PUCPR faz bonito no Sangue Novo
Alunos de Jornalismo faturam 14 prêmios em evento do Sindijor. Página 03
inflação volta a assustar
População brasileira sente o aumento dos preços. Página 05
Festival de Teatro de Curitiba
Por 11 dias, a cidade foi a capital nacional da cultura. Páginas 14 e 15
Curitiba, 14 de Abril de 2015 - Ano 18 - Número 258 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Palmas para Curitiba
Em clima tipicamente curitibano, a Cidade Sorriso comemorou 322 anos.
Páginas 08 e 09
02
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Expediente
Cidades
Obras atrasadas Pela terceira vez em quatro anos, a Rua da Cidadania do Cajuru tem uma nova data de entrega. Maio é o prazo para a Prefeitura finalizar o projeto de R$ 11 milhões Adriana Barquilha 3º período
A
Rua da Cidadania do Cajuru, mais novo prédio público sendo construído em Curitiba, está com a entrega atrasada. A obra, que tinha previsão inicial de término até o fim de 2013, já foi adiada para julho de 2014, e até agora os moradores dos bairros Cajuru, Uberaba, Guabirotuba, Capão da Imbuia e Jardim das Américas estão esperando pelo complexo administrativo e de serviços da região que, segundo a Prefeitura de Curitiba, será entregue no próximo mês. O espaço foi projetado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) e foi aprovado em 2011, ainda na gestão do ex-prefeito Luciano Ducci, com o início das obras no fim do mesmo ano. No início de 2014 o atual prefeito, Gustavo Fruet, admitiu o atraso e adiou a data de entrega. A obra custou pouco mais de R$ 11 milhões aos cofres públicos da cidade e coordenará as secretarias e administração de toda a Regional Cajuru, além de oferecer serviços como: Copel, Sanepar, URBS, Conselho Tutelar, Fundação de Ação Social (FAS), Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e Agência do Trabalhador. A obra ainda prevê um ginásio, bancos, estacionamento, entre outros serviços.
Nova linguagem Um funcionário da empresa responsável pelas obras, Sial Construções Civis Ltda., conta que a construção está parada há quase um ano. “A Prefeitu-
Edição 258 - 2015 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br ra deixou de pagar a empresa e tudo parou. Éramos em 80 funcionários, hoje estamos em três”, reclama o trabalhador que não quis se identificar. A Administração Regional do Cajuru afirmou que o ritmo de trabalho deveria estar normalizado. “A Prefeitura está revendo o cronograma de pagamentos à empresa. Se não tem ninguém trabalhando, eu não sei o motivo”, conta Mauro José Gabardo, chefe de gabinete da Regional, que mostra desconhecer a atual paralisação. Outro problema no atraso das obras são os pichadores e vândalos que tomam conta do local. “A obra está parada e está tudo tomado por moradores de rua e usuários de droga”, afirma a aposentada Sandra Cordeiro, que mora em frente ao local e reclama que não pode sair de casa após às 18h. Para os moradores, o local, além de ser importante na administração do bairro, ainda traz o centro da cidade para mais perto de suas casas, já que não precisarão se deslocar tanto para realizar serviços básicos. “Precisamos de uma Rua da Cidadania aqui faz tempo. Seria tudo mais fácil, pagar contas, comprar alguma coisa”, explica a vendedora Lucia Almeida. A reportagem do Comunicare procurou Luiz Carlos Rodrigues, diretor de Edificações, da Secretaria Municipal de Obras Públicas de Curitiba (SMOP), responsável pela implantação de obras de engenharia para falar sobre a denúncia da paralisação, mas até o fechamento da edição não obteve resposta.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos FOTO DA CAPA Virgínia Thais Freitas 2º Período
COORDENADOR DE REDAÇÃO/ JORNALISTA RESPONSÁVEL Miguel Manasses (DRT-PR 5855)
EDITORES
PAUTEIROS
Gabriela Jahn
Gabrielle Campos Comandulli
3º Período
3º Período
Joana Sabbag 3º Período
Kássio Pereira 3º Período
Luiza Romani Fogaça de Souza 3º Período
Paola Martinelli Magni 3º Período
Isabella de Oliveira Eger 3º Período
Jehnifer Kammer Nogueira 3º Período
Lucas Aron Nogas 3º Período
Monalisa Rahal 3º Período
Sarah Elise Cantú Oliveira Santos 3º Período
03
Curitiba, 14 de Abril de 2015
PUCPR é a campeã do 19º Sangue Novo A universidade teve o maior número de trabalhos finalistas, conquistando 14 prêmios Camila Borba e Thaís Cunha 3º período
O
Prêmio Sangue Novo, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), é designado a estudantes de jornalismo de instituições de ensino de todo o Estado. O prêmio tem por objetivo valorizar o que é produzido dentro do meio acadêmico e incentivar os alunos a buscarem inovações para a futura área de atuação. O evento, realizado anualmente desde 1995, em sua 19ª edição recebeu em torno de 340 inscrições, em suas 22 categorias, contemplando 69 trabalhos e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) obteve grande destaque. Foram 14 prêmios conquistados pela PUCPR, sendo três primeiros lugares, três segundos e oito terceiros. O professor Paulo Camargo acredita que uma vitória numa competição como essa é muito significativa, por ser algo que vai marcar a carreira de quem está entrando no mercado de trabalho. A revista laboratorial CDM, produzida pelo curso de jornalismo da PUCPR, teve
premiada sua edição sobre a região metropolitana de Curitiba, que foi voltada à dar visibilidade a temas, pessoas e histórias que não são representadas na grande mídia. “Estamos especialmente felizes porque ganhamos na categoria revista digital e também na de fotojornalismo”, comemora Camargo, também idealizador do projeto. Melvin Quaresma e Isabella Lanave, amigos, ambos campeões na categoria, combinaram que independente de quem ganhasse, os dois seriam vencedores, como lembra Isabella. Para Pedro Luiz de Almeida, integrante do programa Interrogatório, vencedor na categoria programa de TV, o prêmio incentiva o estudante a fugir da rotina e da superficialidade. “Temos que ser inovadores, dar o nosso sangue enquanto estudantes”, reitera. O estudante Rodrigo Sigmura começou a idealizar o programa Minuto Certo, também vencedor, ainda no primeiro período da faculdade. “Vou colher os frutos de fato quando eu estiver no mercado de trabalho”, afirma. A professora orientadora dos proCamila Borba
Time de estudantes premiados no 19º Sangue Novo
gramas, Suyanne Tolentino, afirma que o aluno tem que estar inserido na universidade, trazer ideias para serem executadas. “É uma questão de coragem, de ousadia e, sobretudo, acreditar naquilo que está fazendo e pensar que é sempre um trabalho em equipe”, completa. O presidente do Sindijor, Guilherme Carvalho, corrobora com a opinião da professora Suyanne e diz que o aluno precisa pensar e viver o jornalismo. “São os espaços de pesquisa, ensino e extensão que vão fazer o aluno realmente refletir sobre o seu exercício profissional”, ressalta Carvalho. O evento também contemplou trabalhos de conclusão de curso, como o livro reportagem Gemada na Estrada, que foi feito por um grupo de estudantes que caiu na estrada, a bordo de um fusca amarelo, para observar a interação entres os munícipes e os meios de comunicação locais.
