Recomeça a guerra contra a dengue
Com a chegada do calor, cuidado deve ser redobrado. Página 04
Política é hereditária no Paraná
Sete deputados estaduais eleitos são herdeiros de políticos famosos. Página 07
Visitar cemitérios também é cultura
Locais revelam aspectos históricos e sociais das cidades. Página 12
Curitiba, 27 de Novembro de 2014 - Ano 17 - Número 252 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Corrente Cultural
Música, teatro , cinema, fotografia, gastronomia e muitas outras atrações marcaram a 6ª edição do evento em Curitiba.
Páginas 08 à 11
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Cidades
Mobilidade Especial Veículos adaptados auxiliam no transporte de pessoas com deficiência em Curitiba Nicole Leite
N
o dia 27 de março de 2013, o Programa Acesso - Transporte Especial, criado a partir da ação conjunta da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPCD) e Fundação de Ação Social (FAS) começou a funcionar em Curitiba, facilitando o deslocamento de pessoas com deficiência para hospitais ou serviços de saúde. No final de outubro, os microônibus especiais foram reestruturados para ampliar o espaço reservado para cadeiras de rodas, aumentando de três para sete vagas por veículo. A assessora de imprensa do programa, Sara Beatriz Minuzzo, adianta que ainda existem planos para aperfeiçoar o serviço. “Um dos projetos que está sendo estudado é a roteirização, dando um melhor fluxo, podendo assim otimizar e reduzir o tempo para assistência aos usuários”. Já são 668 pessoas cadastradas. Os usuários são gratuitamente levados de suas casas até o local da consulta, e ao término do compromisso, o ônibus retorna com o paciente. Os horários de funcionamento do transporte são de segunda à sexta-feira, das 7h às 18h e devem ser agendados com uma semana de antecedência. “O Programa Acesso atende em todas as áreas de saúde, odontologia, habilitação e reabilitação, além de socioassistenciais não continuados dentro do município de Curitiba”, explica Sara. Carlos Alberto Lopes da Costa nasceu paraplégico e antes da implementação de veículos especiais ele sempre preci-
sava que alguém o levasse para seus compromissos e afirma que o programa lhe oferece uma maior autonomia e mobilidade. “Agora facilita bastante. Tenho uma qualidade de vida melhor e não preciso depender toda hora das pessoas”, diz o rapaz. Para a terapeuta ocupacional, Marisa Gracita dos Santos, os ônibus adaptados são importantes tanto para ajudar na mobilidade quanto na autoconfiança de quem possui alguma deficiência. “É muito importante oferecer subsídios para pessoas especiais se locomoverem com menos dificuldades para seus atendimentos, assim elas se sentem mais independentes e inseridas na sociedade”, afirma a especialista.
O cadastro Quem estiver interessado em utilizar o serviço deve entrar em contato pessoalmente, ou através de seu responsável, com o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do seu bairro, levando consigo cópias do documento de identidade e do laudo médico da deficiência (emitido até dois anos antes); - A assistente social do CRAS preenche uma ficha de triagem e faz um relatório de avaliação; - Se o relatório indicar necessidade de atendimento pelo acesso, o pedido irá para a SEDPCD, que providenciará a carteirinha de usuário, com validade de dois anos. - A pessoa com deficiência ou seu responsável retira a carteirinha de usuário no CRAS. Junto será entregue o regulamento do serviço.
Expediente Edição 252 - 2014 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos FOTO DA CAPA Kássio Pereira 2º Período
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2º Período 2º Período
PAUTEIROS
2º Período 2º Período 2º Período 2º Período 2º Período 2º Período
Laura Alvarenga 2º Período
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Álex Biega
Manuella Hoepfner
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Matheus Urbano
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Nicole Lopes
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Viviani Moura
Rodrigo Sigmura
Brenda Iung
2º Período 2º Período 3º Período
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2º Período
2º Período 2º Período 2º Período 3º Período
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Cidades
Ensino na era da pós-modernidade A forma de apresentar – e apreender – o conteúdo em sala de aula mudou muito nos últimos anos Priscila Cavallaro
C
ada professor tem sua forma preferida de dar aula. Mas nos últimos anos, a era digital se infiltrou nas salas de aula e muitos docentes trocaram o quadro-negro por maneiras modernas de expor o conteúdo, utilizando slides, projeções e animações. Contudo, os professores afirmam que, atualmente, a prática docente é facilitada pela capacidade e acesso à informação por parte dos alunos. João Carlos (o professor não quis se identificar), docente da rede pública estadual, afirma que, para seus colegas, o passar dos anos traz segurança, confiança e experiência em sala. A mudança na forma como os alunos encaram a escola foi muito influenciada pela globalização e para Carlos, “os alunos de hoje
têm capacidade de adquirir muito mais conhecimento em menos tempo que em outras épocas”. Quanto ao comportamento do aluno, no aspecto disciplinar o professor entende que ocorreu uma perda de autoridade e respeito, mas realça que a parte positiva das mudanças na dinâmica da sala de aula é o aumento do caráter crítico dos questionamentos, que exigem docentes sempre atualizados com as novidades. “O aluno passou a interagir com o professor em busca do conhecimento”, concorda Maria Helena Brunatto, professora da Escola Municipal Eny Caldeira, no Bacacheri. Para o aluno do terceiro ano do ensino médio Guilherme Gorges, 17 anos, a transição do
quadro-negro para os slides pode complicar a explicação de algumas matérias. “Exatas, por exemplo, tem que ter explicação com quadro e giz. Fica mais fácil de compreender o conteúdo”. Gorges, estudante do Instituto Federal do Paraná (IFPR), diz que lá os professores de humanas aproveitam para usar slides com gráficos, mapas e imagens.
gitais não podem ser deixadas de lado. “Há softwares com jogos que auxiliam os alunos na aquisição da escrita, jogos matemáticos, etc”, complementa a professora. Para ela, a construção de conceitos na fase de alfabetização exige a utilização do material concreto, mas os jogos digitais cognitivos e lúdicos auxiliam na compreensão.
“Ainda uso muito o quadro-negro, o giz e material impresso”, admite Carlos, professor há 22 anos que acredita na importância do livro impresso, ainda que o digital possa aumentar a eficiência das aulas.
Sem dúvida, o conteúdo apresentado de forma digital para a atual geração de alunos chama mais atenção, deixa a aula mais dinâmica e fácil de compreender. Para Gorges, cabe ao professor escolher o método que é mais satisfatório para a turma e condizente com a matéria ministrada.
Maria Helena, que leciona há 30 anos para os primeiros anos do ensino fundamental, afirma que as ferramentas di-
Novos radares móveis em Curitiba Os aparelhos começaram a ser utilizados para prevenção de acidentes Riana Carvalho
N
o dia 16 de outubro, a Prefeitura de Curitiba começou a utilizar radares móveis nas vias mais movimentadas da cidade. Eles foram implantados com o objetivo de reduzir o número de acidentes envolvendo excesso de velocidade. Os equipamentos consistem em aparelhos que ficam apoiados em tripés, em lugares e horários desconhecidos, e são dificilmente notados por motoristas, evitando assim o famoso movimento de “redução e depois aceleração” próximo a radares fixos e lombadas eletrônicas. Segundo a Secretaria de Trânsito (Setran), 25% dos acidentes de trânsito na capital paranaense com vítimas são causados por alta velocidade dos condutores. Os radares
já estavam em uso prévio na Avenida Sete de Setembro e na Rua XV de Novembro, no Centro, mas agora se espalham por toda a cidade. Para Francielle Ciconetto, 23 anos, agente de intercâmbio, essa implantação tem seus prós e contras. “Obviamente ver essa movimentação e preocupação da Setran é muito gratificante, mas ao mesmo tempo é ruim para os motoristas, já que a chance de ser multado acaba sendo maior”, explica. Já Geraldo Roberto, 42 anos, empresário, acredita que essa iniciativa traz mais interesse financeiro por parte dos órgãos de trânsito do que preocupação com a população. “O fato de ter um radar secreto
não vai impedir os acidentes, a única coisa que vai mudar é a quantidade de multas que a população paga”, critica. As primeiras nove vias que receberão os radares móveis são: Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres); Rua Marechal Otávio Saldanha Mazza (Capão Raso);
Rua Francisco Ratani (Capão Raso); Rua Maria Lúcia Locher de Athayde (CIC); Rua Jovino do Rosário (Boa Vista); Rua Frederico Maurer (Hauer); Rua Canadá (Bacacheri); Rua XV de Novembro e Avenida Sete de Setembro, ambas no Centro.
