Comunicare 276

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Dengue assusta curitibanos

Aedes Aegypy também transmite Zika Vírus e Febre Chikungunya. Páginas 02 e 03

Nova regra para aposentadoria

Escalonamento progressivo aumenta tempo de contribuição. Páginas 06 e 07

Correios são alvo dos bandidos

Serviços bancários chamam a atenção dos assaltantes. Página 10

Curitiba, 15 de Abril de 2016 - Ano 20 - Número 276 - Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

De carona com a discórdia Vereadores proíbem Uber de operar em Curitiba Páginas 04 e 05


02

Curitiba, 15 de Abril de 2016

Cidades

Curitiba tem novos casos de Dengue A cidade já registrou duas mortes e continua a luta para combater os focos do mosquito que causa a doença Lívia Davet 3º período

A

Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou a segunda morte relacionada à dengue em Curitiba. Foi um senhor de 66 anos, morador do Alto Boqueirão. Ele havia viajado para Paranaguá, no litoral do Paraná, cidade que está entre os 30 municípios em situação de epidemia do Estado, segundo a assessoria de imprensa da SMS. Além desse caso, foram confirmados também três casos de Zika, sendo um homem e duas mulheres. A SMS tem atuado em conjunto com a Secretaria Municipal de Comunicação Social para o combate ao mosquito. Os projetos que estão em ação são: Operação Tira Focos e o plano 366 Dias Contra o Aedes, além de atividades educativas, a fim de alertar a população do risco e da necessidade da prevenção, segundo o secretário municipal da Saúde, César Titton. Este ano já se tem registro de 308 casos de dengue, sendo um deles autóctone (contraído na própria cidade), 36 de Zika (quatro adquiridos em Curitiba), e oito de Chikungunya, de acordo com a SMS. A região com maior risco atualmente tem sido entre os bairros do Portão, Hauer e Parolim, é o que afirma Tatiana Robaina, bióloga do programa municipal de controle da dengue, que ressalta também que esta é uma situação muito dinâmica e pode mudar a qualquer momento. Das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypt,

Expediente Edição 276 - 2016 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná

sendo elas a Zika Vírus, a Febre Chikungunya e a Dengue, esta pode ser considerada a mais severa. Ambas são muito semelhantes em relação aos seus sintomas o que dificulta um diagnóstico rápido e sem exames específicos, é o que afirma o médico Bruno Henrique Pagnoncelli. A dengue causa, além de febre, comum nas três, dores musculares muito fortes, dores de cabeça e nos olhos, falta de ar, manchas na pele, indisposição e até hemorragias em casos mais graves. Na Chikungunya, as dores se concentram nas articulações. Já no caso da Zika, que pode ser considerada a mais leve entre elas, o paciente apresenta coceira, olhos avermelhados e leve febre, diz o médico. Pagnoncelli ressalta que a maior preocupação desta fica por conta de seus possíveis desdobramentos, entre eles a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença neurológica grave caracterizada pela inflamação dos nervos e fraqueza muscular, que em alguns casos pode ser fatal. Para Solange Gonçalves, 48 anos, que contraiu Zika neste verão, é de grande importância maiores esclarecimentos sobre os sintomas das doenças e não somente sobre os métodos de prevenção. Ela não acreditava estar com a doença por não ter tido febre severa e só ter encontrado duas manchas vermelhas no corpo e não várias, como ela havia ouvido falar.

R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos FOTO DA CAPA Rebeca Franco 3º Período

Julius Nunes COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL Miguel Manasses (DRT-PR 5855)

PAUTEIROS

EDITORES

Anna Laura Ferraz

Amanda Mann

3º período

3º período

Débora Macedo 3º período

Igor Arendt Ramos 3º período

Michel Moreira 3º período

Nicolle Heep 3º período

Patricia Guasele 3º período

Sophia Cabral 3º período

Ana Luiza Moraes 3º período

Gabriel Callegari 3º período

Guilherme Novakoski 3º período

Isabella Fernandes 3º período

Julia Favaro Linhares 3º período

Thais Camargo 3º período


03

Curitiba, 15 de Abril de 2016

Cidades Prevenções contra o vetor Saiba como eliminar os focos do Aedes Aegypt da sua casa:

Tirar folhas e outras coisas que impeçam a água de escor-

Manter as caixas d’água tampadas

rer pelas calhas

Deixar as garrafas com a boca para baixo e cuidar com água nas tampas delas

Entregar os pneus ao serviço de Colocar areia no prato das

limpeza urbana ou guardá-los

plantas

abrigados das chuvas

Usar a quantidade adequada de cloro nas piscinas

O risco do Zika Vírus para as gestantes Comprovada ligação entre a doença e alguns casos de microcefalia Lívia Davet 3º período

A

microcefalia é um possível desdobramento do Zika Vírus e pode acontecer nos fetos de gestantes que adquirem a doença. A maior preocupação é com o primeiro trimestre da gestação, porém os cuidados devem ser mantidos durante todo o decorrer do período gestacional. Nela, o recém-nascido apresenta perímetro cefálico inferior a 32 cm, comprometendo o desenvolvimento do cérebro da criança. Ela está relacionada com diferentes graus de retardo mental, além de outros problemas, é o que relata o médico Bruno Pagnoncelli. Ele conta também que essas características se aplicam a 90% dos casos, mas para os de origem familiar, há a possibilidade do desenvolvimento perfeito das capacidades cerebrais do feto. Marina Guimarães, que está no primeiro trimestre gestacional, diz que está sempre atrás de informações sobre

Lívia Davet

métodos de prevenção, além de usar o repelente recomendado pelo seu médico, para ela isso é o mais importante para reduzir os riscos de contrair a doença.

