Parq Mag 02

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REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA. MARÇO 2008. NÚMERO DOIS.


Índice Real People

Número 02. março 2008. director Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

cátia cóias 08 mário pardo 10 o filho bastardo 12 baba studio 16 annika berger 06

editora Carla Isidoro carla@parqmag.com Direcção de arte Valdemar Lamego valdemar@parqmag.com

38

18 You Must – Trends 22 You Must – News

Trendscout Mário Nascimento mario@parqmag.com

Soundstation

technics 34 onra 36 riding pânico 32

tradução Roger Winstanley publicidade Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com Cláudia Santos claudia@parqmag.com

Viewpoint Viewpoint

Andrea Robbins

andrea robbins & max becher 38

&

MAx becher

Grande Entrevista Depósito legal 272758/08 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL — Queluz de Baixo. 20.000 exemplares

textos Carla Carbone Cristina Parga Geoff Manaugh Isabel Lindim Maria Fernandes Mário Nascimento Martin Kullik Miss Jones Pedro Figueiredo Pedro Marques Ray Monde Roger Winstanley Rui Miguel Abreu Sofia Fortunato Sofia Saunders

distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq. Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq.

fotos Alexander Koch Hugo Silva Pedro Janeiro Pedro Pacheco Ricardo Cruz

www.parqmag.com

capa guarda-roupa storytailors headphones WESC

styling Helga Carvalho Martin Kulik Storytailors

Agradecimentos família Claro Russo.

Cremos que o espírito Parq está associado à leveza, rapidez e brevidade necessárias para a compreensão e eficácia do mundo moderno. Por outro lado, sem contradição, este espírito é motivado por aspirações de um romantismo revivalista reflectido no novo logótipo. Procuramos uma nova “solaridade” e um prazer de saber viver que não se pode compadecer com o lodo informativo actualmente disponível. Furar o entulho para que os raios de sol possam atravessar e daí nasça vida é uma premência que qualquer um compreende. Por isso, cada vez é mais precioso saber seleccionar e dosear na medida certa a informação que interessa aos nossos leitores para que esta chegue às mãos certas no tempo certo. Só assim poderá florir. Nesta edição escolhemos Vladimir Velcovsky para a grande entrevista, designer vindo do Leste que rapidamente se adaptou a uma ideia de reverso como fonte de criação. Outra escolha editorial recai no casal Andrea Robbins e Max Becher - para a secção Viewpoint – que trataram questões como o duplo e as deslocações culturais, tema muito actual num mundo que caminha para o turismo total. A necessidade de um duplo da realidade está ainda presente no artigo “Desastres Aéreos” sobre Richard Mosse. Recomendamos ainda a urgência de confrontarmo-nos com os estereótipos que temos sobre a China, conhecendo as transformações que o rápido crescimento económico permitiu nesse país a nível do Design. Lembrámo-nos ainda dos pratos de discos da Technics e da melhor revista de sempre, a «Avant Garde». Planeámos ainda para este mês a nossa festa de lançamento. A Parq é um motivo de orgulho e vamos celebrar o seu aparecimento no dia 7, na Estufa Fria do Parque Eduardo VII. Infelizmente a entrada é condicionada e não podemos convidar-vos a todos.

foto por Pedro Pacheco www.pedropachecophoto.com styling por Storytailors www.storytailors.pt make-up por Lúcia Luz hair por Germana Garcez modelo Eliana Ribar {l'agence} assistente de fotografia Hugo Silva light equipment www.spot-lightservice.com

Editorial Nova luminosidade

Mais uma vez recomendo: se encontrar esta revista, leve-a para um parq e mude de perspectiva. ups! Por lapso não foi incluído o contacto de Valeria Galizzi Santa Croce que fotografou Flúor Street (16) e Snake City (18) na nossa última edição.

www.myspace.com/vgsantacroce

Francisco Vaz Fernandes

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maxim velcovsky

Central PARQ

21MC 50 revista avant garde 52 desastres aéreos 48

Moda

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ricardo cruz

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alexander koch

«be true to your school» «sapo»

71 PARQ Here Translations 78 baba studio 78 technics 79 andrea robbins & max becher 79 Maxim Velcovsky 80 avant garde magazine 80 air disaster



Real People

Cátia Cóias Assina as performances como La Dona Bionica, personagem versátil que tanto joga ténis sozinha como se veste de bombeiro para fotografar-se num cenário de entulho. Cátia Cóias, a pessoa por detrás da personagem, fala das últimas investidas lúdicas. texto: Carla isidoro — Foto: «My body is my domain» por la dona bionica

Tens feito imagens encenadas ou retratos onde a Cátia Cóias é sósia da Cátia Cóias. Constitui um portfolio interessante onde exploras multifacetas que só exiges a ti. E parece divertires-te muito a fazer as fotos. Dá mais pica brincar contigo própria? o divertimento que retiro dos trabalhos é uma condição importante. São momentos de reflexão de mim para mim e esta atitude pretende reflectir para o exterior o facto da sociedade ter perdido o humor e a capacidade de brincar. “a arte imita a vida”, dizia o oscar wilde, e ambas não têm que ser necessariamente sérias. Complexas talvez. Tens passado por experiências curiosas durante estes episódios encenados? No exterior, inicialmente retraía-me um pouco com os curiosos que passavam e ali ficavam. Chegava a esperar 40 minutos até que não houvesse ninguém. agora lido mais facilmente com a curiosidade alheia. há 2 anos, numas ruínas em ostia antiga, perto de roma, decidi fazer umas fotos, olhei à volta, não vi ninguém, e completamente à vontade tirei o vestido, até reparar num ‘batalhão’ de japoneses que à distância me bombardeavam com fotos. Há cerca de dois anos exploravas a tua própria nudez assumindo-a nas imagens. Nesta nova leva de imagens revelas-te mais livre, como se tivesses descoberto que uma pessoa pode conquistar o mundo sozinha. Que mudança foi esta? esta mudança relaciona-se com uma fase de maturidade, como artista e ser humano. uma alusão ao desejo que tenho de uma sociedade mais verdadeira e sem aparentes subterfúgios.

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As performances mudaram de perspectiva com este novo rumo e tema de trabalho? Sim. Curiosamente a performance entrou na minha vida de mansinho, sem avisar. Nesta nova fase de performance pública ainda um pouco embrionária, exploro de forma mais profunda a relação que tenho com o meu corpo e com o corpo dos outros. além de que ser um prolongamento das imagens estáticas, incuto-lhes um movimento assumido. Planeias as sessões de fotos? Decides rapidamente para onde ir e improvisas ou organizas tudo com cuidado? é variável. poderão acontecer ambas as situações. talvez o improviso dê mais prazer porque me liberta mais. Colocaste uma frase de Henry Miller no teu space: "I have no money, no resources, no hopes. I am the happiest man alive." É assim que te sentes, a mulher mais feliz ao cimo da Terra? tenho tentado prolongar o mais possível o estado de despojamento material e emocional, apesar de não levado a extremos. e dado o estado económico do país, torna-se bastante fácil levar a cabo esta tarefa… acredito que a felicidade é despojada, esse é o segredo. por enquanto basta-me o pouco que tenho: o meu portátil, a minha Nikon e o meu peugeot.

WWW.LadoNabIoNICa.bLogSpot.Com


Real People

Mário Pardo Mário Pardo, primeiro base-jumper português, ficou conhecido pelo polémico salto de páraquedas da Ponte 25 de Abril num camião TIR em andamento. Este ano planeia bater o recorde de altitude sem oxigénio e subir uma parede vertical com aproximadamente 7,000m de altitude. Fomos encontrá-lo a descansar nas ilhas Fiji e pedimos que nos falasse do seu maior susto. texto: Cláudia santos

“o meu maior susto foi no caminho para um salto. aconteceu nos estados unidos, nas montanhas de rocha vermelha no estado do utah. era eu, o Leigh (inglês), o tarka (francês), o kevin e o tim (americanos). estávamos à procura do caminho para um "exit point", onde o kevin já tinha saltado uma vez, mas ele já não se lembrava bem e perdemo-nos. Levavamos simplesmente os sacos/ mochila com os pára-quedas lá dentro, e nenhum equipamento de escalada. o tarka é um montanhista e alpinista experientíssimo, nasceu e vive numa região dos alpes franceses, ia à frente e progredia com a facilidade que a experiência propicia. Iamos a progredir por uma parede rochosa cuja inclinação aos poucos e poucos foi aumentando e ganhando verticalidade. tudo ia ok, até sentir que a coisa se estava a complicar e disse ao Leigh, que vinha atrás de mim, para voltar para trás. ele recusou, insistindo que dava, já que o tarka também tinha passado. acabei por aceder até que cheguei a um ponto em que definitivamente não consegui avançar mais. a inclinação era muito acentuada e não havia, pelo menos para a minha experiência, lado nenhum onde pudesse pôr os dedos para me suster. Comecei a entrar em pânico, assim como o Leigh, já não conseguia andar nem para a frente e nem para trás. encostei-me o mais possível à parede, mas comecei a escorregar... olhei para baixo e eram cerca de 15/20m de altura até à plataforma mais próxima. parei de escorregar, porque o Leigh conseguiu colocar uma mão por debaixo do meu cotovelo oferecendo assim um pouco mais de sustentação. a determinada altura achei que "pronto, é desta, não há nada a fazer", e foi uma luta enorme dentro da minha cabeça... uma parte a querer desistir e a dizer " já foste", outra a não se querer render. em desespero gritei "tarka" e ficámos à espera, eu e o Leigh, porque os outros conseguiram voltar para trás... ele apareceu, e para mim parecia o homem aranha, ainda hoje não sei muito bem onde é que ele se agarrava. Chegou

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perto de mim, colocou o pé perto do meu e disse-me para pôr o meu em cima do dele. e assim fiz. Foi-me dizendo onde devia ir pondo uma mão e outra, um pé e outro, em apoios que eu não conseguia identificar, pequeníssimas rugas ou ligeiras ondas na parede, até que consegui o apoio suficiente para me suster sem ajuda, embora de forma altamente precária. Fez o mesmo com o Leigh, que estava numa posição ligeiramente melhor que eu, já que vinha atrás, e a seguir o tarka amarinhou um pouco mais para cima até um local onde existia mais apoio. primeiro foi a vez do Leigh, esticou o braço e agarrou o pé da perna do tarka esticada na sua direcção. Fiquei "sozinho", espalmado contra a parede a tentar manter a calma e a confiança de que ia sair dali. a seguir posicionou-se de forma a aproximar-se o máximo de mim. estiquei o braço, mas mesmo assim o seu pé estava a uns 30cm... perguntei-lhe se aguentava, porque mesmo assim o local e o apoio em que se encontrava era escasso. respondeu-me que sim... só tinha uma hipótese... quando largasse a ruga onde ainda me sustinha e desse o impulso para chegar ao seu pé, ou o agarrava ou já não conseguiria reposicionar as mãos para me suportar. estive uns momentos a ganhar coragem, não tinha alternativa, tinha de o fazer... enchi o peito de ar, acho que sustive a respiração e agi... consegui agarrar-lhe na biqueira e a partir dali amarinhei pela sua perna acima, depois a mão, até que por fim consegui evoluir para um lugar seguro. Não sei quantas vezes lhe agradeci e nessa noite adormeci a ver replays de tudo aquilo. aquele tipo salvou-me a vida, foram momentos de desespero e luta interior enormes. a seguir o salto foi canja, já só queria mesmo era sair dali para fora e saltar era para mim a forma mais fácil, apesar de tudo.”

WWW.marIopardo.Com


Real People

O FilhO BastardO Fashion designer, image creator, trend-setter e party-boy. Surpreende com as suas colecções arrojadas e inovadoras tanto para mulher como para homem. Recentemente instalado no Porto, ele é...(aplausos)...OFILHOBASTARDO! texto: Martin Kullik

Misturamos George Rousse com Ted Noten e obtemos..? Influências peculiares para desenvolvimento de peças de roupa. tridimensionais e geométricas. Smart dress! Porquê Preto&Branco? São não cores... portanto são pretensiosas, faz sentido com o conceito. e o público-alvo pede a renovação do que já foi super-explorado. 1.000.000 € ou uma Vida sem IVA? 1.000.000, ou achas que o bastardo paga IVa?! Social ou Anti-Social? Social de forma anti-social. Como é, para um jovem brasileiro, viver em Portugal? desde que continue a ter experiências de vida e movimento, vou gostar de estar em qualquer lado, e portugal tem me surpreendido nestas questões... Gostavas de elogiar alguém? os "awakening" do Iraque, mas já estou a trabalhar num elogio perfeito para eles. Estás apaixonado? Sim! Promoção, se faz favor: oFILhobaStardo, rua adolfo Casais monteiro 61, porto. roubem em vez de comprar! mas têm que ser bons a fazê-lo!

WWW.mySpaCe.Com/oFILhobaStardo

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english translation

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Real People

Baba Studio

Depois de praticamente ter esquecido a sua colecção de baralhos de tarot, Roger Winstanley deixou-se despertar por dois fabulosos exemplares produzidos no Baba Studio por Karen Mahony e Alex Ukolov. Estes autores conheceram‑se em Praga e alguns interesses em comum levaram-nos à produção de cartas particularmente interessantes. Algumas feitas de colagens digitais de gravuras antigas, outras de foto-montagens de fotografias do séc. XIX. Texto: Roger Winstanley — Ilustrações: Baba Studio

Em termos gráficos. O que faz um bom tarot? Alex Uma imagem forte que funcione emocionalmente para além do valor simbólico. Uma imagem que evoque sentimentos e não apenas uma reacção intelectual. A imagem deve ser bem concebida, bem executada conforme as estruturas padronizadas do tarot. Karen Acho a maioria dos tarots muito maus em termos gráficos. Há uma crença muito comum na cultura New Age de que a arte sem formação é mais pura e que o conteúdo transcende a execução. Ás vezes pode ser verdade, mas como toda a arte naif o ratio de qualidade é muito baixo em geral. Os baralhos de tarot de estilo naif não têm mais sofisticação espiritual do que os mais elaborados.

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No campo da arte, o que é que vos inspira? Alex Coisas bizarras e uma combinação de elementos acessíveis à primeira vista e outros que demoram a ser descobertos. Enquanto trabalhavámos no baralho «Victorian Romantic», fiquei seduzido pelos artistas realistas e pre-rafaelitas do séc XIX, como Leopold Schmutzler, H. Christie e Evelyn de Morgan. É um estilo fora de moda entre o meio artístico actual, mas que tem um grande apelo popular. Karen Pessoas que correm riscos e que não estão restritas ao desejo de ser cool. Adoro a ideia de Bruce Mau que “cool é um conservadorismo vestido de preto” . Também concordo com Grayson Perry (ceramista que ganhou um Turner Prize) que disse que na arte devemos “seguir o caminho de maior resistência”. Gosto de pessoas que mergulham entre o elitismo e o popular como Werner Herzog e Milos Forman. Adorei o facto que Miuccia Prada tivesse lançado uma colecção

onde predominavam fadas. É uma ruptura com o seu próprio estilo, mas poderia ser levada a um extremo mais desruptivo e excitante. Fadas menos boazinhas. Do que gostam em Praga? Alex Da mistura entre moderno e antigo. Podemos ver a história nas fadas e uma grande variedade de elementos decorativos, de maçanetas a chaminés. Há sempre coisas novas a reparar e Praga atrai uma multiplicidade de pessoas diferentes. Tivemos encontros surpreendentes, incluindo um descendente de Drácula. Parece possível que muitas artes e artistas possam coexistir sem se atropelarem. Karen A beleza física. Nunca me canso das cores, formas e texturas que invadem a cidade. Os sons também. Praga é a única cidade, que eu conheço, onde há um chilrear infinito que vem dos telhados do centro. Sinto-me em dívida com esta cidade porque conheci Alex aqui.