Manuella Hoepfner
Excesso de velocidade é a causa de 25% dos acidentes com vítimas
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Cidades
Recomeça a batalha contra a dengue Agentes da Secretaria Municipal da Saúde percorrem a cidade em busca de focos do mosquito Guilherme Zuntini
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o dia 16 de outubro, agentes da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS) iniciaram uma inspeção em 25 mil imóveis em Curitiba para fazer um diagnóstico sobre os focos de infestação do mosquito transmissor da dengue na capital paranaense. Os resultados obtidos nesta pesquisa direcionarão as atividades de controle do vetor nas áreas de maior risco. De acordo com a coordenadora do Programa Municipal do Controle da Dengue, Juliana Martins, todos os bairros foram inspecionados. “Nesse tipo de campanha é fundamental que a população permita a entrada dos agentes de controle de vetores nos imóveis”. Além disso, a coordenadora informa que os trabalhadores sempre são identificados com uniforme e crachás. Ainda não foi divulgado pela SMS se houve casos de dengue na cidade. No entanto, Curitiba tem um bom histórico contra a dengue. Na última vistoria, feita em fevereiro deste ano, os agentes encontraram apenas um foco. Para manter esse índice, Juliana diz que a população também precisa ajudar. “A piscina de plástico é uma das principais vilãs deste ano. Como está calor, muitas famílias estão usando, mas é preciso precaução, pois é um lugar propício para o mosquito. Para afastá-lo, é importante escovar a borda da piscina semanalmente. Quando não estiver utilizando-a, tem que
mantê-la coberta”, relata. Ricardo Martins, 54 anos, é médico e afirma que a dengue é uma doença cíclica e, com a chegada do calor, cresce consideravelmente a chance da formação de focos do mosquito. “É preciso que a população fique mais atenta aos locais que
Bacacheri, os mosquitos transmissores da dengue se reproduzem mais rápido por questões hormonais. “Quando a temperatura está muito alta, o ciclo de reprodução dos mosquitos é bem mais acelerado do que no inverno. Para piorar, nessa época também temos bastante
O uso de uniforme é obrigatório, pois assim o agente é identificado pela população como um funcionário da SMS. Para mais informações, acesse o site www.curitiba.pr.gov.br
“Eu acho essencial esse tipo de campanha, afinal, trata-se de nossa saúde” podem se tornar reservatórios de água parada”, diz. Zenilda de Souza, 50 anos, é moradora no Pinheirinho e diz que sempre colabora com os agentes para uma boa inspeção em sua casa. “Eu acho essencial esse tipo de campanha, afinal, trata-se de nossa saúde. Muita gente espera acontecer algo ruim para começar a se prevenir, mas não é assim, pensar no próximo e no bem estar de todos é muito importante”. Ela ainda ressalta que já teve parentes que pegaram a doença em outros estados. “Um tio meu ficou internado por uma semana com suspeita de dengue, a família inteira ficou muito preocupada, afinal, não é uma gripe, é uma doença que, se não cuidada, pode levar à morte”.
Cuidado no calor
Em dias quentes, segundo Leonice Moraes, enfermeira na Unidade de Saúde
chuva e o acúmulo de água limpa é essencial para a sua reprodução. É por causa disso que temos que evitar a água parada”, conta. Leonice disse que nunca recebeu casos de suspeitas de dengue, mas isso não é motivo para descuido. “Aqui em Curitiba, por ser uma cidade fria, acredito que o número de suspeitas seja bem baixo, mas isso não significa que devemos ficar com os braços cruzados, muito pelo contrário, devemos continuar mantendo a cidade livre dessa praga”.
Segurança
Para confirmar se o agente da dengue realmente faz parte da equipe da SMS, basta ligar no 156 e perguntar para a atendente se o funcionário presente em sua rua é realmente um participante do projeto. Ela dirá se o profissional está ou não na área em que você mora, além de passar seus dados.
Prevenções Como evitar a dengue
• • • • • •
Limpar piscinas; Deixar garrafas com o gargalo virado para baixo; Limpar os potes de animais de estimação; Limpar a caixa d’água; Escorrer o líquido dos vasos de flores; Manter o lixo fechado e vedado.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Entenda o horário de verão A economia de energia é somente uma das vantagens do novo horário, que prioriza o consumo racional Ariele Hosseini
O
horário de verão, que começou dia 19 de outubro, é adotado por 10 estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e pelo Distrito Federal. De acordo com a Copel, diferentemente do que muitas pessoas pensam, o objetivo desse horário não é reduzir o consumo de eletricidade, mas distribuir de maneira mais racional a elevação da demanda das classes consumidoras durante o horário de pico – das 18h às 21h. Assim, aliviam-se as condições de operação de instalações como usinas geradoras e linhas de transmissão. Segundo a Copel, espera-se uma redução de 4,5% na demanda do sistema elétrico durante o horário de pico, porém, isso não significa que não há uma economia de energia. “Existe sim uma redução nos níveis de consumo, mas ela é muito discreta, da ordem de 0,5%”, explica
Marcelo Rothen, assessor de imprensa da empresa. E o motivo é o melhor aproveitamento da luminosidade natural do dia, reduzindo assim o tempo de uso de lâmpadas. “Por exemplo, a ativação dos sistemas de iluminação pública – cujas lâmpadas são acionadas automaticamente ao escurecer – só acontece depois de ter encerrado o expediente na maior parte dos escritórios e indústrias e de superado o momento de maior demanda nas casas”, realça Rothen. Carlos Bittencourt, coordenador do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), afirma que “alguns setores ganham mais com o horário de verão, como exemplo as academias. E as pessoas aumentam a qualidade de vida, pois usam os parques para atividades físicas diversas”. E com uma hora a mais de sol algumas lojas costumam
ficar até mais tarde abertas, principalmente na época que se aproxima, de férias e festas de fim de ano. O horário de verão sempre tem início no terceiro domingo de outubro e se encerra no terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte, a menos que este seja o domingo de Carnaval. Nesse caso, o final do horário de verão fica adiado para o domingo seguinte, o que acontecerá em 2015. A estudante Princieli Rogoski
Economia
diz que adora o horário de verão. “Eu gosto porque o dia começa antes e também quando você volta do trabalho ainda tem um pouco de sol para aproveitar o restinho do dia”. Já o agente de pastoral Cleverson Teixeira não gosta do novo horário. “Sofrerei com o sono durante o dia, as crianças ficam muito agitadas e não vão dormir antes das 22h30 por causa do escurecimento tardio”, lamenta. Ariele Hosseini
Aproveitar a luz natural é um dos objetivos do horário de verão
Escritórios colaborativos Chamados de coworkings, os empreendimentos compartilhados vêm ganhando força nos últimos anos Gabriela Giannini
C
oworkings são escritórios compartilhados com foco no pequeno e médio empreendedor que objetivam diminuir os custos fixos de uma empresa como água, luz e internet e criar uma rede de relacionamentos que permita que diversos setores estabeleçam contatos, formando assim, parcerias e novos clientes. Este novo modelo de escritório colaborativo surgiu em São Francisco, Estados Unidos, com o objetivo de extinguir o home office, escritórios montados na própria casa do empreendedor, servindo como separação entre o ambiente de trabalho e o familiar.
Nos últimos anos, o número de coworkings no Brasil vem aumentando significativamente, de acordo com as estatísticas realizadas pela Global Coworking Census, companhia norte-americana especializada no segmento, que aponta ainda que o país é o sétimo em número de coworkings. A co-fundadora e sócia do Impact Hub, uma das empresas do segmento em Curitiba, Jéssica Maris Maciel, 24 anos, afirma que a procura por estes espaços colaborativos está crescendo de maneira expressiva no cenário curitibano. Para a economista Kami-
la Gabrielle Madalena, os coworkinks são o futuro da economia horizontal, modelo de gerenciamento que não apresenta hierarquia administrativa. “O home office é frustrante e desgastante, inclusive, trabalhar em casa é um dos principais motivos para o fechamento de empresas. Os coworkings surgem para liquidar esse problema e estabelecer fusões de startups em empreendimentos milionários”. Segundo Jéssica, o profissionalismo é outro fator relevante. Economia, interatividade, profissionalismo e infraestrutura são os principais
pontos positivos ofertados pelos coworkings, segundo seus usuários. Para o sócio proprietário da Agência Hop, Lucas Dieter, 19 anos, a possibilidade de expansão e o preço foram fundamentais na escolha. “Eu optei por um coworking por ele me oferecer toda a estrutura tradicional de um escritório, pela economia financeira e também pela possibilidade de conhecer pessoas de diversas áreas”, afirma o empresário que há seis meses tem seu escritório na Aldeia Coworking, localizado no centro de Curitiba, a pioneira do segmento no Sul do Brasil.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Economia
Jovens preferem estudar Cai o número de jovens empregados ou procurando trabalho Ariele Hosseini
S
egundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), divulgada pelo IBGE em setembro deste ano, pouco menos de 16 milhões de brasileiros de 18 a 24 anos estavam trabalhando ou procurando emprego em 2013. Esse é o menor número desde que começaram as pesquisas, em 2001. Daniel Poit, especialista em economia, diz que há vários fatores que determinam essa redução. “Um deles talvez seja a questão da pouca experiência. Principalmente no mercado das empresas privadas, há uma busca por respostas e resultados muito rápidos. E o jovem quando entra para o
mercado de trabalho depende de treinamento, e as empresas nem sempre estão dispostas a investir, elas esperam que as escolas tenham feito isso”.
“pois esse trabalho é complementar aos estudos, e os estudos são uma capacitação para o trabalho”, afirma.