Punições para quem não combater o Aedes Aegypt Em março deste ano, multas que têm valores entre R$ 200,00 e R$ 7 mil começaram a ser aplicadas aos que não cumprem as exigências dos vigilantes de saúde, em relação à limpeza para a prevenção dos mosquitos, em Curitiba. As multas serão cobradas de acordo com o histórico de cada proprietário de imóveis residenciais, segundo o secretário municipal da Saúde, César Tritton. Os agentes farão a vistoria, e caso sejam encontrados problemas, notificarão os proprietários e darão um prazo para ser normalizada a situação. Havendo descumprimento das exigências serão

Alguns moradores ainda deixam água parada em recipientes aplicadas as penalidades, é o que informa Tritton. Sérgio Nascimento, proprietário de um terreno localizado no Alto da XV, se diz muito preocupado com uma possível epidemia na cidade, e por isso logo que começou a observar o aumento de casos e as notícias sobre o assunto procurou

eliminar os riscos do desenvolvimento dos mosquitos dentro da sua propriedade. É importante que todos façam a sua parte e se necessário procurem os núcleos da Secretaria de Urbanismo, localizadas nas Ruas da Cidadania, ou liguem no 156, para informar possíveis criadouros.


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Curitiba, 15 de Abril de 2016

Cidades

Câmara de Vereadores aprova lei que proíbe Uber em Curitiba Motorista que for flagrado prestando o serviço poderá pagar multa de R$ 1,7 mil Rebeca Franco 3º período

O

aplicativo Uber, que começou a operar em Curitiba no dia 18 março, retornou ao cenário de discussões da Câmara Municipal e, por 27 votos a favor e quatro contras, os vereadores aprovaram, nesta terça-feira, 12 de abril, o projeto de lei que proíbe o funcionamento do serviço na capital paranaense O projeto, de autoria dos vereadores Chico do Uberaba (PMN) e Jairo Marcelino (PSD), estabelece uma multa de 1,7 mil aos motoristas que estiverem explorando a atividade de transporte sem autorização do poder público, de acordo com a lei municipal que media o transporte

individual de passageiros e regulamenta o serviço de táxi, o que gera uma situação de marginalidade para os motoristas do Uber.

Vereador critica aplicativo Questionado sobre a ferramenta, o vereador Jairo Marcelino defende que o Uber acarreta em prejuízos para a cidade, pois não gera arrecadação de tributos, é tido como clandestino o que, acredita, desabilita a possibilidade de sua regulamentação, além de que a falta de fiscalização dá margem à insegurança de não saber quem são os motoristas. “Eu não deixaria minha famí-

lia embarcar em um serviço no qual não sei a procedência”, determina. A qualidade dos serviços prestados é um dos artifícios de comparação para o Uber. A esse respeito, ele afirma que o serviço de táxi de Curitiba é considerado o melhor do Brasil, em que os condutores passam por cursos de capacitação e ocorrem vistorias com frequência. Em relação à tarifa monetária, segundo o vereador, a classe dos taxistas formula uma planilha que adota diversas variáveis para o cálculo do preço a ser cobrado pela prestação do serviço.

Sobre a relação do Uber com o advento da “economia colaborativa”, o vereador expõe que não considera isso um diferencial positivo, mas um retrocesso em face ao serviço de táxi já consolidado. Abimael Mardegan, presidente do Sindicato dos Taxistas do Estado do Paraná, defende que a chegada do Uber representa uma violação dos direitos do consumidor, como na falta da emissão de nota fiscal e de suporte efetivo em caso de dano físico (acidentes) ou patrimonial, além de que, afirma, o único serviço de transporte privado regular é o de táxi. Michel Moreira

Para utilizar o serviço, é preciso ter o aplicativo do Uber instalado no celular


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Curitiba, 15 de Abril de 2016

Cidades Taxistas se defendem Em relação à qualidade, Mardegan sustenta que o serviço oferecido pelos taxistas da cidade é o melhor do Brasil e opera em quatro modalidades: executivo, convencional, compartilhado e o especial – adaptado para pessoas portadoras de deficiência. No que tange ao regimento interno do aplicativo, ele aponta que há relatos de motoristas que se sentem lesados, por não haver clareza quanto aos direitos trabalhistas. Mardegan pondera que a classe de taxistas não possui dilemas com o Uber por si só, mas com a irregularidade do

serviço e por consequência a exposição da população ao perigo, já que se consideram legalistas, ou seja, a favor da lei, testifica. Em nota enviada à redação do Comunicare, Luiza Facchina - integrante da equipe de Comunicação do Uber – disse que o o projeto almeja “buscar talentos e compartilhar informações com os cidadãos que queiram ter uma nova oportunidade de renda com autonomia, flexibilidade e dignidade dirigindo na plataforma da Uber”. Depois de Recife, Curitiba é a 9ª cidade brasileira a receber o aplicativo e integrar uma aldeia de 360 cidades pelo mundo e inicialmente operará

na categoria regular uberX e com preço mínimo de R$ 5,00.

Opiniões divididas Em pesquisa realizada pelo Comunicare entre os dias 25 e 29 de março, é possível acompanhar a perspectiva de 120 cidadãos que utilizam o serviço de táxi sobre a operação do Uber. Entre os entrevistados, 67 deles, ou 55,83%, defendem a coexistência do aplicativo Uber com o serviço de táxi. Um dos apontamentos realizados é que se deve democratizar a prestação de serviço, cumprir a livre concorrência e oferecer aos clientes o direito de escolha, o que implica na melhoria das atividades oferecidas e na

redução das tarifas determinadas para se conquistar os clientes.

dos taxistas e o exercício de uma nova atividade por parte dos motoristas do Uber.

Dentre esses usuários que defendem a atuação do Uber foi destacado que o aplicativo deve operar mediante regulamentação por parte das autoridades, de forma que seja submetido à mesma prestação de contas que a classe de taxistas e passe também pelas mesmas fiscalizações de qualidade.

Nesta categoria se encontram também aqueles que afirmaram não possuir conhecimento concreto para assumir um posicionamento.

