junto à praia. O Festival Internacional de Cinema de Humor em Portugal tem a primeira edição a 4 de Julho, terminando no dia 11 do mesmo mês. O projecto ambiciona retratar as diferentes formas cinematográficas de humor no mun‑ do, impondo-se no panorama nacional e internacional, envolvendo notáveis de ambos os quadrantes, como Rui Unas, Maria Rueff, Nuno Lopes e Herman José, ou Terry Jones dos Monty Python, que irá receber uma homenagem nesta primeira edição. De modo a apelar a um público mais vasto, o projecto da Associação Mediterrar em parceria com a Câmara Municipal de Albufeira é de acesso livre, com as projecções ao ar livre, com o lema “Abaixo o Mau Humor”. Durante os oito dias do festival, irão 45 filmes a concurso, oriundos de mais de 20 paí‑ ses, com a habitual presença de actores e realizadores em Albufeira, tanto no júri como em concurso. As oito divisões a concurso são variadas, desde Longa Metragem a Filme de Animação, passando pelos prémios individuais de Melhor Actor e Actriz.

Os 3 Marias

LEONARD COHEN No caso de Leonard Cohen, o facto de regressar a Portugal um ano depois de ter cá estado não é nada que se deva lamentar. Ou, tão pouco, que possa fazer comparar o venerável canadiano com certas deca‑ dências com especial apreço por este país. Na verdade, tendo em conta o espectáculo de há um ano no Passeio Marítimo de Algés e o facto de trazer agora na bagagem o DVD Live in London resultante dessa mesma digressão, estamos mais ou menos garantidos. Assim o Pavilhão Atlântico consiga ouvir em condi‑ ções mínimas a voz sub-grave de Cohen e está desenhado um serão à moda antiga.

Quem é esta gente, perguntará o leitor com a sua dose de razão. Vamos dar as primeiras palavras ao colectivo: «formados por Epilady Di (voz multimoda), pelo sobrinho do General Melo e Castro (bai‑ xo centralista) e Marco Gina (guitar herói, factor macho) e ainda coadjuvados pelo eminente Doutor Avalanche (famigerado produ‑ tor e idealizador musical escandinavo), Os 3 Marias (no masculino plural) têm galgado os mais diversos palcos, quer a nível do mundo, quer a termos deste cantinho à beira-mar enxotado», dizem. Não ajuda à compreensão, de facto. Nós tentamos dar um apoio: meio caminho entre a ironia e a observação social, Os 3 Marias editaram recentemente SENTIMENTO SOFRIMENTO, disco a apresentar ao vivo a 25 de Julho na Fábrica Braço de Prata. E que som pratica esta gente? Devolvemos-lhes a bola: «música jovial, rock pop amitra‑ do com traços inequívocos de ambígua sofisticação». São editados pela Tinoni Records, no seu Myspace (http://www.myspace.com/ os3marias) têm cuecas para venda e prestam homenagem, nas suas canções, a nomes «grandes da canção melodramática, nomeadamen‑ te Ágata, Sigue Sigue Sputnik, Kiss, George Michael e tantos ou‑ tros». Só pode resultar ao vivo.

M/16

Informações e Reservas www.teatro-dmaria.pt reservas@teatro-dmaria.pt Tel.: 21 325 08 35

Ticketline www.ticketline .pt 707 234 234

As longas, curtas e filmes de animação serão projectados num grande ecrã junto à praia dos Pescadores a partir das 21h30 diariamente, sendo possível ver as curtas-metragens em repetição na FNAC do Algarve Shopping. No FICH! vão ainda ter lugar vários workshops e exposições para os visitantes esti‑ vais da região do Sul, num projecto de que se espera sucesso, longevidade e, claro, gargalhadas. www.fich.com.p Miguel Gomes-Meruje

Pedro Figueiredo À luz do que em 2008 se passou, espera-se um cavalheiro de extrema elegância, simpatia, uma banda à altura e fino trato. E de acordo com Live in London, voltam aos palcos canções como ’Dance Me To The End Of Love’, ’Suzanne‘, ’Hallelujah‘, ’I’m Your Man‘, ’Take This Waltz‘, ’So Long, Marianne‘ e ’First We Take Manhattan‘. Pesadas a importância e a consistência do homem e da sua obra, e recordada a velocidade com que a Humanidade tem perdido heróis das canções, não ver e ouvir Leonard Cohen pode causar arrependimento. E mais do que uma questão relacionada com a saúde, é uma questão de ló‑ gica sobre a data menos próxima de um novo regresso. Pedro Gonçalves

