Primeira Mao 129

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revista

laboratório de jornalismo

Comunicação-UFES outubro 2012

Quem vê casca não vê contaminação Vitória, a capital secreta do heavy metal pag 4

Casamento pomerano: até que a cultura ou a morte os separe pag 4

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Foto: Marcela Benezoli

Expediente

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Primeira Mão é uma revista laboratório, produzida pelos alunos do 6º período do curso de Comunicação Social /Jornalismo, da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras | Vitória - ES CEP 29075-910 jornal1mao@gmail.com Ano XXII, número 129 . Semestre 2012/1 Professora Orientadora: Ruth Reis - Reportagem e Edição: Ayanne Karoline de Araújo, Carina Couto, Daniely Borges, Flávio Soeiro de Castro, Juliana Borges, Juliana Mota, Karla Danielle Secatto, Lary Gouveia, Leandro Reis, Lila Nascimento, Marcelo Lobato, Maria Aidê Malanquini, Mateus Cordeiro, Polânia Sôares, Poliana Pauli, Rafael Venuto, Raquel Malheiros, Raquel Santos Henrique, Raysa Calegari, Rayssa Santos, Rebeca Santos, Reuber Diirr Côgo, Sabrina dos Santos, Savya Alana, Thaynara Lebarchi, Victoria Varejão, Vinícius Eulálio, Will Morais - Editor Geral - Rafaelk Vanuto - Editor de Fotografia: Yuri Barichivich - Diagramação: Lary Gouveia, Marcela Benezoli, Raquel Santos Henrique, Reuber Diirr, Will Morais, Ruth Reis - Impressão: Gráfica da Ufes


Dever cumprido!

Sumario

Foram necessários quatro meses de muita dedicação e insistência; vinte aulas para que a equipe de reportagem, composta por 28 estudantes de Jornalismo, pudesse sugerir pautas, apurar e, por fim, planejar cada edição.Somem-se algumas noites em claro e alguns feriados adentro tentando buscar um novo direcionamento para cada assunto levantado para que, ao final de todo este processo de aprendizagem, as três primeiras edições de 2012 da revista Primeira Mão pudessem ser concluídas.

Vitória, a capital secreta do heavy

É importante destacar duas coisas. A primeira é que, com a paralisação geral da universidade, devido à greve dos professores e técnicos administrativos da Ufes, os repórteres continuaram com suas atividades normais, sem dar folga na apuração. A segunda questão é que nossa página no Facebook serviu como um instrumento para distribuição dos conteúdos e interação. Ideias e sugestões dos nossos seguidores foram incorporadas e poderão ser lidas nas próximas páginas.

Deguste o mundo aqui

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Os impedidos de doar

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Independente das dificuldades encontradas, nós aprendemos que um projeto que ocupa todo um semestre exige a colaboração de todos. Brigas e reclamações são normais numa redação, principalmente quando o objeitvo é encontrar consensos. Ao olharmos as noventa e duas páginas que foram preenchidas ao longo deste período letivo, perceberemos a importância de cada repórter, editor, diagramador, fotográfo e revisor, os quais deixaram sua marca estampada nas imagens e textos publicados. O clima, agora, é de despedida. É hora de encerrarmos mais uma disciplina que nos deu a oportunidade de ver, na prática, o dia-a-dia de um jornalista. Saíremos do sexto período com uma bagagem cheia de novas experiências e com um olhar diferenciado para o mundo do Jornalismo. Acredite: para uns ficará a sensação de alívio, mas, para outros, a revista deixará saudades. Rafael Venuto (Editor Geral)

metal 4 Dançando para a vida

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Coincidência ou não

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Arruma a mala aê!

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Tecnologia 13 Comprando fora

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Alimentação agroecológica ou antureba

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Trotes, prejuízos para a população

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Viciados em série

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Luiz Gonzaga

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O declínio do futebol

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Pomeranos no ES

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Me dê sua força Págasus

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Disco, Livro, Filme

30P R I

Ensaio fotográfico

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e is an dr oR Le

Vitoria, a capital secreta do heavy metal

Leandro Reis Quem vê José Roberto de roupa comportada, compenetrado atrás de um computador, não imagina que o agora jornalista já foi um dos soldados do exército de camisas pretas que marchava – e bebia, bebia muito – pela Rua da Lama. Para os corpos jovens do século XXI, é difícil imaginar que a mais famosa rua boêmia de Vitória já foi um eixo de concentração de cabeludos com roupas e acessórios macabros. Mais complexo ainda – e embaraçoso para os fãs do estilo, agora filhos de pais estrangeiros – é constatar, nas linhas de “Rockrise”, que a capital respirou o heavy metal autoral durante a década de 80. “Aconteceu um barulho, uma cena aqui. Ninguém está superdimensionando, este movimento aconteceu mesmo. Muita banda tocando, a imprensa cobrindo. Shows, festivais, bares que tocavam rock pesado”, pontua o jornalista e escritor José Roberto Santos Neves, autor de “Rockrise”. A obra, lançada em 19 de abril deste ano, é um livro-reportagem que narra a história do rock no Espírito Santo, com lente de aumento na geração dos anos 80. O recorte mais aprofundado dessa década não é por acaso: além de a Grande Vitória ter se configurado em cenário do heavy metal, José Roberto atuou como baterista em grupos representativos do Estado na época, como Skelter, Seven e uma participação no Thor, banda criadora da música que dá nome ao livro. Em conversa com a revista Primeira Mão, José Roberto falou, entre outros assuntos, sobre a pesquisa para construir o livro, a importância do Rock in Rio de 1985 e ˜ oA

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os fatores que impediram o sucesso nacional das bandas capixabas. Ele analisou, também, o lugar que o rock ocupa atualmente, fazendo um paralelo com as décadas passadas. O que nos leva, de fato, àquela melancólica ciência de que as coisas podem ter sido melhores em outros tempos. Quanto tempo levou para escrever o livro? Foram quatro anos de pesquisas e entrevistas para realizar essa obra. Eu já tinha a ideia há um tempo. Publiquei dois livros sobre música brasileira e faltava um trabalho sobre a cena capixaba. Imaginei que seria um livro sobre os anos 80, sobre a minha geração. Mas aí percebi que, para falar do rock dos anos 80, eu tinha que ir lá atrás e pegar quem desbravou a cena, a geração sessentista. E o projeto foi crescendo. Optei por fechar em quatro décadas porque vi que ia ter muito material. Como foi escrever sobre um cenário

de que você fez parte? Foi mais difícil escrever o “Rockrise” do que os outros livros, justamente por causa desse meu envolvimento emocional com a história. Tive muito mais cuidado com a isenção. Eu não podia omitir as bandas que eu toquei só porque sou o autor do livro. Seria esconder informação. Mas eu tive o cuidado de não superdimensionar o papel delas. Isso é um exercício difícil. Acho que eu consegui esse distanciamento. O “Rockrise” é um livro de reportagem, não de memórias afetivas. Pó de Anjo, Viúva Negra e Thor nasceram após os membros assistirem ao show do Kiss no Brasil, em 1983. Dois anos depois, veio o Rock in Rio, com domínio do heavy metal. Qual foi a importância desses acontecimentos para a construção de um cenário musical no Espírito Santo? Isso gerou toda uma movimentação em Vitória, não só de formação de bandas, mas de espaços para essas bandas tocarem e de economia, pois o público comprava ingresso. Nessa época, as lojas de discos ainda eram muito procuradas. Vários bares


José Roberto Santos Neves, autor de “Rockrise”, falou com o Primeira Mão sobre a produção de seu livro e a Vitória rockeira dos anos 80.

Banda Siecrist Foto: Guilherme Neto

cero, no que diz respeito a rock pesado? Digo isso no sentido de música como inconformismo, revolta, sarcasmo...

também cediam espaço e aconteciam festivais com bandas capixabas de repertório autoral. Foi um período de muita efervescência. Era uma geração que estava com um grito preso na garganta, a geração da ditadura militar. O Rock in Rio coincidiu com isso. O rock foi a trilha sonora da democracia. Isso é indiscutível. Se houve cobertura da imprensa, bandas talentosas e vários festivais de rock, por que esses músicos não ganharam projeção nacional? A capital do heavy metal era Belo Horizonte, nessa época. Vitória ficava escondida. Foi uma efervescência que dialogou com o resto do país, mas não foi descoberta por vários fatores. Primeiro que as gravadoras não estavam aqui, e sim no eixo Rio-São Paulo. Segundo que

a competitividade é muito grande; você tem uma banda boa aqui, mas 50 em São Paulo. Em terceiro lugar, é esse comodismo de as bandas terem segurança na cena daqui, serem conhecidas, terem foto no jornal. Ninguém quer o desconforto de dormir em hotel de quinta categoria, às vezes passar fome. O pessoal que tinha banda aqui era a maioria de classe média, estava fazendo faculdade e não queria se arriscar na música. Quem teve sucesso foi quem abdicou da estabilidade, daquele caminho natural de família e trabalho fixo. Faltou também uma articulação dos músicos, dos empresários e do poder público, que poderia ter levado essas bandas para fora do Estado. É muito pessimismo dizer que o grunge foi o último movimento sin-

O grunge foi algo muito grandioso e terminou como uma decepção. A morte do Kurt Cobain foi traumática. Acho que o rock não conseguiu se recuperar disso, por mais que o Pearl Jam continue e o Soundgarden volte. Não houve renovação. Existem, claro, algumas bandas que tentaram alguma coisa. Eu não diria que o rock morreu, mas ele está domesticado pela indústria fonográfica. “Ah, mas a indústria não existe mais!”. Existe, sim. Ela ainda determina quem vai ser ouvido. Ela pode ter diminuído seu controle na distribuição de música, mas o seu poder continua. Quem ocupou esse papel de tocar na ferida foi o hip hop. Aquele rock que nos representa está vestindo calça colorida e faz um som insosso. Criou-se uma coisa do emocore, que é careta, conservadora, conformista. O rock sempre foi emotivo, mas existia uma contestação, um inconformismo. De uns anos para cá, ele perdeu a sua essência. Existem boas bandas, como Queens of the Stone Age, System of a Down. Mas se a gente precisa colocar bandas de 30, 40 anos pra atrair público, é porque tem alguma coisa errada.

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Dançando

Dois jovens de Cariacica que descobriram Sabrina Dos Santos

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ma dança cheia de técnica, leveza e disciplina. O balé clássico é uma das danças que mais atraem olhares de admiração. É nessa modalidade que o Espírito Santo tem destaque internacional, com os bailarinos Gustavo Ribeiro, de 17 anos, e Vinícius Lima, de 16. Eles saíram de Cariacica para competirem em Nova Iorque, onde participaram da Youth America Grand Prix New York (YAGP 2012), mas antes de chegarem até lá tiveram que percorrer um longo caminho. De família humilde, Gustavo e Vinícius sempre estudaram em escola pública, mas a oportunidade de dançar surgiu exatamente por causa disso, quando decidiram entrar no projeto Semearte, da Prefeitura de Cariacica. Com o objetivo de tirar jovens das ruas e transformá-los em cidadãos através de atividades diferenciadas, como música, capoeira e artes, o projeto ainda ajudou os meninos a se descobrirem para a dança. A proposta que mudou a vida dos amigos partiu da diretora de uma academia de balé, que visitou o projeto e conheceu os meninos, na época ainda com pouco conhecimento sobre a dança clássica. Eles acabaram ganhando uma bolsa integral para estudarem no local especializado e se destacaram tanto que começaram a participar de competições pelo Estado e pelo Brasil. Segundo a assessora dos bailarinos, Simone Justino, quando os adolescentes visitaram a academia de balé pela primeira vez ficaram encantados com a modalidade.