Acha que há mais interesse no tarot agora do que há 20 anos? Alex No Ocidente o ponto alto já passou, muitas editoras tiraram o tarot dos catálogos por falta de vendas. O ‘boom’ ficou muito associado a uma cultura pós‑hippie dos anos 70 e 80. Ainda há produção, cada vez menor, mas a maior acessibilidade tecnológica está a causar uma pequena explosão de pequenas editoras independentes que criam baralhos ás vezes muito curiosos. Isto dá uma nova vida ao tarot, tanto mais que no Leste ele está em alta. É na Ásia que ele cresce mais rapidamente. Neste continente já existia uma tradição de divinação e predestinação, e sempre que há um boom económico há maior tendência para incrementar aspectos da cultura ocidental. Enquanto o tarot japonês geralmente deriva da cultura Manga e da indústria de bonecos, (que na verdade não são bem um tarot tradicional), na China aparecem baralhos impressionantes. Aposto que no Oriente vão aparecer os baralhos mais interessantes dos próximos 20 anos. 14

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Dos tarots mais tradicionais, existe algum que considerem mais sofisticado e inovador? Alex Cada época tem tarots que definem o seu tempo. Os mais óbvios são os psicadélicos, Nouveau Deco dos anos 60 como o «Aquarian» e o «Linweave» e também os baralhos que surgiram do movimento feminista no Ocidente, como os «Amazonian» ou «Shining Woman». Entre os clássicos, há «the Thoth» de Aleister Crowley, criado por um sistema oculto muito complexo. Mas não acho que as pessoas que gostam de tarot procurem sofisticação. Querem cartas que falem e com as quais se identifiquem.

Próximos projectos? Karen Embora goste muito de tarot, é provável que venhamos a fazer muito menos. Pretendemos fazer um baralho de oráculo chamado «See of Logos», que vai ser muito maldoso, concebido por Rachael Pollack. Promete ser 100% exacto. Cada um determina o que a exactidão pode significar. Além disso, estamos a fazer uma primeira animação, uma história bizarra baseada no nosso baralho «Bohemian Cats». Estamos a criar uma linha de joalheria profundamente decorada a que chamamos Art Bricolage. Temos uma grande formação no tarot e queremos usá-la entrando noutros meios.

www.magic-realist.com


Real People

annika Berger Annika Berger é um novo nome na moda. Vive entre a cidade e o campo, a 90 km de Gutemburgo, na Suécia, tem 32 anos e a sua natureza urbana motiva a forma como trabalha as colecções. A sua força conquistou o júri do +46 Award pela visão global que tem da moda, arte e impacto sensorial provocado pela imagem em movimento. Berger recebeu o prémio de criação de moda escandinava no passado mês de Fevereiro. texto: sofia Fortunato

Tens planos para a tua marca, Skyward? Sim, tenho. Vou deixá-la crescer lentamente mas quero fazer somente aquilo que me inspira no momento. pode até nem ser sobre roupa. a Skyward estará ligada, definitivamente, a outras áreas também. Não produziste sozinha o trabalho para o +46 Award, os teus parceiros também eram muito criativos. Apresentaram uma incrível instalação de roupa. Como combinaram tão bem as ideias? Sandberg & timonen foram os comissários da exposição. tinhalhes enviado fotos e explicado a ideia da colecção. Começámos a colaborar por email e telephone porque na altura estava de férias em Nova Iorque. acharam que a colecção resultaria melhor no formato de exposição do que na passarela, então contactaram peter geschwind, um artista impressionante. o resultado final da instalação foi ainda melhor do que eu imaginava, foi como entrar no mundo Skyward. O que motivou a tua colecção? essa colecção teve como alavanca os movimentos e as cores do céu.

As tuas criações são bastante urbanas e agressivas. Como se relacionam com a tua natureza? Sim, inspiro-me muito no urbano. os opostos atraem-se. tento fazê-las diferentes de forma a que combinem com elementos da Natureza. podem ser pequenos detalhes ou estampagens. Como fizeste a escolha das lojas e países que receberam a tua colecção? escolhi uma loja em de Londres que me pareceu a melhor no momento do lançamento da minha colecção primavera 2006, que também foi exposta numa galeria em tóquio. aqui encontrei lojas óptimas e um agente fantástico. mais tarde comecei a ser contactada por lojas de grande qualidade noutras grandes cidades. mas também podem comprar a minha roupa através do meu site. Planeias criar outras marcas além da Skyward? gostava muito. era bom que os dias tivessem mais horas. gostaria especialmente de fazer parcerias noutras áreas criativas. O que podemos esperar para a próxima estação? estou a inspirar-me nos pescadores da minha vizinhança.

WWW.SkyWard.Se

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Concrete City fotografia de Pedro Janeiro styling Conforto Moderno

ténis FRED PERRY, sapato com atacadores U-Roads, cinto H&M, carteira PEPE JEANS, gravata GANT

sapato com tacão alto H&M, ténis S**R, óculos DIOR e ARMANI, garrafa de água NIKE PARQ

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WOOD CITY fotografia de Pedro Janeiro styling Conforto Moderno

sandália Wooden Shoe DIESEL, sandália HUGO BOSS, necessaire PUMA, Agenda chinesa vintage

telemóvel SONY ERICSSON, óculos Stella McCartney, três centros de mesa SHOWROOM-FINLAND na Arte Assinada PARQ

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Must Stay

fontana park hotel Texto: Francisco Vaz Fernandes Recuperando a antiga Vila Almeida, em Picoas, o Fontana Park Hotell – projecto de Francisco Aires Mateus – é o primeiro em Lisboa a ter a designação de Design Hotel. A memória do antigo edifício, em parte ocupado pela antiga empresa Metalúrgica Lisbonense é essencialmente mantida no vasto espaço térreo que preserva a estrutura metálica, agora pintada de branco. Hoje, este vasto espaço é preenchido pelo hall e recepção do hotel, que vão desembocar num bar e num jardim interior, vindo do aproveitamento do logradouro da vila. O hotel, com 139 quartos e duas suites, oferece um espaço marcado por linhas minimais, tonalidades definidas e contrastantes. Os tons negros e brancos são aqui coados por um interessante trabalho sobre a intensidade e a variação da luz em todo o espaço interior. Vários volumes arquitectónicos e espaços são limitados a partir desses contrastes. É o caso de um dos dois restaurantes do hotel, o Saldanha Mar, mais virado para o exterior, dominado pela cor branca e pela forte luminosidade em contraste com os restantes espaços. Virado para o seu interior, o hotel é marcado por um tom de penumbra que dá gravidade a todo o ambiente. A decoração, preenchida na totalidade por peças de design contemporâneo acompanha o tom solene, sem ser demasiado pretensiosa. Há uma certa influência Zen nas opções, seguindo a linha de muitos outros hotéis internacionais, aqui interpretada pelo uso de matérias naturais ou simuladas em cor escura, pontualmente cortada pela cor natural. São particularmente felizes as caixas de luz que marcam os espaços intermédios da zona térrea. O Fontana Park, junto do centro de negócios de Lisboa, como é anunciado, prevê-se que tenha sido pensado para homens de negócios, daí que possa oferecer 9 salas de conferência com capacidade até 400 pessoas. Por concluir estão as obras do terraço, com jardim e bar-esplanada, que promete uma excelente vista sobre Lisboa.

Rua Engenheiro Vieira da Silva, 2 – Lisboa

www.fontanapark-hotel.com

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2 Must Visit

designed in china Texto: Francisco Vaz Fernandes

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A exposiçãoChina Design Now no Victoria&Albert Museum e m Londres,seráa primeira grande exposição noocidentesobreo novo design da China. Ve m dar uma nova visão do pa síarticulandoo impacto queorápido crescimento econó mico teve e máreas como a arquitectura,o design, a moda, fotografia, cine ma e cultura digital. Prevê-se queseja a grande exposição da te mporada, pela curiosidade e desconfiança queo Ocidente se mpre de monstrou pela China e vice‑versa. A mostra est áorganizada e m torno do desenvolvimento de trsê grandes cidades, Pequim, Shangai e Shenzhen, mostrando contextos culturais e econó micos próprios, que no conjunto dão uma image m completa do novo design e da cultura de consumo da China nos últimos 25 anos. São apresentados ári vos casos de estudo desucesso, alguns delessobejamente conhecidos no ocidente, comoo de Yue-SaiKan que lanoçu uma das primeiras linhas de cosmética,ou Wong Kar Wai, realizador responsável peloresurgimento de um certo glamour de Shangai explorado a partir da nostalgia doseu passado. Os destaques vão para as grandes transformações arquitectónicas e m Pequim, noâmbito dos jogos olímpicos. O est ádioolímpico de Herzog & de Neuron,o centro de

informação de Zhu Pei,o edifício da China Central Television de Re m Koolhaus eo novo aeroporto da cidade de Norman Forster,são alguns exe mplos. Outro ite m curiosoéo crescimento dosegmento de luxo, ájconsideradoosegundo maior no continente asiático aseguir ao Japão. A curadora, Lauren Parker considera que esta exposiçãoé de grande pertinência no momento, ájque, comorefere no cat álogo “capta um momento extraordinário no design chinsêque acompanha ofenó meno do crescimento da sociedade de consumo chinesa”. Háactual mente, na China, um verdadeirofrenesi por uma cultura de design que nos vai fazer falar mais frequente mente de “Designed in China” deposi de décadas a falar do“Made in China”.

China Design Now, Victoria&Albert Museum, Londres, de 15 de Março a 13 de Julho.

www.vam.ac.uk

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Must Test Drive

revivalismos — fiat500 Texto: Maria Fernandes Vi-o pela primeira vez e ali morri de amores, exposto no Chiado, dentro de uma caixa, a imitar uma miniatura. Compacto e moderno por fora, por dentro leva-nos ao passado com as suas linhas a fazer lembrar os anos 50. Meio século de história é o que se pode encontrar quando se olha para o novo Fiat 500, também conhecido por Cinquecento, ou Topolino (ratinho) para os amigos.

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Com o Cinquecento, a Fiat junta-se ao revivalismo iniciado por marcas como a Volkswagen, com o novo Beetle, ou a BMW com o Mini, numa tendência que parece ter vindo para ficar. E, notada a evidência do dito movimento, a pergunta é: para quando os novos Renault 4L e Citroën 2CV? Afinal, do meu imaginário infantil só ficam a restar estes míticos gigantes do passado que, não tendo tido o privilégio de “passear” neles, pude espreitá-los através do pequeno ou grande ecrã. Aliás foi aí que, entre risos, vi Jacques Tati, do alto do seu tamanho, curvado ao volante de uma Renault 4L ou

Must Read

Quem domina? Texto: Carla Isidoro contorcendo-se para achar a saída de um pequeno Fiat 500. Eleito carro do ano 2008, segundo parâmetros de avaliação como o design, o conforto, a segurança, a performance e o respeito pelo ambiente, o Cinquecento tem arrasado por onde passa, sendo mesmo culpado de verdadeiras febres de vendas em todos os mercados onde já foi lançado. Resta saber se o mesmo vai acontecer em terras lusas.

www.fiat500pt.com

Pieter Hugo alcançou um estatuto quase intocável no meio fotográfico ligado à reportagem e ao retrato. As fotos feitas a albinos da África do Sul ou as que tirou na Nigéria em 2005 e 2007 são as que mais marcaram o seu percurso, já representado em exposições no nosso país. Recentemente lançou o livro de «The Hyena & Other Men», uma ode aos nigerianos e suas hienas de estimação. Esta terceira monografia de Hugo imortaliza a investigação que desenvolveu durante dois períodos de tempo entre os ‘Gadawan Kura', ou guardiães de hienas, como são conhecidos na

língua Huasa. Trata-se de homens que vêem na hiena uma propriedade, fonte de rendimento e veículo de reconhecimento social. Pela sua natureza selvagem e agressiva, este animal confere um determinado estatuto à pessoa que a domina, ao mesmo tempo que é usado para entretenimento nas ruas de Lagos e de outras cidades nigerianas. Através destas fotos percebe-se a relação entre o dominador e a fera, relação pela qual Hugo ficou manifestamente atraído: um misto inesperado (e quase insuportável de aceitar) entre dócil e selvagem, poder e submissão, repulsa e atracção. Estes homens são vistos pela população como traficantes e criminosos, e fazem-se manchetes nos jornais nacionais com as suas imagens. Desfilam em plena luz do dia em Lagos, a capital, enquanto vendem medicamentos tradicionais e acumulam rendimentos fazendo

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números artísticos com os bichos. Marcam a imagem das cidades, causam medo e simultaneamente bastante impacto. Os retratos que Pieter Hugo fez (viajou com o grupo durante uma semana e regressou dois anos mais tarde para reforçar a relação e tirar uma segunda colecção de fotos), colocam estes homens num patamar de figuras invencíveis e intocáveis, de super-heróis. A hiena ganha um novo estatuto, o de animal domesticável, submisso e impotente. Nada do que lhe conhecemos. www.pieterhugo.com www.amazon.co.uk

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5 Must Check Out

Sony Ericsson Xperia™ X1 Texto: Valdemar Lamego O novo telemóvel da Sony foi uma das sensações na feira Mobile World Congress em Barcelona. A marca não quis deixar de dar o seu toque pessoal no interface, para ficar mais competitivo em relação ao iPhone, criando um painel customizado e adequado à navegação pela ponta dos dedos. Este modelo é dominado por um touchscreen com aproximadamente 8cm, 65536 cores, e uma resolução de 480x800 pixel, perfeito para navegação na internet e vídeos. Com esta resolução torna-se num grande rival do Nokia E90, com a vantagem do touchscreen. Tem teclado QWERTY ergonómico e câmara de 3.2megapixel com autofocus e flash, capaz de gravar filmes com resolução VGA e 30fps (frames por segundo). Adequa-se bem a quem viaja pelos 4 cantos mundo, é um telemóvel quad-band GSM e tri‑band UMTS, que também suporta GPRS, EDGE, HSDPA, HSUPA e conectividade através de WiFi e Bluetooth Stereo. Resumidamente, o Xperia X1 tem uma ligação à

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Must Wear

ska nevasse! Texto: Sofia Saunders internet rápida, cerca de 5.7Mbps, quer através dos vários hotspots ou da rede celular. Ainda inclui aGPS (advanced GPS), que poderá ser usado com uma aplicação de navegação por satélite. Através do Windows Mobile suporta email e RSS feed. A Sony não quis deixar de ainda dar o seu toque pessoal no interface — e claro está para ficar mais competitivo em relação ao iPhone —, criando um painel customizado e adequado à navegação pela ponta dos dedos. Outra característica é a possibilidade de aumentar a sua capacidade de armazenamento interna de 400Mb com mais um cartão microSD.

www.sonyericsson.com/x1

A Fred Perry SS08 apresenta uma colecção marcada por uma releitura do Look Ska ao qual a marca esteve ligada nos anos 80. Camisas aos quadrados com combinações de cores básicas ou surpreendentes, as gravatas finas, os punhos e elásticos dos pólos ou pullovers em V têm por vezes cores fortes ou contrastantes. Esta é uma herança da parceria com a Comme des Garçons, à qual Fred Perry esteve associado. Gostamos especialmente de alguns polos e camisas com golas muito baixas, e também dos sacos. Fred Perry é uma das marcas inglesas com mais tradição, nasceu na área do desporto e do lazer, mas nos anos 60 o seu pólo em piquê com o ramo de louros seria adoptado simbolicamente pelos Mods em Londres. Desde essa altura que a marca esteve associada a

movimentos juvenis da contracultura inglesa. O ressurgimento da marca, especialmente nos últimos cinco anos, fez-se à boleia do movimento revivalista, mas também devido a uma política inteligente de edições limitadas nascidas de colaborações com designers. Depois de Emma Cook, uma jovem estilista inglesa que conseguiu que o segmento feminino passasse a olhar para a Fred Perry, anuncia-se actualmente a muito esperada colaboração com Ralf Simmons. Teremos que aguardar pelo próximo Verão, esperando que as edições limitadas possam também aparecer em Portugal. Caso contrário, a internet vai ajudar.

