Edição Edição138 137. dezembro . Outubro 2014 2014
Primeira Mão Revista Laboratório do Curso de Comunicação Social da Ufes Revista Laboratório do Curso de Comunicação Social da Ufes
O Brasil que virá Pág.4
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Feminismo Feminismoem 18 em pauta pauta -•18
Feminismo em A fala -dos pauta 18 games •29 1
Cores da Ufes • 22
Feminismo em Jornalismo pauta - 18e PP de volta • 32
Ilustração - Arian Motta
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4 - Pocou 6 - Ocupações urbanas 10 - Beleza negra 13 - O Brasil dos próximos 4 anos 18 - Versões contraditórias 19 - Exposição Corpora 22 - Ufes em vários tons 24 - República e decoração 26 - Fim dos grandes eventos 29 - A narrativa dos games 32 - Jornalismo e PP voltam 35 - Férias 38 - Bikeboys no ES
“Foi bonito, foi. Foi intenso, foi” É com grande prazer e satisfação que apresentamos a você, caro leitor, a 138ª edição do Primeira Mão, e última sob os nossos cuidados. Em princípio, parece que foi um processo simples: começar o semestre, fazer duas revistas e publicá-las. Mas para nós, foi uma jornada: da responsabilidade de ser a “turma que faz a Primeira Mão”, à procura incessante por pautas e fontes para chegar ao processo de publicação e divulgação, passando pela correria da diagramação, revisões incansáveis, recadinhos no Facebook e a busca por trazer o que há de melhor para o público universitário. O objetivo foi garantir que traríamos uma revista com a melhor qualidade possível para você, nosso leitor.
Assim, entregamos esta edição, um ciclo que se fecha para a nossa turma, mas se abrirá novamente para outra no próximo semestre. Fica o aprendizados e a gratidão a todos que estiveram conosco neste período, daqueles que ajudaram com conselhos sobre texto e diagramação, até a nossa editora-chefe e orientadora, Ruth Reis. Com essa edição, fechamos o semestre, e embarcamos nas merecidas férias, após um semestre que foi puxado. Mas foi bonito, foi. E foi intenso, foi. Esperamos que goste.
Boa leitura, bom descanso e até a próxima edição!
Primeira Mão é uma revista laboratório, produzida pelos alunos do 6º período do curso de Comunicação Social/Jornalismo, da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras | Vitória - ES CEP 29075-910 jornal1mao@gmail.com. Ano XXV, número 137. Semestre 2014/2 Reportagem e Edição: Adalberto Cordeiro Ana Carolina Elice Sena Gustavo Ferreira Hyasmin Nascimento Jade Campos Jéfica Teixeira
Johanna Honorato Júlia Barone Juliana Martins Linneker Almeida Luísa Costa Luiza Mayra Mallena Pezzin Maryangela Souza
Pâmela Vieira Pedro Malta Patrícia Fernandes Rhaissa Afonso Rodrigo Schereder Thiago Sobrinho Tasso Gasparini Veronica Haacke
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expediente
Vil Rangel Professora Orientadora: Ruth Reis Diagramação: Elice Sena Gustavo Ferreira
Juliana Martins Tasso Gasparini Vil Rangel Impressão: Gráfica da Ufes
Pocou! Luísa Costa e Juliana Martins
Ele é um artista completo: carismático na medida certa, rosto inconfundível e sonoridade sem igual. É difícil encontrar alguém que já tenha ido ao show do ídolo Paul McCartney e não tenha se encantado. O artista, com 50 anos de carreira, cresceu e envelheceu diante do público e agora chega ao Espírito Santo para realizar o show da turnê “Out There”, a última anunciada pelo cantor.
Carla
an
Calim
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O estádio Kleber Andrade, em Cariacica, foi o local escolhido para receber Paul McCatney. Um palco de 70m² com telões e efeitos pirotécnicos foi montado. A prefeitura do município decretou ponto facultativo e foram criadas zonas de serviços em torno do estádio com atendimento médico, restaurantes, transporte e segurança. Com capacidade para 38 mil pessoas, o estádio foi equipado de forma antes nunca vista. Inacreditável? Sim!. E para explicar, vale lembrar como tudo aconteceu de forma rápida e intensa, tanto para os fãs e admiradores, quanto para a produção. O público capixaba não podia imaginar e depois de toda a negociação, não demorou muito para que se espalhassem burburinhos por toda a cidade. Afinal de contas, poderia ser verdade que um artista do porte de Paul McCartney pisaria em solo capixaba? Sim, poderia e esta era a grande verdade. A notícia ganhou as redes sociais e em meio a todos os comentários e compartilhamentos, uma Fan Page do Facebook se destacou. A página “Paul McCartney capixaba” alcançou duas mil e quatrocentas curtidas em menos de dois meses, com postagens engraçadas e criativas que relacionavam o ex-beatle com situações tipicamente capixabas. Na página, montagens como as de Paul fazendo uma panela de barro para a moqueca capixaba, pegando o transcol 507 e nadando em um alagamento provocado pelas fortes chuvas, foram motivos de muitas risadas. A ideia veio de dois amigos, que preferiram manter o anonimato. Eles, assim como muitos, não acreditaram nos boatos iniciais e resolveram criar a página com a finalidade de brincar com a possibilidade de um dos
A página Paul McCartney Capixaba fez sucesso no Facebook, mas seus autores preferem o anonimato.
maiores nomes do rock vir ao estado. O sucesso era iminente: “nós já esperávamos que muitas pessoas curtissem a ideia, porque era algo inusitado inserir o Paul McCartney no cenário capixaba. As pessoas nos ajudavam, mandavam mensagens com sugestões novas, lugares que seriam legais para colocar o Paul”, lembra um dos criadores. Do mesmo jeito que a notícia virou assunto principal na internet, fãs, como Giulia Guimarães, de 14 anos, também se viram entusiasmados. Ela, que gosta do cantor desde os 11 anos de idade, nunca imaginou que poderia assistir a um show do ídolo tão perto de casa. “Minhas amigas me ligaram quando saiu a notícia. Sempre quis ver um show dos Beatles, mas como não existe uma máquina do tempo fica impossível. Por isso, o show do Paul é uma oportunidade única para mim”, disse. A estudante de Medicina, Camila Vescovi tem uma verdadeira coleção de coisas do artista. Ela que tem todos os cds, dvds, além de posters e camisetas do cantor, passou a confeccionar canecas, camisas e cases para vender especialmente pro show. Ao contrário da maioria dos capixabas, Camila diz que acreditou no show logo de cara: “é histórico, nunca passou pela minha cabeça que um dia pudesse acontecer, mas ainda temos muito a melhorar para que esse tipo de show se torne frequente”. Já Camila Schuwartz diz que foi apresentada ao ex-Beatle na infância: “nas rodas dos primos eram sempre as músicas que tocávamos e cantávamos. Até banda cover já montamos”. Ela ainda lembra que no show de McCartney que aconteceu em São Paulo em 2010, estava grávida de oito meses, então não pôde ir. Realizou o sonho de vê-lo pela primeira vez em 2011, com o filho recém-nascido. O inglês tem mesmo essa capacidade de se reinventar e reunir gerações: “ele acompanhou parte da minha história. Estou achando o máximo poder ir vê-lo e saber que ele sabe que o Espírito Santo existe”. Este é exatamente o objetivo do produtor Flávio Salles, um dos organizadores da turnê Out There. Para ele: “não faltam contatos para novos shows internacionais. Gostaria de trazer show de pessoas que estão próximas de terminar a carreira e o do Paul McCartney é só o começo”. Por isso, seja bem-vindo Sir Paul!
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Ocupações urbanas voltam à pauta Levantamento mostra que 86% do território metropolitano capixaba é composto por propriedades rurais, “vazios urbanos” e áreas verdes protegidas. Chama a atenção, também, a quantidade de domicílios vazios. De acordo com o estudo, apenas 8% desses domicílios seriam suficientes para atender a demanda por moradia. Em meio a este cenário, o que de dizer sobre as “invasões” de propriedades privadas?
Ana De Angeli “Invasões de terra”, “Políticas habitacionais”, “A luta pela casa própria” e o “Desfavelamento” foram manchetes que ilustraram a primeira edição do jornal Posição, que circulou no Espírito Santo, de 1976 à 1979. A edição aborda, entre outras coisas, ocupações de terra na região metropolitana, em março de 1976, nos bairros Concheiras e Sossego, atual Grande Carapina, no município da Serra. A reportagem sobre o tema traz fotos e depoimentos que colocam em evidência a coerção e a violência policial. Recentemente, as “invasões” voltaram a ser assunto – não com tanto destaque – nos jornais capixabas. Em fevereiro, um terreno abandonado, no bairro Novo Horizonte, na Serra, foi ocupado por cerca de 60 famílias. “Não havia nada, além de mato, no local”, afirmou
Carlos Anastásio, de 23 anos, que esteve na ocupação. Anastásio contou que a “invasão” foi idealizada por um grupo de pessoas que morava nas proximidades do local: “Havia anos que o terreno estava abandonado. Foi uma tentativa de sair do aluguel”. A reintegração de posse, que aconteceu em 31 de julho, foi realizada pelo Batalhão de Missões Especiais da Polícia Militar (BME) e chamou a atenção do noticiário: ruas foram fechadas, utilizadas viaturas, cavalos e até um helicóptero. Em setembro foi a vez de Jardim Carapina, também na Serra. A ocupação do terreno foi realizada por cerca de 300 famílias, que permaneceram no local por 15 dias. Novamente, a desocupação do local foi marcada por forte aparato e coerção policial. Não a toa, faz lembrar a reportagem do jornal Posição, lá em 1976. Dessa vez, a reintegração
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de posse terminou com 11 pessoas detidas. Um grupo de estudos, coordenado pelo professor do Departamento de Geografia da Ufes, Cláudio Zanotelli, realizou um levantamento apontando que a região metropolitana da Grande Vitória tem 86% de seu território composto por propriedades rurais, “vazios urbanos” e áreas naturais protegidas. As propriedades rurais correspondem a 63% do território metropolitano capixaba. No entanto, a atividade agropastoril é escassa e a área é pouco habitada. Os “vazios urbanos”, que, como o nome já indica, são espaços inocupados e sem função definida, representam 18% de toda área. Já os perímetros naturais protegidos totalizam 9,4% do território. Em contrapartida, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, de
1980 para cá, a população da Grande Vitória saltou de 744.744 mil habitantes para 1.687.704. Ou seja, teve um crescimento de 127%. “O alto crescimento populacional, somado à enorme quantidade de territórios desocupados e praticamente sem nenhuma função social, influenciam diretamente nas demandas por moradia, que culminam nas invasões de propriedades privadas”, salientou Zanotelli. O levantamento mostrou, ainda, que existem 66.306 domicílios vazios na Grande Vitória, dado que chama a atenção, pois o déficit habitacional é 5.236 unidades. De acordo com o estudo, apenas 8% desses domicílios seriam suficientes para atender a demanda por moradia. O jurista Jorge Luiz Maior, em um artigo publicado no site Consultor Jurídico – Conjur – ressaltou
que o direito à propriedade, como previsto constitucionalmente, deve atender a alguma função social. O que significa exercer alguma utilidade, nem que seja para fins de lazer. A Constituição de 1988 garante, também, a todos os cidadãos, como preceito fundamental, o direi-
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to à moradia, o que quer dizer que não é mera “invasão” a ocupação de uma terra improdutiva, abandonada e sobre a qual o proprietário não exerce direito de posse, e que por sua localidade e tamanho não desenvolva nenhuma função social. Após a reintegração do posse do terreno, em Novo Horizonte, as pessoas foram encaminhadas para a Associação de Moradores do bairro. No entanto, não houve nenhum acordo sobre a permanência delas no local. Segundo o presidente da Associação de Moradores, Sebastião Pinheiro, “a Prefeitura Municipal da Serra não se mobilizou para remanejar os ocupantes para outro local”. Alessandro de Souza, 31 anos, que atualmente está desempregado, contou que veio de Minas Gerais, para trabalhar por temporada em uma empreiteira, e que comprou um pedaço do terreno, para viver com sua família: “As primeiras pessoas que invadiram, pegaram alguns pedaços para vender. Comprei por R$ 2 mil e agora estou tentando arrumar um emprego para conseguir pagar um aluguel”. Alessandro e sua família, de oito pessoas, foram os últimos a desocupar a Associação de Moradores. Segundo ele, a maioria das pessoas que estavam na ocupação do terreno foram para casa de parentes, e que outras, se juntaram para conseguir pagar o aluguel. Alessandro também destacou a falta de mobilização da prefeitura da Serra: “A prefeitura não prestou nenhum tipo de assistência às famílias desabrigadas. Estamos a própria sorte”.