Liderança Destaque entre as universidades premiadas, a PUCPR foi a instituição que mais teve trabalhos selecionados como finalistas. “A gente teve muitos trabalhos inscritos, trabalhos de ótima qualidade”, comenta Camargo. O jornal Comunicare foi um dos vencedores na categoria jornal laboratório impresso. Para o coordenador do curso de Jornalismo da PUCPR, Julius Nunes, é extremamente gratificante ver alunos e professores tão integrados, engajados em um mesmo objetivo. “Fico honrado em estar à frente da coordenação e ver tudo isso acontecendo”, completa Nunes.
Cidades
Vencedores Fotojornalismo 1º Lugar – Vida no Picadeiro, de Melvin Quaresma 3º Lugar – O Perfil que Habito, de Isabella Lanave Jornal Laboratório Impresso 3º Lugar – Comunicare Jornal Revista Laboratório Online 1º Lugar – CDM Monografia 2º Lugar – Jornalismo Cultural em Curitiba: A Percepção do Artista de Teatro, de Francisco Mallmann 3º Lugar – A Infografia como Linguagem Jornalística, de Helena Salgado Programa de TV 1º Lugar – Interrogatório 3º Lugar – Minuto Certo Radiodocumentário 3º Lugar – Ecos do Brasil: Brasileiros na Guerra – Guilherme Liça Radiojornal Laboratório 2º Lugar – Radiojornal Comunicare – Vithor Marques Reportagem para Televisão 2º Lugar – Arte nas Ruas – Guilherme Liça Telejornal Laboratório 3º Lugar – Telejornal Comunicare Livro Reportagem 3º Lugar - Gemada na Estrada Projeto Jornalístico para Assessoria de Imprensa 3º Lugar – Divulgação do Restaurante Comidália na Mídia Paranaense pela Gourmert Assessoria – Mayara Breda Duarte
04
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Economia
Dólar em alta Desconfiança e dificuldades se agravam com os problemas internos do País, em conjunto com o aumento da moeda estadunidense
D
Nicole Leite
O economista Davi Neves
3º período
esde março de 2015, a cotação do dólar vem aumentando progressivamente, chegando ao pico de R$ 3,29 e sendo negociado nas casas de câmbio próximo a R$ 4,00, interferindo na economia em vários setores. explica que o motivo está relacionado à grande procura da moeda norte-americana. “A cotação estava sendo controlada há muitos anos porque a entrada dessa moeda no Brasil era alta, devido aos investimentos estrangeiros, fortalecimento do turismo brasileiro e exportações”. Em termos mais simples: quanto mais as pessoas procuram o dólar, mais caro ele fica, por existir uma tentativa de controlar a compra devido ao limite da impressão de cédulas em circulação internacional. Nos últimos meses houve recuperação da economia norte-americana e parte dos investidores que apostavam no Brasil passaram também a investir nos EUA, o que fez com que a moeda estrangeira ficasse mais escassa e aumentasse seu valor. “Os Estados Unidos estão reagindo à crise e crescendo, o que faz com que atraiam o fluxo da moeda para o país deles, por isso o dólar está aumentando tanto”, conta Carlos Magno Andrioli Bittencourt, coordenador do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
O dólar e o Brasil O valor do real é afetado pela oferta de dólar no Brasil, de forma mais objetiva, quando a cotação do dólar está R$ 2,00, quer dizer que para cada U$ 1,00 em circulação no país, há R$ 2,00 em circulação. Ou seja, com o dólar a R$ 3,28,
significa que para cada U$ 1,00 em circulação, há R$ 3,28, existindo uma menor circulação de dólares no momento.
Variações do dólar no mês de março
A situação econômica interna ajuda na valorização da moeda norte-americana em relação à brasileira. Bittencourt acredita que será um ano de recessão. “O governo diminuirá gastos para tentar uma economia de 1,2% do PIB, ou R$ 66 bilhões, aumentando também os impostos”, diz o coordenador.
2,83
A perspectiva a curto prazo é que a situação não mude, porque o governo tentará manter seu nível de inflação controlado e tomará medidas paliativas, como a redução do déficit externo. O empresário Rodrigo Woitowicz acrescenta que, no balanço geral, o dólar precisava de um ajuste. “Qualquer variação grande em curto prazo é prejudicial, pois foge das previsões que estamos acostumados a trabalhar”, explica. A médio e longo prazo existe uma boa perspectiva de melhora, com o aumento da taxa de juros do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) há uma tendência no retorno dos investimentos estrangeiros no país, fazendo a oferta da moeda norte-americana voltar a patamares normais. Sendo assim, o brasileiro poderá sentir no bolso na hora de fazer compras, pois grande parte dos produtos comercializados são importados. “É um momento de administração de gastos para a grande maioria das famílias, afetando todo o sistema econômico, pois como a importação é feita em dólar o preço desses produtos tende a subir. É o que chamamos de inflação”, explica Neves.
2,97
02/03
05/03
3,05
09/03
3,24
3,21
3,22
16/03
19/03
23/03
3,12
12/03
Setores beneficiados O mercado interno brasileiro deve se benificiar dessa situação, pois como o preço de produtos importados é maior que os nacionais, os consumidores tendem a comprar mercadorias produzidas no Brasil, aumentando sua chance de êxito em concorrência internacional. Outro setor que deverá levar vantagem é o turismo interno, já que para viajar para fora do país o custo ficará mais alto, o que faz com que turistas optem em gastar seu dinheiro aqui mesmo. A consultora de viagens Michele Rufino sugere comprar a passagem o quão cedo puder. “Quanto mais tempo demora, mais caro fica o tíquete. Com o dólar tão alto, muitas pessoas se assustam na hora de pagar, é por isso que muitas agências de turismo criam pacotes com preços especiais”, diz Michele.
Setores não beneficiados A indústria brasileira que depende de insumos importados precisará elevar seu preço, já que seu custo de produção irá subir. Esse crescimento gera inflação, pois os preços tendem a aumentar. Woitowicz trabalha diariamente com a cotação na bolsa de valores em relação à sua empresa, e diz que há pontos negativos e positivos devido
3,19
26/03
ao aumento do dólar. A desvantagem ocorre quando há troca entre moeda brasileira e estadunidense. “Temos operações de aquisição de matéria prima importada, quando realizamos o pagamento, o impacto da conversão da moeda dilui a margem do projeto, pois seus preços são corrigidos pelo impacto crescente do câmbio”, explica. Outro prejuízo seria por conta da relação entre lucro e gasto de produção. “As dívidas contraídas em dólares cresceram muito e as empresas que têm dívidas nesta moeda podem ter problemas de pagamento e liquidez”, relata. A empresa de Nader Melhen, por importar seus produtos diretamente de Miami, é muito afetada com as variações do valor da moeda estadunidense. “Interfere pelo fato de exportamos tudo para o Brasil, assim as mercadorias ficam mais caras e não tenho margem para trabalhar, pois realizo uma venda hoje e amanhã o objeto passa a ter outro preço. Isso acaba diminuindo o movimento”, pondera. A situação é de grande desconfiança, porém os analistas acreditam que será passageira. “Não há motivos para desespero, existem boatos sobre uma ‘quebra’ na economia do país, que não são verdadeiros, em breve a situação deve normalizar”, aposta Neves.
