Educação
O que falta para Curitiba melhorar sua gestão educacional? Páginas 08 e 09.
Inovação, jovem e futuro
Internet pública e empregabilidade são questões que exigem atenção Página 11.
Saúde e saneamento
Doenças transmissíveis e esgoto a céu aberto preocupam população Páginas 12 e 13.
Curitiba, 19 de Setembro de 2016 - Ano 19 - Número 287 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
O futuro de Curitiba nas mãos do eleitor Nas vésperas da eleição para a Prefeitura , o Comunicare fez um raio-x de como estão os setores fundamentais para o bom funcionamento da cidade
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Curitiba, 19 de Setembro de 2016
Expediente
Editorial
Como é a Curitiba ideal para você? P
ara responder a essa pergunta, a equipe do Comunicare foi investigar como estão as questões que impactam a vida de todos os cidadãos da cidade. O transporte público é de qualidade? E a mobilidade urbana e a infraestrutura? A saúde e saneamento satisfazem suas necessidades? E a educação e segurança? Existem oportunidades suficientes para trabalho e emprego? A inovação e futuro devem ser pensados. A responsabilidade social e meio ambiente requerem cada vez mais cuidado. A cultura e o lazer são essenciais para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Todos precisam de moradia. Depois de resumirmos as necessidades dos curitibanos nessas temáticas, que são
Comunitiras
de interesse público, nossa equipe foi às ruas para descobrir como cada uma delas está se desenvolvendo. O que está bom? O que pode pode e deve melhorar? O que os moradores de Curitiba tem a falar sobre? Foram duas semanas de intenso trabalho, atrapalhados pelo feriado do 07 de setembro, que os quase 50 estudantes fizeram o panorama geral da cidade. Baseados não só em depoimentos, nossos futuros jornalistas pesquisaram dados, estatísticas, apresentaram a opinião de especialistas sobre essas áreas, e ouviram o poder público. Com todo o material coletado, chegou a hora de escrever as reportagens. Cada equipe escreveu seu texto que passou pela revisão do professor
responsável pelo Jornal Comunicare, Miguel Manassés, pelo Coordenador do curso de Jornalismo, Julius Nunes, e pela Decana de Escola de Comunicação e Artes da PUCPR, Elaine Francisco Maffezzolli. Nosso objetivo é apresentar esta edição do Jornal Comunicare aos nove candidatos à Prefeitura de Curitiba para que possam analisar as informações que foram levantadas e apresentem suas propostas para resolvê-las ou melhorá-las. Outro objetivo da produção dessa edição especial do Comunicare foi auxiliar a comunidade curitibana a fazer uma escolha consciente nas eleições municipais, decisão, essa, que pode mudar o rumo de nossa cidade. Esperamos que tenhamos contribuído para construir a Curitiba ideal para todos.
Edição 276 - 2016 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos MONITORIA Caroline Deina Luciana Prieto FOTO DA CAPA Stella Prado 3º Período
CHARGE Isabella Beatriz Fernandes 4º Período
Miguel Manasses (DRT-PR 5855)
EDITORES
Angélica Klisievicz Lubas 5º Período
Caroline Deina 4º Período
Luciana Prieto 8º Período
Heloisa Ehlke 1º Período
Lamartine Lima 1º Período
Larissa Miglioli 1º Período
Lolita Mafra 2º Período
PAUTEIROS
Camila Dariva 1º Período
Maria Clara Rocha 1º Período
Emilia Jurach
Thaís Mota
Flaviane Rocha
Thiago Rasera
1º Período 1º Período
Gabriel Dittert 1º Período
Gabrielle Cordovi 2º Período
1º Período 1º Período
Vanessa Bley 1º Período
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Curitiba, 19 de Setembro de 2016
Mobilidade urbana e Infraestrutura
Olhe por onde pisa Mesmo sendo considerada modelo de planejamento urbano, Curitiba apresenta problemas em suas calçadas Heloisa Masetto 3° período
A
pesar de Curitiba ser referência de urbanismo para outras cidades do Brasil e do Mundo, pelo menos 210,3 mil residências na cidade (33,1% do total), segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não possuem calçada. Quem é pedestre conhece bem a realidade das calçadas da capital, sobretudo em alguns bairros, nos quais elas não existem ou estão mal conservadas. Maria Lúcia dos Santos, 35 anos, moradora do Portão, reclama que passear com a filha, fica inviável perto de sua casa. “As calçadas têm grandes rachaduras e desní-
veis altos, não dá para circular com o carrinho de bebê”, relata a mãe. Para a arquiteta e urbanista Sylvia Ramos Leitão o problema das calçadas mal conservadas não é uma questão que deve ser tratada isoladamente, os projetos do urbanismo devem estar associados, correspondendo às necessidades de toda a população. Quem depende da acessibilidade enfrenta problemas com a falta de rampas em alguns locais públicos. De acordo com a urbanista, “isso implica com a Lei nº 12.587, de acessibilidade e mobilidade urbana, que entrou em vigor em 2012, e que ainda não demonstra avanços significantes”.