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www.fredperry.com

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8 Must Have

Must Have

Must See

Se a street art está nos grafittis, stencils, cartazes e stickers das ruas, também está nas roupas. Na moda a sua intervenção pode ser muito maior do que o lugar-comum das t-shirts. Na sua segunda parceria com a Fantomass, a Carhartt apresenta uma colecção de hoodies que servem de tela ao trabalho de cinco reconhecidos artistas: akroe, andy howell, Superdeux, Will barras e Jonone. este último, crescido no harlem e radicado em França, condensa toda a herança visual das grandes cidades num frenesi de cores e caos equilibrado, pelo que vale a pena espreitar o casaco, de edição limitada. todos os 200 exemplares da linha we love limited edition 2 surgem em preto, possuem certificado de autenticidade e são apresentados numa embalagem especial, que também pode ser utilizada como moldura.

Corria o ano de 1985 quando a Nike, uma marca desportiva na estética e filosofia, fez nascer deste ethos um ténis que se tornaria um ícone da cultura pop dos anos 90: o dunk. agora, faz-nos viajar no tempo e lança o dunk Vintage. é tão fiel às suas raízes que, graças a um processo de envelhecimento, parece saído de um túnel do tempo. este modelo foi sinónimo de identidade para muitas tribos urbanas e desenhado para equipas de basquetebol universitário. Nesta primavera surgem o Nike dunk Core, o Nike dunk premium, o Nike dunk Supreme, o dunkesto, além do Nike dunk W's Spring 08 (em camurça e cores femininas). descubram mais sobre a história deste ténis no website da marca, onde se encontram várias curiosidades.

a Fábrica Features, no quarto andar da benetton do Chiado, apresenta pela primeira vez 1000 desenhos de pandora Complexa, um projecto colectivo de Júlio dolbeth e rui Vitorino dos Santos. Começou por ser um blogue, com o nome It was Corina, para mais tarde chamar-se pandora por ser facilmente interpretado em vários idiomas. a pandora Complexa instalou-se na vida dos artistas ao publicarem um desenho por dia e duas visões diferentes do estilo de vida dessa figura feminina. tornou-se uma referência.

WWW.Carhartt-StreetWear.Com

WWW.NIke.Com/NIkeduNk

street art para vestir texto: Cristina Parga Must Have

“Jean-ius” make up texto: Cristina Parga Nas ruas ou nas passerelles, cowboy, punk, ou alta-costura, os jeans são sinónimo de diversidade,um clássico que vestiu os anseios e devaneios de diversas gerações. Inspirada neste tecido camaleão, a givenchy lança a nova linha de maquilhagem denim Fetiche, saindo dos tons rosáceos e florais típicos da estação para inaugurar uma primavera de cores intensas, frias e sensuais. assim como a ganga, esta colecção de edição limitada é a base para construir toda a fantasia do momento. use a palete black denim para um sofisticado look nocturno, e experimente usar e abusar de Indigo denim durante o dia. WWW.gIVeNChy.Com

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dunk vintage texto: Cristina Parga

pandora complexa texto: Cristina Parga

Must Have Must Have

indian holi texto: Cristina Parga No primeiro dia de lua cheia do mês de phalguna (março), a Índia veste-se de cores celebrando a chegada da primavera. o Festival holi une diferentes castas que esquecem as suas diferenças unindo-se entre pós e chuvas coloridas. a festa serve de inspiração para a primeira edição limitada da fragrância kenzoamour, que ganha nuances quentes, sensuais e envolventes como a Índia. o perfume tem como notas de saída o vapor de arroz e incenso, e algumas flores de cerejeira avivadas pela flor de frangipânia. Numa caixa única de série limitada, o frasco é acompanhado pelo livro «Indian holi», da fotógrafa Véronique durruty.

pocket spray texto: sofia saunders Viktor & rolf não deixam de surpreender com as propostas refinadas que colocam no mercado. a beleza é um sector que os cativa e como tal focaram atenções na produção de um mini-perfume, o Flower bomb purse Spray. trata-se de um frasquinho delicado com 15 ml de notas floradas, onde se revive a imagem das miniaturas de perfume que as senhoras da alta burocracia usavam nas suas bolsas em qualquer ocasião. Viktor & rolf trazem de novo essa possibilidade, marcando o dia-a-dia citadino com de ter à mão. um perfume pocket.

FÁbriCa Features, ChiaDo- lisboa exposição De 1000 originais panDora CoMplexa + lançaMento Do liVro até 30 De Março

paNdoraCompLexa.bLogSpot.Com

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— 30 anos de rodas de aço

Texto: Rui Miguel Abreu Fotos: «Yes Yes Y'all – Oral History of Hip-Hop's First Decade»

O aniversário de um gira-discos é mais importante do que se possa pensar. Nas três décadas em que o Technics SL-1200MK2 tem estado activo, o mundo mudou um pouco por sua causa. O Hip Hop e o culto crescente do dj como super-estrela devem tudo a estas rodas de aço que a partir do Japão tomaram conta do mundo. Numa época de gadgets cada vez mais fantásticos – no sentido George Lucas do termo – e do desaparecimento da música do terreno do palpável, é admirável perceber que uma invenção com três décadas continua, teimosamente, a ser ferramenta talhada para a descoberta e a invenção. Foi há 30 anos que Matsushita, fabricante japonês da marca Technics, colocou no mercado o modelo SL-1200MK2 que, ainda hoje, é usado por Dj’s de todo o mundo. A série 1200 da Technics está no mercado desde 1972 e por isso equipou muitas das cabines de Nova Iorque fundamentais na construção da arquitectura Disco Sound que dominaria boa parte dessa década. Mas só em 1978 é que surgiu no mercado o modelo que ainda hoje serve de base à versão mais comum, a 1210. A Technics introduziu poucas alterações no seu gira-discos desde 1978, sendo sobretudo sensível a pequenas modificações sugeridas pelo próprio uso que os Dj’s lhe davam. As rodas de aço, ou ‘steel wheels’ como Grandmaster Flash lhes chamou, são, na verdade, o pilar técnico de uma revolução. Meros 15 anos após o aparecimento dos Beatles, no Bronx nasceu outro tipo de culto: nos bairros sociais de uma das mais devastadas zonas da cidade de Nova Iorque, multidões reuniam-se para observar não um grupo de rapazes com guitarras, baixos e baterias, mas pioneiros como Afrika Bambaataa e Jazzy Jay, Kool Herc, Grandmaster Flash e Grandwizard Theodore, DJ Hollywood, DJ Breakout e outras lendas que mesmo dispensando instrumentação convencional conseguiam concentrar em si as atenções como verdadeiras estrelas. 32

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Nesta altura o Hip Hop começava a impor os seus códigos, mas a partir de Manhattan outro tipo de revolução já estava em marcha e o Dj, como xamã, capaz de conjurar espíritos e manipular emoções pela forma como sequenciava os seus discos, começava a adivinhar-se. Em locais como o Gallery ou o mítico Studio 54 as pessoas reuniam-se em torno de um tipo, muitas vezes italiano, para dançar e estilhaçar convenções arcaicas de identidade sexual e social. No virar da década, o poder e alcance do Dj era uma realidade incontornável e nomes como o de Larry Levan ecoavam como se de semi-deuses se tratassem. Entretanto, em Chicago e Detroit desenhavam-se outras revoluções tendo igualmente o Technics 1200 como principal ferramenta. O House e o Techno nasceram, ambos, a partir das explorações de DJ’s como Frankie Knuckles, Ron Hardy ou Electrifying Mojo que em clubes ou na rádio apontavam a direcção pela forma com que usavam os seus gira-discos: mais do que meras ferramentas, os pratos onde se colocava o vinil eram extensões da própria personalidade dos Dj’s. As bases para uma nova ordem, que se tornou evidente depois da explosão da cultura de clubes no arranque dos anos 90, estavam lançadas e o Dj como super-estrela tornou-se realidade. Obviamente muitos dos grandes nomes que hoje fazem o circuito mundial de super‑clubes, funcionando como uma espécie de jet-set do mundo dos Djs, há muito dispensaram o vinil como suporte principal da música que tocam. Mas graças a novas tecnologias como o Serato, mesmo armados com laptops esses

Djs continuam a utilizar o gira‑discos como interface principal para a sua própria relação com a música: podem ter eliminado essa incurável fonte de problemas para a coluna que são as toneladas de vinil que tinham de carregar para os clubes, mas não dispensaram as rodas de aço que permitiam a manipulação da música. Claro que para a comunidade mundial de gira-disquistas o Technics SL-1200MK2 continua a ser uma referência. Estes guerreiros que nasceram do Hip Hop, transformaram o gira‑discos num autêntico instrumento levando a que DJs passassem a ser vistos na companhia de músicos “convencionais”: desde que Herbie Hancock recrutou Grandmixer DST para «Rockit», que uma nova tribo emergiu e passou a realizar calculadas experiências de manipulação de tempo e espaço a partir dos Technics. Por causa disso, algures no virar desta década anunciou-se que no Japão a venda de gira-discos tinha ultrapassado a das guitarras eléctricas. Ser Dj passou, pelo menos durante um certo período, a ser um objectivo mais desejado do que ser o novo Van Halen ou Slash. Hoje, são várias as marcas – Vestax, Gemini, Numark, Stanton… – a competir no mercado que a Technics inventou sozinha. E os novos modelos de gira-discos que continuam a surgir no mercado, todos os anos, funcionam como monumento à longevidade de um pedaço de tecnologia que de facto revolucionou o mundo da música.

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onra

—good wax hunting Texto: Mário Nascimento

Em 2006, Onra fez parceria com outro produtor (Quetzal, também baseado em Paris) e lançaram «Tribute», descrito simplesmente como uma homenagem à soul dos anos 60/70 através do hip-hop. Quem ouviu aquele conjunto de velhos clássicos estraçalhados e recompostos como se não pertencessem a outro lugar que não àquele, não pôde deixar de reconhecer a influência de J Dilla, grande produtor de hip-hop e muito associado ao surgimento da nu-soul; aliás, Dilla é uma influência que Onra não só não enjeita como até se orgulha de ter. E mesmo sem querer, «Tribute» pode também ser visto como homenagem ao produtor, que morreu na altura em que se preparava o disco de Onra & Quetzal. Já em 2007, Byron, um jovem do Alabama e amador das mesmas artes, manda um mail a Onra. ‘Great minds think alike’ e, em poucos meses e muitos mails, outra parceria dava os seus frutos: «The Big Payback», por Byron & Onra (& mais alguns convidados), com o primeiro a assegurar as partes mais melódicas e o último a fazer os beats e os padrões rítmicos. Esta segunda edição começou a chamar a atenção de alguns ouvidos mais influentes, como Jay Scarlett, uma espécie de Gilles Peterson americano, e o resto da comunidade da subcultura – se isto faz algum sentido – começou a falar mais de Byron e Onra. Que, até hoje, ainda não se conhecem pessoalmente.

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Onra é um jovem Dj/ produtor de 26 anos, francês de cultura, mas vietnamita de sangue. Como outros 200 milhões de pessoas, tem uma página no MySpace onde mostra ao mundo os seus dotes de beatmaker. Enquanto em 2006, Lily Allen e os Arctic Monkeys foram os emblemas mais mediáticos e bestselling desta plataforma online, Onra tem feito um percurso mais discreto, espaçado, mas não por isso menos interessante e digno de atenção.

Montados então os alicerces desta espécie de rampa de lançamento para algum sitio, Onra lança finalmente, a solo, algo digno de mais que apenas alguns MySpace Friends. «Chinoiseries», chinesices, é um exemplo extremo de cratedigging, se quisermos. Foi de férias ao Vietname, à procura de raízes... e vinis. Estes foram mais difíceis de encontrar mas, depois de se perder pelas ruelas de Saigão, um taxista lá o orientou na direcção de uma pequena loja. Uma pequena grande loja, diria Onra. Aí se abasteceu e trouxe consigo cerca de 30 discos. O found sound levado à letra. Já de volta a Paris, pôs as suas mãos de tesoura em acção e o resultado, «Chinoiseries», são 32 faixas feitas exclusivamente a partir de vinil de outras eras. Já agora, só uma das faixas se aproxima dos três minutos, mas atenção e justiça seja feita aos praticantes, falamos de beatmaking e não de songwriting.

Com uma qualidade que não destoaria do catálogo da família Stones Throw (cf. Beat Konductas de Madlib ou os Oxperiments do seu mano Oh No), «Chinoiseries leva os nossos ouvidos mais ocidentalizados para uma cena vintage de Wong Kar‑Wai, com fato, gravata e fumo de cigarro, para, dois minutos depois, nos atirar para o meio de uma cena de kung-fu, onde temos vestido um fato de treino amarelo. Tendo estas referências pop como pano de fundo, Onra constrói uns beats muito hip, funky e com muita, muita classe. Faixas como «The Anthem», «War» e «I Wanna Go Back» colidem e coabitam com «Apocalypse Now», «Welcome To Viet Nam» e «Where’s My Longan?», da mesma forma que o kitsch do povo se faz cool das elites. Não sabemos se os avós de Onra reconheceriam neste disco as suas melodias de sempre, mas de certeza que ficariam orgulhosos do neto. Nem que seja por os lucros da venda do disco reverterem a favor de “La Goutte d’Eau”, uma associação de solidariedade que visa providenciar cuidados de saúde básicos ao povo vietnamita. É uma obra, minha gente. Ouçam-na em e agarrem‑na num dos dealers disponíveis.

www. myspace.com/onra

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riding pânico Texto: Pedro Figueiredo – Foto: Paulo Segadães

«Lady Cobra», por estes dias editado, marca a estreia dos Riding Pânico, sete músicos de Lisboa unidos por um passado ligado, na maior parte dos casos, a movimentos mais pesados. A sonoridade da banda – que cruza elementos de If Lucy Fell ou Men Eater – deve mais ao pós-rock atmosférico do que ao hardcore ou ao metal, mas nem por isso as canções são menos intensas.

Anúncios em jornais. Colegas de escola. Amigos em comum. Normalmente, estes são os três métodos tradicionais na formação de uma banda. Com os Riding Pânico, contudo, a história foi diferente. A formação da banda remonta a um local, os Black Sheep Studios, em Mem Martins, perto de Sintra, epicentro de um movimento recente de jovens músicos provenientes do hardcore e que se manifestam hoje, no mercado editorial, através de bandas como os mais mediáticos Linda Martini, os pesados Men Eater ou os intempestivos If Lucy Fell. Na verdade, esta congregação de amigos com intuitos musicais comuns é um dos mais estimulantes pilares da nova música feita actualmente em Portugal, na vanguarda daquilo que é feito também, por exemplo, na editora Flor Caveira (‘casa’ de gente como Os Pontos Negros, Os Lacraus e Tiago Guillul) ou na netlabel Merzbau, de Tiago Sousa, que alberga nomes como Walter Benjamin, Osso ou PCF Moya. Quando questionados sobre as motivações comuns entre todos, a resposta dos membros das diferentes bandas ligadas aos Black Sheep Studios é comum: «a música». Razão tinha Madonna, aparentemente, quando cantava que “Music makes the people come together”. Papel não menos fundamental para a concretização de feliz encontro são os próprios Black Sheep Studios, em Mem Martins, que está um pouco para toda este gente como a Factory de Andy Warhol estava para o movimento pop nos anos 60.