Além disso, no Brasil, os Poit diz que assim como na jovens tendem a morar com Alemanha, o Brasil deveria ter os pais por muito tempo e, de mais programas para ajudar acordo com Poit, isso mantém o jovem a trabalhar e estudar, uma dependência econômica, 74,1 72,3 71,6 70,4 Trabalham e procuram emprego
28,4
30,8 25,9
2001
2007
28,9 27,7 2011
30,0 Estudam 29,6 Não trabalham nem procuram emprego 2013
o que contribui para a queda do trabalho jovem. Outro motivo apontado pelo economista é o fato de que os jovens e seus pais pensam que será melhor ele estar qualificado antes de procurar um emprego - e também porque será melhor remunerado. A estudante Brenda Matos é uma desses jovens que apenas estudam. ''Não quero trabalhar só por trabalhar e sim fazer algo dentro da minha área. Como ainda não me sinto pronta, estou só estudando”. Ela diz ainda que seus pais a motivam a estudar e que planeja trabalhar no exterior para ter a experiência internacional.
Inflação afeta curitibanos Moradores e comeciantes sentem no bolso o aumento no preço de alguns produtos e serviços na capital Rafael Bronze
C
uritiba é a terceira cidade com a taxa de inflação mais elevada do Brasil. A capital paranaense apresentou nos últimos 12 meses uma alta de 7,13% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade ficou atrás apenas do Rio de Janeiro (7,63%) e Recife (7,16%). Já a média nacional ficou em 6,75%, lembrando que o teto da meta estabelecida pelo Banco Central (BC) é de 6,5%. Mas o que é na verdade a inflação e como ela ocorre? O coordenador do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Carlos Bittencourt explica: “a inflação é uma alta persistente e generalizada no
nível de preços de uma economia”. Esse “inchaço” atinge todos os produtos e serviços, gerando a diminuição ou o aumento no preço estabelecido. Por exemplo, a maior variação no valor de preços
ção, os mais afetados são os comerciantes e os consumidores. A empresária Simone de Cristo Pereira relata já ter sofrido com essa alta em 2014. “Sentimos sim. Nós tivemos que reduzir o número
possibilidades para as pessoas escaparem desse aumento nos preços. “O trabalhador deverá fazer pesquisa de preços e adquirir produtos substitutos, ou seja, mais baratos”, conclui Bittencourt.
em Curitiba foi nos produtos relacionados com habitação, com alta de 0,75%, seguido de itens do vestuário com 0,74% e o setor de alimentação com 0,69%. “Todos os preços sofrem uma elevação ao mesmo tempo, há uma disseminação em cadeia de elevação dos preços”, diz Bittencourt.
de funcionários, o que gerou desemprego, também tivemos que cortar algumas despesas sendo a maioria delas relacionadas ao conforto dos funcionários, infelizmente”.
Diversas áreas também foram afetadas pela inflação e tiveram seus preços variados, encarecendo os serviços. Entre elas, destacam-se: 0,67% de aumento nos preços do setor de saúde e cuidados pessoais; 0,49% na educação; 0,31% na comunicação; 0,23% no setor de transporte; e 0,22% na área de artigos de residência.
“Nossa receita caiu, pois os clientes estão com receio da crise. Tivemos que reduzir o número de funcionários”
Com o alto nível de infla-
Outro dado que preocupa é o fato da inflação oficial em 12 meses ser a maior desde outubro de 2011, segundo o IBGE. Não existem muitas
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Política
Famílias no poder do Paraná Dos 21 parlamentares eleitos, sete possuem sobrenomes tradicionais na política do Estado Lucas Nogas
O
resultado das eleições de 2014 trouxe à tona um tema recorrente: o revezamento de familiares em cargos eletivos. Neste ano, os paranaenses elegeram representantes de novas gerações de famílias tradicionais da política paranaense. São vários exemplos de famílias que possuem uma história na política, como por exemplo, a Barros Borghetti, a Richa e a Fruet. Dos 54 deputados estaduais eleitos no dia 05 de outubro, 33 já cumprem mandato na Assembleia Legislativa. Além disso, dos 21 novos parlamentares, sete têm sobrenomes tradicionais na política do
de uma família na política e quanto mais dinheiro tiver, mais fácil fica para as novas gerações”, comentou Oliveira. A dona de casa Rose Vieira Teixeira, 48 anos, disse que prefere votar em candidatos de tradição por confiar em suas famílias. “Eu voto há anos assim, peguei essa mania da minha mãe. Ela sempre votou em candidatos de família com tradição na política por achar que funciona melhor assim e que isso ajudaria a mudar algo. Eu acabei herdando isso dela. Nessas eleições votei no Felipe Francischini e no seu pai, o Delegado Francischini, acho que os dois juntos podem mudar essa política que a gente
“Temos duas variantes que ajudam às novas gerações a entrarem, o parentesco e o potencial econômico”
Estado. Eles se somarão aos outros sete atuais deputados que também têm laços familiares com políticos importantes no cenário estadual. O cientista político Ricardo Costa de Oliveira, autor dos livros “O Silêncio dos Vencedores” (2001) e “Na Teia do Nepotismo” (2011), conta que a política vem se tornando negócio de família no Paraná. “O nepotismo tem sido uma característica do poder legislativo, beneficiando principalmente famílias ricas. Temos duas variantes que ajudam as novas gerações a entrarem, o parentesco e o potencial econômico. Isso significa que quanto mais antiga a tradição
vive”, finalizou Rose. Oliveira conta como essas famílias vem se fortalecendo a cada dia mais na política. “Isso vem aumentando cada vez mais, por exemplo, na Assembleia Legislativa do Paraná nós tivemos o ingresso de sete parlamentares com vínculos familiares e no total temos em média uns 20 parlamentares que representam famílias politicas”. O deputado estadual eleito, Felipe Francischini, foi procurado pela reportagem do Comunicare para opinar sobre o assunto, mas não respondeu até o fechamento da matéria.
Políticos herdeiros do legado de parentes Atuais deputados 2015-2018 Alexandre Curi (PMDB) neto
Novos deputados: Alexandre Guimarães (PSC)
do ex-presidente da Alep,
filho do prefeito de Campo
Aníbal Khury;
Largo, Affonso Guimarães;
André Bueno (PDT) filho do
Claudia Pereira (PSC) esposa
ex-deputado e atual prefeito
do ex-deputado estadual
de Cascavel, Edgar Bueno;
e atual prefeito de Foz do
Anibelli Neto (PMDB) filho
Iguaçu, Reni Pereira;
do ex-deputado Antônio
Felipe Francischini (SD) filho
Martins Anibelli, e neto do
do deputado federal Fernan-
também ex-parlamentar
do Francischini;
Antônio Anibelli;
Maria Victória (PP) filha da
Artagão Júnior (PMDB) filho
deputada federal e vice-
do ex-deputado e atual
-governadora eleita Cida Bor-
presidente do Tribunal de
ghetti, e filha do deputado
Contas do Estado do Paraná,
federal eleito Ricardo Barros;
Artagão de Mattos Leão;
Paulo Litro (PSDB) filho da
Bernardo Ribas Carli (PSDB)
deputada estadual Rose
filho do ex-prefeito de Gua-
Litro, e do ex-deputado esta-
rapuava Luiz Fernando Ribas
dual Luiz Litro;
Carli, e irmão do ex-deputa-
Requião Filho (PMDB) filho
do estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho;
do senador e ex-governador do Paraná por três mandatos,
Evandro Júnior (PSDB)
Roberto Requião;
sobrinho do atual deputado
Tiago Amaral (PSB) filho do
estadual Hermas Brandão Filho, e neto do ex-presidente da Alep Hermas Brandão; Pedro Lupion (DEM) filho do dep. federal Abelardo Lupion.
ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Durval Amaral.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Cultura
Cultura por todo canto Corrente Cultural 2014 foi um sucesso de público. Programação eclética garantiu oito dias intensos para quem gosta de cultura Kássio Pereira
Kássio Pereira
C
uritiba se tornou a capital da cultura entre os dias 09 e 16 de novembro. Neste ano, a Corrente Cultural promoveu uma série de atividades artísticas em diversos espaços da cidade. Somente no sábado (15), auge da programação, mais de 150 mil pessoas foram às ruas e puderam conferir diversas atrações. O destaque ficou por conta da variedade, visto que o evento trouxe às ruas e casas culturais da cidade exposições inéditas, peças de teatro, shows nacionais e locais, feiras de gastronomia, competição de dança, mostra de grafite, exibição de filmes e festivais paralelos. O superintendente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Igor Cordeiro, explica que em 2014 o objetivo foi levar mais cultura aos bairros. “Foram oito dias intensos, que o curitibano teve a oportunidade de ficar mais próximo da produção cultural feita na cidade”, conta. O movimento, criado em 2009, valoriza a diversidade cultural e dá espaço para artistas locais. Concebido pela Prefeitura Municipal de Curitiba, a Corrente Cultural teve o apoio de instituições públicas e privadas parceiras do cenário artístico paranaense. A união desses esforços permitiu a ocupação permanente de teatros, palcos de rua, centros cultura, terminais de ônibus e parques da capital. A veterinária Luana Coelho, 26 anos, é frequentadora assídua da Corrente Cultural.
