Zoológico tem novos moradores
Tigres, lhamas, antas e até um leão estão entre os recém-chegados. Página 03
Surfistas de ônibus
Jovens arriscam a vida em cima dos coletivos em Curitiba. Página 08
Coxa luta para fugir da degola
Equipe do Alto da Glória faz as contas para permanecer na primeira divisão. Página 12
Curitiba, 20 de Outubro de 2014 - Ano 17 - Número 250 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Curitiba no pódio
Cidade recebe exposição que reúne um dos maiores acervos olímpicos do planeta. Página 10
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Cidades
Doação em baixa Hospitais de Curitiba fazem campanhas para conscientizar a população da importância de doar sangue Maria Victória Lima
A
s campanhas de incentivo à doação de sangue costumam ser uma alternativa para conscientizar a população da importância deste tipo de iniciativa. Este ano, o Hospital Nossa Senhora das Graças fez um vídeo para a divulgação da campanha; já o Hemepar deu palestras de conscientização e o Hemobanco de Curitiba realizou um mutirão de doação de sangue para celebrar a brincadeira do “casamento vermelho” entre Curitiba e Rio de Janeiro. Sabrina Alves Ferreira, enfermeira do Hemobanco, afirma que além da pouca oferta de doações de sangue, há também um baixo índice de
interesse para o cadastro para a doação de medula óssea. “Eu doo desde 2011, esta é minha quarta vez. Também tenho o cadastro de medula, mas conheço muita gente que não quer doar sangue, nem medula, por falta de interesse”, diz a doadora Priscila Ferreira. O Hemepar, por sua vez, desenvolveu o aplicativo “Hemogram”, que além de ajudar os usuários a pedirem doações, notifica quando há casos de grandes baixas no estoque. Em situações como esta, a pessoa recebe um alerta com o tipo de sangue necessário e qual unidade solicita a doação. Vale lembrar que como o sangue possui validade pequena, precisa ser reposto com muita frequência.
Idade para dirigir Proposta quer diminuir idade para obtenção da CNH. Jovens, pais e especialistas falam sobre o assunto Vitor Hugo do Amaral
O
senador Magno Malta (PR) quer alterar a lei nº 9.503 do Código de Trânsito Brasileiro, liberando os jovens entre 16 e 18 anos a obter a Carteira Nacional de Habilitação provisória, mas a proposta é questionada por pais e especialistas. Júlio César Schroder é pai de Lucas Deliga, 17 anos, e se diz contrário ao projeto. “Todo jovem quer dirigir o mais rápido possível, mas tudo tem o seu tempo. Se a idade permitida atualmente é 18 anos, existe um motivo para isso”. Já Lucas discorda da opinião do seu pai. “Os testes, tanto teóricos quanto práticos, determinariam a capacidade ou não do indivíduo para dirigir, não a idade”, concluiu. A professora de psicologia Ana Beatriz Pedriali Guima-
rães pondera a respeito do assunto e afirma que o lóbulo frontal do cérebro, parte responsável pela impulsividade e pela capacidade de distinguir o certo do errado, não está totalmente desenvolvido até os 21 anos. Porém, outros aspectos determinam a capacidade do indivíduo dirigir ou não. “Depende muito da história de vida de cada jovem, de como ele foi criado, se sua família é uma família estruturada, são vários fatores em conjunto que vão definir isso, e não só a idade cronológica”. Para Terésio Gabriel Bertoja de Freitas, conselheiro tutelar, a autorização para que jovens com menos de 18 anos possam dirigir não é salutar. “Ainda que a justificativa seja uma maior autonomia de locomoção aos adolescentes, esta proposta pode trazer ainda mais problemas”, conclui.
Expediente Edição 250 - 2014 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
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Maxinie Cretella 2º Período
Nicole Lopes 2º Período
Paulo Morschbacher 3º Período
Sérgio Júnior 2º Período
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Zoológico de Curitiba recebe novos moradores Entre os animais recémchegados estão lhamas, alpacas, antas, tigres e um leão Loraine Mendes
O
zoológico municipal de Curitiba recebeu no mês de setembro novos animais que já estão sendo expostos à visitação pública. Dentre estes animais estão lhamas, alpacas, antas, tigres e um leão, todos vindos de outros zooló-
estrutura para receber e alimentar o animal, simulando seu ambiente natural. O zoológico conta com 1.120 animais. Bonato explica que o principal foco é voltado para a preservação das espécies
“O processo de permuta dos animais
é coordenado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama)” gicos. De acordo com Marcelo Bonato, médico veterinário chefe de serviço da clínica veterinária do zoológico, o processo de permuta dos animais é coordenado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), que realiza contato com os criadores credenciados e avalia se eles possuem infra-
ameaçadas de extinção, como o tamanduá, mico-leão e o macaco muriqui, mas a visitação pública faz parte, já que segundo ele, as pessoas veem que existem diferenças entre os animais e aprendem a respeitá-los. “Os animais também têm isso, o próprio comportamento de cada um. Saber que não somos a única
espécie no mundo, que têm mais seres também. Mesmo só o fato de ver que o tigre é diferente do leão, ver que é um bicho, mas tem suas peculiaridades, faz parte do aprendizado e do respeito”. Sobre o comportamento do público, o veterinário comenta que existem alguns excessos. “Sempre tem um que vai jogar uma bala para o animal ou fazer barulho para ele se levantar. Têm algumas coisas que as pessoas não sabem. Acham que bater palma é bom para o bicho, mas não, os animais não gostam de barulho. Têm pessoas que se sentem felizes em ver os animais então começam a bater palma. É mais pela falta de conhecimento, não por querer agredir o animal”. Sem deixar a consciência ecológica de fora, o zoológico conta com o programa de reprodução. “Os Loraine Mendes
Cidades
animais que estão agora neste programa são os papagaios ameaçados de extinção da Mata Atlântica, são três espécies: o papagaio de cara-roxa que é endêmico do Paraná e São Paulo, tem o papagaio chauá que é o papagaio do Espírito Santo e o papagaio de peito-roxo que é da região Sul”, comenta. Adaptação Bonato enfatiza que a adaptação dos animais é relativa, pois como citado anteriormente, cada um tem sua peculiaridade, mas afirma que pássaros pequenos são mais difíceis de se adaptarem, pois, sua alimentação é à base de insetos, contudo, ele garante que o próprio zoológico cria esses insetos. “Um gavião é até mais fácil de cuidar, eles se adaptam melhor que os passarinhos pequenos. Tem passarinho que se alimenta de inseto, então para você conseguir alimentação é muito difícil”. Quanto às lhamas, que são conhecidas por cuspirem em quem estiver a sua frente, o veterinário comenta que esse é um mecanismo de defesa delas. “É defesa, se ela está sendo incomodada ela vai cuspir, as nossas só cospem quando estão muito incomodadas mesmo. Quando nós as pegamos para medicá-las elas ficam bravas, mas têm outras que não chegam nem a cuspir”. Visitação
A lhama também é conhecida como camelo da América do Sul
O zoológico está localizado no Alto Boqueirão e fica aberto à visitação pública de terça a domingo, das 9h às 17h.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Cidades
Pornografia nos orelhões A prática é ilegal e causa constrangimento aos usuários. Em Curitiba, projeto de lei quer identificar os responsáveis pelos materiais Kássio Pereira
É
bem verdade que os telefones públicos perderam espaço por conta da popularização dos celulares. Hoje em dia, os “orelhões” que já foram por muito usados em Curitiba, sofrem na mão de vândalos e são utilizados para a divulgação de panfletos pornográficos. Este tipo de publicidade é considerada crime contra o patrimônio. A pena é de até três anos de detenção. O material também incomoda a população que circula pelo calçadão da Rua XV de Novembro, no Centro. A dona de casa Luciana Alvez, 43 anos, explica que já passou por uma situação embaraçosa por conta desse tipo de material. “Certo dia acabou a bateria do
meu celular e tive que usar o orelhão. Eu estava acompanhada do meu filho de seis anos e ele veio me perguntar se podia colecionar aquelas figurinhas de meninas”, relata. E não são apenas as mulheres que se sentem constrangidas com os anúncios pornográficos. O aposentado Valmir Borges, 66 anos, diz que as fotos dos materiais são ofensivas até para os homens. “Nem todo mundo se sente bem vendo imagens tão explícitas como estas”, reclama. Em nota, a Oi, empresa responsável pela manutenção dos equipamentos, afirma que o problema não é restrito à capital paranaense e que “mantém um programa
contínuo de manutenção dos telefones públicos, com vistorias periódicas para realização de reparo e higienização dos aparelhos”. Desde agosto deste ano, tramita na Câmara Municipal de Curitiba um projeto de lei com o intuito de fechar o cerco contra quem comete este tipo de crime. A proposta quer obrigar que todo material impresso com publicidade pornográfica que circule em Curitiba contenha o CNPJ ou o CPF do responsável por sua produção e contratação, além da respectiva tiragem. O objetivo é criar um mecanismo de rastreamento nos panfletos possibilitando a identificação dos infratores.