A pesquisa também revelou que 34 pessoas questionadas (28,33%) não possuem um posicionamento convicto sobre a operação do Uber. Uma das justificativas é a dificuldade em encontrar um ponto de conciliação entre a situação

As pessoas que afirmaram ser determinantemente contrárias ao Uber, 19 no total (15,83%) analisam, principalmente, as questões que impactam a vida dos taxistas, considerando uma injustiça a operação do aplicativo livre das imposições tributárias. Além disso, alguns usuários possuem dúvidas relacionadas à segurança do serviço oferecido pelo Uber, no que tange à inspeção dos veículos e a triagem dos motoristas.

Uber: Você é a favor, contra ou não possiu uma opinião formada? A equipe do Comunicare ouviu 120 usuários do serviço de táxi para saber qual opinião os clientes possuem em relação ao aplicativo Uber, que chegou na cidade.

55,83%

A favor: 67 pessoas

28,33%

Não opinaram: 34 pessoas

15,83%

Contra: 19 pessoas

Aplicativos estão na mira da Justiça N

os últimos meses articularam-se várias ações legislativas que interviram nas ferramentas digitais no Brasil, como a participação do Uber no debate do pleito da Câmara dos Vereadores em Curitiba que é, na linha cronológica, o fato mais recente. Da mesma forma, no dia 29 de março de 2015, o juiz Roberto Luiz Corcioli Filho, da Justiça de São Paulo, demandou

uma liminar que suspendeu o aplicativo do Uber, atendendo pedido dos taxistas em São Paulo.

tório brasileiro. O jurista esclareceu depois que a razão era investigar crimes de pedofilia.

Em relação ao Whatsapp, no dia 19 de fevereiro de 2015, o juiz Luis de Moura Correia, da Central de Inquérito da Comarca de Teresina, do Tribunal de Justiça do Piauí, foi responsável pela sua suspensão, em todas as companhias telefônicas, e em todo o terri-

A decisão, no entanto, foi logo anulada pelos desembargadores Raimundo da Costa Alencar e José Ribamar Oliveira, do Tribunal de Justiça do Piauí, justificando o impacto para milhões de brasileiros que estão conectados pela cultura digital.

Rebeca Franco

Alguns taxistas relatam que se sentem lesados pelo uso do aplicativo


06

Curitiba, 15 de Abril de 2016

Economia

Regras para a aposentadoria são modificadas Mudança na lei aumenta tempo mínimo de contribuição Caroline Farias 3º período

“Vale mais a pena esperar

O

ano de 2016 começou com mais novidades para o trabalhador brasileiro. No dia 05 de novembro do ano passado, passou a valer a nova norma para a aposentadoria, chamada Regra 85/95 Progressiva.

para receber pelo menos uma aposentadoria integral”

Esses números correspondem aos pontos que a pessoa deve ter, alcançados através da soma da idade com o tempo de contribuição, devendo resultar, no mínimo, em 85 para mulheres e 95 para homens.

pelo fato de a expectativa de vida da população continuar crescendo ao contrário da taxa de fecundidade que está em queda. Portanto, haverá menos contribuintes no futuro que sustentarão uma população inativa.

O motivo de se chamar “progressiva” é em razão do escalonamento, no qual o valor dos pontos deverá aumentar, para ambos os sexos, chegando a 90/100 até 2022.

Nova regra A nova regra apresenta uma aposentadoria integral e não possui idade mínima exigida, apenas tempo mínimo de contribuição, sendo 30 anos para

Essa expansão é justificada, de acordo com informações divulgadas pela assessoria de imprensa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),

mulher e 35 para homem, sem permitir a aplicação do fator previdenciário para quem atingir a pontuação. Caso a pessoa queira receber o benefício antes da soma dos pontos ela poderá optar pelo fator previdenciário, seguindo as seguintes exigências: possuir 180 contribuições mensais e ter idade mínima de 60 anos para as mulheres e 65 para os homens, ou então por tempo de contribuição, 30 anos para as mulheres e 35 para os homens.

O contador Robinson Menta, 50 anos, acha que se beneficiou por ter se aposentado em outubro de 2015, antes da mudança. Apesar disso ele achou “interessante para quem está perto de atingir a pontuação, pois terá a sorte de receber a aposentadoria integral”.

Idade

50 anos

55 anos

60 anos

Idade

55 anos

60 anos

65 anos

Contriuição

30 anos

30 anos

40 anos

Contriuição

35 anos

35 anos

45 anos

Regra Antiga

Taxa

Taxa

Taxa

Regra Antiga

Taxa

Taxa

Taxa

Taxa

Taxa

Taxa

Fator Previdenciário

Fator Previdenciário

Nova regra

Taxa

Taxa

Taxa

Nova regra 85/95 progressiva

85/95 progressiva

Não aposenta

Não aposenta

Pontos

Deste modo, haverá uma redução do valor da aposentadoria, que pode variar de um salário mínimo até o teto R$ 5.189,83, dependendo do tempo trabalhado, que aumenta o percentual do salário.

80

85

100

Pontos

90

Tabela comparativa entre valores da aposentadoria pelo fator previdenciário x Regra 85/95 Progressiva

95

110


07

Curitiba, 15 de Abril de 2016

Economia

Thais Camargo

Regras de aposentadoria se modificam com tempo mínimo de contribuição

Além da previdência social

Tereza Ferreira, 43 anos, trabalha com agronomia há 23 anos e achou complicado para entender como funcionam as novas normas. Pela regra antiga, ela iria se aposentar em sete anos. Com a nova, acabará se atrasando em dois anos e meio. “Eu gostaria muito de me aposentar antes, mas com o cenário atual vale mais a pena esperar para receber pelo menos uma aposentadoria integral”.

