+ Saúde & Bem Estar - Junho 2016

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Exemplo de boa forma Ginasta da delegação joseense Natália Gaudio, que vai representar o Brasil nas Olimpíadas, conta como mantém o corpo nota 10


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Carta ao Leitor

Informação é o melhor remédio Viver anda bem perigoso no Brasil. E não estou falando só da violência que vem das ruas, aquela que pode surgir de um assalto desastrado, de uma bala perdida –pior, encontrada – ou do atropelamento por algum motorista bêbado, mas, sim, dos surtos de doenças cada vez mais agressivos e nocivos. Depois da febre amarela, dengue e chikungunya, veio a zika, e, com ela, a microcefalia que piorou ainda mais um cenário já crítico. Agora, com a chegada do frio, é a vez da gripe H1N1 e de uma velha conhecida, a tuberculose, que ameaça não só os indivíduos em vulnerabilidade social, mas pode vitimar qualquer um, assim como fez com o cantor Thiaguinho e o jogador de futebol Thiago Silva. Todo cuidado é pouco, mas, aqui, vale ressaltar a importância da prevenção, de cada um fazer a sua parte para manter-se vivo e saudável. A informação pode ser o melhor remédio para a saúde. E nem tudo está perdido. Este ano histórico para o país, por vários motivos bons e outros nem tanto, vamos sediar as Olimpíadas. Uma ótima oportunidade para nos inspirarmos pela onda esportiva e abraçarmos a ideia de colocar o corpo em movimento. Vamos conhecer o exemplo da atleta Natália Gaudio, que pertence à delegação joseense de ginástica rítmica e estará representando o Brasil nas Olimpíadas do Rio. Em entrevista exclusiva à +saúde, ela conta como é a sua rotina de preparação e como faz para se manter em forma e sempre linda. E tão importante quanto cuidar da saúde física é cuidar da saúde mental. Por isso, apresentamos um grupo de estudos que está em busca de aprendizado com os lutos e os traumas. Não é um caminho fácil, mas pessoas resilientes podem, sim, aprender com as crises. Por fim, a revista traz, também, a bela iniciativa do projeto Handyhand, realizada por voluntários de São José dos Campos, que desenvolve próteses de mãos e braços em impressora 3D sem custos para crianças da região. E assim devemos lembrar que, para um tanto de episódios ruins, há uma parte bem maior de coisas boas e, apesar das ameaças, somos brasileiros e não desistimos jamais! Boa leitura! Daniela Borges Editora

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O VALE Diretor Responsável Fernando Salerno Editora-chefe Sheila Faria Divisão de Revistas A revista +Saúde & Bem Estar é um produto editorial desenvolvido pela Divisão de Revistas de O Vale + Saúde & Bem Estar Editora: Daniela Borges Reportagem: André Leite e Daniela Borges Fotos: Guilherme Cursino e Shutterstock Diagramação: Vitor Kobbaz Capa: Guilherme Cursino Publicidade Gerente Comercial e Marketing: Tamires Jorge Assistentes Comerciais: Rodrigo Lamego, Ana Paula Alves e Valdelice Oliveira Artes: Ricardo Nazima, Marta Oliveira e Flávio Machado Executivos de Negócios: Aldo Mazzoni, Paula Rizzo, Tatyane Lopes, Yuri Santos e Wolfgango Brandão. Executiva de Negócios Sucursal São Paulo: Isabel Bruno Assistente Comercial Sucursal São Paulo: Marcos Alves

Vendas Internas Vendedores: Bárbara Frigi, Guilherme Cursino, Jediel Pereira, Ritiele Cordeiro e Susemary Fernandes Rua Santa Clara, 417 – Vila Adyanna Cep: 12243-630 - São José dos Campos - SP Tel: (12) 3878-4499 São Paulo Rua Tabapuã, 627 Itaim Bibi Cep: 04533-012 – São Paulo –SP Tel.: (11) 2768-345 Taubaté Avenida dos Bandeirantes, 5850 Independência – Cep: 12031-206 – Taubaté – SP Tel: (12) 3632-0895 Administração e Redação da Saúde & Bem Estar Rua Santa Clara, 417 – Vila Adyanna Cep: 12243-630 - São José dos Campos - SP Tel: (12) 3878-4499 Endereço eletrônico: www.ovale.com.br Circulação: A revista Saúde & Bem Estar circula encartada em O VALE na edição de 04/06/2016 para assinantes e nos exemplares de venda avulsa nas bancas de 33 cidades das regiões do Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira, Litoral Norte e Sul de Minas Gerais.


8 A menina de ouro da ginástica rítmica revela a sua rotina para manter a boa forma

24 Substituir refeições por shakes pode levar organismo a carência de nutrientes

36 Puberdade precoce traz consequências psicológicas e sociais em crianças menores de oito anos

46 Casos de tuberculose disparam e causam mais de 4.000 mortes por ano no Brasil

64 Projeto Handyhand desenvolve próteses em impressora 3D gratuitamente para crianças


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A musa da ginástica rítmica Às vésperas das Olimpíadas, ginasta Natália Gaudio conta como mantém a saúde e o corpo em dia Por André Leite

Ela começou a praticar a ginástica rítmica aos seis anos. Hoje, com 23 de idade e 17 de carreira, vive o “melhor momento” na modalidade esportiva. Atleta da delegação joseense, a capixaba Natália Gaudio representará o Brasil na competição individual de ginástica rítmica nas Olimpíadas do Rio de Janeiro neste ano. Com a agenda apertada desde que conseguiu a classificação para o evento esportivo -- durante o mundial de Stuttgart, na Alemanha, em 2015 --, a ginasta recebeu a equipe da revista +saúde durante uma de suas passagens por São José dos Campos, no Clube Recreativo Orion, local onde acontecem os treinos da equipe de base da cidade. Mesmo de cara-lavada, despojada, com chinelos de dedo nos pés, Natália não hesita em assumir sua vaidade. “Agora estou sem maquiagem porque acabei de almoçar e sai correndo de casa para atender vocês, mas isso é uma exceção”, explica com um sorriso sutil no canto na boca. Sempre com o visual impecável, a capixaba não vê problemas ao exibir a boa forma, inclusive em alguns trabalhos que faz como modelo fotográfica,

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nas redes sociais. Modelar, aliás, é um de seus hobbies favoritos. “Sempre digo que a ginástica é um esporte para meninas lindas, porque as ginastas gostam e precisam se arrumar. A gente sempre está com aquelas roupas maravilhosas, cheias de pedras, swarovski, então, o cabelo e a maquiagem precisam acompanhar”, justifica. Como começou a viajar sozinha ainda muito jovem, com cerca de nove anos de idade, Natália teve que aprender, desde cedo, a se virar. E o que era uma necessidade do esporte acabou se tornando um gosto na vida pessoal. “Gosto de ficar antenada às tendências da moda e adoro pesquisar tutoriais de maquiagem na internet para aprender coisas novas. Não tem como negar, sou, sim, muito vaidosa”, conta. Alimentação. Apesar da preocupação com a aparência, a atleta não segue uma dieta rigorosa, com muitas restrições. Também já não faz acompanhamento mensal com nutricionista, pois, segundo ela, como está nesse meio praticamente desde que nasceu, sabe muito bem como se controlar sozinha.

“Quando vou competir e preciso fechar a boca, procuro ter uma alimentação ainda mais saudável, tirando as coisas mais pesadas do cardápio, como frituras, chocolate e refrigerantes. Mas não tenho neuras, se estou numa festa ou de férias, me permito comer o que quiser”, afirma. Natália revela que vive num universo tão exigente quanto o da moda e que conhece muitas ginastas que tiveram problemas sérios e que são comuns no universo das modelos, como a depressão e até a bulimia. Mas como tem facilidade para manter o peso, ela conta que nunca se cobrou demais. “Claro que prezo, em primeiro lugar, pela minha saúde. Mas a gente treina demais, então acaba gastando muita energia. Por isso podemos nos permitir comer de tudo um pouco. Se tenho vontade de chupar sorvete, como uma bolinha, se tenho vontade de chocolate, como um pedaço. Não precisa comer a barra inteira”, diz aos risos. Nas refeições que Natália mesmo prepara, não há novidades ou qualquer tipo de segredo. As prioridades são sempre para as saladas, os legumes e as verduras, além das frutas.


Fotos: Guilherme Cursino/OVALE


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Treinos. Em uma rotina comum, Natália treina cerca de seis horas por dia, isso quando não estende os exercícios para dois turnos, o que é muito comum para a atleta em fases como a atual, de seguidas competições. “E como a agenda está muito apertada, pois tenho dado muitas entrevistas e participado de diversos eventos, treino onde dá, às vezes, no intervalo de um compromisso e outro. Até em corredor de hotel já treinei”, revela. Para complementar o treinamento

Dia de treino em São José dos Campos: meninas começam cedo a prática da modalidade

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voltado ao esporte, Natália também pratica pilates e faz exercícios específicos de força, já que não pode ganhar massa muscular. Além disso, faz coach esportivo com Francisco Rui Girão e tem um técnico preparador físico, o Bento Carvalho. “Ainda realizo exames de sangue periódicos para identificar variações que sinalizem o risco de uma possível lesão. A medida é preventiva e orienta o preparador da necessidade ou não de diminuir a intensidade dos meus treinos.”

Fotos: Guilherme Cursino/OVALE

Treino onde dá... até em corredor de hotel já treinei


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Comecei minha melhor fase no ano passado Natália Gaudio descobriu o talento para a ginástica graças ao incentivo da mãe. Com cinco anos de idade, começou a dançar balé, mas teve dificuldade para se adaptar à dança clássica porque era “muito agitada”. Foi nessa época, praticando os espacates, que Natália descobriu que tinha nascido com boa flexibilidade corporal e a primeira professora identificou que a pequena menina teria facilidade com a ginástica. “Na escola que estudava tinha iniciação à ginástica e quando fui assistir à aula pela primeira vez, me encantei com a modalidade. Foi aí que tudo começou e nunca mais parei de praticar”, conta Natália. A primeira professora, Sônia, à época já era amiga da atual técnica, Mônika Queiroz, da seleção capixaba. Foi Sônia quem levou Natália para o primeiro teste de uma carreira promissora que viria pela frente.