“O Gustavo foi o que ficou mais radiante, porque agora ele tinha um lugar para passar o tempo, já que a casa dele não era um lugar que ele gostava de ficar. Ele saia da escola e ia direto para academia, onde treinava até à noite”, contou. Gustavo viu na dança uma forma de esquecer a vida complicada dentro da própria casa. Como não conheceu o pai, morava com a mãe e o irmão, com quem tinha uma relação distante. Ao invés de procurar um dos caminhos mais comuns, entrando no mundo das drogas, como fazem muitos jovens na mesma situação, escolheu a dança como saída para seus problemas pessoais. Foi através dela também que conheceu o preconceito, pelo fato de o balé clássico ser uma dança ainda muito relacionada ao sexo feminino. Mesmo assim, isso não o impediu de seguir com seu sonho. Já Vinicius não passou pelas mesmas dificuldades. Com uma família estruturada, adquiriu muitos valores que conseguiu levar para a vida. “Tive uma infância tranquila. Desde criança, sempre gostei de participar de coisas voltadas para dança e testar diversos ritmos”, contou.

Vinícius (esquerda) e Gustavo: vida nova

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para a vida

m na dança um motivo para querer viver Rivalidade que levou ao sucesso Ao mesmo tempo em que foram descobrindo a paixão pelo balé, os amigos também perceberam uma rivalidade entre os dois, que aparecia em todas as competições. Foi então que o professor coreógrafo Marcelo Vitor teve a ideia de encerrar essa competitividade nada saudável, trabalhando o lado psicológico e incentivando uma parceria entre os colegas. O tango da década de 1960 foi a opção mais válida, pois somente homens podiam dançar e o contato era inevitável. “Os dois estavam competindo muito entre si e isso estava dificultando o relacionamento entre eles. Por isso, a ideia de criar uma coreografia, em que os dois tivessem muito contato físico, foi uma boa saída que o professor encontrou”, acrescentou a assessora Simone. O sucesso da parceria foi tamanho que uma dança da dupla, na categoria “duo sênior”, foi premiada em São Paulo. A competição carimbou o passaporte de Gustavo e Vinícius para Nova Iorque para representarem o país na YAGP, considerada a “Copa do Mundo” do balé. Dificuldades e vitórias na dança Apesar da conquista, os bailarinos não tinham recursos financeiros para a viagem.

A academia que frequentavam pagava apenas as excursões para competições estaduais, mas não tinha condições de pagar uma viagem para os Estados Unidos. A ajuda partiu do patrocínio de empresas sensibilizadas pela causa. Em solo norte-americano, a coreografia premiada no Brasil não foi a vencedora, mas cada um teve a oportunidade de se apresentar individualmente. Por causa dessa dança singular, Gustavo ganhou destaque e uma bolsa na Companhia de Dança “Orlando Ballet School”, nos Estados Unidos. “Não tenho palavras para descrever o que senti quando estava dançando. É o meu corpo, a minha alma, a minha vida. Como se minha história estivesse passando ali no momento que eu estava em movimento”, descreveu o bailarino, que está nos Estados Unidos desde junho. Vinícius continuará no Brasil, treinando para a YAGP de 2013. “A viagem foi maravilhosa, participamos de vários testes, dançamos ao lado dos melhores e ganhamos muita experiência. Meus planos para o futuro são ganhar uma bolsa de estudos para alguma escola do exterior e, futuramente, entrar em uma companhia”, concluiu.

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Coincidência ou não... Com um quadro econômico instável e com mudanças nas lideranças políticas, a Europa vive um momento desagradável que pode repercutir de maneiras diferentes no cenário internacional.

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tália e Alemanha eram a bola da vez. Logo após a Primeira Guerra Mundial, os países da Europa se depararam com um cenário econômico instável. Alemães e italianos conviviam com desemprego a índices inimagináveis na década de 30. Investir para crescer era a solução: houve fortes investimentos em indústrias de equipamentos bélicos para, assim, gerar empregos. Economia frágil, reflexos na política. Emergiram, nessa época, partidos políticos de extrema direita – nazismo alemão e o fascismo italiano – ditos aptos a solucionar os problemas da Europa. Alemanha tomou as rédeas; o espaço se tornou vital para Hittler, que se jogou em uma corrida territorial – o líder alemão acreditava que expandir seu território era a solução para os entraves, pelo menos de seu país. Conflitos armados, Polônia devastada, bombas nucleares no Japão, judeus em frangalhos foram respostas à solução que Hittler apresentou ao continente. Um verdadeiro caldeirão de problemas, cujos ingredientes eram essencialmente provenientes de dois aspectos: os novos rumos políticos de alguns Estados e uma incerteza econômica. 80 anos se passaram. Apesar da elasticidade do tempo, o continente se depara novamente com conturbações políticas e econômicas. “Nunca se deve menosprezar o potencial de uma crise econômica ou política. Contudo, quando as duas ocorrem juntas, as consequências são maiores", diz o mestre e doutor em Ciências Sociais, com ênfase em política pelo Centro de História do Instituto de Estudos de Políticas de Paris, Vitor Amorim de Angelo. Desde a crise imobiliária nos Estados Unidos em 2008, a Grécia está atolada em dívidas. A crise de 2008 confirmou que neoliberalismo, ali, não serve na teoria, tampouco na prática. Alguns governos da Europa-com-inter˜ venção-do-Estado financiaram oA inúmeros pacotes para reergue-

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Vinícius Eulálio rem a economia do continente. Resultado? Endividamento público – somado à falta de ações políticas eficazes. O atual presidente grego, Karolos Papoulias, convocou duas eleições em menos de dois meses para tentar resolver o caos econômico em que o país vive. Nem o toma-lá-da-cá dos políticos anda servindo. O país das casinhas à beira do mar, coitado, se viu puxando a fila de um clube que ninguém quer entrar. Sem pedir licença, a Espanha entrou e é a mais nova integrante do clube. A quarta maior economia da zona do euro apresenta 52% de desemprego entre os jovens e cerca de 22% entre a classe economicamente ativa. Recentemente, o quarto maior banco privado espanhol, o Bankia, entrou em situação de emergência; o Estado espanhol, pois, cogitou a possibilidade de um ajuda financeira da União Europeia ou, até mesmo, a estatização do banco. Os “indignados” espanhóis tomaram as ruas do país para protestar em crítica à atual conjuntura. Indignados na Espanha e indignada na Alemanha. A chanceler Angela Merkel quer atitudes que visem reduzir os gastos públicos em todo bloco e tenta convencer – e impor - , sem retroceder, seus colegas de que esse é o caminho a ser seguido para enfrentar a crise. Merkel trata com pulso firme a adoção dessas políticas – as chamadas medidas de austeridades. No plano de fundo, temos a situação da França e da Itália. A atual eleição na França e a renúncia do ex-primiero-ministro da Itália foram enfáticas ao mostrar a rejeição dos europeus às lideranças do continente. Depois de 17 anos, temos a volta de um político de esquerda no comando da França. Italianos têm um novo governo. Os gregos, depois das eleições do dia 17 de junho e a formação de um governo, por grupos de direita e esquerda, não sabem, ao menos, qual é a cara da sua liderança. A Alemanha tenta impor sua visão das políticas econômicas a serem adota-

das. Por conseqüência, a União Europeia passa a ter um novo ritmo; um ritmo de nuances políticas somados à crise econômica – características já vividas há oito décadas, que culminaram em conflitos de grandeza mundial. Em uma entrevista concedida à revista Veja, em fevereiro, o especialista em estratégia, Walter Laqueur, ressalta que os europeus não sonham em exercer poder político e de se expandir territorialmente, como no passado. “A crise que a Europa enfrenta é grave, talvez a mais profunda desde o fim da II Guerra, mas não é de vida ou morte. A recessão de 2008 teve certo efeito, pois induziu a Alemanha e a França a criarem um fundo de estabilidade financeira para resgatar a Grécia e a Irlanda. Isso é suficiente para evitar o desastre iminente, mas não basta. A meu ver, só uma crise de sobrevivência levaria os europeus a sair do estado coletivo de abulia [perda de empreender e exercer o poder político] em que se encontram”. Coincidência ou não à conjuntura pré-segunda guerra, a política e a economia estão aí, mais vivas do que Hittler e sua corja, para se fazerem protagonistas; estão ditando um novo ritmo à banda. Os europeus se descabelam feito espectadores de metal e rock ‘n roll para encontrarem alguma solução. O vocal da vez fica unicamente por conta do velho continente.


Po e R r Fl ay ávio sa Ca Soe leg iro ari

Arruma a mala aê Fazer uma mudança dá trabalho e existe mão de obra especializada no serviço. Os caminhões de frete estão sempre à espera para facilitar o transporte e é importante saber como funciona o sistema.

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maior parte das pessoas que já fez pelo menos uma mudança de endereço na vida sabe que mudar dá trabalho. Como nem sempre se consegue aquela mão amiga para ajudar no transporte, o jeito é recorrer aos motoristas de caminhões especializados em transportar os móveis de um endereço a outro. Os freteiros estão sempre à disposição quando fazemos mudanças. No bairro de Jardim da Penha,em Vitória, é possível encontrar vários carros com a placa “frete” e o número de celular para entrar em contato. O iniciante na profissão, João de Oliveira, 42 anos e apenas 1 mês fazendo frete, fala como é o procedimento para se contratar o serviço. “É um trabalho até simples de se fazer, O cliente liga ou vem pessoalmente, marcamos um horário, o valor do serviço e fazemos a mudança.” Cada motorista dá seu preço levando em conta alguns fatores como distância, tamanho da carga, quantidade de viagens etc. É o que explica o fretista Danilo dos Santos, 50 anos e 21 de profissão. “O preço é combinado na hora, porque conversamos sobre o que precisa carregar, se é necessário chamar alguém pra ajudar a desmontar e montar guarda-roupas, carregar sofás, se o prédio tem elevador, essas coisas.” Adriano Nascimento, 30 anos, experimentou e aprovou o serviço “Foi muito simples, fui até o lugar, olhei a condição dos veículos, conversei

com os motoristas o que eu estava precisando, combinamos o preço e fiz a mudança. Muito prático.”. Para quem trabalha com frete nem tudo é tão prático, Rodrigo Rodrigues, 19 anos, já trabalhou carregando e descarregando mudanças e passou por maus momentos “O problema maior foi quando tive que carregar peso em prédio sem elevador, e a mudança ficava no último andar. Deu trabalho.” Mas o experiente Danilo dos Santos ressalta que fretista não pode ter tempo ruim. “Tem que fazer de tudo para ganhar a vida, não dá pra ficar selecionando cliente. Na verdade, não fazemos só transporte de móveis. Tem trabalho que é carregar entulho de obra, tirar lixo de esgoto e muitos outros tipos de serviço.” Para Danilo o problema mesmo é não ter onde deixar o carro de frete estacionado durante a espera pelo cliente “Não existe um lugar em que a gente possa deixar o carro estacionado. O Detran fala que não é veículo de transporte de pessoas, mas olhando bem, nossos carros podem transportar as pessoas, além da carga. E é uma contradição, porque se a gente não deixar o carro parado, como vamos fazer para as pessoas contratarem nossos serviços.” Segurança Para a segurança de quem vai contratar o serviço de frete, é bom verificar se as condições do veículo a ser usado se adequam à atividade e não

oferecem risco à própria carga ou às pessoas que vão ser transportadas. Além disso, é preciso que o veículo tenha a placa de cor vermelha com as letras e números brancos, o que significa que é um veículo de aluguel, assim como táxis, ônibus, etc. Também deve averiguar se possui o adesivo da RNRTC (Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas). Outra dica, ao contratar esse tipo de serviço, é ter sempre alguém da família por perto. Como a situação da mudança costuma deixar todos muito ocupados e focados nas próprias atividades podem surgir oportunistas de olho na fragilidade da situação e causarem um estrago. Conheça todos os membros da equipe que vão fazer a mudança e, se possível, opte por fornecedores de serviços que atuam uniformizados ou que possam ser identificados de alguma forma. Esses procedimentos pordem resultar em mais segurança e eficiência.