A Prefeitura não sabe informar quantas casas atualmente não têm este benefício, mas a assessoria de imprensa do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) admite que a falta de calçadas é um dilema de muito tempo e que alguma medida deve ser desenvolvida, quem sabe até de legislação, para aperfeiçoar o calçamento da cidade.
Manutenção das calçadas As calçadas são deterioradas pelo tempo e intervenções de manutenção (como reparo de encanamento ou postes de luz), uso de materiais de diferentes modelos e falhas na instalação, fazem com que
algumas calçadas se danifiquem mais rapidamente. Não existe uma equipe para fiscalizar se as calçadas estão bem conservadas, porém, qualquer cidadão pode desempenhar esse papel, mediante denúncia pelo telefone 156 (a central de atendimento da Prefeitura), assim um fiscal vai ao local para avaliação. Se houver irregularidades, o proprietário do imóvel recebe uma notificação para arrumar a calçada. Caso não cumpra a ordem, é lavrado um auto de infração, que pode variar de R$ 440,00 a R$ 586,00. Se mesmo assim o proprietário não consertar a calçada, ele pode ser multado outra vez num valor maior, e ter os autos inscritos em dívida ativa.
Entre a cruz e a espada Área calma e seu limite de velocidade contrapoe segurança e agilidade Daniel Moura 2° período
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m vigor desde novembro do ano passado, a Área Calma, que abrange 140 quarteirões na região central de Curitiba, limita a velocidade em 40km/h com a intenção de diminuir os acidentes de trânsito. Foi registrado nos primeiros seis meses a redução de 28,8% no número de acidentes de trânsito na região, segundo o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). A via calma da Avenida Sete de Setembro também tem a intenção de estimular o trânsito compartilhado entre veículos e, com uma faixa exclusiva para bicicletas, os ônibus ficam com a canaleta livre para circulação, aumentando a segurança dos ciclistas e diminuindo as chances de acidentes.
“A Prefeitura tem que aprimorar as vias calmas, dando outras opções de trajetos e fazendo ligações de vias mais diretas. Pois só diminuir o limite de velocidade não vai resolver o problema”, fala Sylvia Ramos Leitão, arquiteta e urbanista especialista em mobilidade urbana. Para o motorista do Uber, João Carlos de Chaves, usar a área calma é um empecilho porque “quando uso, sempre acabo atrasando os meus passageiros. Sempre busco usar caminhos alternativos para fazer o trajeto mais rápido possível, os próprios passageiros pedem para eu usar outros trajetos fugindo desta região”, relata o motorista. Julyana Lara Dal’Bó, moradora do Cajuru, é uma das pessoas que têm as vias calmas na
sua rotina, mas revela que em algumas ruas o limite de velocidade é eficaz, mas não em todas as vias da região. “Acho que talvez fosse necessário um estudo maior de onde elas devem ser implantadas”, relata a estudante.
Como forma de fiscalizar a região e fazer com que o cidadão respeite a lei, a Prefeitura instalou pontos de fiscalização eletrônica em toda área. A partir de novembro deste ano o preço das multas vai subir mais de 50%, variando de R$ 88,38 à R$ 293,47 dependendo da velocidade ultrapassada. Daniel Moura
A via calma evita acidentes entre ciclistas e ônibus
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Transporte
Quebra de braço Briga envolvendo Estado e Prefeitura ameaça integração do transporte público entre Curitba e Região Metropolitana
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uritiba tem integração do sistema de transporte coletivo com 13 municípios metropolitanos e é isso que facilita a vida de muitas pessoas que moram em outras cidades e trabalham em Curitiba.
O advogado Bernardo Guimarães diz que a responsabilidade dos transportes metropolitanos é do Estado e este organiza a integração por meio de consórcios com a Comec.
Patricia Munhoz 3° período
Na prática essa integração funciona da seguinte forma: o passageiro pode pegar um ônibus que pare em um terminal e depois pegar mais um ônibus dentro do terminal, sem pagar mais de uma passagem.
Porém, ele afirma que “não é obrigação do Estado resolver problemas específicos do município de Curitiba”. Ou seja, se o Estado oferece subsídio ou não, é uma decisão política.
Em 1990 ocorreu a inclusão de linhas metropolitanas na Rede Integrada de Transportes (RIT), era um convênio entre a Urbanização de Curitiba (URBS) e a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). Entretanto, em janeiro de 2015, o convênio foi cancelado.