Ao norte de lugar algum Uma área desocupada há mais de 20 anos e o sonho (interrompido) de 300 famílias
Thiago Sobrinho Foi antes mesmo das oito da manhã que o Vista do Mestre Álvaro chegou ao fim. Logo nas primeiras horas do dia 16 de setembro, policiais militares e oficiais de Justiça cumpriram a ordem de desocupação de um terreno às margens da Rodovia do Contorno, em Jardim Carapina, no município da Serra. Próximo a um condomínio de luxo e ao lado do Pavilhão de Carapina, a área com quatro mil metros de extensão estava desocupada há mais de 20 anos. O terreno pertence a cinco proprietários e, até a manhã daquela terça-feira, seria o futuro lar de cerca de 300 famílias. Abrigados em casas improvisadas, a maioria dos que ocupavam o terreno vinham de Jardim Carapina, bairro limítrofe à área invadida. Sem água ou até mesmo luz, o espaço para as moradias era delimitado pelas próprias famílias. Havia também espaços reservados para a construção de ruas, creches e praças do bairro que levariam o nome de Vista do Mestre Álvaro. Numa tarde de sexta-feira, dias antes da reintegração de posse, Thiago Barbosa empurrava um carrinho de mão enferrujado pelas ruas de terra batida. Dentro dele, um garoto estrábico espumava de raiva. “Eles não vão tirar nóis daqui
não, tio. Aparece durante o final de semana pra você ver. É tanta gente que isso aqui parece até um formigueiro”, disse ele, do alto dos seus 11 anos, sobre uma possível ação judicial. São mais ou menos quatro da tarde e o sol começa a se esconder atrás do monte que dá nome ao local invadido. Naquele dia, Thiago não compareceu ao emprego de zelador que exerce num condomínio localizado em Jardim Limoeiro, também na Serra. “Faltei serviço hoje porque disseram que a polícia chegaria pra nos tirar daqui”, disse, enquanto chegava com o carrinho na porta do seu barraco. “Ganho um salário mínimo e não tenho condições de pagar o aluguel de R$ 400 que o pessoal tá pedindo. Vim pra cá pra construir minha própria casa”, explica o rapaz de 24 anos, que usa um boné com o código 4:20. Outra das 300 famílias é a de Luiz Carlos do Nascimento. Ele pondera abandonar seu barraco caso seja a vontade da lei. “Essa área está desocupada há mais de 20 anos. Se o dono vier aqui com a decisão da Justiça dizendo que a gente tem de sair, nós saímos sem problemas”, garantiu. Quatro dias depois, a ordem
para desocupação do terreno foi cumprida. Em meio à confusão e o barulho de tratores derrubando as frágeis casas, algumas dezenas de pessoas se dividiam entre observar o que acontecia e hostilizar os policiais. Procurada pela reportagem, a Prefeitura do município preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
UMA ESPERANÇA Em seis anos de existência, o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) é o maior programa habitacional do Brasil. Desde a sua criação, em 2009, a iniciativa do governo federal já entregou 1,8 milhões de moradias - garantindo a casa própria para 7,3 milhões de brasileiros. Na Serra, o primeiro empreendimento de unidades habitacionais por meio do MCMV está em construção. Trata-se do Ourimar, localizado próximo ao bairro Vila Nova de Colares. Serão entregues 608 residências. Em Balneário de Carapebus, outro conjunto residencial já foi aprovado e depende apenas da contratação da construtora que será responsável por tocar as obras. Esse empreendimento terá mais de 700 unidades habitacionais.
Foto: Thiago Sobrinho
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Fotos: Júlia Barone
Treze Júlia Barone Entrei no ônibus, que ainda estava bem vazio. Procurei minha poltrona: número 12, corredor. Achei. Ainda não tinha ninguém na poltrona 13. Enquanto o motorista seguia por alguns poucos quilômetros até a próxima parada, ficava me perguntando quem sentaria ao meu lado, se alguém sentaria. Qualquer um pode sentar ao seu lado e parte da experiência da viagem pode ser determinada pela companhia dessa pessoa. Desta vez foi uma senhora: dona Celenira. Descobri seu nome no meio de nossa conversa, quando ela já dividia, não só comigo, mas também com outros, uma parte de sua vida. Ensinar e aprender faz parte da vida dela. Ela lembra de alunos a vizinhos que precisaram de algum remédio alternativo ou algum conselho. O cuidado com o jardim, que contem suas ervas e suas flores, a rotina do regar, aparar, distribuir mudas para uma vizinha e, depois de todo o empenho, receber elogios por seu trabalho. Tudo isso trouxe a lembrança da minha avó, uma proximidade muito forte com a senhora que tinha acabado de conhecer. Me ensinou a fazer o chá de “boldão” que ajuda na
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digestão, falou do requeijão e do toddy que ela faz em casa: “fica melhor do que o comprado”. Dividia parte de sua vida comigo e ficava feliz com isso. Era final de tarde, o azul do céu estava sendo tomado pelo rosado do entardecer. Comentei que adorava olhar pela janela quando viajava e ela concordou comigo. Em silêncio, admiramos a mudança das cores, do rosa ao alaranjado, em meio aos passageiros que ligavam para alguém da família avisando que já estavam próximas do seu destino e crianças perguntando se ainda faltava muito pra chegar. Em seus 73 anos, ela morou em quatro cidades, criou seus filhos, os viu crescer e partir. Assim como há esse ciclo, a viagem também tem o seu. E eu estava quase em casa. O ônibus parou na rodoviária da minha cidade. Antes que eu me levantasse, ela falou “Adorei ter te conhecido” e me abraçou. A sinceridade dela me tocou. “Eu também”, respondi. Agradeci pela conversa, me despedi e peguei minha mochila. Saí daquele ônibus com mais bagagem do que quando entrei.
beleza negra
NA REDE Maryangela S ou za
Blogueiras negras são um número cada vez mais expressivo na internet. Tratando de assuntos como moda e beleza voltados para adolescentes e jovens negras, elas colecionam seguidoras e as inspiram para que sejam a favor da aceitação da beleza natural
A beleza negra, pele morena e cabelos crespos ou cacheados, apesar de muito exaltada como a “beleza brasileira”, na realidade, nunca esteve associada ao padrão de beleza amplamente aceito. Não se pode dizer, é claro, que a beleza afro está totalmente excluída da mídia e da internet, mas nesses casos ainda impera o modelo de negra ideal: alta, magra, com traços finos e delicados. Em contrapartida, o discurso da aceitação é cada vez mais reproduzido. Nunca se falou tanto em amar a si mesmo, em aceitar diferentes tipos físicos e que não existe um padrão de beleza. Apesar de tanto na mídia de massa quanto na internet a bele-
za negra nunca ter sido o grande destaque no Brasil, já há algum tempo um grupo de blogueiras tem exercido um verdadeiro ativismo em favor dessa beleza, por meio de textos, fotos e vídeos. Elas falam de beleza, cuidados com cabelos, comportamento e, é claro, acabam debatendo temas como racismo, preconceito e auto aceitação. Muitas dessas blogueiras iniciaram o trabalho na internet principalmente por não encontrarem na rede informação adequada às suas necessidades, e hoje são referência para milhares de garotas que reclamavam, a falta desse tipo de informação. A youtuber Rayza Nicácio é uma das blogueiras negras
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com mais seguidores na internet (seu canal no Youtube tem mais de 12 milhões de vizualizações e quase 200 mil inscritos). Como ela mesma conta em seus vídeos, Rayza é uma defensora da beleza natural. Seus vídeos possuem forte discurso em favor da autoestima e da aceitação. Em suas postagens ela ensina outras meninas a recuperarem seus cachos e as incentiva a entender como belo o seu tipo físico, independente de qual seja. Outra blogueira de destaque na defesa da beleza negra é Maraisa Fidelis, do blog Beleza Interior. Apesar de procurar evitar temas polêmicos em sua página, seu trabalho como blogueira é uma arma poderosa no fortalecimento da autoestima de garotas negras. Seu blog não é direcionado apenas às meninas de cabelo cacheado e crespo, mas suas dicas de maquiagem, transição capilar, moda e estilo são uma refêrencia para as milhares de seguidoras que acessam suas páginas e seu perfil diariamente. Acompanhando esses dois exemplos, existem dezenas de outras meninas mostrando-se na internet e incentivando a aceitação da beleza negra. A boa notícia, é que a
audiência dessas meninas é cada dia maior. Além dessas “gurus”, que acumulam seguidores, é cada vez mais comum o surgimento de comunidades e grupos no Facebook e outras redes sociais voltados exclusivamente para meninas (e meninos) que desejam compartilhar dicas de cuidados específicos para a pele e cabelos afro. É também um espaço de toca de experiências e desabafos e de discussão de quaisquer outras questões que julguem pertinentes para aumentar a autoestima e disseminar a autoaceitação. Ainda que várias dessas blogueiras não sejam ativamente engajadas com políticas de combate ao racismo e ao preconceito, e que nem seja esse o objetivo principal de muitos dos grupos formados nas redes sociais, isso não quer dizer que eles sejam avessos às questões político-sociais que afligem a população negra. Para essas blogueiras e grupos, falar do cuidado de si não é, obrigatoriamente, falar de coisas fúteis. Para quem defende exaltação da beleza afro, falar sobre o assunto é, antes de tudo, chamar a atenção para o ativismo social e embasar o debate sobre a posição da mulher negra na mídia e na internet.
Para conhecer: Blogueiras, páginas, canais no youtube e grupos no Facebook: * Blog Jeitinho Próprio, por Beatriz Andrade - jeitinhoproprio.com.br * Blog Cantinho da Nanda, por Fernanda Chavez blogcantinhodananda.blogspot.com.br * Blog Criloura, por Fernnandah Oliveira -criloura.com * Blog Beleza Interior, por Maraisa Fidelis - blzinterior.com.br * Blog da Preta - blogdapreta.com.br/ * Canal Rayza Nicácio no Youtube - youtube.com/user/rayzabatista * Canal Gill Vianna no Youtube - youtube.com/user/GillVianna * Canal Dani Azevedo no Youtube - youtube.com/user/ maniasdemulher * Canal Beleza de Preta, por Fabiana Lima - youtube.com/user/ belezadepretta * Grupo “Cacheadas em Transição” no Facebook * Grupo “Cachos Perfeitos” no Facebook * Página “Negras e Crespas” no Facebook * Página “Loucas por Cachos” no Facebook
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No horizonte, os próximos quatro anos Adalberto Cordeiro, Pâmela Vieira Pedro Malta Os três pontos percentuais de vantagem que reelegeram a presidente Dilma Rousseff (PT) e deram sua vitória sobre o oponente Aécio Neves (PSDB) - a petista obteve 51,64% dos votos válidos e o tucano 48,36% - são a menor diferença entre os candidatos mais votados em uma eleição presidencial no país desde o fim da ditadura em 1985. Mas já a partir do próximo governo, Dilma encontrará uma série de desafios a serem enfrentados. Sobre os desafios, especialistas ouvidos pela Primeira Mão indicam, sobretudo, os da área política e econômica. No cenário político, a presidente terá que traçar estratégias (dentre elas a do diálogo, conforme já destacado em seus primeiros discursos após a vitória) a fim de manter uma amistosa governabilidade em Brasília. O crescimento da oposição no Congresso Nacional e o escândalo da Petrobrás prometem tirar o sono da presidente já no início do novo mandato. Segundo especialistas, na área econômica o governo deverá continuar tendo como metas o controle rígido da inflação e a proposta de retomada do crescimento do país.