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Deguste o mundo aqui mesmo Em Vitória, é possível degustar muito mais do que a pasta da mamma, bolinho de bacalhau ou yakisoba Karla Danielle Secatto

bacate, coentro, pimenta e limão são ingredientes para preparar o prato mexicano guacamole. Quer provar esse prato, acompanhado de uma bebida típica desta nacionalidade? Peça uma mechilada. Ou uma margarita. Ou uma cerveja mexicana, que é servida com uma fatia de limão para matar a sede. Para um almoço mais animado, porque não experimentar as delícias das arábias, como tabule, fatouch e kibe cru, enquanto assiste à dança do ventre? A gastronomia acompanha a globalização e permite que os capixabas tenham essas e diversas outras opções na capital. A culinária italiana e portuguesa já estão bem incorporadas à nossa cultura e há também uma aceitação muito grande, pelo mercado local, da culinária orietal formada por sushis, sashimis e yakisobas. Mas se o cliente preferir carne, que tal uma parrillada? Prato típico dos hermanos. Ou um

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churrasco, que é preparado com toda técnica para deixar a carne bem macia. Para acompanhar, um vinho argentino e algo com “dulce de leche” de sobremesa. Nesse caso, a pedida é o Argento Parrilla, especializado em pratos típicos do país de origem, aberto em Vila Velha desde fevereiro de 2011, e comandado por uma família de argentinos. Eles tinham um restaurante em Arraial d’Ajuda, na Bahia, mas devido à sazonalidade da cidade, decidiram se mudar. Matias Salem, filho dos proprietários, agora coordena uma filial do restaurante em Vitória. “A receptividade foi ótima, percebemos que a maioria dos nossos clientes já visitou a Argentina e conhecem bem nossos produtos. Alguns de nossos fornecedores são do Estado, como os de bebidas, laticínios e hortifrutti. Já as carnes vêm de São Paulo e Curitiba, que importam da Argentina e Uruguai”, explica Salem. No restaurante, além dos hermanos proprietários, diversos argentinos já ˜ passaram pela cozinha. Atualmente, um oA único chefe desta nacionalidade faz parte da equipe, responsável pelos pratos do Argento

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em Vitória, de sexta-feira a domingo. A publicitária Gisele Góes gosta muito do atendimento, do clima, e principalmente, da comida do restaurante. “É um restaurante argentino, com gente de lá e isso acaba refletindo na percepção que as pessoas têm. É uma característica que os diferencia de outros lugares.”

Da Ásia à América Latina Uma culinária ainda pouco conhecida no Espírito Santo é a turca, vinda de um país dividido entre dois continentes. Também em Vitória, no restaurante Kapadócia, é possível conhecer e se deliciar com os quitutes preparados por Onur Keskioglu. Aos 28 anos, o turco veio para o Brasil após se casar e, em inglês, contou como é manter um restaurante tão excêntrico. “Eu trabalhava como chefe de cozinha na Turquia, e quando cheguei à Vitória, há cerca de um ano, não encontrei oportunidades de trabalho, por causa da dificuldade de comunicação. Decidi abrir o restaurante há nove meses e, apesar dessa culinária ser pouco conhecida, o movimento é bom. Muitos dos nossos clientes já conhecem os pratos devido a viagens à Europa”, explica. Outro restaurante que parece ter se tornado um bom destino para jantar ou lanchar na capital está aberto há quase dois anos. Sempre cheio, o Los Chicos foi criado por sócios que estudaram nos Estados Unidos. Lá, aprenderam a culinária mexicana e, quando voltaram, criaram o restaurante, que tem no cardápio nachos, burritos e tacos. O estudante Victor Maia costuma frequentar o estabelecimento e diz que o padrão adotado deveria ser tomado como exemplo por outros restaurantes da cidade. “É raro encontrar luga-


res para comer fora em Vitória, em que você encontre uma comida bem feita, a um preço justo e, ainda, ser bem atendido. Meus amigos e eu costumamos falar que o Los Chicos foge do PAC, padrão de atendimento capixaba.”

Um mix de nacionalidades

pro-

O restaurante Mexido, ainda na capital, apresenta-se como uma opção onde se junta o melhor de cada culinária. A prietária, Rafa-

ela Ziviani, 29 anos, explica que preparou o cardápio da casa de modo que os pratos oferecidos sejam um “mexido” de técnicas, nacionalidades, ingredientes e sabores de diversas gastronomias. “Nós temos o mexido francês, o mexido indiano, o mexido brasileiro. Temos também o goulash, que é um prato húngaro, mas que preparamos à nossa maneira”, disse. Por acaso, a empresária encontrou-se com Bharati Amarnani, uma indiana de 33 anos que veio morar no Brasil há seis anos, devido aos negócios do

marido, exportador de café. Bharati pretende abrir um restaurante com a comida de seu país de origem, mas enquanto ainda é inviável, ela e Rafaela estão promovendo uma oportunidade inédita no Espírito Santo: o Mexido é o primeiro restaurante a oferecer comida indiana. O ambiente é decorado especialmente para essa ocasião. Bharati cozinha e enfeita o restaurante com artigos indianos e os clientes também podem assistir a apresentações de danças típicas. Problemas na cozinha Um grande problema relatado pelos entrevistados é a mão de obra em atendimento, seguido pela dificuldade em conseguir ingredientes e o comprometimento dos fornecedores. “É muito difícil encontrar ingredientes para preparar a minha comida, e, além disso, sempre me deparo com atraso por parte dos fornecedores”, conta o turco Onur. Bharati também explica que é difícil encontrar temperos e produtos, pois o mercado local apresenta pouca variedade. A solução encontrada por ela é brincar com os ingredientes para chegar a um sabor que lembre a comida original e ainda mantenha-se agradável. Matias Salem, do Argento Parrilla, relata que pessoal qualificado é o grande problema encontrado por ele e seus pais. O gerente do Los Chicos, Ricardo Luis, concorda. “É difícil encontrar gente que queira trabalhar, trabalhar bem, sabe? Não dá para contratar alguém que não vá atender o nosso cliente de maneira correta, esse tipo de funcionário sobra, ninguém quer, e infelizmente, tem muitos assim por aí.”

Outras Opções Empório Árabe: Os proprietários Fayez Âzar, e Eugênia Cauerk Moysés, oferecem comida sírio-libane sa e, ao mesmo tempo, possibilitam que o cliente conheça a cultura. Ela é descendente de libaneses, e Fayezé nascido em Damasco, na Síria e reside há 22 anos no Brasil. O restaurante está localizado na Enseada do Suá.

Restaurante Yahoo: Por motivos financeiros, a família que comanda o restaurante passou a servir comida japonesa numa pracinha de Jardim Camburi, em 2000. De lá para cá, a clientela aumentou, e hoje o Yahoo é um dos mais conhecidos no quesito “japafood”, principalmente devido as “quartas em dobro”.

Lareira Portuguesa: O casal português Liseta e Romeu Fonseca, veio para o Brasil, em 1975,após a Guerra de Angola. Após conhecer Guarapari e verificar a pouca variedade de restaurantes, abriram o Lareira em 1979. Atualmente, o restaurante está localizado na Praia do Canto.

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Entre a proteção e a discriminação: os impedidos de doar Portaria baixada pelo Ministério da Saúde visa garantir que o sangue doado seja livre de contaminações, mas é vista como preconceituosa. Rebeca Santos

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Ministério da Saúde alega que a medida é preventiva. Homossexuais que desejam doar sangue tacham a “Portaria 1.353” de preconceituosa. A regra define que somente homossexuais que não tiveram relações sexuais por, no mínimo, um ano podem ser doadores de sangue. Além da nova regra, o que tem irritado ainda mais os homossexuais é que ela só se aplica aos homens: mulheres homossexuais que praticarem sexo seguro podem doar sangue normalmente. Antes de 13 de junho de 2011, data em que a portaria foi publicada, a orientação se baseava na lei de 2001, que exigia que o voluntário tivesse parceiro fixo e usasse camisinha em suas relações sexuais. Agora, a nova regra deixa possíveis doadores insatisfeitos com a “discriminação velada”, como afirma V.L, que prefere não se identificar. “Não existe isso de ficar um ano sem ter relações sexuais...a gente quer ajudar e ainda é barrado. E enquanto isso, um monte de gente fica na fila de espera”. Junto com o boom da AIDS na década de 1980, surgiu a suspeita de que os homossexuais estão mais propensos a contraírem doenças venéreas do que heterossexuais. Sabe-se que os hetero também praticam sexo sem preservativos e trocam de parceiros tanto ou mais do que aqueles que tem preferência pelo mesmo sexo. Aliado a isso, a rigidez ainda maior com os homossexuais que passam pela triagem no momento da doação (processo pelo qual todos os voluntários devem passar em que são feitas perguntas sobre a vida da pessoa) do que com os heterossexuais deixa a dúvida se

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há ou não preconceito. A enfermeira Fernanda Batista, do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim lamenta ter que dispensar voluntários na triagem. “Às vezes aparece esse perfil de doador. Nossa função é fazer a triagem bem feita, para não haver riscos. E quando é assim, temos que agradecer e mandar o possível doador para casa.”

Opiniões Especialistas se manifestam contra a medida por meio de artigos. Mário Scheffer, presidente do Grupo pela Vidda-SP, Doutor em Ciências e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, é o autor de “Sangue que não presta”, em que afirma: “Até mesmo os homossexuais que mantêm relações estáveis e praticam sexo seguro são impedidos de doar sangue. Já os heterossexuais que têm múltiplos parceiros em relações desprotegidas e ocasionais, sujeitos à infecção, são facilmente aceitos, ou porque não são abordados com a mesma ênfase na triagem ou porque muitas pessoas costumam mentir sobre hábitos reprovados por parte da sociedade. O mesmo Ministério da Saúde promotor da diretriz que segrega e

estigmatiza, mantém uma política de prevenção vacilante, corresponsável pela altíssima prevalência do HIV entre os gays.” O Ministério da Saúde se baseia no conceito de janela imunológica: quando a pessoa é contaminada com alguma doença, a detecção pode demorar até meses, principalmente de doenças como a hepatite C. Sabendo que o tempo da janela imunológica do vírus HIV é de 21 dias, o pesquisador canadense e ativista contra a AIDS, Mark Wainberg, considera a prática como “não-científica” no artigo Reconsidering the lifetime deferral of blood donation by men who have sex with men (Repensando a restrição de doação de sangue por homens homossexuais, publicado em maio de 2010). O autor já se manifestava contra as políticas de doação de sangue antes mesmo da portaria brasileira ser publicada, já que em países, como Reino Unido e Canadá, a prática é a mesma. Uma alternativa Embora pareça preconceituosa, a Portaria baixada pelo Ministério da Saúde marca um avanço na melhoria da qualidade da saúde pública. Em países da União Europeia e nos Estados Unidos a restrição para doadores homossexuais é total. O Ministério da Saúde estuda a possibilidade de reduzir as restrições aos homossexuais doadores. Por enquanto, já se aplica em muitos hemocentros a realização do teste de Ácido Nucléico (NAT) de sangue. Ao investigar a presença do material genético do vírus e não dos anticorpos, o exame encurta o período da janela imunológica do HIV, de 21 dias, nos métodos atuais, para 10 dias, atenuando o problema.


tecnologia

IPHONE 5: ÓTIMAS IMPRESSÕES O novo queridinho dos fãs da Apple é o iPhone 5, sexto smartphone da maçanzinha de ouro. O aparelho chegou arrasando no mercado esbanjando charme com seu novo desing, dock menor do que as versões anteriores, tela com 4 polegadas, e resolução com a tecnologia Retina de 1136 x 640. Os consumidores a principio não tinham do que reclamar, mas nem tudo são luzes nesse espetáculo, o suporte à conexão com redes LTE - o inovador 4G -, que deixa a navegação e os downloads extremamente rápidos, tem uma grave limitação: não será possível fazer ligações e, ao mesmo tempo, usar o pacote de dados da rede 4G. Uma das explicações para o problema seria o chip único usado no aparelho para as redes GSM/CDMA (telefonia) e LTE (dados), solução encontrada pela Apple para economizar espaço e poder fazer o iPhone 5 mais fino e mais leve. A novidade do chip único, inclusive, foi apresentada no lançamento do aparelho como se uma vantagem para os consumidores. Entretanto, nós brasileiros precisaremos de paciência já que por aqui o aparelho não funcionará com 4G de jeito maneira, pois nenhuma versão anunciada no mundo suporta o “despadrão” brasileiro.

