JORNAL DA BATALHA EDIÇÃO DE OUTUBRO 2014

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‘Ladra dos funerais” apanhada quando assaltava casa na vila

Centro da Rebolaria nasceu do teatro e mantém contínuos

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Mestre José Madeira já tem sucessor na arte da cantaria

Batalha

| DIRETOR: Carlos Ferreira | Preço 1 euro | e-mail: info@jornaldabatalha.pt | www.jornaldabatalha.pt | MENSÁRIO Ano XXV nº 291 | Outubro de 2014 | PORTE PAGO

Foto: Luís Filipe Coito

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Presidente da câmara faz o balanço do primeiro ano de mandato

“Não há nenhuma boa razão para manter o trânsito à frente do mosteiro” Preço da água aumenta no próximo ano l Câmara reconhece erro e recua no estacionamento pago l

Novos lares previstos para a vila e São Mamede l PDM privilegia empresas e corta nas zonas urbanizáveis l

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Opinião Espaço Público

outubro 2014

Jornal da Batalha

_ Editorial

Baú da Memória Altares e Retábulos da Batalha Dos preciosos altares e retábulos do Mosteiro e doutros templos batalhenses restam-nos cinco: o da sacristia conventual, que reproduzo, o da Igreja Matriz que era do Mosteiro, da Capela de São Miguel ou dos Sousas, e que substituiu o primitivo da paroquial, o da Igreja da Misericórdia, de madeira policromada, de que se faz referência na obra do Professor Doutor Francisco Lameira “Retábulos das Misericórdias Portuguesas”, o seiscentista de pedra calcária do altar da Santíssima Trindade, na Igreja

Matriz, e o da Paixão do Senhor da Capela de Santo Antão. Será tarefa, a que não nos podemos escusar, tentar tudo que os possa preservar e manter em bom estado de conservação. São tesouros do nosso património que nos compete defender do destino que foi dado a outros retábulos batalhenses, uns destruídos e outros trasladados para templos em Lisboa (Igreja das Trinas, no Rato), Covilhã (Igreja de São Sebastião) e Casa Pia, suponho que de Beja. E à medida que vamos sendo

alertados e consciencializados da importância do património, como Arte, como História, como Documento, como, inclusivamente, cenário que os olhos dos nossos antepassados contemplavam, é maior a nossa responsabilidade na sua defesa e maior, e cada vez menos justificável e passível de perdão, a nossa culpa na sua destruição.

Carlos Ferreira Diretor

O ‘ex-líbris’ deste executivo municipal

José Travaços Santos

Y cartas

A RTP e os emigrantes É degradante a forma como a RTP-Internacional transmite os programas para os portugueses espalhados pelo mundo. Sei bem que pouco valerá a pena não estar de acordo, ou mesmo criticar muitas emissões que a nossa RTP emite – não o esqueçamos, também é paga pelos compatriotas emigrados. Eles desejam, do fundo do coração, que a nossa televisão seja tão boa e eficaz como as dos países onde vivem mais de cinco milhões de cidadãos registados nos consulados de Portugal. Existe, naturalmente, um sentimento de abandono pela RTPInternacional dos que também têm a nobre missão de promo-

ver as riquezas da nação de D. Afonso Henriques, Afonso de Albuquerque, Nuno Álvares Pereira, Pedro Álvares Cabral, Gago Coutinho ou Sacadura Cabral. Ou ainda do general Humberto Delgado, José Afonso e do Prémio Nobel da Literatura

José Saramago. Estas personalidades históricas são esquecidas, não sabemos porquê, ao invés do que acontece nas televisões públicas e privadas dos países onde existem comunidades portuguesas. Nestes casos, os nomes, os feitos e a história das personagens públicas são, naturalmente, recordadas para que a população não as esqueça, porque são modelos a seguir. É triste e causa repulsa vermos quase todos os dias programas repetidos na nossa televisão pública, por exemplo sobre cozinha. Já chegámos à conclusão que no nosso país só se pensa em comer especialidades feitas

em concursos, enquanto a população portuguesa, segundo a mesma televisão, tem carências alimentares. Ela não precisa de concursos, mas sim de produtos e dinheiro para os comprar. Quem está longe, e tem interesse pelo que se passa na sua aldeia e no seu país, sente ‘raiva’. Porque, refletindo bem, é tudo numa hipocrisia reinante nociva para o bom nome de Portugal. Nestas situações, desligamos a televisão, mas entendemos que a ausência de divulgação é um ‘roubo’ que fazemos à nossa memória, história, cultura e tradição de Portugal.

já não existiria fisicamente entre os vivos. Mas o que me leva a fazer este pequeno escrito é perguntar, a quem mais sabe do que eu, o seguinte: por onde seria a entrada principal das Capelas Imperfeitas? Os historiadores, o sr. director

do mosteiro poderão, se quiserem, desfazer este problema existencial que me atormenta? Tenho percorrido desde a minha juventude as belas Capelas Imperfeitas, ou Incompletas, e não encontro parede ou qualquer sinal ou indício que me permita dizer: foi por aqui, era para

ser por ali. E isto leva-me ao título da minha escrita, que no fim será como uma charada. O cairá... seria relacionado com o prolongamento da nave central do mosteiro?

Redação e Contactos Rua Infante D. Fernando, lote 2, porta 2 B - Apart. 81 2440-901 Batalha Telef.: 244 767 583 - Fax: 244 767 739 info@jornaldabatalha.pt Contribuinte: 502 870 540 Capital Social: 5.000 € Gerência Teresa R. F. M. Santos e Francisco M. G. R. Santos (detentores de mais de 10% do Capital:

Teresa R. F. M. Santos e Francisco M. G. R. Santos) Depósito Legal Nº 37017/90 Insc. no SRIP da I.C.S. sob o nº 114680 Empresa Jornalística Nº 217601 Produção Gráfica Semanário REGIÃO DE LEIRIA Rua Comissão de Iniciativa, 2-A, Torre Brasil, Escritório 312 - 3º Andar, Apartado 3131 - 2410-098 Leiria Telef.: 244 819 950 - Fax 244 812 895

Comendador José Batista de Matos

Não caiu... Não cairá Num dos recentes programas, ditos culturais, foi exibido no Mosteiro da Batalha um espectáculo de teatro versando a lenda da queda da Capela do Fundador. Esta lenda, e por isso mesmo, é motivo de falta de veracidade, porque, parece que no ano de 1402 Mestre Afonso Domingues

Propriedade e edição Bom Senso - Edições e Aconselhamentos de Mercado, Lda. Diretor Carlos Ferreira (C.P. 1444)

Redatores e Colaboradores Armindo Vieira, Carlos Valverde, João Vilhena, José Travaços Santos, José Rebelo, Manuel Órfão, José Bairrada, Graça Santos, Ana Fetal, Bárbara Abraúl Departamento Comercial Teresa Santos (962108783)

Um Curioso Batalha

Esta edição do Jornal da Batalha fica claramente marcada pela entrevista que nos foi concedida pelo presidente da câmara, Paulo Batista Santos, a propósito do seu primeiro ano de mandato à frente do executivo. O autarca faz um balanço do trabalho desenvolvido até agora e aponta novos caminhos e desafios, preocupações e ‘combates’. Muitos deles não serão fáceis de percorrer, de concretizar ou de vencer e outros, até, mudarão de rumo ou cairão da agenda política absorvidos por novas prioridades. Entre todos, destaco aquele que considero a mais importante revelação da entrevista: a apresentação pela autarquia de uma solução para acabar com o impacto negativo do IC2 no mosteiro património da humanidade. A proposta da autarquia e a das Estradas de Portugal serão postas à discussão pública até ao final do ano. A primeira é mais ambiciosa e, se concretizada, alterará para sempre (e para melhor, arrisco afirmar) o espaço entre a fachada do monumento e o atual IC2. Todas as questões abordadas na entrevista, muitas delas decisivas para o bem-estar da população da Batalha, são importantes. Mas, não restem dúvidas, a concretização de uma (boa) solução para o problema do trânsito em frente ao mosteiro ficaria para história como o ‘ex-líbris’ deste executivo, que acaba de cumprir um quarto do mandato.

Impressão: Diário do Minho, Lda. Tiragem 3.000 exemplares Assinatura anual (pagamento antecipado) 10 euros Portugal; 20 euros outros países da Europa; 30 euros resto do mundo.


Jornal da Batalha

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Batalha

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Atualidade

m Uma mulher de 55 anos foi detida quando tentava assaltar uma casa na vila. É suspeita da prática de crimes semelhantes no concelho de Leiria

Uma assaltante aproveitou a realização de um funeral, na tarde de 29 de setembro, para entrar na casa da viúva, na Batalha, mas foi surpreendida por populares que a detiveram até à chegada das autoridades policiais. A mulher, de 55 anos, aproveitou a ausência dos moradores e dos vizinhos, por estarem a participar nas celebrações fúnebres do proprietário da habitação, de 72 anos, ex-militar na Força Aérea. No entanto, as suas movimentações - partiu um vidro de uma janela lateral -, chamaram a atenção de populares que alertaram a GNR da Batalha e a detiveram até à chegada dos militares. A mulher, residente na Barreira, Leiria, foi detida e constituída arguida, por tentativa de furto. A GNR está a investigar as circunstâncias em que aconteceu o crime, nome-

adamente para apurar se a arguida, que está em liberdade, tinha algum cúmplice, pois a viúva suspeita que lhe tenham sido furtados bens durante a sua ausência no funeral. A ‘ladra dos funerais’, como ficou conhecida, é suspeita de praticar crimes semelhantes no concelho de Leiria. Num deles tentou assaltar uma casa em Andreus, Barreira, em junho último, quando decorria o funeral de uma vizinha dos donos da habitação. “Entrou pelo pátio, garagem, hall e foi para a sala. Só que a minha filha, que estava no primeiro andar, ouviu o barulho da porta a bater e desceu”, contou a 2 deste mês a dona da habitação. A jovem, de 19 anos, começou por perguntar quem estava em casa e desceu ao rés-do-chão, onde encontrou a suspeita com o cão da família, de raça Pinscher, ao colo. Quando confrontada pela jovem sobre o que fazia na habitação, tentou desculpar-se, “enquanto saía para rua de marcha-atrás, descontraída”, dizendo que fazia um peditório para as Festas de Nossa Senhora da Gaiola, nas Cortes. Os proprietários da casa apresentaram queixa na PSP de Leiria e, oito dias mais tarde, souberam que era suspeita da prática de outro furto, desta vez em Cumeira.

Diário de Leiria

‘Ladra dos funerais’ tentou assaltar uma casa na Batalha

p A ‘ladra dos funerais’ foi detida na Batalha no final de setembro Neste caso, a mulher, que então trabalhava numa churrasqueira no arredores de Leiria, também foi surpreendida no interior da habitação e fugiu sem levar qualquer bem. Os donos da casa de Andreus e a PSP de Leiria identificaram a assaltante na churrasqueira, mas acabaram por desistir da queixa. “Fui ameaçada por ela. Disse que me partia o carro com um pé-de-cabra. Por isso, desisti de ir para tribunal, mas o processo está todo na polícia”, refere a moradora. As vítimas pensam agora apresentar queixas-crime contra a suspeita, o que poderão fazer junto das auto-

ridades policiais no prazo máximo de seis meses após a data dos assaltos. “Nós devíamos unir-nos todos e apresentar queixas. Devíamos apresentar em conjunto”, disse no dia 3 deste mês uma das vítimas, residente em Cumeira, adiantando que até agora “as pessoas não apresentaram queixas, ou retiraram-nas, por terem sido ameaçadas por ela”. Um dos assaltos atribuído à ‘ladra dos funerais’ aconteceu no dia 9 de março, quando abriu o portão de uma casa, em Cumeira, e furtou uma cadela de raça Pinscher. “Passados cinco meses [em agosto] alguém viu que

ela tinha a cadela em casa e fomos alertados. Nessa altura começámos também a ouvir dizer tinha praticado outros furtos”, contou a dona do animal. A PSP de Leiria interveio e entregou a cadela à dona, que optou por não apresentar uma queixa-crime contra a assaltante. A ‘ladra dos funerais’ é ainda suspeita de assaltar a casa da patroa, quando trabalhava na churrasqueira, e de outros furtos, em que levou (ou tentou levar) dinheiro, peças em ouro ou animais, nos casos conhecidos dois cães de raça. Está referenciada pela PSP de Leiria e pela GNR da Batalha e de Porto de Mós.

Rotunda da Jardoeira construída até ao verão A Estradas de Portugal abriu um concurso para a construção de uma rotunda e alteração da sinalização no cruzamento entre o Itinerário Complementar 2 (IC2) e a Estrada Nacional 356 (EN 356) na zona da Jardoeira, Batalha, com o objetivo de diminuir a sinistralidade. O anúncio do concurso foi publicado no Diário da República no dia 2 deste mês e a obra, que corresponde a um investimento de 430 mil euros, deverá estar concluída no próximo verão. O prazo máximo de execução da empreitada é de 90 dias, refere a Estradas de Portugal, adiantando como data previsível da consignação da obra o mês de março de 2015. A rotunda será construída ao quilómetro 113,4 do IC2, na zona onde, através da EN356, os condutores podem aceder ao nó da A19 (variante da Batalha). Esta é uma obra há muito tempo reclamada pelo município da Batalha e “será finalmente concretizada, contribuindo em larga escala para o aumento da segurança dos automobilistas neste troço rodoviário que apresenta enorme sinistralidade”, refere a autarquia em comunicado.

António Caseiro Pós Graduação em Contabilidade Avançada e Fiscalidade Mestre em Fiscalidade Centro Comercial Batalha, 1º Piso, Esc 2, Ediİcio Jordão, Apartado 195, 2440-901 Batalha Telemóvel: 966 797 226 • Telefone: 244 766 128 • Fax: 244 766 180 • Site: www.imb.pt • e-mail: imblda@mail.pt


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Batalha Atualidade

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Procissão dos caracóis atraiu oito mil pessoas ao Reguengo m A festa decorreu

A Festa de Nossa Senhora do Fetal atraiu ao Reguengo oito mil pessoas, que participaram na tradicional procissão dos caracóis – 15 mil cascas foram utilizadas como pequenas candeias de azeite para iluminar o percurso e decorar ruas, jardins e edifícios envolventes. A tradição cumpriu-se, pela primeira vez este ano, em dois sábados consecutivos - dias 27 de setembro e 4 deste mês -, quanto antes começava à sexta-feira, para que os fiéis pudessem rezar a novena (nove dias consecutivos de orações).

Fotos: Tiago Santos

pela primeira vez em dois sábados consecutivos. O tempo ventoso prejudicou o primeiro dia

p As iluminações foram feitas com 15 mil cascas de caracóis Horácio Sousa, presidente da Junta de Freguesia do Reguengo do Fetal, faz um “balanço positivo da festa”. “No primeiro sábado tivemos vento, que não nos ajudou na altura de acender as cascas dos caracóis, mas no segundo sábado o tempo esteve espetacular e participou muita gente”.