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capa Com 17 anos dedicados à ginástica, Natália é dona de vários títulos, entre eles o de tetracampeã brasileira, tetracampeã sul-americana, tetracampeã no Campeonato Sul-americano de Ginástica e Vice-campeã nos Jogos Sul-americanos. Isso sem falar dos Jogos Abertos, em que representa São José dos Campos e é campeã absoluta. “Comecei minha melhor fase no ano passado, com a classificação, na Alemanha, para as Olimpíadas do Rio. Meu objetivo é continuar melhorando gradativamente minha performance até agosto, nas competições que antecederão as Olimpíadas, quatro delas acontecem fora do país nos próximos meses”, afirma. No evento-teste que aconteceu na Arena Olímpica, em abril, Natália conseguiu melhorar, mais uma vez, sua pontuação, passando cinco atletas que estavam bem à frente no ranking

Meninas se espelham na trajetória da atleta Natália Gaudio

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geral. A intenção, segundo ela, é chegar às Olimpíadas com uma posição ainda melhor.

“Quero aproveitar que o país todo estará focado nos jogos, para ajudar a disseminar o esporte e incentivar as crianças que estão começando Dos quatro aparelhos com os quais se apresenta (o arco, as bolas, as maças e a fita), o preferido da ginasta é o arco, o mais versátil e que permite mais inovações nas coreografias, de acordo com a atleta. “No entanto, a fita tem o dom de levantar o público, especialmente porque, nas apresentações com esse aparelho, é o samba que dita o ritmo”, conta Natália que, nas Olimpíadas, se apresentará com um samba do cantor e compositor Dudu Nobre.


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“Quero aproveitar que o país todo estará focado nos jogos, para ajudar a disseminar o esporte e incentivar as crianças que estão começando, pois não é fácil crescer como atleta no Brasil. Passei por muitas dificuldades, mas o amor pelo esporte é que me manteve firme. Treino há 17 anos e só agora estou colhendo os frutos de toda essa dedicação.” Assim como as crianças da equipe de base de São José, muitas outras se es-

Equipe joseense de ginástica rítmica

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pelham em Natália, e ela sabe o quanto isso é importante. Segundo a ginasta, quando era criança, ainda em Vila Velha (ES), conviveu com uma ginasta olímpica, a técnica Mônika Queiroz, que competiu em Pequim e Atenas. “Eu olhava pra ela e via onde queria chegar. Poder contribuir com uma equipe de base, hoje, é muito importante”, diz Natália. Como se a convivência, por si só, não fosse enriquecedora para as jovens atletas, Natália está sempre atenta ao trabalho das joseenses, dando dicas e repassando tudo o que aprende em suas experiências fora do país. “Fico muito feliz por poder ser uma referência para elas. É uma troca, pois elas sempre me recebem com mui-

to carinho, e isso é um incentivo pra mim”, diz. Em função da estrutura oferecida hoje pela cidade às atletas, aliada à dedicação das meninas, Natália vê um futuro promissor para as joseenses. “A cidade tem um projeto, a longo prazo, de se tornar uma potencia da ginástica. Então, o futuro dessas meninas será brilhante.” Ciente da curta carreira que atletas têm, Natália afirma que ainda pretende disputar as Olimpíadas de 2020 antes de “aposentar”. A ideia é que, depois, a atleta continue ligada à ginástica e, ainda que ser técnica não esteja em seus planos, ela não descarta a possibilidade de se dedicar a consultorias, cursos e workshops ligados à modalidade.

Fotos: divulgação

Legado. Atenta à visibilidade que sua carreira ganhou do ano passado pra cá e do seu papel para história da ginástica nacional – ela é a terceira atleta do Brasil a disputar as Olimpíadas na categoria individual, a última foi em 1992 --, a ginasta afirma que pretende deixar um legado.


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boa forma

Malhação sobre bikes Cia Cycle vira febre em academia de São José dos Campos Por André Leite

Yara Patu de Brito tem 49 anos, é bacharel em direito e, desde março deste ano, perdeu cerca de três centímetros de cintura e emagreceu dois quilos. O que ela tem feito de diferente? Participado das aulas do Cia Cycle, da Companhia Athletica, em São José dos Campos.

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“Faço todas as aulas controlando minha frequência cardíaca e queima calórica com o sistema My Beat (saiba mais sobre ele nessa reportagem) e a queima de calorias na aula do Cia Cycle é bem maior”, afirma Yara.

Imagine fazer uma aula de ginástica em cima de uma bicicleta e, com a ajuda de halteres e borrachas, trabalhar o corpo todo seguindo o ritmo da música, com elevadíssimo consumo calórico. Essa é a proposta do Cia Cycle. “O spinning tradicional é uma simulação dos diversos percursos do ciclismo de rua em uma bicicleta estacionária. O praticante sobe montanhas, faz sprints, pedala em pé, sentado, enfim, faz os mesmos treinamentos e movimentos do ciclista. A aula de Cia Cycle não tem este compromisso com o ciclismo”,

explica Mônica Marques, diretora técnica da Cia Athletica. A ideia é que, intercalando os estímulos entre os membros inferiores e os superiores, os praticantes consigam treinar em alta intensidade durante um tempo maior ao longo da aula. Assim, quando as pernas entram em fadiga, o aluno usa mais os braços e vice-versa. Enquanto as pedaladas trabalham os músculos inferiores, o uso dos halteres intensifica os exercícios dos braços, peitos e ombros. Já as flexões de braços fortalecem os peitorais e os tríceps.


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boa forma Apesar de ser praticada em cima das bikes, a nova modalidade não é, necessariamente, voltada ao mesmo público praticante do spinning. Segundo a diretora técnica da Cia, depende da personalidade e do objetivo de cada praticante.

habilidade. A aula de Cia Cycle é voltada para pessoas que desejam aliar a este treino cardiovascular o fortalecimento das pernas, glúteos, tronco, ombros e braços e pessoas que pretendem ter um consumo calórico sempre elevado”, explica.

“O spinning tem um público específico e cativo de pessoas que buscam um treino cardiovascular intenso, com grande facilidade de execução e

A duração da aula é de 45 minutos e tem uma média de consumo de 450 a 500 calorias em cada sessão. O gasto calórico é semelhante ao squash, por

exemplo, um pouco maior que o de aulas de dança e de ginástica localizada. “Entre os principais benefícios para o corpo de quem pratica o Cia Cycle está o emagrecimento, o condicionamento cardiovascular e o fortalecimento muscular. Para a saúde, de modo geral, todos as vantagens da atividade física regular intensa, como a diminuição de colesterol e triglicérides, o menor risco de doença cardiovascular entre outras.”

Em busca da alta performance

Tecnologia My Beat ajuda alunos a maximizarem gastos calóricos durante atividades

Trata-se do sistema My Beat, que utiliza as informações dos wearables ou monitores de frequência cardíaca -- que po-

Tecnologia My Beat é usada durante as aulas de Cia Cycle

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dem estar em uma simples cinta no peito, pulseira, relógio, GPS ou até em um aplicativo no smartphone – para projetá-las em TVs ou telões. “Com isso, os alunos podem interagir, ajustar o patamar de intensidade do seu esforço, maximizar o seu gasto calórico e até competir entre si, por meio de games, usando as informações em tempo

Fotos: Divulgação

Praticar atividades físicas em salas de ginástica e de spinning inteligentes, em que os alunos podem monitorar a intensidade dos exercícios em tempo real. Isso já é uma realidade dentro da Companhia Athletica.

real”, explica Mônica Marques, diretora técnica da Companhia Athletica. Mesmo com o objetivo de que a competição entre os alunos seja divertida e o desafio sirva de motivação, a diretora técnica ressalta que existe a possibilidade de o aluno utilizar apelidos, caso não se sinta confortável ou preparado para as competições.


Instrutora durante aula de Cia Cycle, na Cia Athletica

1/2 CIA ATHLETICA


boa forma

Ainda segundo Mônica, o My Beat é uma excelente ferramenta de aula para o professor pois, com as informações sobre a intensidade do treino de cada aluno expostas na TV, o profissional pode motivá-lo e orientá-lo com muito mais assertividade e eficiência, garantindo melhores performance e resultado. O administrador Luiz Fernando Papaiz, de 52 anos, conta que a tecnologia tem o ajudado a atingir os diferentes níveis de treinamento, seguindo as orienta-

ções dos professores e, com as variações de batimento cardíaco, ter resultados muito mais significativos.

de permanência em cada faixa de intensidade, a frequência cardíaca média/máxima e os pontos acumulados pelo aluno.

“Outra vantagem é que ainda recebo, via e-mail, o gráfico das zonas de treinamentos atingidas em aula. Um bom histórico que serve de acompanhamento da evolução do meu condicionamento físico”, diz Papaiz.

“A tecnologia chegou de vez para auxiliar as pessoas a obterem melhores resultados nos seus treinos e, como consequência, a melhorarem sua qualidade de vida. Prova disso é que os wearables estão no topo da lista do American College Of Sports Medicine, que lista as principais tendências fitness para 2016”, finaliza Mônica.