Larissa Gouveia

UM NOVO WINDOWS PARA NOVAS TECNOLOGIAS O novo e tão esperado Windows 8 chega, finalmente, em outubro. Enquanto isso, a Microsoft liberou para download a versão preview que está dando o que falar. Não poderia ser diferente: um milhão de downloads em um único dia, prova de que o novo Windows dá as caras com muitas novidades. Seguindo o exemplo da Apple e do Android, a Microsoft criou o “Windows Store”, agora só será possível instalar Apps por meio de sua loja Online. Além da “conexão com as nuvens” que possibilitará aos seus usuários, através de uma conta na Microsoft, manter as suas configurações em todos os computadores em que acessar, será possível ter acesso aos contatos e favoritos. Mas as novidades não param por ai, e a principal delas é a Interface touchscreen que a nova versão do Windows oferece. Adeus menu iniciar, bem vindo um ar de novidade e de futuro que tanto queremos. Na nova interface gráfica Metro, a página inicial é quadriculada com os aplicativos dispostos em retângulos. Apesar de essa interface ter sido criada com foco nos dispositivos portáteis é possível usá-la com teclado e mouse. E os mais conservadores podem ficar tranqüilos, existe a possibilidade de optar pelo velho conhecido menu iniciar.

JULGUE PELA APARÊNCIA A Fujifilm lançou durante a Photokina- uma das maiores feiras de imagem do mundo, que aconteceu na Alemanha no final do mês de Setembro – uma nova câmera compacta, com design retro, que promete conquistar várias pessoas pelo mundo. Além de ser cheia de estilo, a câmara tem vários recursos interessantes para uma compacta, como a capacidade de produzir vídeos em Full-HD a 30 quadros por segundo. Mas os recursos não param por ai, a XF1 possui 12 megapixels e lente com zoom de 4x manual e abertura de f/1.8. O intervalo ISO também e bastante satisfatório, variando entre 100 e 12.800. Além de uma tela LCD de 3 polegadas. Entretanto em meio a tantos pontos positivos, resulta em um negativo: o custo, e ele será cerca de R$ 1 mil. A câmara, que chega ao mercado nesse mês de Outubro, está disponível nas cores vermelha, preta e bege, que realçam ainda mais sua beleza.

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Compra Brasileiros vão às compras no exterior em busca da melhor relação custo-benefício Lila Nascimento e Victoria Varejão

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ada vez mais brasileiros atravessam as fronteiras do país para movimentar a economia internacional e voltam com as malas carregadas de eletrônicos, roupas e até móveis. De acordo com dados do Banco Central, a população do Brasil gasta três vezes mais no exterior, quando comparada aos gastos estrangeiros no comércio local. Uma explicação para essa tal compulsão de consumo seria o grande abismo entre os preços. “As pessoas se sentem tentadas a comprar, visto que no Brasil pagamos muito caro”, explicou o professor, doutor e chefe de Departamento de Economia da Ufes, Rogério Naques Faleiros. O economista ainda ressalta que o Brasil possui uma das taxas de juros mais elevadas do mundo, cerca de 9% ao ano, e que mesmo com a recente alta do dólar, comprar nos EUA ainda não é um mau negócio. “Nos Estados Unidos essa taxa fica entre 0% e 0,25%. Além disso, as deficiências crônicas da economia brasileira, como de infraestrutura, também são grandes responsáveis pelos valores elevados dos produtos”, afirmou. Fatores como o reajuste do salário mínimo proporcionaram à nova classe média a oportunidade de viajar de avião, comprar o carro do ano e adquirir diversos eletrodomésticos de última geração. Contudo, para Faleiros, o que está por trás disso é o crédito facilitado. “As pessoas, cada vez mais, têm acesso a serviços financeiros, como o cartão de crédito, limites de cheque especial incompatíveis com a renda e a possibilidade de fazer compras no crediário. Assim, empenham sua renda futura e levam uma vida a crédito”, explicou. Um dos destinos mais populares para compras internacionais são os Estados Unidos. O brasileiro que viaja para a nação norte-americana deixa ali, em média, US$ 5,6 mil, o que corresponde a mais de R$ 11 mil. Ultimamente, os brasileiros têm viajado em busca de compras específicas, como é o caso da universitária Martina Varejão, que foi atrás de seu vesoA˜ tido de noiva e do enxoval para o casamento.

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“Aproveitei a viagem que fiz para a formatura do meu irmão para procurar meu vestido de noiva e comprar coisas para minha nova casa. Lá, encontramos uma grande variedade dos melhores estilistas e marcas do mundo por um preço bem melhor”, disse. Seguindo os passos de Martina, a universitária do curso de Direito, Sabrina Rébuli, também foi aos EUA para comprar o enxoval da filha. “Compramos coisas de alta qualidade - como berço e carrinho – por um preço excelente. Muitas vezes, o valor cai pela metade”, contou. Sabrina fez suas compras em Miami, na Flórida, estado que acolhe mais da metade dos brasileiros que migram para a terra do Tio Sam. “Além de uma ótima relação custo-benefício, temos a oportunidade de aproveitar uma viagem de lazer”, concluiu.

Limite de compras Apesar dos gastos excessivos, há um limite para trazer os produtos adquiridos para o Brasil. De acordo com as regras da Receita Federal, U$$ 500 é a cota máxima que o brasileiro pode trazer, em compras de eletrônicos. No entanto, nesse limite não se enquadram bens de consumo pessoal, como roupas que foram usadas na viagem, uma máquina fotográfica, um relógio e um celular. O economista Romero Leite alerta para o risco dos grandes gastos. “Caso o valor ou a quantidade dos importados ultrapassem o que é estipulado, a Receita Federal pode apreender e fazer a devida tributação sobre as compras efetivadas no exterior. Dependendo da situação, isso pode sair mais caro para o consumidor”, disse.

Compras em outros países Além dos Estados Unidos, outros países também estão na lista dos consumidores. A empresária Rosemere Vieira da Silva já foi duas vezes ao Paraguai para comprar roupas, acessórios e eletrônicos para uso próprio. Nas duas viagens, Rosemere se hospedava em Foz do Iguaçu, Rio Grande do Sul, e pegava uma condução para atravessar a fronteira.

“Embora as pessoas façam cara feia, achando que tudo que vem do Paraguai é falsificado, não é bem assim. É claro que falsificações sempre existirão independentemente do lugar, mas comprei muita coisa original por um preço bem melhor que no Brasil”, afirmou. Entre as compras estão roupas, perfumes e eletrônicos. “Meus filhos vinham me pedindo um X-BOX há bastante tempo. Esperei para comprar lá. Também adquiri uma câmera semiprofissional para registrar melhor os momentos da minha família”, explicou. “O Paraguai tem, de fato, e não de direito, uma imensa zona franca. Os brasileiros se aproveitam disso para ter acesso a produtos importados com preços mais baixos, em função da inexistência de tributação”, esclareceu Rogério. Quanto às falsificações, Rogério concorda com Rosemere. “Lá, existem diferentes tipos de comércio. Há, sim, o comércio de produtos falsificados, como no Brasil. Mas, também, há lojas que negociam produtos originais, o que acontece, geralmente, nos maiores estabelecimentos”, finalizou.


ando Fora

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Alimentação agroecológica Entenda como uma mudança no estilo de vida pode

trazer reflexos que ultrapassam opções comportamentais Aidê Malanquini e Rafael Venuto Sábado é dia de feira na Rua Sete de Setembro, localizada no Centro de Vitória. Devido ao início recente, ainda é motivo de estranhamento para alguns a presença de uma feira nessa reta que vai desde a Praça Costa Pereira até os pés do Morro da Piedade, passando por bares tradicionais e até pelo Palácio da Fonte Grande, onde são tomadas importantes decisões políticas referentes ao governo do Espírito Santo. Nascida em outubro de 2011 a partir de uma reivindicação da própria comunidade local, a feira amanhece bem cedo, ao mesmo tempo em que a boemia da região recolhe os batuques após uma noite inteira de samba. A cada semana, a badalada feira se moldou as características do ambiente. Deixou de ser considerada um evento estranho a tal rua que resiste cotidianamente aos problemas locais, nessa prazerosa teimosia de se manter como ponto de encontro noturno da região. Ali, toda diversidade característica de muitas capitais urbanas se potencializa com ainda mais nitidez. Nas barracas do clássico caldo de cana com pastel encontramos desde jovens recém chegados dos rocks repondo as energias, até antigos moradores do Centro, história viva local. A gritaria da oferta de produtos praticamente faz coro com a música que vem do Samba da Xepa, organizado em frente ao clássico Bar do Nei. É nessa harmônica mistura entre passado e presente, correria e tranquilidade e feira com samba regado a pinga e cerveja, que encontramos uma barraca destacada pelo “anúncio” estampado de um lado ao outro da venda: “produtos agroecológicos”! Embora os fregueses mais distraídos - ou desinformados, nem façam idéia que a faixa se refere a alimentos cultivados sem o uso de agrotóxicos, a técnica em agropecuária e feirante aos finais de semana, Deiviani de Oliveira explica que essa compreensão se dá muitas vezes com o tempo. Ela conta que “havia uma senhora que sempre frequentava a barraca sem saber como eram produzidas as frutas e verduras ali vendidas. Um belo dia, ela perguntou de onde vinham esses produtos e respondemos que eram nossos e que eram agroecológicos. Daí ela disse que agora tinha entendido o motivo da diferença de qualidade observado entre os nossos produtos e os outros”. Ao mesmo tempo, acontece em outro ponto da cidade uma feira um pouco mais silenciosa. Na feira de orgânicos em Barro Vermelho, a não utilização de agrotóxicos é regra para a comercialioA˜ zação. As barraquinhas são montadas de acordo

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com um padrão rigorosamente seguido pelos produtores certificados, em sua maioria descendentes de imigrantes europeus radicados na região serrana do ES. Ali até o cheiro é diferente! Não existe burburinho, pastel frito nem cerveja, e a dinâmica da feira acompanha o ritmo pacato do público local, composto majoritariamente por idosos e mulheres de meia idade. Durante a entrevista, Selene era interrompida constantemente para atender pessoas que optaram por uma vida livre de agrotóxicos. Dona Maria Clara Miranda, 67 anos, é uma delas. Segundo ela, antes de dar preferência aos alimentos sem veneno, ela sentiase mal e tinha um peso acima da média. “Agora, vivo tranquila, sem precisar ir frequentemente ao médico”, comenta. Amante de hortaliças e frutas, Sérgio Cuzzol, 51 anos, diz não dispensar os alimentos que fazem diariamente parte das suas refeições. “O sabor é muito melhor, a digestão é mais rápida e a sensação de melhoria é presenciada na disposição com que levanto todos os dias.