TRADUÇÃO PEDRO GORMAN ENCENAÇÃO FERNANDA LAPA CENOGRAFIA E FIGURINOS ANTÓNIO LAGARTO DESENHO DE LUZ ORLANDO WORM DESENHO DE SOM RUI DÂMASO CO-PRODUÇÃO TNDM II E ESCOLA DE MULHERES - OFICINA DE TEATRO

rita nobre exposição a partir de 9 de maio

caférestaurantebar

25 Julho - Fábrica Braço de Prata, Lisboa

Pavilhão Atlântico, Lisboa 30 de Julho

78 - AGENDA - MÚSICA

79 - AGENDA - cinema

rua do alecrim 35 ○ lisboa ○ tel 213 469 158


Public Enemies

Barco do Rock De Richard Curtis

De Michael Mann Com Johnny Depp, Christian Bale, Billy Cudrup e Marion Cotillard

Com Bill Nighy, Philip Seymour Hoffman, Nick Frost

Do criador de sucessos como Quatro Casamentos e um Funeral, Notting Hill e Love Actually chega-nos uma aventura musical em alto mar. Richard Curtis continua a abraçar o registo cómico, mas des‑ ta vez com laivos de loucura rock n’roll. O Barco do Rock foi o local onde a revolução começou. Tal como se pode ouvir no trailer: em 1966, um género musical estava a mudar o Mundo, mas num país que dera a conhecer os Beatles e os Rolling Stones o governo controlava todas as estações de rádio e não gos‑ tava nada de rock n’roll. Assim, num barco no meio do oceano, 8 DJ’s vão animar as ondas hertzianas e levar à loucura cerca de 24 mil ouvintes e o governo britânico. No entanto e apesar da história ser baseada nalguns dos elementos reais da época, a rádio não representa qualquer estação que tivesse a emitir em Inglaterra em 1966. No filme, a bordo do barco da Rádio Rock, estão actores bem co‑ nhecidos do público e de trabalhos anteriores do realizador Richard Curtis. Bill Nighy é Quentin, o comandante do barco e padrinho de Carl (Tom Sturridge), que chega ao barco da rádio pirata para endireitar a sua vida, depois de ter sido expulso da escola. Philip Seymour Hoffman é The Count , um bon vivant amante de rock que, em conjunto com o tímido e suave Dave (Nick Frost) e o in‑ génuo de bom coração Simon (Chris O’Dowd), lideram a equipa de vibrantes DJ’s. «Welcome to our world» diz a certa altura The Count. E nós só queremos fazer parte dele. Para quem acha que a vida é feita de música, O Barco do Rock é o filme a ver. Quem tem saudades do rock n’roll? Ana Cristina Valente

Inglourious Basterds

Coco Avant Chanel

De Anne Fontaine Com Audrey Tautou e Alessandro Nivola

Gabrielle Chanel foi uma das figuras mais emblemáticas do século passado. O seu espírito independente “vestiu” a mulher moderna para o novo papel que ocupava na sociedade.

De Quentin Tarantino Com Brad Pitt, Eli Roth e Diane Kruger

Durante a Segunda Guerra Mundial existia um grupo de soldados judeus de origem americana, cujo objectivo era assassinar de forma brutal membros do partido Nazi. Ficaram conhecidos como “The Basterds”.

Este ano surgem dois projectos sobre Madame Chanel, ambos com “pesos pesados” no elenco. O pri‑ meiro a chegar a Portugal é Coco Avant Chanel, protagonizado por Audrey Tatou. O outro, ainda sem data de estreia, é Coco Chanel & Igor Stravinsky, com Anna Mouglalis.

É esta a premissa, com base verídica, do novo filme de Quentin Tarantino. No papel principal, como co‑ mandante dos “The Basterds”, temos Brad Pitt com sotaque sulista, a exigir aos seus soldados 100 escal‑ pes nazis. Parece estranho? Talvez seja, mas outra coisa não seria de esperar de Tarantino. O non sense é tão parte do seu cinema como a violência estilizada.