Nesses relatórios, ficam registrados a quantidade de calorias gastas, o tempo

Como funciona o My Beat? Wearable (medidor de frequência cardíaca) se conecta com o sistema My Beat Nas salas inteligentes, as informações registradas pelos medidores são projetadas em TVs ou telões Utilizando um sistema de cores, a tecnologia mostra ao aluno qual a faixas de intensidade do exercício que ele está praticando azul (exercício fácil, frequência cardíaca < 59% da FC máxima) verde (intensidade moderada, 60 a 69% da FC Max) amarela (exercício difícil, 70 a 79% da FC Max) laranja (exercício cansativo, 80 a 89% da FC Max) vermelha (exercício muito, muito difícil, acima de 90% da FC Max)

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nutrição

Moda entre aqueles que buscam perder peso, bebida à base de proteína pode trazer carência de nutrientes e até mesmo engordar Por Daniela Borges

Quem não deseja encontrar uma receita milagrosa capaz de eliminar aquelas gordurinhas indesejáveis sem precisar fazer muito sacrifício e em tempo recorde? Com um sabor agradável e a proposta de saciar a fome sem perder nutrientes, os shakes têm feito um enorme sucesso entre as pessoas quem buscam perder peso. Mas, como não existe mágica, até mesmo essas bebidas saborosas e refrescantes feitas para emagrecer podem surtir efeito contrário e acabar acrescentando alguns quilos na balança. Para a nutróloga Lenina Matioli, especialista pela Associação Brasileira de Nutrologia, de Taubaté, a maioria dos shakes presente no mercado possui

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carboidratos em excesso. “Os açúcares escondidos atrás de nomes ‘diferentes’ como dextrose e maltodextrina, e as quantidades diminuídas de vitaminas e minerais, tornam a bebida com valores nutricionais inadequados”, afirma. O excesso de açúcares presentes na bebida, segundo ela, não promove a saciedade apregoada pelos fabricantes, além de não conter quantidade balanceada de nutrientes. “Portanto, o shake pode engordar, sem dúvida. Isso é o que mais vemos no dia a dia, na prática clínica. Pessoas usando a bebida como substituta de refeições sem perder gordura adequadamente e ainda com deficiências importantes de vitaminas e minerais”, completa Lenina.

Como a diferença entre o remédio e o veneno está na dose, também no caso dos shakes, a diferença entre o que é saudável do que pode afetar o bom funcionamento do organismo está na quantidade. Usado regularmente como substituto de refeições, os shakes além de não ajudarem na perda de gordura, podem levar a carências nutricionais de vitaminas e minerais que são prejudiciais. “É inadequado substituir a refeição pela bebida, ou seja, o que a maioria das pessoas que compram um shake fazem”, afirma Lenina. De acordo com ela, quem precisa emagrecer deve se alimentar de verdade e aprender a combinar alimentos adequadamente para sentir saciedade prolongada.


nutrição

“O Proteste realiza os testes de tempos em tempos e constata o que já sabemos: que muitas marcas famosas no mercado não têm a quantidade ideal de nutrientes a serem consumidos. Alguns apresentam até carboidratos além do indicado, fazendo com que seu consumo possa favorecer o ganho de peso: efeito contrário ao buscado pelos usuários”, descreve a médica.

Alguns rótulos também são ricos em proteínas que, em excesso, podem levar a problemas renais. “O emagrecimento acaba sendo errado com o uso destes produtos, porque não se perde gordura, mas sim água e massa magra (músculo).” Para quem deseja realmente perder peso com saúde, a nutróloga indica fazer refeições equilibradas e que garantam a saúde no prato. Outro lado. De acordo com a nutróloga Lenina Matioli, os shakes não são vilões e podem até ser aliados de esportistas com objetivos específicos para ganho de massa muscular ou recuperação de desgastes de treinos longos. “Porém devem ser bebidas especificamente formuladas para o atleta em questão, levando em conta a atividade praticada, peso corporal e objetivos”, conclui Lenina.

Regras básicas para quem deseja emagrecer Primeiro, consulte um endocrinologista. Depois um nutricionista ou nutrólogo. Estabeleça uma rotina alimentar, com horários regulares para comer. Faça algum tipo de exercício físico. Não passe fome, respeite a regra de comer a cada 3 horas. Faça refeições moderadas e escolha apenas uma fonte de carboidrato por refeição

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Para a médica nutróloga e ortopedista Lenina Matioli, os carboidratos em excesso presentes nos shakes podem levar a ganho de peso

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Fotos: Divulgação

O consumo abusivo de shakes de proteína por quem quer perder peso pode colocar a saúde em risco. Quem alerta é a nutróloga Ana Luisa Vilela, especialista em emagrecimento da clínica Slim Form, de São Paulo. Ana lembra que testes realizados por entidades como o Proteste já demonstraram que a maioria desses produtos não traz nutrientes suficientes que justifiquem seu uso em substituição de refeições.


geriatria

Pilates para idosos Exercícios ajudam a tratar e prevenir uma série de problemas sem gerar impactos negativos ao corpo

Fotos: divulgação

Por André Leite

Há dois meses, Dicea Santos Ferreira, de 77 anos, foi diagnosticada com uma inflamação no nervo ciático que estava causando muitas dores e incomodo. Foi então que, por recomendação médica, ela aderiu à pratica do pilates. Esse e outros problemas como dores nas costas, limitação dos movimentos, alterações de equilíbrio, osteoporose, artrose e hérnias são comuns entre os idosos, mas, apesar de serem causados por diferentes fatores, podem ser tratados com o mesmo método, o pilates.

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Os benefícios são inúmeros. Melhora da capacidade cardiopulmonar, aumento da força muscular, melhora da amplitude de movimento e mobilidade, do equilíbrio, da consciência corporal, da postura, por meio do fortalecimento de músculos profundos, do estado geral de saúde e até da autoestima. Em alguns casos específicos, o pilates pode até ser utilizado como uma terapia complementar à fisioterapia para tratar determinadas patologias. No caso de Dicea, além de pilates (duas vezes por semana) ela também faz hidroginástica.

“Sempre depois das aulas, me sinto ótima, é um bem-estar muito grande. Os exercícios ajudam a aliviar as dores e os efeitos positivos podem ser sentidos por dias após as aulas”, conta Dicea. A prática da modalidade, no entanto, não tem adesão somente de idosos com algum tipo de condição especial de saúde. Muitos têm encontrado nele uma forma segura para praticar atividade física e minimizar os efeitos do envelhecimento nos músculos e nas articulações.



geriatria “O método pode exercer papel preventivo para diversas lesões musculoesqueléticas como resultado do fortalecimento, do alongamento e da consciência corporal, além de ser aliado no tratamento de lesões músculoesqueléticas nas fases crônicas, lombalgias, hérnias de disco e alivio de dores no corpo”, afirma a fisioterapeuta Laís Demétrio, da Reger Geriatria, de São José dos Campos. Indicação. Um dos motivos pelo qual o pilates tem sido muito indicado aos idosos é que os exercícios não geram nenhum tipo de impacto articular e respeitam o limite de cada aluno, podendo, se necessário, ser adaptados para que o praticante consiga realiza-los com

maior conforto e de forma eficaz. “Vale ressaltar a importância de contar com o apoio de um profissional capacitado, que irá realizar uma avaliação inicial de cada aluno, podendo, assim, direcionar suas aulas de acordo com as necessidades de cada um”, lembra a fisioterapeuta. As únicas contraindicações do pilates são para pessoas que não possuem liberação médica, portadores de hipertensão arterial não controlada, que possuam lesões musculoesqueléticas agudas, febre ou fraturas não consolidadas. Por outro lado, aos praticantes, a tendência é que haja uma evolução rápida

nos exercícios e no ganho de resultados durante a prática dos mesmos, idealmente realizados de duas a cinco vezes por semana. Laís afirma que, segundo Joseph Pilates, criador do método, “com 10 sessões você perceberá a diferença, com 20 sessões os outros irão perceber a diferença e com 30 sessões você terá um novo corpo”. “Os resultados mais visíveis são do posicionamento do pescoço, que se torna mais alongado, abdômen mais firme, correção postural e tonificação dos músculos. Vale ressaltar que os resultados irão depender da frequência das aulas e da dedicação do aluno e instrutor”, diz.

Fotos: divulgação

“Com 10 sessões você perceberá a diferença, com 20 sessões os outros irão perceber a diferença e com 30 sessões você terá um novo corpo”

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geriatria

Modalidade ajuda a tratar continência urinária e eleva autoestima Um dos princípios do pilates é ajudar o aluno a ter maior controle sobre seus músculos. Nos exercícios, ele pratica, por exemplo, a contração dos músculos do abdômen e pélvico (especialmente o períneo), que é responsável pelo controle urinário. Por essa razão, segundo Laís Demétrio, da Reger Geriatria, de São José dos Campos, o pilates também tem desempenha-

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do papel importante na potencialização do tratamento e na prevenção da continência urinária.

as repetições acabam desenvolvendo não só a consciência corporal, mas também estimulando a memória e a concentração.

Outro aspecto positivo para os idosos que praticam a modalidade é que, como a atividade necessita de atenção e da realização de varias tarefas de forma simultânea (associação da inspiração-expiração com a contração de músculos específicos e a realização do movimento),

“Aulas realizadas em grupo trazem benefícios ainda por meio do convívio com outras pessoas. A diminuição da tensão proporcionada após a aula potencializa a sensação de bem-estar, a percepção corporal e os ganhos de resultados colaboram para a melhora da autoestima”, conclui Laís.