Outras formas de previdência são alternativas

Aposentadoria integral

O professor acha que “pegar

até o teto de R$ 5.189,83,

empréstimo consignado é

muitos trabalhadores podem

uma péssima ideia. Acaba

não saber lidar com a mu-

virando uma bola de neve,

dança drástica na renda. Por

deixando muito aposentado

isso existem alternativas para

endividado”. Para controlar

quem quer um complemen-

os gastos, Kureski sugere a

to após a aposentadoria.

produção de uma planilha,

O professor de economia

com receita e despesas.

da Pontifícia Universidade

O aposentado Luiz Deina, 80

Católica do Paraná (PUCPR),

anos, já recebe esse bene-

Ricardo Kureski, que também

fício desde 1984. Apesar de

é pesquisador do Instituto

não possuir muitos gastos,

Paranaense de Desenvolvi-

ele afirma que o valor de

mento Econômico e Social

aposentadoria recebido não

(Ipardes), afirma que por

é o suficiente, nem há 32

mais que a contribuição

anos, nem agora. Quando se

para a previdência social seja

aposentou chegou a parar de

obrigatória para os traba-

trabalhar, porém o governo

lhadores, “o valor pago está

da época retirou grande

reduzindo. Então, a melhor

parte da sua renda. Após um

opção é investir na previ-

ano e oito meses ele voltou

dência privada”. É isso que

a trabalhar como caminho-

Tereza Ferreira já faz, desde

neiro e continua até hoje, ga-

Fonte: IBGE

que começou a trabalhar,

nhando mais do que o dobro

Projeções indicam aumento na expectativa de população

preocupada com o valor que

da aposentadoria.

inativa economicamente

receberá na terceira idade.

Mas e o que seria a aposentadoria integral? Significa que a pessoa irá receber todo o valor do salário de benefício, correspondendo a 80% dos maiores salários que recebeu, corrigindo a inflação. Agora haverá mais uma forma de calcular a aposentadoria, porém todas as outras continuarão valendo, sem mudanças: por tempo de contribuição com fator previdenciário; por tempo de contribuição pela fórmula 85/95; por tempo de contribuição com cálculo proporcional; por idade; por invalidez e especial, que é concedida para quem trabalhou em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física; para deficientes; trabalhadores rurais; etc. Quem já se aposentou não poderá recorrer à mudança nem revisão.

Por ir de um salário mínimo


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Curitiba, 15 de Abril de 2016

Política

Conselho de fundo destinado à educação tem mudanças O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) conta agora com maior participação popular Isabella Fernandes 3º período

A

Câmara de Vereadores de Curitiba aprovou em primeiro turno, no dia 02 de março, o projeto para a alteração de 11 dos 20 artigos da lei municipal 12.313/2007 que determina as diretrizes a serem seguidas para a formação do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (CACS-Fundeb). O conselho objetiva o planejamento para aplicação do fundo na educação básica. A principal mudança é a alteração de 15 para 11 participantes, com maior proporção de participação da sociedade civil do que de membros do Executivo em comparação com a configuração anterior.

maior colaboração com a comunidade, o vereador acredita que haverá uma visão menos técnica para a aplicação do fundo.

Formação do Conselho O projeto sancionado prevê dois membros da Secretaria Municipal da Educação (SME), um professor da educação básica da rede municipal indicado pelo

Sindicato dos Servidores de Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), um diretor escolar, um pai de aluno de Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), um pai de estudante de escola municipal, dois alunos (com mais de 18 anos ou emancipados) sendo os três indicados e eleitos pelos respectivos conselhos escolares, um agente administrativo indicado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc),

As mudanças foram solicitadas por meio de uma portaria do Ministério de Educação com o propósito de tornar a composição do conselho mais democrática, de acordo com a vereadora Professora Josete, PT. O município de Curitiba estava descumprindo essa portaria desde 2013. “Até então quem indicava os membros do conselho era a Secretaria Municipal de Educação”, afirma a vereadora. Agora cada segmento com direito a representação vai se organizar e escolher seus representantes, o que ela considera como um importante avanço para o controle social de recursos da educação. O vereador do PSDB Serginho do Posto, apesar de ser da oposição, concorda. “O conselho era muito restrito à participação popular”, afirma ele. A partir dessa

Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, em Curitiba

um conselheiro municipal de educação e um conselheiro tutelar (ambos indicados pelos respectivos órgãos). Dessa maneira, são oito membros da comunidade e três membros do Executivo. Os mandatos dos membros do antigo conselho terminou no dia 31 de março e as eleições para a nova configuração do conselho ainda não ocorreram. Patrícia Guaselle


09

Curitiba, 15 de Abril de 2016

Política Arrecadamentos do Fundeb Dados retirados do site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação de 2009 4 Dezembro (usado em 2010):

1 R$ 145.956.882,00 2007:

R$ 239.962.039,00

2 2008: R$ 179.685.543,00

de 2010 5 Dezembro (usado em 2011):

3 R$ 240.541.200,00 Março de 2009:

R$ 279.206.920,00

de 2011: 6 Abril R$ 279.206.920,91

de 2011 7 Dezembro (usado em 2012): R$ 338.626.483,00

de 2012: 8 Novembro R$ 348.359.004,32

Dezembro de 2012: 9 (usado em 2013): R$ 357.260.289,00

de 2013: 10 R$Dezembro 344.621.308,00

11 (usado em 2014):

Dezembro de 2013

R$ 378.477.064,00

de 2014: 12 Novembro R$ 378.477.064,00

de 2014 13 Dezembro (usado em 2015): R$ 448.477.816,00

de 2015: 14 R$Novembro 445.886.344,00 de 2015 15 Dezembro (usado em 2016):

R$ 506.067.828,00

Prefeitura abre diálogo com mães sem vagas em CMEIs A falta de vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) levou mães e representantes do Sindicato de Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) a se manifestarem Isabella Fernandes 3º período

F

oi realizada no dia 10 de março uma reunião entre as mães presentes no protesto – realizado no dia 02 de março em frente à Câmara Municipal - e a Comissão de Educação, Cultura e Turismo, além da presença de representantes do Sindicato de Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) e do Conselho Municipal de Educação. A pauta era a discussão de soluções para o suposto fechamento de vagas nos CMEIs ocorridos na cidade. Segundo o Sismuc, que denunciou a situação para o Ministério Público ainda em 2013, 47 turmas de educação de zero a dois anos foram fechadas. Sobre o assunto, a Secretaria Municipal de Educação alegou ter sido mal interpretada pela mídia e negou que quaisquer turmas tivessem sido fechadas. Ainda, é prevista a abertura de 1044 vagas em berçários até julho deste ano.