05
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Economia
Inflação chega à mesa do brasileiro População sente no bolso uma das maiores crises econômicas que o país já passou. O aumento dos preços da gasolina, água e esgoto, transporte público e energia alteram a dinâmica financeira das famílias de baixa renda Felipa Pinheiro 3º período
O
Brasil vivencia uma crise econômica que há anos não se via, com taxas de juros altas, arrocho fiscal e desvalorização do real frente às moedas internacionais e o cenário futuro é preocupante, ainda que não possa ser comparado ao final da década de 1980, no governo Sarney, quando a taxa de inflação fechou em 1.973% ao ano.
do que cada uma consome, do estrato social, local de moradia, entre outros fatores. Conforme a Fundação Getúlio Vargas (FGV), as famílias de baixa renda devem ser as mais atingidas pelos reajustes de preços. Visto que a inflação no preço das tarifas de ônibus e de energia elétrica tem um peso maior nessa camada da população.
Conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), após avançar 1,24% em janeiro e 1,22% em fevereiro, a inflação no Brasil alcançou 7,7% ao ano, nível mais alto desde maio de 2005, quando atingiu 8,05% e acima do teto da meta do governo, de 6,5%.
O zelador Joel Lima relata que, devido à alta dos preços, tem feito compras menores e que teve que diminuir principalmente o consumo de carne. “É triste, trabalhamos duro o mês inteiro e mesmo assim não conseguimos comprar o necessário. Tudo sobe, menos o salário”, ressalta.
É importante lembrar que o ritmo de aumento de preços durante o governo Dilma é próximo ao observado na era Lula (2003 a 2010), quando os preços subiram 5,8% ao ano e inferior à gestão Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), que apresentou um aumento médio de 9,1%.
Cuidados A professora de Artes, Helena Sprícigo, também comenta que seu salário não está suprindo as contas e, ao apelar para o cartão de crédito, acaba sofrendo com as taxas de juros. “O que mais me frustra é que mesmo fazendo um
planejamento de gastos, não consigo custear tudo”, afirma.
taxa de 7,1% para este ano no Brasil.
Segundo o economista Dante Francisco D’Agostini, para evitar grandes crises no período de inflação é importante que as pessoas evitem fazer compras parceladas e que adiem a aquisição de novos produtos.
Uma das principais ações do governo para o controle da crise, sugere D’Agostini, é um corte de gastos mais firme nas despesas do setor público, diminuição da quantidade de ministérios e cargos comissionados. Além disso, o economista acredita que o governo precisará investir em reformas constitucionais, como previdenciária, administrativa, trabalhista e tributária.
A economia brasileira poderá registrar neste ano seu pior resultado desde 1990, no governo Collor, quando encolheu 4,35%. A recessão em 2015 seria maior do que as registradas em 2009 (-0,33%) e 1992 (-0,54%). Para o especialista político Caio Padilha, a crise econômica atual começou a se formar a partir da retração da indústria, da baixa taxa de investimentos e da diminuição de exportação dos produtos brasileiros, o que alavancou um índice maior de desemprego. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o índice de desemprego em 2014 foi de 6,8% e prevê a
Camila Borba
Vale ressaltar que a inflação brasileira é dividida em preços livres e monitorados. Livres são aqueles regulados pelo próprio mercado, como os produtos de alimentação, por exemplo. Estes têm um peso próximo de 75% no Produto Interno Bruto (PIB). Já os preços monitorados, como energia, gasolina, água e esgoto, transporte público, etc., têm peso próximo de 25%. Segundo economistas, a inflação não é sentida de maneira homogênea pelas famílias. O impacto depende muito
Padilha propõe a implantação daquilo que os economistas chamam de política anticíclica, que ao invés de cortar gastos, promove o investimento no setor produtivo, concedendo incentivos para a indústria, o que gera mais consumo, já que a expansão da capacidade produtiva gera o aumento da oferta, e consequentemente a redução dos preços. “É simples, quanto maior a competição entre as empresas, menor o valor do produto no mercado”, afirma o especialista político.
O salário já não está suprindo as contas dos trabalhadores
06
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Política
Conquista feminina
O Brasil está no sétimo lugar do ranking mundial em homicídio de mulheres. Agora este ato se tornou crime hediondo Érika Lemes 3º período
S
ancionado dia 09 de março, o Projeto de Lei 8305/14, cujo relatório inicial pertence à senadora Gleisi Hoffmann, inclui o feminicídio no Código Penal como circunstância qualificadora de homicídios e o tipifica como crime hediondo. O projeto visa impedir que surjam interpretações jurídicas antiquadas que atenuem crimes de razão de gênero. Estes definidos como: violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação à condição de mulher. A nova lei mantém a pena de 12 a 30 anos prevista para homicídios. Entretanto, o tempo de prisão pode aumentar em 1/3 caso o assassinato ocorra durante a gestação ou até três meses posteriores ao parto; quando envolve menores de 14 anos; maiores de 60; portadores de deficiência, ou aconteça na presença de descendentes ou ascendentes da vítima. O autor do homicídio não terá direito a sair da prisão até cumprir parte significativa da pena. A proposta foi sugerida pela CPI Mista da Violência Contra a Mulher, que atuou no Congresso e investigou a violência contra a mulher entre 2012 e 2013. Para Glesi, o agravamento da punição penal pode reduzir as estatísticas desse tipo de crime no Brasil. “O Congresso Nacional não poderia silenciar sobre o assunto”, afirma a senadora paranaense. Dentre os principais desafios a serem ultrapassados, Gleisi destaca a aplicação e execução da lei, bem como a infraestrutura insuficiente da polícia e dos demais agentes envolvidos em atender as vítimas. Ela deposita grande esperança
nas casas da mulher brasileira que estão sendo construídas em todos os estados, onde haverá delegacias de mulheres, juizados e assistência social para trazer segurança e apoio às vítimas. Em Curitiba a inauguração está prevista
Um exemplo de suporte já existente na capital paranaense é a ONG Mais Marias, fundada em 2012, que atua na cidade e região metropolitana palestrando sobre a Lei Maria da Penha e fazendo o
Assassinatos de brasileiras
43,7 mil total*
denadora, apesar de o assunto ser discutido na mídia, há ainda certo receio de se falar abertamente sobre isso. A advogada Paula Pires diferencia a Lei Maria da Penha da Lei do Feminicídio: a primeira caracteriza agressão física, moral e psicológica, enquanto a segunda caracteriza o assassinato de mulheres, ambas em contexto de violência doméstica. Paula considera a nova lei necessária no âmbito jurídico, pois é mais um instrumento que visa o combate à opressão feminina. Pode-se considerar a Lei do Feminicídio uma continuação da Lei Maria da Penha, se levar em conta que uma abriu as portas para a criação da outra, comenta a feminista Jana Teixeira Silva.