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O poder do nutrição

limão Fruta rica em vitamina C é capaz de equilibrar o organismo, fortalecer o sistema imunológico, curar doenças e pode até mesmo ajudar a emagrecer Por Daniela Borges

Seu gosto azedo pode até distanciar os paladares mais sensíveis, mas não se engane com o limão, essa fruta poderosa tem a capacidade de equilibrar o organismo, curando doenças e promovendo a saúde. “Sendo uma fruta ácida, leva a crer que oferece substâncias que podem agredir os órgãos, mas é exatamente o contrário. O ácido cítrico, ao entrar em contato com as nossas células, é oxidado, produzindo efeito alcalino e neutralizando a acidez interna”, afirma a nutricionista Sheila Maria Costa e Castro, especialista em Gerontologia, de São José. Para a ortopedista Lenina Matioli, nutróloga especialista pela Associa-

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ção Brasileira de Nutrologia, o limão é uma excelente fonte de vitamina C, e contém também potássio, magnésio, cálcio, fósforo, entre outros. “Entra em diversas reações metabólicas no organismo principalmente equilibrando o sistema imunológico”, completa. Um excelente tempero para as saladas, o limão oferece muitos benefícios à saúde. De acordo com a nutricionista, ele aumenta a absorção de ferro pelo organismo, alcaliniza e purifica o sangue e tem ação cicatrizante. “Suas enzimas, auxiliam a digestão, já que participam da quebra de proteínas e, como se não bastasse, sua casca oferece substâncias chamadas monoterpenos,

que vão além da função de nutrir, agindo com eficácia na prevenção e cura de várias doenças, como as dislipidemias, doenças hepáticas e até o câncer, sendo considerado, portanto, um alimento funcional”, esclarece Sheila. Embora não seja utilizado como medicamento nos processos de emagrecimento, o consumo regular do limão já provou ser eficaz no controle do peso. “O ácido cítrico tem comprovada ação adstringente e, por esse motivo, auxilia o processo de eliminação de gorduras pelo organismo”, explica Sheila. E sua ação alcalinizante, acaba por reduzir o pH sanguíneo, o que também contribui para o controle do peso.


Galego, taiti ou cravo? Não importa o tipo do limão, o alto valor nutricional, bem como as propriedades terapêuticas, estão presentes em todos eles, independente da espécie. A orientação da nutricionista Sheila Maria Costa e Castro é preferir a fruta da época, em bom estado de conservação e proveniente de cultivo orgânico. “Cada espécie vai agradar um tipo de paladar, ou será mais adequado a uma receita, mas cada um deles pode oferecer grandes benefícios à saúde e, por isso, precisam estar presentes no cardápio”, afirma.

Muito se ouve sobre o poder emagrecedor de tomar o limão espremido em jejum. Para a médica nutróloga, não há artigo científico que comprove esse efeito. “Tomar limão em jejum pode ser positivo para seu sistema imunológico, para evitar gripes e resfriados, mas para emagrecer não”, afirma. Lenina concorda que o limão é um alimento rico nutricionalmente, versátil, e saboroso. “Pode ser acrescentado todos os dias na alimentação para melhorar a resistência a gripes e resfriados. Mas, para emagrecer é necessário muito mais do que limão espremido. Precisamos equilibrar a dieta como um todo, com alimentos nutritivos e naturais, inclusive com limão. Mas não

Propriedades. Além do seu alto teor de vitamina C, o limão também é rico em vitaminas B1, B2 e B3, vitamina A e minerais como cálcio, ferro, fósforo, silício, magnésio e iodo, segundo afirma a nutricionista. Sob a casca, ele possui fibras solúveis, com ação eficaz na absorção de gorduras da dieta, contribuindo, assim, para o equilíbrio das gorduras do sangue e reduzindo o peso. “Produtos naturais, como os grãos, verduras, legumes e especialmente as frutas,

jogar para essa fruta toda a responsabilidade”, reforça. Uso. Existem várias formas de incluir o limão no cardápio e inúmeras receitas sugerem ingestão da fruta em grandes doses diárias. Mas a nutricionista recomenda cautela ao incluir novos alimentos no cardápio, sem antes conhecer nossa tolerância a eles. “As pessoas são diferentes e reagem também diferentemente ao consumir os alimentos. O consumo regular do limão, em geral não provoca agressão interna, já que produzimos, internamente, ácidos mais potentes que o ácido cítrico. No entanto, nosso organismo tem seus próprios limites, que precisam ser respeitados”, explica.

como o limão, deveriam compor a maior parte do que decidimos eleger como alimentos”, recomenda Sheila. De acordo com ela, além de nos oferecerem quase tudo o que precisamos para atender as principais demandas corporais, previnem e curam doenças, agregando ao cardápio um frescor que mantém a alegria de viver. “Comer deve ser um dos prazeres da vida e, comida fresca e saudável, é quase tudo o que precisamos para sermos felizes na mesa, sendo que o limão ocupa lugar de destaque nela”, conclui.

O limão tem utilização tanto para uso interno, quanto externo. Além de todas as propriedades já citadas no equilíbrio interno do nosso organismo, ele ainda clareia a pele, reduz a oleosidade e clareia os cabelos, auxilia na cicatrização de lesões externas, contribui para a eliminação do mau hálito, além de uma infinidade de aplicações na vida diária. “É um fruto versátil e muito indicado para quem deseja uma vida repleta de saúde e bem-estar”. Para extrair todos os benefícios do limão, a nutróloga recomenda consumi-lo em forma de suco e nas mais variadas formas de tempero em carnes e saladas.




sexualidade

Infância interrompida

Cresce casos de puberdade precoce entre crianças com menos de oito anos; incidência é 10 vezes maior nas meninas e obesidade pode ser uma das causas Por Daniela Borges

Você se lembra quais eram as suas preocupações aos sete anos de idade? Para quem tem mais de 30 anos, é bem capaz que a resposta seja nenhuma, apenas brincar na rua com os amiguinhos. As gerações atuais, no entanto, amadurecem bem mais cedo, estimuladas pela enxurrada de informação às quais as crianças têm livre acesso hoje em dia.

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Para muito além do fator psicológico, há uma consequência física que tem preocupado a comunidade médica. Os casos de puberdade precoce – uma alteração do início do desenvolvimento sexual -- têm aumentado significavelmente e os motivos ainda são pouco conhecidos. “É notório que tem havido um aumento dos casos

que acreditamos estar parcialmente relacionados ao aumento da obesidade na infância, principalmente em meninas, mas isso não explica todos os casos. Para os demais, não sabemos as causas”, afirma o médico Luis Eduardo Calliari, professor-assistente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.


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sexualidade

“Todas as crianças com desenvolvimento sexual precoce devem ser investigadas, pois podem ser sinais de um problema mais sério e estas crianças devem ser tratadas Embora se especule sobre a influência da exposição das crianças a contextos de teor sexual, por intermédio de músicas, vídeos e da internet, o médico afirma que não há nenhum estudo científico confirmando ou afastando esta teoria. Os sinais são muito claros. O aparecimento de mamas ou de pelos pubianos em meninas com menos de 8 anos de idade que pode vir acompanhada da menstruação antes dos 9 anos de idade.

Nos meninos, o aumento do pênis ou dos testículos, ou ainda o aparecimento de pelos pubianos antes dos 9 anos podem ser indícios de puberdade precoce, quando o período considerado “normal” é de 8 a 13 anos para meninas e de 9 a 14 anos para meninos. É fundamental que os pais estejam atentos ao desenvolvimento de seus filhos. “Aos primeiros sinais de puberdade precoce é recomendável

Meninas sofrem mais com a disfunção A puberdade precoce é muito mais frequente em meninas do que em meninos. Calcula-se que a incidência seja 10 vezes maior nelas. Além dos efeitos estéticos (crescimento de mamas e pelos) e da menstruação, as crianças correm o risco de desenvolver problemas psicológicos e social, como depressão e discriminação e, até a gravidez precoce. As causas são desconhecidas, segundo afirma Luis Eduardo Calliari, professor-assistente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, porém sabe-se que meninas

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obesas ou expostas a substâncias químicas que alteram os níveis de estrogênios estão mais propensas a desenvolver puberdade precoce assim como alterações nos ovários e nas glândulas suprarrenais. Como consequência, entrar muito cedo na puberdade aumenta o risco de hipertensão e câncer de mama nas meninas. Nos meninos, a puberdade precoce é menos comum, mas suas causas podem indicar problemas mais sérios no sistema nervoso central, nos testículos ou nas glândulas suprarrenais.

buscar a ajuda de um endocrinologista pediátrico, que é o especialista indicado para tratar o problema”, explica Calliari. A puberdade precoce pode ocorrer por uma alteração na secreção do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), produzido em uma região específica do cérebro, o hipotálamo, levando, assim, a uma ativação do eixo hormonal hipotálamo-hipófise-gônadas (chamada de puberdade precoce central).


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sexualidade

“Com o monitoramento constante e tratamento adequado, a criança pode voltar a ter um crescimento compatível com sua idade” Se não diagnosticada e tratada, esta alteração pode ter impacto psicológico e social na criança, além de afetar seu desenvolvimento. No início, essas crianças são, em geral, mais altas que seus amigos ou familiares da mesma idade. Essa aceleração do desenvolvimento ósseo na criança, antes do tempo considerado ideal, pode resultar em baixa estatura quando adulta. “Todas as crianças com desenvolvimento sexual precoce devem ser investigadas, pois podem ser sinais de um problema mais sério e estas crianças devem ser tratadas. O principal objetivo do tratamento é impedir que a criança chegue à puberdade antes do tempo desejado e possa, assim, manter seu

desenvolvimento cronológico compatível com a idade óssea. As crianças mais desenvolvidas do que colegas da mesma idade podem desenvolver problemas de ordem psicológica e social, como depressão e discriminação e, no caso das meninas, levar a uma gravidez precoce”, alerta o endocrinologista pediátrico Gil Guerra Júnior, Professor e Pesquisador do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Diagnóstico. O diagnóstico é realizado por um conjunto de informações, a partir do histórico clínico da criança, exame físico e testes complementares, como dosagem hormonal e de imagem para avaliação da idade óssea. Os mé-

dicos especializados são os pediatras e endocrinologistas pediátricos. Tratamento. O objetivo do tratamento é restabelecer o ritmo de crescimento compatível com a idade cronológica da criança. “Com o monitoramento constante e tratamento adequado, a criança pode voltar a ter um crescimento compatível com sua idade”, diz Gil Guerra. Ainda, de acordo com Calliari, professor da Santa Casa de São Paulo, é possível postergar a puberdade. “Se a puberdade inicia precocemente necessita de tratamento. O bloqueio é feito através do uso de medicamentos injetáveis, que reduzem a produção dos hormônios sexuais”, explica.