O autarca calcula em “7/8 mil o número de pessoas que estiveram nos dois sábados na festa. O primeiro registou menos afluência, por causa do tempo, apenas mil pessoas”. Quanto à alteração do dia da primeira procissão, que mereceu algumas criticas de populares que se

dizem impossibilitados de rezar a novena, Horácio Sousa afirma: “É verdade que os nove dias ficaram um pouco alterados, mas quem quiser pode considerar como último dia o domingo, que também é de festa no santuário. Não me parece muito problemática a questão”.

Venha conhecer um novo espaço de Saúde e Bem-Estar

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Músculo-Esquelética, Cardio-Respiratória e Neurológica Pilates Clínico Tratamento ao domícilio Massagem de Relaxamento e Recuperação Desportiva Pacotes para Redução de Volume Corporal e Rejuvenescimento Facial Mesoterapia Homeopática Terapia da Fala

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Massagem de Relaxamento Estética Facial e Corporal Direção Técnica Ana Rita Dias Patrocínio Sousa - Fisioterapeuta Mestre em Fisioterapia

Contactos para informações e marcações Estrada do Areeiro, Nº 91, Lt 8, R/C Dto, Jardoeira, 2440-373 Batalha (Junto à Capela) GPS: 39.666262,-8.835505 | Telem.: 96 95 18 018 | E-mail: fisiobatalha@gmail.com

RUA ALFREDO NETO RIBEIRO

BATALHA


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Atualidade Batalha

Código de ética municipal quer evitar desperdício de recursos

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s AMHO A Minha Horta Célia Ferreira

Evitar a introdução de químicos de síntese

m “Tratar de forma justa e imparcial todos os cidadãos” é outro dos princípios enunciados no documento O tratamento de todos os cidadãos com “justiça e imparcialidade” e “evitar o desperdício de recursos” são duas das obrigações dos funcionários do município definidas no Código de Ética e da Atuação dos Colaboradores, aprovado pela Câmara da Batalha um ano após a entrada em funções do atual executivo. As medidas preconizadas no documento visam a adoção de boas práticas administrativas e o incremento da política da qualidade, com base no Código Europeu da Boa Conduta Administrativa, da responsabilidade do Provedor de Justiça Europeu. “Ser dedicado aos princípios do poder local efi-

p A autarquia quer responder a todos os batalhenses de “forma justa” caz e democrático, servido por gestores públicos responsáveis e acreditar que a gestão profissional é essencial para a concretização deste objetivo, cumprindo escrupulosamente as suas funções”, é o primeiro dos princípios consignados no Código de Ética do Município da Batalha. O documento, que segundo o município “concretiza mais um passo no objetivo do reforço da transparência e eficácia no atendimento dos cidadãos”, destaca

que os funcionários devem “tratar de forma justa e imparcial todos os cidadãos, atuando segundo rigorosos princípios de neutralidade” e “proceder sempre a uma afetação rigorosa dos recursos disponíveis, evitando o desperdício”. “A boa conduta administrativa é uma opção constante desde a minha tomada de posse, em outubro de 2013 e tenho constatado uma mudança progressiva do enfoque dos serviços municipais e dos seus

funcionários, os quais passaram a colocar o cidadão bem no centro das suas atividades e na sua missão”, refere o presidente da câmara, Paulo Batista Santos. O Código de Ética aplicase a todos os colaboradores da Câmara da Batalha, incluindo os que laboram no setor empresarial e vincula também o presidente, vereadores e os membros do gabinete de apoio à presidência.

Mosteiro vende bilhetes para o Museu da Comunidade A Câmara da Batalha e o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA) assinaram a 22 de setembro um protocolo de cooperação para a venda, a partir deste mês, de bilhetes para o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha (MCCB) no espaço do CIBA no mosteiro. “A medida pretende captar novos públicos para o museu, bem como criar uma oferta turística mais atrativa para a região, capaz de englobar equipamentos de

excelência e de com reconhecida notoriedade como o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota e o Mosteiro de Santa Maria da Vitória”, refere o município em comunicado. Este acordo tem como objetivo “valorizar, dignificar e promover o património cultural existente nesta região, que demonstra enorme vitalidade e regista um crescimento do número de turistas”, refere Paulo Batista Santos, presidente da câmara.

p Bilhetes para o museu com novo ponto de venda

Campanha oferece óculos a crianças em idade escolar As óticas Alain Afflelou, que têm uma loja na Batalha, estão a desenvolver, pelo 7º ano consecutivo, até 31 deste mês, uma campanha de saúde visual contra o insucesso escolar. A iniciativa “tem como principal objetivo alertar os pais e profissionais da edu-

cação para a necessidade de realizar exames visuais periódicos, a fim de se detetar com antecedência, problemas de visão nas crianças, muitas vezes causa do insucesso escolar”, refere a Fundação Alain Afflelou em comunicado. Segundo a instituição, há

“estudos que comprovam que 15% a 30% dos casos de insucesso escolar derivam de problemas visuais, muitos deles tardiamente detetados”. Para participar na campanha, apenas é preciso marcar um exame visual gratuito nas lojas aderentes. As

crianças com idades entre os cinco e sete anos recebem gratuitamente uns óculos graduados (armação e lentes), se necessários. Em sete anos, a Alain Afflelou realizou 4.311 exames visuais e entregou 1.300 óculos graduados.

O mês de Outubro traznos a chuva, o cheiro da terra molhada, faz-nos perceber o seu vigor e a sua vontade de nos devolver em abundancia o que nela investimos. As ervas espontâneas nascem por todo o lado, o que é um bom indicador do momento ideal para sementeiras e plantações. Sugestão: procure lembrar/conhecer como produziam os nossos antepassados, esses conhecimentos podem fornecer-nos muita informação útil para evitar a introdução de químicos de síntese no nosso quintal. Já reparou que todos têm o símbolo de perigo de morte no rótulo? Evite o seu uso, pois estará a contaminar o seu corpo e o solo. Claro que temos de tratar e cuidar das hortas, mas podemos fazê-lo usando plantas e uma boa parte delas cresce espontaneamente nos nossos quintais e chamamo-las de ervas daninhas. Pois bem de daninhas têm pouco, a verdade é que todas têm as suas propriedades, basta procurar conhecê-las. Não será isso que também acontece com a natureza humana? O cancioneiro popular deu-me a conhecer este provérbio: Pilriteiro, pilriteiro,/Porque não dás cousa boa/Cada um dá o que tem/Conforme a sua pessoa. Pois bem, o pilriteiro tem muitas propriedades interessantes, mais adiante as abordaremos. Hoje falo-vos da labaça, ou língua de vaca. O seu nome cientifico é rumex obstusifolius. Esta planta propaga-se nos nossos quintais e é difícil de erradicar, tem propriedades fungicidas e o seu chorume combate o cancro das macieiras e das pereiras. Estão agora a nascer, deixe-as crescer e na primavera colha-as, faça uma

infusão com um quilo de folhas em cinco litros de água. Com esse preparado, depois de frio, pulverize as fruteiras. Pode ser usado com preventivo, aplique-o nas fruteiras jovens. Se o ataque já existir faça uma compressa com o preparado e coloque-o na parte da árvore afetada. Simples, certo? E sem químicos de síntese. No dia 25 de Outubro estarei no Moinho do Papel - Leiria, a realizar uma ação sobre as sementes, e no dia 31 de Janeiro o workshop será sobre este tema – Plantas para tratar plantas. Hortícolas para semear: couves-flor, semear em viveiro; ervilhas, favas, agriões, cenouras, rabanetes, espinafres e nabiças. Hortícolas para plantar: alhos: comece a plantar dentes de alho já este mês ou no próximo, quanto mais tempo estiverem na terra maiores serão as cabeças; certifique-se que não ficam em zona de encharcamento; cebolas e couves-repolho. Arbustos e árvores de fruto para plantar: arandos, groselhas vermelhas e brancas, groselhas negras, morangos, nectarinas, pessegueiros, oliveiras (em zonas secas e abrigadas) e videiras Uma planificação bem feita na horta pode aumentar a produção e diminuir a necessidade de intervenção. No local onde no próximo ano quiser plantar as batatas semeie por esta altura tremocilha, que depois deve ser cortada e incorporada na terra, para proporcionar o azoto que as batatas precisam para se desenvolverem. A isso se chama adubação verde. É também a sugestão que dou a quem tem terrenos abandonados, potencie que cresçam ervas que os mantêm férteis - existe uma grande variedade delas.


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Batalha Atualidade

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Batalha une-se ao património do Centro para promover turismo m A intenção da câmara é promover as potencialidades do concelho e criar condições para que os turistas o visitem com qualidade

A Turismo do Centro (TC) lançou na Batalha, a 27 de setembro, o projeto “Lugares Património Mundial do Centro”, que une Coimbra, Tomar, Alcobaça e Batalha, para potenciar o valor turístico dos quatro locais da região considerados património mundial. A rede quer “estruturar o produto cultural, patrimonial e histórico” da região Centro, criando uma oferta com base “nos quatro sítios património mundial” - Universidade de Coimbra, Alta e Sofia, Mosteiro da Batalha, Convento de Cristo (Tomar) e o Mosteiro de Alcobaça. “Tem de se tirar partido da chancela da UNESCO e potenciar o mercado externo” no setor do turismo, considera Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal.

Esta iniciativa permite “um ajustamento do plano de marketing e de intervenção comum aos quatro locais, promovendo o património, a história, a cultura e evidenciar toda a região, adiantou Pedro Machado. Para Paulo Batista Santos, presidente da Câmara da Batalha, “este projeto tem como objetivo qualificar a oferta turística. É importante reter o turista, acrescentar valor económico à atividade turística no concelho”. “Nós juntámos estes quatro monumentos e apresentámos uma candidatura conjunta à linha Valorizar, do Programa Operacional do Centro, que tem inscritos 127 milhões de euros para os próximos quatro/ cinco anos”, explica o autarca, adiantado que tem “a expetativa de que pelo menos 10% sejam afetados a esta rubrica”. A intenção do município da Batalha é conseguir investimentos imateriais, promover as potencialidades do concelho e criar condições para que os turistas o visitem com qualidade. “O projeto tem eventos, promoção e qualificação. No caso dos privados, os

mil livros escolares, entre outros materiais. Esta missão tem o apoio da autarquia e de diversas empresas da região. A ONG para o desenvolvimento Santa Maria da Vitória já concretizou dezenas de missões humanitárias a diversos países, com especial destaque para a Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e Timor-Leste.

s A opinião de António Lucas Presidente da Assembleia Municipal da Batalha

“Mea culpa”

p O projeto é considerado “muito importante” para a economia local projetos são majorados nos apoios do Programa Operacional do Centro”, referiu Paulo Batista Santos, destacando que recentemente houve “duas iniciativas para mais dois empreendimentos turísticos na Batalha, aumentando a capacidade de oferta de quartos”. A componente relacionada com a formação, des-

tinada a entidades publicas e privadas, também “é muito importante para a economia local”, por exemplo porque “é indispensável haver quem saiba uma língua estrangeira e tenha um atendimento especializado ao receber os turistas”, concluiu o presidente da câmara.

Cabo Verde recebe ajuda humanitária do concelho A organização não governamental (ONG) para o desenvolvimento Santa Maria da Vitória, com sede na Batalha, vai enviar para a Ilha Brava, em Cabo Verde, mais de 68 mil euros em ajuda humanitária. Os bens serão entregues ainda este mês e incluem materiais de construção, madeiras, sanitários, roupa, calçado, colchões, materiais para bebés e mais de

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Esta cooperação, desenvolvida pela ONG e outras instituições, já permitiu, por exemplo, a instalação de uma estação de rádio na Ilha Brava e a construção de uma escola básica de raiz. A ajuda para a Ilha da Brava “é destinada ao concelho de Vila Nova Sintra e representa o esforço dos elementos da associação, do município da Batalha

e de diversos empresários que se associaram a esta campanha”, referiu Amadeu Ceiça, presidente da ONG. “Este auxílio, num valor superior a 68 mil euros, permitirá a realização de pequenas obras, bem como a entrega de bens como vestuário e calçado a famílias carenciadas”, adiantou Amadeu Ceiça.

Incredulamente os portugueses constataram que algumas importantes personalidades e organizações mudaram radicalmente de opinião, nos últimos dias. O FMI vem agora dizer que o investimento público é importante e tem que aumentar, e que a austeridade tem que ser moderada. Vítor Gaspar vem dizer o mesmo. A União europeia, também o começou a dizer à boca pequena e aos repelões. Mas não foram estes, o nosso governo e uma série de fazedores de opinião e de outros “especialistas”, que durante três anos nos andaram a dizer o contrário? Será que ouvimos e percebemos o que diziam e faziam? Os portugueses sentiram e perceberam bem, até porque o sentem no bolso. Mas não será tarde? O que se fez entretanto? Carregou-se na redução do rendimento e no aumento dos impostos, logo, reduziu fortemente o consumo interno, aumentou o desemprego e a emigração, com implicações diretas no aumento da despesa social. Quem conhece o país, sabe que a maioria das micro e pequenas empresas vivem, do consumo interno, ou será que não conhecem? Retiraram serviços aos cidadãos e reduziram drasticamente o investimento público. Mas será que quem conhece o país e já agora qualquer coisa de economia, poderá achar que todo o investimento público é mau? Cometeram-se muitos erros, tendo esses que ser corridos e não mais repetidos, mas também se fez muito investimento público reprodutivo e este jamais pode parar. Com tudo isto e com três anos de austeridade extrema, deveríamos começar a ter condições para controlar a divida do país. A reforma do Estado deveria ter sido feita neste período. E foi? Acho que não. E o que vemos e sentimos? A divida a crescer todos os dias e a aumentar a certeza que esta divida é simplesmente impagável. Ou seja, para ser paga, tem que ser reestruturada, através da redução de juros e do aumento dos prazos de pagamento. No entanto esta conversa tem sido tabu e só era proferida pelos “inimigos” da pátria. Mas se todos sabiam isto há muito tempo, porque não atuam ou não atuaram mais cedo? Os governantes, a Srª Merkel, a Srª Lagarde e o Sr. Durão Barroso, deveriam ter que responder a estas perguntas. Com estas medidas e outras implementadas pela Europa da moeda única, chegamos ao final de 2014, com esta mesma Europa a ser uma dor de cabeça para o resto do mundo desenvolvido, porque em vez de ser mais uma alavanca de crescimento, está e irá atrapalhar o crescimento dos outros. E aqui chegados, não é Portugal, Irlanda, Grécia ou Espanha que atrapalham, mas sim a Alemanha e outros chamados de desenvolvidos e ricos. E que dirão estes agora, que nos acusaram de atrapalhar a Europa “rica”? Será que aprenderam a lição?