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Os Riding Pânico, que se estreiam agora em álbum com «Lady Cobra» (editado pela Raging Planet), surgiram, está bem de ver, no seio dos Black Sheep Studios. São formados por sete músicos, alguns dos quais acumulam presença noutros colectivos deste movimento pós-hardcore – mesmo que com outra função. Quem diria, por exemplo, que Makoto Yagyu, o quase insano vocalista dos If Lucy Fell, fosse também o baixista dos Riding Pânico? As boas pistas agora concretizadas em «Lady Cobra» surgiram nos primeiros meses de 2007. «Riding Pânico EP», de então, concretizava em três faixas toda uma série de virtudes. Mesmo com um tratamento a nível de produção distante dos patamares do álbum agora editado, «I See Nineteen» e, especialmente, «Streetwalkers», davam já motivo de satisfação aos adeptos de sonoridades mais atmosféricas dentro do cenário do pós-rock instrumental. «I See Nineteen» acabou mesmo por aparecer na compilação «Novos Talentos Fnac 2007», lado a lado com promessas como Rita Redshoes, Lobster ou Macacos do Chinês.

Colossos internacionais do género como Pelican ou Red Sparowes são referência relativamente notória, não tanto nas linhas musicais por si mesmas, mas num todo conceptual que se repercute, num rock elegante sem nunca soar a pretensioso, sofisticado sem cair em redundantes virtuosismos. A sonoridade dos Riding Pânico é etérea, mas com os pés relativamente assentes no chão: «Lady Cobra» é um disco estruturalmente bem arquitectado e sonicamente irrepreensível. A sonoridade é violenta, mas seduz-nos pela beleza; é neste jogo de contrastes que reside boa parte das virtudes do registo, tanto capaz de nos encostar à parede pela sonoridade no limite, como passível de nos encantar pelas suas subtilezas não imediatamente descortináveis. No fundo, tudo isto é a confirmação, na prática, de todas as expectativas levantadas pelos atentos melómanos da nossa praça nos últimos tempos perante o colectivo. Depois do lançamento, a banda parte em breve para a estrada em suporte de palco ao primeiro longa duração. Assim sendo, a 28 os Riding Pânico actuam no Alfa Bar, em Leiria. A 3 de Abril é a vez do Musicbox, em Lisboa, acolher «Lady Cobra» ao vivo, estando também agendadas datas para Braga e Portalegre nesse mês. “E se a bela for o monstro”, perguntam os Riding Pânico numa das faixas do disco. Se a bela for o monstro, arriscamos nós, soará tão candidamente bela e complexa como soa «Lady Cobra» – e isso só pode ser bom, muito bom.

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Viewpoint

Andrea Robbins Max Becher

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Texto: Francisco Vaz Fernandes

Na série «German Indians» os fotógrafos Andrea Robbins e Max Becher documentam o festival anual Karl May, em Radebeul, na Alemanha. O evento revela um inusitado fascino dos alemães pelo nativo americano que, segundo o casal, tem raízes profundas no país. Não é uma simples questão de romantismo de um passado pré‑industrial e fascínio pelo imaginário dos westerns. Fundamentam-se no legado do escritor Karl May, que escreveu sobre o faroeste americano onde os brancos tinham o papel de vilãos, ao contrário dos índios. Tinha uma perspectiva progressista e anticolonial, mais tarde apropriada pela ideologia nazi anti-americana que considerava os índios como nobres selvagens vítimas do mundo moderno. A perspectiva foi seguida pela Alemanha de leste depois da 2ª GG, onde se formaram clubes de fãs (tal como o Karl May Festival) com indivíduos vestidos à índio que celebravam o anti-imperialismo americano. Este festival sobrevive da simpatia com que se olham as comunidades étnicas na Alemanha. Andrea Robbins e Max Becher fotografaram com um certo pendor antropológico, o ‘deslocamento’ de lugares que em parte são resultantes do legado da escravidão, colonialismo, holocausto, imigração e turismo. Cada série implica um verdadeiro trabalho de campo. Passaram semanas dentro das comunidades para as compreenderem inteiramente. Entrevistavam, participavam nos rituais e costumes, e fotografavam.Havia uma cumplicidade plena que permitia os objectos de estudo deixarem-se representar como desejavam. Ao verem a identidade como uma coisa mutável e condicional, estes retratos relembram que sermos quem somos é tanto uma questão de escolha como de circunstância.

www.robbinsbecher.com

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Grande Entrevista

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Texto: Carla Carbone & Francisco Vaz Fernandes Foto: Hugo Silva

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O designer checo Maxim Velcovsky, de olhar brilhante, próprio de quem tem trinta e um anos, conversa curiosamente com Carla Carbone e Francisco Vaz Fernandes no Largo do Carmo. Apanharam-no durante o evento Inspired Lisbon, para o qual foi convidado, e durante o encontro falou com entusiasmo da tão esperada revolução nova.

Por várias vezes refere, em entrevistas, o legado comunista. De que forma esse período o influenciou? Por volta de 1989 eu era apenas um adolescente que gostava muito de ler e escrever. Vivi intensamente as mudanças da época. Estava a crescer no seio de uma geração formatada pelo sistema comunista, por outro lado, testemunhava as mudanças que se geravam com o fim desse regime e com a passagem para uma sociedade de consumo. Tudo entrou em colapso de um dia para o outro. Eu e os meus amigos fazíamos colecções de latas de Coca Cola, expostas com orgulho nas estantes das salas-de-estar e sonhávamos com todas as coisas que era possível comprar nas lojas. Queríamos beber Coca Cola, comer hamburguers, e saudávamos o aparecimento dos símbolos, dos logótipos e marcas porque eram um sintoma da nova revolução. Foi uma grande mudança socio-política, afectou as pessoas, o próprio design, os valores familiares, a vida social e a vida política. Vemos no meu trabalho aspectos que comparam os dois sistemas. Por exemplo, uma das minhas séries de objectos baseia-se em formas de fast food, o estilo de vida fast da minha geração, que chegou em oitenta. As pessoas começaram a comer em recipientes de plástico, por exemplo, o spaguetti e as massas chinesas. Deixámos consequentemente de usar copos, bebemos directamente da garrafa, tal como estou a fazer agora. Com esse projecto queria criar uma mesa fast para a nova geração fast. De uma certa forma, o meu trabalho não se refere tanto ao comunismo, mas ao que veio a seguir. Foca as boas sensações a respeito dos novos materiais disponíveis.

Várias vezes diz, sobre o seu trabalho, que a função segue a forma. Tem isto alguma coisa a ver com o facto do design checo ter sido associado ao princípio racional, funcional, de forte influência da Bauhaus? Não (risos). Geralmente não digo isso, apenas usei esse cliché que ficou imortalizado por O’Sullivan quando estava a falar sobre as botas Wellington de porcelana (as mesmas que servem de jarra). Apropriei-me desse cliché para significar “segue as formas para funcionar”. É na verdade o oposto. Antes, as botas protegiam da água, agora elas preservam a água. É a partir dos opostos que posso descrever as coisas, e isto funciona sempre. Essa é a minha maneira de pensar e não acho que seja muito racional. Em algumas entrevistas mencionou a exportação de produtos muito decorados ou porcelanas com muitos ornamentos. Falou da exportação de produtos da República Checa para outros países e que as indústrias do seu país deviam estar mais abertas à diversidade, à criatividade. No entanto, o seu trabalho ostenta muito ornamento e um certo prazer no kitsch. Como explica o fascínio pela decoração? Estou a usar os elementos decorativos num contexto diferente. Por exemplo, uso um tipo de decoração muito tradicional, ao estilo Meissen, inspirado na decoração chinesa mas aplicado em tampas de Coca Cola, ou em botas, etc. Assim, num contexto completamente novo, diferente daquele encontrado geralmente no mercado, quis dizer que os objectos fast poderiam tornarse clássicos simplesmente pela transferência desse tipo de decoração. Não diria que tenho prazer em recorrer ao kitsch. Às vezes, gosto de forçar as pessoas a pensar sobre o objecto em si, então retiro-o de um contexto e levo-o para outro. O Kitsch é qualquer coisa que as pessoas estão sempre a tentar definir, e não sou eu quem vai dizer o que o kitsch é ou não é.

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Está à procura de uma nova identidade para o design checo? Durante muitos anos este esteve privado de identidade, de decoração e de luxo. Quer dar-lhe uma abordagem e expressão mais emocional? Não sei definir o meu estilo, ou mesmo se tenho um estilo. Mas em princípio o que eu quero é fazer um design diferente, mais conceptual e com base numa reflexão crítica sobre a sociedade. Para a tese de final de curso desenvolvi um projecto que era uma espécie de paródia, uma crítica social ao que se passava dentro da nossa sociedade na época. Fiz a bota e uma silhueta da República Checa, como souvenir, e coisas que estavam na fronteira entre arte e o design. Queria mostrar que o design não é só produção em série mas envolve os artistas, os designers e pessoas criativas em todo o seu processo de concepção. Não quero pensar que o que me resta é fazer formas geométricas empurrando linhas para a direita ou para a esquerda. Queria fazer uma história tridimensional do design com um uso utilitário.

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No work sh op qu e realiz ou e m Lisboa teve como mote o período dos Descobrimentos. Não queria fazer um workshop baseado somente em porcelana ou vidro. Procurava mais do que isso, procurava autenticidade. Portugal é muito conhecido por ter sido um dos maiores impérios, esteve no Brasil, em Àfrica, na China. Os conquistadores eram viajantes influentes que procuravam explorar o conhecimento do mundo. Achei que seria interessante explorar mais a vertente emocional e política, trazendo essa ideia para o workshop. Propus aos que o frequentaram que imaginassem um regresso às colónias em busca de materiais e tecnologias novas, mas num contexto actual e a pensar em vários processos. Os seis grupos tinham que regressar com ideias novas, que poderiam ser abordagens ao nível do social e do design. Não conhecemos designers portugueses a trabalhar nesse contexto. Conhecia algum designer português, antes de vir para cá? Vi recentemente uma exposição de designers portugueses em Praga que incluía o designer Fernando Brízio, que achei interessante.

Como já percebemos, no nosso quotidiano sobejamente consumista, os designers chegaram à conclusão que sozinhos não conseguem controlar completamente os utilizadores, os seus gostos e suas escolhas. Usa esse dado, essa preocupação, como uma ferramenta ou motivação para a criação do seu trabalho? Quando recebemos projectos, dizem-nos o que temos que fazer, em que área devemos trabalhar. Depois discutimos com o cliente qual será a melhor solução.A responsabilidade é, então, distribuída entre o designer, o cliente e os directores de marketing. Requerem os serviços de um designer porque a sua actividade tem uma abordagem particular. É por esse motivo que Karin Rashid e Philip Starck recebem tantas encomendas. Os designers criam produtos que são levados depois aos directores de marketing a fim de desenharem toda uma estratégia de produto. Há muitos exemplos de designers fantásticos que não vendem, e não é por erro deles, mas provavelmente por um erro de marketing.

O seu trabalho é multidisciplinar, no sentido em que é simultaneamente arte e design. Sabemos que viajou muito com o seu pai, que era pintor. Provavelmente conheceu artistas e frequentou regularmente exposições de arte. Considera-se um designer ou um artista? Não gosto de dividir as coisas em categorias. Penso que as ideias existem para serem realizadas, e a partir de materiais diferentes e independentemente do que possam ser considerados. Alguns objectos podem pertencer ao domínio do design, mesmo que sejam únicos. Depende do contexto. É lógico que sempre foi assim. Os museus estão cheios de peças que foram realizadas para a burguesia. Por exemplo, há armários decorados que sobreviveram porque eram peças únicas, e com um admirável suporte decorativo. O que não encontramos são os objectos do quotidiano, simples, que as pessoas normais usaram. Só vemos nos museus as peças únicas dos palácios e muito poucas coisas do quotidiano. Essas peças do quotidiano ou foram destruídas ou simplesmente nunca foram coleccionadas. Um objecto da IKEA vai ser sempre um entre milhões, enquanto um lustre bonito provavelmente vai ser sempre único. Prefere criar um objecto para a IKEA ou criar uma peça única? Estou aberto a diferentes propostas . Não me vejo mais numa ou menos noutra direcção. Porquê desenhar novamente a Cruz de Cristo? A Cruz também foi um projecto escolar. Resolvi redesenhá-la depois de muitos anos, mas do ponto de vista de um director de marketing ou de um relações públicas. Cristo não patenteou a cruz. Antes dele milhares de pessoas crucificadas, mas só ele é que ficou famoso. A minha ideia era pensar sobre isso no contexto da cultura popular e em todas aquelas pessoas como James Dean e Marilyn Monroe que se tornaram ícones depois da morte. Trabalhei uma matéria de fibra de vidro que também é usada para a fabricação de móveis. Estava a pensar em design quando o fiz. Não o fiz para provocar ninguém, as pessoas podem olhar para aquilo e reflectir sobre o indivíduo que viveu 2000 mil anos atrás.

Sente-se fascinado pelas formas dos animais? Ou é simplesmente uma reacção que está a ter, como designer, após um longo período de abstracção e funcionalismo? Está a referir-se aos mealheiros? Não sei explicar por que são animais. Foi um projecto interessante que fiz com a ajuda de um mestre da checo. Coloquei buracos nas esculturas e criei mealheiros. A ideia era colocar esse objecto na fronteira entre a arte e o design. Deixo que as pessoas decidam se o compram como esculturas ou como mealheiros. Acho essa ideia muito simbólica: o objecto de arte que guarda dinheiro no seu interior. É um projecto que nos leva a pensar sobre todo o processo de coleccionar e o modo de ver a arte e o design. As porcelanas, a cerâmica… porque lida tantas vezes com esse material? Vivia em Praga onde estudei durante 11 anos na escola secundária. Enveredei por esse caminho quase por acidente, porque sempre quis ser pintor. Aos 14 anos eu era realmente uma criança, mas o sistema era assim e eu decidi ir para uma escola de arte porque simplesmente não era bom a matemática. O meu pai também tinha estudado na mesma escola e isso também ajudou. Escolhi cerâmica porque era a forma mais fácil de entrar na escola. Não estava particularmente interessado em cerâmica, estava mais interessado em pintura ou design gráfico. Mas, mais tarde, quando fiz as Belas Artes, percebi que esse material tinha mais potencial do que à primeira vista poderia imaginar. Resolvi desenvolver uma nova abordagem e um contexto novo para esse material. Porcelana é um material muito clássico, um arquétipo em termos de história. Os chineses inventaram e os europeus reinventaram, e eu quero continuar essa tradição.

Cabeças de bebés como apoios para velas? Pouca coisa foi escrita sobre essas cabeças. Quer falar um pouco sobre isso? Enquanto a vela queima, a cera pinga na cabeça. Quis passar a ideia de que o design envelhece quanto mais usado é. Se tiver alguma peça que herdou dos seus pais ou parentes, verifique como realmente envelheceu. Algumas peças são imortais, serão sempre contemporâneas. Outras, depois de uns anos, deixam-se de se usar. Isso acontece com os objectos de design. A minha ideia era criar um símbolo desse processo. O design cresce connosco se queimarmos a vela, ele muda. Brincas com o design e cresce como um bebé. É a primeira vez que vem a Lisboa? Sim, é uma cidade muito bonita. Fui ver o jogo do Benfica contra Nuremberga. Houve poucos golos mas foi muito divertido, e houve muita gritaria. Gosta de futebol? Não sou um grande fã. Não vou todas as semanas a um estádio, nem tenho uma equipa favorita em Praga. Vou mais por uma questão de entretenimento.