Como inicia a puberdade normal

Nas meninas entre 8 e 13 anos e nos meninos entre 9 e 14 anos

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Uma parte do cérebro chamada hipotálamo libera um hormônio chamado de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH)

Este hormônio faz com que a hipófise (uma pequena glândula na base do cérebro) libere dois outros hormônios: o LH (luteironizante) e FSH (hormônio folículo estimulante hormônio de estímulo folicular)

O LH e o PSH estimulam os ovários a produzir estrogênio nas meninas e testosterona nos meninos - que levam às mudanças que vivenciamos durante a puberdade


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ortopedia

Geração cabeça baixa

Vício postural aumenta problemas na coluna cervical entre usuários de smartphones Por André Leite

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Se estamos caminhando pelas ruas, eles estão lá. Dirigindo, comendo e em muitas outras situações, mesmo que inconvenientemente, também. Pensar numa vida desconectada, longe da presença dos smartphones parece algo impossível para a sociedade moderna.

André Nogueira Ferraz, fisioterapeuta especializado em ortopedia, traumatologia e esportes e sócio-fundador da Club Físio, de São Paulo, explica que a flexão para frente da cervical diminui o espaço entre as vértebras, aumentando a pressão nos discos intervertebrais.

Uma pesquisa da Deloitte Brasil, divulgada em 2015, afirma que os jovens brasileiros de 18 a 24 anos olham seus smartphones, em média, 101 vezes diariamente. O número é o dobro do registrado entre os usuários entre 45 e 55 anos.

“Isso causa dores musculares, desconfortos na região do pescoço e, em quadros mais severos, protusões e hérnias discais”, explica Ferraz. Dependendo do grau de inclinação do pescoço, a sobrecarga na coluna cervical pode chegar a até 27 kg a mais que o normal.

O fato é que, com o aumento do uso desses aparelhos, tem crescido significativamente, especialmente entre os mais jovens, o número de casos de problemas na coluna cervical e de tendinites.

No caso dos membros superiores, as lesões por esforço repetitivos (como as tendinites), que antes eram estritamente relacionadas ao ambiente de trabalho, hoje, já fazem parte do ambiente

doméstico e, em muitos casos, estão associadas ao uso excessivo de celulares. E os problemas não param por aí. O ortopedista Marcio Squassoni Leite, do Orthoservice - Hospital Ortopédico, de São José dos Campos, lembra que a grande exposição aos aparelhos ainda pode desencadear problemas de cefaleias, oftalmológicos, vista cansada, lombalgias, além de questões não ortopédicas como estresse, diminuição das horas de sono recomendadas por noite, aumento de ansiedade entre outros. Para se ter uma ideia de como o problema tem se agravado e está presente nas clínicas e hospitais, já existe, na medicina, termos criados para nomear os desvios causados pela superexposição aos aparelhos.


O “texting tendinitis”, por exemplo, é usado para inflamações nos tendões dos dedos, especialmente os polegares, que são os mais usados na digitação. Há ainda o “text neck” (pescoço de texto), que está associado à postura. Prevenção e tratamento. A diminuição do tempo em frente aos aparelhos seria a primeira medida para evitar esses problemas. No caso de crianças e adolescentes, os especialistas recomendam que os pais criem regras para o uso destas tecnologias, determinando um limite diário de uso e até evitando aplicativos que gerem muitos toques. As demais recomendações se assemelham muito àquelas direcionadas a quem trabalha, por exemplo, com computador.

“É indicado o alongamentos dos membros superiores como um todo, em especial punhos e região cervical, evitar flexionar em demasia o pescoço, deixando cabeça baixa, pausas de 10 minutos e com novas sessões de alongamentos, após 30 a 50 minutos de uso consecutivo do aparelho”, orienta Leite. Além disso, os ortopedistas aconselham a prática de exercícios físicos regulares, visando, além das atividades aeróbicas, alguma prática de fortalecimento (como pilates, por exemplo), desde que compatíveis com a faixa etária e condição clínica de cada pessoa. Já quando os problemas são identificados, os tratamentos, inicialmente, são feitos com analgésicos, relaxantes musculares e, em alguns casos, até de anti-inflamatórios que proporcionam um alívio mais rápido.

“Mas costumo dizer aos meus pacientes que o tratamento é muito mais um comprometimento físico-ergonômico do que propriamente químico, com fisioterapias, RPG (reeducação postural global) e atividades físicas”, diz Leite. Uma vez diagnosticados, os problemas devem ser tratados com seriedade já que a persistência nos erros posturais e o excesso do uso dos dispositivos móveis podem levar lesões crônicas. “Além da cronicidade do problema, contraturas severas podem acontecer, piora funcional dos tendões envolvidos, cistos tendíneos e comprometimento de estruturas neurais, como sintomas iniciais de parestesias, que são as formigamentos ou dormências.”

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ortopedia

Problema

Causa

• Tendinites (inflamações nos tendões)

• Uso excessivo dos dedos para digitação em dispositivos móveis (smartphones)

• Dores nas costas e nuca

• Flexão para frente da cervical ou inclinação excessiva do pescoço que pode causar sobrecarga de até 27 kg a mais na coluna cervical

Dicas e formas de prevenção

• Diminuir o tempo online • Manter postura durante o uso • Não permanecer muito tempo na mesma posição • Evitar cabeça baixa • Fazer alongamentos dos punhos e região cervical

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• Fazer pausas de 10 min, com novas sessões de alongamentos, após 30 a 50min de uso consecutivo • Praticar exercícios físicos regulares. • Outros problemas comuns pelo uso excessivo do smartphone

• Cervicalgia, problemas de cefaleias, problemas oftalmológicos, vista cansada, lombalgias, além de estresse, diminuição das horas de sono recomendadas por noite, aumento de ansiedade e problemas de ordem social



alerta

O perigo está de volta Ela já foi a doença mais temida do país, agora, a tuberculose ressurge com força total causando 4.000 mortes por ano no Brasil Por Daniela Borges

Sabe aquela sensação de já ter visto uma história antes? Pois é justamente essa impressão de déjà vu que nos rodeia com a volta de um antigo inimigo público do Brasil: a tuberculose. A história é ainda mais presente em cidades como Campos do Jordão e São José dos Campos que, entre as décadas de 1900 a 1950, receberam milhares de doentes em seus sanatórios para tratamento de um mal que, à época, era visto quase como uma sentença de morte. Os anos se passaram e, com o avanço da medicina, surgiram os remédios -- e com eles a cura -- e a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) responsável por manter a doença bem longe. Mas não é isso que está acontecendo. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil está entre os

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países com os piores índices da doença, com aproximadamente 70 mil casos novos e cerca de 4.000 mortes por ano. Os dados de 2014 dão conta de que um terço da população mundial está infectado pela doença, mas apenas uma proporção adoecerá. Só em 2013, ocorreram 9 milhões de casos, com 1,5 milhão de mortes, a maioria (95%) em países de baixa e média renda. Em São José dos Campos, de acordo com dados da Secretaria de Saúde, foram 188 casos de tuberculose, em 2015. Desse total, o índice de cura foi de 83,53%. Em 2016, 58 pessoas já foram diagnosticadas com a doença e estão em tratamento. Para a responsável técnica pelo Programa de Tuberculose da Supervisão de Vigilância em Saúde de Itaquera,

Raquel Xavier de Souza Saito, coordenadora da pós-graduação em saúde da família da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, a tuberculose está entre as doenças reemergentes, ou seja, aquelas que reaparecem após um período de declínio significativo. “E isso se deve em parte ao advento da Aids, ao grande número de imigrantes da América do Sul (bolivianos), de outros países com baixo desenvolvimento humano (Haiti, Nigéria, etc) e população em situação de rua”, afirma a especialista. Segundo ela, indivíduos com deficiência do sistema imunológico apresentam maior risco de contrair a doença. “Os infectados pelo HIV, têm de 26 a 31 vezes mais probabilidade de desenvolver tuberculose ativa. Não por acaso, a tuberculose responde por


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alerta 25% dos óbitos relacionados ao HIV”, aponta. Dados da OMS informam que, em 2013, entre as vítimas de tuberculose, nada menos que 360 mil tinham HIV/Aids. Transmissão. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa e endêmica, provocada pelo Mycobacterium tuberculosis. Ela é transmitida por meio de gotículas quando o indivíduo doente, fala, tosse ou espirra. Os principais si-

nais ou sintomas são tosse, perda de peso significativa, febre baixa e sudorese, principalmente nos períodos vespertino e noturno. “Nos casos de tuberculose extrapulmonar é possível observar sinais relacionados ao órgão afetado, por exemplo, infecções urinárias de repetição sem resposta aos tratamentos convencionais”, comenta Raquel. A baixa imunidade tem contribuído muito para o aumento do número

de casos. “A tuberculose geralmente é a primeira doença oportunista em portadores do vírus HIV ou com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)”. Pessoas em uso regular e altas doses de medicamentos que causam imunossupressão do sistema imunológico (corticoideterapia, quimiotepia e outros) se infectados ou tiverem contato com doentes têm maior risco de desenvolver a doença.

Queda de imunidade abre caminho para a doença

O nome não é a única coisa em comum entre o Thiago Silva, jogador da seleção brasileira na Copa 2014 e o cantor Thiaguinho, apesar de ser uma coincidência e tanto. Ambos são profissionais com carreiras bem-sucedidas e excelente condição financeira, no entanto, os dois foram vítimas de uma doença ainda hoje estigmatizada: a tuberculose. Apesar de estar muito relacionada às condições de vulnerabilidade social, a tuberculose é considerada uma doença de susceptibilidade universal, ou seja, qualquer um pode desenvolver o problema. “A tuberculose pode ser considerada uma doença com forte relação com exclusão, pobreza, condições precárias de habitação, baixa escolaridade, mas devemos tomar cuidado para não propagarmos o estigma ligado à doença.