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Atualidade Batalha

Município não aceita aumento de 21,30% no tratamento do lixo m A autarquia argumenta que a Valorlis projetou a taxa com base num orçamento empolado nas despesas

O Câmara Batalha “rejeitou liminarmente” a proposta da Empresa Geral de Fomento (EGF) de aumentar em 21,30%, no próximo ano, o valor da tonelada de resíduos sólidos tratados pela Valorlis, acompa-

s registo Aumentos de despesas previstas inaceitáveis Os cinco municípios da região (Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós) que representam 49% do capital social da Valorlis, apresentaram uma declaração de voto na última assembleia geral, onde afirmam que o valor proposto constitui “um acréscimo inaceitável”. Os subscritores consideram “sem justificação os aumentos previstos nos gastos em fornecimentos e serviços externos, que ascendem em 3,7 milhões de euros, valor que cresce mais de um milhão de euros face a este ano (+ 38,98%)”. Por outro lado, acrescentam, “registam-se aumentos em despesas previstas inaceitáveis e supérfluas para a operação da empresa”, em diversas rubricas, que “sugerem uma previsão ineficiente dos gastos operacionais da Valorlis e contribuem decisivamente para o aumento da tarifa a cobrar aos municípios”.

nhando a decisão dos outros quatro municípios que compõem o sistema de valorização e tratamento de resíduos sólidos da região. O município batalhense considera, em comunicado, que a proposta de fixar a tarifa em 32,75%/tonelada (mais 5,75% que o valor atual)”, apresentada a 29 de setembro, não defende os consumidores. O valor “não cumpre as recomendações do regulador (ERSAR), porque vai muito para além do objetivo de recuperação de custos do sistema e ignora o princípio de defesa dos consumidores”, destaca o presidente da Câmara da Batalha, Paulo Batista Santos. Para o autarca, “o projeto de tarifário assenta num orçamento empolado nos gastos operacionais e conservador nos rendimentos previstos da Valorlis para sustentar um aumento tarifário, sem paralelo, ou com uma justificação técnica adequada”. A Valorlis divulgou 1 de outubro um “esclareci-

p A Valorlis diz que o aumento é de apenas 1,5%, mas a câmara discorda mento” onde refere que “a proposta representa um aumento de 1,5% face à tarifa em vigor em 2014, ou seja apenas 0,5 % acima da inflação prevista para 2015”. A diferença de valores apresentada pela Valorlis e pelos municípios “é fácil de explicar”, segundo Paulo Batista Santos. “Enquanto a Valorlis está a olhar para o orçamento de 2014, os municípios estão a olhar para

o histórico do ano”. “É certo que no final do ano a Valorlis acerta as contas com o município, uma vez que está a cobrar 32,27 cêntimos por tone-

lada e efetivamente só precisava de cobrar 27 euros. Mas anda o ano inteiro a servir-se com o dinheiro dos municípios”, conclui o autarca.

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Abastecimento de água ao mosteiro “O antigo abastecimento de água ao Mosteiro da Batalha” é objeto de três visitas guiadas, conduzidas por Virgolino Ferreira Jorge, autor de um estudo acerca do sistema hidráulico conventual batalhino. As visitas estão marcadas para os dias 25 deste mês e 1 e 15 de novembro, às 10 horas, com início à frente do Mosteiro de Santa Maria da Vitória Os participantes, em número limitado a 30, deverão trajar fato de trabalho informal (calças e ténis), pois as visitas incluem o reconhecimento do sistema adutor, num trajeto rural de 900 metros. Esta iniciativa pretende mostrar o importante contributo dos mosteiros para o conhecimento hidrotécnico medieval.


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“Há soluções que podem ir até à interdição do trânsito na estrada nacional à frente do mosteiro” m Paulo Batista Santos assumiu a presidência da câmara há um ano, a 14 de Outubro. Nesta entrevista ao Jornal da Batalha faz o balanço do trabalho do executivo, reconhece erros – como no caso do tarifário do estacionamento – e aponta soluções – por exemplo para resolver o problema do trânsito em frente ao mosteiro. Os aumentos das tarifas da água e do lixo, propostos pelas concessionárias dos serviços, são duas das suas preocupações imediatas. O desenvolvimento económico e as questões sociais também se contam entre as prioridades do autarca. Nesta matéria anuncia dois projetos para novos lares, na vila e em São Mamede.

Qual é o balanço que faz deste primeiro ano do seu mandato? É um balanço da grande honra que é ser presidente da Câmara da Batalha, terra de gente empreendedora e capaz. É com enorme gosto que tenho desempenhado estas funções. Um projeto que nos carateriza é a aproximação do município aos cidadãos, acolhendo no espaço muni-

cipal serviços da Administração Central do Estado que lhes facilitam a vida, como o Serviço Local de Segurança Social e o Espaço do Cidadão. Estamos também a aproximar o município e as empresas, procurando trazer-lhes novas oportunidades e levando-as para o exterior. E estamos ainda a aproximar o município das

pessoas mais carenciadas, com projetos de referência como o Fundo de Emergência Social, uma resposta complementar às da Administração Central do Estado que, pontualmente, verificámos não serem suficientes. Esta experiência autárquica corresponde às suas expetativas e é para continuar? Espero que sim, porque

estou muito entusiasmado. É uma atividade em que todos os dias aprendemos. A vida autárquica é rica por isso mesmo. Todos os dias lidamos com problemas diferentes, aprendemos coisas diferentes e estamos motivados a fazer coisas diferentes. Neste ponto de vista, é das funções mais compensadoras que podem existir e neste momento, e não quer dizer que seja sempre assim, preenche muito o cidadão Paulo Batista Santos. Pensa ter outro papel decisivo na governação do país? Entre as funções que exerci aquela que mais me entusiasmou e entusiasma é a de autarca. Fui deputado, exerci funções de apoio ao Governo, no Governo Civil, na Administração Central do Estado, em empresas privadas, mas sintome muito bem no que estou

a fazer e com muita vontade de continuar. A Câmara da Batalha têm uma boa saúde financeira. É sua intenção manter estes resultados ou tenciona usar o saldo que possui em investimentos? Os cidadãos têm a garantia que o presidente da câmara não vai hipotecar a saúde financeira da autarquia por nenhum projeto. O nosso esforço, aproveitando a folga que temos, é para devolver receita em benefício das pessoas, por via fiscal, reduzindo impostos; como estimulo à economia e à estabilidade da vida das nossas famílias. Portanto, não há nenhum bom projeto, por mais ambicioso que seja, que justifique o desequilíbrio financeiro da autarquia. Mas estamos muito empenhados em aproveitar ao má-

ximo o próximo quadro comunitário de apoio (“Portugal 2020”) e para termos o maior aproveitamento é natural que, pontualmente, tenhamos de fazer um esforço financeiro suplementar. O saldo financeiro pode ser utilizado para conseguir mais financiamento no âmbito do “Portugal 2020”, ou seja, não é ‘sagrado’? Sim, mas os défices de hoje significam impostos amanhã. Portanto, quem, como eu, acompanhou o Orçamento de Estado do país vários anos sabe que nas autarquias é exatamente a mesma coisa. Não há qualquer bom projeto que justifique comprometer ou agravar os impostos. O meu objetivo é aliviar a carga fiscal e não há nenhum bom projeto que justifique a sua quebra.

“PDM: zonas de construção coincidentes com as infraestruturas” O novo PDM aumenta em 20% a área para as zonas económicas e reduz as urbanizáveis. Não é contraditório querer fixar pessoas e reduzir a área de construção? Não. Nós tínhamos uma zona urbanizável pedida superior em três vezes àquilo que necessitamos. Ora, não é expetável que a nossa população, embora eu o desejasse muito, triplique nos próximos dez anos. Por outro lado, estamos a otimizar e a valorizar os terrenos nas envolvências das zonas urbanas, que vão

ser consolidadas. Há hoje, sobretudo na Freguesia de São Mamede, um conjunto de habitações fora de zonas urbanas, cujos proprietários estão muito limitados, por exemplo para as ampliar. Tudo isso vai ser regularizado. Este PDM vai legalizar empresas hoje fora da Lei. Isso não é beneficiar o infrator? Não, porque uma boa parte dessas situações, ou mesmo a totalidade, tem a ver com regras de ordenamento do território surgidas depois da cons-

trução das atividades económicas. O que pretendemos é legalizar aquilo que existe, para que as pessoas possam trabalhar com regras. Mas aquilo que não for legalizável, não será legalizado. É importante que as empresas – alguns casos na Freguesia da Golpilheira e na Zona Industrial da Batalha, na Jardoeira -, que pretendem ou fizeram ampliações das instalações sejam legalizadas, até para poderem candidatar-se a fundos comunitários, mo-

dernizar-se e serem mais competitivas. Quais são as principais linhas mestras do novo PDM? Vamos procurar que as zonas urbanas onde as pessoas podem construir sejam coincidentes com aquelas onde já existe saneamento e água ao domicílio - onde estes recursos não existem haverá mais dificuldades em construir. Por esta via, vamos poupar, evitando investimentos desnecessários na ampliação das redes publicas.

Por outro lado, vamos incentivar muito a associação entre o ordenamento do território, o turismo e a preservação do mundo rural. Há um conjunto de pontos de interesse turístico que são muito valorizados, porque é muito importante que o PDM os mantenha e identifique, de forma a preservá-los, porque se não estiverem neste documento mais facilmente tendem a desaparecer. Outra vertente a que atribuímos a máxima importância é o desenvolvimento económico. Vamos pro-

curar, nas zonas fronteiras do concelho, uniformizar os nosso índices com os dos municípios vizinhos (não faz muito sentido poder-se fazer um conjunto de edificações de um lado da fronteira municipal e do outro não). Estamos muito apostados em diálogar com os nossos vizinhos (Leiria, Porto de Mós, Ourém e Alcanena) no sentido de uniformizar critérios e agrupá-los na estratégia regional, através do Plano Regional de Ordenamento do Território, e no plano nacional.


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“Este ano já executámos 2,9 milhões de euros em projetos novos. Temos obras em curso de bastante significado, em áreas prioritárias. Não deixámos de investir, mas fazemo-lo sem comprometer a saúde financeira do município”.

Está a ultimar o orçamento para 2015. O anterior estava centrado nas questões sociais. Mantém esta prioridade? Antes, deixe-me dizer que este ano já executámos 2,9 milhões de euros em projetos novos, um valor significativo. Temos obras em curso de bastante significado, em áreas prioritárias. Não deixámos de investir, mas fazemo-lo sem comprometer a saúde financeira do município. E é o que vai acontecer em 2015. Atribuímos o maior relevo às questões da educação e ao equilíbrio social,

que em circunstância alguma devemos falhar. Estamos disponíveis para assumir mais responsabilidades nestas componentes, ou seja, para contratualizar serviços com a Administração Central do Estado de forma a que as respostas sejam mais eficazes. Portanto, em 2015 vamos continuar a apostar maioritariamente nas questões sociais e menos na obra física. O orçamento participativo deu resultados? É um projeto a repetir. Tomámos boa nota de todas as sugestões e algu-

mas já foram resolvidas tinham a ver com pequenas obras. Quanto aos projetos, há um grupo de uma dezena selecionados, que serão votados pelos cidadãos e executados os escolhidos. São em que áreas? Têm a ver sobretudo com as questões da educação, sociais e as coletividades. A sua intervenção pública tem-se centrado muito na economia. Esta e as vertentes sociais não são contraditórias? Não. Uma coisa é a gestão da autarquia, outra é a gestão do município (a au-

tarquia, as empresas e as pessoas). É muito importante puxar pela economia, por novos investimentos e pela criação de empregos na nossa terra. Isso pode-se fazer sem comprometer os projetos municipais. O presidente da câmara não se preocupa exclusivamente com as contas da autarquia, preocupa-se com as contas do município. E nestas entram também o bem estar das pessoas, o equilíbrio das empresas, os desempregados. É este esforço que estamos a fazer e com algum sucesso, porque já há em-

presários que, com o nosso apoio, estão a exportar para França e Suíça. E a muito breve prazo iremos a Cabo Verde ajudá-los numa parceria com a câmara de comércio local. É esse o papel da câmara, fazer lobí, ser parceiro? Nas empresas e na atração de investimento temos dois domínios de atuação. Um tem a ver com o ordenamento, através da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), que estamos a finalizar. Vamos criar mais espaços para as zonas económicas e reduzir os destinados às chamadas áreas

urbanizáveis, à habitação. O outro domínio é o Gabinete de Apoio à Empresa e ao Empreendedorismo, para promover e informar melhor os empresários, e o estabelecimento de parcerias internacionais. A câmara tem um papel decisivo, porque pode empurrar o investimento, através do ordenamento, de uma fiscalidade atrativa, reduzindo os impostos e taxas municipais, e procurando garantir, por via da educação, que as empresas têm recursos humanos qualificados.

“Tivemos uma abordagem inicial errada no tarifário do estacionamento na vila” Há algum critério de preferência para a instalação de empresas no concelho? Os empresários dirão o que querem investir e em que áreas. A nossa obrigação, por exemplo na área da pedra ornamental, é permitir que seja compatíveis com algumas condicionantes do território e criar condições de boa receção, de rápido licenciamento. Seremos muito rigorosos, quero dizê-lo com toda a franqueza, com as industrias mais intervenientes no ambiente, desde logo com

as explorações suinícolas. A câmara não tolerará industrias que não sejam amigas do ambiente e do bem estar das populações, porque isso hoje não é aceitável. A câmara assumiu a gestão do estacionamento. Como está a decorrer este processo? Este processo está a decorrer bem e prova que a câmara não tem de ser uma entidade obtusa, que não ouça as pessoas e não reconheça quando erra. Nós, no caso do estacionamento, tivemos uma abordagem ini-

cial errada no tarifário. É mais eficiente ser a câmara a gerir do que concessionar, mas tínhamos a ideia de fazer uma recuperação económica mais rápida, por via do crescimento no tarifário. Percebemos que houve uma reação negativa das pessoas e vamos ajustá-lo. A nossa ideia é disciplinar e fomentar a mobilidade do estacionamento, muito importante numa terra que recebe meio milhão de pessoas por ano. Queremos que quem nos visita possa fazêlo em condições, ter um sí-

tio para estacionar próximo do monumento, e alargar o estacionamento não pago para os nossos concidadãos, que também têm o direito de estacionar. Também é muito importante para o comércio que haja rotação, as pequenas paragens de 15/20 minutos, para que a pessoa que vai ao supermercado possa fazêlo em condições de acessibilidade. Até ao final de novembro, ou mesmo antes, estará tudo implementado ao nível do estacionamento pago na vila.

Houve uma redução nas tarifas previstas, por exemplo na do período inicial? A opção é manter os preços atuais nos primeiros 15 minutos, que corresponderão a cinco cêntimos. Atualmente uma hora são 20 cêntimos, por frações de 15 minutos. Outro bom exemplo em que a câmara também ouviu a população foi a intervenção que fizemos junto ao Agrupamento de Escolas da Batalha. Os pais e encarregados de educação tinham resistências à primeira solução que apresen-

támos. Falámos com eles, com a escola e a solução final foi a que resultou do diálogo. Está a falar da questão da rotunda? Da rotunda, da portaria única, da proteção dos peões. Há um conjunto de obras complementares que não estavam previstas e entendemos implementá-las por sugestão dos pais e encarregados de educação e a obra final ficou melhor.