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21 MC Central Parq

Texto: Carla Isidoro — Fotos: Bo Streeter

James Brown assinou, em 1969, um disco cujo título ficou na história por ser um dos motes do Black Power: «Say it Loud I’m Black and Proud». Em Março de 2007, a dupla Yego e Emeka, jovens americanos de ascendência africana, avança com uma marca de roupa cujo enfoque e predominância temáticas estão ligados às raízes, às culturas africanas e ao discurso de certos freedom fighters. Para os dois rapazes, agora é o momento de actuar e dar voz ao tema de James Brown sob um novo prisma. A 21st Century Maroon Colony é espelho de uma forma de estar que replicam através da roupa que produzem à mão, ou lentamente manufacturam consoante o aumento das encomendas vai exigindo. Mais do que uma mera linha que vai repescar alguma simbologia africana e tribal, a 21 MC reflecte uma consciência muito actual. O Afro-Triângulo é, para ambos os criadores, um espaço físico primordial. Assumem-no como símbolo de resistência e sobrevivência ao colonialismo e à escravatura. “O Afro-Triângulo corresponde a uma área entre África, Europa e América onde se estabeleceu o tráfico de escravos africanos e os três povos se cruzaram. Fazemos dele referência constante assumindo-o como fenómeno geográfico e cultural, homenageando os nossos antepassados e expondo a força criativa que o povo negro manteve desde a escravatura. O nosso projecto existe para tornar as nossas histórias relevantes e importantes no quadro do século XXI, e em particular nas cidades onde vivemos”, explica Yego Moravia. A identidade da marca vai beber aos discursos de pensadores africanos, dos quais Emeka Alams destaca um dos amigos de Leopold Senghor, Aimé Cesaire. “Posso dizer que uma das grandes influências da 21 MC e da sua direcção em geral é o pensador Césaire, parcialmente responsável pela emergência do afrosurrealismo e do conceito de ‘Negritude’ no século passado. Pessoalmente, sou altamente influenciado pelo ensaio «Discourse on Colonialism», ajudoume a desenvolver a minha imaginação negra. É definitivamente um dos nossos padrinhos ancestrais.”

O projecto nasceu em S. Francisco. Yego Moravia e Emeka Alams vêem na ascendência africana matéria substancial para reforçar o movimento “Black and proud” que se vive novamente nos dias de hoje. Desta aposta resultou a 21st Century Maroon Colony, marca de streetwear erguida há exactamente um ano. A 21 MC assenta em bases de discussão como a escravatura, o empobrecimento da cultura negra, a diáspora e também o pós-colonialismo. Uma actitude assumidamente política, nos últimos anos observável nas novas gerações que defendem uma ‘consciência negra’, sendo ela branca ou preta, através de movimentos colectivos, através da música ou até de motins. Além de uma posição política, tratar-se-á de uma tomada de consciência global dos direitos civis e humanos. Moravia, contudo, não consegue entender e explicar a mudança do paradigma. “Muitas vezes eu e o Emeka perguntamo-nos o que está por detrás disto. Quero dizer, não diria que a sensação de alienação dos negros nos Estados Unidos, na Europa ou noutros lugares é algo de novo. Langstone Hughes escreveu sobre este assunto há cerca de 70 anos, Senghor, Césaire e Fanon [Frantz Fanon] também, tal como milhares de canções afro-americanas. Na verdade, provavelmente a questão remonta a 1486 quando os portugueses tomaram os primeiros africanos como escravos. Que diabo, até existe um termo português que descreve a tristeza que os escravos sentiram, o banzo, e algumas definições da palavra saudade explicam uma certa condição de tristeza colonial também.”

Os dois criadores de 24 anos preocupam-se com as condições de trabalho que existem nos países em desenvolvimento. Começaram por elaborar as peças à mão, tratando-as e tingindo-as com técnicas manuais e pigmentos naturais, mas rapidamente o número de encomendas começou a limitar um escoamento em tempo razoável que garantisse a satisfação dos clientes. Estão a produzir em fábrica algumas peças de forma a responderem com rapidez aos pedidos, mas ainda fazem determinadas peças e pormenores à mão. O processo de fabrico enquadra-se numa lógica de “social ecologia”, conta-nos Yego. “Decidimos fazer as roupas nos países do ‘1º mundo’ somente porque nos preocupamos com o trabalho e as práticas ambientalistas dos chamados países em desenvolvimento. A decisão foi difícil, mas muitas fábricas são realmente confusas. Andamos à procura de colectivos nestes países com quem seja tranquilo trabalhar. Queremos trabalhar da forma mais responsável possível.” A roupa tem uma nítida predominância de signos tribais, o uso de lenços é uma constante e um elemento-chave (deram-lhes nomes de activistas dos sécs. 17, 18,19 e 20 como Queen Nanny ou Marcus Garvey), há uma escolha de padrões fortes, matérias-primas de qualidade, uma preocupação em recontextualizar uma linguagem visual africana, estampar com elementos naturais e misturar traços selvagens com outros contemporâneos. A colecção fala por si, tem uma voz própria e identificamo-la como um statement, um manifesto usável, vestível. A colecção Primavera-Verão deste ano vive de padrões crioulos trabalhados com graffittis, de uma simbologia africana vincada, leggings, bordados e camisolas com capucho. Tanto na escolha das cores, dos padrões e das texturas a ideia de África e diáspora são fundamentais. Outra particularidade interessante do trabalho de ambos são as ‘visual remixes’, linhas exclusivamente inspiradas em cantores com actitude. Entre eles M.I.A, Black Uhuru, 2 Pac, Nas ou a mais recente Santogold. www.21maroons.com

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Revista Avant Garde Central Parq

texto: Pedro Marques*

Convidámos Pedro Marques a falar-nos da revista Avant Garde, da qual guarda vários exemplares. Revela uma revista erótica com uma linha editorial curiosamente orientada para a guerra do Vietname, cujo fundador, Ralph Ginzburg, usava o erotismo como veículo de contestação. ralph ginzburg (1928-2006) é hoje um nome praticamente esquecido. editor e autor de erótica de classe, com laivos pedagógicos, foi também o editor da vanguarda da contestação política à guerra do Vietname e às administrações de Johnson e Nixon. Na década chave do século americano, atacou a estagnação moral do país com três investidas de peso, onde o erotismo estava mais ou menos presente, mais como estratégia lúdica de renovação cultural do que como mono-obsessão de editor na andropausa: o seu mundo estava bem distante do de hugh hefner ou de Larry Flynt, fundadores da «playboy» e «hustler» respectivamente. e, ao contrário destes, ginzburg pagou com a liberdade pessoal por esse arrojo.

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a decisão que garantiu a perpetuidade estética da sua produção foi a de ter chamado herb Lubalin (1918-1981) para dirigir o grafismo, sucessivamente, das revistas «eros» (1962: acabamento /hardback/ de luxo e conteúdo erudito), «Fact» (1964-1967: formato mais pequeno e clássico e uma maior economia de meios, revertendo o eixo gráfico para a grelha sólida) e «avant garde» (1968-1971). tendo em conta que a tradição ditava que um director artístico apenas se podia afirmar trabalhando para uma das grandes casas editoriais da madison avenue, é espantoso como Lubalin conseguiu isso mesmo trabalhando para um editor condenado a uma pena de prisão pela justiça americana (pelo uso dos Correios americanos para envio de exemplares da «eros» em 1966, acabando por cumprir 8 meses de cadeia em 1972) e que, no melhor dos casos, não era visto como mais do que um excêntrico diletante.

é na «avant garde» que a síntese do racionalismo europeu com o sensualismo americano atinge o cume, com um formato quadrado que permite spreads de uma beleza e um impacto quase cinematográficos. para além do erotismo, revelado nos portfólios artísticos

destacados em cada número (picasso, Wesselman, Fuchs, os desenhos de John Lennon, as divas de Warhol e um soberbo caderno de serigrafias de bert Stern sobre as famosas últimas fotos de marylin monroe), era a guerra do Vietname que orientava a linha editorial da revista. Logo no número 1, é lançado um concurso de cartazes antiguerra, de cujo júri fazia parte a nata da nata (richard avedon, milton glaser,

robert motherwell, ben Shahn, entre outros). dos vencedores destacam-se os japoneses keiichi tanami e hirokatsu hijikata, que assinaram um cartaz já reproduzido na «Concise history of posters» de John barnicoat em 1972. ao longo da curta vida da revista, o conflito está sempre presente, por vezes de forma directa e dramática, como quando se publica o texto do soldado Jeffrey Weinper, e se noticia, em caixa, a morte em combate do seu autor. ou quando se publicam os testemunhos dos filhos dos generais e políticos próguerra. tal como na «Fact», a leitura dos textos engagés da «avant garde» provoca-nos uma estranha sensação de proximidade. a ansiedade de que são reflexo é, no fundo, a mesma em que vive a américa desde 2001, e sobretudo desde a invasão do Iraque em 2003. pelo seu brilhantismo gráfico e editorial, a «avant garde» foi a realização máxima do que poderia ter sido o editor de referência da imprensa liberal americana. ao minar a sua credibilidade perante os anunciantes, a prisão terminou com a carreira de editor de ginzburg, constatação amarga que Steven heller citou no obituário que o New york times publicou em 7 de Julho de 2006: “sempre senti que poderia ter sido um dos grandes nomes da edição americana, se a minha condenação não tivesse existido. em vez disso, sou apenas uma curiosa nota de rodapé.”

* Designer grÁFiCo e eDitor peDroMarquesDg.worDpress.CoM

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Central Parq

desastres Aéreos

Texto: Geoff Manaugh Fotos: Richard Mosse

Numa sociedade hiper controlada, poucas vezes nos damos conta das estruturas de segurança e protecção que parecem duplos do nosso quotidiano. Richard Mosse fotografou simuladores de desastres aéreos e mostrou, como ninguém, os modernos monumentos do nosso medo. Terríficos e desoladores.

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Mosse fotografou locais sinistrados, onde aconteceram verdadeiros despenhos aéreos: relativamente aos acidentes de avião verdadeiros, também eles são difíceis de fotografar. Tem que se estar disposto a viajar imediatamente sem estarem garantidos o acesso e a aproximação ao local. Por razões óbvias os repórteres fotográficos estão sempre afastados e às vezes mantidos em áreas restritas a uma distância considerável da zona de impacto. “A maioria dos fotógrafos leva lentes telescópicas, mas eu não tenho zoom. Uso uma antiga câmara construída em madeira e sou forçado a fotografar o desastre no seu contexto total como se se fosse uma paisagem”. Os resultados aproximamse do estilo fotográfico das primeiras experiências de fotografia de guerra do séc XIX (Roger Fenton, Matthew Brady, Timothy O'Sullivan, etc.) Mosse considera importante sabermos que “as catástrofes existem na nossa imaginação cultural e é ali onde na realidade acontecem. E é por isso que faço o que faço.” Recentemente Mosse entrou em contacto comigo através do meu blog para mostrar-me fotos que tirou a simuladores de desastres aéreos em aeroportos europeus e norte americanos onde aparecem bombeiros a apagar incêndios, ou então a socorrer falsos cadáveres estendidos na pista. Escreveu isto: “ Vi o meu primeiro simulador de desastres no asfalto do JFF. Podes vê-los quando aterrares nesse aeroporto. São uma estrutura rectangular preta e intimidadora, ao lado de uma das pistas. Desde então tento encontrar estes simuladores quando passo por um aeroporto”. Quando lhe perguntei sobre o processo fotográfico em si e o que implica montar todo o equipamento perto de carcaças em chamas para conseguir uma boa imagem, Mosse respondeu que eram extremamente difíceis de fotografar. “Primeiro porque existem jactos de

água a percorrer todo espaço até encharcar completamente os destroços”. Isso acontece para impedir que o metal se funda ou abata com o calor intenso das chamas. Só depois uma luz piloto acende e começa o espectáculo. “Antes de ter oportunidade de mexer na objectiva da câmara para focar a foto, já tudo acabou. É como se estivesse a fotografar um acto sexual: as chamas chegam, os homens entram a correr e regam tudo com uma mangueira de alta potência e tudo termina rapidamente”. Por tudo isso a fotografia nunca é fácil, implica destreza artística e técnica, para além de que cada aeroporto é uma realidade diferente: “Em cada aeroporto encontramos equipas com um orgulho particular”, escreveu Mosse. “No de Schiphol, os holandeses estão cheios de confiança, entusiasmo e seguros de poderem cumprir a tarefa. Deixaram-me usar um balde deles para colocar a câmara à altura que queria. Já a equipa de Heathrow estava sobrecarregada de trabalho e falava mal do chefe. Enquanto estive lá, um Jumbo da Royal Brunei bateu contra um destroço deixado na pista e a equipa toda foi mobilizada de urgência. Trancaram-me numa despensa durante uma hora, enquanto resolviam a emergência. Em San Bernardino, num ghetto meio abandonado da parte leste de Los Angeles, os bombeiros convidaram as famílias a fazer um churrasco e a ver o treino que seguiu com várias interrupções até ao pôr do sol”. Mosse referia ainda a existência de um aeroporto pequeno no norte de Inglaterra que lhe chamou particular atenção por terem ali construído o maior simulador do novo Airbus A380. Segundo ele, “ é um volume verde absurdo que lembra uma baleia infeliz. Ao ver um bombeiro sozinho a combater o fogo por baixo dessa estrutura, fez-me lembrar o combate entre David e Golias.Algumas das operações envolvem manequins que passam por indivíduos que têm de ser salvos de um

perigo extremo. São como figurantes de um romance de Ballard, esfolados, arranhados com manchas de petróleo e fumo e depois concertados cirurgicamente com uma fita durex. De entre os espaços de simulação existe um lugar único, o Del Valle Training Center, que tem à disposição os mais diversos materiais de cena, entre eles uma refinaria, vários acessórios para simular acidentes de veículos (incluindo colisões de camiões-cisterna com combustível), materiais para derrocadas de prédios, aparelhos para cortar cimento e materiais de busca e resgate. Algo me diz que Richard Mosse ia adorar conhecer este lugar. De qualquer forma perguntei-lhe qual era a ideia geral por detrás desse projecto. Ele explicou que tenta sublinhar “a forma com que nos apercebemos ou ‘consumimos’ as catástrofes. O desastre em si é um momento de contingência e confusão que dura micro segundos. Fica debaixo de uma nuvem de fumo preto que não deixa ver nada. Guerras, ataques, sequestros, bombardeamentos, terrorismo, são sempre o mesmo em qualquer parte do mundo, e as catástrofes continuarão a existir como espectáculo. É por isso que eu queria fotografar os simuladores de desastres aéreos. Eles representam o desastre com uma maior grandeza que o acto em si. Construímos essas enormes estruturas, absurdas e fálicas, dotadas de jactos de querosene e extintores de incêndio, como monumentos do nosso próprio medo. São construídos segundo uma ordem simbólica hiper funcional - verde, preto e cinzento - do espaço militarizado”.