Guimarães acredita que seja necessário criar políticas públicas que independam do governo do Estado dar mais importância para a questão do transporte público e deixar claro quem dá o subsídio. Mas o mais importante, segundo o advogado, é a transparência entre os Angélica Klisievicz Lubas
órgãos públicos e que estes trabalhem juntos. Ele reforça que a integração também é um trabalho dos municípios metropolitanos. O presidente da URBS, Roberto Gregorio, explica que hoje o governo do Estado responde pelo transporte metropolitano e a URBS pelo transporte urbano de Curitiba e esta garante a integração do transporte metropolitano ao sistema urbano. Gregorio conta que a capital paranaense tem sua própria equipe para eventuais problemas em seus ônibus e afirma que “o município de Curitiba possui 200 fiscais, enquanto que a Comec possui apenas seis”. O presidente da URBS admite que ainda há áreas que devem ser aperfeiçoadas. Ele acredita que é necessária uma ampliação nas fiscalizações e disse que faltam licitações (contratos) com a Comec. Gregorio revela que “a Prefeitura abre mão de uma receita de cerca de R$ 8 milhões para manter o transporte integrado”. Ele dá como exemplo que em janeiro de 2015 o governo do Estado ajudou com R$ 4,6 milhões, mas o total era de R$ 7,5 milhões na época. Já a diretoria de transporte da Comec, em nota, informou que em fevereiro de 2015 a Prefeitura anunciou somente a tarifa de Curitiba e que foi isso que causou a desintegração financeira da RIT.
O passageiro da região metropolitana ainda paga somente uma passagem
Em relação à tarifa paga pelo passageiro de transporte metropolitano, a diretoria de transporte reforçou que “o usuário continua pagando apenas uma passagem, porque o governo do Estado tem mantido um subsídio mensal para o sistema”. O subsídio dado pelo governo do Estado foi de R$ 3,8 milhões/mês em 2015 e é de R$ 5 milhões/mês esse ano, segunda a Comec. Sobre as licitações do transporte coletivo metropolitano, a diretoria da Comec declarou que estão sendo elaboradas as diretrizes básicas do Plano de Mobilidade Regional que servirá de base para a licitação e afirmou que está previsto para 2017.
Cidades integradas com Curitiba
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Almirante Tamandaré; Araucária; Bocaiúva do Sul; Campo Largo; Campo Magro; Colombo; Contenda; Fazenda Rio Grande; Itaperuçu; Pinhais; Piraquara; Rio Branco do Sul; São José dos Pinhais.
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Transporte
A luta diária para se locomover Portadores de necessidades especiais revelam dificuldades na utilização do transporte público Nathalia Gorte 1° período
O
s ônibus de Curitiba e região metropolitana têm um sistema de funcionamento próprio. Há questões, no entanto, que precisam ser melhoradas quanto à segurança e acessibilidade às pessoas portadoras de necessidades especiais. O presidente da Urbanização de Curitiba (URBS), Roberto Gregorio, assegura que 93% da frota possui equipamentos com manutenção em dia, o que permite acessibilidade aos deficientes físicos. Ele garante que há uma equipe especializada para resolver problemas. O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região
O fato do ônibus não parar no lugar correto pode ser perigoso Metropolitana (Sindmoc), Dino Cesar, explica que os funcionários também recebem treinamento adequado para atender os deficientes, com palestras e cursos de aperfeiçoamento.
no local correto pode ser perigoso, já que a plataforma foi feita para ser apoiada no meio fio e quando não param direito, na maioria das vezes, resulta na queda do cadeirante.
Entretanto, o diretor financeiro da Associação Paranaense de Deficientes Físicos, Mauro Nardini, revela que a realidade é outra. Ele aponta alguns problemas: a falta de manutenção da plataforma e elevadores para cadeirantes e o fato do ônibus não parar
Nardini diz que “a ajuda ao deficiente, na maioria das vezes, é vista como um aborrecimento”, ou seja, como se essa ajuda prestada atrapalhasse o trabalho deles. Em relação à segurança nos ônibus, principalmente à
noite, o coordenador do Centro de Operações (CCO) do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) Mauro Magalhães afirma que existe uma norma no sistema de transporte que prevê que o passageiro pode pedir para descer em qualquer lugar da rota a partir das 22 horas. Mas ele admite que a regra não vale para ligeirinho e expresso, pois ambos têm paradas específicas.
Passagem pesa no bolso Aumento do custo operacional e do preço dos combustíveis são apontados como vilões desta conta Deborah Neiva 2° período
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pesar de ter o menor preço entre as cidades da Região Metropolitana, a passagem de ônibus de Curitiba está entre as mais caras das capitais brasileiras. Em fevereiro de 2016 houve um aumento de R$ 0,40 centavos na passagem, passando de R$ 3,30 para R$ 3,70. O presidente da Urbanização de Curitiba (URBS), Roberto Gregorio, justifica o encarecimento da passagem com o aumento do custo da operação, como o ajuste salarial de cobradores e motoristas, e o significativo aumento do preço dos combustíveis. Em relação a futuras mudanças no preço da tarifa, Gregorio revela que “há previsão de aumento para fevereiro do próximo ano”.