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Estigmatizar gera abandono de doentes, fuga do problema/doença e isolamento social”, alerta Raquel Xavier de Souza Saito, responsável técnica pelo Programa de Tuberculose da Supervisão de Vigilância em Saúde de Itaquera. Prevenção. Responsável pela cicatriz que todos nós levamos no braço, a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) é obrigatória e gratuita, dada os bebês recém-nascidos em dose única. “A vacina é eficaz e protege contra as formas graves de tuberculose tais como: meningotb, tuberculose óssea, entre outras. Eu considero a vacina eficaz!”, afirma Raquel. No entanto, a tuberculose pode matar quando a pessoa doente não faz o tratamento ou não conclui, e ainda quando adquire uma bactéria multidroga resis-

tente. “O tratamento dura seis meses no caso da tuberculose pulmonar, podendo passar de um ano nos casos extrapulmonares”, ressalta Raquel. E o longo tempo de tratamento é justamente um dos fatores para a desistência. “Geralmente, por melhorarem dos sintomas, as pessoas consideram-se curadas, outro fator está relacionado a vulnerabilidade social, ex-morador em situação de rua, baixa escolaridade, duração do tratamento, intolerância gástrica e hepática aos medicamentos. De acordo com Raquel, para erradicar a doença de vez do Brasil é necessário disseminar a informação e assegurar o tratamento. “Acolhendo os doentes e garantindo acesso a bens e serviços essenciais à manutenção da qualidade de vida das pessoas”, conclui.


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alerta

São José recebe prêmios por trabalho da Saúde no combate à tuberculose Em São José dos Campos, 4.734 pessoas foram detectadas como sintomáticos respiratórios (tosse há mais de três semanas), em 2014. Todos fizeram o exame de escarro e, deste total, 166 exames deram positivo para tuberculose e os pacientes encaminhados para tratamento, dos quais 145 foram totalmente curados (87,35%).

Campos conquistou dois prêmios no ano passado. Um por ter se destacado no desempenho da busca ativa de pacientes sintomáticos respiratórios e o segundo pelo alto índice de cura da doença atingido pelo município. O prêmio é um reconhecimento do governo do Estado aos esforços das equipes de saúde do município.

Graças a esse trabalho de controle à doença, a prefeitura de São José dos

Na cidade, equipes de saúde realizam busca ativa de pacientes, além do

Grupos com maior risco

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Comunicantes de doentes de tuberculose pulmonar (a tuberculose pode acometer qualquer órgão)

Pessoas em instituições prisionais

Idosos em instituição de longa permanência (asilos)

Pacientes de hospitais psiquiátricos

Casas de apoio da Aids

Albergues e Fundações Casa (Febem)

exame de escarro, para diagnosticar a doença. Uma vez diagnosticado, o paciente é encaminhado ao CTP (Centro de Tratamento e Prevenção da Tuberculose), que fica na Vila Maria (Rua São Pedro, 55). O tratamento da tuberculose consiste no uso de um medicamento, que é distribuído gratuitamente, por um período mínimo de seis meses. Durante esse período, o paciente é acompanhado pelos profissionais da rede municipal de saúde.


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medicina

Tá sentindo algo? Pergunte ao “doutor” Google

Como é impossível evitar a pesquisa sobre temas relacionados à saúde, parceria entre o site de busca e o Hospital Albert Einstein oferece conteúdo confiável sobre mais de 400 tipos de doenças Por Daniela Borges

Que a internet é uma ferramenta útil ninguém pode negar. Tal qual uma caneta, ela pode ser usada tanto para o bem, quanto para registrar conteúdo desnecessário, maldoso e até mesmo equivocado. Saber usar é o que vai determinar a sua verdadeira utilidade. Já a sua principal vocação, essa já está bem definida: pesquisa. Quem nunca recorreu ao “doutor” Google para saber mais sobre uma doença, ou pior, ir atrás de um diagnóstico jogando na rede seus sintomas? Quem nunca?

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“É muito comum o paciente chegar ao consultório com um diagnóstico visto na internet. O problema é que, por diversas vezes, ele encontra informações em sites não confiáveis ou que trazem informações sensacionalistas ou até mesmo providas por outros pacientes”, aponta o cirurgião do aparelho digestivo Sidney Klajner, vice-presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. De acordo com ele, a iniciativa não contribui para tranquilizar o paciente e nem sequer informá-lo. “E acaba por

trazer desespero e ansiedade, ou, no outro extremo, um relaxamento em relação a procurar atendimento médico”, alerta o médico. O volume de buscas por informações relacionadas à saúde é tão grande que o próprio Google passou a se preocupar com o que estava sendo oferecido. Após realizar uma pesquisa, constatou que grande parte dos internautas que acessam seu site o faz atrás de informações médicas. Ainda, após a introdução do termo de pesquisa, foi visto que os sites


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medicina

recuperados apresentavam informações não tão relevantes quanto às que o paciente precisava e às vezes imprecisas.

nosso meio”, afirma Klajner.

Pensando em oferecer informações rápidas, precisas e confiáveis sobre as doenças mais populares no país, surgiu a parceria entre o Google e o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Desde março, basta jogar no site de pesquisa a palavra-chave, que o conteúdo gerado pelo hospital de referência aparece em evidência.

Formato. Nesta parte inicial do projeto, já foram cadastradas informações sobre cerca de 400 doenças no site de buscas. Para isso, um grupo de 40 médicos do corpo clínico do hospital participou da elaboração e revisão dos temas. “Há o plano de ampliação do número de doenças disponíveis e que já está em andamento”, avisa o vice-presidente do Hospital Israelita Albert Einstein.

“O objetivo principal é oferecer a melhor informação, bem como a mais necessária para uma correta decisão em relação a diagnóstico, tratamento e frequência das principais doenças em

De acordo com o Google, o ranking global de doenças mais pesquisadas começa pelo câncer, seguido pelo diabetes, obesidade, hipertensão e alergias de vários tipos.

Para desenvolver o conteúdo, Klajner explica que os médicos tomaram alguns cuidados relacionados à informação correta, mais atual e, principalmente, importantes para a população leiga. “A ideia é trazer a tranquilidade da informação ao invés de alarme desnecessário ou pânico”, completa. Apesar da preocupação com a informação, o médico explica que o mais indicado ao manifestar algum tipo de sintoma ou doença é procurar atendimento médico. “Porém, com informação fica bem mais fácil discutir as opções diagnósticas e de tratamento. Portanto, ter a informação pode ser ótimo para a própria evolução do tratamento”, conclui.

Ranking de doenças mais pesquisadas no Google

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Alergias

Hipertensão

Obesidade

Diabetes

Câncer

Fonte: Google


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influenza

mitos e verdades sobre a doença Em entrevista, médica tira dúvidas sobre textos relacionados à gripe que circulam pelas redes sociais Por André Leite

A queda das temperaturas, a aproximação do inverno e os registros dos primeiros casos de influenza (gripe) no ano colocam a população em alerta sobre os riscos de contrair a H1N1, também conhecida como gripe suína. Em Taubaté, o balanço da Vigilância Epidemiológica registrou, de janeiro até a primeira quinzena de maio, 111 notificações de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), mas sem nenhuma confirmação de H1N1. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do município, em abril, uma adolescente de 16 anos morreu com suspeita da doença, mas a causa ainda não havia sido confirmada até o fechamento dessa edição. Na vizinha São José dos Campos, dos 192 ca-

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sos notificados (suspeitos), um foi confirmado e outros 37 descartados. Em meados de maio, oito pacientes com suspeita da doença estavam internados na cidade, um no Policlin, dois no Hospital São José e cinco no Hospital Municipal. Diante desse cenário, inúmeros textos circulam pelas redes sociais com orientações sobre formas de prevenção e até relatos de casos negativos relacionados à doença, alguns colocando em cheque a eficácia da vacina. Em entrevista à revista +saúde, a auditora médica do Policlin, Simone Eliza Lima Fonseca, comenta sobre as principais questões relacionadas ao tema: Existe, de fato, o risco de um surto de H1N1 na nossa região? Surto é um termo usado na epidemiologia para identificar quantidades acima do normal de doenças contagiosas ou ordem sanitária. Se considerarmos as esta-

tísticas apresentadas até então, o Estado de São Paulo, sendo inclusive o mais afetado, está diante de um surto comparado a anos anteriores, mas a região do Vale parece estar conseguindo manter um controle estável da doença, apesar de já terem ocorridos óbitos relacionados ao H1N1. O risco de surto sempre existe e cabe à população, seguindo as medidas preventivas diariamente veiculadas pelos órgãos competentes de saúde, impedir a propagação ou não da doença. A vacina que previne a H1N1 pode ter efeitos colaterais graves e até levar à morte? Há relatos de histórias por todos os lados, principalmente no ano de 2009 e em maior número na Europa, entretanto e sinceramente, não tive a oportunidade de ler algo contundente na literatura médica que comprovasse esta assertiva. Tenho conhecimento de efeitos colaterais leves, entretanto, pode ocorrer de uma pessoa já infectada e sem sintomas ser vacinada

e desenvolver a doença e, de fato, evoluir para óbito, mas não por causa da vacina e, sim, por causa da doença, pois, neste caso, a vacina não surtirá nenhum efeito. O efeito colateral mais incisivo e relatado foi compatível com a síndrome de Guillain-Barré, que são sintomas neurológicos relativos à paralisia, mas, nos casos relatados, foram sintomas transitórios e reversíveis. Pessoas idosas têm mais chance de apresentar efeitos colaterais da vacina e até de contrair a doença? Qualquer pessoa com baixa imunidade tem mais chances de apresentar efeitos colaterais e até contrair outros tipos de gripe não cobertas pela atual vacina, inclusive os idosos. A vacina cobre os principais grupos, mas não cobre todos. A taxa de sucesso é de cerca de 70 a 90%. Porém, a maioria das pessoas que diz ter ficado gripada mesmo tendo se vacinado, na verdade, apresenta quadros de resfriado ou gripe comum.


influenza O consumo de bebidas quentes, como chás, de fato ajudam a prevenir a doença? Sim, bebidas quentes depositam o vírus no estômago, onde ele não sobrevive em função do pH local. Informações que circulam pelas redes sociais recomendam gargarejo com água e sal ao menos uma vez por dia. Isso de fato funciona? Por quê? Isto ajuda bastante. Essa é uma medida simples, caseira e muito eficaz, visto que o vírus não resiste à água morna contendo sais. Outra recomendação comum é da limpeza das narinas com água morna e sal utilizando hastes flexíveis (cotonete). A medida ajuda a prevenir a H1N1? Ajuda bastante. Manter as vias aéreas, nariz e garganta, limpos dificulta a proliferação do vírus. O consumo de alimentos ricos em Vitamina C também ajuda na prevenção da H1N1? Sim. Alimentos fontes em vitamina C melhoram a flora intestinal e aumentam a produção de glóbulos brancos, células que fazem parte do sistema imunológico e combatem doenças como a gripe.