E o preço? É mito a afirmação de que alimento sem veneno é sinônimo de preços elevados. De acordo com os entrevistados, o custo dos produtos é bem semelhante variando de acordo com o local onde é comprado. “É mais confiável você vir à feira e comprar algum legume ou verdura da mão de um vendedor do que se deslocar para um mercadinho, onde a qualidade é duvidosa”, alertaram. O segredo destes produtos que ganham cada vez mais a geladeira das pessoas, segundo Selma, está no cuidado e na atenção com a plantação. “Primeiramente, preparamos o solo de forma que não vai agredir o crescimento dos alimentos e, em seguida, acompanhamos e regamos com água limpa”, informou.


ou natureba? INTERVENÇÃO DIVINA? Às cinco da manhã, com o céu ainda escuro e enquanto a maior parte da cidade dorme, Selene HammerTesch, 49 anos, já esbanja disposição para mais um dia de trabalho. Vivendo em um sítio localizado em Alto Santa Maria, Dona Selene - assim conhecida pela sua clientela - é a matriarca de uma das setenta e cinco famílias da associação de agricultura familiar orgânica. O sotaque pomerano e a firmeza da fala refletem a convicção da agricultora quando o assunto é o cultivo de orgânicos. Ela explica que há 30 anos produzia alimentos convencionais, e que a mudança de hábito se deu a partir dos conselhos do pastor durante um culto na igreja Luterana. Os alertas do líder religioso sobre um futuro próximo onde as pessoas e a natureza sofreriam pelo uso de veneno motivaram Selena, que optou por prezar, sobretudo, pela qualidade de vida da própria família. “Foi uma mudança importante para nossos fregueses assíduos e minha família, uma vez que estamos nos precavendo de muitos riscos que afetam diretamente a saúde da comunidade e, principalmente, dos meus filhos”, revela. Já a jovem que comercializa produtos agroecológicos no Centro de Vitória contou com motivações distintas para mergulhar no campo da agroecologia. Durante o curso técnico em agropecuária feito em uma escola agrícola, a agroecologia passou a ser vivenciada na teoria e na prática durante todos os períodos letivos. Já formada, ela teve chance de colocar o conhecimento em prática por meio de cultivos no sítio do sogro, que na época utilizava agrotóxicos em suas plantações. A experiência já dura dois anos e acumula muitos êxitos. Atualmente, Deiviani trabalha como técnica do Movimento dos Pequenos Agricultores, o MPA. Por esse motivo, a produção semanal fica por conta do namorado e da sogra, cabendo a ela ajudar nas vendas nos finais de semana. Para ela, a comercialização não representa somente retorno financeiro e sim compromisso com o consumidor: “se for para lá [feira], tem que levar produto de qualidade para não envenenar os outros”, sentencia. A militância política, fruto do engajamento com o MPA, proporcionou a jovem de Domingos Martins uma visão sobre o tema do agrotóxico que ultrapassa o desejo pessoal de não se tornar mais uma vítima de envenenamento. Sem perder o tom tranquilo e o sorriso de canto de rosto, Deiviani denuncia que o comércio de veneno gera lucros altíssimos as grandes empresas, motivo que leva o Brasil a liderar o ranking mundial de consumo desses produtos. Ela explica a problemática dizendo que “Em primeiro lugar, o governo baixa a cabeça para esse tipo de realidade, pelo fato de ter muitas empresas envolvidas no ‘comércio de venenos’. Em segundo, porque os produtos com fertilizantes movimentam muito dinheiro no Brasil”. Se tratando de comércio, são dirigidas alfinetadas, inclusive, aos produtos chamados orgânicos. Fazendo questão de diferenciar o alimento agroecológico do orgânico, Deiviani justifica afirmando que “o orgânico foi uma invenção do capital”. Ou seja, uma produção voltada mais para demandas mercadológicas do que verdadeiramente econômicas, sociais e ambientais, como defende o MPA. Sobre o assunto, o representante do Comitê Estadual da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Heider Boza, avalia: “batendo no agrotóxico, a intenção real é bater no agronegócio, e nesse sentido a agroecologia vem como proposta de alternativa, já que o orgânico em si não foge do agronegócio. Nesse sentido, sempre fazemos questão de diferenciar dizendo que defendemos a produção agroecológica e não orgânica”.

O VENENO ESTÁ NA MESA, NA TERRA, NO AR E NO LEITE MATERNO... SIM, NO LEITE MATERNO! Uma mulher acaba de dar a luz e alimenta seu bebê com o leite do próprio peito. Com toda segurança ela está garantindo ao filho todas as condições necessárias para um crescimento saudável. Certo? Nem sempre! Com o abuso na utilização de agrotóxicos, a contaminação de alguns alimentos pode alcançar níveis tão elevados que acaba afetando até a qualidade do leite materno. Como resultado disso, temos mães amamentando seus bebês com veneno sem terem conhecimento do fato. A informação veio de uma pesquisa feita com mães do município de Lucas do Rio Verde (MT). Das 90 mulheres pesquisadas, 80% tinham de dois a cinco tipos de agrotóxicos no leite. A questão foi noticiada nacionalmente, fortalecendo as preocupações referentes ao uso indevido de agrotóxicos. Juntamente com a polêmica pesquisa, foi lançada em sete de abril de 2011 a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. A data marca o dia mundial do meio ambiente, ocasião em que os brasileiros podem “comemorar” a média de 5,2 litros de agrotóxicos consumidos no decorrer de um ano. O forte apelo contido nos dados serviu de ponte para dialogar com a sociedade sobre os perigos da sua utilização.

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A campanha surgiu a partir de uma articulação ampla entre diversas organizações como a Via Campesina, sindicatos, ONGs, pastorais sociais e até órgãos do governo como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Para dar funcionamento a campanha, foram estabelecidos três eixos de trabalho. Nos eixos de diálogo com a sociedade e com as bases das organizações, é dado um foco maior a questão do veneno em si. Para contribuir com essa tarefa, o cineasta Silvio Tendler produziu o documentário “O veneno está na mesa”, que repercutiu nacionalmente e esteve, inclusive, entre os principais vídeos do You Tube. Um eixo de trabalho foi criado especificamente para criar formadores, direcionado a professores e profissionais da saúde. A partir desse trabalho surgiu a demanda de que o Sistema Único de Saúde (SUS) inclua nos seus laudos de óbito a informação da decorrência do uso de agrotóxicos, quando for o caso. Por último, o eixo de ação jurídica, cujo trabalho é executado em sua maior parte por um grupo concentrado em Brasília. Ele é amplo e perpassa por diversos ministérios, por exemplo: a questão de crédito para produção, que fica no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a questão ambiental, tratada no Ministério do Meio Ambiente (MMA), a saúde no Ministério da Saúde, e até questões trabalhistas, discutidas via Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Aqui no ES, foi acrescentado o eixo de comercialização, que contribui para o estreitamento da relação campo-cidade. Perguntado sobre o nível de consciência da população urbana em relação ao alimento que consome, Heider explica que “as pessoas não têm noção técnica, como a informação sobre o leite, a quantidade exata de veneno que consumimos, as doenças causadas, os tipos de câncer mais comuns, a má formação do feto, a cegueira, a impotência sexual.... as pessoas não têm noção dessas coisas, mas sabem que o alimento que consomem faz mal. A campanha pegou na veia, é uma pauta que aglutina muitas organizações e o público urbano tem muito interesse”. Apesar desse crescente interesse, é defendido no país o posicionamento de que não é possível produzir em terras brasileiras alimento orgânico suficiente para alimentar toda população. Nesse momento, mais uma vez são reveladas questões políticas, priorizadas em detrimento ao bem estar das pessoas e do meio ambiente. “É o povo do agronegócio e a mídia que propagandeia isso, é um blefe. A população por falta de informações cai nessa, mas do ponto de vista técnico está provado faz tempo que é possível produzir tranquilamente. Existem várias experiências de propriedades agroecológicas em assentamentos, pesquisadores, muitos cursos técnico em agroecologia, inclusive em algumas unidades do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia (Ifes). Também existem mestrados e doutorados sobre o assunto. A agroecologia vem avançando muito técnico e cientificamente, só não avança mais por questões políticas”, finaliza. “Seja o alimento o seu próprio remédio” Uma casa, pintada de verde fluorescente e janelas violetas, cercada de árvores e plantas rasteiras que dão ao local um ar campesino e familiar, é uma das saídas para aqueles que desejam deixar de lado a rotina barulhenta e estressante da Capital para relaxar em um lugar calmo e tranquilo, onde o contato com a natureza e a alimentação saudável são levados a risca. Parece contraditório, mas esse estabelecimento comercial existe, e fica bem no Centro de Vitória, na Rua Barão Morjardim, entrada do parque da gruta da onça.

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O espaço, que fica aberto de segunda a sábado, é decorado com bambus e abajures antigos. Ao fundo, uma música relaxante ajuda os presentes a refletir sobre o dia a dia. O dono do estabelecimento é o Médico Naturalista, Marco Ortiz, que juntamente com sua família e quatro funcionários tomam conta do local destinado ao encontro de amigos e parentes que desejam degustar um self service com produtos totalmente naturais, sem agrotóxicos. “O restaurante, que faz 32 anos em 2012, nunca vendeu alimentos cultivados com fertilizantes ou provenientes de animais. Os pratos, atualmente, não contém frituras, são saborosos e, obviamente, mais saudáveis”, explica o senhor na vitalidade dos seus 62 anos. Marco comenta ainda a importância dessa mudança. “Os alimentos ditos funcionais, além de nutrir o organismo, contribuem com a produção de anticorpos, aumentam a imunidade, e ajudam a prevenir doenças e fazer com que outras sejam tratadas a partir do seu consumo”, lembra. A compra dos alimentos é feita diretamente com os fornecedores, que apresentam certificação de produtores orgânicos. “A conversa com o produtor é fundamental, uma vez que faz com que você conheça a origem e crie fidelidade com o vendedor”, finaliza.

E NA UFES, É SERVIDO O QUE? Basta almoçar uma única vez no Restaurante Universitário da Ufes (RU) para perceber que o alimento servido é variado e balanceado do ponto de vista nutricional. Porém, a beleza e colorido das frutas, verduras e legumes do movimentado restaurante podem esconder um aspecto da alimentação tão importante quanto à necessidade de uma dieta balanceada: a presença de agrotóxicos nos alimentos. Sobre o assunto, Letícia Calvi, nutricionista do refeitório, alega que produtos orgânicos não fazem parte do processo de licitação para a contratação das empresas que abastecem o restaurante. “Ao todo, cinco companhias abastecem os almoxarifados, sendo que duas são para os produtos perecíveis, duas para carnes e uma para hortifrutis e granjeiros, mas nenhuma delas oferece alimentos orgânicos”.


Mesmo assim, Letícia lembra que verduras, carnes e grãos são escolhidos conforme um balanço nutricional feito por ela mesma. “Sempre damos preferência aos pratos coloridos, ricos em minerais e carboidratos, além de oferecermos cinco tipos de saladas”, informou. Outra saída encontrada pela direção foi montar uma horta caseira atrás do refeitório, onde são plantadas folhagens utilizadas nas receitas do dia a dia. “Lá, são cultivados pés de cebolinhas e alface, entre outros temperos, que dão gosto aos alimentos servidos pelo RU”. Para os universitários que desejam se alimentar de forma mais saudável, os primeiros passos talvez sejam um pouco complicados, mas existem alguns estudantes que já se organizam nesse sentido. Exemplo disso é o coletivo Casa Verde, que já organizou como atividade de extensão uma barraca para a distribuição de produtos agroecológicos em parceria com o MPA. O estudante de geografia e membro do Coletivo Casa Verde, Magno Monteiro Almeida explica que a barraca partiu de um seminário do Comitê Estadual da Campanha Contra os Agrotóxicos e foi fruto de um encaminhamento do grupo de trabalho que discutiu comercialização. O universitário, que também faz parte do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Agroecologia (Nepea), conta que “um dos interesses em divulgar a agroecologia na Ufes é mostrar a viabilidade de conseguir um produto limpo. “A intensão da barraca na universidade é o diálogo, não simplesmente a comercialização. “Dá para perceber que a galera tem abertura para o debate, tem interesse de conhecer”, afirma. Sobre esse diálogo com a comunidade, Paulo César Aguiar Júnior, o Guaçuí, explica: “as pessoas perguntavam no momento da compra: o que é esse produto agroecológico? E aí a agente trocava uma idéia, falava o que era agroecologia, da importância dos movimentos sociais, dos próprios agricultores comercializando ali, da reforma agrária, da idéia do preço justo”. A experiência já passou por quatro edições e deve ser retomada após a greve dos professores. Sobre os planos para as próximas atividades, Guaçuí conta que “a idéia é que não tenha só comercialização, mas que mostre um pouco da cultura camponesa, construindo esse diálogo de maneira mais informal. Que a barraca sirva não só como forma de adquirir o alimento agroecológico, mas também como intercâmbio cultural entre o campo e a cidade”, finaliza.