Passada a eleição presidencial mais turbulenta e disputada da história recente do Brasil, agora os novos (e velhos) desafios do país retornam à pauta do governo Dilma. Tendo como base o cenário socioeconômico do país, a equipe de reportagem da Primeira Mão ouviu lideranças políticas locais, especialistas em áreas temáticas e um cientista social que recuperam os principais fatos ocorridos durante os meses de campanha eleitoral. Além disso, apontam os principais desafios para o novo mandato da presidente reeleita.
Dilma inclusive já tinha indicado antes mesmo da vitória nas urnas que mudaria a equipe econômica do governo, inclusive a da chefia do Ministério da Fazenda, após a reeleição. Já no campo das promessas eleitorais em si, a presidente terá como missão, por exemplo, apresentar as bases da reforma política, o cumprimento de propostas como a criação
do programa “Mais Especialidades” na área da saúde e o compromisso em ratificar as medidas do Plano Nacional de Educação (PNE). O avanço da economia e a consolidação dos avanços sociais e eliminação da miséria são pautas recorrentes entre os desafios que aguardam Dilma Rousseff nos próximos quatro anos. Exemplo disso
Polít ic a : jogo de interesses e complexas relações No que diz respeito à habilidade de articulação política do novo governo, o mestre em Ciência Política Mauro Petersem Domingues destaca que anteriorm ente a esse cenário já existiam complicadores que se deflagraram dentro do próprio processo eleitoral: “O modo como as eleições são financiadas no país é um elo forte na perpetuação desses vínculos entre Estado e grupos de interesses, empresariais entre outros, mas há outros que ligam esses interesses diretamente à burocracia pública e de empresas estatais”, destaca Domingues. O cenário político para 2015 aponta para uma base política pulverizada, fortalecimento da oposição – com a presença de figuras políticas em Brasília, como Aécio Neves e os também senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP), José Serra (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) –, além da necessidade de construir um diálogo mais consensual dentro do PMDB. O partido faz parte da base governista, mas tem em seus quadros lideranças dissidentes. Estas participaram, inclusive, de campanha pró- Aécio, a exemplo do senador capixaba Ricardo Ferraço.
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Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
é o Bolsa Família. O programa carro chefe do governo petista é frequentemente atacado pela oposição e também por grande parcela da sociedade, principalmente no rebuliço político das redes sociais. Não são raras as acusações preconceituosas de quem associa pobreza com ignorância e venda de votos. Para o mestre em Ciência Po-
lítica Mauro Petersem Domingues, é natural que programas como o Bolsa Família atraiam tantos eleitores. “Isso é uma prova de que esses programas atendem a necessidades reais de uma parcela significativa da população brasileira”, declarou. Quanto à expressiva vitória de Dilma Rousseff na região Nordeste, Domingues apontou explicações
que vão além dos programas de transferência de renda. De acordo com ele, dois pontos fundamentais para o desenvolvimento da região foram o incentivo à agricultura familiar e o enfrentamento à seca, com a construção de poços e cisternas. “Isso dá melhores condições não só para a agricultura, mas para a vida em geral”, completou.
E d u c a ç ã o : mais investimentos Impossível falar desse tema sem citar os programas que se tornaram famosos ao longo do governo Dilma, como o Prouni, o Fies e o Ciência sem Fronteiras (CsF), que abriram mais possibilidades para o ensino superior, e o Pronatec, com ensino técnico voltado para a formação de mão de obra. Esses programas devem ser mantidos e, além disso, consta na pauta petista o aumento de 100 mil bolsas para o CsF. O governo terá de ratificar o compromisso com o Plano Nacional de Educação (PNE), que destina 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação, além de 75% dos recursos provenientes dos royalties de petróleo e 50% dos excedentes da produção de óleo do pré-sal. O PNE determina que tanto o governo federal como os 27 governos regionais e todas as administrações municipais devem elevar gradualmente o investimento em educação até que elas cheguem a 10% do PIB no 10º ano em vigor. Atualmente, o investimento público na educação representa 6,1% do PIB, conforme informações do MEC (Ministério da Educação) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
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E c o n o m i a : dívida e papel dos bancos públicos Sobre os assuntos econômicos, o professor do Departamento de Economia Paulo Nakatani destaca que um dos grandes desafios será lidar com a gigantesca parcela de créditos subsidiados pelo Tesouro Nacional. “Somente o BNDES tinha um estoque de R$ 528 bilhões em empréstimos para o financiamento de investimentos em setembro de 2014, de um total de R$ 2,9 trilhões de créditos bancários. Os créditos subsidiados chegaram a R$ 1,4 trilhão. Quanto mais a taxa de juros cresce, mais aumentam as despesas com juros da dívida pública e mais aumenta o desejo dos bancos privados de ocuparem essa parcela do mercado, com redução da participação dos bancos públicos”. Diante desse cenário a indagação é: quem será o principal formulador da política econômica do governo, suas relações com os grandes bancos e como o governo fará economias para transferir riqueza para grupos de interesse? “Um dos pontos de economia, já avançados pelo próprio Mantega [Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda] é a redução dos benefícios aos trabalhadores, como seguro desemprego e abono salarial, que é feito com recursos dos próprios trabalhadores, o Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT”, pontua.
“Divergência” parece ter sido o termo central da última campanha presidencial. No Espírito Santo, o candidato Aécio Neves levou a maioria dos votos do segundo turno (53,85%) contra os 46,15% de Dilma. O deputado estadual e candidato a governador, Roberto Carlos (PT-ES) destacou o grande palanque capixaba contrário à reeleição da presidente Dilma no estado. Por isso, considera a campanha vitoriosa, apesar do resultado final. “As principais lideranças políticas capixabas estavam ao lado de Aécio Neves e mesmo assim quase metade votou na Dilma”, declarou. De lado contrário, aparece o senador e coordenador da campanha de Aécio Neves no Espírito Santo, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ao analisar o resultado das eleições por aqui Ferraço destacou, por exemplo, que o cenário da derrota local de Dilma se deve ao sentimento de “insatisfação” dos capixabas com relação ao governo federal. É certo que o Espírito Santo precisa de mais atenção por parte do Governo. Prova disso é o aeroporto de Vitória: frequentemente apontado pelos capixabas como uma “vergonha nacional”, as obras estão paradas há sete anos, sob suspeita de superfaturamento. A presidente reeleita promete que essas obras serão retomadas em 2015, com conclusão prevista para 2018. Quando questionado sobre isso, o deputa-
Roberto, pró, divergências sobre
Foto: Tonico/ Ales
do Roberto Carlos posicionou-se de maneira otimista: “acredito que a presidenta dará continuidade às obras do aeroporto e vai contemplar também outras obras importantes, como construção de ferrovias e melhorias rodoviárias. A presidenta é republicana e vai relacionar-se com todos os estados, independente de palanque eleitoral”, afirmou. Quanto às pautas polêmicas e progressistas que agitaram as eleições (aborto, legalização da maco-
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nha, reforma política e criminalização da homofobia), o deputado petista lembrou o grande apoio dos movimentos sociais organizados à candidatura da presidente Dilma. “Foi fundamental a presença dos movimentos sociais para reverter o quadro que era muito delicado aqui no estado”, analisou Roberto Carlos. “Ganhou a nossa pauta: de redução das desigualdades, de reafirmação dos direitos das minorias.” No entanto, isso
J uve nt ud e: educação e emprego Os interesses da juventude estão intrinsecamente ligados ao cenário socioeconômico, principalmente em duas áreas: educação e emprego. Os jovens mostram-se preocupados com a perda da ascensão social conquistada nos últimos anos, ao mesmo tempo em que dividem as opiniões sobre o futuro econômico do Brasil. Muitos estão temerosos a respeito da inflação, enquanto outros afirmam otimismo, visto que o Brasil tem oferecido qualificação e oportunidades aos jovens. A articulação em movimentos sociais e coletivos e o fenômeno de enxameamento impulsionado pelas redes sociais garantem à juventude um papel central na mobilização política brasileira. A estudante de Medicina e militante do movimento Juventude Petista, Jéssica Jhin, mostrou estar engajada nas causas sociais e afirma sentir-se representada pelo PT. Mas nem por isso a cobrança ao governo será menor. Pelo contrário. Para o segundo mandato da presidente, Jéssica disse que espera “uma fase de mais investimentos e aprofundamento na qualidade do ensino. E há ainda o compromisso de melhorias para o Ensino Médio”, destacou.
Ferraço, contra: o governo Dilma
Foto: Pedro França / Agência Brasil
não garante tudo, afinal, é impossível governar sozinho no Brasil. “Apesar de uma presidenta progressista, nosso Congresso é o mais conservador dos últimos tempos”, afirmou o deputado, ao lembrar a reeleição expressiva de Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a redução do número de deputados petistas. Mesmo com esse quadro, Roberto Carlos se declara otimista em relação aos próximos quatro anos e defende a ideia de que os movimentos sociais vão
seguir articulados mesmo depois da campanha eleitoral, o que tornará inevitáveis os avanços em torno de questões polêmicas. A oposição já não parece tão otimista. O senador Ricardo Ferraço foi coordenador da campanha tucana no Espírito Santo. Ferraço alegou que seu apoio ao então candidato Aécio Neves foi “uma questão de identidade política”. Os dois já haviam trabalhado juntos nos cargos de senador e deputado federal. Ao
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longo da campanha, Ferraço enfatizou que diverge do Governo Federal e é contra a manutenção de aliança entre PMDB e PT em âmbito nacional. O senador peemedebista considera coerente a vitória de Aécio no estado e afirma que o resultado do segundo turno é “reflexo do descaso com que os capixabas têm sido tratados pelo Governo Federal". Ele mostrou, ainda, insatisfação com a atenção dada aos capixabas: "nosso estado tem ficado praticamente à margem dos investimentos federais", declarou. Essa marginalização recai, novamente, sobre as questões de infraestrutura: “é preciso desatar o nó da infraestrutura, um dos maiores gargalos da nossa economia, além de promover uma maior dinamização do nosso comércio externo e nossas relações internacionais, comprometidas por interesses ideológicos”. As expectativas de Ferraço para o segundo mandato de Dilma Rousseff estão centradas em fiscalizar todas as ações do governo, "de forma a garantir que o Brasil retome o rumo do desenvolvimento e da justiça social", enfatizou. Ferraço destacou as preocupações com o ajuste fiscal e equilíbrio das contas públicas que, segundo ele, estão ligados aos "graves problemas econômicos que vivemos hoje, como o avanço da inflação e a estagnação da indústria”.