O economista Jackson Bittencourt afirma que o aumento da tarifa é consequência do aumento nos custos de operações. A exemplo, o combustível é, segundo ele, um dos responsáveis devido à recente mudança no preço. Ele explica que como os custos aumentam a margem de lucro diminui ou se torna nula, isso inviabiliza a operação por parte da concessionária. Outro fator apontado pelo economista é a inflação mais alta nos últimos anos. Apesar de Bittencourt não acreditar no aumento do custo, também diz que “é difícil reduzir, somente com subsidio da Prefeitura, mas ela está com déficit”. Ele explica
que esse déficit impede uma política de redução na tarifa mesmo em ano de eleição.
Bilhete único Uma das táticas sugeridas para maior aproveitamento do preço da passagem é o bilhete único, uma forma de cobrança na qual o usuário do transporte não é cobrado pela transição dentro de certo período de tempo. Essa tática é chamada de integração temporal. O presidente da URBS explica que apesar da estratégia já existir em algumas linhas em Curitiba, esta não é tão necessária já que há integração física do sistema de transporte municipal.
Ele conta que existem 25 terminais de ônibus 100% integrados em Curitiba, garantindo que a população tenha total acesso a todas as linhas de ônibus com apenas uma passagem e ainda possa sair e voltar de certos pontos sem que haja cobrança, como por exemplo, ruas da cidadania próximas a terminais. O economista Bittencourt lembra que em São Paulo existem diversos meios de transporte, como metrô e ônibus, ao contrário da capital paranaense. Logo, o bilhete único não se torna essencial. Ele reafirma, no entanto, que o fato de Curitiba ter a tarifa única já é o suficiente para a integração dos terminais e estações-tubo.
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Responsabilidade Social e Meio Ambiente
CAPS ainda precisam de melhorias Falta de estrutura e de profissionais ainda são as maiores reclamações Bruno Previdi 1° período
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s Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), responsáveis pelo atendimento de pessoas com transtornos mentais, transtornos decorrentes de álcool e drogas e o CAPS infantil que atende crianças e jovens até 18 anos com transtornos mentais, têm como objetivo ajudar o paciente a se reinserir na sociedade através de projetos terapêuticos singulares, que são realizados por diversas categorias profissionais articulados com as famílias dos pacientes. Atualmente, os CAPS são administrados pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes), e têm, em média, 3,1 mil pacientes cadastrados, incluindo as três modalidades de serviço citadas. Luciana Savaris, diretora do Departamento de Saúde Mental de Curitiba, afirma que a estrutura dos CAPS ainda
precisa de adequações, mas que melhorou depois que a gestão passou a ser feita pela Feaes. “Serviços que antes eram feitos por cerca de 10 profissionais, passaram a ter pouco mais de 30”. Sobre o CAPS matriz, fechado ano passado, a diretora explica que, após um planejamento, todos os funcionários foram realocados para a unidade da região da Cidade Industrial de Curitiba, aberta em 2015 e os pacientes puderam fazer uma escolha de local para sua transferência. De acordo com a psicóloga Amélia Gomes, que trabalhou por quase cinco anos no CAPS Boa Vista, o problema de haver o fechamento de unidades, é que as demais ficaram sobrecarregadas. “Se antes CAPS com 10 profissionais atendiam cerca de 100 pacientes, hoje os mesmos serviços realizam mais do que o triplo de atendimentos com
Lixo tem solução? Educação ambiental e mudança de hábitos podem resolver o problema Sophia Cabral 4° período
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acúmulo e o aumento de resíduos produzidos, tanto pela população como pelas indústrias, fazem do lixo um dos maiores problemas ambientais enfrentados no país. Com isso, grande parte desses resíduos acaba sendo depositado em aterros e lixões. Em 2014, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), de um total de 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos gerados, 29,6 milhões de toneladas foram distribuídas em locais como esses. Este ano, Curitiba apresentou um novo modelo para a coleta e transporte de resí-
duos na cidade, desenvolvido pela International Finance Corporation (IFC). O projeto prevê, para a empresa vencedora, um contrato de 15 anos para a realização dos serviços. O pagamento baseado em desempenho e não em quantidade, é uma das principais mudanças. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, atualmente Curitiba gasta, incluindo coleta, transporte e tratamento, R$ 242,50 por tonelada de lixo. Em 2015, foram coletados, em média, 53 mil toneladas de lixo por mês.
alguns profissionais a mais e com estruturas reduzidas pela falta de investimento”. Para a psicóloga, muitos dos profissionais contratados, não possuíam experiência em saúde mental ou procedimentos da área de psicologia. Ela diz que, apesar dos números apresentados pela Prefeitura de Curitiba hoje, o atendimento não tem a mesma qualidade de antes, quando os CAPS ainda eram vinculados
com ONGs. Para Amélia, os pacientes não receberam a atenção necessária ao serem informados da alteração dos seus profissionais de referência. Para a assistente social do CAPS III Portão Anna Letícia, o trabalho realizado atualmente por esses serviços em Curitiba não é o ideal proposto pela Reforma Psiquiátrica no Brasil, projeto que gerou a evolução do tratamento de saúde mental no país.