O projeto de lei está em análise pelas comissões da Câmara e ainda não tem data definida para votação.
Sustentáveis e ágeis Bicicletas proporcionam uma solução ecológica para os serviços de entrega em Curitiba Luciano Schmidt
s bicicletas estão se A tornando uma alternativa sustentável para suprir a
necessidade de entregas das empresas. Para realizar este serviço, surgem novos negócios, como a EcoBike Courier, empresa especialista no ramo em Curitiba. Segundo o diretor, Cristian Trentin, o empreendimento nasceu “com o objetivo de transformar cidades. Como estamos em Curitiba, a capital ecológica do país, o sonho se tornou realidade muito rapidamente”. A EcoBike atende atualmente mais de 200 clientes. As formas de contratação do serviço são diversas. Por entrega, por campanha, ou biker fixo por hora. Clientes que precisam resolver um problema de micrologística
também podem contratar a empresa. A mobilidade urbana e a sustentabilidade são temas recorrentes em planos de governo e debates políticos,
uma preocupação da empresa. Mas nem sempre os serviços de bike entrega tiveram uma boa relação de custo-benefício. “Quando o serviço surgiu
mas também estão em pauta na iniciativa privada. Estão ocorrendo mudanças de logística nas empresas que buscam soluções sustentáveis e não poluentes, e os serviços de entregas de bicicleta são uma opção acessível. Flávio St. Jayme, sócio-proprietário da Clockwork Comunicação, disse que a questão ambiental sempre foi
não era barato. Com certeza foi a redução dos valores que tornou possível optarmos por este tipo de entrega. A maioria dos produtos e serviços ‘ecoeficientes’ é mais cara que os tradicionais, o que não faz sentido quando se tenta estimular o consumo destes produtos e serviços em nome do bem estar do planeta ou da própria saúde”.
“O empreendimento nasceu com o objetivo de transformar cidades”
A falta de estrutura para usar a bicicleta como meio de transporte e de trabalho é um dos desafios para o uso do modal. “As medidas tomadas pela Prefeitura em respeito à ciclo-mobilidade deixam muito a desejar. Só há manutenção efetiva de ciclovias em áreas nobres da cidade”, afirma Edgard Gevaerd, que utiliza a bicicleta no seu dia a dia. O trânsito também pode ser complicado. Gevaerd disse que geralmente há um respeito mútuo entre ciclistas e motoristas, mas essa interação se torna mais difícil em certos lugares e momentos, como os horários de pico. “Nessas horas se torna muito necessário usar as calçadas destinadas aos pedestres”.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Economia
Curitiba é a 7ª cidade brasileira que mais compra online Com mais de três milhões de pedidos previstos até o fim do ano, o e-commerce aumenta sua força na cidade Paola Magni
C
om o advento da internet, alguns hábitos foram mudados, ou então adaptados, por causa das novas tecnologias. Entre eles está a forma de fazer compras, que, nos últimos anos, tem sido bastante modificada no Brasil, por causa do e-commerce. Esta modalidade de negócio, com a forma de vendas “empresa para consumidor”, iniciou no país em 1995, logo após o surgimento da internet. Entre os pioneiros nas vendas online destacam-se a Livraria Cultura, Grupo Pão de Açúcar e Lojas Americanas. Atualmente, o e-commerce possui, além de muitos adep-
resultados da pesquisa, neste ano, já foram mais de R$ 716 milhões em compras, e existe uma estimativa de quase três milhões de pedidos na capital paranaense, até o fim de 2014. O diretor regional da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Diniz Fiori, confirma essa tendência do e-commerce em Curitiba, pois, segundo ele, a cidade é um grande polo desse segmento no Brasil, com inúmeras plataformas, integradores e start-ups ligadas à área. Fiori afirma que esse comércio é vantajoso de diversas maneiras, pois “não só é um lucro social, na
E-commerce tem modificado a forma de se fazer compras 24h, sete dias por semana. Além disso, não é necessária uma loja física, e pode ser
“Nesse ano, já foram mais de R$716 milhões em compras” tos no Brasil, uma grande variedade de produtos sendo vendidos, que vão desde roupas e utensílios tecnológicos até lojas de doces e livros.
Segundo pesquisa realizada pela Conversion, empresa brasileira especializada em Search Engine Optimization (otimização de buscas nos servidores da internet), as companhias que atuam com e-commerce no Brasil devem atingir 130 milhões de pedidos online até o fim de 2014. A pesquisa também indica que 10% das compras são realizadas por celulares ou tablets. Curitiba encontra-se em 7º lugar no ranking do e-commerce em cidades brasileiras, e possui mais de 200 empresários associados. Segundo os
Paola Magni
geração de empregos, como também representa um lucro econômico-financeiro. O e-commerce contribui para lançar a imagem de Curitiba como inovadora e geradora de tendências”, conclui o diretor.