Incertezas e reviravolta Tinha tudo para ser uma típica noite de domingo: sem muitas novidades e a expectativa já pelo início de mais uma semana. Mas, naquele dia 27 de outubro a atenção da maior parte dos brasileiros estava voltada quase que única e exclusivamente para a apuração dos votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Afinal, aquele domingo já não tinha sido um domingo qualquer — foi o domingo de ir às urnas escolher o novo presidente do país, e para eleitores de 13 estados (e mais o Distrito Federal) escolher também seu governador. Às 17h, a votação das eleições de 2014 já tinha sido encerrada na maioria dos estados, contudo o resultado da disputa presidencial só pôde ser divulgado a partir das 20h. Com a diferença de fuso horário entre Brasília e o estado do Acre, além da implantação do horário de verão, o resultado final só poderia ser liberado justamente com o fim da votação no território acreano. Com uma disputa polarizada, militantes e simpatizantes de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) tomaram conta das redes sociais e aguardavam o resultado com profunda apreensão. Clima de final de copa do mundo! Após um dia turbulento e três meses de campanha eleitoral agressiva, desgastante e de forte reverberação na Internet — positiva ou negativamente, o ambiente criado pelas redes sociais teve grande protagonismo na difusão de informações sobre as candidaturas — a candidata à reeleição Dilma Rousseff recebeu a maior parte dos votos dos brasileiros e foi escolhida para continuar à frente do Palácio do Planalto por mais quatro anos. Impulsionada por uma votação expressiva nas regiões Norte, Nordeste e parte do Sudeste — vencendo nos grandes colégios eleitorais de Minas Gerais, berço político de Aécio, e Rio de Janeiro — Dilma conseguiu superar o adversário tucano e a partir de janeiro de 2015 se verá diante do desafio de novamente governar um país de uma complexa realidade. Os debates acalorados foram, certamente, a marca dessa eleição. O clima nas redes sociais era de rivalidade, principalmente após a trágica morte do candidato Eduardo Campos (PSB). O fato desencadeou mudanças no cenário eleitoral, fazendo emergir um nome, até então, adormecido: Marina Silva. Relembre os principais fatos ocorridos nas eleições – e cujas consequências deverão influenciar na condução do novo governo. Dessa maneira, a reportagem da Primeira Mão recupera agora 5 fatos que marcaram também o pré, e pós, processo eleitoral deste ano.
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Fotos: Divulgação
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as nas eleições de 2014 lugar no começo de setembro. Acuada com a ameaça do “efeito Marina”, a candidata à reeleição Dilma Rousseff começou a revidar com uma série de ataques contra a ex-senadora. Como resultado, a candidata ao Planalto pelo PSB só viu seu desempenho sucumbir nas pesquisas. Alvo de ataques da petista e do tucano, Marina perdeu terreno e acabou superada por Aécio. Com a virada na reta final, o senador mineiro evitou um fiasco histórico para o PSDB. Fundado em 1988, o partido só saiu derrotado da disputa presidencial no primeiro turno em 1989 – na ocasião, o candidato tucano era Mário Covas.
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Morte de Eduardo Campos
Uma tragédia não anunciada pegou a todos de surpresa. No dia 13 de agosto de 2014, o candidato à presidência da república pelo PSB, Eduardo Campos, morreu aos 49 anos, quando a aeronave em que viajava caiu na cidade de Santos, litoral de São Paulo. A tragédia gerou uma série de incertezas na corrida eleitoral – até então em um cenário estável com Dilma na liderança, Aécio na segunda colocação e Eduardo buscando atingir os dois dígitos nas pesquisas eleitorais. Lideranças políticas começaram a analisar as mudanças que a tragédia provocaria no cenário político e o nome da então candidata a vice-presidente de Eduardo, Marina Silva, ganhou cada vez mais forma, mesmo que não por unanimidade.
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Oscilações nas preferências entre os principais candidatos
A trajetória de Marina Silva na campanha eleitoral assumiu traços de uma montanha russa – subindo e descendo bruscamente. Marina passou, então, de vice a cabeça de chapa do PSB e logo tomou o segundo lugar do tucano na preferência dos eleitores. De 21% das intenções de voto logo nos dias seguintes à morte do então companheiro de chapa, Marina pulou para 34% das intenções no primeiro turno durante a última semana de agosto, segundo pesquisas realizadas pelo Datafolha. A ex-ministra do Meio Ambiente chegou a ficar tecnicamente empatada com Dilma em primeiro
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Arrumações no tabuleiro político capixaba
No Espírito Santo, os candidatosRenato Casagrande (PSB), Roberto Carlos (PT) e Paulo Hartung (PMDB) representavam os principais candidatos à presidência da República Marina Silva, Dilma Rousseff e Aécio Neves, respectivamente, com palanques estaduais. Às vésperas do prazo final para a formalização de alianças, o PMDB do Espírito Santo decidiu se aliar ao PSDB e garantir um palanque exclusivo para o então candidato à presidência, Aécio Neves. Casagrande garantiu apoio a Marina Silva e tida como uma ameaça para a candidata Dilma Rousseff ainda no primeiro momento das eleições, a ex-senadora chegou a vir à capital capixaba selar apoio à campanha do candidato do PSB. Não obstante sua derrota e a de Marina logo no primeiro turno, Casagrande, no segundo turno decidiu por apoiar Aécio Neves. Assim, sofreu uma terceira derrota seguida no processo eleitoral. Isolado politicamente, o PT teve que apostar em uma candidatura própria e coube ao deputado estadual Roberto Carlos (que seria candidato natural à reeleição) cumprir com o objetivo de garantir palanque a Dilma. Espremido em meio a duas campanhas eleitorais de alta patente e sem apoios partidários (o PDT apesar de coligado com PT, apenas tinha como candidato majoritário João Coser ao senado), o petista ainda obteve 6%
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dos votos. Paulo Hartung foi eleito já em primeiro turno com 53,44% dos votos, contra de 39,34% de Casagrande. Candidatos a governador, Camila Valadão (PSOL) e Mauro Ribeiro (PCB), mesmo sem grande infraestrutura financeira, foram os responsáveis por apresentar e defender os projetos políticos mais à esquerda de seus partidos.
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Da direita radical à esquerda tradicional As eleições de 2014 com certeza foram das mais polêmicas da história. Nada menos que 11 candidatos disputaram a presidência da República. Da direita mais conservadora e radical à esquerda mais tradicional, os candidatos pareciam representar os mais diversos tipos da sociedade brasileira. Dos presidenciáveis coadjuvantes, Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (PSOL) e Levy Fidelix (PRTB) roubaram a cena, seja com Eduardo defendendo pautas mais polêmicas (como a legalização da maconha), Luciana se colocando como candidata defensora dos direitos das “minorias” ou Levy com seu discurso homofóbico.
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Clima de terceiro turno
Bastou o resultado da eleição presidencial para contrários ao atual governo irem às ruas de cidades brasileiras pedir o impeachment da presidente reeleita, Dilma Rousseff. Alguns grupos mais radicais até fizerem o pedido de intervenção militar. Os ânimos estiveram aflorados ao longo dos meses de campanha e a eleição mais disputada dos últimos tempos pareceu não terminar com a apuração dos votos e a oficialização do vencedor. Em São Paulo, o movimento levou às ruas não mais de 2,5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Já em Vitória, com faixas, cartazes e adesivos, cerca de 50 pessoas foram à Avenida Fernando Ferrari no dia 1º de novembro participar do movimento – que era nacional.
Visões contraditórias Pesquisa realizada com os alunos do Centro de Artes mostrou opiniões contraditórias sobre o feminismo e as funções e direitos dos gêneros Jade Drummond, Mallena Arpini e Rodrigo Schereder
Há mais de 50 anos, as mulheres vêm conquistando diversos direitos. A famosa “queima dos sutiãs” do movimento feminista da década de 60, que buscava a liberação das mulheres de uma estrutura de poder sexista, ainda se manifesta de diversas maneiras nos dias atuais. Ao longo desses anos, a luta pelos direitos das mulheres ganhou vários contornos. As mulheres passaram a votar, ingressaram no mercado de trabalho, a pílula anticonceptional trouxe uma maior liberdade sexual, entre outras conquistas. Mas ainda hoje as mulheres sofrem opressão cotidianamente e muitas buscam uma igualdade maior nas relações sociais, no respeito ao corpo, no salário ou na forma como suas atitudes são julgadas certas ou erradas. O movimento feminista hoje possui diversas vertentes, mas que convergem na busca pelos direitos igualitários da mulher. Para entender como essa onda adentra os espaços da Universidade Federal do Espírito Santo, a revista Primeira Mão realizou uma pesquisa quantitativa com o objetivo de identificar como as mulheres e os homens se comportam diante de situações corriqueiras do dia-a-dia, mas que podem dizer muito sobre o que realmente consideram feminismo ou machismo. O universo pesquisado foram os estudantes do Centro de Artes. A escolha se deu pelo interesse em saber como pensam os alunos que o senso comum aponta como o grupo mais liberal da Universidade. Outro motivo foram os recentes casos de machismo envolvendo estudantes do Centro: degradação da imagem de uma aluna por não se enquadrar nos padrões de beleza, vazamento de um
vídeo de sexo e relato de estupro. Entre os dias 14 e 19 de novembro, foram entrevistados 99 estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Audiovisual, Artes Visuais, Artes Plásticas, Desenho Industrial, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Música, totalizando 5% dos universitários do Centro de Artes. A pesquisa entrevistou uma quantidade de homens e mulheres proporcional ao universo do Centro. Eles responderam a um questionário com 15 perguntas relacionadas ao feminismo e às funções e direitos dos gêneros em situações do cotidiano. Algumas perguntas apresentaram resultados expressivos. Quando perguntados se acham que a Ufes é um ambiente machista, 23% das mulheres responderam que sim, 50% responderam “um pouco” e 27% disseram que não. No caso dos homens, o resultado foi um pouco diferente. Mais homens acreditam que a Ufes é um ambiente machista; 31% responderam que sim, 46% responderam “um pouco” e somente 20% disseram que não. Ao todo, conclui-se que 75% dos estudantes do Centro consideram a Ufes machista ou um pouco machista. Já quando questionados se os homens se consideram machistas e se as mulheres se consideram feministas, temos os seguintes resultados: 59% dos homens não se consideram machistas, 41% se consideram um pouco, e nenhum deles se considera totalmente machista. No caso das mulheres, somente 13% se consideram totalmente feministas, 45% delas, um pouco, e 42% não se consideram feministas. Foi colocado em pauta também a importância do movimento femi-
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nista. Dentre os entrevistados que consideram o movimento importante, os homens foram maioria: 64% contra 52% das mulheres. As outras respostas indicaram que 38% das mulheres e 28% dos homens consideram o feminismo um pouco importante, e 10% das mulheres e 8% dos homens não veem importância no movimento. Questões como “Quem deve pagar a conta do restaurante no primeiro encontro?” e “Quem deve pagar a conta do motel?” mostraram resultados parecidos. As respostas se dividiram entre “homens” e “ambos”, com diferença de no máximo 6%. Nas perguntas: “Quem deve pedir o parceiro(a) em namoro / casamento?” e “Na hora de ficar, quem deve tomar a iniciativa?”, a diferença entre as respostas “homens” e “ambos” foi um pouco maior, chegando a 16%. Em nenhuma das quatro perguntas a mulher foi cogitada para assumir essas funções sozinha. Ao serem questionados sobre sexo casual, os homens foram muito mais a favor do que as mulheres, que em sua maioria consideram “aceitável”. Além dessa diferenciação entre as respostas dos homens e das mulheres, é possível observar que todos são mais a favor de homens terem relações sexuais sem compromisso do que mulheres. No total, 44% dos estudantes são a favor de mulheres fazerem sexo casual e 48% são a favor de homens fazerem sexo casual. A única questão que teve uma resposta unânime, tanto para homens quanto para mulheres, foi: “Em caso de estupro, você acha que a mulher tem alguma parcela de culpa?”. Todos responderam que não.
