Primeira Mão Ufes 109 setembro 2007

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expediente. equipe 2007/1: Ana Celia Alvim, Bruna Gatti, Clerisson Souza, Davi Gentilli, Douglas Lisbôa, Érica Vaz, Gabriela Conti, Kamila Rangel Costa, Laila Magesk, Lunélia Amaral Lima, Lygia Bellotti, Lyvia Justino, Maria Ines Dieuzeide, Maurício Batalha, Mônica Oliveira, Nádia Vaccari, Tatiana Arruda, Tatiany Volker, Thalita Dias, Vanessa Pizzol, Wanderson Mansur. professora orientadora: Eliana Marcolino. diagramação: Ceciana França, Daniella Zanotti, Leticia Orlandi. gráfica: Grafitusa. tiragem: 1000 exemplares. o PrimeiraMão é um jornal laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari s/n°, Goiabeiras,Vitória - ES, Cep: 29060-900. Tel: (27) 4009 2603. email: primeira_mao@yahoogrupos.com.br.

Conheça a vida de quem cuida da limpeza da cidade .6 e 7

No espelho da academia, o relexo de Narciso .4 e 5

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Poemas ao vento .8 e 9

edição 109 . ano XII . setembro 2007

p r m i e i mão primeira

Jornal Experimental de Comunicação Social

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MAO


nnnnnnnn histórias do busão Ônibus, busão, coletivo, bus, busu. Não importa como é chamado, esse é um meio de transporte usado por milhares de pessoas todos os dias, seja para economizar uma grana, porque não tem outro meio de transporte ou, até mesmo, porque gostam de andar com muita gente (podem acreditar, isso acontece!). Para ir ao trabalho, escola, faculdade, praia, festas ou a qualquer lugar. Vazio ou lotado, sempre há uma linha disponível para os lugares mais inusitados e para aqueles que ninguém nunca ouviu falar. Além de ser o meio de transporte mais utilizado no dia-a-dia do trabalhador brasileiro, o ônibus é palco de vários episódios diferentes, românticos, engraçados e até trágicos. Quem nunca viveu uma cena daquelas dentro do coletivo de todos os dias ou dos passeios de fim de semana? E o número de histórias é diretamente proporcional ao número de viagens, sendo que quanto mais tempo dentro do ônibus, maiores são as suas chances de presenciar aquelas cenas que você jamais pensou que fosse ver. As futuras jornalistas aqui resolveram ficar num certo vai-e-vem pelos ônibus da Grande Vitória para saber o que as pessoas tinham para contar. Algumas dessas histórias você conhece agora em Primeira Mão.

Gabriela Conte, Lyvia Justino e Nadia Vaccari Charges: Marcio Vaccari

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n e D

Uma passageira mandou a gente parar no ponto, aí eu falei: -A gente pára no ponto que você quiser, aqui sua “ordem é uma palavra”, eu falei a frase ao contrário, na verdade é sua palavra é uma ordem. Aí, um passageiro ao lado achou tão engraçado que deixou a chapa [dentadura] rolar pela porta e cair na rua. Eu tive que mandar o motorista, parar o ônibus para procurar a chapa dele. Ele ficou gritando “minha chapa caiu, minha chapa caiu!” Eu achei a chapa dele e ele colocou de novo na boca. Adilson Lima de Souza – cobrador Pelinha

casamento no onibus Essa história aconteceu em 1975, quando meus pais, que moravam em Vitória, trabalhavam em Guarapari. Minha mãe, Valdice Zardini, trabalhava na antiga Telest, e meu pai, Wilians José Ribeiro, trabalhava no Banco Real. Na verdade, eles trabalhavam em Vitória mesmo, mas naquela época, coincidentemente, estavam temporariamente nas filiais em Guarapari. Eles viajavam todos os dias no mesmo horário, até que, meu pai, que a observava de longe, resolveu puxar assunto com a moça do lado. Ficaram uns 15 dias conversando até ele tomar coragem de convidá-la para sair. Foi aí que começou um relacionamento. Em um ano, 1976, eles estavam casados, eu nasci três anos depois, e agora em agosto, eles vão fazer 31 anos de casamento. História dos pais de Fabíola Zardini, professora da Ufes

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ra a e p gem s ea ssa t rip r pa t s ga pa

Pmão. setembro 2007.

A menina entrou no carro, na Vila Rubim. Ela veio tomando o lugar dos idosos, sentada na frente. Chegou uma senhora idosa e ela não queria dar o lugar e eu comecei a discutir com ela. Falei que tinha que passar a roleta, ir para trás, e que não podia ficar ali. Aí, ela brigou. Falou que não tinha dinheiro para pagar a passagem e que ia ficar na frente. Não quis descer e ficou discutindo comigo dentro do ônibus, falando que ia descer onde ela quisesse e que não sabia onde estava. Quando chegou na Av. Adalberto Simão Nader, ela falou que queria descer e eu disse: - Você não queria descer em Jardim Camburi? Então é lá que você vai ficar, na DPM de Jardim Camburi, é lá que eu vou te deixar. Ela disse: - Motivo você não tem para me deixar na DP. Aí eu falei: - Motivo eu tenho sim, você tá querendo ir de graça, tá tomando lugar do idoso e ainda está discutindo comigo. Do nada ela começou a tirar a roupa na frente de todo mundo, a roupa toda mesmo, ela ficou peladinha no carro, não sobrou uma peça. Eu não fiquei olhando porque o ônibus estava lotado e eu tinha que dirigir. Eu só pedia para ela vestir a roupa. No final das contas ela desceu em Camburi, deitou na grama e vestiu a roupa. Marcos Paulo Barbieri – Motorista

o famoso roger Um dia eu estava no 214, indo para o shopping, e entrou um cara dizendo ser cantor. Ele ofereceu seu CD – Roger e seu Violão, dizendo ser um CDO: CD Original e não um CDP: CD Pirata. Custava R$10. E ainda tocou violão e cantou uma música de sua própria autoria! Ninguém comprou o CD, mas todo mundo riu da situação. Um cara engraçado, fazendo um show no ônibus e tentando se equilibrar! A cada movimento brusco do ônibus ele errava as notas e começava de novo! Uma figura! Monick Ribeiro – estudante de Publicidade da Ufes

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Uma vez entrou uma mulher com dois picolés dentro do ônibus e falou assim comigo: - Quer um picolé? - Ai, eu falei: não obrigado - Eu estava dirigindo, né?! Ai ela chupou o picolé todo e veio me dizer: - Trouxe o palito para você. Quando eu fui ver, o palito estava com telefone dela.