Direito
41% mortas em suas *Entre 2000 e 2010 para o segundo semestre deste ano. A assessoria de imprensa da Polícia Civil afirmou que possui infraestrutura para atender às pessoas atingidas pela violência. São 17 delegacias da mulher por todo o Estado e outros 15 órgãos referentes à assistência das que sofreram com o preconceito de gênero. A Coordenadoria das Delegacias da Mulher (Codem) é o órgão responsável pela delimitação das políticas públicas implementadas no Estado.
próprias casas, muitas por companheiros ou excompanheiros
encaminhamento de vítimas para atendimento especializado. A coordenadora da organização, Maria Letícia Fagundes, comentou que a nova lei é principalmente “um aperfeiçoamento na assistência da violência contra a mulher”, porém acredita que a sociedade precisa de medidas educativas e preventivas para que esses casos de agressão e mortes diminuam. Lembrando que a lei agora em vigor é somente punitiva, ou seja, só entra em ação após o óbito já confirmado. Segundo a coor-
Segundo a ativista, muita gente não entende a necessidade da existência de leis como essa, acham que fere a constituição, que se trata de vantagem sobre os homens. “Eu não acho que seja privilégio nenhum ser agredida ou morta por ser quem é. O fato é que a visibilidade para esses assuntos delicados aumenta e a ocorrência dos crimes pode diminuir”. Jana participa do movimento há aproximadamente dois anos e afirma que a mudança no código penal não demonstra favoritismo, para isso a sociedade teria que ser igualitária. “É redutivo dizer que o movimento feminista prega igualdade entre gêneros, eu acredito que estamos mais interessadas na libertação da mulher”, conclui.
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Política
Impeachment é viável? Suposto envolvimento da presidente Dilma Rousseff em casos de corrupção abre novo debate sobre o processo de impeachment Pedro Colatusso e Andréa Ross 3º período
N
os últimos tempos, o tema impeachment deixou de ser apenas uma referência histórica e passou a ser recorrente. O assunto relembra o que ocorreu em 1992, quando o então presidente Fernando Collor de Mello deixou a presidência da República sem terminar o exercício do mandato por causa de acusações de irregularidades. As acusações e denúncias envolvendo a Petrobras e políticos fizeram com que o tema aparecesse nas redes sociais e virasse assunto de discussões e manifestações. Fundador da Academia Brasileira de Direito Constitucional, o professor Flavio Pansieri explica como acontece um processo de impeachment. “O processo de impeachment é iniciado na Câmara dos Deputados, por
07
representação de qualquer cidadão brasileiro, passa por uma análise da presidência da Câmara dos Deputados, que o encaminhará para o plenário da Câmara”. Será necessário que dois terços do plenário da Câmara aprovem o processo, para então ser encaminhado ao Senado Federal, onde será processado e julgado sob a presidência do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e, se aprovado pelo Senado, o presidente será cassado. O desejo de abertura de um processo de impeachment e a situação política e econômica atual levaram milhões de pessoas às ruas nas últimas semanas. As reinvindicações eram diversas, desde reforma política até a saída da presidente Dilma Rousseff.
Manifestantes reunidos na Praça Santos Andrade
Andréa Ross
A aposentada Ruth Arie participou das manifestações contra Collor e agora contra Dilma, mas não vê semelhança entre as situações. “Vejo que com o Collor foi totalmente diferente, com outros valores. Hoje não, agora é degradação total do país, não estávamos nessa situação com o Collor”. A médica Luana Petermann acredita que o impeachment não será bom economicamente para o país, mas crê que demonstrar insatisfação é uma boa solução. Entre os participantes dos protestos, havia aqueles que queriam a saída do governador Beto Richa, como a empresária Rosana dos Santos Guedes. “Junto com a Dilma, ele acabou com o Paraná. E o dinheiro foi para onde? Para Copa do Mundo?”, questiona a manifestante. Para o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Masimo Della Justina, as manifestações ocorridas nas últimas semanas são legítimas e legais, espontâneas da sociedade civil organizada, sem manipulação de partidos políticos, porém apesar da quantidade de pessoas ser expressiva, não simboliza nem 1% da população brasileira. “Nesse sentido, teriam outros 99% que não se manifestaram ou têm outras preferências, o que é perfeitamente legítimo numa democracia”. O professor Pansieri acredita que, se comprovadas, as denúncias contra a presidente Dilma Rousseff são passíveis de um processo de impeachment. “A acusação contra
o Collor era infinitamente menor, independente que a acusação contra ele ou acusação contra Dilma sejam verdadeiras ou não, as acusações foram infinitamente menores contra o Collor”. Para o professor Della Justina, uma discussão sobre impeachment é válida, mas acredita que ainda há uma confusão entre os regimes parlamentaristas e presidencialistas. “No parlamentarismo é mais fácil você fazer um impeachment direto, já no presidencialismo, não se recomenda abortar um mandato que é legítimo e é legal, ao menos que, dadas as situações válidas, seja aberto um processo de impeachment”. O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) acredita que o impeachment não acontecerá. Sobre as manifestações, o deputado aposta que trará frustação para a população, ele citou exemplos de alguns projetos que estão há anos parados. Veneri afirma também que a população deve pressionar os políticos, pois são pessoas comuns que possuem ações como qualquer outro cidadão. “Acho que isso é uma lição de cidadania, as pessoas têm que entender que ou elas pressionam ou os patrocinadores vão pressionar”. Para aqueles que não estiverem satisfeitos, Della Justina relembra que todo cidadão pode participar como candidato para próximas eleições. “Não basta gritar nas ruas se o cidadão também não está preparado ou preparada para uma vez eleito fazer melhor do que àqueles que criticam”.
08
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Especial
322 anos do jeito mais tradicional possível Curitiba completou seus 322 anos debaixo de muita chuva, mas isso não impediu que fossem feitas suas homenagens e atraísse o público para comemorar mais um aniversário Ariane Ramos Thaíse Caroline Borges Virgínia Thais Freitas 2º período
C
onhecida como cidade modelo do Brasil, Curitiba comemorou, no dia 29 de março, seus 322 anos com muita chuva e frio, típico clima curitibano. Apesar do mau tempo, os moradores da capital não se intimidaram e compareceram às atividades comemorativas no aniversário da cidade. A Prefeitura de Curitiba organizou vários eventos em diferentes pontos da cidade, envolvendo atividades recreativas, humor, cultura, destacando os principais pontos turísticos e também valorizando artistas regionais. A temperatura baixa prejudicou algumas comemorações que tiveram que ser canceladas, como o cinema ao ar livre na sexta-feira (27) e a transmissão simultânea do show do cantor Jesse Harris, que ocorreria na Praça de Bolso do Ciclista.
As regionais dos bairros também comemoraram os 322 anos. A rua da cidadania da Fazendinha recebeu shows musicais e atividades de lazer, no sábado (28). A festa come-
Brasileiro. Eliane Coelho, coordenadora técnica da administração regional da Fazendinha, relatou que pelo menos há 20 anos acontecem essas comemorações nos bairros da
funcionará todos os dias da semana, inclusive nos finais de semana no mesmo espaço que por muito tempo descobriu e lançou vários talentos da poesia.