Sob a perspectiva do sindicato, o coordenador de estrutura do Sismuc, Jonathan Faria Ramos, considera que não houve vitórias. Embora apoie a pauta das mães, sua preocupação é principalmente dedicada às condições de trabalho dos professores e outros profissionais nesses novos CMEIs. “Essa é uma pauta das mães, que o sindicato apoiou no entendimento de não retirada do direito público”. A falta de vagas nos CMEIs é um problema nacional. Desde 2009, vigora uma mudança na lei nº 12.796, que prevê a redução de seis para quatro anos a idade de início no ensino obrigatório e o prazo de adequação para as prefeituras chega ao fim em 2016. Simone Guaselle, 29 anos, foi em busca de uma vaga em um CMEI para sua filha de quatro anos no dia 15 de fevereiro e entrou na lista de espera.

Ela permaneceu até dia 07 de março sem resposta, quando finalmente conseguiu uma vaga pela desistência de outra criança. Até então, precisando trabalhar e buscando a proximidade de sua casa, ela já tinha matriculado a filha em uma escola conveniada com a Prefeitura – com mensalidade mais barata do que uma escola particular. “Preferi colocá-la na escola conveniada que era mais próxima de casa, mas tem gente que não tem essa opção”, atesta Simone.

CMEI Centro Cívico em Curitiba

CMEIs entregues desde 2013:

• • • • • •

Ioko Hara Vila Vitória Iodéia Felício Guilherme Darin Isis Monteserrat Cora Coralina

Patrícia Guaselle


10

Curitiba, 15 de Abril de 2016

Polícia

Roubos crescem nos Correios do Paraná Instalação do Banco Postal nas agências transformou os estabelecimentos em alvos dos bandidos Ana Lucy Fantin 3º período

O

sentimento de insegurança já é parte da rotina dos funcionários das agências dos Correios. Segundo informações fornecidas pela Polícia Militar ao Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (SINTCOM), ocorreu um aumento significativo no número de assaltos nas agências em todo o Estado no primeiro trimestre deste ano comparado ao mesmo período em 2014, em especial na capital paranaense. Em Curitiba, a média era de dois assaltos por mês e hoje é de 12. De acordo com o diretor de políticas sociais do SINTCOM, Sérgio Augusto Rodrigues, o aumento está ligado à parceria dos Correios com o Banco do Brasil que instituiu o Banco Postal em março de 2014, medida que trouxe serviços exclusivamente bancários para dentro das agências postais, dessa forma aumentando a quantidade de dinheiro nos locais e atraindo os bandidos. O Banco Postal fica instalado dentro das agências e é responsável por prestar serviços que inicialmente pertenciam ao Banco do Brasil, porém agora os Correios são responsáveis por esses ofícios, que incluem pagamento do benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), empréstimos, aberturas de conta, recebimento de taxas, tributos e contribuições de previdências. Todos os serviços que não produzem um lucro muito significativo são repassados aos bancos postais que trabalham com a grande massa da população. Com serviços bancários sendo feitos dentro dos Correios,

consequentemente há neles uma quantia expressiva de dinheiro circulando, fazendo-se necessário o uso de cofres. O departamento responsável pela segurança das agências é a Gerência de Segurança Patrimonial (GSENP), e sua função é dar ao funcionário uma “segurança que não existe”, disse Rodrigues. Segundo o diretor, essa função é meramente focada no estabelecimento e conta basicamente com câmeras e alarmes. Para a segurança do trabalhador, há na justiça uma ação que exige que as agências possuam porta giratória e guardas armados, porém ainda não há ganho de causa em última instância.

Falha na segurança Para o diretor geral do GSENP, Eduardo Simoni, os equipamentos oferecidos por

esse departamento não são suficientes para uma completa segurança, porém ainda assim são essenciais e facilitam na hora da investigação policial, sendo que muitas vezes somente o ato de se ter câmeras e alarmes já é uma forma de afugentar qualquer tipo de ameaça.

Segundo Robson Daldegam, gerente de segurança empresarial dos Correios, a empresa está buscando alternativas para garantir a integridade física dos funcionários e dos clientes, através de sistemas de monitoração por vídeo e alarmes conectados diretamente com as delegacias.

“Os trabalhadores de qualquer agência dos Correios são cientes que podem ser possíveis vitimas de algum roubo. Caso isso aconteça, a empresa oferece assistência médica”, disse Simoni.

Para Gomes, não é interessante para o governo investir em equipamentos de segurança, pois o seguro em casos de roubo reembolsa somente 2% do valor levado.

O atendente da agência localizada no Centro de Curitiba, Altair Costa, presenciou um assalto durante seu expediente. Ele diz que não é o primeiro roubo que observou durante seu período de trabalho e expõe que nesse ano já foi vítima de três assaltos.

De acordo com o diretor de políticas sociais do SINTCOM, Sérgio Augusto Rodrigues, os bairros com maior incidência de assaltos em agências dos Correios na capital paranaense são Mercês, Santa Felicidade, Bacacheri e Centro, enquanto na região metropolitana, as cidades com mais ocorrências são Quatro Barras e Rio Branco do Sul.