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Dionísio Lyra – Motorista instrutor Unimar

Teve um outro caso, no Transcol, na linha 500, na pracinha de Vila Velha. Um cara forte e bonito deu sinal e eu parei. Ele entrou, eu fechei a porta e disse algo que eu não entendi, então eu pedi para ele repetir, aí ele falou: - Seus olhos são lindos! Aí eu falei: - O que? Ele disse: - Seus olhos são encantadores. Ele passou a roleta e foi sentar lá trás. Daí, eu continuei trabalhando normalmente. Toda vez que eu tinha que olhar o retrovisor para ver os passageiros saltando, ele fixava os olhos no retrovisor para olhar o meu rosto. No momento em que ele saltou em Jucutuquara, ele jogou um monte de beijinhos com a mão para mim.

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Dionísio Lyra – Motorista instrutor Unimar p

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O QUE VOCe FAZ, Pesos. Levantar, puxar, empurrar. Carregar pesos. Movimentar. Braço e perna. Corpo e mente. Sãos? Correr. Para todos os lugares. Para lugar nenhum. Fantasmas correndo atrás daquilo que não se sabe bem o que é, que passa antes de chegar, que está mais adiante. Espelhos e Narcisos. Tudo aí, no reflexo. É isso?

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Maria Ines Dieuzeide


te FAZ ?

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Pm達o. setembro 2007.

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Fotos feitas na Life Academia


Gari? sIM,

Um olhar diferenciado do dia-a-dia dos trabalhadores da limpeza pública esk e Vanessa

za, Laila Mag Clerisson Sou Souza on Fotos: Cleriss

Chegamos afiadas no “barracão” (local onde os garis da Prefeitura de Vitória fazem suas refeições), dispostas a despertar todas as insatisfações dos trabalhadores em relação a tudo e fazer uma grande matéria de denúncia. Quando o grupo chegou para almoçar, nós já estávamos esperando por eles. Todos tímidos com a presença de duas meninas com lápis e papel na mão e um cara com uma enorme máquina fotográfica em punho. Com um pouco de conversa, eles ficam mais à vontade com a nossa presença e até fazem piadinhas com a presença feminina no barracão. Na hora da foto, um deles diz: “Não tira não senão vai queimar o filme todo!”. Quando vê que a foto aparece na hora na tela de LCD, abre um sorrisão desconcertado e ao mesmo tempo feliz em se ver retratado e diz: “Agora eu vou ficar famoso!”. A intenção era fazer uma matéria de denúncia, mostrar as dificuldades enfrentadas na profissão de gari, os baixos salários, a relação com a prestadora de serviço e com a prefeitura e os perigos de trabalhar nas ruas. Mas a alegria deles, a felicidade em serem entrevistados, de se sentirem importantes e o fato de gostarem mesmo do que fazem não nos deixou seguir com o que queríamos. Não deu, mas acabou sendo melhor assim. Afinal, nossa matéria se tornou uma pequena história de vida e uma lição de humildade. A história de dois trabalhadores nos chamou a atenção: a do senhor Jair da Conceição e do Seu João Januário. Duas pessoas batalhadoras, simples, que insistem em ser felizes diante da vida. Dois vencedores. Seu João Januário deixou a vida dura de agricultor e veio tentar a vida na cidade. Trabalhou durante quatro anos como vigilante noturno. Todos os dias enquanto trabalhava, via os garis trabalhando e pensava: “Um dia vou trabalhar com

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Pizzol

eles”. Procurou a vaga e conseguiu: há dez anos ele é gari da Prefeitura de Vitória. João sai todos os dias de Nova Rosa da Penha, em Cariacica, para sua jornada, que começa às 6h20 da manhã. Se o trabalho é pesado? “Não. Eu vou com meus amigos, sem problemas”. Ele gosta tanto do que faz que hoje é também o Diretor suplente do Sindicato que representa sua classe. Seu maior feito foi conseguir para ele e seus companheiros um local - o barracão - onde pudessem fazer suas refeições, há cinco anos. “Antes, a gente carregava a marmita no carrinho e almoçava sentado nas calçadas mesmo. Aí a gente reivindicou e conseguiu com a Prefeitura esse barracão, que tem estufa pra comida, banheiro, mesas e cadeiras pra gente almoçar”. Ele não consegue se imaginar fazendo outra coisa. “Foi com esse trabalho que consegui tirar meu sustento criar meus cinco filhos com dignidade”.


Eu insisti e perguntei se não tinha nada que ele achasse ruim. Ele parou, pensou, demorou pra lembrar e disse: “Só algumas pessoas que tratam a gente com muito desrespeito. A gente pede um copo d’água e eles inventam que só tem da torneira, que a geladeira tá quebrada, e ainda mandam a gente trazer o próprio copo para beber. Mas nem todo mundo é assim”. A minha insistência como jornalista em tirar dele algo de que não gostasse foi grande, mas a vontade dele de ser feliz é muito maior. Me venceu pelo cansaço, mas afinal quem ganhou o dia fui eu. Impossível de não se deixar contagiar pela energia deles, realmente imaginávamos que era muito pesado, varrer a rua, cansativo. Afinal, a jornada de sete horas e vinte minutos é grande, e não importa se tem sol ou chuva, eles estão na luta. Não sei, talvez desse um pouco de vergonha? Que nada. Eles são felizes. Usam do pouco que tem para viver e vivem muito bem. A princípio, um certo receio de todos, quem são essas pessoas? Mas um deles, logo foi demonstrando sua simpatia com toda simplicidade. Não sei explicar, mas aquele rosto sofrido e sorridente do senhor Jair me conquistou. Nos aproximamos dele, e ele, não se importou em nos contar um pedacinho de sua história.” Eu era ajudante de pedreiro em Belo Horizonte, mas tava meio ruim de emprego, aí eu vim pra cá”.

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SENHOR!

