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Propostas de atividades 2
1) Tema: O período histórico em que o romance Inocência é retratado.
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
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(EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
(EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
Conteúdo: Apresentação dos elementos que permitem refletir sobre conflitos e temas da vida cultural e social brasileira durante o século XIX do Segundo Reinado, na última quadra de século anterior à Proclamação da República.
Objetivos: Capacitar os alunos para a identificação e reflexão sobre a distância histórica entre o período retratado na adaptação em quadrinhos do romance Inocência e o período contemporâneo.
Justificativa: O romance Inocência é publicado em 1872 e se passa em 1860 no sertão mato-grossense. A maior parte da ação retratada no enredo se passa numa casa de um médio fazendeiro proprietário de escravos, propriedade isolada numa região sertaneja amplamente inexplorada. O conflito dramático central é desencadeado pela desventura amorosa e platônica condicionada pelo trato de casamento arranjado, em que uma moça é prometida a um bom-partido selecionado e arranjado pelo pai e que se apaixona por um boticário forasteiro que está só de passagem num amor à primeira vista. Há noções específicas e datadas sobre trabalho cientifico como signos de progresso e modernidade e da vida rural como atraso e rusticidade.
Todos estes são elementos cruciais para a compreensão da progressão do enredo de Inocência, mas que podem causar relativo estranhamento ou confusão sobre a coerência e verossimilhança da matéria literária apresentada se não forem devidamente contextualizadas. Hábitos e convenções culturais, bem como estruturas sociais expostas como dados naturais são motivo de proveitosos debates e reflexão sobre o período histórico retratado e o que o romance se mantém atual e o que já não diz respeito à imaginação espontânea de estudantes que são incentivados a refletir sobre a obra adaptada.
Metodologia: Propor que, em roda de conversa, se discuta a distância temporal dos conflitos do enredo de Inocência a partir de quatro eixos: As relações familiares retratadas; a intriga amorosa entre Cirino e Inocência; as formas da vida no campo; a autoridade e reverência ao suposto médico e o naturalista Meyer.
Após esta discussão, propor que, em duplas ou individualmente, se enumere e se discorra sobre dois exemplos contidos na adaptação em quadrinhos de cada um dos eixos colocados em discussão na roda de conversa. Esta reflexão poderá ser acompanhada das seguintes provocações e questionamentos: O que torna esta situação selecionada estranha para nosso tempo? O que mudou daquele tempo para o nosso? Se esta situação nos é estranha, como seria a mesma prática hoje? Mas será que hoje é tão diferente assim? O que diz sobre nossos hábitos e práticas sociais hoje o fato de termos sido assim num passado não muito distante? O que permanece e o que ficou dessas práticas que parecem tão distantes?
Feito este exercício, propor que alguns dos alunos leiam suas formulações e discutam o que foi percebido, debatam as divergências e concordâncias do que é percebido sobre o material analisado. Esta será uma oportunidade de, a partir do que é percebido e mobilizado pelos próprios alunos, tecer comentários sobre o ato de refletir historicamente. É importante enfatizar a consciência sobre um determinado ponto de vista no momento da reflexão histórica e literária, portanto é um momento de incentivo à reflexão crítica tanto sobre a história do Brasil como também sobre o exercício do próprio gosto sobre a matéria literária. Cabe ao professor incentivar que os alunos reflitam sobre as diferentes causalidades que mobilizam e promovem determinadas formas de agir e pensar em sociedade. Para que não se recaia no risco de triunfalismo do presente, ou no reverso, que seria a nostalgia sobre o passado, é preciso colocar em prática a reflexão sobre formas de viver e pensar condicionadas pelas situações históricas.
Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos.
2) Tema: Os conflitos entre forças sociais do sertão e da cidade retratados no enredo da adaptação do romance Inocência.
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
(EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
(EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente.
(EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas (cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstâncias e processos.
(EM13CHS206) Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o raciocínio geográfico.
Conteúdo: Apresentação de alegorias sobre conflitos sociais retratados no enredo de Inocência a partir das relações estabelecidas entre os personagens centrais que mobilizam o enredo e os temas sociais que a colisão de vontades estabelece no plano dramático da narrativa.
Objetivo: Incentivar mobilizar nos estudantes o espírito crítico e reconhecimento do processo de representação de conflitos e temas fora da linha dramática estabelecida pelo arco da trama construída no enredo da adaptação em quadrinhos.