“ A chuva não intimidou os
curitibanos que compareceram às comemorações da cidade” çou às 13h e foi até às 18h com estimativa de público de 500 pessoas. Tendo como principais apresentações a Orquestra Musical Viola e Cantoria e a Banda Lira Curitibana. A Guarda Municipal fez a segurança do local que também contou com a exposição de objetos usados pelo Exército Ariane Ramos
Uma das apresentações feitas no Largo da Ordem
cidade. No domingo, a festa continuou no Jardim Ambiental ll, no Alto da XV, com bolo de aniversário e brinquedos infláveis. Houve também ações de combate à dengue, microchipagem de animais e orientações alimentares. Um dos cartões postais mais famosos da cidade, o Jardim Botânico com a sua estufa, preservação e conservação da natureza, estava programado para receber no sábado (28), aulas de yoga. Mas devido ao mau tempo, a chuva encharcou os gramados, impossibilitando a prática da atividade. Logo na manhã de domingo, a feira do Largo da Ordem que reúne barracas de artesanato, roupas, livros, discos e gastronomia já atraia atenções de quem passava por lá. O principal destaque foi a reabertura da feira do poeta, que contou com a presença de vários autores e leitores, entre eles, o escritor Geraldo Magela Cardoso, que considera a reabertura do local uma conquista importante para os admiradores da poesia. A feira
Depois de muita festa, a comemoração final ficou por conta do conhecido Parque Barigui e o ápice da festividade ocorreu às 15h, momento em que foi cantado o “parabéns pra você”, seguido da distribuição do bolo de mais de 600 quilos com recheio de amora que gerou uma grande fila debaixo de chuva. A decoração do bolo teve como enfeite uma capivara e a bicicleta, “bandeira” da gestão municipal de Gustavo Fruet. O confeito foi um presente do Sindicato da Indústria e Panificação e Confeitaria (SIPCEP), que começou a ser preparado na quinta-feira (26). Enquanto os adultos apreciavam as apresentações dos músicos regionais Victor Viana, Fran Rosas, Cida Airan e MUV-Katia, a criançada aproveitava os brinquedos infláveis, pintura de rosto, cama elástica e slackline. Quem também participou do evento foi o prefeito da cidade, Gustavo Fruet. Cheio de orgulho, ele deixou sua home-
09
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Especial
Virgínia Thais Freitas
O Jardim Botânico é um dos cartões postais mais famosos da cidade nagem para a aniversariante. “É uma honra ser prefeito neste momento, comemorar uma história tão bonita que orgulha a todos que aqui nasceram e que escolheram Curitiba para viver. E como é bom comemorar com um gesto tão bonito e voluntário do sindicato da panificação, dessas 38 pessoas que se dedicaram a dar esse presente tão saboroso para Curitiba”, disse o prefeito. Mirian Gonçalves, vice-prefeita, da mesma forma demonstrou sua admiração pela capital paranaense. “Curitiba é uma cidade que me emociona a cada dia, eu vim para cá com seis anos de idade, tenho quase 54 e não tem um dia em
que não agradeça por morar nessa cidade”. O que não faltaram foram elogios à Cidade Sorriso, os participantes da comemoração deixaram seu carinho pela cidade. Até mesmo os mais velhos estavam cheios de entusiasmo ao falar da capital, como seu Daniel Braga, 74 anos, que aproveita esses eventos para se distrair e conhecer novas pessoas. Opinião compartilhada por Isabel Zamilian, moradora de Curitiba há mais ou menos dois meses, e que relatou que veio para cá a procura de tratamento para o seu filho especial, no Hospital Pequeno Príncipe. “Curitiba nos acolheu e salvou a vida do
meu filho. Quero dizer que eu a amo e pretendo envelhecer aqui”. O público esperado era de cinco mil pessoas, mas em decorrência da chuva, esse número ficou abaixo, afirmou Celso Augusto, coordenador de grandes eventos da Prefeitura. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros informaram que houve poucas ocorrências, entre elas um pequeno acidente em um brinquedo inflável e algumas crianças perdidas no parque.
História
Fundada por Mateus Leme, em 1693, todo dia 29 de março é comemorado mais um ano da região região na qual predominam as araucárias e teve como seus nativos os Tupi-Guaranis, que a chamavam de Curii Tyba, que significa muito pinheiro ou muito pinhão. Ao longo desses 322 anos, a metrópole tornou-se referência por ser a capital ecológica, cidade sorriso e cidade modelo. Dante Mendonça, que trabalha como colunista em um dos
principais jornais da cidade, lembrou três acontecimentos históricos da capital paranaense, o nascimento da Rua das Flores, em 1970; a neve em 1975; e neste ano os protestos quando aproximadamente 80 mil pessoas foram às ruas contra a corrupção do governo. Por fim, Mendonça afirma que, para ele, uma manhã de sábado na Rua das Flores, um café na Boca Maldita e uma caminhada até o Teatro Guaíra são indispensáveis para quem está em Curitiba.
“O que não faltaram foram elogios à cidade sorriso”
O público não desanimou nem debaixo de chuva e fez fila para provar o bolo de 600 quilos
Virgínia Thais Freitas
10
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Polícia
Aplicativo ajuda a localizar carros roubados O Sinesp Cidadão utiliza o banco de dados do Denatran para verificar a situação legal de veículos Sérgio Junior 3º período
U
m aplicativo do Ministério da Justiça está ajudando a polícia do Paraná a localizar veículos roubados. Trata-se do Sinesp Cidadão que, lançado há pouco mais de um ano, já contabiliza mais de 3,6 milhões de downloads. O serviço está disponível para celulares e tablets com sistemas Android, IOS e Windows, além de uma página no portal do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) que permite a consulta através do computador. O aplicativo utiliza informações do banco de dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para averiguar a situação de qualquer veículo, basta digitar o núme-
ro da placa e imediatamente o serviço informa se o carro está em situação legal ou ilegal, além de trazer informações sobre modelo, marca, ano de fabricação e cor do veículo. Cleusa de Oliveira, 42 anos, é enfermeira e já utilizou o aplicativo para identificar um veículo roubado que estava parado em frente à sua residência, no Água Verde. “Em uma madrugada de sábado para domingo, um gol com placa de Almirante Tamandaré estacionou em frente à minha casa, em uma vaga de parada rápida, e lá permaneceu o domingo inteiro e segunda-feira também. Isso me despertou suspeita, então consultei a placa no aplicativo
e vi que, realmente, o carro tinha um alerta de roubo. Liguei para a polícia e uma hora depois eles já estavam no local”, conta Cleusa. O ato de Cleusa foi absolutamente correto, segundo o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba (DFRV), Cassiano Alfieiro. “Ao verificar que um carro está com a situação ilegal no aplicativo, o cidadão deve contatar imediatamente a polícia, pelo 190 ou diretamente com a DFRV. É importante que a pessoa não se aproxime do veículo, não tente seguir e nem deter o criminoso, pois isso põe em risco a vida do cidadão. É importante sim a participaSérgio Junior
ção do povo, mas a partir da denúncia quem tem que agir é a polícia, pois o cidadão já fez sua parte”, explicou. Segundo o último relatório estatístico da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná (SESP), divulgado em janeiro deste ano, 24.715 veículos foram furtados ou roubados em todo o Estado, somente em 2014. Sendo que 15.068 foram recuperados. A maioria desses crimes (8.871) aconteceu na região de Curitiba. Para Alfieiro, o aplicativo colaborou muito para que o número de veículos recuperados chegasse a 60%. “O aplicativo tem sido bastante utilizado pela população, chegam bastantes denúncias na delegacia por conta do aplicativo, a população se torna os olhos da polícia nas ruas. Isso colaborou com o aumento do índice de veículos recuperados”, relatou. O aplicativo pode identificar também veículos com placas clonadas, é o que explica o delegado Alfieiro. “Quando verificamos que a descrição do veículo que se encontra no aplicativo não bate com o que está na rua, percebemos que trata-se de placa clonada”, conclui o delegado.