Sophia Cabral
O CAPS Boa Vista é uma das unidades em funcionamento em Curitiba
Outro ponto do projeto, seria a redução de 10% da quantidade de resíduos enviados para o aterro. Sendo assim, um dos principais desafios da gestão pública municipal é como aumentar as taxas de reciclagem. Para professora e especialista na área de hidráulica e saneamento Maria Cristina Borba Braga, um dos fatores relevantes para qualquer espécie de modelo de gestão e que deve ser considerado por toda administração municipal é uma educação ambiental da população. “A importância da educação ambiental está associada à mudança de
hábitos”. Deste modo, a professora reafirma a relevância da prática dos “4 Rs”: redução, reciclagem, reutilização e recuperação de recursos. Maria ressalta que, apesar das possibilidades tecnológicas, a diminuição da quantidade de lixo produzido ainda é fator preponderante para o cuidado do meio ambiente. Sobre um modelo ideal para a gestão dos resíduos, a professora explica que os procedimentos devem, na medida do possível, considerar os aspectos culturais de cada municipalidade, por apresentarem diferentes características.
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A arte pede mais apoio Artistas afirmam que o orçamento municipal de Curitiba destinado à cultura é insuficiente Vanessa Gavilan 5° período
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m 2014, artistas de Curitiba se organizaram no movimento “Frente Acorda Cultura Curitiba” para reivindicar melhorias no setor cultural da cidade. Eles criaram o manifesto “não é só 1% para cultura” e recolheram mais de 3 mil assinaturas para entregar ao prefeito Gustavo Fruet. Entre os itens elencados, estão o fechamento e más condições de espaços culturais municipais, falta de concurso para o quadro de funcionários, fragilidade administrativa e operacional, falta de transparência referente ao Mecenato e Fundo Municipal de Cultura e problemas na condução administrativa da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).
um espaço cultural independente durante 16 anos sem nenhum tipo de apoio público em Curitiba. Para sobreviver somente da bilheteria, a saída é a Lei de Incentivo à Cultura. Criada na década de 1990, para esses artistas, a lei necessita de reformulação. Segundo eles, é preciso a democratização dos recursos, com o objetivo de fomentar a produção artística e cultural da cidade. Nena acha que 1% do orçamento municipal destinado à cultura, ainda é pouco, o ideal seria 5%. A produtora defende que a qualidade dos artistas e da produção cultural da cidade é excelente, e respeitada nacionalmente. “Nossa literatura tem grandes autores como
Cultura e Lazer
lações serviria para nortear as ações públicas por toda a cidade”, conclui. De acordo com a assessoria de imprensa da FCC, a atual gestão investiu este ano R$ 68 milhões em cultura, que é equivalente a 1% da receita líquida do orçamento municipal em 2016. Essas informações são públicas de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Em relação à suposta falta de investimentos e incentivo aos artistas, a assessoria ainda afirma que entre 2013 e 2016 foram destinados mais de R$ 43 milhões para projetos culturais via Mecenato Subsidiado, e R$ 19 milhões em projetos do Fundo Municipal da Cultural. O total é 26% maior
“Curitiba é diferente do eixo RioSão Paulo, nos inspira a criar, mas falta investimento” Para o produtor cultural Thiago Moreira, a artista Nena Inoue e o músico Ulisses Galetto, que participaram da frente e hoje lutam pela causa em outros movimentos, apesar de a “Acorda Cultura Curitiba” não estar atuante, as necessidades continuam as mesmas.
Cristovão Tezza e Leminski que, inclusive, influenciam diretamente as outras áreas da arte. A Companhia Brasileira de Teatro, por exemplo, está entre as maiores e melhores do país. Curitiba é diferente do eixo Rio-São Paulo, nos inspira a criar, mas falta investimento”.
Moreira pondera que a Prefeitura concentra seus esforços em uma época do ano, como no caso da Corrente Cultural, ao invés de investir durante o ano todo em artistas, oferecendo mais programações para a população. Nena se diz um exemplo disso, ela teve
Galetto acredita que uma ação de maior envergadura deveria partir de estudos de demandas e não de “achismos” de quem quer que seja. “Sem tirar ou questionar o direito do gestor em escolher sua política pública, um diálogo efetivo entre a FCC e as popu-
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que no período 2009 a 2012. A assessoria ressalta, ainda, que a publicação de editais do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura continua.