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Um olhar crítico sobre a pesquisa Para a professora de Comunicação Social e coordenadora do grupo Biscates (projeto de extensão que discute a violência contra a mulher e produz material audiovisual), Gabriela Alves, a pesquisa mostrou um resultado contraditório. “Se você olha as respostas como um todo, acha o resultado equilibrado. Mas se parar para analisar, vê muita coisa contraditória”, constata. Muitas mulheres aceitam o sexo casual, mas não aceitam pagar a conta do motel. “Por quê? A mulher não tem prazer também na relação sexual? Não existe problema algum na mulher arcar com os gastos do casal. Por que tem que ser o homem? Por que ninguém cogita que a mulh er pague sozinha?”. Para Gabriela, o resultado geral mostrou que não existe um entendimento claro do que é o feminismo, mesmo que muitos acreditem que o movimento é importante e se identifiquem com alguns valores que ele prega. “Muitos imaginam que o feminismo é o oposto do machismo, e por essa lógica acabam interpretando-o como uma opressão também, o que não é. É justamente um questionamento a uma opressão. O feminismo prega que as relações de gêneros sejam mais igualitárias, do ponto de vista social, financeiro, etc. A proposta é questionar, refletir e reelaborar as práticas machistas”, explica. A professora entende que o machismo do cotidiano muitas vezes não é percebido. “As práticas machistas estão enraizadas culturalmente e são consideradas válidas. As pessoas questionam pouco essas normas de comportamento que estão instituídas socialmente e não compreendem o machismo como uma prática opressora. E, ainda, não percebem o feminismo como uma maneira de a gente repensar e criticar
“Muitos imaginam que o feminismo é o oposto do machismo, e por essa lógica acabam interpretando-o como uma opressão também, o que não é. (...) A proposta é questionar, refletir e reelaborar as práticas machistas.” Gabriela Alves
essas posturas”, constata Gabriela. É esse não-entendimento, na opinião da docente, que gerou um número pequeno de mulheres que se consideram totalmente feministas. Para ela, muitas acham que a feminista não pode se depilar ou se arrumar, porém não entendem que o feminismo não é uma estética, mas sim um questionamento das relações sociais. “Tem gente que compara o feminismo, que é uma luta importante para repensar as relações de gênero, com o nazismo. Não existe, absolutamente, nenhum ponto em comum para que seja feita essa associação ou para que seja criado o apelido ‘feminazi’”. Na opinião de Gabriela, a pergunta que mais mostrou o conservadorismo dos estudantes, principalmente das mulheres, foi sobre
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o sexo casual. A maioria dos homens é a favor e a maioria das mulheres acha aceitável, ou seja, elas condenam essa atitude de alguma forma. “A maneira como essas mulheres se veem é conservadora, de não vivenciar a sua sexualidade e a sua autonomia sexual”, diz. Sobre a unanimidade na resposta de que a mulher não tem nenhuma parcela de culpa em caso do estupro, Gabriela diz que gostaria que as pessoas realmente pensassem assim, mas na prática essa história de não culpar a vítima é diferente. “O recente relato de estupro envolvendo estudantes do Centro de Artes, no qual vários defenderam o homem agressor, mostra claramente que quando isso acontece na prática a posição das pessoas é outra”, conclui.
CORPORA
Uma experiência entre a arte e ciência Veronica Haacke Abordar a ciência e a arte, juntas, nas mesmas obras, compostas por xilogravuras de um fóssil imaginário. Essa é a proposta da artista plástica Mariana Reis na exposição Corpora, que em 14 de outubro, foi aberta na Galeria Homero Massena. Mariana começou a pensar na questão biológica quando ainda estava cursando Artes Visuais e começou a ter interesse na forma e estética anatômica. As xilogravuras (técnica de entalhar uma gravura em madeira, a transformando em uma espécie de carimbo) são resultados de dois desejos da artista: unir suas duas áreas de atuação, medicina veterinária e artes plásticas, e fazer um trabalho que ocupasse a cidade. Antes mesmo de sua obra chegar à galeria, ela ganhou as ruas do centro de Vitória. A intervenção realizada consistia em espalhar as imagens impressas dos animais imaginários que teriam vivido em Vitória,
dando novos significados para lugares abandonados. Tanto para essa intervenção quanto para a criação do fóssil que está na galeria, foi realizado um estudo sobre a fauna da região de Vitória. Na exposição Corpora, a artista aborda apenas um animal. Uma criação realizada através da junção de outros animais. Vários corpos de animais dão origem a um único fóssil. Porém, essa recombinação não é realizada de maneira aleatória. Antes de produzir as obras, ela realizou intensa pesquisa com o auxílio de profissionais como a bióloga Lorena Tereza e o médico veterinário João Luiz Rosi, em um trabalho colaborativo. A exposição, que permaneceu na galeria até o dia 13 de dezembro, contou com oito xilogravuras, duas esculturas e um vídeo que mostra a criatura imaginada por Mariana.
Foto: Veronica Haacke
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A
universidade
em vários
Tons
Mesmo com vários tons de pele circulando na Universidade, a discriminação racial ainda é muito frequente dentro da Ufes. Por Ana De Angeli, Jéfica Teixeira e Patrícia Fernandes Dayana Souza
“Se fosse escolher entre um médico branco ou negro, com o mesmo currículo, a mesma formação, escolheria o branco”. A afirmação do professor do Departamento de Economia da Ufes, Manuel Luis Malaguti, remete ao tempo em que as instituições de ensino superior do Brasil eram monocromáticas: a cor branca era a predominante entre os universitários e os tons pretos sumiam – quase num degradê – na pirâmide da invisibilidade social. As colocações do professor chamaram a atenção de muita gente, quando no dia 3 de novembro, sustentou que a formação cultural de quem tem a pele negra é inferior à de um branco. O episodio aconteceu em uma aula para a turma do segundo período de Ciências Sociais, na disciplina de Introdução à Economia Política, na Ufes. “É uma dificuldade muito grande para você se livrar de conceitos e preconceitos que uma família desprivilegiada, sem acesso à cultura, sem acesso à literatura, sem acesso a outros idiomas e a meios de comunicação mais sofisticados. Obviamente essas famílias terão
mais dificuldades para enfrentar um curso universitário naquilo que ele se propõe”, afrimou o profesor em vídeo gravado pela GVT disponível no portal Gazeta Online. O “caso Malaguti”, como ficou conhecido, abriu parêntese para uma série de questionamentos, entre os quais o papel da universidade na desconstrução do racismo. Para o estudante de Ciências Sociais, Lino Paixão, “a universidade é um espaço de encontro, onde os estudantes têm a oportunidade de construir, desconstruir e reformular pensamentos. E a mentalidade muda por conta dessa variedade de ideias que circulam. Além disso, proporciona o encontro com o engajamento sobre políticas raciais, com as questões do negro, com a brasilidade”. O estudante de Cinema e Áudio Visual, Ronan Freitas, argumenta que o contato com o ambiente universitário foi importante para o seu reconhecimento como negro: “A universidade é um espaço de conscientização, mas ao mesmo tempo, é um ambiente muito branco, elitizado. Este contato, muitas vezes conflituoso, foi essencial para minha
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identificação com a negritude. A universidade contribui, mas não como instituição, mas como local onde ocorrem as vivências e os confrontos”. Além disso, o episódio colocou em evidência o que tem sido denominado de racismo institucional, cuja principal característica é manter ocultos os atos de preconceito racial numa instituição. Segundo um artigo publicado pelo Instituto da Mulher Negra, esta forma de racismo se manifesta por meio de normas, práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do trabalho. O conceito foi definido pelos ativistas do grupo Panteras Negras, em 1967, para especificar como se manifesta o racismo nas estruturas de organização da sociedade e nas instituições. Um relatório produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU), e publicado em 4 setembro deste ano, concluiu que o Brasil não pode ser chamado de democracia racial, por ser caracterizado por um “racismo institucional, em que hierarquias raciais são culturalmente aceitas”. O documento aponta
que a participação dos afrodescendentes na economia nacional é de apenas 20% do PIB, apesar de representarem mais da metade da população do Brasil. O desemprego é 50% maior entre os “afro-brasileiros” do que entre os descendentes de europeus, enquanto a média salarial entre os afrodescendentes é de US$ 466, quase metade dos US$ 860 dos descendentes de europeus. As políticas de reserva de vagas nas universidades foram essenciais para colorir a cultura monocromática da universidade. Além disso, se configurou como um importante elemento para mudar o cenário do racismo institucionalizado. Em 1997, apenas 2,2% de pardos e 1,8% de negros, entre 18 e 24 anos, cursavam ou tinham concluído um curso de graduação no Brasil. Após algumas instituições de ensino superior aderirem a sistemas de cotas, os números começaram a apresentar melhoras. Subiu para 11% a porcentagem de pardos que cursam ou concluíram um curso superior no Brasil; e para 8,8% de negros. Os números são do Ministério da Educação (MEC), em levantamento de 2013. Contudo, ainda é evidente a desigualdade racial dentro das universidades. Segundo análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) feita com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) em 2012, enquanto 66,6% do total de estudantes brancos de 18 a 24 anos frequentavam o ensino superior, 37,4% dos estudantes pretos ou pardos estavam no mesmo nível. A Ufes, por seu vez, adotou o sistema de cotas sociais em 2007. Por meio da medida, 40% das vagas eram reservados para alunos de escolas públicas com renda até sete salários mínimos. Em 2011 foi implementado o sistema que cotas raciais, que destina 50% das vagas para negros, pardos e índios. A professora de Antropologia do Departamento de Ciências Sociais, Andrea Bayerl Mongim, conta o que mudou pra ela com a entrada de alunos cotistas: “para uma aula de Antropologia é ótimo, a discussão fica mais rica. Antes, a gente falava de favela para alunos que nunca estiveram lá e agora que temos alunos dessas regiões a discussão fica muito mais rica, saímos do imaginário.” É inegável que o aumento do número de negros e pardos na Universidade induziu transformações de ordem cultural, pedagógica e psicológica, contribuindo para desconstruir no imaginário coletivo a ideia de supremacia racial branca versus subordinação. Entretanto,
para vários movimentos, é necessária a implementação de outras políticas, além das cotas, para que essa mudança se consolide. As leis 10.639/03 e 11.645/10 pretendem regulamentar o ensino da História e da Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena no sistema educacional Brasileiro. E foi com esse objetivo que surgiu, em 2012, o Coletivo Negrada, que é formado por estudantes, professores e ex-estudantes da Ufes. O Coletivo luta pela implementação das Leis na formação superior e quer também aumentar o debate sobre o racismo na Universidade. No início do ano de 2013, o grupo organizou o primeiro seminário de combate ao racismo, tendo tema “Por uma Universidade antirracista”. Mirt’s Sants, aluna do curso de Letras e membro-fundadora do Coletivo Negrada, disse que o tema incomodou alguns professores e servidores da Ufes. “Muitos acreditavam que aqui dentro não existia racismo e agora tem o caso do Malagutti. Nós, negros, sabemos que existe racismo 24h por dia e todos os dias dentro dessa Universidade, mas o caso serviu para alertar e sensibilizar as pessoas que afirmam não existir o racismo dentro da UFES”, afirma.
Jéfica Teixeira
Manifestação contra o racismo, realizada por estudantes da Ufes em novembro
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Minha República, ELICE SENA
Minha Vida
Com muitos jovens saindo de casa para estudar e começar uma vida longe dos pais, vem a responsabilidade de morar sozinho, ou melhor, acompanhado. As repúblicas, que foram notabilizadas pela bagunça, agora dão exemplo de que podem ser organizadas, funcionais e até bonitas.
Dividir um espaço com uma pessoa diferente de você pode trazer alguns probleminhas na hora da decoração, além de ficar mais difícil organizar as coisas de um jeito que não fique apertado ou bagunçado. Mas saiba que dá para adequar o estilo de todo mundo no cantinho temporário. A aluna do curso de Música, Rayanne Carrara, conta que divide o apê com mais duas meninas com estilos completamente diferentes. “Nós nos damos superbem, mas às vezes é difícil adequar o gosto de todo mundo na casa”, confessou. O apê da Ray tem dois quartos muito pequenos. Ela divide um deles com a Carol,
aluna do Curso de Nutrição. “A nossa casa, na verdade, nem tem decoração. Não temos tempo e muito menos dinheiro; sabe como é vida de estudante, né?”, lamenta. Não é porque uma casa é pequena que não se pode decorá-la com um jeito moderno, leve e bonito. Em ambientes assim, é possível investir em alguns recursos que dão a sensação de amplitude e também optar por um mobiliário compacto, preservando sempre a boa circulação entre as peças. Em consultas a blogs de design de interiores é possível achar muitas dicas. Separamos algumas para você que quer gastar pouco na hora de decorar.