Acompanhado de sua filha chegaram a terras capixabas. “Com dois ou três meses como gari eu já tava acostumado, e isso já faz nove anos”. Perguntei mais de uma vez se tinha algo ruim na profissão? E ele olhava para o seu João Januário, seu colega de tanto tempo, e balançava a cabeça dizendo que não. Seu Jair o trabalho é pesado?” Não, a gente acostuma.” Só dizia que o dia mais puxado é a segunda-feira, pois no domingo não tem varrição. Mas mesmo assim não parecia se importar. O barracão que nós visitamos tem toda infra-estrutura para eles, porém, muitos garis do Estado têm que almoçar na rua, pois as empresas não fornecem locais apropriados. No mais, saí daquele lugar admirando a força e a humildade desses trabalhadores. Para descontrair, tiramos uma foto com o seu João Januário e nos despedimos desses homens alegres e receptivos. Não sei quanto a todos, mas eu fui embora olhando essa profissão de uma maneira especial. p

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s de o t n e m , mo de papel e o i r á i d aço orre d c e os e s p r r e r o v o r i c e s eio ao e-se ao prim sim surgem o uns m m E s lg orr a c A e a . r o R a t r . í. P ção r pe inspira ue houver po alhados por a tros, vem de q p ou caneta s anônimos es ular. Para ero mais. eg u a de poet ção é visita r xa gosto de q soas que não a s ei a inspir porádica e d poesias de pe da escrita um s es forma nimos alguma as que fazem eles. Desse Reu m poetas, m eiro é um d das e que ia nt na m o i e r m p M o n s e m uca tica ora se d é f o L e p . u a o q i p ís. m og as i e l a t s o e a t P s o n s p a o a p ma ram res d i u o g n t r i r o u s c ã s s e hábito ram a inclu ores jovens e amante da e a h lhe rend dos cem mel nte de história e já pensa n s 5 m u a como u atuzzi, estud ever em 200 histórias de se . r a P Josué omeçou a esc r as poesias e a Campones c e a escrita, ade de public es, Zephyrus longe e, se a z id possibil ens Demonia o te levar pra r um poeta g a ã persona e a imaginaç ite em se torn Deix ier, não hes ov ã ias ç a D r i p a t i l ins T ha . m é tamb

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Andand o Imagen entre as somb s amor fas que ras do passad De um o surgem real mu n Loucur a da no do irreal ssa cliv Descob age ri A ment que sou imor m t e fanta sia a vid al O pass a ado esc onde a O prese dor n O futur te que já foi v ivido o que já se pass Gritos ecoam ou no Alucina ção, an vácuo gus O vento não sop tia é amor O fogo ra no e co spaço Odiar o nsome a flor dia que Ter pra nasce ze Não es r quando o cr pe ep Felicida re que o temp úsculo chegar o passe de é nã o Escure ce a me te ver chegar nt Feches os olho e cansada s, não q Entre a ue ss Viverem ombras do no ria acordar s os sem desper so passado tar. Zephyr us de Josu (o poeta mor to é Patuz zi – His ), personagem tória -U fes

A fogueira aquém mar A queimar Um dia Há que ser Para iluminar E aquecer O aquém mar Thalita Dias - 6º período de Jornalismo na Ufes

Poetiz Apuração: A m eça da Justiça Quando apuro Estou em apur os Tentando ser puro Em minha ap uração Contemple a justiça Tão bela, poré m, cega. O que digo a ela Para que poss a comovê-la? Não há mentir as eu Juro Quem me acus a é impuro Separados po r Muro Que sofreu ta ntos furos... ...Na esperanç a de me ver. Inúmeras pala vras A mente jamai s se cala O pensamento iguala-se Para a justiça prevalecer Quem mente Usa a mente Humanos torn am-se demen tes E a mente de strói gente Quando tudo está ausente Pensamos na gente. O Poeta de D emoniazes, personagem de Josué Patuzzi – História/ Ufe s

Inventar a paz Querem inventar a paz Paz que eu não conheço Paz que eu não mereço Paz que eu desaprovo Paz que eu não suporto Paz sem paz Paz que mata Paz que cala Que fere direitos Destitui a moral Paz de guerras Paz de feras Paz de horrores

Querem vingar a paz Vencer derrotas Derrotar vencedores Excluir os que da paz violência não fazem Querem me condenar Me dar moldes de paz Me ensinar a ser como eles Me dar cabresto e corda Me querem mudo, cego, surdo Querem reinventar a paz Paz sem paz Que paz?

Lucas Schulthais dos Anjos Monte


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Os homens da lua Os homens da lua são criatura s vistas constantemente. Estão sempre misturados a nós , Ocupando poderosos cargos e Invejáveis posições sociais. Os homens da lua se acham don os do mundo, Pensam ter visão avançada sob re tudo. E esquecem que vivem num mu ndo Apenas semelhante ao nosso. Os homens da lua criam antídot os para seu próprio veneno. Fazem do mundo um grande quin tal Onde testam suas fórmulas mir abolantes. E assistem ao espetáculo de hor rores por eles criado. Os homens da lua pareciam ser bons. Pareciam. Mas, este adjetivo não se enc ontra em seu vocabulário. Eles têm boa aparência, aprese ntam boas propostas, Mas não passam de fingidores da verdade. E nós, seus súditos marionetes, Nos quais a ganância é pratica da sob os olhos Abertos e cegos da sociedade, Cruzamos os braços esperando Ansiosamente pelo próximo gran de feito dos homens da lua. Lucas Schulthais dos Anjos Mon teiro - 7º período de Jornalismo (Faesa) e 5º período de Ciê ncias Sociais (Ufes)

o lhos ao olhar, Tutd eus o meu,

ijo os ilho d um be , u o br anhar g repiar r o a a Eu so o ao se er. o h sorris l r i o u e c e t t a sou ê se rpo in c o o c v u s e ut , braço eu so oculto meus mais r, o em o d d n e e a u r u q re g q eu se o teu t d o n u u f o çar, Eu so ais pr disfar nhar. sejo m r sem e teu so z a teu de o r p u o e s d a e m legri guia, tua fo u teu e de a eu so a font u a t r , b u a i o m s a so z do d u a tu ena lu lor, l a p c Eu so u m or. ou te luar e s u o e ã t ç sso am sou prote r o no e a l e m p u f a per , sou tu eiro a imida teu ch e repr d o a rtida. u d a o u p s inha tua sa m a r e u r, v o Eu s de do ar ao gritar sangr r u a osso e l t n e sou o a ap nte do t i a t e s p i d u ais Sou te nda m amor. ver ai céu, Ao se u teu o s , a ma, m ua al ua cal rno, t ego, t fe u n e i t u u te So da, teu na , , sou o d mada u a t u teu minha , s r é e , d Eu so na teu po peque ê. c o, sou o d v minha n u eu em teu m u u e o s m Eu , sou a vida e sou tu odo d º perí 6 i h rac vo Ba s Gusta na Ufe e d a d i c i l b Pu

Pmão. setembro 2007.