Com cada vez mais empresas interessadas em expandir seus negócios para a internet, crescem, também, companhias que servem de apoio aos empresários do e-commerce, como a agência digital Chleba, especializada em produzir sites voltados para este segmento no Brasil. De acordo com Rodrigo Campos, gerente de tecnologia da agência, os empresários começaram a perceber as vantagens das lojas virtuais sobre as lojas físicas, como ficarem abertas
vendido para todo o Brasil, e não só em uma região específica. Segundo ele, o varejo em geral tem procurado expandir seus negócios para lojas online, e o mercado de Curitiba, assim como o resto do Brasil, tem aumentado muito. “O curitibano é um dos que mais compra online”, finaliza o gerente. Seguindo esta tendência, e procurando expandir sua base de clientes, a empresa curitibana Canecaria já está na terceira edição de sua loja virtual. Especializada na venda de canecas personalizadas, a loja viu o e-commerce como uma maneira de quebrar barreiras físicas e multiplicar seu mercado. Segundo a diretora Carolina Farion, a necessida-
de de criar uma loja virtual veio desde o início. “Depois de abrirmos a primeira loja física já percebemos a necessidade de montarmos a loja virtual e foi o que fizemos. Temos um produto propício para vendas pela internet”, explica. Apesar de possuírem oito lojas físicas em Curitiba, Carolina afirma que o principal público da loja online vêm da região sudeste. “A internet nos ajuda não só a vender produtos, mas a levar o conceito da nossa marca para perto de nossos clientes”, conclui a diretora. A comodidade de realizar compras online, além da grande variedade de produtos nas lojas virtuais, é o que leva a estudante Laura Alvarenga a utilizar o e-commerce com frequência. Segundo ela, não existe garantia de achar um produto em determinada loja física em um shopping, por exemplo. “Se eu procurar em lojas na internet, eu vou encontrar o que eu procuro e, as vezes, até por um preço mais em conta”, finaliza.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Economia
A decadência das vídeo locadoras Fortes na década de 1990 e início dos anos 2000, vídeo locadoras estão sumindo do mapa Gabriela Jahn e Jehnifer Kanner
N
ão faz muito tempo que as vídeo locadoras eram febre por toda a parte. Os estabelecimentos que trabalham com a locação de filmes e seriados eram frequentados por pessoas de todas as idades, e além de um serviço comercial, era também um espaço de convivência entre os interessados pela sétima arte, e mesmo ameaçadas pela pirataria e por download de filmes, a tradição das lojas resiste ao tempo e luta para sobreviver. Se por um lado muitas locadoras tiveram seus acervos vendidos e as portas fechadas, por outro ainda há os que resistem às dificuldades e continuam oferecendo os serviços. É o que conta Valdir Santos, dono da Everest Vídeo Locadora, localizada no Boa Vista, em Curitiba. “Nessa área só
quem tem história e um nome sobrevive. Se as pessoas não conhecem a qualidade dos seus serviços elas nunca vão entrar na sua loja”, explica. Uma das estratégias dos proprietários de locadoras para
de DVDs e Blu-Rays e pedir indicações de acordo com sua preferência. Alguns clientes exaltam a importância do ritual e ignoram a praticidade da web e da TV a cabo. Para o cabeleireiro Fran-
“Nessa área só quem tem
história e um nome sobrevive” manter o negócio tem sido agregar outros produtos de conveniência no local. “Estou mudando o rumo da loja, na parte superior já tem uma lan house e também trabalho com manutenção de eletrônicos, aos poucos não vou mais trabalhar com locação”, conta Santos. Para ele, não há nada igual à experiência de ir até uma locadora, olhar as capas
cisco Guedes, 50 anos, nada supera a experiência de uma locadora. “Gosto de estar aqui. Gosto de cinema e o atendente sabe meu gosto”, conta. Com a dificuldade para encontrar vídeo locadoras e cinemas fora de shoppings na cidade, Guedes assiste a até três filmes por semana, todos em DVD. “Minha família
assiste pela internet, mas não gosto de baixar filmes. Está mais difícil de encontrar locadoras e a variedade é menor”, fala o cabeleireiro. Para os especialistas, dificilmente o mercado irá sobreviver nos próximos cinco anos. Segundo o Sindicato das Vídeo locadoras do Paraná (Sindivídeo-PR), a quantidade de locadoras no Estado era de aproximadamente 1170 entre os anos 90 e início dos anos 2000, hoje não restam mais de 200 lojas e a tendência é a extinção. Na capital, havia em torno de 450 locadoras no mesmo período. Segundo informações do Sindivídeo, atualmente não passam de 100 lojas em toda grande Curitiba e esse número está diminuindo.
Portabilidade de crédito Nova medida tomada pelo Banco Central em relação à questão deixa clientes confusos, mas garante a eficiência de regras já existentes Grasieli Vicente Farias
P
ara transferir um empréstimo de um banco a outro, é preciso que o cliente realize a portabilidade do crédito. Devido à Carta Circular n° 3.650 emitida pelo Banco Central (BC), é vetada qualquer tipo de compra de dívida realizada por instituições financeiras. A modalidade não permite a emissão de boleto, troco ou alteração do valor de parcelas. A grande dificuldade está na hora de realizar a mudança, pois muitas pessoas não sabem o que fazer e acabam sendo pressionadas pelos bancos com os quais contrataram o crédito. Segundo o analista financeiro Alvaro Gonçalves Kiatkoski, a portabilidade é uma maneira do BC garantir a eficiência de
regras já existentes. “Quando se faz um empréstimo, o cliente fica sabendo da taxa de juros no ato da contratação. Mas quando decide vender a dívida a outra instituição, ele pede o saldo devedor e
mais alto que o esperado. A dona de casa Clemência Vicente, 50 anos, conta que a maior dificuldade está no entendimento do produto que se contrata. Endividada duas
“A maior dificuldade está no entendimento do produto que se contrata” o boleto sai da forma que o banco quiser, com todo tipo de juros embutido”. Para o especialista, a maior dificuldade da venda de dívida é que cada instituição aplica uma regra diferente, deixando o cliente confuso e sem entender o valor final, que é geralmente
vezes por instituições diferentes, após consultar um advogado, ela conseguiu desvendar o que contratou e porque é tão difícil se livrar da dívida. “Primeiro você deve ver a taxa de juros, calcular quanto esses juros vão crescer até o final do contrato. No momento você
pensa que precisa, mas as vezes é melhor ficar sem, do que com uma dívida eterna”, explica. A taxa de juros de um refinanciamento é maior devido à nova taxa sobre a que já existe. De acordo com o BC, a regra é benéfica para o consumidor, visto que o banco recebedor não pode aumentar a taxa de juros já aplicada no empréstimo e a contratação só acontece se a nova taxa for igual ou menor que a já existente. É direito do banco fazer uma contra proposta de refinanciar a dívida, mas caso seja desejo do cliente, a instituição bancária tem a obrigação de emitir a carta para portabilidade a uma outra instituição.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Política
Prefeito decide divisão dos custos Projeto de lei pretende criar parceria entre Prefeitura e população para o compartilhamento de custos de obras públicas João Henrique Costa
A
Câmara Municipal de Curitiba aprovou, no dia 15 de setembro, o projeto de lei Vizinhança Participativa, idealizado pelo vereador Jonny Stica (PT). A proposta prevê que o custeio de obras públicas seja divido entre população e Prefeitura. Entre as obras que poderão ter o custo compartilhado estão o asfaltamento de ruas, iluminação pública, criação de áreas de lazer e melhorias de acessibilidade. A iniciativa pode partir da Prefeitura ou por meio de abaixo-assinado com adesão de pelo menos 60% dos residentes na região da obra. O projeto final recebeu emendas – aprovadas em 2º turno – que impedem obras em andamento ou já previstas de se beneficiarem. Além
disso, pessoas cadastradas em programas sociais do governo não participariam da contribuição. Investimentos como saúde e educação não estão inclusos no projeto. A proposta segue para as mãos do prefeito Gustavo Fruet, que pode sancionar o projeto ou vetá-lo.
aplicação dos recursos e ter coragem para assumir projetos que talvez não possam ser levados para o palanque político”, sugere. Para Felipe Angelo, 24 anos, que mora no Alto da XV, a proposta é uma afronta às obrigações do município. “Atribuir parte do custeio de obras
corda com a proposta. Para ele, a lei pode garantir que o dinheiro da obra seja aplicado no entorno das casas dos próprios moradores. “Deveria vir como uma substituição ou redução no IPTU”, aponta. A reportagem do Comunicare realizou levantamento no qual ouviu 40 moradores de Curitiba. Dentre eles, 12,5%
“Atribuir parte do custeio de obras públicas à população é fazer com que esta pague duas vezes para que a obra seja feita” Gilda Cassilha, professora de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), acredita que o projeto de lei deveria ser repensado, pois deixa algumas lacunas em relação à manutenção de espaços públicos. “É preciso ser estratégico na
públicas à população é fazer com que esta pague duas vezes para que a obra seja feita. A responsabilidade pela execução de obras deve ser da gestão municipal”, destaca. Já Thiago Manzi, 23 anos, morador do Capão Raso, con-
concordam com a proposta, 7,5% se declararam indecisos e 80% desaprovam o projeto. Procurado pela reportagem do Comunicare, o vereador Jonny Stica não se pronunciou sobre o assunto.