Fique ligado! Para quem gostou do assunto e deseja se engajar na luta contra os “venenos”, vale a pena conhecer o Centro Acadêmico Livre de Psicologia, que criou o Coletivo Planta. O grupo criou nas imediações do centro acadêmico uma horta que é mantida pelos próprios alunos. A iniciativa não tem fim lucrativo, visando apenas difundir a permear culturas e experiências sustentáveis pela universidade. O trabalho, desenvolvido desde março, busca atrair estudantes para discutirem temas que tenham como eixo principal a existência do planeta. Os interessados em participarem podem procurar os membros do CA do curso ou, para os curiosos, o canteiro fica ao lado do prédio de psicologia, caminho para o restaurante universitário. O coletivo Casa Verde também constrói uma experiência de cultivo no espaço entre o IC 1 e o IC 2. Além disso, possuem um grupo de estudos semanal aberto a qualquer pessoa que tenha interessem na agroecologia. As reuniões acontecem todas as quintas feiras a partir das 15h no laboratório de geografia humana, localizado no IC2. Para participar, basta entrar em contato pelo e-mail casaverdecoletivo@ gmail.com solicitando os materiais de estudo. Outra forma de participar da “luta contra o veneno” é recolher assinaturas para o abaixo assinado que visa proibir no Brasil o uso de agrotóxicos já banidos em 45 países. O modelo de abaixo assinado pode ser baixado pelo site www.contraosagrotoxicos.org. Qualquer pessoa pode coletar assinaturas, que devem ser encaminhadas aos representantes estaduais indicados no site.

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Trotes: prejuízo para população e para o Estado Por Polânia Sôares e Raquel Malheiros É na saída da escola ou durante um “pique” bem divertido com a molecada da rua que crianças e adolescentes decidem fazer uma daquelas “brincadeiras” supostamente engraçadas, mas que podem custar a vida. O trote, aquela ligação telefônica que para algumas pessoas não tem tanta importância assim, atrapalha enormemente a prestação de serviços de instiuições como o Corpo de Bombeiros ou a Polícia. No Espírito Santo, o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) registra, diariamente, 10 mil chamadas telefônicas, sendo que 2 mil são realmente ocorrências. Outro dado surpreendente levantado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa): de cada 10 ligações que o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), atende todos os dias, pelo menos cinco delas são trotes. De acordo com o Capitão do Samu, Leonardo Nunes, na maioria das vezes as ligações são feitas a partir de telefones públicos (orelhões) nos horários de entrada e saída da escola. “Os pais precisam conscientizar os filhos para que eles não prejudiquem o trabalho da polícia”, alertou. O capitão ainda destacou que são as crianças e adolescentes os responsáveis por 80% dos trotes passados às instituições que prestam atendimentos de urgência e emergência. A Sesa calcula que, em 2011, mais de cinco mil envios de ambulância foram considerados indevidos, totalizando, assim, um gasto de R$ 2,3 milhões por ano. Cada saída de uma ambulância custa, em média, para o Governo Estadual, R$ 450,00. O Ciodes, por sua vez, tem o prejuízo é de mais de R$ 6,3 milhões por ano. Para diminuir esses gastos e alertar a população sobre os problemas que o trote telefônico pode provocar, o Governo lançou, no início deste ano, a campanha “Trote não tem graça, tem consequências”, veiculadasem TV’s e rádios, buscando, assim, diminuir a prática entre as crianças. O objetivo é mostrar que o trote, além de ser um crime, traz sérias consequências para a população e prejuízos para os cores públicos.

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Quem já fez e, hoje, ao ler essas informações se arrepende pela brincadeira sem graça é a estudante Jeniffer Trindade, 22 anos. Ela contou que, entre uma brincadeira e outra com os colegas do bairro onde morava, sempre pas-

sava trotes. “Na minha época de menina, até fazíamos concurso de quem passava o melhor trote.”, recordou. O produtor de TV Raphael Schller, 23 anos, é outro que também entrou na “onda” do trote. Ele explicou que era normal entre um “pique” e outro. “Teve uma vez que inventei uma tentativa de assalto e, após confirmá-lo com a atendente, desliguei. Quando retornei a ligação, um policial ameaçou me prender e disse que tinha o meu endereço”, lembrou Raphael, completando: “depois desse aperto, nunca mais!”. Na casa da dona do lar Luciana Costa, 41 anos, e do comerciante José dos Santos, 76 anos, o trote é um assunto que faz parte das reuniões familiares. “Sempre conversamos com nosso filho mais novo, Raife de Assis, 16 anos, para que ações como o trote não venha ser executado por ele”, explicou ela. “Sabemos da importância do diálogo na família, por isso não dispensamos ter uma boa conversa aberta com nosso filho. É dever dos mais velhos orientar e oferecer todas às informações necessárias. Sem conversa não há resultado”, pontuou.

O que diz a Lei: De acordo com o Código Penal Brasileiro interromper ou perturbação de serviço telegráfico ou telefônico: Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento: Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único - aplicam-se as penas em dobro, se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública. Em caso de comunicação falsa de crime ou de contravenção: Art. 340 - provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.


Viciados em Séries ... Os seriados de televisão fazem sucesso e caem

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Carina Couto

á faz um tempinho que os seriados figuram como opção de entretenimento em terras brasileiras. Quem não se lembra das famosas temporadas de Chaves, Seinfeld, That’s 70 Show, Lost ou até mesmo Friends...? Porém, eles nunca estiveram tão em evidência como nos dias de hoje. Graças à popularização da internet, os seriados ficaram mais acessíveis àqueles que não possuem TV por assinatura. É na internet onde os jovens podem fazer o download dos episódios e das temporadas gratuitamente, já que os DVDs originais possuem um preço elevado. Embora muitos desses endereços online tenham sido removidos, como o Megaupload, pela Lei de Combate à Pirataria Online, ainda é possível encontrar alguns por ai. Os “série maníacos” conseguem acompanhar mais de quatro seriados ao mesmo tempo. “Atualmente, estou assistindo Grey’s Anatomy, Big Bang Theory e Game of Thrones. Mas já estou pensando em começar a baixar outros que me recomendaram”, se diverte a estudante, Raísa Violeta. Raísa acredita que as séries são mais envolventes e diferentes dos filmes, pois os episódios são mais intensos e de curta duração - terminam em cerca de 45 minutos. “Sou igual a minha mãe, que não perde um capítulo da novela. A única diferença é que, no meu caso,

na graça dos jovens brasileiros são os seriados”, brinca a estudante. O grande sucesso com os jovens são os reflexos das situações presentes nos roteiros. Eles desejam e se sentem parte dos romances, comédias, dramas e os sonhos de consumo, que não sou poucos, ali contidos. Não raramente encontram-se inserções de produtos nos episódios. As cenas são sutis, como a personagem entrando rapidamente no carro, usando um computador/tablet/celular de última geração. São verdadeiros delírios de consumo. “Adoro as roupas das meninas de Pretty Little Liars. Acho todas muito bem produzidas, tento seguir o estilo delas no meu dia a dia”, conta a estudante de Farmácia, Francine Ressureição. Em contrapartida, os seriados nacionais não são tão aceitos assim pelo público brasileiro. Embora as redes abertas de televisão tenham, cada vez mais, apostado nesse tipo de programa, geralmente, eles não passam nem da primeira temporada. A grande exceção é a turma do Agostinho Carrara e companhia de “A Grande Família”, que até hoje é bem aceita e exibida semanalmente. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 116 promete mudar esse cenário. Tendo em vista que, pelo menos 3 horas e meia da programação semanal nos canais por assinatura deverão, pela lei, ser brasileiros e metade desse tempo deverá ser composto de programas de produtoras independentes, espera-se que surjam mais seriados nacionais. É esperar para conferir.

VocÊ Sabia? “As Fábricas de Dinheiro da TV”, os programas que mais arrecadam em publicidade . 1º - American Idol : US$ 6,64 milhões 2º - The X Factor : US$ 5,55 milhões 3º - Two and a half men : US$ 3,24 milhões 4º - Glee : US$ 2,83 milhões 5º - Grey’s Anatomy : US$ 2,75 milhões 6º - Dancing with the stars: US$ 2,72 milhões 7º - Desperate Housewives: US$ 2,61 milhões 8º - The Big Bang Theory: US$ 2,57 milhões 9º - Madlove: US$ 2,49 milhões 10º - Modern Family: US$ 2,13 milhões Fonte : Forbes

‘Curiosiséries’ Que a maiorias das séries inglesas tem apenas seis episódios ? Já as americanas costumam ser mais longas variando entre 22 e 24 episódios. Que a série Chaves foi comprada por acaso pelo SBT? Na verdade, ele estava interessado em investir em novelas mexicanas. Que o seriado Sobrenatural é descrito como uma fusão de Arquivo X e Route 66? E que o Jesen Ackles, o Dean, havia feito teste para ser o Sam? Que a música-tema de Two and a Half Men é cantada por músicos no estúdio e não pelos atores da série, que somente simulam estarem cantando?

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Luiz Gonzaga: 100 anos do poeta que deu voz aos lamentos nordestinos Juliana Mota Filho de Ana Batista de Jesus e Januário José dos Santos, nascia há 100 anos o homem que viria dar voz à música popular nordestina. Luiz Gonzaga Nascimento, também conhecido como “Mestre Lua”, nasceu na cidade de Exu, no sertão paraibano. Filho do único tocador de sanfona da região, Luiz Gonzaga se tornou figura lendária graças a sua impecável arte de tocar e cantar a vida de um povo. O pequeno prodígio aprendeu a arte da música observando seu pai tocar nas feiras da pequena cidade. Autodidata, aos oito anos já tocava sua sanfona e ganhava dinheiro com isso, o pequeno virava noite e mais noites tocando e cantando em festas da região. Mesmo com a pouca idade, por volta de 1920 o pequeno artista já ganhava mais que seu pai. Neste mesmo ano, Luiz Gonzaga comprou seu primeiro instrumento, um fole kock de oito baixos, apesar de já está ganhando o seu próprio dinheiro ele precisou da ajuda de um coronel, que pagou metade do preço do instrumento. Assim foi a infân-

cia desse grande tocador, a trajetória de sucesso começou cedo na cidade de Exu e se perpetuou quando precisou se mudar para Arararipe com a família. Em 1926, com 14 anos, ele foi a para a cidade que iria lhe revelar para todo o Brasil como um grande poeta. Foi no Rio de Janeiro que ele encontrou seus amores e pode mostrar sua música a todos. Na cidade mara vilhosa, a vida não foi mais fácil para o sanfoneiro, que percorreu o país em missões militares da Revolução de 30. Ainda como soldado, e não como artista, foi no exército que Gonzagão começou a aprender as técnicas da arte que ele já dominava, a música. Sem conhecer nem mesmo as escalas musicais, Gonzaga iniciou suas atividades de músico no exército como soldado-corneteiro, cargo que lhe rendeu o apelido de “Bico de Aço”. No ano de 1936, ainda no exército, Gonzaga aprendeu a tocar sanfona de 120 baixos, aperfeiçoando ainda mais a arte que aprendeu na infância. Nove anos após iniciar carreira militar, Luiz Gonzaga deu baixa no exército, iniciando a partir de então suas apresentações musicais pelo Rio de Janeiro.