Pintando... A regra é: quanto mais claros os tons usados, maior é a sensação de amplitude. Também vale escolher cores mais frias
Prateleira e organizadores: são o jeito mais fácil de multiplicar sua área disponível. Servem para guardar suas coisas e colocar um objeto especial em evidência
Espelho, espelho meu... O espelho é um artigo curinga na decoração. Para ampliar a percepção da largura do local, fixe grandes espelhos na parede, na horizontal
Bruna Vieira
Organize-se! Já percebeu como cabem muito mais objetos em uma estante quando tudo está em ordem? Perdendo um pouco de tempo com organização, você ganha em espaço extra
Imagens: Pinterest
Use a criatividade! Para quem tem pouco espaço, qualquer cantinho tem valor. O que faz a diferença nessa hora é a criatividade e a capacidade de improvisar
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Divulgação
Fuja do sedentarismo
Hyasmin Nascimento A busca pelo corpo perfeito virou uma obsessão. A mídia, e a própria sociedade, nos impõe padrões de beleza o tempo inteiro. No entanto, os padrões de beleza são mutáveis, é só dar uma olhada no passado. O que era belo em outras épocas não se considera belo nos dias de hoje e o belo de hoje também não será o belo de amanhã. Por isso, a prática de exercícios deve estar em primeiro lugar ligada à questão principal: a nossa saúde. A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) oferece serviço de academia em horários variados. O Núcleo de Pesquisa e Extensão em Ciências do Movimento Corporal (Nupem) atualmente possui programa de extensão registrado na PROEX/UFES que oferece serviços de avaliação cardiológica e aptidão física, bem como práticas corporais de condicionamento aeróbico e muscular. Segundo o coordenador do Nupem, André Leopoldo a academia oferece duas modalidades: a ginástica e a musculação. Na musculação são oferecidos quatro tipos de treinos que são prescritos aos alunos da academia: adaptação, hipertrofia, força e resistência muscular. Com capacidade para 200 frequentadores, a academia atende aos servidores, alunos e comunidade, porém a maioria dos matriculados são alunos da universidade. Além de oferecer muitas vantagens à mensalidade é barata, no valor de R$: 30,00 mensais. A matrícula é obrigatoriamente realizada na secretaria do Nupem, de forma presencial, para saber quando as vagas estão abertas, fique atendo aos cartazes que são afixados nos Centros da UFES, além da divulgação por meio de redes sociais do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) e Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci).
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Anualmente, a Nupem disponibiliza vagas gratuitas que são distribuídas através de sorteios, para alunos da Educação Física, para estudantes cadastrados na Proaeci e mantém, também, uma lista de espera. Antes do início dos exercícios, o aluno passa por uma avaliação física e médica e durante a prática de exercícios tem acompanhamento de um profissional da Educação Física para auxílio nos exercícios. “Os principais benefícios da prática de atividade física estão relacionados com a saúde, tais como: melhora do perfil lipídico e glicêmico, bem como elevação do condicionamento cardiorrespiratório. A prática de atividade física também proporciona alguns benefícios auxiliares, entre eles: melhora do estado psicológico associado às sensações de bem-estar, redução da ansiedade e depressão. Além disso, auxilia no combate a diversas morbidades: obesidade, hipertensão, diabetes e dislipidemias”, pontuou o coordenador André Leopoldo. Fique sempre atento com a saúde. Saúde não é ausência de doença é bem estar físico, psíquico e social.
Grandes eventos do ES vão ficar só na saudade
Luíza Mayra e Rhaissa Afonso Os micareteiros de plantão terão de viajar para a Bahia no próximo ano, caso queiram curtir o maior evento de música: o Planeta Guarapa, antes realizado no Espirito Santo O Planeta Guarapa, antes sediado na cidade de Guarapari, terá sua edição de 2015 realizada em Porto Seguro, cidade famosa por suas praias e atrações durante o verão. Fundado em 2010, o evento surgiu durante o Congresso Nacional dos Estudantes de Comunicação, Ciências Contábeis, Administração, Direito e Economia (Conecades), que reúne milhares de jovens de todo o Brasil para três dias de palestras, eventos e muita festa. De acordo com o idealizador do evento, Victor Baião, a iniciativa de mudar o local do evento se deu devido à proporção que o festival ganhou. “O Planeta já tem 12 anos de história e a cidade
de Porto Seguro tem uma infraestrutura melhor e um complexo hoteleiro maior para acolher os nossos clientes”, afirmou Baião. O evento, que agora passa a se chamar Planeta Porto, muda de lugar, mas não de qualidade. De acordo com a organização, o festivalcontará com a “Vila Vem”, complexo hoteleiro formado por 10 vilas, que terá uma capacidade de hospedagem para 3.500 pessoas. As vilas serão compostas por pequenos flats, equipados com cozinhas, salas e suítes completas. Quanto à fidelidade do
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público, Victor acredita que haverá uma renovação natural por se tratar de um outro local. “O público fiel continua sendo os universitários, mas acreditamos que haverá uma alteração normal, dentro do esperado, pois em Guarapari tínhamos a força da Grande Vitória, que, por ser bem próxima da cidade, facilitava a ida ao evento.Com a alteração temos o objetivo de crescer ainda mais a ideia de viagem para o festival, e com isso,tornálode nível nacional”, declarou. “A mudança foi ótima. Como já fui a Porto Seguro, sei o que a cidade pode oferecer a um evento como este, de universitários. Eu espero que não mude muita coisa do que já vem sendo feito, muitas festas. Acho que o evento vai aumentar de tamanho, ou seja, mais congressistas vão no ano que vem. Porto Seguro é uma cidade que tem muito mais a proporcionar do que Guarapari, principalmente no quesito de hotéis e pousadas, e issoacrescenta muito”, disse o estudante de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Hafelli Rezende, frequentador do evento há 3três anos. O novo Planeta Porto será entre os dias 18 e 20 de abril de 2015. Dentre as atrações já confirmadas, está a banda O Rappa.
Este não é o único evento a deixar o Estado. Grandes produções como o Espírito Elétrico, Vitória Folia e o extinto Vital são exemplos de festivais que fizeram sucesso, e atraíram um grande público, mas que hoje são apenas lembranças. Uma explicação para isso, segundo o produtor de eventos, Cícero Ribeiro, responsável por trazer para o Estado grandes nomes como Ivete Sangaloe o cantor Thiaguinho, seria uma renovação natural. “Os famosos eventos estão sendo substituídos por outros novos, isso é normal. No show bussines, assim como em qualquer outro setor, a renovação é importante. Mesmo que sejam os mesmos artistas é importante que mude os formatos de suas festas e apresentações”. E o Estado vem inovando. Um exemplo disso foi o inesperado show do ex Beattle Paul Mccartney, na cidade de Cariacica, no último dia 10 de novembro (Confira mais informações sobre este assunto nas páginas 4 e 5) E a programação de eventos internacionais não pretende parar por ai. Com o sucesso advindo do show do Paul McCartney, outros nomes importantes da música internacional já estão sendo cogitados para agitar o Espírito Santo no ano de 2015, dentre eles está a banda de rock inglesa, Rolling Stones.
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A narrativa dos games Os jogos também contam estórias e despertam o interesse dos pesquisadores
Johanna Honorato
A construção de narrativas é parte fundamental na transmissão de uma ideia ou pensamento para seu público-alvo. Obras que fazem parte de grandes áreas de estudo da cultura, como o cinema, música e literatura se estruturam em torno de uma base narrativa idealizada por seus autores e podem ser exploradas e analisadas conforme o desencadeamento da história que apresentam. Entretanto, restringir os estudos a esses campos mais tradicionais pode deixar de fora potenciais objetos de pesquisa que, na atualidade, já atingem boa parte da população mundial: é o caso do games digitais. Numa primeira impressão, o game studies (ludologia, no português) pode não parecer apropriado ao desenvolvimento de teorias: geralmente, os jogos digitais estão associados a momentos de descontração, quando você se desliga do mundo real para se perder na fantasia de um produto construído apenas para o lazer. Porém, o que muitos não veem é a carga de conteúdo e significado que até mesmo os jogos mais simples graficamente podem proporcionar ao jogador.
PRESS START Apesar de parecer uma área nova e pouco explorada, o estudo do jogo (não necessariamente videogames) é desenvolvido desde a década de 1930. No livro Homo Ludens, do holandês Johan Huizinga, definia a atividade lúdica como uma prática humana básica que ajuda a definir a sua cultura. Brincadeiras e jogos surgem sempre adaptados ao tempo e à sociedade, como os famosos jogos de tabuleiro Monopoly e Scrabble. Em 1970, começaram a surgir os primeiros consoles de videogame e respectivos jogos bem básicos, como o aparelho Magnavox Odyssey e seus jogos de ping-pong, tênis de mesa e outros esportes. É na década de 1980 que a criação da narrativa dos jogos começa a se desenvolver, ainda que de forma a acompanhar a tecnologia da época, com a inserção de elementos artísticos como músicas, cutscenes e uma história mais complexa, na qual o personagem passa a ter objetivos e motivação para realizar as ações. O jogo “Donkey Kong” (1981) desenvolvido pela Nintendo é o primeiro a apresentar uma proposta narrativa: o gorila rapta uma princesa e o personagem principal precisa salvá-la enquanto desvia dos barris que são jogados contra ele. Apesar de parecer simples, a ideia da estruturação de uma narrativa em jogos é uma verdadeira batalha entre duas correntes: os narrativistas e os ludologistas. Os primeiros defendem que os estudos de games devem tomar como base a narrativa que o jogo traz, enquanto que para os ludologistas a análise colocaria a narrativa em segundo plano e elencaria como mais importantes as características dos games: plataforma utilizada, interação com o jogador, entre outras.
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“Donkey Kong (1981), por Nintendo
CHOOSE YOUR STORY É inegável que os games incorporaram, e ainda incorporam, aspectos da pintura, literatura, música, cinema e da arte em geral, enquanto utilizam tecnologias disponíveis para atingir seus propósitos. O visual, enredo, trilha sonora e jogabilidade buscam cada vez mais imitar a realidade, como no caso do “Assassin’s Creed Unity”, no qual os desenvolvedores recriaram a cidade de Paris de forma inteiramente digital, permitindo que o jogador explore e entre em cada prédio. A ideia de narrativa também não fica fora disso e os jogos estruturaram histórias com passagens de tempos, cutscenes, imersão do
jogador e a trama em si. A diferença entre eles e os outros produtos midiáticos, como filmes e livros, seria a maior participação do jogador no game, que depende dessa relação para que o desenrolar da história possa ser possível. Dentro do universo de games, a narrativa pode tomar dois caminhos principais: o Jogo Narrativo, no qual os elementos narrativos são subordinados às ações do jogador, com regras claras de vitória e derrota (ex: GTA, Saints Row e Infamous); e a História Jogável, na qual as interações com o mundo do jogo são definidas pelas escolhas do jogador durante o gameplay (ex: The Walking Dead Game, Stanley Parable e o clássico Façade). Esses conceitos foram criados pela estudiosa Marie-Laure Ryan e são os primeiros passos para uma compreensão sobre como criar uma narrativa dentro de um objeto tão complexo.