Programas culturais Pelo fato de alguns bairros de Curitiba serem maiores e mais populosos do que muitas cidades do interior do Estado, em 1986 foram criadas nove regionais. Cada uma conta com uma Rua da Cidadania, onde os moradores têm ao seu alcance serviços públicos relacionados ao comércio e ao lazer. Apesar disso, moradores de Curitiba
reclamam da inexistência e da falta de apoio em projetos voltados à cultura e lazer em seus bairros. Iranei Fernandes, agente comunitário da Vila Nossa Senhora da Luz, na Cidade Industrial de Curitiba, reclama que os únicos projetos que existem são os que os próprios moradores mobilizam para realizar, uma vez que a Prefeitura não oferece atividades do gênero no bairro. Edson Rodrigues, presidente da Associação de Moradores do Parolin e Vila Guaíra também questiona a falta de participação da Prefeitura. Merenice Chapioski, auxiliar administrativa, é mãe de um menino de 11 anos que estuda em uma escola municipal no Bairro Novo. “Gosto das atividades que a Rua da Cidadania oferece, o Kauan já fez várias oficinas lá. Mas é muito longe de casa, acho que a Prefeitura precisa dar mais opções dentro do bairros. Não quero meu filho na rua, queria que ele usasse seu tempo livre para se desenvolver de alguma forma”. Alexandre Martins da Costa Filho, que trabalha na superintendência da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude, afirma que todas as regionais de Curitiba contam com núcleos especializados em desenvolver ações conforme as demandas de cada bairro. Segundo ele, os núcleos trabalham em parceria com as associações de moradores dos bairros. Ele ressalta que toda a programação pode ser conferida no site da Prefeitura e que bairros com menor densidade populacional, consequentemente, terão menos atividades.
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Educação
Educar é preciso Ensino básico de qualidade e valorização dos servidores são alguns dos tópicos citados como fundamentais para a gestão da educação em Curitiba Caroline Deina 4° período
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Organização das Nações Unidas (ONU) determinou 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, e, entre eles, está a “Educação de Qualidade”, um dos motivos para um cuidado especial com o sistema escolar, envolvendo estudantes, professores e funcionários e o poder público.
recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2010, a taxa de analfabetismo na capital paranaense é a menor, com 2,1% da população sem saber ler e escrever, o que corresponde a cerca de 40 mil pessoas, enquanto a média no Brasil está em 9,6%.
Como experiência de 15 anos em sala de aula, a professora aposentada Elisângela Macedo acredita que o desenvolvimento da educação pode transformar vidas. “Como educadora, eu entendo que a escola norteia a vida das pessoas. Se o ensino básico for deficitário, todo o restante pode ser comprometido”. Para ela, as eleições para a Prefeitura de Curitiba são um passo essencial, mas que podem elevar ou declinar o nível de educação. “Quanto mais for investido nessa área e quanto
Educação para adultos e idosos Os dados do IBGE também constatam que a maior parte da população analfabeta de Curitiba está concentrada na faixa etária a partir de 60 anos. Entre eles está o Sr. Antônio Mocelin, aposentado com 67 anos, que sempre trabalhou como pintor e passou a vida sentindo falta do básico da educação. “Às vezes precisa-
Mocelin sempre se interessou em iniciar os estudos, mas como sua rotina de trabalho era puxada ele nunca frequentou as salas de aula. “Além de não ter tempo eu também tinha vergonha. Eu não queria estudar com um monte de jovenzinhos que sabiam bem mais do que eu. É melhor ficar do jeito que está mesmo”, conclui o aposentado. A Secretaria Municipal da Educação (SME), através da assessoria de imprensa, destacou que a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) é ofertada em 61 das 185 escolas municipais regulares e atende aproximadamente 2 mil estudantes. Para compreender as características e o perfil dos estudantes, as aulas acontecem, na grande maioria, no período noturno.
Deficientes Cerca de 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Esse é o dado estipulado pelo IBGE, que também aponta que 61,1% dessas pessoas não possui instrução ou então não completou o ensino fundamental. Só o Paraná concentra cerca de 2 milhões de deficientes e conta com muitas instituições voltadas para essa causa, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). O coordenador de projetos sociais da instituição Sérgio Feldhauf, destaca que para receber com eficiência uma criança especial são necessárias estruturas adequadas como rampas de acessibilidade, equipamentos na área da saúde e também na área pe-
Fonte: IBGE mais fortalecido se estabelecer o grau de ensino, nossas chances de caminharmos para uma sociedade melhor são expressivas”. Atualmente, alguns índicesvoltados para a educação, em Curitiba, então acima da média brasileira. De acordo com os dados mais
va misturar água na tinta e eu nunca entendia as doses porque eu não sabia ler e não sabia fazer cálculo. O que eu sei hoje foi vendo os outros fazendo e ganhando experiência. Mas se me perguntar como faz a conta, eu não sei te explicar”.
A Prefeitura também conta com o projeto Centro Regional de Educação de Jovens e Adultos (Cereja), que amplia a estrutura da rede municipal para a escolarização de pessoas que não concluíram ou não iniciaram os estudos.
dagógica. Porém, na visão do coordenador, as escolas municipais estão muito atrasadas na acessibilidade. “Só agora algumas escolas estão começando a mudar a estrutura de banheiro para cadeirante e estão pensando em uma rampa.
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Educação Mas a grande maioria ainda tem escadarias, sem nenhum acesso alternativo para os andares superiores”. Para suprir essa ausência de atendimento, a própria Apae possui a Escola de Educação Especial Estimulação e Desenvolvimento (Cedae), para receber crianças de zero a seis anos e até grávidas, a partir de o momento em que for diagnosticado alguma deficiência no bebê. Deste modo, de acordo com Feldhauf, a
A assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que a inclusão prevê atendimento às crianças em escolas regulares, somente com casos mais severos atendidos em unidades diferenciadas. Deste modo, a rede municipal de ensino de Curitiba conta com três escolas básicas na modalidade de Educação Especial e oito Centros Municipais de Atendimentos Especializados (CMAEs), que dão suporte às escolas na inclusão dos estudantes.