O app já tem 3,6 milhões de downloads e está disponível nas plataformas IOS, Android e Windows
Além da função de consulta de placas veiculares, o aplicativo Sinesp Cidadão também conta com mais duas funções. A consulta de mandados de prisão, que necessita do nome do indivíduo, da mãe dele e de um número de documento para que seja efetivada a pesquisa. E também um banco de dados com informações sobre pessoas desaparecidas.
11
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Polícia
A vulnerabilidade dos taxistas Os índices apontam que a cada ano, mais de 10% da frota de táxis curitibana sofre com ataques criminosos Gabriela Marques da Cunha 3º período
T
Joana Sabbag
odas as semanas taxistas sofrem algum tipo de violência. Apesar dos carros possuírem uma cor característica, muitas vezes o que acontece com esses trabalhadores passa despercebido. Curitiba conta com mais de três mil táxis e segundo o Sindicato dos taxistas (Sinditaxi), entre sexta-feira e domingo, acontecem aproximadamente quatro assaltos. Em feriados como o carnaval o índice sobe para 12. Mesmo vivendo com o incerto, os motoristas não são autorizados a andar com nenhum meio de defesa, já que o armamento é proibido e a instalação de câmeras de segurança é inviável devido ao alto custo. Além disso, a Polícia Civil afirma que não há nenhum tipo de proteção especial à classe e como toda vítima, após sofrer a violência, deve-se fazer o boletim de ocorrência (B.O.). Entretanto, a maioria dos taxistas assaltados acaba não fazendo o B.O., pois demora tempo para ser efetuado e o profissional perde ainda mais dinheiro. “Você opta entre o sustento da sua família ou fazer uma ocorrência”, conclui Erasto Luiz Ribas, conselheiro do Sinditaxi. A classe afirma que o uso do aplicativo Whatsapp é o principal meio de comunicação e de segurança. A partir do momento que um motorista sofre algum tipo de violência, seus colegas são alertados e as informações capazes de identificar o delinquente são repassadas rapidamente. Outra dificuldade é o infrator não possuir um estereótipo.
Taxistas curitibanos vivem em alerta devido ao s altos índices de violência e falta de segurança Taxistas já foram assaltados por mulheres grávidas, homens engravatados, indivíduos mal trajados, entre outros. O próprio motorista é quem tem que identificar a índole dos passageiros. Ribas confirma que a única defesa que ele tem é antes da pessoa suspeita entrar no carro, depois, não há como agir, a não ser cedendo. Quanto às localidades onde mais ocorrem delitos, hoje em qualquer lugar e qualquer hora podem acontecer, contudo grande parte dos funcionários concordam com o que o taxista João Jorge Cordeiro Neto, que já foi assaltado duas vezes, afirma: “à noite a vulnerabilidade é maior, não só para o taxista, mas para qualquer pessoa”. Edson Rodrigues, administrador de uma empresa de táxis, diz que a grande reclamação de seus funcionários é em relação a pontos de táxis mal iluminados. Rodrigues alega que como meio de proteção
do motorista, em casos de violência, um alerta de perigo é dado pela vítima e a partir disso, a empresa encaminha outros carros para darem assistência e acionam a polícia. Mesmo assim, a hostilidade dos assaltantes é cada vez maior. “90% dos nossos clientes tem uma frequência de solicitações fazendo que gere uma confiança e segurança no sistema de rádio táxi, mas isto não quer dizer que não ocorram assaltos também com rádio chamadas”, conta. Ser taxista nos dias de hoje é uma profissão arriscada devido às inúmeras faltas de proteção tanto particular, quanto pública. “Se um bandido pega o táxi, ele (o motorista) não vai saber se é uma pessoa confiável ou não, vai que ele o leva para um lugar longe e depois não receba”, declara Danieli Pereira. Já Rafael Rangel contou que seu pai foi assaltado duas vezes e em determinada situação con-
seguiu se defender ao apontar o celular, que se parecia com uma arma, para o bandido, o qual se assustou e fugiu. No começo da gestão do prefeito Gustavo Fruet foi feita a proposta de fazer uma central de monitoramento efetuada pela Guarda Municipal em prol da segurança dos taxistas, porém, o presidente do Sinditaxi, Abimael Mardegan, declara que aconteceu apenas uma reunião e em três anos não houve progressos em relação a isso. Todavia, Marcelo Ferreira, coordenador da fiscalização de táxis da URBS, alega que está sendo iniciado um projeto de monitoramento capaz de abranger 64% da frota de táxis vinculados às centrais de chamada. Ferreira conta que o controle será feito pelo Centro de Controle Operacional (CCO) em tempo real e que após aprovado, será estendido a todos os taxistas da cidade.
12
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Esportes
Venda de bebidas poderá ser liberada nos estádios Vereador lança projeto para regulamentação de venda de bebidas alcoólicas Saila Caroline Rodrigues 3º período
U
ma proposta protocolada pelo vereador Pier Petruziello (PDT), que conta com o apoio de outros oito vereadores, está tramitando na Câmara Municipal de Curitiba. O projeto em questão visa à liberação da venda e consumo de bebidas alcoólicas nos estádios da capital. Proibida desde 2010, a comercialização seria liberada exclusivamente em bares e lanchonetes, somente antes do jogo e durante o intervalo. O vereador, que também é advogado e conselheiro do Coritiba, tem pressa e pretende aprovar a proposta até o mês de maio, quando começa o campeonato brasileiro. “Pretendo colocar em prática isso logo por mais que eu esteja ciente que ainda passará pelas comissões e depois pelo plenário. Não é válido que o Estado fique nos inibindo de tantas coisas, e os nossos direitos como cidadãos? E outra, as bebidas serão servidas em copos ou garrafas de plástico e com teor alcoólico de até 14%, tudo será rigorosamente fiscalizado para que nenhuma imprudência seja cometida. A empresa que ficar responsável pelo comércio terá o papel de enfatizar ao público os riscos de dirigir embriagado, entre outros pontos que serão detalhados. E caso ocorra o descumprimento, isso irá acarretar em uma multa podendo chegar a até R$ 15 mil. O que eu pretendo com esse projeto é que todos tenham mais liberdade, que não fiquem presos a proibições ridículas”, comenta. Em Porto Alegre, um projeto parecido foi aprovado e o consumo de bebidas alcoólicas
“É uma lei que se sustenta, porque o estatuto do torcedor não diz nada específico sobre isso”
nos estádios da capital gaúcha passou a ser liberado, este fato deixa Petruziello confiante. “Estou muito otimista, se em Porto Alegre com apenas a sanção do prefeito foi liberado, aqui não deve ser diferente, são várias as pessoas que estão a favor e eu creio que é apenas uma questão de tempo e estudos mais profundos para que seja enfim, liberada, sem contar que é uma lei que se sustenta, porque o estatuto do torcedor não diz nada específico sobre isso, só diz a respeito de bebidas acondicionadas em garrafas de vidro e isso não vai acontecer aqui”, explica. O projeto tem o apoio de diversos torcedores, entre eles, a estudante Thaise de Oliveira, 21 anos. Ela acredita que a bebida não mudará em nada a realidade da segurança fornecida nos estádios. “Sou a favor sim, não é um copo de cerveja que vai fazer os torcedores brigarem, não é a proibição que vai acabar com a violência”, desabafa.