Paris no jogo “Assassin’s Creed Unity”, por Ubisoft Montreal
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PLAYERS Acadêmicos e pesquisadores de várias partes do mundo se voltaram para essa área e um acervo de publicações vem sendo construído. O site gamestudies.org é um periódico digital internacional de games para computador que publica em suas edições artigos científicos e é referência na comunidade acadêmica. No Canadá, o Núcleo de Pesquisa GRAND (Graphics, Animation and New Media) tem como uma de suas linhas de pesquisa o GamSim - Games and Interactive Simulations - que busca compreender os games pelo desenvolvimento tecnológico, educação e aplicações. A brasileira Sâmia Pedraça, mestranda em Humanidades Digitais pela Universidade de Alberta, no Canadá, iniciou seu projeto de mestrado em 2013 e tomou como objeto de pesquisa a trilogia Mass Effect. Desenvolvido pela BioWare, o jogo é um RPG eletrônico no qual o jogador assume o controle de um comandante espacial chamado Shepard, que realiza missões de exploração na galáxia. A tese de Sâmia busca analisar como o jogo estrutura sua narrativa com o desenrolar da história, e qual a relação que o jogador tem ao participar disso; busca entender quais os
Comandante Shepard (Mass Effect 3), por BioWare
ideais que o jogo transmite e como isso perpassa a linha narrativa desenhada por seus desenvolvedores. Para isso, ela analisa as Quests de Lealdade - missões nas quais você pode ou não ganhar a confiança de outros personagens, que, futuramente, poderão ser úteis em sua jornada. Temas como política, ética e relacionamento social são abordados em forma de diálogos, que têm influência na trama e no próprio jogador. Entretanto, a possibilidade de análise não se restringe ao âmbito da linguagem e da narrativa. Tomando o Mass Effect como um tipo de “simulação social”, Sâmia coloca outras questões, que não fazem parte da sua pesquisa atual, mas que podem dar luz a outros estudos, como a influência da narrativa na vida real dos jogadores. Como o jogador se posiciona diante de certas situações na “vida virtual” e suas diferenças ou semelhanças “com a vida real”? O que ele sente ao estar diante do que é proposto ali? A imersão leva em conta toda a carga cultural do indivíduo?, indaga.
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Brothers: A Tale of Two Sons Dois irmãos saem em busca de uma cura para seu pai e superam juntos uma série de obstáculos em seus caminhos em direção à Árvore da Vida. Com um belo visual e uma história nada infantil, o jogo é marcado pelo fato de os dois personagens serem controlados simultaneamente pelo jogador: um co-op “sozinho”. A progressão do jogo é linear e a história, infelizmente, possui um único final. :(
Child of Light No ano de 1895, a jovem princesa Aurora da Áustria acorda no mundo mágico e fantástico de Lemuria, no qual tem que lutar com monstros e interagir com outros personagens na tentativa de recuperar o sol, a lua e as estrelas. Em um clássico RPG em turnos, Aurora ganha companheiros que a ajudam em suas batalhas, além da presença de seu melhor amigo Igniculus. Todas as falas e narrativas são escritas em forma de poesia e o traço dos cenários e personagens é ponto forte.
Never Alone (Kisima Ingitchuna) Este game conta a história de Nuna, uma pequena menina Iñupiat, e sua raposa do Ártico Fox, que saem em busca da origem de uma terrível tempestade de neve que ameça sua aldeia. Primeiro game desenvolvido com colaboração do povo Iñupiat, nativo do Alasca. No estilo puzzle-plataforma, você se aventura pelos ambientes enquanto tudo é narrado por um mestre contador de histórias, na linguagem nativa Iñupiat.
Neverending Nightmares Este jogo de horror com traço a mão coloca o jogador na posição de um personagem que acorda eternamente dentro de pesadelos, sendo inspirado no transtorno obssessivocompulsivo e na depressão que o criador sentia na época. Em setembro de 2013, uma campanha do Kickstarter conseguiu angariar fundos para o desenvolvimento do jogo.
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as
Foto: Gustavo Ferreira
VAGAS DEVOLVIDAS Comissão do MEC aprova cursos de Jornalismo e Publicidade da Ufes. Vestibular pode ser autorizado a qualquer momento Gustavo Ferreira Rodrigo Schereder
Aprovados pela comissão do Inep/MEC, os cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda da Ufes poderão voltar em breve a realizar vestibular. Após visitas de avaliação in loco realizadas nos cursos de jornalismo - 26 a 29 de novembro-, e no de Publicidade - 11 a 13 de dezembro-, os cursos obtiveram nota 4 - “muito bom” - numa escala que vai até 5. Agora, a Ufes aguardada a publicação de portaria ministro da Educação reabrindo as vagas para seleção e ingresso de novos alunos. Ainda não há data prevista para publicação da autorização. Técnicos da Ufes estimam que pode demorara até três meses. A Ufes estuda a possibilidade de abrir uma seleção especial no meio do ano de 2015. Em dezembro de 2013, a Ufes teve que fechar as vagas dos dois cursos, o de jornalismo com 38 anos de existência e o de Publicidade com 35. O fechamento aconteceu após a divulgação do Conceito Preliminar de Cursos (CPC) de 2012, estabelecido por meio de avaliação realizada pelo Ministério da Educação. O CPC é um indicador prévio da situação
dos cursos de graduação no país. A avaliação leva em conta o desempenho de estudantes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), com peso de 70%, além de infraestrutura e instalações, recursos didático-pedagógicos e corpo docente dos cursos das universidades e faculdades. O vestibular para as duas habilitações foi suspenso porque além de terem ficado no patamar insatisfatório, ainda apresentaram conceitos em declínio em duas avaliação seguidas. O CPC de Jornalismo em 2009 foi 1,498, caindo para 1,460 em 2012 (conceito 2); e o de Publicidade foi de 1,636, caindo para 1,371 (conceito 2). A escala varia de 1 a 5, e para o MEC é insatisfatório o curso com conceito abaixo de 3. Há um ano, o cancelamento do vestibular mudou completamente as expectativas dos estudantes. Depois do fechamento das vagas, os alunos que optaram por Jornalismo ou Publicidade tiveram que escolher outro curso no processo seletivo para ingresso em 2014. Caso não optassem por isso, poderiam solicitar a devolução da taxa de inscrição no
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valor de R$ 60,00. Letícia Miranda, 19, está no primeiro período de Cinema e Audiovisual da Ufes, mas se preparou durante todo o ano de 2013 para cursar Jornalismo. “Estudei bastante, participei de aulas extras e segui planos de estudos. Escolhi o curso no segundo ano, pesquisando sobre o que me interessava, e Jornalismo me chamou mais atenção na época, pela afinidade com histórias e pessoas”, disse. Ela soube através de um amigo que também prestaria vestibular para Jornalismo que a habilitação tinha sido cancelada e que eles poderiam optar por outro curso. Além de estudar Cinema e Audiovisual, Letícia está no segundo período de Jornalismo em uma faculdade particular, mas não descarta a vontade de se formar neste curso na Ufes, e ainda aguarda a reabertura das vagas. Já Isabella Bellumat, 19, havia decidido fazer Jornalismo desde o primeiro ano do ensino médio. Ela se preparou por três anos para a prova e ficou chocada ao saber do cancelamento. “Nunca quis fazer a graduação numa instituição privada. Eu já
estudava naquela época em escola particular e não queria gerar mais gastos aos meus pais, além de ser meu sonho passar na Ufes”. Aconselhada pela tia, optou por prestar vestibular para outro curso, pois poderia, depois de passar, fazer reopção para outra graduação. Isabela escolheu Ciências Sociais por achar mais próximo ideologicamente. Sabendo da possibilidade de abertura de escopo no curso de Comunicação, faz três matérias de Jornalismo e outras cinco em CSO. Mesmo gostando do curso em que está, ela sonha em trabalhar numa redação jornalística, e vai continuar fazendo as matérias do curso. O professor e coordenador Colegiado do Curso de Comunicação Social, Rafael Paes, diz que a expectativa é de que imediatamente após as visitas de avaliação in loco dos cursos, a autorização para a realização do vestibular seja liberada. Durante as visitas de avaliação, dois professores especialistas na área de Jornalismo e dois professores da área de Publicidade e Propaganda, enviados pelo Ministério da Educação conferiram as instalações da Universidade, analisaram aspectos pedagógicos da graduação, verificaram a qualidade do corpo docente, além de terem se reunido com os dirigentes da Ufes, com a coordenação do curso, com os professores, e de terem ouvido os alunos. O coordenador dos cursos, Rafael Paes afirma que não faz sentido a suspensão do vestibular para os cursos, pois ficou demonstrado que têm plenas condições de funcionamento. Outro fato que comprova as boas condições dos cursos foi a aprovação do funcionamento do mestrado de Comunicação no mesmo mês em que a graduação perdia a sua autonomia. De acordo com o coordenador, os mais prejudicados nisso tudo foram os vestibulandos. “Para quem acredita na educação pública de qualidade, foi bem difícil lidar com essa situação, na qual os alunos do Espírito Santo precisaram desistir desses cursos ou procurar outra instituição”, lamentou.
Isabella se preparou três anos e ficou chocada com a suspensão do curso de Jornalismo
Estudantes avaliarão boicote ao Enade O boicote ao Enade realizado
estrutura da universidade, estrutu-
pelos estudantes foi a principal ra-
ra de curso (câmeras, laboratórios,
zão dos conceitos baixos obtidos
equipamentos, etc), além de assis-
pelos cursos de Jornalismo e de Pu-
tência estudantil, livros na biblio-
blicidade. O boicote é decidido em
teca, projetos de pesquisa e exten-
Assembleia Geral, convocada pelos
são”, disse.
representantes do Centro Acadêmi-
Em 2015 o curso de Comunica-
co de Comunicação Social (Cacos).
ção Social realiza a prova do Ena-
A última assembleia, dedicada a de-
de novamente. Questionada se o
cidir sobre o boicote, foi realizada
Centro Acadêmico de Comunicação
em 2012. Recém formado em Jorna-
(Cacos) irá optar pelo boicote, a
lismo pela Ufes, Ricardo Aiolfi, 25,
estudante Jéfica Teixeira, 21, atual
atuou como conselheiro da gestão
diretora de Comunicação da ges-
de 2012 do Cacos, e conta que boico-
tão do Cacos, diz que o tema será
tou a prova por não concordar com o
debatido com os alunos, mas que a
método de avaliação do exame, que,
atitude deve ser evitada. “O Cacos
para ele, desconsidera as característi-
promoverá espaços de discussão
cas regionais do curso.
sobre a prova do Enade, explicando
“Uma avaliação de verdade,
melhor o que é o exame, com pon-
deve ser a visita constante do MEC
tos de vista diferentes para que os
às universidades, avaliando corpo
estudantes possam formar sua opi-
docente, em número e formação,
nião sobre o assunto”, frisou ela.