Ajuda política ou moeda de troca Campanhas eleitorais não necessitariam de recursos privados para se estruturar, diz especialista João Henrique Costa
D
urante as eleições, empresas privadas contribuem financeiramente com as campanhas de candidatos em todas as esferas políticas. Especialmente aos que concorrem ao Executivo, seja federal, estadual ou municipal.
Requião (PMDB), com um total de R$ 980 mil, dividido em cinco doações.
No Paraná, a campanha de reeleição de Beto Richa (PSDB) teve entre seus principais financiadores o Moinho Iguaçu Agroindustrial, que fez duas doações no valor de R$ 500 mil. A Construtora Triunfo colaborou com R$ 500 mil à candidatura de Gleisi Hoffmann (PT) e a Distribuidora de Pneus Barra Funda contribui à campanha de Roberto
repasse de dinheiro público para campanhas”
Para o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Para-
professor alerta para o fato do financiador tentar chantagear o eleito para conseguir favores para si ou para grupos. “Existe uma legislação apropriada e normativas pelas quais o Tribunal de Contas do Estado
“O Brasil tem uma legislação de ná (PUCPR), Masimo Della Justina, o financiamento pode ajudar candidatos a conseguirem fundos e alavancarem as campanhas, principalmente os que não são tão conhecidos pelo eleitor. No entanto, o
(TCE) fiscaliza sobre quem ganha uma licitação, mas há casos os quais foi devido a um tráfico de influência de quem financiou a campanha”. Quanto às alternativas que
as campanhas políticas teriam, Della Justina salienta, “qualquer partido registrado no Tribunal Superior Eleitoral recebe uma quantia considerável de dinheiro. O Brasil evoluiu bastante e tem uma legislação muito boa de repasse de dinheiro público para campanhas eleitorais. Não precisaríamos de dinheiro privado”, conclui o cientista político. A empresa Moinho Iguaçu, a Construtora Triunfo e a Distribuidora de Pneus Barra Funda foram contatadas pela reportagem do Comunicare, mas não se pronunciaram sobre o assunto.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Polícia
Imprudência no trânsito Jovens arriscam suas vidas ao pegarem carona na parte externa dos ônibus Manoela Campos
D
ois jovens foram flagrados “pegando carona” em cima de um ônibus biarticulado da linha Centenário/ Campo Comprido, no dia 15 de setembro, no Mossunguê, em Curitiba. No vídeo publicado nas redes sociais, os dois adolescentes que aparecem “surfando” em cima do biarticulado aparentavam estar se divertindo com a situação. A filmagem, que foi compartilhada pelo perfil do Facebook Busão de Curitiba, recebeu inúmeros comentários, a maioria deles criticando a ação, no mínimo imprudente dos dois rapazes.
sito, que já é uma correria, fica complicado de ver se tem alguém na traseira do ônibus, agora imagine em cima dele”. Ao ser questionado sobre uma possível solução para o problema, José Paulo defende, “eu não consigo parar o ônibus no meio da rua para chamar atenção de quem está atrás do veículo, e até eu ligar para a Guarda, a pessoa já se soltou e seguiu seu caminho, acho que seria mais efetivo se existisse um trabalho de conscienti-
zação desses jovens, porque na minha opinião, somente conscientizando uma pessoa, ela para de agir de maneira errada”.
do computador de bordo, instalado no painel do veículo, contatar a Guarda, e procurar não confrontar os infratores que estão cometendo o ato”.
Segundo a assessoria de imprensa da Urbanização de Curitiba (URBS), a atitude mais correta a ser tomada pelos condutores de ônibus, se flagrarem uma ocorrência, seria parar o veículo e acionar a Guarda Municipal. “O motorista é orientado pela URBS a parar o ônibus e através
A respeito da ação da Guarda Municipal em casos de identificação de “caroneiros“ na rabeira de veículos de transporte público, o inspetor Cubas informa que, “quando a Guarda percebe alguma irregularidade, o ônibus é parado, e os jovens são abordados e orientados sobre os riscos da prática ainda no local. Se não houver danos no veículo, como pichações, o menor é liberado, já que ao subir no teto do ônibus, ele está pondo em risco sua própria segurança, mas não a de outras pessoas. Agora se for identificada alguma situação fora do normal, como porte de armas brancas, o infrator é encaminhado à delegacia do adolescente”.
Manoela Campos
Para o estudante Guilherme de Souza, que já utilizou a linha Centenário/Campo Comprido, a atitude dos jovens causa revolta. “O comportamento dessas pessoas foi totalmente perigoso e irresponsável. Como já peguei essa linha algumas vezes para ir à rodoviária, posso afirmar que o ônibus circula em uma velocidade alta, tornando-se arriscado para alguém ficar no teto do veículo”.
O inspetor ainda comenta que flagrantes como esses são comuns. “Ocorrências desse tipo são frequentes, e a grande maioria dos abordados são adolescentes entre 15 e 17 anos, que ainda não tem consciência dos seus atos. São raras às vezes em que flagramos algum adulto cometendo esse tipo de violação”.