este projeto, ao afirmar que a venda de bebidas alcoólicas nos estádios implicaria no aumento da violência. “A cultura do brasileiro é beber cerveja e fazer churrasco e essa cultura deve ser mantida longe dos estádios. Será que ele [Petruziello] não sabe que há famílias e crianças assistindo ao jogo? Os índices de criminalidade comprovam esta afirmação, é só ele [Petruziello] pesquisar mais para saber que isso é o maior erro, isso incentivará cada vez mais a violência, temos ocorrências que comprovam isso, não dá para por em
prática um projeto desses, é um absurdo”, completa. Já a advogada de direito criminal, Ana Carolina Mariani, 29 anos, apoia o projeto. Para Ana, o Estado deveria ser menos intervencionista. “Sou a favor do projeto que pretende liberar a venda de bebidas alcoólicas nos estádios porque sou contra um Estado tão intervencionista, acredito que a violência pode aumentar, porém, a segurança deverá ser reforçada. Não se deve tirar o direito dos torcedores de tomarem sua cerveja, não cabe ao Estado se meter nisso”, completa. Saila Caroline
A visão das autoridades O órgão responsável pela segurança nos estádios de Curitiba é a Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe) e o delegado responsável Clóvis Galvão é totalmente contra
Fora do estádio, o consumo de bebidas alcólicas ainda é liberado
13
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Literário
Uma nova vida longe do Oriente Médio Detalhes da vida de quem conviveu com a guerra de perto Isabel Bruder Woitowicz 3º período
S
e ela estivesse andando na Rua XV passaria despercebida. Além dos olhos pintados de preto e o batom cor-de-rosa, Dalia é uma jovem comum. Nada a denunciaria, nem suas roupas, nem seu cabelo à mostra. Se ela nunca falasse uma palavra, ninguém perceberia que Dalia é uma jovem árabe, mais especificamente, uma jovem síria. Com apenas 24 anos, Dalia Barbara não usa lenço ou burca para esconder os cabelos castanhos e se veste como uma mulher ocidental normal. Mas conhece a dor melhor do que gostaria. Católica em um país de maioria muçulmana, ela é casada há apenas quatro meses com Faris Joseph Trabelsi, um homem de 27 anos também católico. Os dois estão refugiados em Curitiba há menos de um mês, e em tão pouco tempo fora da Síria, têm apenas uma certeza: não querem voltar para lá tão cedo. O país sofre com a guerra há mais de quatro anos. Dalia e Faris são apenas dois entre os mais de 11 milhões de sírios que foram obrigados a deixar seus lares por questões de segurança. A guerra teve início em 2011, após a forte repressão às manifestações contra o governo do presidente Basharad al-Assad. Em Aleppo, cidade de origem do casal, falta luz, água e comida. Os terroristas do Estado Islâmico tomaram conta do lugar e fecham a cidade quando têm vontade. Assim, com a escassez de produtos essenciais, os terroristas vendem água e comida a preços absurdos. Além disso, bombas são como a chuva e podem cair a qual-
quer momento. A morte faz parte do cotidiano. Pais sem filhos e filhos sem pais andam pelas ruas com um único pensamento: podem morrer a qualquer hora. Em uma pequena casa alugada no bairro São Francisco, Dalia e Faris concordaram em contar um pouco sobre suas histórias. Me receberam na companhia de Karim Hanna, um jovem também sírio e católico que está no Brasil há pouco mais de um ano. Sentamos em uma sala praticamente vazia. Dois sofás pequenos e uma janela constituem a decoração do ambiente. O casal não fala português, por isso, Karim atuou como tradutor. No início da conversa, Dalia serve um pedaço de bolo para todos que estão presentes e coloca uma cadeira na frente de cada um. – É um costume árabe, explica Karim. A cadeira é porque eles ainda não têm mesa. Os relatos são tristes e muitas vezes chocantes. Em sinal de nervosismo, Faris começa a mexer em um maskabah, uma espécie de colar árabe, usado para tentar relaxar.
em uma manhã de domingo, um carro bomba explodiu a apenas algumas quadras da casa onde morava. - As janelas tremeram, foi um barulho horrível. Quando percebi o que havia acontecido, eu e meu irmão saímos para ajudar as pessoas na rua. Tinha muito sangue, muitas pessoas mortas e machucadas. A mídia mostra uma coisa, mas só quem viu sabe o que é a guerra. Teve um dia em que 22 bombas explodiram em 40 minutos. Karim diz que a vida no Brasil é muito melhor. Há um ano, seu pai vendeu tudo o que tinha para se mudar para São Paulo com a família e tentar abrir um restaurante de comida árabe para se manter. - Para nós que somos jovens é fácil se adaptar a um novo país. Mas para os mais velhos que não conseguem apender o português é muito difícil, diz o rapaz. Em meio a lembranças tão tristes, os três conversam em árabe e riem de alguma coisa que só eles entenderam. Apesar da curiosidade, preferi
não perguntar sobre o que estavam falando, afinal, se Karim não traduziu a conversa, provavelmente eles não queriam que eu soubesse. - Pensamos em ter filhos aqui, comenta Faris sorrindo. Karim já está acostumado à cultura brasileira e consegue se comunicar em português. O casal porém, recém-chegado no país, passa por algumas dificuldades, principalmente em relação à língua. É uma nova realidade para todos, uma nova chance de recomeçar e ter uma vida digna, longe do sofrimento da guerra. - Só quem viu a guerra de perto sabe como é. É muito complicado expressar sentimentos tão fortes em outra língua, finaliza Karim. Ao final da conversa, Dalia pediu que eu a adicionasse em minha rede social caso eu precisasse de mais alguma informação. Depois de horas conversando, Faris me levou até a porta. Agradeci por terem me recebido e desejei boa sorte nessa nova etapa de suas vidas.