* Geoff Manaugh, é Editor Sénior da Dwell Magazine e fundador do BLDGBLOG

bldgblog.blogspot.com www.richardmosse.com

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“Houve um dia que a professora de desenho faltou a uma aula de 4 horas e com mais uns tantos colegas fui até ao café da frente. Levámos cartolinas, ecolines, guaches,grafiti, rotrings, trinchas, milpincéise um só copo, para a água. Juntámos mesas e começamos um cadavre exquis. Este processo revelou-se-me inesperadamente sensorial, na minha condição de fêmea. Era Primavera e os bichos cheiram de forma diferente nesta altura.A pressa de lavaro pincel naquele copo por entre todos os braços, muitos braços, muita pele. A água de todas as cores, salpicava a cartolina, a mesa, a roupa. Desenhar nos desenhos uns dos outros. Pinteio meu primeiro corpo masculino! Adoro esta escola. Para sempre...”

www.microaudiowaves.com

Be True To Your School Cláudia Éfe

vocalista Micro Audio Waves

Para celebrar a reedição do modelo Nike Dunk, convidámos 9 jovens personalidades a revisitarem o liceu onde estudaram. As Dunk (dunk shot significa afundanço), foram lançadas em 1985 para a prática do basquetebol, desporto que era popular nas escolas americanas. As cores destes ténis depressa tornaram-se sinónimos de identidade, aguerridamente defendidas geração após geração. Pedimos aos nossos convidados uma recordação forte da escola onde andaram. Pedro veste polo em algodão, Simatai, NIKE. Blusão, Colab Misha Windrunner, NIKE. Calças de ganga, DIESEL. Ténis em pele, Dunk High, NIKE.

Cláudia veste polo Puff Pique, NIKE. Blusão em nylon com capuz, NIKE. Gorro em malha, H&M. Calças de ganga slim fit, TWENTY 8 TWELVE. Ténis em pele, Dunk Low, NIKE

Pedro Barroso actor

“Vamos às denúncias: desde o facto de ‘adorar’ acordar cedo e ter aulas de Físico-química que serviam para repor os sonos, as fantásticas aulas de Filosofia que passava a desenhar pois estava a estudar em Artes - não estava totalmente presente na aula embora não estivesse adormecido e ciente de queassunto se tratava - as notas eram muito boas pois adorava a disciplina! Até ao MEU grande momento de ter ganho um concurso de abóboras com a abóbora mais original! E agora revelo ter sido eu, senhora Professora de Português, quem em tempos lhe mandou um balde de água para dentro da sala ... Agora já tenho barba.”

Escola Secundária António Arroio Escola Secundária do restelo


www.myspace.com/burakasomsistema

Rui Pité aka Riot

João Barbosa aka LilJohn

“Lembro-me como se fosse hoje, de ter empurrado um colega de turma para dentro do lago da escola. Bons velhos tempos.”

“Qualquer visita de estúdo marca bastante.. mas nada que conseguisse contar em 4 linhas! Mas imagino que não tenha sido nada de muito diferente das outras todas do mundo!”

dj/músico

Riot veste blusão em nylon com capuz, FF Zipped Club Track Top, NIKE. T-shirt em algodão, NIKE. Calças, PEPE JEANS. Ténis em pele, Dunk Low, NIKE. Lil John veste t-shirt em algodão, NIKE. Blusão em algodão, FZ Bonded Hoody, NIKE. Calças de ganga, LEVI'S. Ténis em pele, Dunk High, NIKE.

músico

Sara veste top em algodão com logo dourado, NIKE. Blusão em nylon com capuz, NIKE. Calças em malha de algodão, NIKE. Perneiras, H&M. Ténis em pele, Dunk Low, NIKE.

“Guardo o dia em que ouvi música a sair das paredes. Era o primeiro dia da rádio da escola, era tão bom. Pena minha não ter podido aproveitála mais para contar uma boa história. Mas ficaram as pessoas e matéria…alguma na cabeça.”

Escola Secundária passos manuel

Escola Secundária da amadora

Sara Carinhas actriz


"No meu primeiro dia de aulas tive a sensação de estar airromperpor uma selva, cheia de novos estilos, tribos e dialectos. Sempre estudei em colégios e toda a gente me dizia que a escola pública estava minada de perigos. Nesse mesmo dia conheci todas as partes de trás dos pavilhões e aí moldeime para a vida adulta. Foram dos melhores anos da minha vida."

Escola Secundária gama de barros

webdesigner

Luís Silva aka Lupi

Lupi veste blusão em nylon com capuz, Colab Parra Windrunner, NIKE. T-shirt em algodão, NIKE. Calças de ganga, DIESEL. Ténis em pele, Dunk High Premium, NIKE. Bola de Basquete, NIKE.

“A cantina, as aulas de música do padre Miguel e o Katiboleta, as minhas amigas, os jogos de pingpong nos intervalos e os campeonatosà hora do almoço(tenho uma medalha!!!!) e o meu número da sorte, 645, é uma inversão dos 2 últimos algarismos do meu número da escola, o 654.”

www.oshumuta.com

Maria João veste top em algodão estampado, NIKE. Casaco em malha de algodão com motivos "bambu", NIKE. Calças de ganga slim fit, PEPE JEANS. Ténis em pele, Dunk Low, NIKE.

Maria João Falcão actriz

externato da luz


Sara veste blusão com motivos "bambu", Mulan Jackect, NIKE. T-shirt em algodão estampado, NIKE. Calças de ganga slim fit, PEPE JEANS. Ténis em pele, Dunk High Premium, NIKE

Sara Lamúrias

designer de moda

“Lembro-me de um curso opcional de fotografia no qual andámos a fotografar a escola e os seus alunos, aprendi a revelar e foi emocionante usar a fotografia com algum conhecimento, o poder que senti em relação ao que fazia até então com uma pequena máquina do Pequeno Pónei. Tínhamos um professor que ouvia mal mas tentava disfarçar e foi nas aulas de revelação que o apanhámos muito bem, às escuras.“

Escola Secundária fernando namora

“Deste nunca vou esquecer um dia em que tinha um teste de português, se não me engano,e faltei para ir treinar scratch em casa. Ahahahaha… porque se fosse para a escola ia dar ao mesmo, em vez de pensar no teste pensava em fazer scratch. Agora penso e já na altura a música tinha mais importância que a escola na minha vida.”

www.aforest-design.com

www.myspace.com/djnelassassin

Lança novo albúm a 6 de Abril (dia em que faz anos)

Nelson Duarte aka Dj. Nelassassin músico

Dj.Nelassassin,veste blusão em algodão, Fz Bonded Hoody, NIKE. T-shirt em algodão, NIKE. Boné, NIKE. Calças em algodão, NIKE. Ténis em pele, Dunk High Supreme, NIKE.

Escola Secundária de carcavelos

fotógrafo RICARDO CRUZ assistido por TIAGO CUNHA FERREIRA, styling HELGA CARVALHO, make-up&hair SÓNIA PESSOA ARTISTAS: Cláudia Efe, Pedro Barroso, Riot, Lil John, Sara Carinhas, Lupi, Maria João Falcão, Sara Lamúrias e Nelassassin. A PARQ agradece a todas as escolas pelas facilidades concedidas para a realização deste editorial. Escola Secundária António Arroio, Escola Secundária do Restelo, Escola Secundária da Amadora, Escola Secundária Passos Manuel, Escola Secundária Gama Barros – Cacém, Externato da Luz, Escola Secundária Fernando Namora – Brandoa, e Escola Secundária de Carcavelos.


fotografia alexandeR KoCh

www.alexanderkoch.com

produção & styling Martin Kullik make-up Carolina archer para ar atelier Cabelo Sotero para Facto bairro alto (www.factohair.com) modelo marcos Vilarinho (elite) t-shirt LIdIJa koLoVrat, camisola dIeSeL, vestido WhIte teNt, casaco hugo boSS, calça tWeNty8tWeLVe, óculos Vintage. PARQ

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t-shirt aLexaNdra moura, casacos NIke, calรงa rICardo dourado, brinco LIdIJa koLoVrat, รณculos oFILhobaStardo.

t-shirt LIdIJa koLoVrat, camisola dINo aLVeS, calรงa Lara torreS, colar hugo madureIra.

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t-shirt rICardo dourado, t-shirt capuz LaCoSte, t-shirt e leggings aLexaNdra moura, colar hugo madureIra, écharpe LIdIJa koLoVrat.

t-shirt dINo aLVeS, colete dIeSeL, casaco h&m, calça e écharpe LIdIJa koLoVrat.

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caribou

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Texto: Pedro Figueiredo

O canadiano Caribou estreia-se em Portugal a 12 deste mês. O espectáculo de Caribou visa promover o celebrado «Andorra», editado no Verão passado e merecida presença em muitos balanços de final de ano da imprensa especializada. Daniel Snaith começou a fazer música aos 14 anos. Estudou matemática na Universidade de Toronto, tendo concluído o doutoramento em Londres. Anteriormente conhecido na indústria musical como Manitoba, o músico viu-se forçado a mudar de nome, em 2004, devido à ameaça de um processo judicial da parte de Handsome “Dick” Manitoba, vocalista de uma banda punk denominada The Dictators e, posteriormente, lutador de wrestling. Enquanto Caribou, o álbum «Andorra», de 2007, é o seu mais brilhante diamante. Centrado na pop, é um registo sem medo de soar desafiante e moderno, sem com isso desvirtuar as instituições base do género. Todos os instrumentos em «Andorra» foram gravados pelo próprio, e Jeremy Greenspan dos Junior Boys contribui na faixa «She’s the one». Ao vivo, Caribou surgirá com o suporte de uma banda (guitarrista, baterista e baixista). Depois de Rufus Wainwright, Final Fantasy ou Arcade Fire, será este o despertar de mais um caso de sucesso entre artistas canadianos e palcos portugueses?

Dia 12, Santiago Alquimista – Costa do Castelo, Lisboa

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14mar Parq Here

juan atkins Não usa fato às riscas e não tem uma pena no chapéu, porque o chapéu não faz parte da indumentária, mas é conhecido como o padrinho do techno. Graças a si Detroit passou a ser a capital do Techno, muitas vezes nomeado de Techno de Detroit. Os sons de Kraftwerk levaram-no a investir numa batida futurista e visionária. Nasceu em 1962, naquela cidade norte-americana, foi um visionário que seguiu atentamente as passadas dos visionários que o antecederam sonhando com uma música futurista que casasse o funk mais abstracto de Parliament com a sonoridade robótica dos Kraftwerk. Para os mais susceptíveis a este tipo de sonoridades, garantidamente será uma noite imperdível. Atkins não é agressivo, é genial, um comandante. Uma referência. Juan Atkins é um dos artistas convidados do evento Redbull Music Academy que acontece este mês em Lisboa. O Dj set acontece no âmbito do mesmo evento.

www.musicboxlisboa.com Dia 14, Music Box – Cais do Sodré, Lisboa

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lagerfeld confidential Texto: Francisco Vaz Fernandes

A 30ª Edição da ModaLisboa, de 6 e 9 deste mês no Estoril, vai incluir pela primeira vez uma mostra de cinema e filmes documentais que dificilmente poderão ser vistos no circuito comercial. Serão exibidos diariamente às 18h no renovado Auditório do Casino Estoril. O longo documentário «Lagerfeld Confidencial» de Rodolphe Marconi, a passar no sábado dia 8 , será o visionamento mais aguardado depois do acolhimento entusiasta que teve no último Festival de Berlim. Esta obra foi possível a partir da cumplicidade e total apoio do designer, rodado ao longo de dez anos, e ficará para a história como a primeira biografia autorizada de Lagerfeld. Nele intervém celebridades que circulam na esfera do criador, como Carolina do Mónaco e Nicole Kidman. Teremos outras celebridades a despertar a nossa curiosidade num outro documentário sobre a fotógrafa americana que cresceu com a Vanity Fair: Annie Leibovitz, é visitada no seu estúdio por figuras como Julia Roberts, George Clooney, Demi Moore, Keira Knightley, Kirsten Dunst, Mick Jagger ou Hillary Clinton. O único filme de ficção deste pequeno ciclo, «Frankie» de Fabienne Berthaud, com a actriz Diane Kruger no papel principal, trata da história de uma antiga manequim internada num hospital psiquiátrico. Um retrato emocionante de uma mulher que aos 26 anos atingiu o final de uma carreira destinada quase sempre a pessoas mais jovens. Moda Lisboa Auditório do Casino Estoril Dia 6: arquivo Moda LISBOA , Filmes publicitários da Moda Lisboa e Portugal; Offfashion de Joana da Cunha Ferreira e Claúdia Varejão Dia 7: «FRANKIE» de Fabienne Berthaud

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As boas línguas de Miss Jones Ray Monde

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Já reparou na abundante floração de camélias neste fim de Inverno? Repare, porque é um bom presságio para o Ano Novo chinês. O Ano do Rato boas novas nos traz: os malandros serão bem sucedidos, os negócios serão prósperos (mesmo os mais difíceis!), haverá mais paz e os amores serão dados a quem os tanto tem esperado (Miss Jones não duvidadisso!). Mas a que nos traz mesmo felicidade é a da visita de Miss Bakker (não esqueça, com duplo ‘k’!). Festejamos o duplo acontecimento no Grande Palácio, também chamado de Hong Kong, restaurante de especialidades cantonesas, onde a cozinha é tratada com qualidade. O encontro foi ao balcão de uma cervejaria vizinha. Ditas as notícias mais prementes, atravessámos a avenida e passámos a um espaço brilhante e animado por vários rostos orientais que já se deleitavam. Não é propriamente um cenário de China Town pois entendemos de imediato onde estamos. Uma mesa redonda liberta-se, aceitamos e partilhamos com um casal de ocidentais. O que não nos fez mossa! A escolha é mais difícil que nos outros restaurantes chineses pois a variedade é múltipla. Mas o que nos interessava verdadeiramente eram os «dim sun», pequenas confecções à base de farinha de arroz cozidas à vapor. A encomenda é veloz. Como entradas, ravioli de barbatanas de tubarão (Miss Bakker babou-se!), gambas enroladas em algas (iodo puro!), arroz de

galinha enrolado em folha de lódão (fumado no ponto!), crepes de farinha de arroz com gambas (perfeitos para dieta!), «ha kau», i.e, ravioli de camarão (uau!!) e inhame recheado com carnes e frito (casamento conseguido do croquante com o suculento!!!). Como prato, um clássico pato à Pequim e legumes verdes (couves pak choi) com alho. Miss Bakker e Ray Monde pediram a típica cerveja chinesa, a Tsing Tao, mas Miss Jones preferiu meia Periquita. Fez-se provar o vinho e serviram-se as cervejas. Ainda o brinde ía no ar, apareceu o pato. Comentámos que a noção, bem europeia, dos serviços cronologicamente ordenados não prevalece no oriente e é substituída por outra, onde sabores e texturas coabitam harmoniosamente. O pato era chinês e delicioso. À pele lacada e crocante opõe-se a carne fondante e macia. Cheios de prazer, enrolámo-lo nos crepes com pepino, couve em salmoura e/ou cebolinho e molho de ameixas. Depois chegaram os cestinhos de bambú dos ‘dim sun’, e os pratinhos do inhame e os crepes. A couve toda a brilhar veio finalizar o festim. Foi uma explosão de cores, sabores, perfumes e texturas. A conversa abrandou para dar espaço à concentração necessária e não foram os pauzinhos que nos incomandaram, pelo contrário! Miss Jones encontrou a saciedade mais rapidamente, mas não resistimos a deixar menos que o mínimo tradicional nas travessas. Os cestinhos regressaram vazios. Depois de alguns cigarros ao frio, que é a nova tendência, fechámos o negócio e saímos com uma certa ideia de felicidade, talvez oriental... Grande Palácio Rua Pascoal de Melo, 8 - Lisboa Todos os dias das 12h à 01h

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flor de sal texto: isabel lindim

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disney store texto: sofia saunders

abriu recentemente a loja disney, um espaço que deixa as nossas crianças em total fascínio. os visitantes encontram a representação do imaginário disney devido às mais recentes tecnologias aplicadas ao espaço e a um serviço ao cliente baseado na interactividade e no entretenimento. a área é grande o suficiente para a meio da visita nos termos esquecido dos fantásticos produtos que descobrimos junto à entrada. a oferta é imensa, a decoração é naturalmente temática, há plasmas com filmes, um teleférico de peluches divertidíssimo em constante rotação no tecto, merchandising de todo o género, roupas, bonecos, os heróis da nossa infância mesmo à mão. um perfeito flashback à nossa meninice e um agrado para os mais pequenos.

uma esplanada encaixada num jardim charmoso, uma sala interior confortável, um atendimento atencioso e uma comida divinal. o Flor de Sal é um pequeno restaurante com uma grande alma. Nasceu da vontade de criar um sítio com comida requintada mas sem as formalidades normalmente associadas a melhor qualidade. ali o ambiente é descontraído, a deixar espaço para a degustação e a tranquilidade de uma refeição sem pressas. Na cozinha, preparam-se iguarias como risotto de pato (ou de abóbora e carne seca), lasanha de três cogumelos, robalo com crosta de hortelã, bacalhau com rúcula, salada de shitake ou vieiras. para sobremesa, a escolha pode ser o original “Nós três Com Queijo” ou o puff de chocolate. Qualquer uma das opções é uma delícia. Nos dias de sol já sabe bem estar na esplanada. No Verão, vai ser um dos recantos mais apetecíveis de Lisboa (nessa altura com horário diurno durante a semana também).