Sobre a situação, Souza afirma que nunca presenciou algo parecido. “Já estou acostumado a ver ciclistas e skatistas segurando atrás do ônibus, mas surfando em cima dele eu nunca vi”. De acordo com a Prefeitura, o motorista de ônibus, se flagrar qualquer atitude irregular de um “passageiro”, é orientado a entrar em contato com a Guarda Municipal através do telefone 153, porém, segundo o motorista José Paulo, os flagrantes, por parte dos condutores, são difíceis de ocorrer. “Como a gente tem que ficar o tempo todo prestando atenção no trân-
Código de trânsito Segundo o artigo 235 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados, é considerado infração grave, com penalidade de multa de cinco pontos na carteira do condutor e retenção do veículo. Pegar carona fora do veículo é infração grave e prevê multa
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Polícia
O melhor amigo do policial Com o olfato aguçado, os cães do K9 têm sido essenciais nas operações policiais Monalisa Rahal
O
uso dos cães para o auxílio da polícia é comum nas grandes cidades, e os animais são utilizados para atender diversos tipos de ocorrências como busca de explosivos e pessoas desaparecidas. O policial e o seu cão formam uma equipe com um laço afetivo e ao mesmo tempo profissional, capaz de se entenderem em situações de risco. Os cães do K9, que significa canino em inglês, da Polícia Militar, são treinados para várias situações e podem ser utilizados em inúmeras circunstâncias numa ação policial, como no sistema prisional, e contra o tráfico de drogas, devido ao faro aguçado dos animais. Segundo o soldado Souza, coordenador técnico das equipes de cães de faro de drogas
e explosivos do Comando de Operações Especiais (COE), da Polícia Militar do Paraná, não há uma preferência de raça, mas são escolhidos os cães com maior predisposição ao trabalho. Além do pastor alemão, pastor belga malinois, bloodhound, labrador e rottweiler são as raças utilizadas. Porém, Felipe Curti, médico veterinário do Hospital Veterinário Santa Mônica, diz que o “labrador e pastor alemão ainda são as raças mais procuradas pela questão do respeito à ordem do policial”. Para Souza, é essencial que o cão para se tornar um K9 tenha coragem, um bom faro e destreza durante a parte de treinamento que é realizado no COE durante um ano. Segundo a veterinária Daniele Luz, o trabalho do veterinário é importante para garantir que a saúde do cão não seja
prejudicada. “O acompanhamento é essencial e diferenciado, pois somente o veterinário pode indicar a dieta adequada para os animais terem a energia necessária no trabalho”. Eduardo Feitoza Santini, estudante de pré-vestibular, suspeita que a saúde dos cães pode ser afetada dependendo da droga. “Se for uma droga inalada, acredito que o cão
pode ser prejudicado”. Souza e Daniele afirmam que não há como o animal se viciar com as drogas, pois não existe o contato direto com a substância durante o treinamento. A companhia, além de ter o auxílio dos animais com as drogas, possui também cães preparados para agir em torno de presídios para manter a ordem, em busca de pessoas desaparecidas e na captura de criminosos pela mata. Isabel Woitowicz
Simulação de treino dos policiais com os cães do K9
Santo Inácio contra o crime Foco dos moradores é melhorar a segurança do bairro Paulo Pelanda
A
falta de segurança existente no bairro Santo Inácio vem incomodando os moradores do local. Segundo a população, poucas pessoas hoje em dia se sentem seguras dentro das próprias casas. Para tentar resolver a situação, eles reuniram-se para formar uma associação, chamada de SOS Santo Inácio, em que o foco é um ajudar ao outro em momentos que possa ocorrer assaltos. Um dos fundadores do projeto, Marcelo Lunardon, afirma
que mais da metade das casas do bairro foram assaltadas no últimos quatro anos. “A ideia surgiu através da quantidade de assaltos da região, pelo menos 60% das residências tinham sido assaltadas nos últimos quatro anos”, disse Lunardon. Para a tenente Caroline Costa, porta voz da Polícia Militar, a iniciativa dos moradores é muito boa, tendo em vista que com a união dos mesmos, o número de assaltos tende a diminuir. “A ajuda entre os moradores é primordial para
a manutenção da segurança. Sempre é bom lembrar que a segurança pública é dever de todos e quando os moradores se unem todos saem ganhando, e consequentemente o marginal não tem espaço para atuar”, afirma. Além de Lunardon, o grupo SOS Santo Inácio é administrado por mais três pessoas e, segundo ele, o contato com a Polícia Militar diminuiu. “No começo tínhamos muito contato, mas o desgaste tomou conta”, cravou o morador e criador do grupo.
Sobre as denúncias que podem ser realizadas pela população, a tenente afirma que além do tradicional 190, agora a polícia também conta com a delegacia eletrônica, que poderá facilitar no momento de um delito. “Sempre denuncie por meio do site www.policiamilitar.pm.pr. gov.br, ligando 190 ou então procurando a delegacia mais próxima. Hoje o estado do Paraná conta também com a delegacia eletrônica, facilitando o registro de ocorrências no www.delegaciaeletronica. pr.gov.br”, finalizou.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Esportes
Curitiba recebe um dos maiores acervos olímpicos do mundo Troféus, tochas, medalhas, moedas, além de outros objetos esportivos, estão expostos na Caixa Cultural Viviani Moura
E
ntre os dias 16 de setembro e 30 de novembro, a Caixa Cultural Curitiba recebe a exposição Esporte Movimento. Nesta mostra itinerante, que terminará em 2016, no Rio de Janeiro, estão sendo exibidas, aproximadamente, duas mil peças de um dos maiores acervos pessoais de Jogos Olímpicos do mundo. O acervo completo conta com cerca de 70 mil objetos, todos pertencentes ao colecionador Roberto Gesta de Melo, ex-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e atual representante da América do Sul no Conselho da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF). O conservador e restaurador da coleção, Danilo Visintainer, comenta que ao ser convidado para o projeto, encarou a princípio como um desafio, por se tratar de peças compostas por grande variedade de materiais e épocas diferentes, mas o que tranquilizou foi encontrar em Roberto de Melo, um apaixonado por esportes. “Encontramos um colecionador como poucos, com um acervo em bom estado de conservação e com grande preocupação com a integridade da peça em seu envelhecimento natural. Como restaurador o que tenho a observar é que este acervo é único, um verdadeiro museu sobre o esporte”. Além de fazer um passeio pela história do esporte mundial, começando pelas pinturas rupestres até os dias atuais, os visitantes poderão apreciar a raridade de peças históricas como selos, tochas, fotografias, premiações, vídeos e
também terão a oportunidade de ver uma medalha original da primeira Olimpíada, disputada em 1896, na Grécia, local do nascimento dos Jogos Olímpicos. Para a gerente da Caixa Cultural Curitiba, Isabel Cristina Nascimento, todos os itens da mostra são relevantes, “mas destacamos a ‘Folha de Ouro’, já que durante séculos, coroas de diferentes plantas foram utilizadas para premiar atletas vencedores. Assim, a folha de ouro, que não se refere a um evento esportivo, faz uma menção a essa dubiedade: o singelo que traz ao seu redor o valioso”. Durante a exposição, são homenageados vários esportistas, entre eles Adhemar Ferreira da Silva, primeiro atleta
sul-americano bicampeão olímpico em eventos individuais e recordista mundial do salto triplo cinco vezes. Estes e outros títulos que fazem de Adhemar o maior nome da história olímpica do esporte brasileiro. Na mostra, estão expostos a camiseta que ele usou na conquista da medalha olímpica de Helsinque, capital da Finlândia, em 1952, e o documento interno da Confederação Brasileira de Desportos solicitando a inscrição de Adhemar com o sobrenome Pereira, em vez de Ferreira. Erro não percebido pelos dirigentes brasileiros e organizadores dos jogos, mesmo confrontando os documentos originais do atleta na imigração aeroportuária, além da identidade olímpica de Adhemar como Pereira escrito de maneira equivocada no lugar
de Ferreira, nas Olimpíadas de Londres, em 1948. Desde a sua abertura, a exposição tem recebido um número considerável de visitantes. A estudante de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Andréia de Lima, enfatiza a importância da visita. “A exposição está muito bem organizada e conta com itens importantes que resgatam a cultura da humanidade, por meio dos esportes olímpicos. Achei tudo maravilhoso, principalmente as tochas e a merecida homenagem aos atletas brasileiros”. Sobre a expectativa de quantas pessoas são esperadas até o seu término, a gerente Isabel afirma, “esperamos que ultrapassemos o recorde obtido com outras importantes exposições”.