Número de assaltos nas agências dos Correios do Paraná

93

13 2008

22

2009

31

2010

91

95

100

40

30

2011

2012

2013

2014

2015

2016


Curitiba, 15 de Abril de 2016

Anatomia arquitetônica da academia Patricia dos Martyres 7º período

M

ais conhecido como Prédio da Reitoria, o Campus II da UFPR parece ter saído de um protótipo de Le Corbusier. Com seu formato “pastilha” e boa parte do acabamento em concreto armado, o edifício tem registrado em seus genes o pragmatismo do arquiteto francês que, anos antes, disse ser a casa uma máquina de morar. Pelo interior da engrenagem, alunos de humanas da Federal percorrem os seis andares do edifício por largas rampas ou por um elevador vanguardista. Seja qual for o percurso escolhido, como únicos objetos contemplativos nas paredes, figuram quadros com fotos antigas de ex-reitores e diretores que, em uma aparente analogia a John Malkovich, parecem ter todos o mesmo rosto. Numa quinta-feira de abril, o complexo D. Pedro II, que comporta o curso de filosofia, tinha o piso respingado por água, o que evidenciava a típica chuva de uma tarde calorenta que precisa se refrescar. Alguns alunos chegavam ao sexto andar e, andando apressadamente rumo à sala 606, ficavam confusos ao observar o vão da porta entreaberta. No recinto, o estereótipo das pessoas em uma roda parecia não corresponder à expectativa dos recém-chegados. Composta em grande maioria por senhores e mulheres mais velhas, a reunião prosseguiu sem nenhum desconforto, como se a espiadela já houvesse se repetido até atingir a normalidade. Gentilmente ignorados em seus silêncios, um dos jovens

conduziu os demais à secretaria do curso de Filosofia, algumas salas ao lado. “Heidegger? Sala de reuniões do 2º andar”, disse automaticamente a secretária ao analisar de cima a baixo o grupo. Após a impessoalidade típica dos elevadores curitibanos, todos chegaram juntos à sala indicada, onde uma média de 50 pessoas aguardava a chegada do interlocutor. Para os famigerados às palestras extracurriculares acadêmicas, o número de 50 pessoas numa quinta-feira à tarde demonstra a notoriedade do evento. De fato, o prof. Nikola Mirkovic veio direto da Alemanha, terra natal do filósofo que estuda, para falar de suas reflexões a respeito dos Cadernos Negros. A obra, publicada há pouco mais de um ano, trata-se de 34 cadernos de capa preta em que Martin Heidegger, um dos mais influentes filósofos do séc. XX, registrou seus pensamentos pessoais durante 40 anos. Além da evidente importância para os estudiosos, o livro também reacendeu a polêmica sobre o suposto antissemitismo do alemão, provocando uma discussão mundial dentro da Filosofia. Ao chegar à sala, após uma breve apresentação feita pelo professor da casa, Mirkovic começou a... ler. O artigo declamado, mesmo traduzido para a língua portuguesa, trazia a linguagem corpulenta de Heidegger, conhecido sobretudo pela difícil compreensão de seus textos, somada ao sotaque alemão quase ininteligível do interlocutor. Durante os 30 minutos de sua

leitura, cenas à parte aconteciam no lugar. Além dos que se retiraram sem escrúpulos ainda no início da fala, outros percorriam as paredes com os olhos, como se em busca de uma distração, mesmo deparando-se apenas com os quadros de personalidades John-malkovichianas. Os alunos mais próximos do prof. Mirkovic, portanto mais expostos aos olhares dos demais, demostravam atenção e por hora até interagiam com movimentos corporais, comprimindo os olhos em sinal de maior atenção ou levantando as sobrancelhas diante de algum suposto esclarecimento. Um outro, com óculos redondos de armação larga, dava piscadas sonolentas e despertava já fazendo sinal positivo com a cabeça, como se o intervalo de segundos inconscientes lhe tivesse concedido epifanias de compreensão. Aqueles que levaram caderninhos de anotação rabiscavam desenhos aleatórios, alguns notoriamente caprichados, inclusive. Ao final do monólogo, Morkovic olhou pela primeira vez ao público que, por sua vez, olhou um para o outro, esperando a iniciativa de um desfecho. Nos cinco segundos que se passaram, expandidos num vácuo de tempo pelo constrangimento coletivo, o professor da casa enfim resolveu bater palmas. Como se acordados novamente para as convenções acadêmicas, todos deram sorrisos alegres e aplausos acalorados. Depois, a frase “agora vamos às perguntas” colocou o público no mesmo estado atônito de outrora.

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Literário

Afinal, é comumente sabido que encerrar uma palestra sem perguntas demonstra que ninguém entendeu nada. Mais segundos se passaram, dessa vez mais longos, quando o próprio professor da casa perguntou finalmente ao convidado sobre a questão do antissemitismo. Todas as atenções retornaram num súbito e o ranger das cadeiras denunciou o ajeitar das posturas, em sinal de atenção. O assunto reviveu. Na resposta, contudo, Mirkovic pediu para responder em inglês, idioma com o qual era mais familiarizado, com a passividade prevista de um alemão falando sobre o nazismo. E assim a resposta também seguiu o silêncio naquele mesmo vácuo de tempo, um espaço-tempo bem conhecido aos frequentadores da Reitoria, onde o pensamento tornou-se rígido e técnico. Ao final da resposta, “Alguém mais?”. Um rapaz esguio, de cabelos compridos presos num rabo de cavalo baixo, levanta a mão. É franco, diz que não conhece muito bem Heidegger e que gostaria de entender melhor o tema da palestra, que lhe ficou meio nebuloso. Muitos o olham, dão um sorriso. Ele é o porta-voz dos não entendedores anônimos. Ele representa a academia e seus tabus, e sua pergunta é a humanidade da dúvida, que surge no confinamento do formato “pastilha” e do concreto armado. O prof. Nikola Mirkovic respondeu com uma série de sugestões bibliográficas, em inglês.


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Esportes

Altas aventuras no céu e na terra Pilota mais leve do mundo em paramotor é natural de Curitiba Vinicius Scott 3º período

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curitibana Louise Biscaia é a atleta mais leve de paramotor do mundo. Com apenas 47 kg e 27 anos, ela voa em seu “paraquedas motorizado” pelo menos uma vez por mês na Praia de Leste, Pontal do Paraná. Ela treina há um ano e profissionalizou-se pela escola Asas ao Vento ao custo de R$ 3,5 mil. No curso, ela aprendeu os tipos de nuvens e estratégias para lidar com os ventos.