Fonte: IBGE intenção da associação é fazer uma estimulação precoce. “Nós entendemos que a criança tem que passar por uma escola especial para ela ser acompanhada em todas as áreas possíveis, conseguir se desenvolver e posteriormente ser incluída na escola municipal”. Mas, para ele, isso não é o que normalmente acontece. “Alguns pais entendem que a criança tem que ir direto para uma escola do município, mas essa escola não está preparada, tanto na estrutura e assim como no profissional que vai recebê-la”. Nessas escolas especiais da Apae estão presentes tanto professores do governo do Estado, quanto da Prefeitura. Segundo o coordenador, o contato com a Prefeitura de Curitiba não possui complicações. “Eles são bem acessíveis e bem atenciosos”.
Creches O atendimento dentro das creches municipais de Curitiba é um dos focos das propostas dos candidatos à Prefeitura. Atualmente, o sistema conta com 205 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), para atender crianças de zero a cinco anos. De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, até o fim do ano, serão entregues mais 10 unidades à população e outras nove permanecerão em obras. Existe ainda uma parceria do município com outros 74 Centros de Educação Infantil (CEIs), para atender crianças de zero a cinco anos. A assessoria também relatou que todas as crianças de quatro a cinco anos foram matriculadas, e que o desafio agora é atender a demanda de
crianças de zero a três anos. Quanto à questão do número de funcionários para esse atendimento, a assessoria afirmou que existe uma grande quantia de profissionais e que há uma política contínua de recursos humanos para assegurar o andamento dessas atividades. Uma das propostas dos candidatos que chamou a atenção do secretário geral do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Jonathan Ramos, é de que as CMEIs possuam vagas também no período noturno. A questão já foi discutida entre as instituições participantes do Fórum de Educação, o que gerou a seguinte posição do sindicato. “Somos contra ao CMEI noturno porque entendemos que é um local educacional. Se é tão bom para população, por que não estão propondo as escolas noturnas também? Se é o mesmo público atendido, então eles não deveriam apenas propor CMEIs noturnos”, relata o secretário. Por fim, Ramos diz que a educação de modo geral tem bastante pontos a serem discutidos com os candidatos a prefeito.
Escolas municipais e os salários dos servidores De acordo com os dados fornecidos pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba, o salário básico dos professores para o regime de 20 horas semanais, no início
ciente. Ele destacou que esses profissionais não estão sendo valorizados, justamente por causa do plano de carreira, que segundo Ramos, “não abraça esses servidores”. Outra preocupação do secretário geral do Sismuc é com relação ao desvio de função de alguns servidores e locomoção das crianças em algumas escolas. “Eles (a Prefeitura) ainda tentam usar os auxiliares de serviço público escolar, para fazer o transporte de crianças a pé. Têm escolas, no Cajuru, por exemplo, que os auxiliares estão fazendo o trajeto entre uma escola e outra com 30 crianças a pé. E daí é onde a gente pergunta: de quem é a responsabilidade se algum acidente vir a acontecer com qualquer criança?”. Sobre o transporte escolar, Ramos reitera que hoje a Prefeitura contrata várias empresas para fazer tal atividade e quem faz a locomoção também é um auxiliar de serviços escolares, sozinho, com 30 crianças dentro de um ônibus. Mesmo assim, o secretário afirma que o Sismuc possui contato direto com a Prefeitura, mas isso não significa que as suas reinvindicações são atendidas.
de serviços escolares está em discussão pela Lei 11.000, com a participação de representantes do Sismuc. O processo de estudo engloba mais de 100 cargos envolvidos para o detalhamento de funções que ao longo dos anos foram se modificando e precisam atender às demandas da sociedade atual. Sobre o transporte das crianças, a assessoria de imprensa afirmou que a travessia de estudantes ocorre entre a escola e a unidade de educação integral quando as unidades ficam próximas uma das outras, às vezes na mesma rua, outras uma frente à outra ou a poucos metros de distância. “Somente nestes casos é que as turmas são conduzidas caminhando e sempre na companhia de um profissional da escola”. A assessoria ainda complementa que, na atual gestão, a Prefeitura passou a oferecer transporte escolar gratuito para mais de 2,3 mil estudantes da rede municipal de ensino, atendidos nas unidades de contraturno que são distantes das escolas onde a criança estuda, ou ainda nos casos em que a travessia arriscada em função de vias perigosas.