Visitantes puderam interagir com obras famosas através de tablets Ela diz que aguarda sempre com ansiedade a liberação da agenda para programar o seu fim de semana. “Quando tem Festival de Teatro ou Corrente Cultural, praticamente não fico em casa. Vou de um lado para o outro em busca de apresentações. Cultura nunca é demais”, conclui.
Nova linguagem A Corrente Cultural 2014 foi aberta no domingo (09) com o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File). Com uma proposta inovadora, o festival mostra como a arte, a ciência e a tecnologia podem ser utilizadas para proporcionar novas experiências ao visitante. O acervo é bastante interativo e permite que o observador remonte as obras de acordo
com o seu gosto. Também há quadros famosos e pinturas de parede que ganham vida a partir da visão de um aplicativo de celular ou tablet. De acordo com o idealizador do festival, Ricardo Barreto, o visitante não pode ser tratado como um mero observador. “Percebemos que é preciso que a pessoa participe para que seja cativada pela obra. Por isso, queremos estimular um maior envolvimento do visitante através do uso da tecnologia”. No mesmo espaço, o visitante pode conferir o acervo da File Games e File Anima+, mostras paralelas que trazem jogos e filmes premiados internacionalmente. O evento já percorreu mais de 40 países, entre eles a Espanha e o Japão.
Serviço:
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Esta é a segunda vez que a exposição vem a Curitiba. Período: 09/11 a 07/12 (quartas e domingos) Horário: 10h às 18h Local: Centro Cultural do Sistema FIEP Endereço: Avenida Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico, Curitiba. A entrada é gratuita
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Cutura
A rua é do povo A primeira edição do “Corrente na rua” aconteceu na praça Afonso Botelho e escolheu o melhor b.boy de Curitiba Kássio Pereira
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o domingo (08), a cultura hip-hop tomou conta da praça Afonso Botelho, no Água Verde. Foi a primeira edição do “Corrente na Rua”, que surgiu da ideia de congregar as diferentes vertentes da cultura hip-hop curitibana. No local, mais de 300 pessoas acompanharam a batalha de b.boys, que escolheu o melhor dançarino de hip-hop da cidade. O estudante Lucas Menezes, 23 anos, que participou da competição, afirma que eventos como este são importantes para valorizar as manifestações dos jovens. “O hip-hop é a nossa voz, a nossa forma
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Kássio Pereira
de se expressar. Por isso queremos que esse espaço seja garantido durante o ano todo”, ressaltou. Outro que destacou a importância da Corrente Cultural para a divulgação do seu trabalho foi o grafiteiro Deivid Real. “Quebramos preconceitos e hoje o movimento do grafite já é aceito como arte. Tento criar desenhos que façam com que as pessoas reflitam sobre suas vidas e pensem um pouco mais sobre a real situação da sociedade”, diz Real, que expôs sua obra “Identidade”, cujo desenho mostra ele próprio em frente a um espelho.
Competição reuniu mais de 50 b.boys de Curitiba e Região Metropolitana
Cinema na praça O filme Carmen, aclamada ópera francesa do compositor Georges Bizet, encerrou as atividades do Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba Kássio Pereira
A
sétima arte também teve espaço garantido na programação. Na noite de sábado (15) a Praça de Bolso do Ciclista, no centro histórico, recebeu uma exibição de filmes ao ar livre. A atividade foi o encerramento oficial do Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba - FICBIC 2014.
Iguaçu (Ciclo-Iguaçu). O coordenador-geral da entidade, Goura Nataraj, ressalta que a praça foi concebida justa-
mente para ser um local de ocupação cultural. “Tudo isso foi construído coletivamente e queremos que ela seja real-
O diretor do festival, Luiz Ernesto Pereira, disse que a intenção foi trazer ao público curitibano filmes de qualidade que estão fora do circuito comercial. “Ao longo de 15 dias pudemos exibir mais de 100 filmes nacionais e estrangeiros, sendo muitos deles inéditos na cidade”, enfatizou. A exibição ao ar livre foi possível graças a uma parceria com a Associação de Ciclistas Alto
Praça do Bolso do Ciclista receberá novas ações culturais em 2015
mente um espaço de destaque na cena cultural curitibana”. Kássio Pereira
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Cultura
Som para todos os gostos e idades Grandes nomes da música nacional, como João Bosco, Elza Soares, Cidade Negra, Rashid e Otto se apresentaram nos palcos de Curitiba Kássio Pereira
A
lém de artistas locais, a Corrente Cultural trouxe a Curitiba personalidades expoentes no cenário nacional, sobretudo na música. No sábado (15) e domingo (16) grandes nomes da música brasileira, como Elza Soares, João Bosco, Cidade Negra, Rashid e Otto, se revezaram com apresentações em cinco palcos montados no centro da cidade. No palco Riachuelo, em frente ao Paço da Liberdade, quem agitou a multidão no sábado (15) foi o cantor e violinista João Bosco, um dos maiores representantes da Música Popular Brasileira (MPB). O repertório apresentou um lado mais intimista do cantor e priorizou clássicos da MPB, como o “Tiro de Misericórdia”, “Odilê, Odilá”, “Corsário” e “Mestre-Sala dos Mares”.
Outro show bastante aguardado foi o da banda carioca Cidade Negra. Previsto para 22h30 de sábado no palco da Boca Maldita, o show teve atraso de mais de duas horas e só começou na madrugada de domingo. Por conta da demora, muita gente se irritou e foi embora antes da banda entrar no palco. Segundo a FCC, o atraso aconteceu por causa de problemas técnicos no som do palco. A multidão que tomava conta da Rua XV de Novembro às 22h30 foi reduzida para pouco mais de 15 mil pessoas no início do show.
Incidente negativo Além disso, um fato trágico marcou o encerramento dos shows de sábado na Tenda Eletrônica, montada no Largo da Ordem, centro histórico da cidade. Durante a noite, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para atender o jovem Cleverson Pereira, 21 anos, que estava caído na calçada. A suspeita é que o rapaz passou mal pelo excesso de consumo de álcool e morreu antes da chegada da equipe médica. O corpo do jovem foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para a realização
Na Tenda Eletrônica, DJs locais e nacionais agitaram o dia de sábado no largo. O comerciante George Marcello, 26 anos, se surpreendeu com a inclusão da música eletrônica na corrente. “Sempre senti falta da cena eletrônica dentro da programação de eventos deste porte. Espero que continue nos próximos anos”, disse. Kássio Pereira
Em pouco mais de uma hora de show, o casal curitibano Ruth e Leonardo Gouvea pôde relembrar os momentos de quando se conheceram. “Nosso primeiro beijo foi ao som de ‘Papel Machê’, em um show do João Bosco há 20 anos, no Rio de Janeiro”, conta Ruth. “Desde aquele dia, nunca mais larguei dela”, completa o marido. Logo em seguida, foi a vez da banda curitibana Confraria da Costa subir ao palco da Riachuelo e levar os fãs ao delírio com suas animadas músicas. Utilizando a temática pirata, o grupo agradou quem até não conhecia o trabalho deles. “É bem diferente. Esse estilo pirata e o uso do violino e outros instrumentos incomuns nos contagiam”, afirma o publicitário Humberto Lemos.
de exames complementares. A hipótese de Pereira ter sofrido uma overdose não foi descartada. Ao longo de todo o final de semana, foi possível ver jovens consumindo drogas livremente em diversos pontos da Corrente Cultural.
Tempo bom contribuiu para presença massiva do público
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Cultura
Espaço para dança Curitibaila ofereceu aulas de bolero, samba, tango, salsa, zouk e forró gratuitamente Kássio Pereira
E
m 2014, a grande novidade da Corrente Cultural foi o Curitibaila, um festival voltado à dança de salão curitibana. Com o apoio de diversas escolas de dança da cidade, o evento ofereceu aulas gratuitas de bolero, samba, tango, salsa, zouk e forró a quem foi a Casa Hoffmann, no Largo da Ordem, neste sábado. O organizador do Curitibaila, Luiz Dalazen, explica que o
festival nasceu da necessidade de fortalecer a dança dentro da Corrente Cultural. “No ano
viemos com essa ideia que deu certo e com certeza vai continuar”.
“Me apaixonei pela salsa e agora quero aprender mais” passado, percebemos que a dança não tinha o destaque que merecia dentro da programação. Por isso, este ano
Para a engenheira Luana Mendes, 29 anos, as aulas despertaram o interesse em praticar mais a dança. “Me
apaixonei pela salsa e agora quero procurar uma escola para aprender mais”, conta ela que fez aula de dança de salão pela primeira vez. No domingo, o Curitibaila promoveu um encontro entre as companhias de dança da cidade. Houve uma apresentação coreográfica de variados gêneros musicais. Em seguida, foi realizado um baile a céu aberto que teve a presença de mais de 100 pessoas.