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“Preço da água aumenta no próximo ano mas queremos proteger os escalões mais baixos” Mais difícil é a questão do trânsito no IC2 em frente ao mosteiro. Como pensa resolvê-la? Posso garantir aos munícipes da Batalha que a câmara vai apresentar, até ao final deste ano, uma solução [um projeto] que já tem na sua posse, para ser discutida publicamente. E tenho indicações de que a breve prazo teremos também uma solução apresentada pela Estradas de Portugal. Uma coisa é virmos reiteradamente falar do assunto, outra é querermos resolver o problema. Nós estamos empenhados em resolver o problema. Não estou certo é que as soluções possíveis a apresentar sejam aceites, porque são difíceis, exigem algum sacrifício num caso, e podem não ter a adesão da população e das entidades envolvidas. Nós vamos apresentar as propostas, discuti-las com as pessoas e estou certo que no final do período de discussão pública vamos ter uma solução mais ajustada. Se temos ou não temos capacidade financeira para fazer a obrar iremos ver. Agora, estamos empenhados em ter uma solução, porque há demasiado tempo que se fala no assunto. Estas propostas implicam exatamente que obras? Há uma solução mais consensual nesta fase, que passa pela redução do ruído através de barreiras sonoras e de uma cortina arbórea em frente ao mosteiro. Do ponto de vista técnico, dizem os engenheiros, reduz significativamente os impactos. E há soluções que podem ir

até à interdição do trânsito à frente do mosteiro. Esta seria a sua solução? Eu tenho uma solução de qualificação do espaço. A solução que melhor serviria os batalhenses – não é barata e a câmara não tem capacidade para a fazer sozinha, sem a ajuda de fundos estruturais e do Governo -, que acho ideal para a Batalha e passa pela qualificação daquele espaço, com a redução do tráfego. Ou seja, é uma solução que combina dois projetos. Hoje é possível qualificar o IC2, integrando-o nas áreas visitáveis do mosteiro, criando zonas de estacionamento e ajardinadas, com uma redução fortíssima do tráfego. Quanto pode custar essa intervenção que defende? É bastante cara, uma vez que muda estruturalmente a forma como a estrada se apresenta hoje frente ao mosteiro. A questão coloca-se devido a 200/300 metros de estrada, o que me causa confusão. Este troço é mais importante do que o mosteiro para ser tão difícil encontrar um solução? Então o Carlos [o jornalista que conduz a entrevista] tem a mesma opinião que eu tenho. Não há nenhuma boa razão para que aquele troço à frente do mosteiro se mantenha com tráfego, pelo menos da forma como nós o conhecemos. Mas, reconheço, que a sua interdição ao tráfego gera perturbações nalgumas atividades económicas e, portanto, temos de ponderar aquilo que queremos fazer. Mas a solução que a câ-

mara irá apresentar prevê que aquele espaço à frente do mosteiro seja de fruição turística e não de tráfego de veículos automóveis. Como têm decorrido as negociações com a Águas do Lena para rever o contrato de concessão do abastecimento ao domicílio? Não tem sido fácil, mas temos dado passos importantes, com a boa colaboração da concessionária, e a parte mais difícil está feita. Já conseguimos reequilibrar o contrato, em que há uma efetiva partilha de risco e de benefícios, o que não acontecia no contrato anterior, em que o risco estava todo do lado público. Ainda não há acordo, mas esperamos fazê-lo nos próximos dias. Aliás, o nosso objetivo é que o novo tarifário entre em vigor em 1 de Janeiro de 2015, mas ainda não há acordo nesta matéria. A proposta que estava na Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) era penalizante para os consumos mais baixos (95% dos consumidores do concelho, consumos entre os cinco e 20 metros cúbicos/mês), com crescimentos na ordem dos 30/40% no tarifário e havia algum desagravamento nos consumos maiores. Noto que haverá um aumento do tarifário, que não será ajustado apenas ao valor da inflação? Não. O esforço que estamos a fazer, e é o ponto em que não há consenso, é no sentido de nos escalões mais baixos, desde logo no


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“Há pessoas idosas que não são devidamente acompanhadas”

“Estamos preocupados, tem havido um crescendo de casos [de criminalidade] e associados à toxicodependência existem também pequenos delitos, como furtos”.

primeiro, não haver qualquer aumento.

tado anualmente com base na taxa de inflação.

Portanto, está a contrapor nenhum aumento contra 30/40%? Estamos a trabalhar no sentido de os três primeiros escalões, os mais sensíveis do ponto de vista social e económico, terem um aumento moderado, garantindo que no primeiro escalão não haja mesmo qualquer aumento. Este é o escalão onde estão as famílias que poupam mais – e, portanto, devem ser premiadas – e as pessoas que sofrem mais carências. O terceiro escalão também é muito importante porque é o de referência na revisão tarifário para os chamados consumos não domésticos (a indústria, comércio, Instituições Particulares de Solidariedade Social e o próprio município). Estamos a trabalhar de forma a que o aumento não seja feito de uma só vez e seja suportável pelas pessoas. Mas vai haver sempre algum aumento e não vale a pena ignorá-lo, porque a concessionária tem prejuízos acumulados, em resultado de uma operação deficitária; mas devem ser protegidos os consumidores do primeiro escalão, os pequenos comércios e as pequenas indústrias e de uma forma geral as atividades económicas. E também, com toda a franqueza, se não chegarmos a consenso não iremos assinar outro acordo e comunicaremos à ERSAR que se mantém o contrato em vigor, com o tarifário aumen-

A questão dos resíduos sólidos também está difícil de resolver. A Valorlis está a projetar a tarifa para 2015 na base num orçamento empolado, o que significa um aumento de 21,30% no tarifário, baseando-se num valor de 32,27 euros/tonelada do orçamento deste ano, quando deveria fazê-lo em relação aos 27 euros do histórico. É uma injustiça, por uma razão simples: no final do ano a Valorlis acerta as contas com o município, mas anda o ano inteiro a servirse com o seu dinheiro. Não é justo, precisamente no momento em que estamos a mudar de acionista da empresa, que a projeção do tarifário seja feita numa ótica de uma previsão errada, quando deve ser feita sobre o real. E nós já estamos num dos subsistemas mais caros do país. É também um dossier difícil, mas não vamos abdicar de uma posição compaginável com o pagamento dos nossos munícipes. O município quer evitar ou minimizar esse aumento? É nossa obrigação fazêlo. Mas mais do que isso, é nossa obrigação alertar a Valorlis que, num momento em que o Governo já decidiu vender a empresa a um privado, não faz sentido darlhe ‘de borla’ um tarifário perfeitamente desajustado da realidade da operação. Estariamos a fazer com que o privado ficasse durante o ano a servir-se com o dinheiro dos munícipes.

Os municípios fazem parte da Valorlis. Porque estão surpreendidos com estes valores? O município da Batalha só hoje [6 de outubro] recebeu as contas de 2013. Ainda não recebemos as de 2014. Portanto, há aqui um atraso na informação e na qualidade da informação prestada, não só aos clientes, mas sobretudo aos acionistas, como são os municípios. Portanto, temos o direito de ser devidamente informados, mas não fomos. Na última assembleia geral, com base nos poucos dados que tínhamos, fizemos algumas contas e chegámos rapidamente à conclusão que a orçamentação era excessivamente conservadora nos proveitos e muito expansionista nas despesas. A venda da empresa justifica a apresentação destas contas ou não existe uma ligação? A perceção que temos é que pode haver alguma influência da parte da administração, sobretudo da Empresa Geral de Fomento (EGF) para, como se diz na gíria portuguesa, mostrar serviço para agradar ao novo chefe. É um exercício inútil, porque o novo acionista deve é preservar uma boa relação com os clientes, neste caso os municípios. Se não houver uma boa relação de confiança com os clientes – através da transparência total nas contas, sobretudo na fixação da tarifa a ligação começa mal e os municípios têm alternativas que podem comprometer o sistema.

A prevenção dos fogos florestais foi uma das suas prioridades. Esse trabalho resultou? É um trabalho notável. O mérito é sobretudo dos GIP/GNR de Alcaria e do seu comandante, o 1º sargento Rui Teixeira, porque de facto desenvolveram um projeto inovador a nível nacional. O projeto foi reconhecido pelo Governo, há grandes empresas que se querem associar a ele sob o princípio da responsabilidade social e está a ser levado para outros pontos do país. Começou com três concelhos (Alcanena, Porto de Mós e Batalha) e hoje já envolve todos os concelhos do sul do distrito de Leiria, excluindo Peniche. Foi preciso aplicar muitas coimas ou a população aderiu voluntariamente? Os munícipes resolve-

ram voluntariamente 90% das situações. Os 10% que não o fizeram serão objeto de contraordenações, que nalguns casos poderão ser graves. No ano passado o concelho tinha 94 menores em risco. A Loja Social apoia 200 famílias, incluindo 90 crianças. Estes números preocupam-no? Muito. Há de facto alguns problemas. Para o ano vamos ter um novo programa para complementar a rede pública, sobretudo no apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) no apoio domiciliário às pessoas mais idosas, porque algumas não são devidamente acompanhadas. Na área das crianças e jovens, bem como das mulheres vitimas de violência, também vamos reforçar a resposta social,

porque infelizmente temos tido casos, não muitos, nem preocupantes, mas que devem ter uma resposta das entidades públicas. Há ainda problemas relacionados com a toxicodependência, sobretudo dos mais novos. Por isso, em 2015 vamos reforçar as respostas existentes e, sobretudo, arranjar mecanismos que enquadrem estes jovens, permitindo encaminhá-los para uma ocupação que os liberte das drogas. Estamos preocupados, tem havido um crescendo de casos, não muitos, e associados à toxicodependência existem também pequenos delitos, como furtos, e o município terá uma resposta forte neste domínio do apoio à juventude.

“A câmara está a analisar projetos para dois novos lares” As resposta ao nível da saúde são suficientes? Temos, além da Unidade de Saúde, um hospital de referência, gerido pela Misericórdia da Batalha, que tem um conjunto de respostas alargado para todos os cidadãos. Neste ponto de vista estamos muito satisfeitos. Gostaria, não na componente da saúde, mas também tem a ver, de reforçar a nossa rede de lares. E estamos a colaborar com as IPSS no sentido da construção de um lar em São Mamede (Centro de Assistência de São Mamede), e outro na Batalha (Irmandade da Misericórdia da Batalha). Mas há já ideias consolidadas em relação a estes projetos? Os dois projetos de lares já deram entrada na câmara, estão a ser analisados pelos nossos serviços e já foram encaminhados para os serviços

da Segurança Social. Qual é a importância que atribui ao associativismo no concelho? É muito importante, porque as associações cumprem hoje um papel complementar e em muitos domínios substituem o município. No início do mandato reforçámos o apoio às coletividades, atribuindolhes uma verba suplementar e abrindo candidaturas na área do investimento. Este ano mantivemos o valor global dos apoios em 300 mil euros. Para além disso, tomámos mais duas medidas importantes: os autocarros do município passaram a estar mais disponíveis para as associações e reduzimos em 50% o IMI das coletividades. E se tivermos condições, e estamos a trabalhar para isso, para o ano vamos reduzir a 100% este imposto para as associações. A câmara decidiu ain-

da atribuir uma t-shirt para treinos às equipas desportivas e criar um premio para o melhor atleta do concelho. Alguma outra questão a que gostaria de responder? Não. Mas quero felicitar o Jornal da Batalha, porque também faz parte da nossa cultura e cumpre o seu papel com jornalismo independente e procura potenciar o nosso território. O trabalho na Câmara da Batalha é de equipa, com os vereadores, com todos os colaboradores do município, incluindo aqueles que estão nas juntas de freguesia, homens e mulheres que diariamente procuram dar o seu melhor. Esse trabalho nem sempre é suficientemente valorizado pelo presidente da câmara, por isso aproveito esta ocasião para reconhecer que o trabalho que fizemos até agora tem muito mérito deles.


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Especial CR Rebolaria

Coletividade nasceu do teatro e nunca interrompeu a atividade m As peças amadoras foram uma das formas de financiamento do clube, que comemorou no início deste mês o 54º aniversário

O Centro Recreativo da Rebolaria (CRR) deve a sua origem a um punhado de jovens que aproveitou a paixão da terra pelo teatro para financiar a criação da coletividade, nascida oficialmente em 8 de Outubro de 1960 e que continua ainda hoje a privilegiar as atividades não desportivas, ao contrário da generalidade das associações do concelho. “Foi com o teatro que conseguimos arranjar dinheiro para começar. Sempre houve muitas peças de teatro na Rebolaria. No carnaval, por exemplo, era uma aldeia muito alegre, havia teatralizações e divertimentos para mostrar na Batalha”, conta Armindo Vieira Jordão, de 74 anos, um dos fundadores do clube com José de Sousa Marto, António Alberico de Sousa Meneses Monteiro,

Abílio Monteiro Jordão, Luciano Santos Ferreira, António Tomáz Vieira Jordão (o mais velho, teria hoje 82 anos) e António Vieira Bagagem. A ideia de formar o clube surgiu onde existe a atual sede. No local havia uns barracões onde os rapazes, sem dinheiro ou meios de transporte para sair da aldeia, se juntavam antes e após a missa. Os jogos de cartas e dominó ocupavam o tempo dos jovens nos barracões velhos do ‘Cuco’, sobretudo nos penosos dias de Inverno - no verão ainda pediam bicicletas para irem dar uma volta. “Foi então que pensámos em arranjar um sítio para os jovens de encontrarem. Começámos logo a discutir e começou a fazer-se luz sobre a criação de uma associação”, recorda Armindo Vieira Jordão, adiantando que o primeiro problema foi a falta de dinheiro, pois os mentores do projeto eram provenientes das camadas mais pobres da população. O grupo inicial que meteu mãos à obra era constituído por seis jovens e a ideia consolidou-se durante um passeio noturno. “Um

dia fomos às uvas à noite e sentámos-mos debaixo de umas oliveiras, ao luar, a pensar a sério em formar a associação e em angariar sócios e, apesar de não estarmos nada dentro assunto, foi a partir desse dia que a ideia ganhou mais de força”, adianta o comerciante, reformado, que viria a desempenhar cargos diretivos no CRR até 1993. O grupo inicial decidiu então convidar outros jovens para o projeto, entre os quais António Bagagem, com o fito de conseguirem que a mãe deste lhes arrendasse uma casa no fundo da aldeia para servir de sede. Mas continuava a faltar o dinheiro. Para obstar a esta dificuldade – e como a aldeia tinha uma grande tradição no teatro popular, incluindo de rua – decidiram montar uma peça, que foi apresentada num lagar de azeite existente à entrada da povoação, quando se sobe do Arneiro. Foi um sucesso. A primeira apresentação rendeu 300 escudos (1,5 euros). “Nessa altura, as comissões organizadoras das peças de teatro, que se suce-

p Fundadores do clube, da esquerda para a direita: Armindo Vieira Jordão, Luciano Santos Ferreira, Abílio Monteiro Jordão, António Tomaz Vieira Jordão, António Vieira Bagagem e António Alberico de Sousa Meneses Monteiro

p Armindo Vieira Jordão na sala de troféus do clube deram, decidiram utilizar o dinheiro para fundar a associação, embora alguns elementos tenham preferido ficar com a sua parte das receitas”, lembra Armindo Vieira Jordão. Em 1958/1959 tomaram de renda a casa da mãe de António Bagagem, a primeira sede do clube, e começaram a organizar bailes para angariar fundos e a melhorar as instalações, nomeadamente equipando-a com bancos corridos, que fizeram com madeira oferecida. Mas as coisas não cor-

p A atual sede do clube, no centro da Rebolaria

reram como o previsto. Como associação ainda não estava legalmente constituída, não podia organizar os bailes. Um morador denunciou a situação ao pároco e este à GNR. Como resultado, as autoridades policiais fecharam a sede. As instalações estiveram encerradas um mês e reabriram na condição de não haver bailes enquanto a associação não tivesse estatutos aprovados – que viriam a ser inspirados nos de uma associação da Vestiaria, no concelho


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de Alcobaça. Nos tempos que se seguiram, foram melhoradas as instalações, comprado um televisor a preto-ebranco, jogos de cartas e dominó, e angariados sócios. “Os homens não podiam fumar, tinham de tirar a boina ao entrar e o chão era de terra batida”, conta Armindo Vieira Jordão, adiantando que o televisor foi comprado por cinco mil escudos (25 euros), a prestações, ao Matos, e quatro ou cinco dos fundadores tiveram de assumir a responsabilidade do pagamento”. A sede tinha dois andares, situando-se no rés do chão um bar, onde era serviço o licor ‘tafe tafe’ (nas casas da aldeia bebia-se apenas vinho e água pé), que chegava em barris de madeira. Para angariar fundos começaram a fazer-se sorteios de rifas. Numa divisão ao lado, a ‘casa da burra’, nasceu um salão de teatro e bailes – ao som de gira discos para angariar fundos. E a associação foi evoluindo, de tal forma que surgiu a necessidade de construir as atuais instalações, inauguradas oficialmente em 1984, após muitos anos de trabalho. Até hoje, passados 54 anos, a coletividade nunca interrompeu a sua atividade, um caso raro no panorama associativo.