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Que outras medidas podem ajudar a combater a doença? Medidas simples podem ser acolhidas por toda população: lavar as mãos frequentemente com água e sabão, principalmente depois de tossir ou espirrar (nesses casos cobrir a boca com lenço descartável); evitar tocar o rosto, principalmente os olhos, nariz ou boca, especialmente após contato com superfícies; manter os ambientes ventilados, evitando aglomeração de pessoas; evitar compartilhar objetos de uso pessoal como copos, talheres e toalhas. Como distinguir a gripe comum da H1N1? A influenza é comumente conhecida como gripe. Trata-se de uma doença viral febril, aguda, geralmente benigna e autolimitada. Frequentemente é caracterizada por início abrupto dos

sintomas, que são predominantemente sistêmicos, incluindo febre, calafrios, tremores, dor de cabeça, mialgia e anorexia, assim como sintomas respiratórios com tosse seca, dor de garganta e coriza. A infecção geralmente dura uma semana e com os sintomas sistêmicos persistindo por alguns dias, sendo a febre o mais importante. Os sintomas do H1N1 são similares aos sintomas da gripe comum. Eles incluem febre alta, tosse, garganta inflamada, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga. Algumas pessoas relatam diarreia e vômitos associados à enfermidade. Já foram relatadas formas graves da doença com pneumonia e falência respiratória, além de mortes. A gripe suína pode causar também uma piora de doenças crônicas já existentes. O diagnóstico de certeza da H1N1 é feito através de exame de sangue, pois os seus sintomas são semelhantes aos da gripe comum, sendo apenas um pouco mais fortes.

Qual o grupo de risco para essa doença especificamente? Os grupos prioritários a serem vacinados, grupo de risco, de acordo com recomendações do Ministério da Saúde são as crianças de seis meses a cinco anos; gestantes; puérperas (mulheres que acabaram de ter filho); trabalhador de saúde; povos indígenas; indivíduos com 60 anos ou mais de idade; população privada de liberdade; funcionários do sistema prisional; pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis; pessoas portadoras de outras condições clínicas especiais (doença respiratória crônica, doença cardíaca crônica, doença renal crônica, doença hepática crônica, doença neurológica crônica, diabetes, imunossupressão, obesos, transplantados e portadores de trissomias – Síndrome de Down).

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saĂşde mental

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Luto e trauma

Grupo de estudos busca aprendizado nas crises Por André Leite

Isabela. Maria. Norma. Patricia. Quatro mulheres com idades diferentes, histórias diferentes. Se elas têm algo em comum? Sim. Em algum momento da vida, já enfrentaram algum luto e/ou trauma. Hoje, elas também fazem parte de um grupo de estudos sobre o tema, em São José dos Campos, coordenado por Delcimar de Oliveira Cunha, aconselhadora biográfica especialista em terapia fundamentada na Antroposofia. De acordo com a Sociedade Antroposófica no Brasil, Antroposofia é uma palavra de origem grega que significa “conhecimento do ser humano”. É um método de conhecimento científico da natureza do ser humano e do universo que amplia a visão e pode ser aplicado

em todas as áreas da vida humana. No caso do grupo liderado por Delcimar, a Antroposofia é utilizada para ajudar os participantes a obterem respostas sobre como enfrentar o luto e o trauma e como aprender com as crises. No entanto, é preciso saber, primeiro, que luto e trauma são coisas distintas.

mundo com pouco ou nenhum apoio emocional, o que as torna mais vulneráveis, com tendência ao isolamento, podendo, até, se apegar de forma excessiva a outras pessoas na busca de proteção.

O primeiro é a nossa resposta aos sentimentos de perda, maus tratos, abandono, abuso, desastres naturais... Já o segundo não é o que acontece, mas o que retemos. “Como um tremor na alma, podem bloquear o caminho evolutivo, conduzir para uma vida sem sentido.”

“Elas são privadas de intimidade e sentimento de pertencimento. Elas temem e evitam a intimidade, ou se apegam de forma excessiva, são incapazes de manter as ligações equilibradas, estáveis, benéficas. Quando a solidão fica pesada demais, podem buscar ligações cada vez mais irreais e até perigosas. Cada nova possibilidade ou impossibilidade de relacionamento é vista como fonte de proteção do eu”, afirma Delcimar.

Segundo a aconselhadora biográfica, pessoas traumatizadas vivem em um

Dependendo da fase em que o trauma é desencadeado, pode trazer diferentes

Consequências do trauma Em idade escolar: Falta de concentração. Problemas de aprendizagem. Sentimento de culpa. Sintomas depressivos. Visão negativa e pessimista do mundo. Autoflagelo. Tendência suicida. Surtos. Comportamento compulsivo. Na adolescência: Evitam pensamentos e emoções relacionados ao fato. Lançam mão de qualquer meio para se anestesiar. Uso de drogas e bebidas alcoólicas. Atividade sexual exagerada, troca constante de parceiros. Aventuras perigosas. Autoflagelo. Aparência calma, mas estão sob forte excitação, do qual não tem consciência. Afastamento, isolamento, oscilação de humor. Irritabilidade, raiva, agressões, desejos de vingança.


Foto: Guilherme Cursino/O VALE

saúde mental

Grupo de estudos, coordenado pela aconselhadora biográfica Delcimar Cunha, se reúne para obter respostas sobre como enfrentar o luto e o trauma

consequências (veja na arte). Há uma lista de sintomas (inclusive físicos) que podem ser desencadeados em decorrência de pensamentos e sentimentos que não são expressos ou são expressos de maneira inadequada, fazendo com que a pessoa se mantenha num “limbo emocional”. Terapia. Outro ponto importante é que os processos de luto e trauma são semelhantes, mas os processos de resolução não. Por isso, contar com a ajuda de terapeutas profissionais é tão importante. Delcimar explica que a pessoa que procura ajuda especializada, além de ter a possibilidade de ser ouvida -- com a garantia de que os fatos narrados serão mantidos em sigilo e ouvidos com imparcialidade --, ao estabelecer uma

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relação de confiança com o terapeuta, se sentirá mais à vontade para expressar seus pensamentos e sentimentos com liberdade. Por essa razão, a terapeuta sugere que todas as pessoas que desejam se conhecer e descobrir os possíveis encaminhamentos para a resolução das questões que as afligem, deveriam procurar ajuda profissional. “Às vezes ouço histórias de vida dos pacientes e penso ‘Como a pessoa suportou tal situação?’ Ao ouvir o desenrolar da trama e do drama biográfico, é possível identificar qualidades tão particulares, tão específicas da pessoa, que me faz lembrar a música ‘Dom de iludir’, de Caetano Veloso, que diz ‘Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é’”, afirma Delcimar.

Ainda segundo a aconselhadora biográfica, muitas situações ligadas ao luto e ao trauma poderiam ser evitadas. Infelizmente, esse não é o caso da violência física e psicológica, ou do abuso sexual, de terremotos e outras catástrofes naturais. Mas um atendimento com terapeuta profissional pode diminuir, muito, o efeito de dor no corpo e na alma da pessoa. “Não é um caminho fácil, mas é possível aprender com as crises. As pessoas resilientes, que conseguem superar as perdas, as dores, as frustrações, encontram paz na vida porque aprenderam a tolerar as sensações extremas adquirindo a capacidade de ter autoconsciência reflexiva. O trauma é um fato da vida, não pode ser uma prisão perpétua.”


Depoimentos Para qualquer uma das crises (trauma ou luto) é importante desabafar, do contrário, esse trauma pode se transformar em uma doença e, de uma forma ou outra, ele vai insistir em aparecer. É como se eu quisesse escondê-lo em um quarto escuro, com porta e janela. Todos os dias algo sai pelas frestas e fica beliscando e avisando “olha , eu estou aqui”. Vou tentando não olhar, ou não ouvir, mas até quando? Se eu falo, eu abro esse quarto escuro, ilumino e tudo fica bem. Por que, quando estamos felizes, falamos, gesticulamos e rimos? Não deixa de ser uma forma de extravazar essa alegria. A tristeza, a dor também precisa ser colocada pra fora. A terapia me ajudou a perceber que estava me afastando das pessoas que eu tinha carinho especial, exatamente por traumas vividos no passado. Precisei abrir meu quarto escuro e mexer muito nele. Doeu, mas foi muito bom, pois me libertou e me fez compreender o porquê de todas essas minhas atitudes. Isabela Mouths Duarte Silva

Poder compartilhar nossas crises torna se tranquilizante, temos a oportunidade de nos escutar e escutar o outro, diferentes colocações surgem e, assim, encontramos melhores saídas. Ao longo dos meus 60 anos, já recorri três vezes à terapia. Ela me ensinou a compreender e a resolver parte da minha história e a poder conviver e a aceitar o que não posso resolver. Hoje, posso dizer que sou uma pessoa melhor. Quando jovem, não conseguia falar, não sabia como e tudo ganhava um peso maior. A terapia profissional é importante e decisiva no tratamento de luto e traumas.