Gastronomia em alta Quem compareceu ao Mercado Municipal no sábado (16) pode aproveitar a degustação de comida mexicana Kássio Pereira
O
s amantes da culinária também não tiveram do que reclamar neste ano. Feiras gastronômicas e degustações de comidas deram sabor à programação cultural do final de semana. Na manhã de sábado, o chefe de cozinha mexicano Miguel Loera foi o responsável por mostrar um pouco mais da culinária de seu país.
casa, embora seja algo bem distante da nossa realidade”. Nas ruas Monsenhor Celso
e travessa Oliveira Bello foram instaladas barracas para venda de comidas típicas. O cardápio oferecia
desde a famosa macarronada italiana até a pamonha originalmente brasileira.
Representante da embaixada do México no Brasil, Loera montou uma cozinha em pleno Mercado Municipal de Curitiba e preparou alguns pratos típicos de Oaxaca, estado da região sul do México. “Queremos que os brasileiros conheçam um pouco mais da nossa cultura através da culinária”, revela. A variedade de pimentas e os pratos com molho de chocolate impressionaram a turista de Brasília, Célia Regina Boros do Amaral. “Eu gostei e vou tentar fazer em
Chocolate com pimenta foi a aposta do chefe mexicano para conquistar o paladar curitibano
Kássio Pereira
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Política
Intolerância política na web O fato de as pessoas estarem mais agressivas em seus comentários nas redes sociais faz com que crie-se uma aversão ao assunto na internet José Luiz Moreira Junior
O
s dicionários definem termo intolerância como sendo uma negação da liberdade de pensamento e dificuldade na aceitação de opiniões divergentes. Conforme uma pesquisa realizada pela Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos, a intolerância do indivíduo em relação a ideias diferentes varia de acordo com o quão seguro ele se sente diante de tal oposição. Segundo o professor do curso de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Cezar Bueno de Lima, as pessoas estão mais agressivas no sentido de externalizar atos e pensamentos. “As redes sociais favore-
cem a emergência de pessoas interessadas em se tornar celebridades de si mesmas ou em seus espaços de interação virtual”, diz o professor.
à ignorância acerca das diferentes possibilidades de ver, pensar e agir no mundo.
Lima acredita que a intolerância política na internet expressa o desejo do pen-
De acordo com Silvio Lohmann, coordenador da assessoria de imprensa do governo do Paraná, o acesso à internet mudou a forma de
samento único. “As pessoas falam e opinam sobre ideologias políticas, sem saber o significado político-teórico de cada uma”, afirma. Por fim, ele enfatiza que a intolerância está diretamente ligada
como as pessoas interagem entre si. “Na internet, quem consome conteúdo também é um gerador de conteúdo. Há espaço para todo o tipo de opinião e tudo pode ser potencializado. Como em
qualquer tipo de comunicação, o importante é entender a relevância da relação entre o emissor e o receptor”, afirma o coordenador. Para Lohmann, as redes sociais deram oportunidade de interação imediata e intensa.
“As pessoas falam e opinam sobre ideologias políticas, sem saber o siginificado políticoteórico de cada uma”
“Neste ambiente podem acontecer excessos. Mas devemos entender toda manifestação como fruto do processo democrático – desde que não haja ofensa à honra e à dignidade de ninguém”, conclui.
Professores têm novo plano de carreira Proposta aprovada pelos vereadores foi sancionada por Fruet Felipa Pinheiro
A
Câmara Municipal de Curitiba aprovou em outubro o projeto de lei que institui o novo plano de carreira dos profissionais do magistério que, posteriormente, foi sancionada pelo prefeito Gustavo Fruet e deverá ser implantada integralmente até dezembro de 2016. Segundo a vereadora professora Josete, o projeto prevê novo padrão de tabela salarial, que permite ao professor atingir o patamar mais elevado da carreira durante o tempo de serviço regular. “No plano atual é inviável para o professor chegar ao fim da carreira”. Para Josete, o novo plano de
carreira tem como principal objetivo estimular os professores a continuarem na rede pública. Devido à pouca chance de crescimento, os
Viviane Bastos, a principal reivindicação da categoria, a redução do prazo de implantação da nova tabela salarial para este ano, não foi con-
“O projeto prevê um novo padrão de tabela salarial” docentes acabavam encaminhando-se para a rede privada ou até mesmo trocando de profissão. No entanto, de acordo com uma das integrantes da direção do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac),
cedida. Para Viviane, “ainda existem muitas pautas do magistério não atendidas pelo governo. Como a redução de alunos por turma e o cumprimento de hora atividade de 33%, conforme a lei federal”. De acordo com a vereadora, a reestruturação do plano é
uma demanda antiga da classe. “Ainda existem problemas a serem solucionados na educação municipal, como disponibilizar cursos de formação aos professores e a melhoria da estrutura das escolas”. Segundo estimativa disponibilizada pela Câmara de Vereadores, o impacto financeiro desse novo plano é de pouco mais de R$ 4 milhões em 2014, e em 2016 o valor deve chegar a R$ 78,8 milhões. Os valores são adicionais às despesas com os servidores a cada ano, considerando o período base em 2014 e tendo em vista os momentos e etapas de implementação da lei.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Polícia
Jovens infratores e a reincidência Estudo aponta que mais de 40% dos menores infratores voltam a ter problemas com a lei José Helinton
D
e acordo com a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social do Paraná (SEDS), a porcentagem de reincidência de crimes cometidos por menores no ano de 2013 foi de 22%. Ou seja, a cada 100 casos de adolescentes que infringiram a lei e foram tratados pelo Estado através de medidas socioeducativas, 22 acabaram voltando a cometer algum crime ainda na menoridade. Contudo, já em 2012 havia provas de que a reincidência deles era alta. Isso se comprova através da pesquisa realizada pelo delegado da Polícia Civil, Vinícius Augusto de Carvalho, como parte da dissertação de mestrado em psicologia forense concluída pelo profissional em 2012. Nela, o delegado acompanhou o percurso de 1.381 adolescentes que apresentaram conflitos com a lei na região de Curitiba entre 2005 e 2008. Desse número, 120 (8,69%) adolescentes não foram encontrados, 499 (36,13%) não constam com indicativo criminal, 306 (22,16%) possuem indicativo criminal e respondem em liberdade, 265 (19,19%) possuem indicativo criminal e se encontram presos e 191 (13,83%) foram a óbito. Isso significa que, o total de menores infratores que voltaram a ter algum indicativo criminal é de 571, o que corresponde a 41,34% dos jovens. Para Dirceu de Paula Soares, presidente do Sindicato dos Servidores da Socioeducação do Paraná (SINDSEC), os números não deixam de refletir a realidade. Ele diz que
as condições de trabalho dos educadores sociais são péssimas, muitas vezes correndo risco de morrer. “Faltam muitos servidores para que a relação entre número de adolescentes infratores detidos e o números de educadores sociais seja harmoniosa e para que nós possamos exercer nosso trabalho com segurança. Também a qualificação desses servidores é um problema, além de não termos nenhum regulamento interno”, afirma. De acordo com Rosangela Souza Leite, assessora de imprensa da SEDS, existem atualmente cerca de 950
de da definição de políticas públicas intersetoriais, capazes de prevenir ou abreviar ao máximo o acolhimento institucional de crianças e, de acordo com o Art. 19 § 3º, “a manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência”. Sobre a questão da capacitação dos educadores sociais, que são as pessoas que trabalham diretamente na ressocialização dos jovens, a SEDS lançou em outubro um circuito de capacitação para servidores de socioeducação que atendem adolescentes
necessariamente nenhuma diminuição nas taxas de criminalidade. “Seria o mesmo que culpar a própria vítima, uma vez que o jovem infrator acaba sendo uma vítima produzida pela sociedade”, diz. Ela também afirmou que uma solução seria ampliar as oportunidades dos jovens, não só em relação à educação, mas também em esporte e lazer, e criticou as medidas socioeducativas adotadas pelo governo. “Muitas vezes essas medidas possuem um caráter muito mais punitivo do que educativo”. Já Dirceu de Paula Soares diz apoiar a redução da maiorida-
“Muitas vezes essas medidas
possuem um caráter muito mais punitivo do que educativo” adolescentes no Paraná em conflito com a lei e que estão sob o programa de medidas socioeducativas. Ela também afirmou que 80% dos jovens estão em situação de evasão escolar quando cometem os crimes.
A assessora também disse não ter tomado conhecimento da pesquisa do delegado Carvalho e que no Paraná a reincidência diminuiu em mais 10% desde 2009. Dentre uma das causas que ela aponta para essa queda está a adoção de novas leis que amparam o adolescente, como a lei nº 12.010/2009, conhecida como a Lei Nacional da adoção. Ela estabeleceu a obrigatorieda-
em restrição ou privação de liberdade, em Centros de Socioeducação (Censes) e Casas de Semiliberdade do Paraná. O programa tem previsão de acontecer até abril de 2015 e promover 10 capacitações, na capital paranaense, em Cascavel e em Londrina, com o objetivo de atender os 1,5 mil profissionais que atuam nessa área em todo o Paraná.