Ilusões do A

manhã Por que eu vivo procu rando um Se a vida à motivo de s vezes pa viver, re ce de mim Procuro em esquecer? todas, mas todas não Eu quero a são você. penas vive r, se não fo você. r para mim que seja p ra Mas às vez es você pa re ce me igno me olhar, rar, sem n em ao men Me machu os cando pra valer. Atrás dos meus sonh os eu vou Eu vou me correr. achar, pra mais tarde Se a vida d em você m á presente e perder. pra cada u o meu, cad m , ê? Será que e sse mundo tem jeito? Esse mund o cheio de preconceit Quando es o. tou só, pre s o na minha s Juntando p olidão, edaços de mim que c Juro que à a ía m ao chão, s vezes ne m ao meno Talvez eu s s sei, quem eja um tolo sou. , Que acred ita num so nho. Na procura de te esqu ecer, Eu fiz brota r a flor. Para carre gar junto a o peito, E crer que esse mund o ainda te E como prí m jeito. ncipe sonh ador... Sou um to lo que acre dita, ainda , no amor. PRÍNCIPE POETA (Ale xandre Lem Nota: os - Apae) Este p

oema foi e scrito sociedade , de excep por um aluno da Ap cional. Exc a de! Ele tem epcional é e chamado, pela 28 anos, c a sua sens divulguem om idade ibilid me pa barreiras q ra prestigiá-lo. Se u ntal de 15, e peço q aue ma pessoa ue ele enc ontra acre maioria da que encon dita tanto tr s que se d a as no a ize negar sua existência m normais procuram mor, porque a ?p , ao contr

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Capítulo 1

E agora José?

Erica Vaz, Tatiany Volker e Wanderson Mansur

Quando

nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: “Vai José! Ser ninguém na vida”. E carregava comigo essa lembrança. Mais anjos tortos apareciam. O imperativo de ser ninguém me assombrava. Vende bala. Cata latinha. Limpa chão. Levanta paredes. Faz cimentos. Os anjos da minha escola tentaram me fazer crer que preto-pobre não serviria para estudar. Os ofícios de ser ninguém seria o meu destino. Ser ninguém era uma realidade de muitos perseguidos por anjos. Busquei minha vida inteira recusar os anjos e suas idéias, talvez preferiria os apelos dos demônios, esses mostravam um caminho mais promissor, diziam inclusive, que com força de vontade poder-se-ia tudo, coisas do tipo “vencer na vida é questão de insistência e capacidade”. Foi em uma dessas conversas, que me percebi querendo ser alguém, daqueles que muitos buscam ser, que são por todos visíveis.

Quando decidi tentar o vestibular, gargalhadas eram ouvidas ao longe.

A desesperança em meio às chacotas tomava conta de mim. Por um momento o que parecia comédia a todos, foi se tornando tragédia. A baixa estima própria de meus pais parecia uma tradição a ser seguida. A descrença se colocava enquanto algo a ser herdado. Pois desde que se têm notícias, não havia ninguém na família que tivesse esse privilégio. O direito de sonhar lhes fora amputado. Só restavam-lhes apenas a busca por direitos animais, que garantissem nossa sobrevivência. Comer, beber e se abrigar, estavam acima de qualquer sonho, inclusive, de entrar numa universidade...

E agora José? Fora o que ouvi de um novo educador que acabara de entrar

em minha escola. Ele conhecia minha vida, sem mesmo me conhecer, na verdade conhecia a realidade vivida por todos da sala. Isso me inquietava. Os estímulos de que precisava, eu encontrava em suas palavras. Meu sonho era mais uma vez alimentado. Entre anjos e demônios eu perseverava. Os livros e cadernos eram quase que extensão do meu próprio corpo, estavam sempre me acompanhando, inclusive no trabalho, onde eu mal podia vê-los. Era ano de vestibular e o tempo para a dedicação aos estudos era escasso.

Diferente da escola pública de ensino médio do meu bairro, abandonada

e pichada, onde quase todos os jovens da minha comunidade estudaram, mas poucos aprenderam a escrever o próprio nome, a Universidade é uma espaço de perpetuação da minha realidade e da realidade dos estudantes

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do cursinho particular. Já no vestibular, a Ufes diz na cara dura, que tipo de alunos a instituição deseja. Que tipo de sociedade ela está inserida. A quem ela deve satisfação. É o seu método de exclusão, que põe em pé de igualdade alunos de escolas públicas e particulares. Que vença o melhor. Ou quem marcar mais pontos.

Passou-se um, dois e só no terceiro ano eu pude conhecer o campus. A

beleza vinda do jardim me recordava as casas que um dia minha mãe já havia trabalhado. E não era apenas o jardim que me suscitava a lembrança daqueles tempos; os carros, as pessoas, as conversas, os gostos, o comportamento, tudo me fazia recordar os tempos de criança, quando aos sábados eu a acompanhava no serviço. Uma melancolia estranha, pois nunca me senti parte daquele cenário. E o sentimento de pertencer a um lugar tão bem cuidado, ao lado de pessoas supostamente inteligentes, me enchia de orgulho e medo.

Todos na família se orgulhavam de mim. O que eu tinha conquistado eles

mal podiam mensurar, mas sabiam que era algo importante. Inédito. Único em toda a comunidade. Agora, eu era a esperança materializada em carne, um sopro de vida, uma referência até para aqueles que nunca tinham me notado. Dali em diante, todos os meus passos entre os jardins da Universidade seriam os passos daqueles que sonhavam em um dia também pisar ali. Esperanças acumuladas de todas as gerações passadas agora pesavam sobre os meus ombros. Mas uma dúvida me perseguia: Eu abri uma porta ou passei por uma fresta?

Não

havia semelhantes. Ninguém morava no meu bairro. Sem constrangimentos, alguns até admitem que nem sabiam que tal lugar existia. Muitos pegavam ônibus, mas poucos iam até o ponto final. E quase como um choque, percebi que dentro da Universidade havia praticamente um sistema de castas. Por renda. Por mérito. Por tonalidade de pele. Ingenuidade pensar que seria diferente. Finalmente eu percebi porque os meus vizinhos, pais e amigos não tinham o sentimento de pertencer a esse universo. Ficou fácil perceber porque muitos sequer nunca almejaram estar ali. Aquilo não lhes pertencia, não era público, não era gratuito.

A universidade ia aos poucos se desabrochando diante de mim, algumas

disciplinas, e professores se propunham reveladores, críticos, se colocavam


Nisso percebi que ser alguém não era “grandes coisas”, para ser esse

alguém eu deveria negar tudo o que eu havia sido até então, para entrar na lógica que me impunham eu precisava me encaixar em um molde, o qual eu não me identificava. Era uma sensação de morte. Reconhecer esse ser alguém era negar minha origem, meu passado, meu povo, minha história. O desafio era então encontrar uma forma de ser referência, que valorizasse toda essa subjetividade que estava incrustada em mim.