Especial Centro Recreativo da Rebolaria Batalha

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Equipa de sócios-contínuos abre a sede todos os dias p Paulo Oliveira (esq.) e Rui Pinheiro frente aos retratos de antigos presidentes do clube

m As receitas do bar e as cotas são as principais fontes de financiamento da coletividade, que tem um orçamento de 20 mil euros

O CRR tem participado em eventos organizados pela câmara (como o carnaval e a FIABA), e realizado atividades como bailes, passeios pedestres, cicloturismo e torneios de cartas para sócios, apenas com prémios simbólicos. O desporto nunca esteve entre as suas prioridades, uma vez que não esteve na origem do clube, por falta de

financiamento. As principais receitas da coletividade, que tem um orçamento de 20 mil euros, provêm da exploração do bar, das cotas dos 170 sócios pagantes – porque há mais inscritos - e de apoios da autarquia. “O clube já teve mais dificuldades. Temos controlado e gerido bem os poucos dinheiros disponíveis”, refere Paulo Oliveira, de 42 anos, presidente da associação desde junho de 2013, destacando entre as iniciativas programadas para os próximos meses as festas de Natal para as crianças e da passagem de ano, e o magusto de São Martinho. Está também pensado um torneio de

Rua Nossa Sra. do Caminho, nº 6A 2440 -121 Batalha Telf/Fax +351 244 764 174 http://burrovelho.com geral@burrovelho.com

cartas, que poderá ser aberto a não sócios. As instalações estão abertas todos os dias, a partir das 20h00 durante a semana e após a hora do almoço ao domingo, e o seu funcionamento é garantido por um grupo de 30 sócios, os chamados contínuos, uma forma de organização pouco comum. O futebol na televisão pode antecipar o horário de abertura. “Cada sócio é responsável por abrir o clube e servir os associados um dia por mês. Essa pessoa é também responsável por deixar tudo em ordem para o contínuo do dia seguinte. O bar é uma forma de gerar receitas e assim não precisamos de pagar

a um funcionário, como chegou a acontecer, embora por pouco tempo, nos anos de 1980”, explica Rui Pinheiro, de 56 anos, presidente da assembleia geral do clube há 11 anos. A coletividade nunca teve atividades desportivas federadas, por razões históricas e falta de infraestruturas, daí também receber menos financiamentos das entidades oficiais. Mesmo assim, chegou a ter atletismo e equipas de futebol de salão e de futebol de 11, que se organizavam para participar em torneios. Foi no seio deste clube que nasceu um dos melhores ranchos folclóricos do país, o Rosas do Lena.


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Opinião

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Jornal da Batalha

s Fiscalidade

Donativos em espécie Os donativos em espécie ou em dinheiro, concedidos pelas empresas, a Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), não acarretam qualquer restrição e são aceites como gastos fiscalmente dedutíveis, assim como, são majorados fiscalmente. Começo por referir o n.º 3.º do Artigo 62.º - Dedução para efeitos da determinação do lucro tributável das empresas, do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF), dispõe que são considerados custos ou perdas do exercício, até ao limite de 8/1000 do volume de vendas ou dos serviços prestados, os donativos atribuídos às seguintes entidades: a) Instituições particulares de solidariedade social, bem como pessoas coletivas legalmente equiparadas; b) Pessoas coletivas de utilidade pública administrativa e de mera utilidade pública que prossigam fins de caridade, assistência, beneficência e solidariedade

social e cooperativas de solidariedade social; c) Centros de cultura e desporto organizados nos termos dos Estatutos do Instituto Nacional de Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores (INATEL), desde que destinados ao desenvolvimento de atividades de natureza social no âmbito daquelas entidades; d) Organizações não governamentais cujo objeto estatutário se destine essencialmente à promoção dos valores da cidadania, da defesa dos direitos humanos, dos direitos das mulheres e da igualdade de género, nos termos legais aplicáveis; e) Organizações não governamentais para o desenvolvimento e f) Outras entidades promotoras de iniciativas de auxílio a populações carecidas de ajuda humanitária, em consequência de catástrofes naturais ou de outras situações de calamidade internacional, reconhecidas pelo Estado Português, mediante despacho conjunto

do Ministro das Finanças e do Ministro dos Negócios Estrangeiros. Estes donativos são levados a custos em valor correspondente a 130% do respetivo total ou a 140%, de acordo com o n.º 4.º do Art.º 62.º do EBF, no caso de se destinarem a custear o apoio à infância ou à terceira idade; o apoio e tratamento de toxicodependentes ou de doentes com sida, com cancro ou diabéticos ou a promoção de iniciativas dirigidas à criação de oportunidades de trabalho e de reinserção social de pessoas, famílias ou grupos em situações de exclusão ou risco de exclusão social. Nos termos do n.º 5.º do Art.º 62.º são considerados custos ou perdas do exercício, até ao limite de 8/1000 do volume de vendas ou de serviços prestados, em valor correspondente a 150% do respetivo total, os donativos concedidos às entidades referidas nos números

anteriores, que se destinem a custear as seguintes medidas: a) Apoio pré-natal a adolescentes e a mulheres em situação de risco e à promoção de iniciativas com esse fim; b) Apoio a meios de informação, de aconselhamento, de encaminhamento e de ajuda a mulheres grávidas em situação social, psicológica ou economicamente difícil; c) Apoio, acolhimento e ajuda humana e social a mães solteiras; d) Apoio, acolhimento, ajuda social e encaminhamento de crianças nascidas em situações de risco ou vítimas de abandono; e) Ajuda à instalação de centros de apoio à vida para adolescentes e mulheres grávidas cuja situação socioeconómica ou familiar as impeça de assegurar as condições de nascimento e educação da criança e f) Apoio à criação de infraestruturas e serviços destinados a facilitar a conciliação da maternidade com a atividade profissional dos pais. Chamo à atenção especial para o teor do n.º 11.º do Art.º 62 - No caso de dona-

tivos em espécie, o valor a considerar, para efeitos do cálculo da dedução ao lucro tributável, é o valor fiscal que os bens tiverem no exercício em que forem doados, deduzido, quando for caso disso, das reintegrações ou provisões efetivamente praticadas e aceites como custo fiscal ao abrigo da legislação aplicável. De acordo com o n.º 1.º do Art.º 66.º - Obrigações acessórias das entidades beneficiárias (EBF), as entidades beneficiárias dos donativos são obrigadas: a) Emitir documento comprovativo dos montantes dos donativos recebidos dos seus mecenas, com a indicação do seu enquadramento no âmbito do presente capítulo e, bem assim, com a menção de que o donativo é concedido sem contrapartidas, de acordo com o previsto no artigo 60.º; b) Possuir registo atualizado das entidades mecenas, do qual constem, nomeadamente, o nome, o número de identificação fiscal, bem como a data e o valor de cada donativo que lhes tenha

António Caseiro Técnico Oficial de Contas Mestre em Fiscalidade Pós-Graduação em Contabilidade Avançada e Fiscalidade

sido atribuído, nos termos do presente capítulo e c) Entregar à Direção-Geral dos Impostos, até ao final do mês de fevereiro de cada ano, uma declaração de modelo oficial referente aos donativos recebidos no ano anterior. Saliento que os donativos em dinheiro de valor superior a € 200 devem ser efetuados através de meio de pagamento que permita a identificação do mecenas, designadamente transferência bancária, cheque nominativo ou débito direto.

s Noticias dos combatentes

A origem do Cristo das Trincheiras (I) No artigo de hoje e do próximo mês iremos dar-vos conta de um episódio, no mínimo enternecedor, que, embora ligado à nossa participação na Grande Guerra de 1914-1918, em França, não será devidamente conhecido, mesmo por quem mais se interessa por estes episódios da nossa história militar e pátria. Os combatentes, os batalhenses e os portugueses em geral, que eventualmente já tenham visitado, no interior do Mosteiro da Batalha, a Sala do Capítulo e o Museu do Combatente, terão admirado, no primeiro destes dois locais, fixa na parede de fundo, uma grande cruz em madeira, com um Cristo moldado em tamanho natural, mas tremendamente mutilado, designadamente as pernas (faltam-lhe as duas, dos joelhos para baixo) e do membro superior direito, ao nível da mão e do pulso; enquanto no Museu existe uma foto em tamanho quase natural, também do mesmo

Cristo, mas já com as referidas mutilações, em fundo de “terra de ninguém”, mais concretamente, dos campos de batalha da Flandres, após a épica batalha de La Lys, como sabemos, de triste memória para os combatentes portugueses que nela participaram. A história que genericamente conhecemos deste Cristo cruxificado e da sua vinda para Portugal, é que aquando da chegada das nossas tropas àquela região da Flandres, ele estaria ainda ereto entre as localidades de Lacouture e NeuveChapelle, embora estas povoações já estivessem quase reduzidas a escombros; que as mutilações foram provocadas pelo ataque alemão, no dia 09 de Abril de 1918, durante a batalha de La Lys (que também fez desaparecer do mapa Neuve-Chapelle); que as tropas portuguesas, apesar de quase dizimadas nessa batalha, quando recuaram para o setor aliado, trouxeram con-

sigo o Cristo já mutilado e que, finalmente, em 1958, após contactos entre os governos português e francês, o Cristo veio para Portugal, tendo sido colocado na Sala do Capítulo, no dia 09 de Abril desse ano, onde tem estado exposto, até hoje. Poderemos aqui questionar o que terá levado uns quantos soldados portugueses a carrearem com o Cristo, já mutilado, enquanto, ainda sob fogo inimigo, recuavam desordenadamente para a retaguarda, em busca de proteção junto de outras forças aliadas. Mas a resposta não será difícil se nos lembrarmos que em 1917 já se tinha dado a batalha de NeuveChapelle e quando os soldados portugueses chegaram à zona, o Calvário, tal como aquelas povoações já tinham sido severamente bombardeados, mas a cruz e o Cristo, como que por milagre, ainda se mantinham de pé! Ora, um cenário destes, para os filhos dum povo ge-

nuinamente católico e temente a Deus, terá sido como que um sinal dos céus, sendo perfeitamente natural que, ainda perante a sua inumana existência nas trincheiras, os nossos soldados tenham pedido a proteção divina, simbolizada por aquele Cristo crucificado. Recordados estes episódios, da maioria conhecidos, fica, no entanto, por esclarecer, quando e por quem foi erigido aquele Cristo Cruxificado, ali, naquele local, onde, por coincidência ou não, foi bivacar, em 1917, o grosso do Corpo Expedicionário Português (CEP), incumbido da missão de defesa daquela região, das investidas das tropas alemãs. Provavelmente este pormenor não se revestiria de grande interesse, a não ser para um ou outro “cocabichinhos”, porque o mais importante foi que Aquele Cristo estava no sector das tropas portuguesas, as quais o terão elegido seu protetor e que, finalmente, em 1958 ele

veio para Portugal. Até que, muito recentemente, e sem que nada tivéssemos feito para isso, nos foi desvendado esse “mistério”, ou seja, fortuitamente, ficámos a saber quando e por quem aquele Cristo foi erigido na local onde as nossas tropas com ele se depararam, quando chegaram àquela região da Flandres. O enigma esclarece-se com meia dúzia de palavras: em 1877, duas famílias parentais francesas, ali residentes, os Bocquet e os Plouviez, construíram um Calvário, onde pontificava o Cristo cruxificado na cruz, no ângulo da rua do BOIS (pequeno bosque) e rua Jacquet. Após as vicissitudes ocorridas durante a guerra e já relatadas, inclusive a importância que o Cristo teve para as tropas portuguesas, finalmente a paz voltou. O Sr. Louis Bocquet sobreviveu, voltou a tomar posse dos seus haveres, inclusive o Cristo mutilado onde os

nossos combatentes O deixaram, quiçá, pesarosos por não O terem podido trazer com eles. Aquele proprietário recolheu-O e preservou-O como estava, até que, em 1957, aos seus descendentes, o governo português, por intermédio do francês, pede a doação desta Relíquia, ao que aqueles anuíram. Assim, no ano seguinte, o Cristo das Trincheiras deixa Neuve-Chapelle para se instalar na Sala do Capítulo do Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Da forma como tivemos acesso a tão preciosa informação, dar-vos-emos conta no próximo artigo. Batalhenses: no dia 18 deste mês, conforme informámos no artigo anterior, vamos todos homenagear, na Batalha, Reguengo do Fetal e São Mamede, os nossos concidadãos que se bateram na 1ª Grande Guerra! NB-LC


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Atualidade Batalha

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Mestre José Madeira já tem sucessor na arte da cantaria

Joaquim Santos / Jornal das Colmeias

p Armando Pinheiro está a aprender a arte da cantaria com o sogro

p O mestre José Madeira a trabalhar uma das suas peças

m Armando Pinheiro está há dois anos a absorver os ensinamentos do sogro e já consegue talhar o calcário com os desenhos tradicionais utilizados pelos antigos canteiros do mosteiro