Maioridade penal
A questão da maioridade penal ainda é controversa. Para a coordenadora do curso de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), doutora Maria Izabel Scheidt Pires, a redução não significaria
de penal. De acordo com ele, menores que cometem crimes, principalmente crimes hediondos, deveriam ter uma transposição da pena e serem julgados através do Código Penal. Ele também afirma que sua posição se deve principalmente ao seu trabalho de educador social nos centros de socioeducação. “Muitas vezes não apenas nós (agentes do Estado), mas também outros jovens que cometeram infrações menores, compartilham o mesmo espaço com outros adolescentes que cometeram crimes graves. Para mim, eles não deveriam estar em um centro de socioeducação, e sim na cadeia”, afirma.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Polícia
A arte de fazer um retrato-falado Olhos, nariz, boca, queixo, sobrancelhas, cabelo, tom de pele, brincos, manchas, tatuagens, barba, roupas. Tudo pode ajudar na construção da imagem Gilmar Montargil
O
trabalho do especialista prosopográfico forense, conhecido como retrato-falado, tenta construir uma imagem aproximada dos criminosos a partir do depoimento da vítima e de testemunhas, ou de imagens e gravações de câmeras de segurança nas quais o suspeito não é identificado com nitidez. Tudo começa com o relato da vítima, e a partir deste momento o policial colhe informações como a que distância ocorreu o fato; se a vítima viu o rosto; se era dia ou era noite. Depois, e mais importante, é utilizado um método no qual tenta se identificar o chamado T facial ou triângulo do rosto, composto por olhos, nariz e boca, que constituem 70% do retrato, pois são os aspectos que mais chamarão a atenção para o reconhecimento. Cabe-
lo, tom de pele, sobrancelhas, manchas, tatuagens, roupas, barba, orelhas, são informações complementares, mas não menos importantes, tudo pode ajudar na construção do desenho. O esboço é feito em um papel vegetal a lápis, quase um trabalho artístico, a partir das escolhas da vítima que visualiza uma coleção de imagens apontando as que mais se assemelham ao autor do crime. O perito, ao finalizar, mostra o resultado para a vítima aprovar e depois digitaliza para a veiculação. O delegado Rodrigo Souza, da Delegacia de Furtos e Roubos, explica que tem como confrontar esse retrato-falado com um banco de dados da polícia, em que todas as fotos semelhantes são selecionadas.
A Polícia do Paraná utiliza-se de um método manual, diferente dos softwares modernos das séries de televisão, isso se deve ao fato de que as porcentagens de acertos dos retratos manuais são maiores que os retratos digitais, explica Jorge Luiz Werzbitzki, especialista em exames prosopográficos do Departamento de Polícia
Científica do Estado do Paraná (Instituto de Criminalística - IC). “Eu faço um retrato em 15 minutos, a vítima cansa menos, com o software isso pode chegar a quatro horas, além de que os retratos realizados digitalmente fogem do real, os que eu faço atingem de 70% a 80% de acertos, podendo chegar a 90%”.
Gilmar Montargil
A porcentagem de acertos em retratos manuais é maior que nos digitais
Perigo pode estar perto Muitas vezes, a violência contra idosos parte de pessoas próximas da vítima Maria Victória Lima
E
m 2013 foram feitas aproximadamente 200 mil denúncias para o Disque 100, sendo que 8% diz respeito à violência contra idosos no Paraná. O índice estadual de denúncias subiu 75% no último ano, em relação a 2012. Segundo o delegado Claudimar Lúcio Lugli, na maior parte dos casos as agressões estão relacionadas a familiares e pessoas próximas à vítima. Os ataques não são necessariamente físicos podendo ser psicológicos e morais, além da negligência e abuso financeiro. De acordo com o delegado Lugli, não importa o tipo de agressão, sempre o melhor caminho é denunciar. Ele ainda lembra que “não há com o que se preocupar, já
que as denúncias podem ser feitas anonimamente”. De acordo com Cesar Bueno, professor de Ciências Sociais e responsável pelas relações externas do núcleo de Direitos Humanos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), as consequências para as vítimas são “medo da sociedade e falta de confiança em relação aos grupos sociais de referência”. E por mais que sejam acompanhados por psicólogos, após a confirmação das agressões, muitas vezes os traumas não são revertidos. A violência pode vir de pessoas próximas resultando na exclusão e isolamento do idoso. Assim, além de ficar mais difícil ocorrer uma denúncia
por parte da vítima, passando a depender de pessoas de fora ou denúncias anônimas, estas ficam cada vez mais indefesas e correm muito mais perigo. O último caso que se tem notícia é o da idosa de 78 anos que apanhou de vassoura da
Cerca de 17 mil idosos morrem por ano vítimas de violência e acidentes, sendo 69% mulheres. E no intuito de mudar esses números, em 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa
“Não há com o que se preocupar, já que as denúncias podem ser feitas anonimamente” sobrinha, em Paranaguá. O vídeo que mostra a agressão foi divulgado no dia 07 de outubro, mas a violência ocorreu três dias antes.
instituíram no dia 15 de junho o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Esportes
Aprender e Jogar Projeto proporciona a prática de atividades sociais envolvendo jovens e crianças Marcus Campos
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naugurado em 2013, o Aprender e Jogar é um projeto que faz parte do Programa de Comprometimento e Gratuidade (PCG) do Sesc Paraná. No dia 15 de outubro de 2014 ocorreu a abertura oficial de suas atividades, em Curitiba, com o apoio da Prefeitura e o sistema Fecomércio Sesc e Senac Paraná. O intuito é beneficiar jovens, crianças e adolescentes, de cinco a 17 anos com atividades propostas para as diferentes faixas etárias. A Praça Santa Rita, no Tatuquara, é um dos 12 espaços públicos na cidade disponibilizados para o programa, e foi o local esco-
lhido para cerimônia de abertura que contou com a presença do prefeito Gustavo Fruet e do presidente do sistema Fecormércio Paraná, Darci Piana. A praça conta com aulas programadas duas vezes por semana às quartas e sextas-feiras, sob a responsabilidade da professora Karine dos Santos. O Aprender e Jogar tem a expectativa de chegar a atender 1,2 mil crianças na cidade, segundo a assessora de imprensa da Fecomércio Isabela Buzo Mattiolli. “Em Curitiba, desde setembro o projeto leva atividades de iniciação esportiva a crianças de 10 a 17 anos e podem participar do projeto filhos
Um gol pela vida
Praticar atividades esportivas pode ser um grande auxílio na integração de pessoas com necessidades especiais na sociedade Maxinie Cretella
A
pesar das dificuldades como a falta de acessibilidade e de infraestrutura, muitas instituições beneficentes têm possibilitado a prática de esportes entre pessoas com deficiência, seja por meio de projetos ligados ao poder público ou promovidos por organizações não governamentais e entidades privadas. Além da melhoria na qualidade de vida e de saúde, trabalhando o equilíbrio e a postura, o esporte pode auxiliar na interação social de pessoas com alguma deficiência física ou intelectual. Segundo a educadora física e fisioterapeuta Gisele Youssef, a inclusão é o principal objetivo das atividades. “A inclusão vai gerar muitos benefícios, como a socialização, a aceitação e a sensação de independência e autonomia”, reconhece.
Gisele também dá aulas de ginástica na regional Boqueirão do Centro de Esportes e Lazer,
ligado à Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Juventude (SMELJ), de Curitiba. A professora explica que as nove regionais oferecem atividades diferentes nas quais pessoas com deficiência podem fazer parte, já que existem aparelhos especializados. Ela acredita que as turmas mistas são mais inclusivas do que turmas especiais. “Inclusão é você trazer a pessoa com deficiência para fazer a mesma atividade que a pessoa que não tem deficiência faz”, finaliza. Já a Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB) desenvolve programas de lazer, esporte, capacitação e qualificação profissional. As modalidades esportivas hoje ofertadas pela instituição são o futebol, o golfe e a natação, além de aulas de dança. As turmas são exclusivas para deficientes. O professor Ancelmo Franco,
e dependentes de comerciários e estudantes de escolas públicas da educação básica com renda familiar de até três salários mínimos”, afirma Isabela. Os locais disponíveis em Curitiba são: Praça Alfredo Hauer, no Hauer; Parque Iguaçu III, no Ganchinho; na Vila São Pedro, no Xaxim; na Quadra do Parolin; na Rua Santa Lúcia; na Vila Autódromo, no Cajuru; na Vila Esperança, no Atuba; no campo do Jardim Gabineto, na CIC; no Jardim Paranaense, no Alto Boqueirão; Na Praça Marupiara, no Umbará; na Quadra Ceasa, no Tatuquara; e na Praça Santa Rita – local onde foi realizada a aula inaugural.
que trabalha há três anos na APABB e há oito anos com pessoas especiais, afirma que é necessário que as aulas sejam individualizadas para dar a devida atenção ao aluno. Homero Iorio, 22 anos, atualmente participa das aulas de golfe e de futebol na APABB, mas também já jogou tênis de mesa. Ele conta que pratica esportes desde pequeno, e revela, “é o que eu mais gosto de fazer”. Iorio já competiu
Cleonilde Lemes Baptista tem um filho de 11 anos, Patrick Baptista, eles moram na Vila Autódromo, próximo à Rua Santa Lúcia, onde as aulas acontecem às quintas-feiras. Cleonilde ficou sabendo desse projeto pelos vizinhos no dia 20 de outubro e resolveu ir até o local para obter mais informações. “Para nossos filhos é muito importante que exista um lugar que ofereça atividades complementares, inclusive evita que eles fiquem sem ter o que fazer na rua depois da aula e o esporte é essencial para a saúde das crianças”, diz a mãe.
em Londrina, São Paulo e no Espírito Santo.