O fato de você poder dividir com alguém uma situação difícil vivenciada pode fazer você se sentir acolhido, amparado, aliviado e, muitas vezes, mais tranquilo. A terapia ajuda observando, analisando, esclarecendo, orientando e discutindo mudanças no comportamento, no relacionamento. Analisando situações traumáticas vividas, sinto-me mais preparada e fortalecida. Compartilhar os sentimentos, os problemas, nos faz sentir mais leves.

Norma S. L. Costa

Maria Lúcia Ciola

“(A terapia) É fundamental para não adoecermos. Costumo dizer que o monstro vai ficando menor à medida que desabafamos. Dependendo do trauma, às vezes, é difícil entender a emoção que estamos sentindo. O profissional nos ajuda a entrar em contato, a perceber as diferenças de personalidade, as repetições problemáticas, o que contribuiu para chegarmos até aqui. Muitas vezes,

não quis falar sobre eles, não queria incomodar os outros com meus problemas, achava que tinha que lidar com tudo sozinha. Pedir ajuda, compartilhar as dores é um curativo, meus problemas podem ser pequenos, mas são importantes e merecem atenção. O terapeuta é um facilitador do processo, agiliza o entendimento, possui técnicas e conhecimentos que ajudam no crescimento pessoal.

Patricia Maria Bartolozzi Ferreira de Belo

Sobre a terapia • Ambiente seguro, amparo, esperança.

• Só empatia e acolhimento não são suficientes, normalmente vítimas de traumas não conseguem perceber ou receber compaixão plena, são muito reprimidas, presas a defesas primitivas.

• Sensação de tranquilidade. • Espaço e tempo para verbalizar as experiências traumáticas. • Cabe ao terapeuta, reconhecer os sinais psicoemocionais e físicos de trauma “congelado” no paciente, ouvir a “voz sem palavras” do corpo.

•Contato físico: na medida em que a criança deseja e permita (banhos, enfaixamentos, compressas) pode aliviar estresse e dissolver energias congeladas. freepik


Fotos: Guilherme Cursino/O VALE

tecnologia

Prรณtese de mรฃo feita em plรกstico e produzida com impressora 3D

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Projeto de São José desenvolve próteses gratuitas para crianças da região Peças criadas com a ajuda da impressora 3D resgatam a autoestima e a alegria dos pequenos Por Daniela Borges

Toda criança nasce com vocação para ser feliz manifestada pela incrível disposição para brincar. Hiperativas, elas estão sempre em movimento, na intensidade que a infância exige. Nadar, andar de bicicleta, jogar ping-pong, demonstrações autênticas da felicidade infantil. Agora, imagine todo esse ímpeto reprimido por uma limitação física. Para as crianças que possuem algum tipo de deficiência nas mãos e braços, nem mesmo os mais corriqueiros dos atos, como um aperto de mão ou a simples tarefa de segurar um objeto, são possíveis. A solução da prótese robótica, muitas vezes, não é viável em virtude do investimento alto demais para pouco tempo de uso. Como as crianças crescem em ritmo acelerado, é preciso esperar a idade ideal para que o desenvolvimento do corpo se estabilize e só então se possa produzir uma prótese definitiva. E, apesar da enorme capacidade dos pequenos de encarar dificuldades e superar desafios, acaba que durante toda a infância elas precisam conviver com as limitações físicas impostas pela deficiência. Mas, uma solução simples e de baixo custo chegou para mudar esse cenário e devolver a alegria e a autoestima das crianças que só querem brincar. O projeto Handyhand, criado em São José dos Campos por um grupo de profissionais voluntários de diferentes áreas de atuação, produz próteses a partir do processo de impressão 3D e as distribuiu sem custo para quem precisa. “Não há custo para a criança ou para família, a prótese é produzida e entregue gratuitamente, bem

como a manutenção e troca da mesma quando a criança crescer”, afirma Aloisio Mello, de São José dos Campos, que coordena os trabalhos do Handyhand na região. Todo o projeto baseia-se na Comunidade e-Nable, uma associação internacional com mais de 8.000 voluntários espalhados por 45 países. “Eu estava pesquisando sobre impressão 3D e vi um vídeo da e-Nable mostrando a entrega de uma prótese para uma criança e na hora que você vê a criança recebendo, a alegria que dá, a felicidade, é uma sensação incrível e achei que valeria a pena investir num projeto deste”, entusiasma-se. Durante um ano, Mello foi amadurecendo a ideia até que lançou o sistema de arrecadação coletiva –crowfunding ou vaquinha virtual –para produzir e atender aqui na região. Ajuda. O objetivo do projeto, de acordo com Mello, é simplesmente proporcionar às crianças uma ferramenta. Apesar de não possuir os movimentos e a resistência de uma prótese definitiva, suas “substitutas” de plástico permitem que as crianças tenham um apoio funcional que, embora limitado, melhora e muito a qualidade de vida dos pequenos. “Justamente por isso, neste sistema só é possível desenvolver próteses de parte do braço e das mãos. Não se faz para a perna porque o material é bem leve e não consegue suportar o peso de uma pessoa, não dá para extrapolar o limite de resistência do material”, explica Mello. Como são feitas de plástico, sua produção tem um custo acessível, em mé-

dia entre R$ 300 e R$ 350. “Tem criança com cinco ou seis tipos de mãos diferentes. Tem uma para andar de bicicleta, outra pra nadar, já que cada uma tem um tipo de finalidade, um tipo de uso”, explica Mello. “Tem muita coisa que é feita na base da adaptação, já foi feita uma prótese com uma raquete de ping- pong acoplada. Não tem limite para a criatividade. Uma menina inglesa pediu um braço igual ao do homem de ferro”, conta. Para Mello, a ferramenta contribui e muito para o resgate da autoestima da criança. “Na escola, a criança pode sofrer algum tipo de isolamento pela deficiência, mas a partir do momento que ela tem um acessório tão diferente quanto uma prótese dessa ela se torna alguém especial e até popular”. Para a ortopedista Camila Pires Rodrigues, de São José, o projeto é inovador. “Como ainda está em desenvolvimento aqui na região, em breve saberemos mais com sua utilização. Mas só de conseguirmos o acesso a essa tecnologia já nos favorece para melhorar a cada dia e ajudar pacientes em sua reabilitação, na descoberta de movimentos por muitos desconhecidos”, afirma. A médica aprova a iniciativa. “É um projeto fantástico em que o maior beneficiário sempre é o paciente, pois o uso das próteses 3D proporciona e aprimora sua integração social e melhora seu grau de independência para realização de atividades que sem ela não seriam possíveis”.


tecnologia

Desenvolvimento requer dedicação, cautela e a ajuda de especialistas Apesar de toda a tecnologia embarcada e da precisão das impressoras 3D na confecção das próteses, são necessários bons projetos e muitos ajustes para se chegar a um modelo final. Recentemente, um caso de prótese de plástico foi exibido no quadro FabLab, do programa Fantástico, da Globo. Ali, o garoto que recebeu o modelo teve dificuldades de adaptação por conta do acabamento do material. De acordo com Aloisio Mello, coordenador do projeto Handyhand na região, a produção de uma prótese requer não só acompanhamento médico, mas o cumprimento de etapas no desenvolvimento para garantir um produto 100% adaptado e confortável ao uso. “Nosso projeto conta com o apoio de terapeuta ocupacional, ortopedista e fisioterapeuta”, explica Mello. Todas as pessoas envolvidas no projeto são voluntárias. De acordo com a ortopedista Camila Pires Rodrigues, as próteses 3D têm suas recomendações absolutas para casos especiais. “E devem ser indicadas por profissionais habilitados para sua prescrição após avaliação cuidadosa do paciente e

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sua patologia”, ressalta. São indicadas, segundo Camila, para a substituição do membro, indicadas, por exemplo, para pacientes com malformações congênitas ou casos de amputação, após avaliação cuidadosa de cada caso. “Para os casos indicados, as possibilidades alcançadas são sempre maiores que a limitação de não usá-las”, afirma a médica. Acesso. O projeto da prótese está disponível gratuitamente na internet, pelo site da e-Nable, mas é necessário ajustar a escala de acordo com as medidas da criança. “O primeiro passo é fotografar o braço ou mão da criança com uma régua e depois é feito o ajuste de escala”, explica Mello. No Handyhand, este trabalho é executado pelo voluntário Humberto Pavanelli, que tem conhecimento do programa CAD (desenho pelo computador). O primeiro projeto desenvolvido pelo projeto regional já está pronto e vai atender a uma menina de 14 anos, de São José dos Campos, que nasceu com os dedos atrofiados. “Vamos produzir três modelos inicialmente para ver qual se adapta melhor”.

Aloiso Mello, de São José, coordena a equipe de voluntários do projeto Handyhand, que produz gratuitamente próteses 3D para crianças da região

Como o projeto na região ainda não dispõe de uma impressora 3D, as próteses estão sendo fabricadas em Santo André e Sorocaba. “Nesta primeira etapa, conseguimos arrecadar R$ 900, o suficiente para comprar matéria-prima e produzir os três modelos”. Foco. A intenção do projeto é envolver o maior número de pessoas para conseguir instalar uma impressora 3D na região. “A ideia é agilizar o trabalho de produção, manutenção, reposição de peças e ajustes das próteses”. O custo de uma impressora varia de R$ 3.000 a R$ 500 mil. As crianças que precisam de próteses de mão e braço procuram a e-Nable que encaminha o caso para o voluntário mais próximo que tenha condição de produzir. Mas como o cadastro é em inglês, a ideia da Handyhand é receber os pedidos localmente. “Hoje, atendemos por indicação. Queremos atender mais gente. Existem muitas crianças com este tipo de deficiência”, conclui Mello.


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