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praça DaS FloreS, 40 - liSboa Seg. a Sex. 19h30m-23h. SábaDo e Dom. 13h-15h30m

www.nomenuhomeservice.pt

Basta marcar: 213 813 939 / 933 813 939 PARQUE DAS NAÇÕES 213 813 939 / 933 813 939 OEIRAS 214 412 807 / 934 412 807 CASCAIS 214 867 249 / 914 860 940 ALMADA 212 580 163 / 917 164 591 COSTA DA CAPARICA 212 580 163 / 917 164 591 COIMBRA 239 714 307 / 961 014 220 LINDA-A-VELHA 213 813 939 / 933 813 939 LISBOA

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Were you there?

moda lisboa A/W 07/08

fotos: Cรกtia Castel Branco assistida por Maria Neves

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Were you there?

Parq party at inspired lisbon by Bombay Sapphire 13-17/02/2008

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Baba Studio

Text by Roger Winstanley — page: 12 —

Based in Prague, the ancient Habsburg capital of alchemy, the founders of Baba Studios are transforming the art of tarot for the twentyfirst century. Karen Mahony and Alex Ukolov both studied as artists and graphic designers before giving up their jobs and moving to Prague to create tarot cards. Two of their most recent creations have drawn a whole new generation to tarot cards. The Victorian Romantic Tarot was meticulously produced by digitally collaging antique Czech, German and English engravings, while the darker Bohemian Gothic Tarot, using a process of digital-photo composition, manipulated 19th Century photographs found in Czech collectors´ cabinets, antiquarian bookshops and auctions. What is/are your background(s)? Alex. I’m Russian, and from the Crimea. I did thirteen years of training in art and design and have two degrees; my graphic design degree is from Kharkov Academy of Design and Arts in the Ukraine. I’ve worked in film and advertising and also ran my own art gallery in Sebastopol. When I was 35, I sold everything I had and moved to Prague to take a risk on the possibility of a more challenging career that would stretch me as an artist. Karen. I’m Irish, though I’ve spent years living in London. I did my post-grad at the Royal College of Art in London then worked in brand and corporate identity aspects of interactive media, Running away to Prague and plunging into decorative, symbolic, “Art Bricolage”, Steampunk - call it what you will - was a huge rebellion for me. It felt like jumping off the safe cliff of corporate design – and into the murky but thrilling depths of the uncool. Graphically speaking, what do you personally feel makes a good tarot? Alex. A strong image that works emotionally and is more than a collection of symbolism. The image has to evoke feelings, not just an intellectual response. The images need to be both well conceived and also well executed. I also feel that they should conform, at least broadly, to the standard, known tarot structures, otherwise they can become confusing and unusable. Karen. I find it hard to talk about modern tarots because the awkward fact is that I just don’t like many of them. The vast majority aren’t very well done by design/graphics/art standards. This is fundamentally for a simple and sad reason; money. The result is that publishers are limited to employing people who are affordable, which generally means untrained artists doing it for their own satisfaction – who do tend to be genuinely interested in tarot - or comic book illustrators working for a fee – who often approach it as just another job. Neither is ideal. There are some exceptions to this, but they’re uncommon and becoming more so as the market gets ever more saturated. It’s one of the only fields I know of in publishing in which you still see a lot of “naïve” art. There’s a belief that’s common in New Age culture that untrained art is somehow spiritually pure and that the content transcends the execution. Occasionally I think this is true, but as in all naïve art (and it’s something I was once very interested in, as I studied under Roger Cardinal during my first degree) the ratio of the good to the bad is very low. Most naïvely drawn tarot decks have no more spiritual sophistication than the most slick fantasy cards; it’s only the very rare one that manages to convey something worthwhile in spite of poor technique. In the visual arts, what inspires you? Alex. Bizarreness, and a combination of elements that are easy to understand from first glance and others that take time to discover. When we were working on the Victorian Romantic deck I learned a great deal from the European 19th century realist and pre-Raphaelite artists whose work we used. People like Leopold Schmutzler, H. Christie, Evelyn de Morgan. It’s a style that’s desperately out of fashion among the art establishment, but undergoing a huge resurgence in popular culture. Karen. People who take chances and aren’t constrained by wanting to be “cool”. I love Bruce Mau’s assertion that “Cool is conservatism dressed in black”. I also agree with Grayson Perry (Turner Prize-winning potter, as he might describe himself ) that in art you should “Follow the path of most resistance.” – it means that initially most people will be bewildered by or even hostile to what you do, but in the end it ‘s more likely to produce individualist, outspoken work than following any current fashion ever could. Don’t be afraid to be laughed at or misunderstood; neither matter, and both can be invigorating.

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I love the people who teeter precariously between the popular and the elite; I’d class both Werner Herzog and Milos Foreman in that way; they’re not quite in the Hollywood mainstream but not confined to the “Art Film” circuit either. I love that Miuccia Prada has just brought out bags and clothes with fairies on them. It’s likely to cause some raised eyebrows after her usual streamlined modernism but it may lead to something more disruptive and, ultimately, exciting. She now just needs make those fairies a little less restrained and polite. What do you love about Prague? Alex. The mixture of modern and antique style. You can see history on the facades of buildings and there are so many decorative elements – starting from the door handles and ending with elaborate chimneys – that there are always new things to notice. Prague attracts a range of people that you’d be unlikely to meet in most urban centres, we’ve had the most surprising meetings here with everyone from a tarot-reading special agent to a colleague who claims to be a direct descendent of Dracula. It seems to me that all possible arts and kinds of artists can co-exist here without disturbing one another. Karen. The sheer physical beauty, I never get over that, colour, texture, form, decoration – it’s pervasive. The sounds too – Prague is the only major city I know of where you can hear sparrow-hawks shrieking from the rooftops in the centre. I’m grateful to the city because I met Alex here; our meeting and partnership couldn’t have happened anywhere else. Is there much more interest now in tarot than there was, say, twenty years ago? How would you account for this? Interest in tarot may have peaked in the West – many publishers have cut back their participation in the field as a result of poor sales. The boom in tarot usage was associated with the whole post-hippy culture of the seventies and eighties, and while a steady stream of decks are still being produced, we’re now seeing far fewer put out by professional publishers. At the same time, the ease of desktop publishing has caused a minor explosion of very small-run self-produced decks, some of them quirky or niche enough to be valuable to the field. They provide a lot of the liveliness in the whole arena. However, tarot publishing is booming in the East. Russia produces many decks, though mostly of quite low quality. While in the UK popular television almost always presents tarot as fraudulent or highly eccentric, in Russia the mass media is much more open to the idea of it as part of a fairly respected esoteric tradition and interest seems to be quite broad and increasing rapidly. In Asia, interest in tarot is also growing quickly; there’s a tradition of divination and fortune-telling in many Asian countries, and as economies boom there’s a tendency to buy into more aspects of Western culture. While Japanese tarots tend to be an offshoot of Manga and the industry of branded characters (arguably the cards produced are not really tarots at all), in China, one or two really impressive decks have appeared, for example the Lunatic, which while too “Lolita” to appeal to me personally, is a genuinely strong piece of work. I’d look to the East for the most impressive decks of the next twenty years. Of the more traditional, more well-known decks, are there any which you feel are unusually sophisticated for their time? In each period there have been decks that have to some extent defined their times – the obvious examples being the psychedelic, Nouveau Deco cards of the 1960s – decks like the Aquarian and the Linweave, and the feminist/separatist decks that came out of the Women’s Movement in the West – Amazonian, Motherpeace and Shining Woman all fall into this category. Among the classics, the Thoth is built on a complex occult system that draws from decades of Crowley’s study. I’m not even sure if people who read tarot are necessarily looking for sophistication; readers talk mostly about looking for a deck that “speaks” to them; cards that for one reason or another they relate to. What next? While we love tarot, it’s likely to become a smaller proportion of what we do. We do plan to make one oracle deck this year – See of Logos, a set of very wicked cards conceptualized by Rachel Pollack and the only oracle ever guaranteed to be 100% accurate - you can decide for yourself what accuracy means in this case. Apart from that we’re working on our first animated short film, a more bizarre and experimental take on our Bohemian Cats.. We’re also expanding our range of illustrated textiles and bags, bringing in some new designs for interiors – cushions to start with, but eventually perhaps printed chair coverings – and working on a few early ideas for jewellery. We see the studio evolving into a broad-based practice specializing in our own brand of highly decorative, “Art Bricolage”. Even while we’re moving away from tarot, we realize that our experience of producing tarots has informed much of what we do. It’s one design field in which you have constant contact with users (we receive many emails and read many forum threads discussing the cards) and we’ve learned a lot about how people read and relate to richly symbolic imagery. This has been surprising, elating and amusing by turn; it’s given us a whole lot to draw on as we move into other media. www.magic-realist.com

Technics

30 Years of Steel Wheels Text by Rui Miguel Abreu — page: 32 —

A record player´s birthday is more important than you might think. Over the three decades in which the Technics SL-1200MK2 has been in use, the world is a slightly different place because of it. Hip Hop and the growth of the Dj as superstar are indebted to these steel wheels which were born in Japan, but which have since conquered the world. In a period of increasingly fantastic gadgets – in the George Lucas sense of the word - and the disappearance of music in the touchable, physical sense, it´s worth admiring an invention which, after three consecutive decades, stubbornly continues to be a tool for discovery and invention. It was 30 years ago that Matsushita, Japanese manufacturer of the brand Technics, launched the model SL-1200MK2 which, even today, is used by Djs all over the world. The Technics 1200 series has been on the market since 1972 and, because of this, equipped many Dj cabins of the Disco Sound architecture which dominated a large part of the decade. Yet it was only in 1978 that the model which served as the basis for today´s more familiar model - the 1210 - was launched. Technics has made few alterations to its turntables since 1978, although there have been a few minor modifications, made following suggestions by Djs. These “steel wheels”, as Grandmaster Flash called them, are true technical pillars of a revolution. Only 15 years after The Beatles appeared on the music scene, another cult was born among the tenement districts of The Bronx, one of New York´s bleakest neighbourhoods; crowds gathered not to watch a group of boys with guitars, bass and drums, but pioneers like Afrika Bambaataa and Jazzy Jay, Kool Herc, Grandmaster Flash and Grandwizard Theodore, DJ Hollywood, DJ Breakout and other legends who despite doing away with conventional instruments, still managed to attract attention like true stars. At the time, Hip Hop was just beginning to set down its codes, but in Manhattan and beyond, another type of revolution was taking place, with Djs as shamens, capable of conjuring spirits and manipulating emotions via the sequencing of their music. In venues such as Gallery or the legendary Studio 54, people gathered usually around a certain style of Italian male - to dance and break the outdated boundaries of social and sexual identity. At the turn of the decade, the power and influence of the Dj was an undeniable fact and names like Larry Levan resonated like demi-gods. Moreover, the revolutions being played out in Detroit and Chicago also had the Technics 1200 as a focal point. House and Techno were born, both with their roots in the experiments of Djs such as Frankie Knuckles, Ron Hardy or Electrifying Mojo which in clubs and on the airwaves showed the way for how the turntable would be used. Not merely tools, these turntables were transformed into actual extensions of the Djs´ own personalities. The foundations were laid – something which became increasingly apparent with the clubbing culture of the 90s – and the Dj as superstar became firmly established. Of course, many of the big names of today´s super-club circuit, the jet-set of the Dj scene, no longer work directly with vinyl as chief support for their sets. Thanks however to new technology such as Serato, many Djs continue to use turntables as the main interface for their personal relationship with music, even alongside laptops. They have also rid themselves of the source of many a back problem; caused by the endless hauling of tons of LPs around the club circuit. They may have rid themselves of the weight of their records, but not the turntables which allow them to manipulate the music. Naturally, for the international turntable fan community, the Technics SL-1200MK2 remains a reference. These Dj warriors born of Hip Hop transformed the turntable into a genuine instrument, and were increasingly seen alongside so called “conventional” musicians; ever since Herbie Hancock recruited Grandmaster DST on “Rockit”, a new tribe has emerged and gone on to experiment and manipulate time and space with Technics. Because of this, figures around the year 2000 showed that in Japan, for the first time, sales of turntables have overtaken those of electric guitars. Being a Dj, at least at a certain moment in time, became something even more desirable than being the new Van Halen or Slash. Nowadays there are various brands – Vestax, Gemini, Numark, Stanton… competing for a share in the market place which Technics created by itself. The new turntable models which are launched every year serve as a kind of monument to the longevity of a piece of technology which has revolutionised the world of music.

Andrea Robbins & Max Becher Text by Francisco Vaz Fernandes — page: 38 —

In the series “German Indians”, the photographers Andrea Robbins and Max Becher, documented the Karl May Festival which takes place every year in Radebeul, Germany. The festival reveals an unexpected fascination among Germans for the native American Indian which – according to Robbins and Becker – has far-reaching roots going back more than a century. It can be seen in the light of a certain pre-industrial romanticism or the appeal of Westerns, but that´s not the whole story. It is very much based on the legacy of the writer Karl May who penned novels set in the American wild west but with the whites as baddies, as opposed to the more familiar representation where the Indians are seen as the aggressors. This was a very progressive and anti-colonial perspective which would later be appropriated by the Nazis who, with their anti-American policy, considered the native Indians to be noble savages, victims of the modern world. After the end of the War, fan clubs formed in the Eastern Bloc and from these, the Karl May Festival was subsequently born, with people dressing up as Indians and gathering together to celebrate a certain anti-imperialism. This festival continues to this day due to the way ethnic communities are seen in Germany, even if they are artificially staged; the massacre of the American Indians also probes at feelings of guilt. Andrea Robbins and Max Becher have developed this photographic series with an anthropological slant concerning “displacement” as a result of legacies like slavery, colonialism, the holocaust, immigration and tourism. Each photographic project involves extensive fieldwork, with them spending weeks living within communities so as to be able to absorb themselves into these groups and completely get to grips with the way these communities function. They do interviews, take part in the rituals, the quotidian, and take photographs. Those who participate, allow Robbins and Becher to represent them however they wish. By seeing identity as something changeable and conditional, these improbable portraits remind us that who we are is as much a matter of choice as circumstance. www.robbinsbecher.com

Maxim Velcovski Text by Carla Carbone & Francisco Vaz Fernandes — page: 44 —

You often refer in your interviews to the communist regime, in what way does this period influence your work? Well, I was a teenager in around 1989, and it is a time of your life when you like to read and write a lot and it was the time of Socialism in our country and there was quite a large generation of us who lived under this system and witnessed the change from this system to the consumerist system. Everything collapsed from one day to the next. One day people had Trabantas from East Germany, the next, they were exchanging them for Volkswagons and Mercedes. My friends and I used to collect Coca Cola cans and put them on our living room bookshelves and dream about all the things we wanted to buy in normal shops. We wanted to drink Coca Cola and eat hamburgers, and brands and logos were a kind of wake up call to start the revolution. How old are you? I´m 31 years old, that´s why in some of my work you can find points comparing these two systems. It was a big socio-political change and affected people in terms of design, family values, social lives and policy as well. For example, one of my series is based on fast food shapes which came with the fast food lifestyle of the new generation, when people started to eat from plastic containers; spaghetti and those Chinese noodles where you just pour add water. Plus we don´t use glasses anymore, we just drink from bottles, like I´m doing now! My idea was to prepare a “fast table” for the new “fast” generation, which in a sense means that it´s not so much about communism, but what comes afterwards. The good feelings about new materials.