O mestre José Madeira, o último canteiro da Batalha, rendilhador artesanal de calcário desde os 11 anos, está a transmitir o seu saber ao genro, procurando garantir a continuidade de uma arte em vias de extinção, que chegou a alimentar muitas famílias à volta do Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Armando Pinheiro, de 67 anos, já talha a pedra com recurso apenas a fer-

ramentas artesanais, transformando-a em rodízios, cruzes de Cristo, brasões, quadros rendilhados, flores do Lis e outras com temáticas relativas ao mosteiro, seguindo as instruções do sogro, que trabalhou o calcário entre os 11 e os 27 anos, antes de assumir a profissão de motorista, que o ocupou nas décadas seguintes. O artesão mais novo, extécnico de vendas, nasceu em Porto do Concelho (um lugar absorvido entretanto pelo Casal do Quinta), a um quilómetro do Carvalho do Outeiro, onde vive há 43 anos e tem instalado o atelier que partilha com o sogro. Reformado aos 64 anos, Armando Pinheiro decidiu ocupar parte do seu tempo na arte da cantaria. “Perguntei ao meu sogro se me dava umas luzes sobre este trabalho, que

ainda me lembro de sustentar umas cinco famílias da vila, como a do mestre Alfredo Ribeiro”, conta o artesão, adiantando que faziam “quadros chamados ‘gogós’,

redondinhos, e outros com fotografias do mosteiro, que expunham para venda à saída do monumento”. Esta arte era o sustento de muitas famílias da Batalha, embora fosse uma atividade sazonal, mais rentável no verão, quando aumentava o número de turistas. No início do século XX, as peças decorativas eram feitas pelos 14 canteiros que trabalhavam no mosteiro, aproveitando as horas vagas para transformar a pedra que chegava da zona do Vale da Seta, no cimo do Reguengo do Fetal, em carros de bois. Duas ou três carradas davam para os canteiros da vila trabalharem o

ano inteiro. José Madeira aprendeu o ofício com o homem que o criou, António Jorge, um dos mestres de cantaria que trabalhou no mosteiro. Quando deixou a profissão de motorista, aos 65 anos, voltou a talhar a pedra, durante três ou quatro anos, mas a vista cansada e a falta de qualidade do calcário (hoje mais duro e menos puro, com seixos, mais quebradiço), levou-o a quase desistir. A sua missão agora, passados 20 anos, assenta na transmissão de conhecimentos ao genro. “Ele tinha as ferramentas guardadas num caixote, foi buscá-las e andou algum

s registo Manter uma tradição que está em vias de extinção Armando Pinheiro ainda “enfrenta diversas dificuldades ao tratar a pedra”, mas já consegue fazer quase todos os modelos. Até hoje talhou duas dezenas de peças, com os ensinamentos de José Madeira. “Mais de metade dei-as aos meus amigos. Não vendi nada a ninguém. Não fiz questão disso”, destaca, adiantando que o seu objetivo “foi ir ao encontro de uma tradição que o sogro gostava de manter, porque caso contrário terminava”, tanto mais que ninguém na Batalha trabalha a pedra da mesma maneira. O ex-técnico de vendas, que também trabalha peças de design mais moderno, dedica à cantaria o tempo que a inspiração lhe oferece. Não tem dias, nem horas cer-

tas. As ferramentas são artesanais, como é o caso das brocas feitas com varetas de chapéus antigos, serrotes, réguas, limas, serras manuais, escopros, lixas e lápis, algumas saídas das mãos dos artesãos. Ainda hoje fatia pedra com uma serra manual, como antigamente. Uma das grandes dificuldades que Armando Pinheiro enfrenta é a dureza e impureza da pedra, que “dantes parecia manteiga” – quando vinha do Vale da Seta, dos segundo e terceiro filões. “As pessoas viraram-se para os Moleanos, mas não há pedra como a do Vale da Seta, cuja exploração os responsáveis do Governo ou da câmara deviam preservar”, refere o ‘aprendiz’ de canteiro, que começou a trabalhar na arte há dois anos.

tempo a fazer quadros. Fez muitos para a família, amigos e para o Rancho Folclórico Rosas do Lena levar nas digressões ao estrangeiro. O historiador José Travaços Santos foi uma das pessoas que o incentivou”, conta o antigo técnico de vendas. As ferramentas voltaram a ser guardadas no sótão, mas Armando Pinheiro “tentou motivar” o sogro a regressar à arte e a ensinálo. “Arranjei uma banca e começámos a trabalhar a pedra. Hoje já faço peças quase sozinho, mas a perfeição dele é muito melhor que a minha. Ele não tem desenhos, tem tudo na cabeça e faz tudo à mão”. O ‘aprendiz’ de cantaria enveredou pelo oficio para satisfazer uma vontade do filho, que queria guardar algumas peças feitas pelo avô, à semelhança da irmã. No entanto, José Madeira, alegando não ver bem, nem possuir a pedra adequada, nunca concretizou o desejo do neto. “O meu filho gostava muito de ter um quadro de 40X30 centímetros, que tivesse o mosteiro, flores do lis, uma cruz e as cinco quinas. A satisfação da sua vontade é a grande razão de eu querer ser canteiro e nesse sentido procurei que o meu sogro me ajudasse. Essa promessa está agora cumprida”, conclui Armando Pinheiro.


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Batalha Economia

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Economia Concelho sobe em 20% a área para a instalação de empresas m O novo PDM promove as áreas destinadas às atividades económicas, responsáveis por 62 milhões de euros de exportações no ano passado

O concelho da Batalha vai aumentar em 20% a área destinada à instalação de empresas e reduzir as zonas para a construção de habitações, no âmbito da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), em fase de conclusão, revelou o presidente da autarquia durante uma visita, a 26 de setembro, do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros a empresas do concelho. A intenção do município “é que se criem melhores condições para a localização de atividades eco-

nómicas, cujo espaço no território vai crescer 20%, resolvendo também a larga maioria, se não a totalidade, dos problemas que hoje se colocam a algumas empresas, com componentes da sua expansão fabril por legalizar devido a constrangimentos do PDM”, explicou Paulo Batista Santos perante 40 empresários batalhenses, durante o almoço da visita, no Hotel Villa Batalha. “Em contrapartida – acentuou o autarca - iremos reduzir as zonas chamadas

p O secretário de Estado Luís Campos Ferreira (ao centro) durante a visita a Erofio urbanizáveis, porque aquilo que tínhamos no PDM dava para triplicarmos a população”. Paulo Batista Santos, que acompanhou o secretário de Estado Luís Campos Ferreira numa visita ao Gupo Erofio, na Jardoeira, e à Fassa Bortolo, em São Mamede, deu a conhecer

ao governante as medidas de incentivo à economia e instalação de empresas no concelho. O concelho é o oitavo mais exportador do distrito de Leiria, tendo vendido no exterior bens e serviços no valor de 62 milhões de euros para 92 mercados no último ano.

“O exemplo da Batalha, com a preocupação de criar as condições para que o investimento se sinta satisfeito e tenha retorno, seja através da revisão do PDM ou de uma ‘reforma fiscal’, é um exemplo para outras autarquias”, referiu Luís Campos Ferreira.

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Batalha

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Saúde Época da gripe: vamos prevenir? O que é a gripe? A gripe, “comum” ou “sazonal”, é uma doença contagiosa de transmissão pessoa a pessoa. É devida a uma infeção do aparelho respiratório causada pelos vírus influenza A, B e C. Como se transmite? O vírus é transmitido através de partículas de saliva de uma pessoa infetada, expelidas sobretudo através da tosse e dos espirros, mas também por contacto directo, por exemplo, através das mãos. Quais os sintomas/sinais da Gripe? No adulto, a gripe manifesta-se por início súbito de febre alta, calafrios, dores de cabeça, dor de garganta, dores muscu-

lares e articulares, tosse seca, congestão nasal e mal-estar geral. Para além da febre alta, nas crianças são frequentes os sintomas gastrointestinais (náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal) e a prostração. Para prevenir deve-se: evitar multidões e os ambientes mal ventilados e sobrepovoados, particularmente nos períodos de epidemia; evitar, se possível, o contacto próximo com doentes; lavar frequentemente as mãos; evitar as mudanças bruscas de temperatura e os ambientes muito aquecidos e com baixo teor de humidade; evitar a inalação de irritantes

respiratórios: não fumar! Vacinar-se contra a gripe! A vacina da gripe está recomendada em: pessoas com idade igual ou superior a 65 anos e pessoas vulneráveis, residentes ou internadas em instituições: distribuição gratuita pelo sistema nacional de saúde, sem necessidade de receita médica ou pagamento de taxa moderadora; pessoas com mais de seis meses, incluindo grávidas e mulheres a amamentar, que sofram de doenças crónicas cardíacas, respiratórias, diabetes e doenças hepáticas ou renais; mulheres que, em setembro, estejam no 2º ou 3º trimestre

de gravidez; pessoal dos serviços de saúde e outros serviços em que haja contacto frequente com pessoas de alto risco, nomeadamente os professores. Mensagens sobre a vacina. As pessoas podem ser vacinadas em qualquer momento do outono/ inverno, preferencialmente antes do final do ano; As vacinas contêm vírus mortos não infectantes e, por isso, não podem causar gripe (influenza); compete ao médico prescrever a vacina, tendo em atenção a história do doente. Céline Rodrigues Médica Interna na USF Condestável, Batalha

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Batalha

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s Opinião

Cultura

O poder da comunicação

Mosteiro pioneiro no acesso a visitantes com dificuldades m Os guias estão disponíveis no monumento e em www. mosteirodabatalha.pt, podendo ser descarregados para qualquer equipamento

O Mosteiro da Batalha editou um conjunto de documentos – um guião pictográfico, um vídeo guia em língua gestual portuguesa, um áudio guia e um guião em braille – que fazem do monumento o melhor equipado em termos de acessibilidade no âmbito da Direção Geral do Património Cultural (DGPC). “Este é o primeiro monumento – digo-o com orgulho - que apresenta um projeto tão bem enquadrado de inclusão, que está a ser um exemplo para os outros monumentos e também para a própria DGPC”, referiu Joaquim Ruivo, dire-

p Célia Sousa espera que este projeto se estenda a outros monumentos tor do Mosteiro da Batalha, na apresentação do projeto “Novos Olhares, novas Línguas”, a 26 de setembro. “Não sendo um projeto de uma grande dimensão publica, é importante ao nível da inclusão, porque permite ao mosteiro acolher todo o tipo de visitantes. E, neste contexto, é pioneiro entre os monumentos tutelados

pela DGPC”, destacou Joaquim Ruivo. Os guias foram desenvolvidos sob coordenação do Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID/ ESECS/Instituto Politécnico de Leiria) e pelo Serviço Educativo do Mosteiro da Batalha. Os documentos estão disponíveis no monumento

e em www.mosteirodabatalha.pt, podendo ser descarregados para qualquer equipamento, por visitantes com dificuldades de audição, visão ou de literacia. O guião em braille – que inclui plantas e imagens em relevo – está disponível apenas na bilheteira do monumento. Para Célia Sousa, coordenadora do CRID, “o projeto ainda está em aberto, porque inclui um ou outro elemento inovador, que nunca foi testado, e muita coisa pode ser melhorada”. “Agora, o monumento tem todas as populações cobertas, mesmo as com baixa literacia ou deficiências do foro mental”, referiu Célia Sousa, adiantando que “assim a cultura fica mais acessível a todos”. “Espero que este projeto seja o lançamento da primeira pedra no sentido de todos os monumentos serem, no futuro, um pouco mais acessíveis, uma área em que o IPLeiria pode dar um contributo imenso”, conclui a coordenadora do CRID.

s registo IPLeiria e monumento vão assinar protocolo No decurso da apresentação dos guias, Joaquim Ruivo lançou “um desafio” no sentido de se aprofundar a parceria existente entre o monumento e o IPLeiria. “Em meu entender, é de grande valor estratégico para a região e convido-vos a alargarmos e aprofundarmos esta parceria”, explicou o diretor do mosteiro, propondo “a elaboração de um protocolo para estruturar a relação e potenciar a riqueza do monumento”. João Paulo Marques, vice-presidente do IPLeiria, respondeu ao “desafio” de Joaquim Ruivo afirmando que o instituto “estabelecerá com todo o prazer um protocolo de âmbito alargado com o Mosteiro da Batalha, que sirva de ‘chapéu’ para desenvolver ações em conjunto de ações em conjunto para

p Joaquim Ruivo quer reforçar a parceria entre o mosteiro e o IPLeiria bem de todos”. “As instituições de ensino superior têm de agradecer a possibilidade de poderem aplicar o seu conhecimento ao serviço das pessoas. Isso dá-nos uma profunda satisfação, porque significa que andarmos a queimar as pestanas dá frutos”, adiantou João Paulo Marques.

“E esperemos que dentro de alguns anos, com a colaboração do IPLeiria, ou de outras instituições, os monumentos portugueses e a cultura portuguesa sejam de facto acessíveis a muitas pessoas que hoje têm dificuldade em interagir com eles e em contribuir para o seu desenvolvimento”, concluiu.

Comunicar: do latim communicare, significa “dar a conhecer; divulgar; anunciar; informar” ou “transmitir algo; passar”. No Museu da Comunidade Concelhia da Batalha contamos com um espaço dedicado ao poder da comunicação presente em quase todos os gestos do nosso quotidiano. Na vitrina em causa não se encontram smart phones nem IPads, mas revivem-se memórias da importância da comunicação na difusão do conhecimento através da imprensa escrita, da rádio, das telecomunicações ou da fotografia. Durante todo o século XX, a simplificação dos mecanismos da escrita, a expansão da imprensa nacional e local, o cinema, a televisão, a fotografia e a rádio foram os passos essenciais que antecederam o imparável desenvolvimento da comunicação dos nossos dias. Na Batalha, a edição de diversos jornais associou-se à intervenção política, social, e cultural, sendo um meio de discussão e esclarecimento de diversos assuntos. Dada a proximidade que mantinham com a comunidade batalhense, os jornais locais promoviam a cidadania activa, a participação cívica e o esclarecimento do mundo em redor. O primeiro jornal concelhio apelidava-se “A Batalha Nova”, tendo o primeiro número sido editado a 31 de Outubro de 1909. Este periódico quinzenal, “independente, noticioso e defensor da Batalha” encontra-se exposto no Museu, através de uma composição efetuada numa das mais antigas tipografias de Leiria (“Carlos Silva”) e de uma cópia impressa em papel através de um componedor da época. Nos primórdios da imprensa escrita, os tipos de letra não era selecionados através de um simples “clicar” de rato. A operação era bem mais minuciosa e envolvia bastante tempo. Os pequenos cunhos metálicos, com a letra gravada em relevo, eram guardados por tipo nos compartimentos dos caixotins de madeira. Os “a’s” não se misturavam com os “b’s” e as letras em itálico também mereciam o seu lugar exclusivo neste sistema organizado de tipos de letras a que hoje chamamos “fontes”. Também as telecomunicações se revivem nesta vitrina da comunicação e da cidadania através do afamado “tijolo” - outrora chamado telemóvel de reportagem. O que temos chega-nos da já extinta Rádio Batalha e foi utilizado pelos jornalistas de reportagem que, carregando o seu peso, utilizavam-no para as entrevistas e reportagens de rua. A viagem pelos tempos da comunicação passa também pela rádio dos anos 70 do século XX. Não se podia respirar profundamente aos sensíveis microfones da época. Mas esta era uma questão apenas técnica. Mais importante que o cuidado com os suspiros profundos, era a escolha das palavras numa época em que a busca pela liberdade de expressão ganhava cada vez mais terreno nos meios de comunicação. No mesmo espaço do museu associado à comunicação, a parisiense máquina fotográfica de 1900 eleva-se sobre todas as outras peças e convida-nos a viajar pelo mundo da imagem e a reviver os retratos de famílias que estaticamente pousavam frente ao fotógrafo escondido sob um pano preto. A equipa do MCCB convida, através deste meio de comunicação, a visitar o Museu e a conhecer estes fantásticos objetos que mudaram literalmente a forma de ver e ouvir o mundo, que nos chegaram através de diversas instituições locais e de colecionadores privados. Fontes: Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora; Catálogo do MCCB, 2011 Equipa do MCCB