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Enfim,férias Após as adaptações no calendário acadêmico ocorridas devida a uma greve de professores em 2012, alunos da Ufes, finalmente, voltarão a ter o tempo de férias regular, com quase três meses de recesso, o que levou muitos estudantes ao questionamento: o que fazer com tanto tempo fora da rotina universitária? Texto e imagens: Tasso Gasparini A greve nas universidades federais, que se deu em 2012, foi uma das mais longas paralisações já realizadas, estendendo-se por quase quatro meses e obtendo adesão de dezenas de instituições brasileiras. Após o término da greve, os calendários acadêmicos das instituições participantes precisaram passar por reformulações, a fim de compensar os dias letivos suspensos. Somente no segundo semestre de 2014 essas instituições conseguiram retornar à periodização regular, dando aos estudantes a oportunidade de vivenciarem os tão esperados três meses de férias, período longo para quem se acostumou com os recessos de um mês durante a adaptação do calendário. O período letivo de 2014 terminou no dia 15 de dezembro, e o retorno às aulas em 2015 ocorre apenas no dia 02 de março, totalizando 76 dias de recesso. Essa é uma quantidade de dias maior do que a média em instituições de ensino fundamental e médio no Brasil. Além de descansar, muitos alunos optam por procurar atividades para serem desenvolvidas nesse intervalo de tempo. Para os aventureiros Para muitos, a primeira opção para o recesso são as viagens. O período livre de compromissos parece ideal para sair e conhecer novos lugares e entrar
em contato com novas culturas. Mas quem não se programou para uma grande viagem, pode aproveitar para curtir os vários encantos do Espírito Santo. O Trem das Montanhas capixabas é uma opção para aqueles que buscam o charme das montanhas: o passeio tem início na cidade de Viana, passando por Domingos Martins, Marechal Floriano e o distrito de Araguaia. O trajeto de 46 quilômetros pela estrada de ferro que as duas duas cidades é interrompido por paradas em estacões de lugarejos agradáveis, onde é possível comprar doces e artesanatos típicos. Quem deseja aproveitar o tempo livre para curtir o verão, tem nas praias capixabas uma boa pedida. A Praia da Costa e a Praia de Itapoã oferecem os prazeres do mar sem que seja preciso se afastar do centro urbano. Mas, para quem está disposto a pegar a estrada, a Praia de Setiba, em Guarapari oferece, em diferentes pontos, piscinas naturais e fortes ondas que atraem surfistas de todo o Brasil. Para quem busca agito, a Praia da Bacutia, também em Guarapari, conta com uma programação de festas e eventos que vai de janeiro a fevereiro. Para quem quer relaxar Se o seu objetivo é utilizar o tempo livre para buscar paz interior e autoconhecimento, uma visita ao Mosteiro Zen Morro da Vargem Zenkoji
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é imprescindível. Fundado em 1974, foi o primeiro mosteiro budista da América Latina, misturando a vivencia zen-budista com projetos de conservação da Mata Atlântica. Atualmente, ele abre para visitações aos domingos, das 8h às 13h, além de oferecer retiros para quem deseja experimentar por completo a rotina dos monges. Contudo, vale avisar que o Mosteiro fica fechado para visitação de 15 de dezembro a 17 de janeiro. Os parques da Grande Vitória são a alternativa para os que desejam entrar em contato com a natureza sem precisar ir muito longe da capital. O Parque Botânico da Vale tem uma área de 33 hectares, com mais de 140 espécies de árvores preservadas. Ainda é possível aproveitar a visita ao parque e fazer um tour pela Vale. O parque também é palco dos mais diversos eventos culturais nos finais de semana. Outra opção é dar um passeio pelo centro histórico de Vitória, que abriga alguns dos mais conhecidos pontos turísticos de Vitória, como a Catedral Metropolitana e o Palácio Anchieta. Apesar de fazerem parte da rotina do povo capixaba, nem sempre esses lugares são devidamente apreciados, graças à correria do dia-a-dia. Revisitar os locais do ES que passam despercebidos durante o ano pode ser uma boa opção para aqueles que procuram novas vivências sem precisar ir longe.
Serviço
Para quem curte ficar em casa Muita gente vai aproveitar o período sem aulas para tocar projetos pessoais ou acertar todas aquelas coisas que ficaram acumuladas durante os últimos anos. Desde redecorar a casa a ficar em dia com suas séries favoritas, o recesso é uma ótima oportunidade para colocar em primeiro plano tudo aquilo que foi preciso abrir mão devido à correria do ano letivo. Dar uma boa faxina na casa é uma ótima opção para descobrir os gargalos que ficaram do último semestre e resolvê-los antes que eles passem a influenciar o próximo. As famosas “to-do lists” ajudam a não se perder na organização durante as férias, o que é essencial para quem decidiu usar o tempo livre para colocar projetos antigos em prática. Outra opção é utilizar o tempo livre para aprender coisas novas, ou aprimorar o que já sabe. Sites como o Coursera (www.coursera.org) oferecem diversas opções de cursos a distância gratuitos. Os cursos são elaborados por diversas instituições de ensino pelo mundo e as aulas podem ser visualizadas de acordo com as preferências do aluno. Ao final das atividades é ofertado um certificado de participação. Para os que preferem aulas presenciais, o Centro de Referência da Juventude oferece cursos e oficinas culturais em diversos bairros.
Praia de Setiba 12km ao norte do centro de Guarapari, com acesso pela Rodovia do Sol.
Separamos a localização dos lugares que citamos, para você não ter desculpa para não visitá-los.
Praia da Bacutia Rodovia do Sol, em Nova Guarapari, a 7km ao sul do centro de Guarapari.
Mosteiro Zen Morro da Vargem Rodovia BR-101, km 217 - Ibiraçu/ES. Parque da Vale Avenida dos Expedicionários - Jardim Camburi, Carapina, Vitória - ES.
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Praia da Sereia Rua Gastão Roubach, 360 - Praia da Costa, Vila Velha/ES.
organizar a mente para tirar o melhor proveito das férias? Criar um calendário estipulando metas e prazos bem definidos para o período pode ser um instrumento eficaz para a otimização do tempo durante o recesso. É importante manter a disciplina durante as férias e não ir postergando as atividades planejadas.
ENTREVISTA:
Como aproveitar o melhor das fÈrias?
Nossa equipe procurou a Psicóloga Thais Medella, que deu dicas de como fazer com que as férias sejam o mais proveitosas possível para a mente e o bemestar dos estudantes. Qual a importância do período de recesso para o estudante? A rotina é fundamental na vida do sujeito, mas se ela ocorre de forma longa e ininterrupta pode gerar um desgaste e levar à pessoa ao estresse. O recesso é importante para reequilibrar as energias despendidas durante o período/processo de produção.
A vontade de tocar novas atividades nas férias se mistura com o cansaço decorrente do ano. Como você acha que as pessoas podem equilibrar essas questões? Administrando o tempo de forma a dividi-lo entre o descanso e a iniciativa para novas atividades pode dar à pessoa, no fim de seu recesso, a sensação de um bom proveito das férias e contribuir para que ele retorne para as atividades com mais energia e entusiasmo. É importante reservar um tempo para desenvolver planos e atividades pessoais? Sem dúvida as férias são um período importante para realizações de planos e desejos que não podem ser efetivados por falta de oportunidade e tempo.
O que você planeja fazer nesses 76 dias de férias? “Eu pretendo tirar o atraso na leitura e trabalhar nuns jogos de tabuleiro que estou desenvolvendo, fazer umas fases de testes e complementar o que for preciso” (Willian Lopes, estudante de Ciência da Computação)
“Aproveitei uma promoção e vou fazer uma viagem de alguns dias para o Rio. Espero também assistir a alguns filmes e colocar as séries que acompanho em dia” (Nelson Aloysio, estudante de Jornalismo)
“Eu vou ler feito um doido todas as pilhas de livros que tenho me esperando Também quero me dedicar mais à academia para melhorar os resultados da musculação e assistir a vários filmes. Se eu conseguir, também ficarei muito feliz em não aparecer no Facebook nesses dias” (Raphael Almeida, estudante de Psicologia)
Qual seria uma boa forma de
“Dormir. Mas também preciso arrumar o meu quarto, e queria ir ao Yahoo antes de ele ser fechado. Além disso, eu pretendo saber o que é uma timpanoescamosa, limpar meu notebook, ir à praia e dormir mais um pouco” (João Vitor Conceição, estudante de Odontologia)
“Eu quero aproveitar para andar mais de bicicleta no calçadão de Camburi, ler livros de entretenimento e colocar os seriados e filmes em dia” (Cristiane Freitas, estudante de Biblioteconomia)
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Histórias Clássicas ganham ação e aventura em uma nova versão Elice Sena
As histórias que marcaram a infância de muitos estão tomando novos rumos, mas sem perderem sua essência
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Em “Alice no país das maravilhas”, o diretor Tim Burton trouxe uma estética comum em seus filmes, que apresentam elementos macabros repaginados com feições simpáticas para o universo lúdico e complexo da obra de Lewis Carroll. Burton construiu um filme de sucesso, que ultrapassou a casa de US$ 1 bilhão de dólares em bilheteria e venceu dois Oscar: direção de arte e figurino. E quem diria que a personagem principal de um conto de fadas seria a vilã? “Malévola” é uma obra de 1812 dos Irmãos Grimm, originalmente “Bela Adormecida”. A história é narrada a partir do ponto de vista de Malévola, a bruxa que enfeitiça a princesa por meio de uma roca envenenada. “Malévola” também mostra o outro lado de uma bruxa, e mostra que os maus também têm sentimentos. Nem mesmo uma das mais conhecidas histórias da Bíblia escapou das super produções americanas. A história da arca de Noé também ganhou uma repaginada.
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O QUE VEM POR AÍ - A releitura da vez é Cinderella. A gata borralheira que se transforma da noite pro dia ganha mais uma história diferente, já que a jovem foge um pouco dos padrões de princesas da Disney, andando de cavalo pela floresta; lugar que, até então, apenas os príncipes ocupavam. O filme estreia em março do ano que vem.
Fotos: Reprodução
las foram preservadas durante tantos anos que chegaram até nós. As histórias clássicas sobrevivem até hoje e são perpetuadas nos filmes. Só que de uma maneira não tão convencional. Histórias como a de “João e Maria”, “Branca de Neve” e “Cinderela”, dos Irmãos Grimm, ganharam uma adaptação: deixam de lado suas características de conto de fadas e adicionam mais ação e aventura, onde os humanos dão vida às personagens das fábulas infantis (live action). A história original da mocinha que morde a maçã envenenada por sua madrasta, é desmanchada no filme “Branca de Neve e O caçador”. O filme de 2012 revelou uma Branca de Neve que luta e usa armaduras, distinta da delicada mulher que busca refúgios entre os anões para depois ser beijada por um jovem salvador. O filme contém cenas de batalhas e perseguições, deixando para trás o lado encantador de Branca de Neve.
Rafael Darrouy
BIKEBOYS NO ES VIL RANGEL Um sonho se tornando real. É assim que o sócio-proprietário da Pedivela, Rafael Darrouy, define o surgimento de sua empresa. “A ideia surgiu do meu sonho de colocar mais bicicletas nas ruas das cidades brasileiras, por meio da oferta de um serviço barato, ágil e não poluente.”, explica Rafael. A Pedivela é uma empresa que realiza entregas de produtos de diversos segmentos utilizando apenas bicicletas como meio de locomoção. Há três meses, ela é pioneira no ramo no Espírito Santo, atendendo alguns bairros da Grande Vitória. De acordo com Rafael, que além de sócio-proprietário também realiza entregas, as maiores dificuldades encontradas são a falta de padronização na numeração dos imóveis e a agressividade dos motoristas, que reclamam da ocupação do espaço deles pelos ciclistas. Os motociclistas, ao contrário, têm sido gentis. Outro fator positivo para os ciclistas é a melhoria de parte das ciclovias da região, mas boa parte é precária ou inexistentes em alguns trechos. A empresa conta com oito pessoas, entre sócios, funcionários, gestores, colaboradores e entregadores, que atendem aproximadamente 10 pontos por dia, com bicicletas próprias e de funcionários e colaboradores. Seguindo a ideologia de Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz de 2006, conhecido como “o banqueiro dos pobres” e considerado o gran-
de mentor do microcrédito destinado aos desfavorecidos de Bangladesh, a Pedivela tem o objetivo social, ou seja, a empresa é projetada para contribuir com a qualidade do ar das cidades e sua humanização. Ainda assim, Rafael diz que o retorno financeiro é satisfatório. O nome Pedivela é inspirado em uma peça da bicicleta. “Achamos que o nome era forte e impactante, por isso a escolha.” conta Rafael, que também já projeta o crescimento da empresa: “o próximo passo é expandir para toda a Grande Vitória e, posteriormente, para outros estados da federação.”. A empresa tem cinco clientes fixos em seu cadastro e divulgou recentemente a oportunidade de franquia, na qual 37 pessoas pelo Brasil afora sinalizaram interesse. Um dos cinco clientes que utilizam de forma contínua os serviços da Pedivela é a Real Café, empresa presente no estado há mais de 40 anos. “Ficamos sabendo da Pedivela através de uma matéria exibida na televisão e também por meio de um amigo que me falou sobre ela”, conta Bruno Giestas, diretor comercial e de marketing da empresa. Bruno explica que a Real Café leva uma determinada quantidade de produtos até a sede da Pedivela e a distribuição é feita a partir de lá. Ele também fala sobre o custo-benefício do serviço: “fica mais caro, só que o efeito não é o mesmo. A ideia é ter um retorno sustentável”.
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“Selfie” da turma do 6º período de Jornalismo da Ufes 39
40 Criação do anúncio: Jéfica Teixeira . Fotografia: Gustavo Ferreira . Modelo: Elice Sena