As pedras no meio do caminho não deixaram de existir. À medida que

eu afastava algumas, outras apareciam. Vender passe para tirar xérox. Depender da boa vontade de um colega para emprestar um livro que não se encontra entre os acervos da biblioteca. Depender exclusivamente do

RU para almoçar, quando podia almoçar. Se fechado, o dia ficava longo demais para me manter só com o café da manhã.

Um longo período ainda se passara desde a minha primeira melancolia.

A sensação de não pertencer a este lugar me perseguiria por muito tempo. Até ouvir falar de um lugar que não compreendia direito como era, inicialmente. Pessoas parecidas comigo, se reuniam em um único espaço, bem diverso por natureza. Pela primeira vez, enxerguei a diversidade na universidade.

O conceito de universidade passou a fazer mais sentido para mim.

O popular era valorizado e reconhecido ali. Seu objetivo era ser ponte entre o acadêmico e o popular, era formar cidadãos conscientes de seu papel, multiplicadores sociais, pessoas capazes de ser referência na sua comunidade, de fazer a diferença.

Você é de origem popular? Mesmo não entendendo o que significava,

eu queria ser aquilo. Pelo menos quem dizia ser, parecia feliz. Eu nunca havia visto um lugar onde ser preto e pobre era algo positivo.

Ilustrações: Fernanda Freitas do projeto Conexão dos Saberes

Quem são os estudantes de origem popular (EOP)?* Embora não seja um grupo homogêneo, há três características que definem qualquer estudante de origem popular, os EOP´s: são alunos cujos pais possuem renda de até três salários mínimos, estudantes de escolas públicas e residentes em bairros de origem popular. De acordo com uma pesquisa realizada por estudantes do projeto Conexões de Saberes e publicado no artigo “Diferenças e desigualdades no mundo Ufes: retratos de raça e gênero dos estudantes de origem popular em 2005\02”, do total de 10487 alunos regularmente matriculados na UFES naquele semestre, apenas 317 são de origem popular, ou seja, um percentual ínfimo de 3,02 % dos alunos.

Destes, apenas 183 são negros ou indígenas. A grande maioria desses estudantes mora em bairros periféricos da Grande Vitória e desloca-se diariamente até a Universidade, utilizando, como meio de transporte básico, ônibus do sistema Transcol que interliga os cinco municípios da Região Metropolitana (Vitória, Serra, Vila Velha, Cariacica, Viana, Guarapari e Fundão). Ainda segundo o artigo, “A presença dos EOP’s nos cursos de menor prestígio da universidade sugerem, também, o lugar social a ser ocupado após a graduação: em sua maioria desempenharão funções que, apesar de estratégicas para a completude do tecido social, são menos reconhecidas e possuem

uma remuneração menor se comparadas às profissões escolhidas pelos não EOP’s, tais como Medicina, Engenharias e Ciências Tecnológicas em geral.”. *Fonte: O artigo “Diferenças e desigualdades no mundo Ufes: retratos de raça e gênero dos estudantes de origem popular em 2005\02” foi escrito em conjunto pelos estudantes Cleberson de Deus Silva, Elisângela Passos Alves, Fernanda da Silva de Freitas, Renata Beatriz Rodrigues da Costa, Terezinha Moreira dos Santos e Walquiria Ana Soares, sob a orientação de Lavínia Coutinho Cardoso. p

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enquanto vanguarda quando comparados àqueles que aqui não estavam. Isso levava a uma visão um tanto grosseria, de que minha origem, minha cultura, os contos, as fábulas, as histórias populares, os ditados, que cresci ouvindo, que me constituíam enquanto sujeito, que evidenciavam de onde eu vinha, tudo isso não passava de senso comum, de cultura periférica, segundo o crivo de alguns desses “intelectuais”.


ACESSIBILIDADE ?

dia-a-dia de por tadores de deficiência

Mônica

a Oliveir A sobrevivência diária depende de ações como locomoção, audição, visão e entendimento, para, além disso, a interação entre os diversos atores sociais é fundamental para o desenvolvimento psico-social do sujeito. O mundo, de estruturas planejadas para atender pessoas “perfeitas” física e mentalmente, torna-se uma grande barreira para cidadãos com mobilidade reduzida, deficiência física e/ou mental. Limitações e diferenças entre as pessoas sempre irão existir, e é rigorosamente por isso que, por exemplo, para cada escada construída em locais de acesso público, sendo eles privado ou não, deve haver uma rampa adequada. Obstáculos arquitetônicos, sociais e culturais afligem todos os dias cerca de 20% da população brasileira, e põem essas pessoas, também pagadoras de impostos, à margem do processo de desenvolvimento da nação. A boa notícia é que já existe uma mobilização desses brasileiros, que têm colocado o tema Acessibilidade na pauta das organizações públicas, e privadas, o fruto da luta desses movimentos, muitas vezes organizados por meio de fóruns e com estatuto próprio, é a Lei de Acessibilidade. O lado sombrio dessa história é que essa legislação, raras vezes é cumprida, e quando é, só com muita teimosia desses movimentos organizados, portanto, os avanços só ocorrerão quando houver maior aplicabilidade da lei. Há mais de três anos existe na Ufes o Fórum de Acessibilidades, criado a partir das dificuldades enfrentadas por alunos portadores de necessidades especiais no acesso

e permanência do Campus Universitário. O fórum também promove a inclusão desses cidadãos que buscam seus direitos à educação, saúde, emprego e ao lazer, por meio de encontros mensais realizados na PróReitoria de Extensão, que cede o espaço. Dados de 2006 demonstram que há na Ufes cerca de 20 estudantes portadores de necessidades especiais, incluindo graduandos e pós-graduandos. A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) foi procurada por nossa equipe de reportagem para atualização desse número, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos respostas. O Governo Federal vem buscando propostas de políticas voltadas para o tema, com o Programa Incluir, numa iniciativa das Secretarias de Educação Especial e Superior. No início deste mês foi lançado o edital nº 03 Incluir 2007 – Programa Incluir: Acessibilidade na Educação Superior, que terá resultado divulgado no site do Ministério da Educação (portal.mec.gov.br/sesu), até 25 deste mês. Com essa ação o Governo Federal pretende recolher propostas enviadas pelas IFES ( Instituições Federais de Ensino Superior), que indiquem a criação ou reestruturação de núcleos de Acessibilidade que farão a promoção do acesso pleno, por parte das pessoas com deficiência, em todos os espaços, ambientes, materiais, ações e processos desenvolvidos da instituição para inclusão educacional e social desses cidadãos.

junho 2007 .Pmão setembro 2007 12.Pmão foto: Clérisson Souza


CĂŠlia

Lei 10.436 Art. 1Âş É reconhecida como meio legal de comunicação e expressĂŁo a LĂ­ngua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressĂŁo a ela associados.