Por ser a pilota mais leve do mundo no esporte, a curitibana sofre por utilizar um equipamento grande para seu peso. “Descobri que estão fabricando um motor para pessoas de até 60 kg. Então logo terei um equipamento específico, o que vai facilitar muito”. Por enquanto, ela segue utilizando um paramotor emprestado da escola. Louise conta que seu primeiro voo foi “muito tenso”, as mãos suavam e o medo de cometer

um equívoco era enorme. Após a vertigem porém, no céu as emoções são inúmeras: adrenalina, satisfação, liberdade. Lá do topo ela conta que consegue superar seus limites, medos e enxergar uma beleza na paisagem diferente do usual.

Garotas radicais Mulheres se desafiam em esportes radicais. Em meio ao som de Guns N’ Roses, elas praticam parkour no cen-

tro de Curitiba. A academia Ponto B, inaugurada em 30 de janeiro deste ano localiza-se na Avenida Visconde de Guarapuava. Nela, cerca de 150 alunos praticam “vaults” (passadas por cima ou baixo de barras) e saltos sobre caixotes. Segundo Cassio Junior, gerente e instrutor do espaço, a atividade além de promover o condicionamento físico, proporciona a autonomia de explorar a cidade, subindo e saltando por locais inusitados. Amanda Mann

Parkour ganha espaço nas academias


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Curitiba, 15 de Abril de 2016

Esportes

Vinicius Scott

Paraquedismo e rapel

Downhill

A estudante Victoria Trevisan já praticou diversos esportes radicais, como rapel, corrida militar, muay thai, longboard e paraquedismo. Para ela, a maior recompensa dos esportes é desafiar-se.

Há dois anos, a estudante Lorena Schneider pratica longboard na modalidade downhill speed. Ela conheceu o exercício por um grupo feminino no Youtube.

Ela conta que os 40 segundos mais “insanos” da sua vida foram saltando com paraquedas de um avião em Paranaguá. O mais assustador foi o rapel, pois ela desconfiou que a corda não aguentaria seu peso nos morros de Matinhos. E conta que se feriu mais no longboard aos 12 anos, quando escorregou e bateu em uma mureta. Victoria também participou da corrida militar Bravas que ocorre três vezes por ano em São José dos Pinhais. Ela afirma que foi o esporte que exigiu “mais resistência”, já que a equipe dos próprios militares superou os 10 km de obstáculos e lama em menos de 1h, enquanto ela demorou cerca de 3h30.

O objetivo da atividade é chegar ao final da ladeira na maior velocidade possível e Lorena já recebeu patrocínio e participou de um campeonato em Santa Catarina. Ela admite que o longboard é perigoso e já houve óbito de conhecidos. Lorena inclusive já hospitalizou-se devido a uma queda em que feriu o queixo e quebrou um dente. Apesar do perigo, a atleta conta que “a cada pico é uma nova emoção” e recomenda às iniciantes: “não tenha medo, mete o pé e vai”. Seu local de preferência para o downhill é a pista de rolimã na Praça Abílio de Abreu, no Guabirotuba.

Lorena derrapando sobre ladeira em Curitiba

Preconceito de gênero ainda é forte Machismo permeia os esportes radicais Vinicius Scott 3º período

A

ssim como no mercado de trabalho, família e política, as mulheres sofrem preconceito também nos esportes radicais. Prova disso é a administradora Sibele Baba, que foi considerada por parentes e amigos “muito delicada” para praticar o parkour. História semelhante a da estudante Lorena Schneider, que foi desaconselhada do longboard por seus pais. Eles alegaram que “menina não deve ter pele marcada”. A desigualdade também pode ser percebida pelo baixo número de mulheres nas academias de esportes radicais. Na academia Ponto B de

Parkour, das 150 matrículas, somente 30 são de mulheres. A escola Asas ao Vento tem um cenário semelhante: dos 300 pilotos formados, apenas oito foram femininos.

Sibele ainda contou que seu marido e filho praticam o parkour há um ano, mas apenas depois de muita conversa ela teve coragem de juntar-se a eles.

Cassio Junior, gerente da academia Ponto B, aponta que a falta está associada ao baixo incentivo social para elas em relação a atividades externas e perigosas, algo geralmente ligado ao gênero masculino. Sua aluna, Sibele, concorda com essa visão. Ela conta que o estigma de a mulher ser “frágil” e o receio de machucar-se afastam o gênero dos esportes radicais.

Já Victoria Trevisan, estudante, conta que foi pelo muay thai, arte marcial tailandesa, que ela desconstruiu a imagem do “sexo frágil”. Ela conta que por meio do treino com homens e a participação em uma competição, as outras alunas também aboliram essa imagem. Vitoria também já saltou de paraquedas e seu instrutor contou que houve

somente duas desistências na iminência do pulo. Ambas foram feitas por homens.

Sociedade patriarcal Segundo a filósofa Simone de Beauvoir em seu livro O segundo sexo, não existem qualidades ou valores que sejam naturalmente femininos. Estes são socialmente construídos e além de oprimirem, limitam a liberdade do gênero feminino. Ela intitulou seu gênero de “outro”. Simone ainda cita que ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher.


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Cultura

O desejo refletido na arte Exposição busca explorar os anseios instigados por uma terra marcada pela extração e sua relação com o inconsciente humano Julia Favaro Linhares 3º período

Igor Arendt Ramos

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ercepção. Um processo de aprendizado que se dá por meio dos sentidos e reflexos que os impulsos traduzem à mente humana. É desse modo que se delineia a exposição Coisas Existentes em Função do Desejo, do artista baiano Marcos Zacariades. O conjunto, composto por 12 obras, nasceu da observação do contexto da mineração na Chapada Diamantina, na Bahia, por um período de aproximadamente 15 anos e se desenvolve por meio de diversas vertentes artísticas para representar essa realidade na qual o artista ancorou seu trabalho. Assemblagens, instalações, esculturas e vídeos reúnem em sua essência todo o desejo subliminar à qual as peças remetem. Esse minucioso trabalho de observação foi desenvolvido entre setembro e outubro de 2013, por meio de uma residência artística que Zacariades realizou no Bellagio Center, na cidade italiana de Bellagio. Segundo ele, o processo de maturação das obras envolveu uma relação de proximidade com a realidade retratada e, investigando as questões humanas, propôs uma reflexão sobre o arranjo social contido na região italiana em questão. O desejo, principal objeto de estudo do artista, se faz presente em todas as obras, encarnando as mais diversas facetas e remetendo aos mais profundos significados. Na obra Sempre Viva (Reconhecemos Aqui a Nossa Existência Precária) por exemplo, o artista usa de uma antiga cadeira odontológica para dar suporte a um buquê com