Justificativa: O conflito dramático de Inocência apresenta personagens fortes, marcantes, com ações concretas que mobilizam formas convencionais do romantismo brasileiro como o amor impossível, o desenlace violento desencadeado por intriga amorosa, os temas conflitivos que remetem à intensidade emotiva de um drama elegíaco como Romeu e Julieta. Pode-se torcer contra ou a favor da boa fortuna do casal, esperar a punição e desventura de personagens que agem como antagonistas, vilões e intriguistas.
No entanto, é muito fácil assim perder de vista o que a relação entre os personagens pode significar num sentido não apenas do que o enredo melodramático coloca em movimento. Quando se estabelece um conflito de vontades, como é típico dessa forma de intriga romântica, estas vontades não são apenas conflitos individuais, mas também representações de conflitos sociais, ideológicos, políticos, religiosos, etc. Ou seja, o conflito dramático também representa o conflito entre forças exteriores, de natureza mais ampla do que o mero ambiente doméstico retratado.
É desta forma que os pares, conflito e diálogos são também alegorias de temas sociais da época. O conflito entre Cirino e Pereira não é apenas entre pai zeloso e amante frustrado, mas também entre o discurso da modernidade, do pensamento científico e letrado, dos hábitos urbanos recém-formados nas capitais do país e os hábitos da vida do Brasil colonial, hábitos iletrados, de vida rural, de costumes tidos por muitos como signo de atraso. Um paralelo deste sentido pode ser estabelecido entre o cientista zoologista alemão Meyer e seu criado Juque, que não são apenas patrão e criado,
mas também cultura sofisticada e cosmopolita contraposta ao homem comum criado em ambiente rural no Brasil. O próprio desenlace expõe um triunfo do pensamento científico reconciliado com um ideal de pureza sentimental com a homenagem de Meyer dando o nome de Inocência à nova espécie de borboleta descoberta, contraposta a uma imagem de autoritarismo e repressão que os costumes coloniais de Pereira representam. Por sua vez, Cirino prevalece como voz de razoabilidade e razão entre contraposto a Pereira no respeito à vontade da filha. Todos estes elementos facilmente são ignorados quando a única ênfase é o estabelecimento da intriga amorosa e sua resolução.
Metodologia: Após seleção de quadrinhos que exemplifiquem a relação entre os personagens centrais, propor que reflitam individualmente ou em duplas o que o encontro e o diálogo estabelecido no trecho mostrado mobiliza e representa no enredo de Inocência.
Como exemplo, tomemos os quatro quadrinhos da segunda coluna da página 26. São exemplo de construção proveitosa do uso da forma quadrinho para a exposição de elementos não dramáticos na construção dos personagens. Se expõe a ingenuidade de pereira sobre a perturbação sentimental de Cirino, seguido da subalternidade de Juque em relação a Meyer e, por último, expõe-se Cirino, Pereira e Meyer dispostos um ao lado do outro, cada qual em cores diferentes, possibilitando a compreensão e interpretação de que cada um representa forças e valores diferentes em interação.
Proponha aos alunos que elaborem o que cada personagem representa nesta interação usando dos recursos expressivos da forma história em quadrinhos. As seguintes questões podem ser proveitosas: Por que Cirino está de olhos fechados ao escutar a fala de Pereira? Por que Juque e Meyer são colocados em quadrinhos separados? A interação entre os dois quer revelar o quê sobre a re-
preensão de Meyer? Por quê Cirino, Pereira e Meyer estão pintados de cores diferentes no último quadrinho? O que estas cores querem dizer ao diferenciá-los, o que as cores podem representar?
A mesma estratégia pode ser usada em diferentes passagens e momentos da história em quadrinhos, seja na apresentação de Juque e Meyer, seja nos diversos encontros e confrontos dos diferentes personagens em interação no enredo. Desta forma, a vida social e o período histórico retratados em Inocência poderão ser matizados e discutidos em sala de aula sem abandonar o plano particular do enredo encontrado na adaptação.
Tempo estimado: Uma ou duas aulas de 50 minutos.
3) Tema: Os elementos de uma sociedade escravocrata no enredo do romance Inocência.
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
(EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
(EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas (cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstâncias e processos.
(EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identi cando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
Conteúdo: Apresentação dos elementos dentro do enredo e dos recursos estilísticos da forma história em quadrinhos da adaptação do romance Inocência as marcas que permitem reconhecer que se trata de uma sociedade escravocrata.