“Este acervo é único, um
verdadeiro museu para o esporte” Viviani Moura
Camisetas e documentos de Adhemar Ferreira da Silva
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Esportes
No alvo do esporte A prática do arquerismo no Brasil ainda não é muito popular. Pórém, o esporte vem ganhando adeptos Ingridy Dias
O
arco e a flecha eram utilizados para funções bélicas na era medieval por soldados de cavalaria. Mas, com o surgimento das armas de fogo, a partir do século XVI, na Inglaterra, a prática de tiro com arco começou a ser tratada como desporto. Na prática do arco e flecha como esporte o objetivo principal é acertar o alvo várias vezes seguidas, em que o arqueiro tem que colocar todas as suas potencialidades de atenção, memória, força, concentração e coordenação motora em um mesmo instante de modo a lançar a flecha e acertar o alvo. O instrutor de arqueria, Helder Chin, afWirma que
“a prática com arco e flecha exige um campo aberto ou um barracão fechado, mas que contenham elementos de segurança e participação de todos os envolvidos, inclusive pessoas que vão passear no evento”. No bairro Jardim Santa Helena, em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, se encontra o centro de arquerismo Yellow Ball Arco e Flecha, com campos permanentes de tiro e com trilhas para visitação. Marcus Vinicius D’Almeida, 16 anos, que está entre os 10 melhores colocados mundialmente, e disputará as Olimpíadas de 2016, começou a praticar o arco e flecha como hobby. O atleta foi revelado no
Rio de Janeiro pela Confederação Brasileira de Arco e Flecha, que também tem sede em Piraquara. O professor Chin diz que tem alunos a partir de três anos, porém, para competições, só poderão participar a partir dos oito anos de idade. “As pessoas que vêm aqui comprar arco, normalmente são pais de crianças ou adolescentes meninas”, conta Amos Aquino, gerente de uma loja de armas e artigos esportivos no centro de Curitiba. Dos tipos de arco, o mais utilizado para a atividade como um esporte é o recurvo, custando no mínimo R$ 200,00, podendo chegar até R$ 3 mil. “É um esporte caro”, finaliza Aquino.
Andrey Princival Gabardo
Do hobby a um esporte profissional
Luta milenar gratuita em Curitiba Arte marcial chinesa Tai Chi Chuan é ensinada por professores em espaços públicos Marcela Mazetto
O
s adeptos do Tai Chi Chuan podem praticá-lo ao ar livre em parques e praças de Curitiba. Esta é a proposta do professor Levis Litz, que realiza suas aulas na Praça do Japão, no Água Verde, nas manhãs de sábado. A iniciativa tem como princípio a divulgação do esporte e o bem estar da população. Semanalmente, a praça recebe uma média de 30 a 50 pessoas, com idades variadas. “Nós temos a Manoela, de sete anos, e Seu Heitor, de 93 anos, sendo os exercícios os mesmos, porém com efeitos diferentes”, explica Litz. Para crianças e adolescentes, ocorre a regulação de ansiedade
e controle emocional e para pessoas de idade avançada, o Tai Chi Chuan desenvolve o equilíbrio e a noção de espaço, além de reforçar os músculos.
seado no direcionamento da força do adversário, a partir de um princípio de recepção e devolução.
que participa das aulas há mais de três meses.
Rodrigo Wolff Apolloni, professor de Thai Chi Chuan
Frequentadora das aulas na Praça do Japão, Christina Yagui conta que precisava
Para participar dos encontros não é necessário fazer inscrição, basta chegar em um dos pontos de prática do esporte. Além da Praça do Japão, as
desde 1985, explica a técnica. “O Tai Chi não se utiliza apenas de força física, mas de projeção de energia, o chamado QI”. Segundo Apolloni, o confronto é ba-
encontrar uma maneira de se exercitar por causa da diabetes. “Queria algo que me trouxesse benefícios físicos e psicológicos, e encontrei isso no Thai Chi”, diz Christina,
atividades ocorrem também na Praca Gomm e no Jardim Botânico, todos os sábados, das 10h às 11h. Para mais informações acesse o site www.taichicuritiba.com.br.
“O Tai Chi não se utiliza apenas de força física, mas de projeção de energia, o chamado QI”
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Esportes
Coritiba tenta se salvar do rebaixamento Mais uma vez, o clube briga na parte de baixo da tabela para não cair para a Série B Renata H. Fernandes
H
á pelo menos dois anos, o Coritiba não consegue emplacar uma boa campanha no Campeonato Brasileiro. Em 2014, o time tenta se reabilitar na competição no qual permanece na zona do rebaixamento. No primeiro turno, em 19 jogos, sendo nove deles como mandante, o Coritiba venceu apenas três vezes, e acumulou oito derrotas e oito empates, somando somente 17 pontos, e a situação no segundo turno, ainda que tenha melhorado, não está sendo suficiente para livrar o time da degola. O coordenador do curso de matemática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), professor Eduardo Quadros da Silva, diz que, apesar da possibilidade do time cair para Série B ser de 72%, o Coxa tem grandes chances de permanecer na primeira divisão. “Podemos considerar os anos anteriores, onde os times que ficaram na 16ª colocação e permaneceram na elite do campeonato brasileiro, tinham em média 45 pontos e o Coritiba na 25ª rodada estava com 23 pontos. Sendo assim, para se salvar do rebaixamento o time precisa de no mínimo sete vitórias e um empate”. Silva ainda afirma que atualmente a equipe parece esboçar uma mudança, por isso os números podem não ser condizentes com a realidade. “Se observarmos os adversários que o time tem pela frente, pode-se concluir que existem possibilidades de uma reação do Coxa, até porque existem confrontos diretos com times que também estão em risco de rebaixamento”, conclui.
De acordo com o jornalista Ricardo Brejinski, que trabalha há mais de oito anos com jornalismo esportivo, apesar da dificuldade, existem fatores que contribuem para que o Coritiba permaneça na Série A. “O campeonato brasileiro tem times muito fracos e estão todos embolados na parte de baixo da tabela, ganhando um ou dois jogos um time que estava como lanterna da competição pode subir para a 14ª posição, por exemplo. Além disso, o Coxa conta com um jogador diferenciado que
nandes, engenheiro, 23 anos, sócio do clube há quatro anos, existem vários elementos que contribuem para a oscilação entre boas e más fases do clube. “O Coritiba é um time emergente, está tentando crescer ano a ano, mas existem questões que comprometem a admissão de um grande elenco, e mesmo assim o time conseguiu ir longe em várias competições durante algumas temporadas. Com a chegada do Marquinhos Santos e algumas novas contratações que deram certo, casos de Zé Love,
São 14 rodadas que faltam, e temos que ter a consciência que estamos a três pontos de sair da zona de rebaixamento”. De acordo com o técnico Marquinhos Santos, o time sabe a situação que vive e precisa buscar as vitórias de qualquer maneira. “Desde a minha chegada, sabemos que nosso campeonato é esse, minha missão é chegar ao dia 07 de dezembro e o time estar fora dos quatro últimos colocados. Ninguém aqui fala em Libertadores, Sul-Americana, sabemos nossa reali-
“Temos que colocar atitudes no jogo para que possamos buscar os resultados que precisamos” é o Alex e o apoio da torcida nos jogos em casa. O torcedor não é decisivo, mas com certeza é importante porque muda o ambiente do estádio”. Brejinski diz ainda que os times do Paraná sempre estão brigando para não cair porque o futebol paranaense está muito atrás de clubes de outros estados. “Acredito que no nosso estado falte de tudo um pouco, estrutura, torcida, patrocínio, além dos erros de administração, onde os clubes gastam muito dinheiro em contratações erradas, quando poderiam contratar jogadores de times menores para garantir mais lucro em uma venda futura”, afirma. Para o torcedor Diego Fer-
Helder, Elber, Joel, Rosinei, Welinton, acredito que o time permaneça na elite do campeonato brasileiro este ano”, diz o torcedor.