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Artista completo, no inicio de sua carreira, Mestre Lua tinha em seu repertório ritmos como blues e Fox trot, estilos que entraram no Brasil como conseqüência da Gran-

de Guerra. Entretanto, no ano de 1940 ele vota a suas raízes cantando e tocando no ritmo do nordeste. Daí para frente foi só sucesso. Com sua sensibilidade de interpretação, Luiz Gonzaga conseguia tocar no coração de cada brasileiro com suas composições ricas e sua interpretação impecável. “Dezessete e Setecentos”, foi o primeiro sucesso cantado de Gonzagão. Entretanto, a música que se tornou um ícone de sua obra e um dos grandes clássicos da MPB foi “Asa Branca”. Lançada em 1947 a música foi um símbolo, pois não mostrou apenas um ritmo, mas também o modo de vida de um povo. Já com sua indumentária característica, chapéu de couro e roupa de sertanejo, Luiz Gonzaga ganha fama pelo Brasil, passando a ser conhecido nacionalmente como o “Rei do Baião”. Com o título de Rei, e reconhecido nacionalmente, Gonzagão fez sua última apresentação no ano de 1989. Ao lado de Dominguinhos, Alceu Valença e Gonzaguinha, Mestre Lua subiu ao palco em uma cadeira de rodas, contrariando indicações médicas. Vítima de uma parada cardiorrespiratória, aos 76 anos, morre Luiz Gonzaga. O artista foi uma janela para a música nordestina e que fez história deixando um vasto legado de canções para o povo brasileiro. Luiz “Lua” Gonzaga, um compositor, um intérprete, um poeta. Um artista completo que fez história, que divulgou um ritmo, e que mostrou a realidade de um povo sofrido e esquecido. Em 1989 não morreu um rei, e sim nasceu uma lenda que vive no coração dos amantes do forró até hoje.


O declínio do futebol capixaba Larissa Gouveia Thaynara Lebarchi

Clubes do estado não investem mais nas categorias de base. Hoje o futebol é o esporte mais praticado e mais assistido no mundo. Essa enorme exposição e atratividade exigem um espetáculo de qualidade ao público consumidor. A qualidade do espetáculo esportivo está direta e intimamente ligada à qualidade de seus atores, ou seja, dos jogadores de futebol. Entretanto, é exatamente isso que falta ao Espírito Santo. Se outrora o Estado ficou conhecido por produzir jogadores talentosos, hoje isso não ocorre mais. O cenário atual do futebol espírito-santense está aquém do que foi um dia. Os clubes não revelam mais jogadores de peso que possam proporcionar campanhas vitoriosas e reerguer o futebol capixaba. Existe uma significativa equação quando se refere à montagem do plantel das equipes: pouco interesse do público em relação ao futebol capixaba gera poucos recursos para os clubes, que resulta na impossibilidade de grandes investimentos. A solução para reverter este quadroseria o investimento nas cate-

gorias de base, uma vez que a formação de jogadores contribuiria para a formação das equipes. Bons jogadores iriam atrair torcedores para o estádio, aumentando a receita e possibilitando assim maior investimento tanto na estrutura dos clubes quanto na manutenção desses atletas. Posteriormente, para arrecadação de recursos financeiros, esses atletas seriam vendidos. Sendo assim, o estado produziria jogadores para suprir a demanda do próprio clube e, ao mesmo tempo, para abastecer o mercado do futebol. Infelizmente, não é isso o que acontece, os clubes capixabas ignoram a etapa mais importante do processo: produzir atletas para compor o próprio elenco. Um dos exemplos mais recentes é o do menino Pedro Lucas, de Baixo Guandu, que, apadrinhado pelo Fenômeno Ronaldo, vai para o Real Madrid em 2015. Essa é a atual realidade do futebol capixaba, os times visam a uma única coisa: abastecer o mercado do futebol. “O Espírito Santo continua produzindo grandes jogadores, porém muitos não chegam nem a participar de competições profissionais pelo seu time. Grandes clubes do Brasil, até mesmo de outros países, vêm ao Estado para participar de competições de categorias de base e levam os jogadores de bom nível para seus clubes” explica Jairo Peçanha, radialista e presidente da Associação dos Cronistas Esportivos Capixabas (ACEC).

Jogadores capixabas de sucesso Sávio Revelado nas divisões de base da Desportiva, foi transferido para o Flamengo, em 1992, aos 18 anos de idade. Em 1995, formou o famoso “melhor ataque do mundo” ao lado de Romário e Edmundo. Entretanto, o trio dos sonhos não se concretizou dentro de campo. Além de atuar no Urubu, Sávio teve passagens pela Seleção Brasileira e foi jogador do Real Madrid onde conquistou vários títulos.

Cícero Santos Nasceu em Castelo, porém começou sua carreira nas categorias de base do Bahia. Apesar de ainda ser um jogador novo, 27 anos, já passou por vários clubes, como: Figueirense e Fluminense. Durante a campanha vitoriosa do time em 2007, no ano seguinte foi transferido para o futebol alemão. Em 2011, foi anunciado como novo reforço do São Paulo, clube no qual vem se destacando pelo seu jeito eclético taticamente.

Kieza Iniciou sua carreira na Desportiva em 2008, sendo campeão da Copa Espírito Santo daquele ano, obtendo destaque suficiente para ser negociado com o Americano de Campos-RJ. Logo em seguida, foi transferido para o Fluminense. Mas, o clube em que obteve maior sucesso foi o Naútico, em 2011, onde se tornou ídolo da torcida e artilheiro da Série B do Campeonato Brasileiro. Atualmente, atua no Nautico de Recife.

Geovani Silva Nascido em Vitória, iniciou a sua carreira aos 16 anos na Desportiva Ferroviária, onde ficou por 3 anos. Logo levantou asas e rumou em direção ao cenário nacional, defendendo o Vasco da Gama por 8 anos, o que lhe rendeu exposição para ser convocado para a Seleção Brasileira e ser negociado com clubes do exterior. Regressou ao vasco em 1991 e ao estado em 1997, se aposentou em 2001. oA˜

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Pomerano Até que a morte ou a cultura os separe. Pomeranos do

Como convite de casamento, uma cachaça. Louças quebradas, som de concertina, três dias de festa e uma noiva – linda, encantadora – vestida de... preto! Com laço de cetim verde na cintura e tiara de ramos de folhas, a noiva se apresenta para o ritual que é um dos símbolos da cultura pomerana e que se esforça para resistir após décadas do fim de sua pátria.

A antiga Pomerânia, situada no território onde hoje se encontram a Polônia e parte da Alemanha, desapareceu do mapa depois de 1945, após ser devastada na segunda grande guerra. Mas antes mesmo disso, guerras menores e o processo de industrialização da Europa provocaram desemprego na região e forçaram grandes contingentes de pomeranos a migrar. Em 1859, parte desses imigrantes chegou ao Espírito Santo (ES) e se dirigiram à atual região de Santa Maria de Jetibá. Um século e meio depois, eles ainda tentam preservar suas origens, manten-

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do ritos, usos e costumes próprios dos primeiros colonos que aqui chegaram. Entre o que foi preservado, destaca-se o idioma e o ritual do casamento. A língua A língua é um aspecto interessantíssimo, sobretudo por não ter escrita correspondente nem na antiga Pomerânia. Era – e ainda é – exclusivamente oral.

Mas, ao menos para os mais velhos, todo esforço vale a pena. O casal Almerinda e Arno Gums só conversa em pomerano em casa. Os filhos compreendem tudo o que falam, porém respondem em português. Já dos quatro netos, apenas um fala o idioma. Para Arno, que é neto dos primeiros imigrantes, a resistência dos jovens quanto à língua sinaliza que seu fim pode estar próximo. “Quando nós, velhos, morrermos, a cultura vai acabar. Os mais jovens acham que é uma língua morta, que não vale a pena estudar”, considera. O discurso é semelhante ao de outros idosos da região urbana. Já nas áreas rurais, no entorno de

Santa Maria de Jetibá, onde há menos contato com um padrão de cultura que poderíamos chamar de “globalizado”, a situação é diferente. Lá, até o vestuário típico da época da colonização é mantido; por exemplo, as mulheres não usam calças. As famílias só falam pomerano e as crianças vão para a escola, na cidade, sem saber falar português. Esse foi o caso de Maria Kuster Baun, de 66

anos, funcionária da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos da cidade, que aprendeu a falar “brasileiro” depois dos 40 anos. Maria conversa com os filhos e duas noras em pomerano e se faz entender com as outras duas que só falam português. Ela se queixa que nenhum dos quatro netos falam o dialeto. “É difícil porque as mães deles não sabem”, explica. O casamento O que mais chama a atenção nessa cultura tão peculiar, pela distinção do ritual como o conhecemos, é o casamento. O que causa mais impacto, numa cerimônia cheia de detalhes curiosos


os no ES Espírito Santo mantém vivas tradições da terra natal e carregados de significados, é o vestido de noiva preto. Tradicionalmente, as mães arrumavam suas filhas e as vestiam em casa com o vestido preto, fita de cetim verde na cintura e adereços de murta, alecrim ou cipreste para decorar o cabelo. Existem pelo menos três versões para justificar o preto. A primeira, e “oficial”, diz que o preto era o traje de gala usado em ocasiões festivas como batizados e cerimônias públicas. A segunda,

Celebração do casamento tradicional pomerano na 23ª Festa Pomerana, em Santa Maria de Jetibá/ES

diz que a cor representa o luto e, nesse sentido, o casamento simbolizaria a “morte social” da noiva, que era separada de sua família e deslocada de sua rede de parentesco. Já a terceira, que encontra alguma resistência de declaração, mas é confirmada pelos pomeranos mais antigos, diz que a tradição de casar de preto nasceu como protesto, no tempo em que a noiva era obrigada a passar a noite de núpcias com o senhor feudal, na antiga Pomerânia. A fita verde na cintura simbolizava a esperança de se livrar da tirania. O direito do senhor feudal sobre seus corpos acabou há séculos, e o que era protesto se transformou em tradição. No ES, já há algumas décadas as noivas

texto e fotos: Raquel Henrique casam-se de branco. Dalila Bullerjhn, 53 anos, da Secretaria de Cultura de Santa Maria de Jetibá, foi uma dessas. Ela lembra que naquela época poucas mulheres ainda casavam-se de preto e quando o faziam geralmente era a pedido de avós ou bisavós. “Eu acho excelente, muito bonito, mas quando casei já não se usava mais na cidade”, conta. Já a mãe de Dalila, Frita Berger, de 84 anos, casou-se aos 17 de vestido preto, assim como a mãe de Maria Baun, que também casou de preto na

década de 40. Tradição preservada Mesmo com a mudança na cor do vestido e com pequenas modificações devido à mistura de raças e culturas, a festa do casamento pomerano ainda mantém boa parte de sua originalidade preservada. Ainda é um grande acontecimento social. Os preparativos começam meses antes, e o primeiro personagem a entrar em cena é o hochtijdsbirer, o “convidador”. Os convites impressos, como estamos acostumados a receber, não eram utilizados numa cultura sem grafia. Antigamente, o convida- oA˜ dor (geralmente, um irmão da noiva) fazia o convite de forma

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oral. Ia a cavalo, com enfeites de flores e fitas coloridas, levando uma garrafa de cachaça enfeitada. Ao se aproximar da casa da família convidada, dava o tradicional grito de alerta. Na casa, caminhava em círculos pela sala e pronunciava o convite em versos em pomerano. Os convidados tomavam um gole da aguardente e costumavam oferecer uma gratificação em dinheiro pelo convite. Na semana da festa, os preparativos eram feitos por um mutirão de familiares, amigos e vizinhos, que preparavam a casa de um dos noivos para a cerimônia e a grande mesa do jantar