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Património As pessoas que trabalharam no Mosteiro e fundaram a Batalha (II) Ainda sobre a “mouraria” batalhense que, evidentemente, nunca poderia ter sido uma comunidade organizada, e secularmente ali enraizada, como houve em várias cidades e vilas do nosso país, e isto se na realidade um conjunto de pedreiros mouros e doutros profissionais da mesma origem se estabeleceu na Batalha em determinado período da obra que decorria no Mosteiro, a distinta Historiadora Drª. Maria da Luz Franco Moreira revela-nos que em 1763, quase quatrocentos anos depois do início da obra, ainda subsistia uma rua da Mouraria que ia do Chão da Mouraria para o Outeiro (que eu creio que seja o Carvalho do Outeiro), contando 23 prédios urbanos dos quais 8 eram de sobrado (casas de 1º andar). Mas em 1763 nenhum dos proprietários destes prédios tinha nome ou sobrenome que indicasse uma origem mourisca. Eram aparentemente todos Cristãos-velhos. A Batalha formou-se, à semelhança do nosso próprio País e provavelmente dos outros países (este processo continua a decorrer nas Américas), no caldeamento de gentes variadas e de etnias diversas que foram chegando ao termo do Mosteiro. Por isso temos gente trigueira, que é a mais comum entre nós, gente loira e doutros cambiantes. E actualmente estamos a presenciar um novo contributo humano de origem eslava, principalmente ucraniana, imigrantes que já têm filhos nascidos cá e que provavelmente aqui se fixarão definitivamente. O povoamento da Batalha e do território primitivo do seu concelho e do território da paróquia, provocou a concessão de diversos aforamentos a aprazamen-

p Visita imaginada de D. João I ao Mosteiro em obras. Expressivo desenho do pintor, cenógrafo e escritor, do século XIX, Manuel Macedo.

tos de terras e casais nas redondezas batalhenses a pessoas que teriam vindo dos concelhos vizinhos, sobretudo os de Leiria e de Porto de Mós, doutros pontos do País e talvez até do estrangeiro. Os topónimos que então surgiram, e que já referi em apontamentos anteriores, indicam duma maneira geral os nomes dos seus concessionários e primeiros moradores como é o caso de Adrões, Alho, Ledos, Relvas, Palmeiros, Facaia, Mil Homens, Faniqueira, Brancas, Mouratos… ou de quem ali teve uma propriedade como Boitaca (ou Boutaca) ou ainda a sua actividade ou ocupação profissional, como Arqueiro, Benzedor, Marra, Forneiros, Azemel, podendo aqui incluir-se também Faniqueira (faniqueiro era o que exercia a função de carreteiro). Mas não se considere tudo isto como adquirido, pois é pre-

cisa mais investigação e a opinião de especialistas na matéria. A gente, que se contaria por centenas de executantes de vários ofícios nomeadamente cabouqueiros, pedreiros, canteiros, carpinteiros, ferreiros, vidraceiros e vitralistas, etc., mestres, oficiais, aprendizes, que trabalhava na obra do Mosteiro, como viveria, o que comeria e quanto ganharia? As primeiras instalações não deveriam ser mais do que choupanas, abrigos improvisados e espaços adequados aos estaleiros. As coberturas não seriam de telha, as fechaduras ainda de madeira e não haveria chaminés. Pouco a pouco iriam aparecer as casas de pedra e cal ou de adobe, interiores de carrisca (casca de pinheiro em argamassa possivelmente feita de saibro, cal e azeite, e fasquias largas), telhados de cerâ-

mica, chaminés que iriam aumentando à medida das lareiras e das posses dos respectivos proprietários. A maior parte das casas não passava de um piso térreo, e mesmo mais tarde um segundo piso (casas de sobrado) não abrangeria mais do que um quinto das construções. Abro um parênteses para as casas e cómodos que já haveria na Quinta do Pinhal, que D. João I adquiriu a Maria Meira e ao filho desta Egas Coelho e que, certamente, seriam pequenos e poucos. As paredes, com certeza, eram da cor proporcionada pela cal: brancas. Nalgumas começaria a surgir também o calcário em ombreiras e padieiras de portas e janelas, nos arrebates das entradas e noutras partes a que se adequava. Haveria cerrados e pequenos abrigos para os animais domésticos, sobretudo cabras, porcos e galináceos, e almuinhas com pequenas hortas e algumas árvores de fruto. Mesmo aqueles, que se ocupavam inteiramente na obra do monumento, tinham, então, de contar quase só com estas fontes de abastecimento. A feira anual de Santa Maria de Agosto, com a duração de oito dias, criada em 1389 por el-Rei D. João I, não era suficiente para satisfazer as necessidades das famílias. Quando se começariam os mercados semanais na Batalha? Só tenho conhecimento do que D. João V criou, que se realizava às quartas-feiras e a que farei referência logo que me seja possível. Antes de falar na alimentação trecentista e quatrocentista da Batalha, o que ficará para o próximo número, vou tentar dar a ideia dos proventos da gente que trabalhava na obra. Numa relação dos salários nos séculos XIV, XV e XVI, não

encontro informação sobre a Batalha, pelo que apenas reproduzo esta respeitante ao Convento do Carmo, em Lisboa, datada de 1400, em pleno reinado de D. João I, que creio poder ser semelhante ao que se passava em Santa Maria da Vitória: “…os serventes chegaram a ganhar dez reais, os oficiais treze e os mestres trinta, custando nesse tempo o alqueire de trigo cinco reais”. Mas nas “Fontes Históricas e Artísticas do Mosteiro e da Vila da Batalha”, do Professou Doutor Saul António Gomes, há bastas informações sobre os privilégios e regalias da massa obreira batalhina, concedidos por el-Rei D. João I e sucessivamente confirmados pelos Reis da Dinastia de Avis. De vários faço este resumo: “Em 1390, os oficiais e os pedreiros são isentos de sisa sobre qualquer empreitada que fizessem de pedra, de cal ou de telha, parta a construção monástica”. “Em 1399, os mesteirais das obras da Batalha passam a ter o privilégio de não pagarem em fintas e talhas lançadas pelos concelhos nem servirem em carceragens ou noutros encargos concelhios”. “Em 1401, os pedreiros, assentadores, cabouqueiros e dois carpinteiros que lavrassem nas obras do Mosteiro de Santa Maria da Vitória ficavam isentos de pagar em pedidos reais (pedidos=contribuições)”. “Em 1411, os oficiais e pedreiros do Mosteiro da Batalha são isentos da obrigação de trazerem cavalos e armas”. E a lista de privilégios e de regalias concedidos à gente das obras do Mosteiro continua, privilégios que, diminuindo substancialmente os seus encargos fiscais e obrigações comu-

nitárias, iam aumentar os seus proventos. Analisando os documentos da época, fica-se com a impressão de que os mesteirais, ao serviço das obras reais, eram bem pagos. Por sua vez, os mestres, “directores” dessas obras, tinham, sem dúvida, o favor real. Recebiam frequentemente provas da consideração dos monarcas e alguns houve que foram nobilitados como sucedeu com Mestre Boytac, (Boitaca), armado cavaleiro em 1508 ou 1509 pelo Conde Borba, governador de Arzila, nobilitação confirmada por D. Manuel I em 1511, pelos serviços que prestara como arquitecto daquela cidade marroquina, e a Mateus Fernandes é concedida a honra póstuma de ser sepultado, com sua família, no Mosteiro Real de que fôra um dos arquitectos. Todos eram donos de diversas propriedades, como foi o caso de Marco Pires, natural das Brancas/Batalha e notável mestre em Coimbra, que ao morrer prematuramente e sem ter concluído as obras para que fôra contratado, não obstante ter recebido o pagamento adiantado, os muitos bens adquiridos tiveram de ser devolvidos pela família. José Travaços Santos Apontamentos sobre a História da Batalha (139)

Obras Consultadas: “Fontes Históricas e Artísticas do Mosteiro e da Vila da Batalha”, 1º volume, do Professor Doutor Saul António Gomes; “Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses”, 1º volume, de Sousa Viterbo; “Estudos de Antropologia”, 2 volumes, do Professor Doutor Jorge Dias.


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Desporto UD Batalha aposta na formação desportiva e pessoal de 250 jovens m A atividade do clube, fundado em 2006, está centrada no futebol e no ténis. As dificuldades financeiras são a principal preocupação A União Desportiva da Batalha (UDB) tem esta época desportiva objetivos “prioritariamente de caráter pedagógico, no sentido que ser reconhecida pela valorização desportiva e

cívica dos seus atletas, fazendo com que se sintam ’em casa’, estejam a treinar ou em competição”, referiu ao Jornal da Batalha Romeu Soares, que divide a direção desportiva do clube com Nelson Marcelino. A UDB tem 100 atletas a praticar futebol, nos escalões de formação (petizes, traquinas A e B, benjamins A e B, sub 12 e sub 13) e outros tantos nos escalões de competição (iniciados, juvenis e juniores). Na modalidade do ténis tem 50 atletas

inscritos. “Nós temos como principal propósito a formação desportiva e de cidadania dos jovens, ensinando-os a ser bons atletas e melhores seres humanos”, realça Romeu Soares, adiantando que para este objetivo contribuem “o empenho e dedicação” de 20 treinadores, um massagista e um fisioterapeuta. Na parte adminstrativa, o clube tem uma colaboradora e um coordenador desportivo, ambos a tempo

p A União Desportiva da Batalha tem 200 atletas nos escalões de formação e competição de futebol inteiro. As dificuldades que a UDB enfrenta “são, essencialmente, de caráter financeiro, pois a despesa com a estrutura não é acompanhada pela receita”, explica o diretor desportivo, adiantando que a coletividade “conta com o apoio incon-

dicional do município, na vertente financeira e na pronta colaboração na utilização das suas instalações desportivas; e de empresas do concelho e outras”. Para angariar receitas, a UDB explora um bar junto à área administrativa, que funciona de segunda a sexta-

feira, das 17 às 21 horas, e ao fim de semana durante os jogos e treinos. A UDB foi constituída em 29 de junho de 2006, com o objetivo “de fomentar a prática da atividade desportiva no concelho, através de escolas de futebol e ténis”. Tem 200 sócios.

Redução de imposto sobre imóveis beneficia associações

“Dia do desporto” no pavilhão multiusos

A redução em 50% a taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) abrange, a partir de 2015, uma dezena de imóveis propriedade de associações culturais, desportivas e de âmbito social, anunciou a Câmara da Batalha, adiantando que a medida já foi aprovada em Assembleia Municipal e comunicada às Finanças. A medida “reflete, da parte do município da Batalha, a importância e o papel de grande relevo atribuído ao associativismo, como fator de desenvolvimento do concelhio, caracterizando-se pela prática de valores como a so-

O Atlético Clube da Batalha promove o “Dia do desporto”, junto ao pavilhão multiusos da vila, no dia 2 de Novembro, uma iniciativa gratuita aberta a todos os interessados em participar, independentemente da idade e da modalidade desportiva preferida. A iniciativa prevê a apresentação de quase 30 modalidades, entre as 09h30 e as 18h00, como o objetivo de “proporcionar aos jovens e adultos batalhenses, e não só, a possibilidade de conhecerem melhor o desporto que se pratica na região”, como refere Casimiro Gomes, presidente e

lidariedade e a cidadania”, refere a autarquia em comunicado. “O tecido associativo constituído por mais de 40 associações e coletividades constitui um referencial para os mais novos e cumpre uma missão insubstituível nas áreas da cultura, do desporto, do recreio e no âmbito social”, refere o presidente da câmara, Paulo Batista Santos. O município da Batalha salienta que “já disponibiliza gratuitamente desde 2010 a todos os dirigentes associativos, um seguro de acidentes pessoais que pretende salvaguardar e proteger as várias dezenas de volun-

tários face a eventuais acidentes no exercício da atividade associativa”. A medida fiscal aplica-se aos prédios ou parte de prédios propriedade das coletividades de desporto, cultura e recreio, às organizações não-governamentais e outro tipo de associações não lucrativas. As associações beneficiarão ainda da redução da taxa de IMI aplicável a todos os prédios urbanos fixada para 2015 no valor mínimo previsto na Lei, ou seja, em 0,3, uma redução de 14,3% face ao valor anterior de 0,35.

treinador do clube. Os participantes podem experimentar, praticar, conhecer as regras dos jogos e as experiências de quem domina a modalidade, uma vez que o “Dia do desporto” conta com o envolvimento de clubes da região. Uma caminhada (7 quilómetros) e uma corrida (8 quilómetros) contam-se entre as modalidades previstas, a par, por exemplo, das artes marciais (Judo, karaté, kendo, capoeira e kick boxing).

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CARTÓRIO NOTARIAL ALEXANDRA HELENO FERREIRA Rua Dr. António Justiniano da LuzPreto, n.” 31 Edif. Conde Ferreira, Loja 6 2490•552 OURÉM

A fechar

Te!.: 249 545 607 - Fax: 249 545 592 E-mail: alexandrahferreiraràgmail.corn

EXTRACTO

Espaço do Cidadão permite tratar 80 assuntos na câmara municipal m O balcão serve para

O Espaço do Cidadão, a funcionar desde 14 deste mês à entrada da câmara municipal, permite aos batalhenses tratar de 80 assuntos – como a revalidação da carta de condução ou a mudança de morada – que antes obrigavam à deslocação dos interessados aos serviços centrais da administração pública, alguns dos quais situados fora do concelho. O balcão multisserviços foi inaugurado pelo ministro ajunto e do Desenvolvimento Regional, Luís Poiares Maduro, que destacou o facto da Batalha fazer parte de um projeto piloto que envolve 42 municípios, correspondentes a quatro territórios de comunidades

Foto: Luis Filipe Coito

revalidar a carta da condução, mudar a morada ou pedir segundas vias, entre dezenas de outros procedimentos

p O balcão multisserviços está instalado no ‘hall’ dos paços do concelho intermunicipais. “O concelho é um dos primeiros nestes territórios a beneficiar dos Espaço do Cidadão. Este é um dos 20 que já estão instalados no País”, destacou o governante. “Os cidadãos podem agora tratar de muitos assuntos que antes os obrigavam a deslocar-se aos próprios serviços. Com esta plataforma digital comum e o apoio de funcionários é possível tratar mais de 80 assuntos, mas muitos

outros vão seguir-se ao longo dos próximos tempos”, adiantou Luís Poiares Maduro. O Espaço do Cidadão permite, por exemplo, proceder à revalidação da carta da condução, mudança de morada ou pedido de segundas vias, serviços até agora apenas disponíveis nas delegações do Instituto da Mobilidade e dos Transportes. O balcão oferece também serviços dependentes da

Autoridade para as Condições do Trabalho, registos Civil, Predial e Comercial; Direção Geral do Consumidor, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Inspeção-geral das Atividades Culturais e do Instituto da Segurança Social. Os funcionários públicos terão acesso à ADSE Direta e a serviços no âmbito da Caixa Geral de Aposentações. Para o presidente da câmara, os Espaços do Cidadão “apresentam manifesto interesse municipal pelos benefícios que podem trazer aos munícipes em termos de desburocratização e poupança de tempo útil, constituindo, por isso, uma forma de potenciar o desenvolvimento do concelho” “É um projeto que beneficia os cidadãos, melhora e aproxima a resposta da administração e sobretudo valoriza as autarquias, como parceiros da administração central do Estado”, concluiu Paulo Batista Santos.