- Uma vez, os terroristas envenenaram uma bebida típica árabe, porém consumida apenas por católicos, foi assim que meu tio morreu, envenenado por terroristas, conta Faris. Em seguida ele se levanta e mostra um vídeo de um católico sendo decapitado no meio da rua. Com dificuldade para falar português, Karim conta que
Da esquerda para a direita, Dalia, Faris e Karim
Isabel B. Woitowicz
14
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Cultura
Diversão e arte na Cidade Sorriso Foram 11 dias de cultura, gastronomia, risadas e música no Festival de Teatro de Curitiba Ariele Hosseini Gilmar Montargil Nicole Leite 3º período
Gabriela Janh
O
Festival de Teatro de Curitiba iniciou sua 24ª edição no dia 25 de março e terminou dia 05 de abril. Foram apresentadas cerca de 420 peças, das quais 92 ocorreram gratuitamente nas ruas e praças e aproximadamente 200 mil pessoas compareceram aos eventos. “O Festival de Curitiba é uma ótima oportunidade para aqueles que estão iniciando, é um lugar para mostrarmos o nosso trabalho e a nossa arte, apesar das dificuldades”, diz a atriz Janaína Fukushima. Já o ator Felipe Aidar teve sua estreia em uma peça profissional no festival, e conta que está muito emocionado. “É minha primeira vez em Curitiba e no festival. É uma coisa maravilhosa de se ver, porque todos sabem que esse tipo de evento não é fácil de organizar e exige inúmeras pessoas trabalhando e batalhando por uma coisa que é minha vida, o teatro”, conta ele. O festival teve seis tipo de programações: Mostra, Fringe, Risorama, Gastronomix, Guritiba, Na Rua e MishMash.
Mostra A Mostra conteve as principais peças do festival, possuindo uma produção mais elaborada e contou com a participação de grandes nomes da dramaturgia, como Andréa Beltrão e Marco Nanini. Foram exibidas 29 peças nos teatros de Curitiba, algumas das peças principais foram Cinderela, Silêncio, Gotas D’água Sobre Pedras Escaldantes, Ensaio para um Adeus Inesperado e ainda contou com apresentações especiais de peças internacionais, como Numax e A House in
Cinderela, uma das peças da Mostra Asia, da Espanha, Double Rite, da Dinarmaca e Surfacing, do norte-americano Holcombe Waller. Gilda Nomacce, atriz de uma das atrações da mostra, conta que toda a equipe ficou feliz por estar em Curitiba. “Foi uma apresentação para um público maior do que estávamos acostumados, houve uma atenção maior nos detalhes. Entrar no Guairinha foi muito
Fringe O Fringe é um espaço para grupos de teatros independentes, que procuram uma oportunidade de visibilidade e de divulgação de seu trabalho. Um exemplo é o grupo A Sociedade Secreta Papa Joana, que estreou a peça A Hora do Zum Zum, inspirada em um TCC das três amigas e atrizes, Bárbara Camargo, Daiane Cristina e Janaína Fukushima.
Janaína conta como é difícil, mas recompensador ser atriz. “Trabalhar no teatro é ser tudo: sonoplasta, maquiadora, publicitária, figurinista, produtora, ter que vender sua peça, se virar em mil e ainda estar no palco linda e maravilhosa”. O trio revezava o papel da Lucia McCartney, simbolizando as diferentes facetas da personagem criada por Rubem
“O Festival de Curitiba é uma
ótima oportunidade para aqueles que estão iniciando” emocionante, fiquei arrepiada, pois é um teatro histórico, lindo e com uma acústica maravilhosa”, diz Gilda.
Além de criarem e atuarem, as três mulheres também dirigiram, coordenaram e produziram o espetáculo.
Fonseca. A obra de Fonseca foi publicada em 1962 e conta a história de uma prostituta de luxo que acaba se apaixonando por um cliente. “Nós
15
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Cutura Gilmar Montargil
mesclamos a obra de Rubem com a teoria do livro Amor Líquido, de Zygmunt Bauman, que explica a misteriosa fragilidade dos laços humanos atualmente. A Lúcia é uma pessoa que tem os relacionamentos amorosos mais furtuitos e rápidos que, de certa maneira, se tornaram comuns hoje em dia, e nós queríamos mostrar como esse amor pode ser doloroso e lindo ao mesmo tempo”, diz Bárbara.
Na Rua Para abranger mais a população, o Na Rua é um especial de espetáculos, a maioria grátis, que foram apresentados em lugares públicos da capital paranaense. No total foram 58 peças, com uma média de três apresentações por grupo.
Gastronomix
Cena da peça Gotas d’água Sobre Pedras Escaldantes Nicole Leite
O Gastronomix é um evento da alta gastronomia, que ocorreu nos dias 28 e 29 de março, no Museu Oscar Niemeyer (MON). Contou com 30 barracas das mais variadas comidas como italiana, indiana, francesa, baiana, paranaense e até um caminhão de comida fast-food. A entrada custou R$ 10,00 e os preços do cardápio variavam entre R$ 10,00 e R$ 20,00. Todos os pratos foram pensados para não precisarem de faca, então entregaram aos participantes um garfo e uma colher de madeira. O ambiente estava descontraído e animado. Havia uma banda ao vivo, a Duo In Blues, que tocava rocks clássicos, desde Elvis a Ray Charles, entretendo o público que esperava na fila e até mesmo os cozinheiros, que acabavam dançando junto com a música.
Beto Nogueira, chapeiro há 10 anos
Ainda havia várias mesas e tendas espalhadas pelo local e algumas camas feitas com pallets para quem quisesse
Ariele Hosseini
descansar. Foram oferecidas aulas de drinques, café, degustação de bebidas, e para as crianças, uma mini apresentação de dança, feita pelo grupo Buzum. Beth Beltrão trabalha há 25 anos no ramo de gastronomia e diz que está muito feliz com o Gastronomix. “Nessa onda do Festival de Teatro acabei me sentindo uma artista também, pois poder colaborar com a arte do sabor é muito legal, o povo aqui é muito acolhedor”. A chef ainda conta que o prato principal é costela com ora-pro-nóbis, o qual muitas pessoas estão comendo por curiosidade. “O ora-pro-nóbis é a única planta que tem todos os aminoácidos essenciais, propriedades anticancerígenas e que pode substituir a carne por conter a mesma quantidade de proteínas que um pedaço de bife. Dizem que é afrodisíaca e que foi descoberta pelos escravos. Como não sabiam o que estavam comendo, começaram a rezar, nomeando a planta de ‘ora pro nobis’ que significa ‘orai por nós’”, explica Beth.
Entrada do evento Nicole Leite
Chicken Tikka Massala, prato indiano Gilmar Montargil
O mineirinho crocante é um prato composto de costela com ora-pro-nóbis, acompanhado de pimenta, alho e molho agridoce. Outro sucesso foi o hambúrguer do restaurante Fábrica Gourmet, que precisou ser adaptado durante o festival, tendo seu tamanho reduzido para atender todas as pessoas da enorme fila. A união de pão, hambúrguer, bacon, cheddar e molho barbecue foi sucesso garantido.
Hambúrguer de angus com cheddar e bacon Nicole Leite
O Festival de Teatro de Curitiba agradou a todo o público, independente da idade. Nos palcos, na música, na comida, com atrações para todas as gerações e todos os gostos. Mineirinho crocante
16
Curitiba, 14 de Abril de 2015
Ensaio
Verde e amarelo Organizada pelas redes sociais, a manifestação pedindo mudanças políticas reuniu milhares de pessoas em Curitiba Andréa Ross João Henrique Costa 3º período
Concentração dos manifestantes na Praça Santos Andrade
Participantes se pintam com as cores da bandeira nacional
Ato contou com manifestantes de todas as idades
Cartazes relembram impeachment do ex presidente Fernando Collor