Esporte paralímpico O atleta paralímpico e atual coordenador de paradesportes da SMELJ, Moisés Batista, explica que há 18 modalidades paralímpicas sendo desenvolvidas em Curitiba, apontando como principais o atletismo, a bocha paralímpica, o tênis de mesa e o basquete de cadeira de rodas. Maxinie Cretella
Aulas de futebol acontecem às quartas e sextas-feiras na APABB
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Cultura
Beleza por trás dos túmulos A história e cultura de Curitiba que se escondem nos túmulos do Cemitério Municipal São Francisco de Paula, o primeiro da capital Cecília Tümler
O
Dia de Finados é um momento em que muitas pessoas se preparam para visitar seus parentes e amigos falecidos em cemitérios. O que muitos não sabem é que tem se tornado cada vez mais comum, nesses locais, visitas de pessoas que querem conhecer mais da história de sua cidade, ou simplesmente entender aspectos culturais e religiosos de outras épocas.
cemitérios como patrimônios artísticos e históricos. “Os cemitérios são micro cidades, guardam aspectos de nossa história, ciclos econômicos, personalidades, influências arquitetônicas, modismos na arte e no uso de diferentes materiais. Enfim, é um campo privilegiado de pesquisas e nos ajuda a ter um olhar mais próximo de nosso passado e presente”, conta Clarissa.
A presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Clarissa Grassi, publicou neste ano o livro “Guia de Visitação ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula - arte e memória no espaço urbano”, que traz um recorte de 99 personalidades que estão enterradas no Cemitério Municipal de Curitiba. O local abriga muitos túmulos com esculturas e obras arquitetônicas, o que o torna um museu a céu aberto. Em seu primeiro livro, “Um olhar... A arte no silêncio”, Clarissa decidiu fazer um trabalho que abordasse a arquitetura cemiterial de forma descontextualizada dos túmulos. Desta vez, a intenção foi resgatar parte da história das personalidades ali sepultadas. Tudo isso para mostrar que existe sim beleza nos cemitérios, e que apreciá-la é só uma questão de despir o olhar de preconceito, muito comum quando se fala no tema.
O cuidado com esse patrimônio municipal que é o Cemitério São Francisco de Paula é intenso, tanto por parte do município, quanto pelas famílias dos enterrados. De acordo com Patrícia Rocha Carneiro, diretora do departamento de serviços especiais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), a manutenção do local é realizada por equipe própria do cemitério e também por empresas terceirizadas contratadas pelas famílias para roçada, varrição e limpeza. A coveira Maria Rita Rodrigues trabalha limpando túmulos no Cemitério Municipal de Curitiba há quase 50 anos, e afirma conhecer o local “de cabo a rabo”, além de afirmar que tem bastante serviço. “Sempre vejo muitos casos de famílias mais poderosas que possuem túmulos enormes aqui no cemitério, e eles prezam muito pelo cuidado das construções”, explica Maria Rita.
A partir do interesse do público, a pesquisadora deu início a passeios guiados pelo Cemitério Municipal de Curitiba, passeios estes que possuem turmas sempre lotadas. Na opinião de Clarissa, isso revela a disposição da população para entender melhor os
Segundo a Prefeitura de Curitiba, o Cemitério Municipal da cidade abriga mais de 80 mil mortos, que em 160 anos ajudaram a construir a história da capital paranaense.
Lendas Urbanas No Cemitério Municipal de
Os chamados milagreiros
Curitiba, uma das principais
são um fenômeno comum
lendas contadas é a de Maria
atribuído aos cemitérios.
Bueno. Muitos apontam Ma-
São pessoas que, seja pelo
ria Bueno como a principal
exemplo de vida ou pela
personalidade sepultada, por
morte trágica, são escolhidas
ser considerada uma mila-
pela população para serem
greira. É fato que seu túmulo
seus intercessores em pedi-
é o mais visitado no cemitério
dos. “Independentemente
e recebe em média 100 visi-
da história de Maria Bueno,
tantes por dia, de acordo com
que é repleta de informações
Clarissa. Maria da Conceição
desencontradas e que só
Bueno foi degolada pelo sol-
começou a ser pesquisada
dado Diniz, em 1893, na noite
30 anos após sua morte,
de 29 de janeiro. O crime
para muitos curitibanos ela
chocou a cidade e rapida-
é uma milagreira. A quan-
mente o local de seu assas-
tidade de pedidos em seu
sinato passou a ser visitado.
túmulo é a prova disso”, diz
Não demorou muito para que
a pesquisadora.
milagres fossem atribuídos a ela e seu túmulo se tornasse local de culto. Cecília Tümler
Cemitério Municipal São Francisco de Paula
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
O som dos Brasileirinhos Presente há 21 anos no Conservatório de MPB, o coral infantil de música popular brasileira se prepara para uma série de três apresentações no MON Isabella Eger
A
os poucos as 27 crianças que compõem o Coral Brasileirinho vão chegando à sala de ensaios, e logo começam a correr e brincar, fazendo jus à idade que têm. Outras preferem se arriscar e tocam algumas músicas no teclado, sem medo algum de errar. Logo chega o maestro Milton Karam, 53 anos, que desde a criação do coral, há 21 anos, é o diretor responsável. Ele ameniza a euforia e a animação ao seu redor, que passa a ser substituída pelas doces vozes que entoam Dorival Caymmi, o cantor escolhido para ser homenageado durante as apresentações do coral que acontecerão nos dias 28, 29 e 30 de novembro no auditório do Museu Oscar Niemeyer (MON). Uma dessas vozes é de José Eduardo Worms, 14 anos, que começa a se preparar para deixar o Brasileirinho para trás. “Sentirei muita falta dos grandes amigos que fiz no co-
ral, dos shows, das brincadeiras e especialmente do Milton e da [Helena] Bel”. Porém, seu irmão, Joaquim Francisco Worms, 11 anos, continuará integrando o projeto, e se demonstra animado com seu futuro em relação à música. “Temos um mundo musical inteiro pela frente”. A mãe dos garotos, Luciana Worms, vê no coral um ambiente que vai muito além da música. “No Brasileirinho eles convivem com crianças de todas as classes sociais”. Essa interação se dá pelo fato do coral ser gratuito, possibilitando o acesso de qualquer criança que tenha entre oito e 14 anos. Para ingressar no grupo é realizado um teste, no qual a afinação vocal e a espontaneidade são as principais características buscadas pelo maestro e por sua parceira Helena, que há oito anos faz parte da direção dos Brasileirinhos, acarretando a eles uma maior técnica vocal.