Alvim

ParĂĄgrafo Ăşnico. Entende-se como LĂ­ngua Brasileira de Sinais -

Todos nĂłs sonhamos quando estamos na escola em entrar para uma universidade. Para alguns, o sonho simplesmente nĂŁo ĂŠ o suficiente. Assim acontece com as pessoas que tĂŞm baixa mobilidade e aqueles com alguma deficiĂŞncia fĂ­sica. Assim como os indĂ­vĂ­duos portadores de deficiĂŞncia auditiva que entram na universidade e muitas vezes continuam sonhando. NĂŁo ĂŠ suficiente para eles um professor Ă frente da sala de aula. É necessĂĄrio alguĂŠm que interprete suas palavras em sinais, pois esta ĂŠ a lĂ­ngua dos surdos. LĂ­ngua Brasileira de Sinais. Ou simplesmente, Libras. Por muito tempo, o esforço das escolas no Brasil foi de inserção dos surdos no mundo da nossa oralidade deixando de lado seu prĂłprio modo de interagir com o mundo. SĂŁo duas maneiras diferentes de interação. Um gesto para eles tem vĂĄrios significados. Se o gesto vier acompanhado de uma expressĂŁo facial quer dizer exatamente uma coisa. Sua interação com o mundo se dĂĄ por meio de sinais, gestos, expressĂľes faciais, enquanto nĂłs, ouvintes, nos preocupamos excessivamente com palavras, vozes e nos fazer ouvir. A cultura do surdo ĂŠ muito mais ampla e nĂŁo nos cabe forçå-lo a se comunicar pela fala. É importante entender que o principal em sua cultura nĂŁo ĂŠ falar, e sim, se comunicar pela sua prĂłpria maneira, com os sinais. A forte ligação da nossa sociedade com a oralidade nĂŁo nos permite aceitar ou ver como normal outra forma de comunicação que nĂŁo a palavra falada. Podemos pensar que a fala nĂŁo passa de expressĂľes, pois eles apenas nos vĂŞem falando. Desde quando iniciada, a educação dos surdos deve ser diferenciada. A primeira lĂ­ngua a ser ensinada deve ser a lĂ­ngua de sinais, pois ĂŠ atravĂŠs de sinais que eles iniciam seu contato com o mundo. A palavra falada nĂŁo faz parte da cultura deles, o que nĂŁo interfere no ensino do PortuguĂŞs. Estamos tĂŁo ligados na nossa oralidade que esquecemos que a lĂ­ngua portuguesa ĂŠ muito mais que a fala. O

ideal ĂŠ a criança, com dĂŠficit de audição, aprender libras e o portuguĂŞs desde a infância. E continuar sua educação normalmente com um intĂŠrprete em sala de aula equiparando assim suas chances e oportunidades com os outros estudantes. Assim, ĂŠ possĂ­vel a eles entrar na universidade e tornar seu sonho realidade, requisitando intĂŠrprete para suas aulas. A lei 10.436 reconhece a Libras como sistema lingßístico dos surdos e a portaria 3284 assegura o direito ao intĂŠrprete quando solicitado Ă universidade ou escola. A portaria inclusive esclarece que deve ser criado o respectivo cargo nas instituiçþes federais. A Ufes possui poucos alunos que sĂŁo surdos, nĂŁo hĂĄ nenhuma base de dados da universidade para fornecer um nĂşmero certo, portanto, poucos intĂŠrpretes e nenhum ensino de Libras. Ademar Miller JĂşnior ĂŠ um estudante do curso de Pedagogia que transferiu seu curso de uma faculdade particular para a Ufes para ter o direito de um intĂŠrprete. NĂŁo foi fĂĄcil. Ele teve que recorrer Ă coordenação do curso de Letras para conseguir. E conseguiu. TrĂŞs intĂŠrpretes se revezam para que ele possa estudar como todos na universidade. Um deles ĂŠ Jefferson Bruno, estudante de Letras-PortuguĂŞs na Ufes, que observa que os intĂŠrpretes necessitam de valorização profissional em relação a profissionais de outras lĂ­nguas e a sobrecarga de trabalho. A luta que os surdos vĂŞm travando por seus direitos tem trazido avanços. EstĂĄ previsto a criação do curso de Letras-Libras na modalidade de Ensino a Distância, tambĂŠm a inserção da disciplina Fundamentos da LĂ­ngua de Sinais, primeiramente, no currĂ­culo do curso de Pedagogia e depois no curso de Letras-PortuguĂŞs. (Com o tempo, esperase a criação dos cargos previstos em lei para os intĂŠrpretes.) “O surdo ĂŠ um sujeito eficiente que possui uma lĂ­ngua, uma cultura inter-relacionada com outras culturasâ€?. Jefferson Bruno, intĂŠrprete de Libras.

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p

Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingßístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingßístico de transmissão de idÊias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

 Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de MagistÊrio, em seus níveis mÊdio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parågrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderå substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.

Portaria nÂş 3284 III - quanto a alunos portadores de deficiĂŞncia auditiva, compromisso formal da instituição, no caso de vir a ser solicitada e atĂŠ que o aluno conclua o curso: a) de propiciar, sempre que necessĂĄrio, intĂŠrprete de lĂ­ngua de sinais/lĂ­ngua portuguesa, especialmente quando da realização e revisĂŁo de provas, complementando a avaliação expressa em texto escrito ou quando este nĂŁo tenha expressado o real conhecimento do aluno; b) de adotar flexibilidade na correção das provas escritas, valorizando o conteĂşdo semântico; c) de estimular o aprendizado da lĂ­ngua portuguesa, principalmente na modalidade escrita, para o uso de vocabulĂĄrio pertinente Ă s matĂŠrias do curso em que o estudante estiver matriculado; d) de proporcionar aos professores acesso a literatura e informaçþes sobre a especificidade lingßística do portador de deficiĂŞncia auditiva. § 2Âş A aplicação do requisito da alĂ­nea “aâ€? do inciso III do parĂĄgrafo anterior, no âmbito das instituiçþes federais de ensino vinculadas a este MinistĂŠrio, fica condicionada Ă criação dos cargos correspondentes e Ă realização regular de seu provimento..