O hochtijdsbirer - “convidador“ - com a garrafa de aguardente enfeitada, indo aos convidados

com um arco de flores na cabeceira (lugar dos noivos), além do mastro com a bandeira branca e azul com as iniciais do casal. Na véspera, mulheres da comunidade se uniam à mãe da noiva para ajudar na preparação do banquete típico que incluía carne de frango, lingüiça de porco, bolos, geleias e o tradicional brote, o pão típico pomerano, com pedaços de banana. Na véspera do casamento, acontece a noite do quebra-louças, quando uma senhora, que costumava ser parente de um dos noivos, abre seu avental cheio de louça e as atira aos pés dos noivos, fazendo votos de felicidade ao casal. Os antigos criam que quebrando-se louças de porcelana afugentava-se os maus espíritos, que eventualmente pudessem prejudicar a vida matrimonial, e que quanto mais a louça se quebrava maior seria a sorte do novo casal. A cerimônia se encerrava com a oração do quebralouças e a dança ao som da concertina

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(instrumento semelhante à sanfona, que ainda hoje anima as festas pomeranas). No grande dia, uma sexta-feira, pela manhã saia um comboio com carros e caminhão decorados com flores e ramos, em direção a igreja para celebrar a cerimônia religiosa no rito luterano. Depois, noivos e convidados se dirigiam ao local da festa, num cortejo com muitos fogos e barulho. Na casa, eram recebidos ao som da concertina e o tocador recebia gorjetas dos convidados. No início da noite, era servido o jantar, que era seguido pela dança dos noivos – iniciada por eles, seguidos dos pais, testemunhas e demais convidados. Os noivos dançavam com todos os convidados e os festejos duravam a noite toda. Monica Kuster Gums, professora, casada há 19 anos, fez todo o rito tradicional, exceto o vestido. Ela admite que,

Senhora com porcelana para ser quebrada na noite do quebralouças, desejando sorte ao casal de noivos ao lado


Mesa da festa do casamento, onde são servidos pães, bolos, geleias, pastas, linguiça e o tradicional brote. Noivos na cabeceira decorada, como manda o ritual

embora o casamento ainda seja o ponto central da cultura pomerana, “muitas coisas se perderam”. As maiores diferenças, além da cor do vestido, são os convites impressos em português, já bastante utilizados, as cerimônias realizadas em Igrejas não-luteranas, devido à mistura com outras religiões, e as festas feitas em clubes da cidade, no sábado à tarde – embora no interior ainda se mantenha o costume de serem nas casas.

E o que parece não respeitar tradição ou região, é a duração da união. Os casamentos já não são “para sempre”, como mandava a tradição. Ediana Butzke, de 38 anos e casada há 22, afirma que as mulheres ainda casam-se novas, mas já há muitos divórcios. “Casamentos muito longos são raros”, conclui.

Pomerana vestida de roupa típica, servindo as comidas da festa. No detalhe, pães, bolos e línguiça crua, como é costume comê-la entre os pomeranos

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Foram inúmeras as vezes em que o cavaleiro de bronze, Seiya, pediu força à sua constelação de Pegaso para derrotar os inimigos que tentavam dominar e disseminar o mal pela Terra. Ao lado de seus companheiros, Shriryu de Dragão, Hyoga de Cisne, Shun de Andrômeda e Ikki de Fênix, os Cavaleiros do Zodíaco ‘treinaram’ várias gerações de fãs pelo mundo em batalhas mitológicas para salvar Saori Kido, a reencarnação da deusa Atena, que corria perigo de vida em defesa da Terra. Misturando magia, contos míticos, lutas sangrentas e poderes que rasgavam céus e terras, tanto o anime quanto os mangás quadrinhos nipônicos - logo caíram no gosto popular e, há 26 anos, estimulam um mercado de brinquedos, revistas, games e novas sagas do desenho na TV. De origem japonesa, o desenho foi criado por Masami Kurumada, em 1986, mas chegou ao Brasil há 18 anos (1994), por meio da extinta TV Manchete. Protetores da deusa da sabedoria, da paz e da guerra, os defensores de Atena não só viraram febre nacional como travam uma batalha contra o tempo e ainda se mantém como produto de consumo. O que torna isso curioso é a mistura de enredos da mitologia greco-romana, passando por histórias narradas na Ásia, por mitos nórdicos e deuses ocidentais. Essas narrativas estimulam a curiosidade de mui-

Usando seus cosmos, os cavaleiros trocaram seus primeiros socos na Guerra Galáctica, em disputa pela armadura dourada de Sagitário. Entretanto, não houve vencedor, pois a armadura foi roubada e desapareceu. Nesse período, Saori, a reencarnação da deusa Atena, descobre as maldades do mestre do Santuário, Ares, e vai para a Grécia destronar o mestre, Chegando lá, é surpreendida pelo cavaleiro Maia de Sagita que crava uma flecha em seu peito. Para salvar a deusa, os cavaleiros de bronze são alertados de que somente o mestre poderá tirar a flecha pelas próximas 12 horas, no entanto, precisarão atravessar as 12 casas zodicais. Cada casa é guardada por um cavaleiro de ouro. A batalha é sangrenta e com muitas lições de moral. Quando Seiya encontra o mestre, descobre que este é Saga de Gêmeos, que havia roubado o trono assassinando o mestre anterior (Shion de Áries), o que dá início a uma nova luta. Após um grande confronto, Atena é salva por Seiya, com o escudo da estátua de Atena. No entanto, quando a paz reinava no mundo, sete guerreiros-deuses se reuniram a Hilda, representante de Odin, e juraram destruir o Santuário. Para quebrar a magia do anel Nibelungo, colocado no dedo de Hilda por Poseidon, os cavaleiros de Atena se envolveram em outra terrível batalha pelas safiras de Odin. Saori aqueceu seu cosmo para que as geleiras polares não derretessem. Isso foi deixando-a enfraquecida. Quando as sete safiras foram reunidas, Seiya, usando a armadura de Odin, conseguiu quebrar o encanto. No encalço disso, Poseidon voltou à vida e, encarnado no jovem Julian Solo, raptou Saori para as profundezas do oceano. Uma nova batalha estava por começar. Saori, mais uma vez em defesa da humanidade, assumiu todo o risco para evitar que o planeta fosse inundado. Para salvar a deusa, Seiya e os demais cavaleiros devem vencer os sete generais marinas e destruir seus pilares. Com isso, conseguiriam destruir o suporte principal, guardado por Poseidon, que aprisionava Saori. Com a ajuda das armaduras de Libra, Sagitário, Aquário, Shiryu,

Reuber Diirr


O primeiro episódio exibido explica a passagem de aproximadamente 250 anos desde a última reencarnação dos deuses na Terra. A explicação para o poder dos cavaleiros, parte de um entendimento da natureza do ‘cosmo’, ou seja, uma força proveniente do Big Bang, a mesma que originou o Universo.

A história Cruzadas do Zodíaco

tos fãs que discutem até hoje, em sites e redes sociais, a abordagem do desenho. O estudante de Engenharia Elétrica, Rafael Albani, é um fã assíd u o dos cavaleiros. “O desenho me despertou tanto interesse que senti necessidade de colecionar revistas, brinquedos e álbuns de figurinha, os quais, mesmo depois de tanto tempo e tantas mudanças, guardo até hoje”, destacou.

Hyoga e Seiya destruíram o pilar mestre e aprisionaram Poseidon novamente, trazendo paz à Terra. Para coroar a história, o deus do mundo dos mortos, Hades, voltou à vida e queria dominar o mundo, mas para isso, deveria matar Atena. Escalou então, para o trabalho, alguns cavaleiros mortos. A estória é uma das melhores, pois quem protagoniza, desta vez, são os cavaleiros de ouro. Saga, Kamus e Shura devem chegar até Atena para matá-la, entretanto, sua fidelidade era tamanha que eles usaram a vida temporária, ganhada de Hades, para chegar até o santuário, com a desculpa de matar Atena, e avisar a deusa sobre a existência de sua armadura. Durante o desenrolar da história, algumas peças vão se encaixando e Saori entende que deve ter sua vida cessada para ir ao Inferno, junto com Shaka de Virgem, enfrentar Hades pessoalmente. Em uma batalha violenta e empolgante, os defensores de Atena aprisionam Hades em uma ânfora. Gerações de cavaleiros A saga dos defensores de Atena criou uma legião de fãs, de todas as idades e por todo o mundo. As narrativas mais atuais, impulsionadas pela tecnologia e por efeitos visuais fantásticos, aumentam a exército de ‘novos cavaleiros’ que se unem aos nostálgicos admiradores. Revivendo seus tempos de criança, Rafael acredita que as histórias atuais tiveram grande evolução visual. “Durante batalhas, a combinação de luz, movimentos e ângulos se completam com as expressões e a forma intensa de agir e falar dos personagens. Há uma evidente emoção sendo transmitida a quem assiste”, afirmou o estudante, que reiterou preferir a Saga de Hades, trazendo-lhe a saudade de sua infância. Já o estudante de Enfermagem, Paulo Vieira, ressalta que gosta do desenho por ser diferente, abordando lutas e produzindo emoção. “A Saga do Santuário, por conter os 12 signos do zodíaco, com seus respectivos cavaleiros, foi a que eu mais gostei. Não guardei nada, mas, na infância, cheguei a ter revistas e os bonequinhos da série”, lembrou Paulo. Os cavaleiros do Zodíaco foram exibidos pela TV Manchete e, atualmente, são apresentados pela Band, que já prepara novas estórias para a TV aberta, como a saga Ômega.

Mateus Cordeiro

Maioridade: Cavaleiros do Zodíaco completam 18 anos de Brasil derrotando poderosos inimigos e cativando novas gerações

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Disco

The Division Bell, 1994 Pink Floyd ››› Marcelo Lobato

O último disco de estúdio do Pink Floyd, criticado por fãs por ser considerado um álbum comercial feito sob fórmulas, The Division Bell é, apesar disso, um ótimo disco que justifica o sucesso de vendas. O instrumental hipnotizante, marca registrada da banda desde seus primórdios, ainda se faz presente, assim como o caráter experimental dos trabalhos anteriores. O esmero na produção é sentida quando se escuta as músicas ou folheia-se o encarte. O resultado passa longe das obras primas The Dark Side of the Moon e The Wall, mas sem dúvida é algo digno da história da banda. 18 anos após o lançamento, The Division Bell envelheceu bem aos olhos da crítica.

Filme

Idiocracia, 2006 Mike Judge

A Guerra dos Tronos, 1996 George R.R. Martin

Uma narrativa com múltiplos focos. Diferentes personagens trazem suas visões do conflituoso reino medieval de Westeros. O romance épico nos leva para um mundo fantástico, além de trazer uma intensa disputa pelo poder, que traz profundidade à trama. Mas não se apegue por nenhuma pessoa da estória, a morte é presença constante nessa obra, deixando alguns leitores órfãos de referências. Apesar de o original ter sido lançado há mais de 15 anos, sua publicação no Brasil aconteceu em 2010, próxima da série da HBO baseada no livro. A Guerra dos Tronos é a primeira parte da coleção “As Crônicas de Gelo e Fogo”, que já possui cinco livros publicados e com previsão de lançamento de mais cinco.

››› Marcelo Lobato

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Livro

››› Marcelo Lobato

Disfarçado de um besteirol americano, Idiocracia traz críticas à sociedade capitalista. Privatização, sistema eleitoral, prisões, meios de comunicação, justiça, educação, indústria cinematográfica são alvos de Mike Judge. O enredo é baseado em uma teoria que diz que sem ameaças aos seres humanos, a seleção natural deixou de ser um fator na reprodução humana, o que propicia uma queda da inteligência humana ao longo do tempo. O fictício ano de 2505 mostra os Estados Unidos passando por crises por falta de planejamento aliado às práticas de consumo. O humor do filme é transmitido não nos diálogos, mas sim nos cenários e situações.


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Maria Aidê Malanquini

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