Obra Sempre Viva expõe contexto do desejo relacionado à extração cerca de 900 dentes que foram retirados entre 2003 e 2005 no Posto de Saúde Municipal de Andaraí, no Rio de Janeiro. A obra, apresentada em forma de assemblage (espécie de colagem realizada com materiais tridimensionais) faz referência a um universo de intencionalidades. O nome Sempre Viva remete a uma flor encontrada na Chapada Diamantina que entrou em extinção devido à grande devastação humana. A cadeira e os dentes transpõem o extrativismo para o próprio corpo do homem, que extraindo um pedaço de si alimenta a ganância representada pelos diamantes. “Eu junto a cadeira, os dentes, os diamantes, o título de sempre viva e a forma do buquê para sintetizar e esclarecer a ideia por trás da assemblage”.

Além dessa, a exposição também é composta por demais colagens tridimensionais, como por exemplo, o Banquete de Migalhas. Um tapete de peças de madeira polidas minuciosamente acompanhadas por um rústico e degradado tronco suspenso caracterizam a obra. Neste caso, Zacariades busca chamar a atenção para a extração da madeira e para a valorização do efêmero.

Arte tecnológica Essa arte multifacetada que o artista utiliza para transmitir sua narrativa de pensamento se complementa com a variedade de canais utilizados pelo mesmo. “Quando concebo uma ideia, sempre analiso qual é a mídia mais apropriada para ela”. Como exemplo disso, tem-se o vídeo que dá nome à exposição, apresen-

tando imagens da festa do Divino de Andaraí. Captadas durante um período de nove anos, o trabalho ilustra o ritual em que um mastro de madeira é retirado da natureza e carregado numa procissão masculina. A valorização do cunho erótico se faz presente nessa obra e reverbera também pelas demais construções do artista, como por exemplo, nas peças em madeira nomeadas A Ordenação, Tântalo, As Marias e O Medo das Mãos. O dualismo e a metamorfose entre o profano e o sagrado se unem para dar dimensão e profundidade às obras, pois, segundo Zacariades, o desejo é uma condição essencial para que se possa explorar todos os desdobramentos do interior humano.


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Curitiba, 15 de Abril de 2016

Cultura

Igor Arendt Ramos

A instalação Carta ABC reúne mais de 70 máquinas de escrever acompanhadas por um projeto em vídeo

Experiência sensitiva O estudante de design, Vitor Mazza, resume a experiência sensitiva do contato com as peças em uma só palavra: inusitado”. Parece que cada obra esconde um segredo, algo que mesmo desvendado, nunca será compreendido por todos, senão pelo artista que a projetou”. Ele afirma ainda que ficou impressionado com a diversidade de expressão artística contida no trabalho, citando por exemplo, a instalação formada por inúmeras máquinas de escrever, nomeada Carta ABC. Quanto à relação entre arte, estética e realidade, o designer e diretor de arte Leandro Catapam afirma que hoje o artista tem mais meios para expressar seus conceitos, por isso é normal que uma exposição seja híbrida e apresente um pouco de tudo. Para ilustrar esse pensamento, Catapam cita ainda uma frase do escritor Thomas Hardy, na qual diz que a “arte é a desproporcionalização das realidades para mostrar mais claramente os traços que importam nessas realidades”.

A arte contemporânea e sua relação com a estética O paradoxo da interpretação da arte como sensação Existe uma linha de pensa-

e individual, colocando em

mento na história da arte

jogo a possibilidade da real

que afirma que ela não é

aproximação do público

linear. Segundo o artista João

com a obra de arte. “Hoje

Andirá, as referências inter-

com a individualização do

Informações

pretativas de nível conceitual

mundo global parece que

de cada obra abrangem um

a maior fronteira para a

Confira abaixo os detalhes sobre a exposição:

aspecto subjetivo da mesma,

arte é o interior do artista”,

sendo assim, pressupõe-se

afirma Andirá.

que cabe ao espectador concluí-la por completo.

É nesse aspecto que a estética oferece uma margem de

Mesmo que a mensagem

mutação. Como proferido

esteja clara, a essência da

pelo designer e diretor de

obra se delineia e se molda

arte Leandro Catapam, a arte

de acordo com a percepção

conceitual ressalta essa plu-

de cada observador. Essa

ralidade, transformando as

subjetivação da arte acon-

obras em pura possibilidade.

tece num âmbito particular

A destruição em massa se faz presente no conjunto da obra

• • • • • •

Exposição: Coisas existentes em função do desejo; Artista: Marcos Zacariades; Local: Caixa Cultural Curitiba – Galerias Térreo e Mezanino, Rua Conselheiro Laurindo, 280; Visitação: 09 de março a 24 de abril; Horário de funcionamento: terça a sábado, das 10h às 20h. Domingo, das 10h às 19h; Ingressos: entrada franca.


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Curitiba, 15 de Abril de 2016

Ensaio

Fuga da realidade Jovens impulsionados por anseios e sonhos perpétuos usam do cinema independente para expressar sua arte e escapar da cerrada realidade a qual pertencem Julia Favaro Linhares 3º período

Os destinos perdidos em devaneios convergem do irreal e ilusório pensamento

Encontrando em cena um universo paralelo a tudo aquilo já existente

Sublime atmosfera criada entre rascunhos de um olhar imerso no abstrato

Transformando em cinzas as verdades que definham em fogo fátuo


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