6ERDE BANDEIRA CARREGADA DE ESPERANÂ A E VONTADE DE CONSTRUIR UM FUTURO MELHOR

&IDELIDADE ALĂ?M DAS CORES

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13 .PmĂŁo junho 2007

Ana

Desafios de quem precisa de intĂŠrpretes

.PmĂŁo setembro 2007


Retrato falado: A imprensa brasileira em debate Davi Gentilli e Bruna Gatti

Vivemos um tempo em que, a cada dia, está mais difícil a mídia manter o véu da hipócrita idéia de defensora da causa republicana. Não, definitivamente, não. A mídia tem os seus interesses. E eles não são, necessariamente, os mesmos da maioria da população brasileira. Aliás, a intersecção entre esses dois pontos parece cada vez menor. Uma digressão no tempo garante a compreensão do que se afirma aqui. No planalto, por exemplo, já puseram um playboy arenista. Depois, tiraram-no sem dizer por que haviam posto. Em seguida, foi a vez do Príncipe, que torrou o patrimônio nacional, como se o Brasil lhe pertencesse. Foram oito anos de sólida aliança. Depois, a mesma mídia, tentou impedir a vitória de um Sapo. Não conseguiu. Mesmo assim, parte da imprensa brasileira continua sendo dona da agenda pública do Brasil. Assim, definem o que pode e o que não pode ser submetido ao debate público. Por isso, saímos pelo campus, para saber como a comunidade acadêmica avalia o papel de uma mídia cuja especialidade maior é a interdição dos debates que não lhe interessam.

A imprensa brasileira poderia trabalhar melhor, principalmente na área política. Mas a política esconde o que? muita sujeira...e como eles trabalham? os políticos que nós colocamos lá, atrapalham eles a trabalhar e acabam com a gente, que somos pobres e ganhamos um salário mínimo. Essa é que é a verdade. Marlucia Sá - Auxiliar de limpeza da Ufes Acho que a imprensa está mascarando a realidade. Às vezes acontecem várias coisas e eles, além de distorcer as informações, não mostram aquilo que realmente está acontecendo. Eles tentam enganar a população, acabam não mostrando a realidade e a população fica a par (o certo é : não fica a par) daquilo que está acontecendo, alienada. Loidi Novaes da Cruz – Estudante de Matemática

No tocante à imprensa televisiva eu acho que falta muita criatividade. A TV tomou um formato muito comercial e a programação é muito ruim, tem pouca cultura. O canal que eu mais gosto é TVE, que lá ainda existem bons debates, grandes intelectuais, e lá eles podem falar o que não falam nos outros canais. Na TV aberta, as questões importantes nunca são debatidas, aí vai uma crítica pra comunicação que é muito superficial e imediatista, que é muito imagem. Acho pra resolver isso é preciso sentar, debater, ouvir outras pessoas. A TV também deve servir como um canal aberto para a sociedade, que acho que está meio distante. Marlon Porfilio - Estudante de Ciências sociais

A imprensa é um instrumento que detém um poder grande de influenciar a sociedade. Porém esse poder poderia ser usado para o benefício da sociedade, mas por estar vinculado de maneira quase intrínseca ao funcionamento da ideologia econômica vigente, o neoliberalismo, acaba perdendo o que poderia dar de melhor à sociedade. Ela deixa de dar esse melhor em virtude do comércio intenso, ao qual ela se submete e submete o público leitor, o espectador. José Domingos Rangel - Estudante de Letras Português A imprensa Brasileira tem que evoluir muito por que os interesses das autoridades de imprensa estão prevalecendo sobre as realidades dos fatos, das notícias. Eles pegam uma notícia e editam, a modificam para satisfazer o desejo deles, que é influenciar a população para o caminho que eles querem levar a situação em que o país se encontra. Pedro Paulo Silva Moisés – Estudante de Administração

Acho que a imprensa é bem coerente com a defesa da classe dela, a classe que ela pertence. Eu sou Estudante de letras e acho muito interessante como todos os jornais escritos ou falados usam os mesmos termos a partir de uma designação ideológica, por exemplo: todos os jornais vão dizer que o MST “invadiu” ao invés de “ocupou”, isso é uma opção ideológica que se faz a partir da língua e que todos eles usam a mesma. Ruy Barbosa - Estudante de letras português

“A impressão que eu tenho da mídia é que ela está estreitamente ligada ao grande capital, inclusive os grandes veículos de informação no Brasil são de propriedade de pessoas que detém grande volume de capital, logo essas pessoas trabalham em prol desse capital. A gente percebe nas veiculações de matérias, no caso da Aracruz Celulose no ES por exemplo, como a mídia manipula o que é dito, a forma com que tem sido veiculada a matéria, as próprias entrevistas que são concedidas...Eles editam e ditam da forma que bem lhe convem. A impressão que eu tenho é que a mídia nasce do sentido de informar e tentar descrever ao máximo o que realmente aconteceu, e depois proferir uma opinião, mas que fossem opiniões de ambos os lados, que não fosse unilateral. Eles falam que a mídia é um meio formador de opinião, mas o que tenho percebido é que a mídia é uma grande ditadora de opinião, eles ditam o que as pessoas tê m que saber, e ditam como saber”. Jonatas correia neves – Estudante de Economia

O papel da imprensa é fundamental para a gente estar ligado no cotidiano, no que está aontecendo no dia-a-dia. Só que acho que existe um desinteresse muito grande por parte das pessoas. O jornal impresso é mais importante do que o da televisão, porque quem não tem tempo de assistir sempre está com o jornal na mão, lendo e está por dentro do que está acontecendo. Só que as pessoas geralmente não tem muito interesse.

Como ponto negativo da imprensa brasileira temos o sensacionalismo, que é muito comum no Brasil.