O Coritiba Por meio de sua assessoria de imprensa, o Coritiba se manifestou após o jogo contra o Cruzeiro, realizado no dia 24 de setembro, a respeito das expectativas do elenco para este ano. “O Coritiba pelo momento que se encontra e pelo objetivo que temos - de permanecer na primeira divisão - não pode por um momento ter receio de jogar. Temos que colocar atitudes no jogo para que possamos buscar os resultados que precisamos.
dade. Precisamos pontuar e buscar fora de casa pontos que precisamos, entendendo o nosso momento. Lógico que há jogos pontuais que são partidas de seis pontos. Não podemos deixar essa pontuação para trás, sendo no Couto Pereira ou fora”. Os confrontos que o Coritiba tem pela frente buscando sair da situação difícil que se encontra, são Botafogo, Grêmio, Fluminense, Palmeiras e Bahia no Couto Pereira, além de Corinthians, Flamengo, Vitória e Atlético-MG, jogos em que terá que buscar os pontos fora de casa.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
A luta diária pelo sucesso A competição é grande por um espaço no cenário musical brasileiro, e a banda “Namorada Belga” é um exemplo de destaque
O
Rodrigo Sigmura
A banda Namorada Belga, por exemplo, tem conquistado cada vez mais espaço Brasil afora. Os cinco integrantes do conjunto já se apresentaram no Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Paraná. De acordo com o publicitário e vocalista da Namorada Belga, Lucas Sfair, esses dois grupos impulsionaram Curitiba pelo país nos últimos anos. “A gente reconhece que a Banda Mais Bonita da Cidade foi uma grande vitrine para a cidade. E muita gente foi no
cenário musical curitibano tem cada vez mais destaque no âmbito nacional. Exemplos como os da Banda Mais Bonita da Cidade e da banda Copacabana Club ilustram o que se vive hoje por outros grupos musicais.
embalo”, diz. Ele admite que há uma evolução natural, que é construída ao longo do tempo. “O conceito da banda foi se desenvolvendo naturalmente”, relata. Sfair entende que há espaço para todos, mas afirma que é importante que os artistas descubram um filão a ser explorado. “O segredo é esse: encontrar o que toca os curitibanos. Eles são muito ecléticos”, propõe. Fã da Namorada Belga, a estudante Gabriela Nogarolli, 19 anos, entende que a união de diversos fatores fez com que os jovens conseguissem destaque nacional. Para ela, um elemento importante foi a releitura de músicas de Chico Buarque e Tom Jobim para o rock. “Tanto o estilo da música, o instrumental, quanto esses
covers e a letra conseguiram pegar um público bem específico”, explica ela. Para Igor Kierke, 21 anos, integrante da banda curitibana Mercê, há um certo problema no cenário local. Segundo ele,
Cultura
existe um regionalismo intenso. “O que nasce em Curitiba, fica em Curitiba. E, para a música, a cena local é fraca. Mas é só perder essa mentalidade e se abrir para o que vem de fora”, justifica o músico. Rodrigo Sigmura
Alguns dos integrantes da banda “Namorada Belga”
Moda sustentável Em Curitiba, estilista ganha visibilidade internacional ao desenvolver modelos de forma sustentável Guilherme Wordell de Oliveira
E
m constante evolução, o ramo da moda costuma incorporar em suas coleções as tendências globais. Atualmente, uma das grandes preocupações dos estilistas é agregar sustentabilidade às suas criações. Em Curitiba, uma designer de moda tem ganhado repercursão mundial por seu trabalho sustentável. Margarete de Paula, 49 anos, uma artesã que cria roupas e acessórios a partir de material reciclável, expõe suas peças semanalmente na feirinha do Largo da Ordem. Os vestidos desenvolvidos pela estilista foram exibidos durante a Expolatino, um evento que aconteceu em Nova Iorque e levou um pouco
“Eu não estou trabalhando
apenas para minha sobrevivência, eu estou dando um alerta para a sociedade” mais da cultura latina aos norte-americanos. As roupas criadas pela estilista são feitas a partir de lacres de latas de refrigerante. A primeira peça criada por ela foi um cinto. O primeiro vestido ficou pronto cinco anos depois e, desde então, ela não parou mais de trabalhar com reciclagem. Margarete conta que no início era difícil obter os lacres de latinhas e os comprava de
cooperativas de reciclagem. Atualmente, o material é obtido com a ajuda de amigos, familiares e clientes. O gosto pela sustentabilidade começou cedo. Aos sete anos de idade, ela ganhou uma agulha de crochê feita a partir de um aro de bicicleta antigo. Além dos vestidos, Margarete trabalha com restos de tecidos na elaboração de acessórios.
“Eu não estou trabalhando apenas para minha sobrevivência, eu estou dando um alerta para a sociedade”, declara a estilista. A preocupação é compartilhada por outros profissionais do ramo. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, a participação da indústria têxtil no PIB da indústria de transformação foi de 5,03% no ano de 2013. Mas, segundo dados divulgados pelo Inmetro, apenas duas empresas do setor têxtil no país são certificadas com o ISO 14001, que busca regular o impacto ambiental das empresas, mas não é obrigatório no território nacional.
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Cultura
Gibiteca inicia novos cursos Realizado em três módulos, o curso tem como diferencial a representação mais realística da anatomia humana Marjorie Coelho
A
Gibiteca de Curitiba está com inscrições abertas para o curso de desenho do corpo humano, que será realizado em três módulos. As primeiras aulas ocorrerão entre os dias 10 de outubro e 28 de novembro, todas às sextas-feiras, das 14h às 16h. Segundo Maristela Garcia, coordenadora da Gibiteca, a escolha do novo curso se deu através do projeto apresentado pelo professor Douglas Cruz, que ministrará as aulas. “Primeiramente ele apareceu somente para dar um curso de retrato em época das férias e todas as turmas lotaram. Depois, notamos sua qualidade profissional e resolvemos estudar a ideia que ele nos apresentou, pedimos um portfólio e aprovamos o curso”. Professor do curso de figura humana da Gibiteca, Cruz explica que em suas aulas enfatiza a representação mais realista do ser humano, e acredita que este é o diferencial do curso. ”Sempre trabalhei com ilustração e isso requer uma fiel representação do corpo humano e da perspectiva. Os cursos oferecidos na Gibiteca são todos evidentemente voltados para a história em quadrinhos, tanto mangá quanto o de caricatura, e conversando com a Maristela decidimos que faltava um curso de desenho artístico, já que o curso de história em quadrinhos não enfatiza a figura humana. Então decidimos que um curso de desenho artístico abordando o corpo humano seria o melhor a ser feito”. As inscrições para o módulo I (corpo humano básico) se encerraram no dia 30 de setembro; o módulo II (corpo humano dinâmico) será rea-
lizado de 06 de março a 25 de abril de 2015, e as inscrições para esse módulo poderão ser feitas em fevereiro, ao custo de R$ 45,00. O último módulo (retratos) acontecerá de 09 a 31 de julho de 2015, com matrículas no mês de junho. Neste caso, o custo é uma parcela de R$ 70,00. Para participar do curso é necessário ter no mínimo 12 anos de idade. Ainda de acordo com o professor, os módulos totalizaram oito aulas com capacidade para 25 alunos, e para fazer o curso não precisa ter noção de desenho e sim vontade de aprender. “O método de ensino das aulas será iniciado de forma básica, ou seja, a partir de círculos, retângulos e noções de proporção. Assim atingiremos o objetivo de uma figura humana anatomicamente correta, mas para isso os alunos precisam ter disposição de querer aprender, pois é um processo complicado, porém nada difícil”. Além dos tradicionais cursos de mangá e história em quadrinhos, nos níveis básico, intermediário e avançado, a
Gibiteca oferece outros cursos como o de caricaturas e agora o desenho do corpo humano. Esses cursos geralmente têm a duração de quatro meses a um ano e meio (três semestres). “Muitos estudantes que estão se preparando para o vestibular de artes ou que pretendem seguir a carreira de ilustrador procuram pelos cursos para maior aperfeiçoamento. Durante esse tempo é possível sair daqui desenhando e compondo histórias em quadrinhos”, garante Maristela.