CERTIFICO, para fins de publicação e em conformidade com o seu original, que por escritura de Justificação lavrada neste Cartório, no dia vinte e nove de Setembro de dois mil e catorze, de folhas vinte e nove a folhas trinta verso do respectivo Livro de Notas para Escrituras Diversas número DUZENTOS E DEZANOVE, Fernando Silva Vieira NIF 120.786.192 e mulher Maria Isabel Silva Soares Vieira, NIF 120.786.184, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais da freguesia de S. Mamede, concelho de Batalha, onde residem na Estrada Principal, nº 42, Casal Suão, declararam: Que são, com exclusão de outrem, donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto de terra de cultura e três tranchas, com a área de mil e sessenta metros quadrados, sito em Casal Suão, freguesia de S. Mamede, concelho de Batalha, a confrontar do norte com caminho, do sul com Joaquim Fetal Carvalho, do nascente com estrada e do poente com Arlinda de Jesus Moiteiro, inscrito na matriz sob o artigo 14152, com o valor patrimonial de € 12,57 e a que atribuem igual valor. Que o indicado prédio não se encontra descrito na Conservatória do Registo Predial de Batalha e veio à posse de ambos, por doação verbal feita por Manuel da Silva Vieira e mulher Joaquina de Fetal Silva, residentes que foram no lugar de Casais de S. Mamede, Batalha, em mil novecentos e oitenta e dois, sem que dela ficassem a dispor de título suficiente e formal que lhe permita fazer o respectivo registo. Que, possuem o indicado prédio em nome próprio, há mais de vinte anos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente da freguesia de S. Mamede, lugares e freguesias vizinhas, traduzida em actos materiais de fruição, conservação e defesa, nomeadamente usufruindo dos seus rendimentos, cultivando e recolhendo os respectivos frutos, limpando-o de mato, pagando os respectivos impostos e contribuições, agindo sempre pela forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sendo, por isso, uma posse pública, pacífica, contínua e de boa fé, pelo que adquiriram o dito prédio por USUCAPlÃO. Cartório Notarial de Ourém, a cargo da Notária Alexandra Heleno Ferreira vinte e nove de Setembro de dois mil e catorze. A Colaboradora autorizada pela Notária em 02/01/2012, Claudia Vieira Arrabaça, nº 260/4 Jornal da Batalha, ed. 291, de 20 de Outubro de 2014

CARTÓRIO NOTARIAL ALEXANDRA HELENO FERREIRA Rua Dr. António Justiniano da Luz Preto, n.º 31 Edif. Conde Ferreira, Loja 6 2490•552 OURÉM Te!.: 249 545 607 - Fax: 249 545 592 E-mail: alexandrahferreiraràgmail.corn

EXTRACTO CERTIFICO, para fins de publicação e em conformidade com o seu original, que por escritura de Justificação lavrada neste Cartório, no dia vinte e nove de Setembro de dois mil e catorze, de folhas vinte e sete a folhas vinte e oito verso do respectivo Livro de Notas para Escrituras Diversas número DUZENTOS E DEZANOVE, Emília da Silva Bellon, NIF 121.140.997, casada sob o regime da separação de bens com Guy Bellon, NIF 277.402.379, natural da freguesia de S. Mamede, concelho de Batalha, residente no lugar de Perulheira, São Mamede, Batalha, declarou: Que. é com exclusão de outrem, dona e legítima possuidora do seguinte prédio: Rústico, terra de cultura e nove oliveiras, com a área de mil e seiscentos e vinte e dois metros quadrados, sito em Vale do Ninho, freguesia de S. Mamede, concelho de Batalha, a confrontar do norte, do sul e do nascente com Manuel da Silva Rosa e do poente com Manuel Reis, inscrito na matriz sob o artigo 1491, com o valor patrimonial de € 13,58 e a que atribui valor igual ao patrimonial. Que o indicado prédio não se encontra descrito na Conservatória do Registo Predial de Batalha e veio à sua posse, ainda no estado de solteira, maior, por doação verbal feita por Manuel Gomes da Silva e mulher Maria do Fetal da Silva, residentes que foram no dito lugar de Perulheira, em mil novecentos e oitenta e dois, sem que dela ficasse a dispor de título suficiente e formal que lhe permita fazer o respectivo registo. Que, possui o indicado prédio em nome próprio, há mais de vinte anos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceu, sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente da freguesia de S. Mamede, lugares e freguesias vizinhas, traduzida em actos materiais de fruição, conservação e defesa, nomeadamente usufruindo dos seus rendimentos, cultivando e recolhendo os respectivos frutos, limpando-o de mato, pagando os respectivos impostos e contribuições, agindo sempre pela forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sendo, por isso, uma posse pública, pacífica, contínua e de boa fé, pelo que adquiriu o dito prédio por USUCAPlÃO. Cartório Notarial de Ourém, a cargo da Notária Alexandra Heleno Ferreira vinte e nove de Setembro de dois mil e catorze. A Colaboradora autorizada pela Notária em 02/01/2012, Claudia Vieira Arrabaça, nº 260/4 Jornal da Batalha, ed. 291, de 20 de Outubro de 2014

Todo o concelho. Toda a informação CAMINHADA - A 1ª Caminhada pelos Direitos das Crianças, organizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Batalha (CPCJ), com o apoio da câmara e da GNR, contou com a presença de 150 pessoas, entre as quais 35 menores com idades até aos 14 anos. A iniciativa, que decorreu a 21 de setembro, foi cumprida na distância de seis quilómetros, com início frente aos paços do concelho, passagem pelas Cancelas, Centas, Brancas e zona desportiva e fim no largo Infante D. Henrique, junto ao Mosteiro da Batalha. Participaram desde bebés a um sénior com 76 anos.

Assinaturas 10 euros (Portugal) | 20 euros (Europa) | 30 euros (resto do mundo) Rua Infante D. Fernando, lote 2, porta 2 B, Apartado 81, 2440-901 Batalha

info@jornaldabatalha.pt

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Jornal da Batalha

outubro 2014

Necrologia / Publicidade Batalha

Maria Malta Moreira

Manuel de Jesus Bastos

Ludovina de Sousa Vala

Golfeiros - Batalha 89 Anos 02/09/1925 - 01/10/2014

84 anos 15.12.1929 - 14.10.2014 Casal do Azemel – Batalha

Fonte dos Marcos - Porto de Mós

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO Suas filhas Deolinda Dias Vieira e Susana Paula Moreira, bisneto e restante família, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente como era seu desejo, vêm por este meio, de forma reconhecida agradecer todo o apoio nesta altura de profunda dor e sentimento de perda, bem como agradecer a todos os que acompanharam o sua querida familiar até à última morada, esperando agora que descanse em paz. A todos, o nosso obrigado. Tratou: Agência Funerária Santos & Matias, L.da – Batalha

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11 de Setembro de 2014

Sua esposa: Maria Júlia Monteiro Jordão Bastos, filhos: António José, Isabel Mª, José Manuel, Mª Noémia, Fernando, Mª Manuela e Ermelinda Jesus Bastos, netos e restantes familiares, na impossibilidade de o fazer pessoalmente como era seu desejo, vêm de forma reconhecida a gradecer todo o apoio nesta altura de profunda dor e sentimento de perda, bem como agradecer a todos os que acompanharam o seu querido familiar até à última morada, esperando agora que descanse em paz. A todos, o nosso obrigado.

Seu Marido: Armando Rodrigues Pires, seus filhos: António Manuel Sousa Pires, Maria do Carmo Vala Pires, Clarinda Maria Vala Pires, José Luís Vala Pires, suas noras, genro, netos e restante família Vêm por este meio participar o falecimento do seu ente querido e agradecer a todas as pessoas que participaram no seu funeral e ou de alguma forma demonstraram o seu pesar.

Tratou: Agência Funerária Santos & Matias, L.da – Batalha

Tratou: Agência Funerária Armando & Filhos, Lda

Joaquim Ribeiro da Silva Bagagem

José Faustino de Campos

José Costa Coelho

Cancelas – Batalha 74 anos 28 – 12 – 1939 - 09 – 10 – 2014

87 anos 03 – 06 – 1927 - 15 – 10 – 2014 Reguengo do Fetal – Batalha

72 anos 09-07-1942 - 28-09-2014 Batalha

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO Sua esposa: Auzíria dos Reis Germano, filho: Henrique Germano Bagagem e restantes familiares, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, como era seu desejo, vêm de forma reconhecida, agradecer todas as manifestações de carinho, nesta altura de profunda dor e sentimento de perda, bem como agradecer a todos os que acompanharam o seu querido familiar até à última morada, esperando agora que descanse em paz. A todos, muito obrigado. Tratou: Agência Funerária Santos & Matias, L.da – Batalha

Seus filhos: Adília, Joaquim, Mª de Fátima, José Maria e Helena Maria Antunes Campos, netos e restantes familiares, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, como era seu desejo, vêm de forma reconhecida, agradecer todas as manifestações de carinho. Agradecem ainda a todas as pessoas que se dignaram estar presentes naquele que foi o último adeus, ou que de outra forma lhe prestaram homenagem. A todos, muito obrigado.

Sua esposa, filhos, genro, nora, netos, e restante família na impossibilidade de o fazerem pessoalmente como era seu desejo, vêm por este meio agradecer de forma especial a todas as pessoas de suas relações e amizade que neste momento de dor e tristeza manifestaram o seu pesar. A todos, o nosso muito obrigado.

Tratou: Agência Funerária Santos & Matias, L.da – Batalha

Tratou: Agência Funerária Espírito Santo Loja 1 Batalha - Loja 2 Maceira - Loja 3 Pataias Tel. 916 511 369

José Justino dos Santos

Maria Fernanda Moreira Pinheiro

Maria Júlia da Silva Borges Perpétuo

84 anos 15 – 04 – 1930 - 26 – 09 – 2014 Tojal de Baixo – Porto de Mós

85 anos 27 – 02 – 1929 - 14 – 10 – 2014 Quinta do Sobrado – Batalha

65 anos 12-06-1949 - 25-09-2014 Residente em: Cancelas - Batalha

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Sua esposa: Emília Carreira Santos, filhos: José e Armando Carreira Justino, noras, netos e restantes familiares, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, como era seu desejo, vêm de forma reconhecida, agradecer todas as manifestações de carinho. Agradecem ainda a todas as pessoas que se dignaram estar presentes naquele que foi o último adeus, ou que de outra forma lhe prestaram homenagem. A todos, muito obrigado.

Seus filhos: Mª Lucinda, Mª Natália, Mª Alice, Helena Mª e José Vieira, netos e restantes familiares, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, como era seu desejo, vêm de forma reconhecida, agradecer o apoio e carinho nesta altura de profunda dor e sentimento de perda, bem como agradecer a todos os que acompanharam a sua querida familiar até à última morada, esperando agora que descanse em paz. A todos, muito obrigado.

Tratou: Agência Funerária Santos & Matias, L.da – Batalha

Tratou: Agência Funerária Santos & Matias, L.da – Batalha

Seu marido, filhos, genro, netas, e restante família na impossibilidade de o fazerem pessoalmente como era seu desejo, vêm por este meio agradecer de forma especial a todas as pessoas de suas relações e amizade que neste momento de dor e tristeza manifestaram o seu pesar. A todos, o nosso muito obrigado. Tratou: Agência Funerária Espírito Santo Loja 1 Batalha - Loja 2 Maceira - Loja 3 Pataias Tel. 916 511 369

Amadeu Saraiva do Nascimento Ceiça

Clara Sofia Carreira Marques

Maria Amália de Jesus Pedrosa

22.09.1926 – 12.10.2013 Cancelas –Batalha

37 anos 25 – 02 – 1977 - 30 – 09 – 2014 Rio Seco – Reguengo do Fetal

87 Anos 07.02.1927 - 15.10-2014 Batalha

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

1º ANIVERSÁRIO Um ano de saudade da tua mulher filhos e netos.

Seus pais: José Luís das Neves Marques da Cruz, Silvina Carreira Mira Marques da Cruz, irmão: Jason Cruz e restantes familiares, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, como era seu desejo, vêm de forma reconhecida, agradecer o apoio e carinho nesta altura de profunda dor e sentimento de perda, bem como agradecer a todos os que acompanharam a sua querida familiar até à última morada, esperando agora que descanse em paz. A todos, muito obrigado. Tratou: Agência Funerária Santos & Matias, L.da – Batalha

Seu marido, filhos, netos, bisnetos e restante família na impossibilidade de o fazerem pessoalmente como era seu desejo, vêm por este meio agradecer de forma especial a todas as pessoas de suas relações e amizade que neste momento de dor e tristeza manifestaram o seu pesar.

Tratou: Agência Funerária Espírito Santo Loja 1 Batalha - Loja 2 Maceira - Loja 3 Pataias Tel. 916 511 369


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Oftalmologia

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Dr. Joaquim Mira sábado- manhã Dra. Matilde Pereira quinta- tarde / sábado - manhã Dr. Evaristo Castro terça-feira Dr. Pedro Melo sábado - manhã Dr. Vitor Coimbra quarta-feira Dr.Amilcar Silva terça-feira Dr. Edson Retroz quinta-feira Dr.Alexandre Dionísio sexta-feira Dr. David Durão sexta-feira segunda a sexta-feira Dr. Gustavo Soares terça / quinta-feira Dra. Ana Brinca quarta-feira Dr. Jaime Grácio sábado - manhã Dr. João Lopes sábado

Ortoptica Clínica Geral (acordos c/ Medis) Medicina Interna Urologia Neurologia Cardiologia Electrocardiogramas Neurocirurgia Dermatologia Psicologia Clínica Testes psicotécnicos Psicologia educacional/ Orientação Vocacional Dr. Fernando Ferreira Psiquiatria Dr. José Carvalhimho Otorrinolaringologia Dr. José Bastos Próteses Auditivas Cirurgia Plástica Dra. Carla Diogo Pneumologia/Alergologia Dr.Monteiro Ferreira Ginecologia / Obstetrícia Dr. Paulo Cortesão Dentista Dra. Ângela Carreira Rx-Orto/Tel/Próteses Dentárias Ortopedia Dr. António Andrade Endocrinologia Dra. Cristina Ribeiro Pediatria Dra. Carolina Cordinhã Dr. Frederico Duque Cirurgia Geral/Vascular Dr. Carlos Almeida Nutrição Clínica Dra. Rita Roldão Terapia da Fala Dra. Débora Franco Osteopatia Tec. Acácio Mariano

quarta / Sexta-feira sábado - manhã quarta-feira quarta-feira terça-feira quarta / sexta-feira segunda-feira terça/quarta/quinta/sábado segunda a sexta-feira segunda-feira segunda / terça-feira quarta / sexta-feira sábado - manhã sexta-feira sábado - manhã quinta / sábado - manhã quarta-feira

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