Para o grande público não haverá dúvida. Depois de Amélie, Audrey Tautou tornou-se numa das meni‑ nas queridas dos cinéfilos. Os olhos de Bambi funcionam bem em contraste com a postura austera que teve que assumir como Gabrielle Chanel. É uma outra faceta de Tautou, mais adulta, mais mulher. Mas, para as “fashionistas” vai ser irresistível espreitar Anna Mouglalis, a nova musa de Karl Lagerfeld e cara da casa Chanel.

E sangue parece não faltar em Inglourious Basterds. Desde cabeças rebentadas com tacos de basebol a tiros, os salpicos de sangue são muitos e variados. Embora o contexto seja inusitado para Tarantino, o realizador deixou a sua marca neste filme de época. Como o próprio disse numa entrevista «This ain’t your daddy’s World War II movie». Para factos históricos, existem os livros. Ou então, se for muito preguiço‑ so, “google it”.

No filme de Anne Fontaine, seguimos a vida de Gabrielle desde a infância, num orfanato, até à idade adulta. Acompanhamos as origens humildes, a persistência, as paixões. Os corações de grandes mulheres serão provavelmente os mais sofridos e, quem sabe, mais amados. Gabrielle passou por tudo. Fontaine dá-nos um olhar feminino e cuidado da vida de uma das mulheres mais importantes do mundo da moda.

No que diz respeito ao resto do elenco, é de realçar a presença do realizador Eli Roth, aqui num papel como actor. Roth, autor de filmes como A Cabana do Medo e Hostel, é um dos protegidos e devotos seguidores de Tarantino. O facto de estar presente em Inglourious Basterds é um daqueles «piscar de olho» deliciosos a que Tarantino já nos habituou.

Quando chegarem os Óscares é muito provável que Audrey Tatou esteja nomeada, tal é a apetência da Academia por biopics “simpáticos”. E por jovens actrizes em ascensão. Por agora, fiquemos atentos à sua “Coco”. Filipa Penteado

Criador de ícones para toda uma geração, não há outro realizador como Quentin Tarantino. Os seus fil‑ mes são cartas de amor ao cinema escritas por um verdadeiro geek. E podemos ser indiferentes a tudo, menos à paixão. Filipa Penteado

Estreia: 25 de Junho

Estreia: 27 de Agosto

80 - AGENDA - CINEMA

Michael Mann é um dos grandes realizadores americanos das últimas décadas. Autor de filmes como Heat, Caçada ao Amanhecer e O Informador, Mann construiu uma carreira de filmes dedicados a homens complexos. Os seus criminosos têm sempre algo de ínte‑ gro e os homens da lei algo de duvidoso, mas palavras como “hon‑ ra”, “honestidade” e “moral” são elementos essenciais para ambos. Digamos que Mann está para a testosterona como Jane Campion está para o mundo interior das mulheres - Campion não faz comédias românticas melosas e Michael Mann não faz filmes idiotas sobre ho‑ mens com armas. Ambos evitam os clichés e mostram o ser humano em toda a sua gloriosa e dura imperfeição. O facto de Mann unir as suas obras quase shakespeareanas com al‑ gumas das melhores sequências de acção que o cinema já viu pode fazer com que o classifiquem como um cineasta menor. Sendo assim, a DIF aconselha que a estreia do seu novo filme, Public Enemies, dê o mote para que os olhos mais desatentos façam uma retrospectiva da carreira deste grande senhor. Public Enemies é baseado na história verídica de John Dillinger e Melvin Purvis, um ladrão de bancos e um agente do FBI que atingi‑ ram a fama na época da Grande Depressão. Entre tiroteios, persegui‑ ções e conspirações, Public Enemies é um frente a frente entre dois homens com espinha dorsal e códigos de honra. À semelhança de Heat, este novo filme de Michael Mann é um jogo de charme en‑ tre gato e rato. Dillinger e Purvis funcionam como espelhos mútuos. Na maior parte das vezes, o reflexo não é assim tão diferente. Filipa Penteado Estreia: 6 de Agosto


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