You often say that, in your work, function usually follows form. Does it have anything to do with the fact that for a long time Czech design was very rational, very functional, due to the influence of Bauhaus ? No (laughs), I don´t often say that! I just use a cliché which was said by O´Sullivan. I used it in the context of my Porcelain Boots (which are actually vases). I took this cliché and I changed it to mean “follow forms to function.” To the opposite in fact; before, the boot protected from water and now it keeps the water. The opposite is how we can describe things, and it works as well. This is my way of thinking and I don´t think it´s a very rational way. In interviews you talk about the export of fully decorated objects, of porcelain which is highly decorated. You’ve mentioned the exportation of products from The Czech Republic to other countries, and that the industries in your country should be more open to diversity. You show in your work a lot of decoration, a certain pleasure in kitsch, how can you explain your fascination with decoration? I´m using it in another context. You can find decoration from Meissen, inspired by Chinese decoration, which is very traditional in our country and I put it on Coca Cola caps, the boots etc; a new and different context than you currently find it on the market. I meant it in the sense that the “fast” would become “classic” just by putting the decoration on the “right” shape. I wouldn´t say I take pleasure in using kitsch. I sometimes like to push people to think about the object itself, so I take it and use it in a different context. Is it to make it more amusing? Well, kitsch is something people are always trying to define and I´m not the one to say this is kitsch, this isn´t. I work with the motifs I find and this is how I proceed with the design. Are you looking for a new identity for Czech design? For a long time, it was deprived of identity, decoration and luxury… Are you seeking to provide Czech design with a more emotional approach? A more emotional expression? I can´t really describe my style – or if I have a style but the idea in the beginning was that I like to make things in a different way, a more conceptual way or for people to know that they are based on a social critique. For my diploma work I did a collection which was a kind of parody or social critique, of what was going on in our society, so I did boot, I did a silhouette of the Czech Republic as a souvenir and I did something on the edge of art and design to show people that design isn´t just about mass production, but always involves artists and designers and creative people from the very beginning. What I didn´t want to do was just geometric forms – pushing the lines to the right and to the left - but to try and make a three dimensional story of design for use. In your workshop here in Lisbon, did you use the Portuguese discoveries as a theme? I didn´t want to do a workshop just on porcelain or glass, I wanted to be more authentic here, and it is wellknown that Portugal was one of the biggest empires, Brazil, Africa, China etc, the Portuguese conquerors were the most influential travellers searching around the world and I thought it might be nice to be more emotional and political to set up this topic in the workshop. To talk about going back to the colonies and searching for new materials and technology in the current context and thinking about the processes. There were six teams and they had to imagine going to these places and bringing back new ideas; they could be design ideas, social ideas or anything else. I don´t know of any Portuguese designers with this approach. Did you know of any Portuguese designers before coming here? I recently saw an exhibition of Portuguese designers in Prague, including Fernando Brizio, which I thought was interesting. As we have realized, in our anonymous consumerist world, designers have come to the conclusion that they cannot completely control their users, nor their choices and tastes. Do you often use this knowledge as a tool or motivation, for the creation of your work? You are given an idea, a task, and they tell you what to do or the field you should be working in, then we think together with the client what would be the best solution, so the responsibility is divided between the designer, client and marketing directors. People ask designers because they have a special approach, which is why they are asked by clients to come up with an idea. This is why people ask Karim Rashid and Philip Starck. Designers have a way of designing and then the marketing managers are brought in to do the marketing for the product. Some people and companies think that design is the most important thing but the second step is to sell the product with great marketing. There are many examples of fantastic designs which don´t sell. It´s not a mistake of the designer, but an error in marketing. Your approach is multidisciplinary in that your work could be simultaneously art and design. I know that you often travelled with your father, that he was a painter, and you probably met a lot of artists and regularly frequented exhibitions. Do you consider yourself to be a designer or an artist? I don´t like to divide things up into categories, I think that ideas are there to be realised in different materials, regardless of what you call it. I think some of them should fit into the design field in a unique way so they´re not exactly mass-designed. It depends on context.

It´s logical, it was always like this; museums are full of pieces which were made for the bourgeoisie, decorative cupboards which survived simply because they were full of ornamentation etc. What we don´t see are the plain, everyday, simple objects which normal people used. Just the one-off pieces from the palaces. Very few things belonging to normal people. They were either destroyed or never collected. An object from, for example, Ikea, will always be one of millions while a beautiful chandelier is more likely to be unique. Would you prefer to create for Ikea, or just one-off pieces? I´m open to all solutions, I don´t see myself as one way or the other. Why Wellington boots? Why porcelain? Why the cross of Christ? The Wellington boot had just been cast and the what came to mind was “this is not a boot, it´s a vase” and by that meaning, you give new meanings to old objects. You can choose the function you give to an object. I like porcelain, because I did fine art, and also I realised there was something more to this material than just the way we are used to it , and I decided to come up with some new approach, a new context, and use it in a different way, in the same way people use glass and wood. Porcelain is a very classical material, archetypical in terms of history. The Chinese invented it, and Europeans reinvented it, it´s very traditional and I want to continue with this tradition. The cross project was also a school project. I decided to redesign the cross after so many years, in terms of today´s marketing managers, companies and PR agencies. Christ didn´t actually trademark the cross; before, thousands of people died on the cross, but he was the one who became famous. It was my idea to think about this in the light of popular culture, and other people who became icons after death, like James Dean and Marilyn Monroe . I made it out of fibreglass, a material used in furniture companies. It´s very light, and it´s more about the design. I didn´t do it just to provoke people. They could look at it and think about the guy who lived two thousand years ago. Do you feel yourself fascinated by animal forms? Or is it a reaction that you are now having as a designer after a long period of abstract, functionalist design? I think it´s about my money boxes. I cannot describe why they are animals, but it was an interesting project I did with a manufacturer in The Czech Republic. I put holes in the sculptures and made money boxes out of them. The idea was to be on the edge of art and design and for people to decide whether they want to buy them as sculptures or as money boxes. It was very symbolic; the art object which carries money inside. You can put money in and take it back; it´s more about the process of collecting and how to look at art and design. Porcelain, ceramics… You often deal with these materials, why? Were you a graduate student in ceramics? It must have been in Prague, where I studied for 11 years at secondary school. I chose it by accident, because I always wanted to be a painter, artist or whatever, and we had to decide at 14. We were small kids then , but this was the system, and I decided on art school because I was very bad at maths. Also, my father was an artist. I went to the same traditional school as him. I chose ceramics because it was easier to get into this school. I wasn’t particularly interested in ceramics; more painting and graphic design. That´s why I chose it. Heads of babies as a support for candles? There is not much written about these heads… Could you tell more about them? What was the concept behind them? As the candle burns down, the wax drips on the head and a the idea was that as you use the design it gets older, Maybe you have some pieces you inherited from your parents or relatives, and the pieces get old. Some of them are immortal, contemporary forever, or perhaps you won´t use them after a few years. That happens with design. My idea was to symbolise this process; designs that grow with you. The idea is that as you burn the candle, the design changes with you. You can play with the design and it grows like a baby. Is this your first time in Lisbon Yes it is. It’s a very nice city. I went to see Benfica against Nuremberg. They just scored one goal, but it was fun, lots of shouting! Do you like football? I´m not a big fan, I don´t go every week or anything and I don´t have a favourite team in Prague. It´s entertainment and more of a social thing for me.

Traduções / Translation

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Avant Garde Magazine 60's Spark

Air Disaster Text by Geoff Manaugh

Text by Pedro Marques*

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Ralph Ginzburg (1928-2006) is a name which today is virtually forgotten. Author of “highbrow” erotica (with pedagogical overtones) and a vanguard editor, outspoken against the Vietnam war and the Johnson and Nixon administrations. In a key decade during the last century, he made a three-pronged attack against the moral stagnation of America. The erotic side was always there, but more in a playful manner than as a sexual obsessive. He was worlds apart from Hugh Heffner or Larry Flint. Unlike these, Ginzburg paid for his outspokenness with his personal liberty. The decision he took which was destined to forever guarantee his memory in aesthetic terms was when he decided to invite Herb Lubalin (1918-1981) to be graphic director of three important magazines; Eros magazine (1962; a luxury hardback with erudite content), Fact (1964-1967; small, classic format, with a smaller investment) and Avant Garde (1968-1971). Bearing in mind that, traditionally, an artistic director could only really establish themself by working for the big publishing houses of Madison Avenue, it is extraordinary how Lubalin managed what he did, working for an editor who had been sentenced to 8 months imprisonment by the American legal system in 1972 (for having used the American mail in 1966 to send copies of Eros) and who, at best, was seen as little more than an eccentric dilettante. It was in Avant Garde that the synthesis of European rationalism and American sensuality reached its apex, with a square format permitting spreads of exceptional, almost cinematic, beauty. Quite apart from the eroticism, shown in the artistic portfolios featured in a each issue (Picasso, Wesselman, Fuchs, John Lennon´s drawings, Warhol´s divas, and a superb collection of silkscreens by Bert Stern of Marilyn Monroe´s last photo session), it was its stand on the Vietnam war which gave it its focal point. Immediately in the first edition, an anti-war poster contest was launched with a top jury (made up of Richard Avedon, Milton Glaser, Robert Motherwell and Ben Shahn, among others). Of the winners, it´s worth noting the Japanese designers Keiichi Tanami and Hirokatsu Hijikata, whose poster was reproduced in John Barnicoat´s 1972 book A Concise History of Posters. Throughout the magazine´s short life, the war was ever-present, sometimes directly and dramatically, such as when soldier Jeffrey Weinper´s text was published alongside the fact that he had been killed in action, or when featuring first hand accounts by sons of generals and politicians who spoke out in favour of the war. Reading Avant Garde, the ideologically biased texts convey a strange sense of immediacy, a sense that they are in fact a reflection of what America has been living through since 2001. More specifically, what America has been through since the invasion of Iraque in 2003. Because of its editorial and graphic brilliance, Avant Garde was the greatest achievement of Ginzburg, who could have been the greatest editor of the liberal American press. Steven Heller pointed out in Ginzburg´s obituary on the 7th July 2006 that it was his jail sentence which scuppered his credibility in the eyes of his advertisers and ended his career as editor, citing Ginzburg himself who said “I always felt that I could have been one of the greatest names in American publishing if I hadn´t been sentenced to jail. Instead of this, I´m just an interesting footnote.”

Photographer Richard Mosse got in touch over the weekend with these photographs of air disaster simulations: fire crews racing to put out temporary fires, amidst fake airplane bodies on the runways of airports all over Europe and the United States. "I spotted my first air disaster simulator on the tarmac at JFK," Mosse wrote. "You can see it yourself next time you fly into that airport. It's an intimidating black oblong structure situated dangerously close to one of the runways. Ever since, I have hunted for air trainers while taxi-ing across each new airport that I've had the chance to fly into." When I asked him about the actual photographic process – setting himself up near burning, abstract airplanes in order to get the right shot – Mosse replied: "They are extremely difficult to photograph. First the water jets are turned on to douse the fuselage in water. This is in order to stop the metal warping under the intense heat of the flames. Then a pilot light comes on – and the spectacle begins." "But before you've had a chance to cock your shutter and take the photo," Mosse continued, "it is all finished." The firemen have put out the fire in seconds. That's their job, after all. They do this with decisive brevity and great courage, sometimes walking right into flames – but it doesn't make for an easy photograph. It's all a bit like the sexual act: the flames come up and men run in and spray everything with a high power water hose and then it's all over. But that act entails artistry and technique...And each airport is different: "The fire crew at each airport had a very unique mantra," Mosse writes. At Schiphol, the Dutch were bursting with health and enthusiasm, and everything was thumbs up and can do. They let me use their cherry picker bucket to put my camera exactly where I wanted. The crew at Heathrow were overworked and constantly sniping about their boss. While i was there, a Royal Brunei jumbo hit a piece of debris upon take off and the entire fire crew were mobilized to battle stations. They locked me in a small shed for an hour while they dealt with the emergency. In San Bernardino, a ghostly ghetto town east of L.A., the fire crew invited their families and held a barbeque to watch the fire practice which continued haltingly into the dusk. In a minor airport in the north of England, they have recently built the world's largest fire trainer to simulate the new Airbus A380: it is a towering green absurdity remindful of a sorry whale. Watching a lone fire man fire-fighting beneath its wing, I was reminded of David and Goliath. It's the anthropological micro-culture of the air disaster simulation crew, eating barbecued chicken and bitching about work. Sometimes mannequins get involved, artificial humans needing to be rescued from situations of extreme peril. Like Ballardian stand-ins, they are scuffed, scraped, and partially blackened by oil and smoke, then surgically repaired with strips of duct tape. Of course, this reminds me of the Center for Land Use Interpretation's work on law enforcement training architecture, where simulated townscapes play host to staged police raids, fake shoot-outs, and simulated hostage situations. There is even a Laser Village. As the Center writes: "Whether they are made for police or fire departments, these training sites are stylized versions of ordinary places, with the extraordinary horrors of the anticipated future applied to them on a routine basis." One location in particular, the Del Valle Training Center, comes complete with "industrial props (including a portion of an oil refinery), vehicle accident props (including propane-powered bus collisions and a collapsed building prop), concrete slab cutting props, shoring training props, confined space rescue props, and other urban search and rescue facilities." Something tells me Richard Mosse would have a field day there. In any case, I asked Mosse what the general idea behind this project was, and he explained that, in all his work, he's been trying to show "the ways in which we perceive and consume catastrophe." The actual disaster is a moment of contingency and confusion. It's all over in milliseconds. It's hidden in a thick cloud of black smoke and you cannot even see it. Battles, ambushes, hijackings, air strikes, terrorism: it's the same with all of these, too. But the catastrophe lives on before the fact and after the fact, as this spectacle. That's why I wanted to photograph the air disaster simulators; they are the air disaster more than the thing itself. We have built in our airports these enormous, absurd, phallic structures with kerosene jets

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and water sprinklers. They are monuments to our own fear, made within the pared down, hyper-functional, green and black and grey symbolic order of militarized space. Mosse has also photographed real plane crash sites: As for the actual plane crashes, these are also difficult to photograph. You must be prepared to travel immediately in order to photograph one, and you don't know if you will even be able to get a photograph of it when you get there. For very good reasons, press photographers are always corralled into a pen at a great distance from the disaster. Most photographers take out their longest lens and zoom right in – but I don't have a zoom lens. I shoot with a wooden field camera, and so I am forced to shoot the disaster in its context, as a landscape photograph. The results end up looking like something approaching early war photography from the 19th century (Roger Fenton, Matthew Brady, Timothy O'Sullivan, etc.). "I think it's important," Mosse concludes, "that we understand where catastrophe exists in our cultural imagination – where it actually is in reality – which is why I do what I do."

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