Objetivo: Capacitar os alunos para o reconhecimento de temas, hábitos e costumes retratados no material em quadrinhos da adaptação do romance Inocência sobre o que permite inferir e entender que se trata de uma sociedade escravocrata retratada no enredo. Também se busca incentivar a reflexão crítica os posicionamentos da narrativa na forma de retratar negros em uma sociedade escravocrata.
Justificativa: O romance se passa em 1860, dez anos após a conquista da Lei Eusébio de Queirós, e publicado em 1872, um ano após a promulgação da Lei do Ventre Livre. As marcas do movimento abolicionista, no entanto, que aos poucos passava a ganhar expressão ao longo desta última quadra do século XIX, não estão explicitadas na composição do enredo de Inocência. No entanto, as marcas de uma sociedade dividida entre escravos, homens livres e proprietários se faz presente ao longo de toda a obra. Dificilmente este tema passará batido e é necessário que o ambiente em sala de aula seja um espaço em que as delicadas questões sobre a formas de retratar o negro e a cultura negra na literatura brasileira sejam exploradas.
No caso da adaptação em quadrinhos para Inocência, o tema pode ser concentrado na apresentação de dois personagens coadjuvantes: Maria Conga e Tico. A primeira é a cozinheira da propriedade de Pereira, o segundo é o “faz-tudo” do proprietário. Circulam, portanto, no ambiente doméstico e surgem como forças subalternizadas, afeitos, leais e adaptados à situação de cativeiro. Pressupõe-se a normalidade e fidelidade sem conflitos ao amo sob a condição de cativos. Maria Conga é quase um personagem adereço, que imprime peso de realidade ao retratar uma média propriedade rural do período, sem que se desdobre como força decisiva na resolução dos conflitos colocados. Esta naturalidade do convívio com a escravidão deve ser discutida nos termos do reconhecimento do ambiente doméstico assimilado e tido como verossímil para o público leitor da época. Já Tico, cumpre uma função decisiva: É a testemu-
nha que delata o caso amoroso entre Cirino e Inocência a Pereira e Meyer. Em sua condição de testemunha e delator, apresenta uma relação de contraditoriedade em relação ao amo: é subalterno, mas sabe mais do que ocorre entre as paredes do ambiente doméstico do que o dono da casa. Por ser tratado como ser irrelevante, consegue perceber muito mais que o amo sobre as ações estabelecidas às escondidas e é tem uma visão privilegiada sobre o todo do enredo antes de sua resolução. Esta condição de mensageiro e observador privilegiado o torna, ainda que coadjuvante, peça decisiva para a progressão da narrativa.
Metodologia: Em roda de conversa, apresentar os trechos dos quadrinhos das páginas 9 e 10 (chegada de Cirino e Pereira na casa e apresentação de Maria Conga), da página 17 (diálogo entre Meyer e Juque sobre o sentido de espancar o animal) e a página 58 (tico relata o caso entre Inocência e Cirino a Pereira e Manecão).
Após a leitura dos trechos, apresentar as seguintes questões: O que as ações de Maria Conga dizem sobre sua função na fazenda de Pereira? O que a cumplicidade da personagem diz sobre a relação entre escravo e amo no mundo retratado em Inocência? Quais elementos da construção narrativa organizada no enredo imprimem à personagem a condição de coadjuvante? A cena de Juque esmurrando o burro, não poderia ser pensada como um comentário sobre a relação entre amos e escravos? O que a cena parece querer comentar? Qual a função de Tico neste momento do enredo o qual sua importância para o desenrolar da narrativa? Como poderíamos comparar Tico e Maria Conga em termos de função cumprida na história em quadrinhos?
É necessário que se matize estas determinações da cultura brasileira em termos de recepção do material, mas também esclarecendo o que desta subalternidade da condição de escravo revela sobre a função cumprida por parte dos personagens no enredo. Assim, se conseguirá matizar a escravidão como uma segunda natureza, uma força que se sedimentou ao ponto de sua naturalização na vida social do século XIX, mas sem que se abandone em sala de aula as consequências da estrutura narrativa de Inocência ao enfatizar-se a questão.
Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos.
4) Tema: Os elementos de conflito de gênero da sociedade patriarcal retratada na adaptação do romance Inocência.
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
(EM13LP48) Analisar assimilações e rupturas no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
(EM13LP52) Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS104) Analisar objetos da cultura material e imaterial como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar as tipologias evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre outras) e as oposições dicotômicas (cidade/ campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade, material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em diferentes circunstâncias e processos.
(EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identi cando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
Conteúdo: Apresentação das diversas nuances e dimensões conflitivas que permitem pensar o lugar social reservado às mulheres no mundo retratado no enredo de Inocência.
Objetivo: Capacitar os alunos para o reconhecimento dos conflitos sobre as relações de gênero tratadas como tema e como forma de estabelecer relações entre as diversas colisões e relações individuais entre personagens no conflito dramático da adaptação em quadrinhos do romance Inocência.
Justificativa: No núcleo central que organiza os diversos conflitos contidos na narrativa de Inocência está o debate sobre o papel da mulher sob dois pontos de vista divergentes: o modo de pensar e agir de Pereira e Manecão e as concepções de Cirino. São destes dois pontos de vista que se moldarão as barreiras e fronteiras de tensão sobre o processo de construção da personagem, bem como o sentido expressivo de suas vontades e vivências de desejos dentro do conflito amoroso. Esta relação de co-dependência da personagem feminina dentro da composição de um universo patriarcal restritivo e composto por uma série de imperativos demandados por tradições familiares são resultado de uma série de sedimentos culturais sobre relacionados à manutenção de status e honra na vida sertaneja.
Estas posições se desdobram na oposição entre respeitar ou não respeitar a opinião e vontade de Inocência para o casamento, o que, trocando em miúdos, se faz ou não sentido trata-la como uma pessoa autônoma, independente e imbuída de vontade própria. Em termos limitados e adaptados para as convenções do romantismo da época, é central para a compreensão do enredo os debates da época sobre emancipação feminina como signo de modernidade. No entanto, colocar a questão nestes termos pode causar uma série de estranhamentos que podem se desdobrar em proveitosos debates em sala de aula. Há uma série de nuances que devem ser levadas em conta: a evolução histórica do debate sobre o lugar social da mulher dentro sob uma ordem estruturalmente patriarcal, a matização do quanto este debate evoluiu da perspectiva crítica de leitores do século XIX e o exercício crítico que possibilite as ponderações sobre os posicionamentos e valorações ajuizadas no enredo concebido por Visconde de Taunay.
Será esta uma atividade que incentivará tanto nos alunos quanto nos professores a reflexão sobre distanciamento histórico, a evolução da sociedade em mediar a vida das mulheres e a importância da preservação de um espírito crítico livre de anacronismos na capacidade de formulação. Tudo isto deve ser almejado sem que se perca de vista a realização formal e artística do enredo por onde se deu o ponto de partida da discussão.
Metodologia: Apresentar aos estudantes o diálogo entre Cirino e Pereira nas páginas 13 e 14, em que Pereira coloca suas posições sobre a necessidade de arranjar casamento para a filha e Cirino coloca que não divide das mesmas posições das mulheres. Em seguida, expor o diálogo na página 40 e 41, o escândalo de Pereira com a sugestão de “consultar” a filha se lhe agrada a ideia do casamento. Por último, expor o diálogo entre Inocência e Cirino na página 45, em que Cirino a trata como santa e Inocência diz que prefere a morte a rejeição do par amoroso.
Após a leitura dos trechos, propor que, em duplas ou individualmente, releiam com cuidado os trechos e elaborem por escrito reflexões sobre as seguintes questões: O que a posição de Pereira revela sobre o lugar social ocupado pelas mulheres no mundo retratado em Inocência? O que a resposta de Cirino revela sobre sua posição em relação à questão? O que o escândalo de Pereira revela sobre esta questão enquanto convenção social?
Colocadas estas questões e estabelecidas respostas, propor para serem discutidas as seguintes questões sobre o diálogo da página 45: O que Cirino revela sobre sua relação com Inocência ao compará-la com uma “santa”? O que Inocência revela sobre o que espera de sua relação amorosa ao declarar que prefere a morte à rejeição? O que se espera de Inocência nesta relação amorosa em seu papel de mulher?
Assim, feitas estas atividades nesta ordem se espera que primeiro se consiga identificar a oposição entre a coerção social sobre mulheres no costume de casamento arranjados e a condição submissa e opressora sobre as mulheres na voz de Pereira. No entanto, com a atividade seguinte se espera que se possa problematizar a idealização santificante de Inocência como santa e emocionalmente co-dependente da figura masculina como também uma relação que limita a autonomia da figura feminina na relação estabelecida.
Tempo estimado: Uma aula de 50 minutos