A Gibiteca Idealizada no início da década de 1980 pelo arquiteto Key Imaguire, a Gibiteca de Curitiba não foi apenas a primeira do Brasil, mas do mundo. Entre as atividades da Gibiteca estão exposições, concursos, encontros com profissionais, palestras, eventos de RPG, feiras de gibis, cursos, oficinas e workshops. Para Maristela, essa variedade de atividades faz com que o público seja bastante eclético. “Crianças, jovens e
Além de seu acervo de livros, a Gibiteca oferece cursos artísticos
adultos apaixonados pelos quadrinhos fazem do espaço o mais democrático possível, reunindo ilustradores, designers, artistas plásticos, pesquisadores, professores, estudantes e simples amantes dos quadrinhos”, comenta. O acervo possui 33 mil títulos e diversas coleções de gibis infantis, super-heróis, humor, terror, cartuns, mangás e exemplares estrangeiros que fazem do espaço uma fonte para pesquisas. Além de construir seu próprio acervo por meio de compras e doações, que chegam a 60% dos títulos, a Gibiteca dispõe de um cesto de trocas, que fica à disposição do público, onde são colocados os títulos repetidos. O espaço dispõe de todos os gêneros de histórias em quadrinhos, liberados somente para consulta e leitura no próprio local. De acordo com a coordenadora do espaço, a instituição não faz empréstimos nem para tirar cópias, nem para levar para casa, e frisa que essa medida ajuda a manter o seu acervo. Paulo Morschbacher
Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Literário
Dias melhores virão! A história de Inara e a sensação de ter o seu sonho, enfim, realizado Anna Caroline Augusto Pires
C
hega uma determinada época que muitos jovens sonham em fazer um intercâmbio, ter a oportunidade de possuir um currículo bom, buscar autoconhecimento, ter um choque cultural, aprimorar um idioma e outros tantos alimentam este desejo desde criança, na esperança de uma vida melhor.
Desde os seus 11 anos, Inara Darck, ou Nana, como também é conhecida, desejava viajar o mundo e conhecer diferentes culturas. Passou metade de sua adolescência ajudando seus pais em quiosques pela cidade. Mas a vida dura que teve a impossibilitava de ter grandes chances de viajar para o exterior.
Era uma madrugada de sábado abafada do mês de fevereiro, em uma reunião simples, com muita pizza e com os melhores amigos. Ela estava lá, jogada no sofá, com o notebook no colo checando seus e-mails e do nada, por coincidência ou não, aquela jovem sonhadora de 22 anos começa a gritar.
Quando menina, Nana queria estudar Turismo para dar a volta ao mundo. Naquele tempo ela tinha em sua cabeceira um mapa com os lugares que ela queria visitar. Sonho de criança, que crescia a cada aula de alemão que ela frequentava.
Eu passei! Eu passei! Vocês têm noção do que isto significa para mim?, dizia Inara repetidas vezes, gritando para quem quisesse ouvir. O conteúdo do email era do “letter of acceptance” comunicando de que fora aceita no programa de intercâmbio, e que a partir disto eles iriam começar a buscar uma casa de família compatível com o perfil descrito por ela. Há vários estilos de intercâmbio, e neste que ela foi selecionada dá para escolher entre a duração de bimestres de acordo com a nota que o aluno obtém. Inara foi até o quarto de sua mãe, desnorteada com o que acabara de ler, enquanto todos os seus melhores amigos ficaram estáticos no corredor olhando um para a cara do outro sem saber o porquê desta euforia toda. Ela abriu a porta com cuidado e falou bem baixinho. – Agora sim mãe, vou te dar a vida que você merece ter.
A partir dos seus 15 anos de idade a sua rotina era insana. Acordava todo dia, antes do sol nascer, por volta das 5 horas da manhã para ajudar sua mãe, Mariluce, com os negócios da família. À tarde ia para o cursinho e à noite para o curso de alemão, alternando com as aulas de violão. – Acredite sempre –, era um mantra que ela repetia pra si mesma, várias e várias vezes, nas pio-
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res situações possíveis. Por muito tempo Inara e sua família viveram em uma comunidade precária na cidade de Araucária, região metropolitana de Curitiba. Mas, apesar de todos esses problemas, a Vila era “mãe e o pai” dos seus moradores, como afirmava senhora Mariluce de Fátima da Conceição, 45 anos, toda vez que iria contar sua história de vida para alguém. Mariluce chegou à Vila aos 15 anos. Já foi dona de casa, empregada doméstica, catadora de lixo, vendedora ambulante e atualmente é dona do seu próprio negócio, vivendo de artesanato. É mãe do Eduardo, 14, da Ingrid, 19, e de Inara, 22. Lazer para ela é passar os dias de folga cozinhando para os filhos e ajeitando-os como pode. Mariluce e a família já não vivem mais na Vila, as economias, o lucro e o suor de trabalhar dia após dia, promovram a mudança da família de um local precário, para um bairro relativamente
bom de classe média em Curitiba, nas Mercês. O estudo, o caráter e o esforço eram os bons exemplos que a senhora Mariluce poderia deixar para os seus filhos. Após a grande notícia os dias transcorreram com a mesma rotina de sempre. Dividida entre trabalho, faculdade, namorado, amigos e família, a euforia só aumentava o frio na barriga e a expectativa pelo novo crescia. Aqueles últimos dias calorosos no Brasil, com chuvas de verão e com muitos ventos, eram uma referência direta a tudo o que ela tinha lido em muitas páginas de revistas e blogs. Os mais místicos podem entender isso como um presságio ou até mesmo um sinal da viagem que estava cada vez mais perto de se concretizar. O dia do embarque estava chegando. Depois de muito esforço e várias pancadas da vida, enfim, veio a recompensa. Berlim estava logo ali.
Anna Augusto Pires
O sonho de viajar para Europa realizado através do intercâmbio
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Curitiba, 20 de Outubro de 2014
Ensaio
Uma arte em extinção Relojoeiro é o artesão que fabrica ou repara relógios. É um serviço antigo e bons profissionais estão cada vez mais difíceis de encontrar. Fotos: Lucas Pereira de Souza
A raridade de algumas peças aumenta a responsabilidade do serviço
O concerto de relógios é um trabalho minucioso
Em muitos locais, a bancada de trabalho ainda é artesanal
A atenção é uma exigência constante