Por se tratar de um coral cênico, cada conjunto de apresentações possui um tema diferente, e é em cima desse tema que são selecionadas as 14 músicas que serão executadas. Desde 1993, ano de formação do coral, já foram realizadas quase 200 apresentações, algumas ao lado de importantes nomes da Música Popular Brasileira (MPB) como Toquinho, que convidou também os integrantes da época para gravarem a faixa
Cultura
É bom ser criança, que foi inclusa em seu CD. A comunicação costuma sempre ser mantida não só com os diretores, mas também entre aqueles que deixam o grupo. Jade de Alice, 16 anos, que recentemente saiu do coral ressalta que, “além da parte cênico musical que foi enriquecida, aprendi muito sobre colaboração, trabalho em equipe, e ganhei uma ótima bagagem musical”, atesta. Isabella Eger
Coral é responsável por aproximar as crianças da cultura popular brasileira
Cine Guarani completa 26 anos Local é um dos poucos que ainda busca manter viva a história do cinema de rua Isabella Eger
L
ocalizado no Portão Cultural, o Cine Guarani tem entre seus objetivos aproximar a população da cultura. Porém, poucos têm conhecimento sobre este espaço. A falta de publicidade é o fator que faz com que seu público tenha diminuído nos últimos anos, prejudicando sua principal função: fazer com que as pessoas tenham acesso amplo às mais diferentes culturas. Durante os primeiros 17 anos de funcionamento, a procura
pelos filmes era tanta que foi necessário abrir uma segunda sessão, mas não é isso que se vê hoje. Com a ascensão dos
logo na entrada do Portão Cultural. A responsável pelo cinema, Helena da Silveira, enfatiza que não há nenhuma
cinemas de shopping, os de rua se deparam com poltronas cada vez mais vazias. A falta de divulgação está presente
informação sobre a existência de um cinema dentro da área. Para Helena, um cartaz no terminal de ônibus já atrairia
“Quando eles veem o tamanho da tela, ficam impressionados”
mais público, pois se trata de um ambiente com grande circulação de pessoas. Entre o público presente, a grande maioria é de crianças, segundo o projetista de 51 anos, Valdenicio Pereira. “Quando eles veem o tamanho da tela, ficam impressionados”. Há ainda um incentivo a mais para a presença delas, pois de terça a domingo, a sessão das 16h exibe filmes infantis gratuitamente.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Cultura
Artistas de Rua A Rua XV de Novembro, além da sua história, carrega diversos indivíduos que tornam a arte acessível a todos Cecília Tümler
É
comum ver artistas nas ruas de Curitiba trabalhando das mais diversas maneiras. Estes indivíduos fazem parte da cidade e de seu aspecto cultural como um todo, mas não é comum conhecer suas histórias. Questionamentos sobre sua origem e a razão por estarem naquele local realizando aquele trabalho específico são recorrentes entre a população. Pela visão do artista Vicente Bernabeu, que faz caricaturas e desenhos de rostos de pessoas, o artista de rua se diferencia por levar a arte para todos. “A arte deve ser acessível para todos, e o artista de rua cumpre muito bem a função de levá-la a todos os lugares”, opina. Bernabeu trabalha nas ruas há três anos, e antes disso já foi contratado de um jornal em Santa Catarina como ilustrador, experiência, segundo ele, frustrante. De acordo com o desenhista, ser
funcionário dessa maneira limita a capacidade criativa. Com relação à remuneração, Bernabeu diz receber o suficiente para se sustentar, e afirma inclusive ter suas economias, já que se chover por muitos dias seguidos, seu trabalho fica comprometido. “A parte ruim é o dia em que
eu não vendo nada”, explica. O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Paraná (Sated-PR), órgão responsável pela regulamentação dos profissionais da arte, tem classificações próprias para os diversos tipos de artistas, mas artista
de rua não é uma categoria. “A maioria dos artistas de rua não se profissionalizam, porque a partir disso o artista fica sujeito a pagar impostos, e a maioria deles foge disso”, explica Magno Mikoz, primeiro secreário do Sated-PR. Cecília Tümler
Desenhista de rua, Vicente Bernabeu
Curitibano também ri A cidade tornou-se o berço de grandes comediantes do stand up comedy Ingrid Teles
C
ontrariando o mito popular de que os curitibanos são extremamente sérios, a cidade de Curitiba é berço do primeiro bar de stand up comedy do Brasil, o Curitiba Comedy Club, e também conta com uma nova geração de comediantes. Sucessos da nova comédia como o grupo Tesão Piá chamam a atenção de públicos de diversas regiões do Brasil. Cadu Scheffer, formador e integrante do Tesão Piá, conta como iniciou a sua carreira
dentro do stand up comedy. “Apesar de sempre ter gostado de filmar com os amigos, descobri que queria seguir nessa carreira depois de ter me formado. A partir desse momento, minha vida começou a ter sentido”, relata. O grupo foi inspirado pelos vídeos realizados por comediantes gaúchos intitulados Coisas que Porto Alegre Fala. “Como já fazia stand up sobre Curitiba, sabia que os vídeos também seriam aceitos”, declara o humorista. O Curitiba Comedy Club reú-
ne shows de diferentes artistas e mistura o bar com a dinâmica do show de comédia. Segundo Giuliano Madalosso, sócio-proprietário do local,
lhantes em diversos estados. “Como estamos localizados fora dos principais bairros de bares e baladas, o nosso público é bem específico, eles vêm
é o unico bar de comédia em Curitiba e o primeiro do Brasil, inspirando ideias seme-
até o bar principalmente pelo show”, diz o proprietário.
“O nosso público é bem específico, eles vêm até o bar principalmente pelo show”
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
A vida de um imigrante em Angola Nascido no Paraná, homem larga emprego fixo em uma empresa multinacional para trabalhar no país africano Caroline Ribeiro
E
verson Xavier, 38 anos, trabalhava em uma das maiores instituições financeiras do país quando recebeu uma proposta, no mínimo, inusitada: se mudar para Angola e trabalhar na área de logística em uma empresa de construção civil. Uma escolha difícil para ele, o salário e o propósito da empresa eram tentadores, mas deixar a esposa e os filhos para se aventurar em algo incerto dava medo, mesmo assim Everson resolveu apostar e aceitou. Angola é um país da costa ocidental da África, rico em reservas minerais e petróleo. Há alguns anos saiu de uma guerra civil que se estendeu por longos 27 anos, começando em 1975 e terminando em 2002, fato que devastou a infraestrutura e afetou a administração pública e econômica do lugar. Em 2006, o brasileiro começava uma jornada que mudaria sua visão do mundo. Ao chegar em Angola, se deparou com a bagunça e a desordem de um lugar que saíra da guerra apenas quatro anos antes. Enquanto olhava à sua volta no caminho que levava até o local onde iria morar, Everson entrou em choque. Ele havia acabado de chegar a um país onde o caos prevalecia, casas e estradas estavam destruídas pela guerra, sem leis de trânsito, asfalto ou calçadas, não tinha saneamento básico, pessoas vendendo coisas pela rua, homens e mulheres fazendo necessidades em lugares abertos em plena luz do dia e crianças passando fome.
As casas não tinham caixa d’água e era impossível tomar água diretamente da torneira. Para toma-la ou usá-la para cozinhar era necessário comprar em supermercados ou em caminhões pipa, que vinham abastecer o local onde os brasileiros moravam. A comida por lá era algo completamente diferente. Por mais que fossem brasileiros cozinhando, as opções eram poucas.
era uma coisa que eu nunca havia sofrido então foi um choque quando as pessoas me paravam na rua por ser branco, ficavam nos atacando verbalmente. A empresa nos aconselhava a sempre andar acompanhados por pessoas da região para evitar que algo acontecesse. As dificuldades para se adaptar à empresa também eram grandes. Os angolanos sabiam montar uma metralhadora em menos de cinco minutos, mas
Literário
Everson ficou apenas dois anos em Angola, pois a saudade de de casa prevaleceu, mas ele levou grandes lições do país onde morou. - É difícil pensar que um lugar tão precário pudesse ensinar tanto para uma pessoa, mas foi o que aconteceu comigo. Eu voltei de lá renovado, com uma nova visão do mundo, uma visão que fez com eu me preocupasse mais com os outros e com suas necessidades.
“É difícil pensar que um lugar tão precário pudesse ensinar tanto para uma pessoa” As doenças também eram algo que preocupava Everson. Os tratamentos médicos eram precários, sem muitas condições clínicas ou de medicamentos, fazendo com que o risco de voltar para casa doente ou, na pior das hipóteses, morto, o deixasse com medo. HIV, malária, febre tifóide, febre amarela e hepatite são as doenças mais comuns por lá e fizeram com que o brasileiro perdesse amigos, que também estavam lá a trabalho, para essas doenças. O preconceito foi outro fator apontado como preocupante pelo encarregado de logística ao chegar ao país africano. - As pessoas me olhavam com indiferença, algumas com desprezo. Chegaram a me falar que eu estava lá apenas para roubar as riquezas do país deles. Preconceito
não sabiam como ligar um computador ou montar uma planilha no Excel. Os moradores locais precisaram primeiro se adaptar às novas práticas da empresa para que, então, o serviço pesado começasse a ser realizado. - Nunca pensei que tivesse que ensinar alguém a usar um computador. No começo foi complicado porque era algo que eles não estavam acostumados e demoravam para aprender, mas com o tempo tudo foi se adequando e a empresa começou a ganhar ritmo. O trabalho logo começou a crescer e a empresa foi pegando cada vez mais obras para fazer. Casas, prédios e estradas precisavam ser reconstruídos para que o estado finalmente pudesse voltar ao normal.
Ao ver tantas pessoas sofrendo com a fome ele percebeu que nos damos ao luxo de esbanjar comida enquanto têm pessoas ao nosso lado passando fome. Por perder amigos para doenças, Everson percebeu que o mais importante não era o dinheiro, mas sim a família e quanto são valiosos. Ao sofrer preconceito por ser branco em um país de maioria negra viu que não devemos julgar alguém apenas pela cor de sua pele. Sua passagem pela Angola lhe rendeu grandes histórias e um enorme conhecimento, porém, o mais importante de tudo foi que deu a ele um sentido para a vida e algo pelo qual vale a pena viver.
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Curitiba, 27 de Novembro de 2014
Ensaio
Um lugar acolhedor No Mercado Municipal de Curitiba se aspira todos os cheiros da cidade, desde o perfume das especiarias, do café, da erva-mate, do peixe, das flores e dos cosméticos. Além do mais, encontram-se bancas com produtos de diversos lugares do mundo, além de mercearia, restaurantes, açougue, armarinho, cabeleireiro, lojas de artesanato e muito mais. Torna-se um espaço de encontro de várias culturas e das várias camadas sociais
Frutas de vários estados do Brasil podem ser conhecidas
Ariele Hosseini e Viviani Moura
As bancas de artesanato oferecem várias opções para presente
Mercado Municipal disponibiliza grande variedade de cereais
Loja traz diversas especiarias, desde pepino em conserva até a pimenta “Morte Súbita”