Laís Rezende – Estudante de Artes Visuais

Amanda Coutinho Maia – Estudante de Economia

14.Pmão setembro 2007


15 .Pmão setembro 2007

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A minha visão é um tanto quanto contraditória. Porque ao mesmo tempo que a imprensa é informativa, também acho que ela desvirtua tudo isso. É uma via de mão dupla. Da mesma forma que você quer assistir ao jornal por que vai te fornecer informações necessárias, você não quer por que você se nega a escutar coisas que vão te influenciar, vão te fazer mal. Eu cansei de ficar ouvindo violência, bateu, morreu! A imprensa é muito sensacionalista, e me parece que se utilizada disso para se manter. Geane Luci - Estudante de Pedagogia

O que a imprensa representa pra mim, a princípio, um dos principais instrumentos de dominação, de manipulação. É difícil acretidar numa imprensa imparcial, ela sempre terá uma tendência, pra um lado ou pra o outro. Eu penso que os meios de comunicação devem ser, em sua alma, imparcial. Sempre tem alguma coisa que a imprensa pode interferir com uma opinião própria, o jornalista parece que não consegue ser imparcial. Penso que a imprensa deveria ser informativa. Até o fato de esconder alguma informação pode ser tendencioso, representar uma parcialidade. A mídia deveria ser estatal. Não acho que um ou outro canal de televisão, emissora ou editora deveria ser de alguém, deveria ser de domínio público. Por ser tendenciosa, a mídia pode tirar e colocar as pessoas num lugar ou fabricar uma imagem, uma impressão. Geovani Soares – Estudante de Música

A imprensa desenvolve pepel importante em relação a todas as áreas do conhecimento. Mas principalmente em relação ao direito ela acaba tendo um problema. Não sei se por causa da linguagem, mas sempre que tenta passar uma informação, essa informação acaba ficando um pouco defeituosa ou problemática pelo certo desconhecimento da área jurídica. Em si, o papel da imprensa é muito importante.

A imprensa cumpre um papel fundamental na consolidação da democracia. Hoje eu vejo a impresa como o principal órgão fiscalizador do país em virtude do descrédito dos poderes judiciário e lesgislativo que deveriam funcionar como fiscalizadores e executores de justiça.Vejo a imprensa ocupando de certa forma o espaço e o trabalho que deveria ser feito pelo legislativo e pelo judiciário. Acho que existem exageros, uma valorização muito grande das coisas negativas, e que a imprensa deveria trabalhar também na vertente de valorizar e destacar as coisas positivas da sociedade, não só mostrar as mazelas, roubalheira, corrupção, mas também as coisas positivas. A impressão que você tem é que você vive num país onde só existem pessoas desonestas, violentas. Mas acredito que a imprenssa hoje é um dos pilares da nossa sociedade. Ricardo Trazzi - ONG Universidade Para todos

Vejo infeslismente a imprensa brasileira como forma de reprodução do ideário capitalista, não só tomando como iniciativa meu curso, mas por ser telespectadora e ver que infelizmente hoje você abre o jornal e vê assassinato, diferenciação raça/cor, uma questão de preconceito mascarado.Coisas que expressam a nossa imprensa, infelizmente de estar diferenciando, estar servindo de manuntenção da lógica capitalista. Maria de Souza Silva – Estudante de Serviço Social

Está bom, eu acho que está tudo ótimo! Manuel Elias Carvalho – Trabalhador Autônomo

Rodrigo Carneiro Fonseca – Estudante de Direito

O esquartejamento da ética jornalística

Maurício Batalha

Recentemente, o Brasil ficou chocado com um caso brutal de violência. Refiro-me à tragédia, no Rio de janeiro, em que o menino João Hélio Fernandes, de apenas seis anos, foi arrastado durante vários quilômetros, preso a um cinto de segurança do automóvel que fora roubado de sua mãe. O triste desfecho, todos nós sabemos: a morte de uma criança, seguida de um clamor por justiça e parte da imprensa, de novo, como porta-voz da causa republicana, exigindo mudança na legislação penal brasileira. Pois bem. Creio que não haja nenhum problema no fato de setores da mídia mais conservadora quererem mudança na legislação. Até aí, uma mera disputa de interesses, digamos, própria do jogo democrático! O que nos chamou atenção foram os meios, as mensagens e suas repetições, personagens, propósitos e valores, de que a mídia se valeu para legitimar a defesa da redução da maioridade penal no Brasil, que não era, pelo menos naquele momento, do conjunto da população brasileira. Naquele cipoal de informações, não se exigiu o comparecimento e a permanência da ética como princípio balizador das coberturas jornalísticas. Isso ficou mais evidente quando vários jornais, no que se pode chamar de espetáculo dentro do espetáculo, defenderam a ida dos pais de João Hélio ao Senado Federal pedir mudança da legislação penal. É inegável que nos momentos de profunda tristeza não se tenha a serenidade necessária para posicionamento sobre uma questão de tão elevada complexidade. Mais. Quem perde um filho de forma brutal, cujos algozes tenham, entre si, um com menos de dezoito anos, naturalmente, tende a enxergar, antes da apartação nossa de cada dia, a necessidade de se punir aqueles identificados como os únicos responsáveis pelo advento do seu drama. No décimo sétimo aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente, talvez fosse razoável um movimento em favor de se começar, finalmente, o cumprimento de tal lei. Em vez disso, assistimos a um movimento cuja síntese foi (e continua sendo) a demonização da juventude, sobretudo negros, do sexo masculino, da periferia. No festival de besteiras que fomos obrigados a ouvir, o antropólogo Luiz Eduardo Soares fez uma sadia provocação que constitui uma excelente antítese. Ele disse que o Brasil é o único país que não se envergonha de mudar uma lei antes de testá-la! Assim, podemos dizer que a atitude protagonizada por parte da mídia, na verdade, careceu de fundamentação. Ou seja, em vez de se recorrer a uma investigação empírica para justificar aquele posicionamento, optou-se pela socialização do drama. De maneira que, todos nos sentimos, pelo menos um pouco, pai ou mãe, irmão ou irmã, de João Hélio. Era óbvio que todo brasileiro, em estado de razoável saúde mental, tomaria como seu parte do sofrimento dos pais de João Hélio. Afinal, somos um país de forte tradição cristã, somos unidos por fortes e inexplicáveis laços de solidariedade. Em situações-limite, choramos com destemor da crítica machista, porque, mesmo quando não vemos e não construímos saídas, não aceitamos o sofrimento daqueles que a tradição cristã nos apresenta como irmãos. A mídia, por isso, apropria-se dos valores mais nobres, distorce-os, e lhes apresenta uma roupagem que nega, ou anula, seu propósito original. Enfim, a barbaridade do caso João Hélio, que se junta à estética de nossos horrores cotidianos, sugeria várias discussões. Mas, na mídia conservadora e racista do Brasil, prevaleceu a menos nobre. Assim, tivemos duas razões para chorar. Primeiro, pela trágica morte de João Hélio; depois, pelo esquartejamento da ética jornalística. p

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