Em resposta, a assessoria de imprensa da Prefeitura destaca que a atual gestão tem como compromisso investir na valorização dos servidores e tem feito isso nos últimos três anos e meio. Desde 2013 foram implantados três novos planos de carreira, os quais
A oferta de transporte, de acordo com a assessoria, faz parte das estratégias para a elevar a qualidade do ensino, uma vez que contribui para melhorar a frequência escolar dos estudantes. Outra alternativa é o passe escolar, para alunos que residem e
foram construídos com a participação dos servidores das áreas e representantes dos sindicatos, atendendo várias classes, inclusive dos magistrados e educadores.
estudam em Curitiba, matriculados em escolas de ensino regular, de primeiro, segundo ou terceiro grau, com baixa renda familiar. Existe ainda o transporte para estudantes da educação especial, com uma linha especial para a locomoção de alunos estudantes com deficiências.
“A escola norteia a vida das pessoas” da carreira, é de R$ 1.918,15. A progressão desse valor, ocorre com o desenvolvimento do plano de carreira. Para atender à demanda, a rede municipal de ensino conta com 18 mil servidores, entre os ativos e aposentados, o que, segundo o secretário geral do Sismuc, não é o sufi-
Com relação ao acúmulo de funções, citado por Ramos, a assessora comenta que o descritivo da função de auxiliar
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Inovação, Jovem e Futuro
Para onde vai o seu dinheiro? Orçamento de Curitiba teve gastos reduzidos para quitar dívidas nos últimos anos Breno Soares 6° período
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e acordo com dados fornecidos pela Prefeitura de Curitiba, historicamente, até o ano de 2013, a cidade tinha a maior parte de seus recursos destinados ao urbanismo. Obras de infraestrutura, calçadas, reformas, asfaltamento, pontos de ônibus e praças eram feitas, além das obras que aconteceram na cidade por conta da Copa do Mundo. Porém, essa realidade mudou. A Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê até o fim desse ano investimentos totais de R$ 3,09 bilhões nas áreas de educação e saúde. O valor representa 40% do orçamento total do município de Curitiba para o ano de 2016, que é de R$ 7,730 bilhões. Os dois setores são, desde 2014, os que mais recebem investimentos públicos. De acordo com José Carlos Marucci, superintendente da Secretaria Municipal de Finanças (SMF) de Curitiba, “a proposta orçamentária para 2016 prevê um investimento, em educação, de 30% das receitas usadas no cálculo do índice constitucional. Para a saúde, considerando transferências do Sistema Único de Saúde (SUS) e convênios, a Prefeitura irá destinar recursos totais de R$ 1,598 bilhão, 5% a mais do que em 2015”, diz . O valor corresponde a 18,75% da receita do índice constitucional, um valor definido com base na arrecadação de impostos do Estado, municípios e outras arrecadações menores. Curitiba ficou conhecida por inovar, e as inovações seguem recebendo investimentos. Não existe verba específica no orçamento para inovação, mas
projetos e ações estão pulverizados em diversas secretarias. Exemplos são os semáforos inteligentes, que beneficiam idosos e deficientes, a área calma, que reduziu o número de acidentes no centro da cidade, e o Passaporte Curitiba, com o wi- fi público. Entretanto, Curitiba deve dinheiro. Em 2013 havia uma dívida de R$ 579 milhões. Desse dinheiro, R$ 399 milhões eram de despesas que nem foram previstas no orçamento. Grande parte do valor foi negociado e pago, mas o município ainda paga prestações mensais de R$ 6 milhões. No início da atual gestão, foi assinado um decreto que instituiu o chamado Programa de Melhorias da Receita e do Gasto Público. Ele previa o corte de 10% nas despesas de custeio de todas as secretarias e órgãos de administração direta e indireta. A previsão é de que a gestão atual, economize no cumulativo até R$ 1 bilhão para os cofres da Prefeitura de Curitiba, desde 2013.
Segundo o superintendente da SMF, um dos mais emblemáticos cortes foi nos contratos de limpeza. “Medidas de alteração dos procedimentos de trabalho, como a rotina de limpeza das áreas administrativas, que aconteciam duas vezes ao dia e agora acontecem dia sim/dia não, e a substituição do sistema de contratação por posto pelo método de metro quadrado, tiveram impactos significativos tanto no valor do contrato como no uso de materiais de limpeza e pessoal”, conta ele. Apesar das dívidas, o orçamento de Curitiba tem apresentado resultados superavitários. Até agosto deste ano, o superávit primário, que é o resultado das contas públicas com a exclusão dos juros, foi registrado em R$ 496 milhões. De acordo com a assessoria de imprensa da SMF, o orçamento para o ano de 2017 está na ordem de R$ 7,9 bilhões. Deste total, aproximadamente R$ 1,3 bilhão será destinados à
educação, o que representa 30% do índice orçamentário, e R$ 873 milhões vão para a saúde, aproximadamente 20% do mesmo índice. Os investimentos feitos com recursos próprios da Prefeitura, na saúde, serão de R$ 647 milhões. As duas áreas continuam recebendo a maior parte dos investimentos do município. Informações sobre o orçamento da cidade estão ao alcance do cidadão. O site da Prefeitura possui o Portal da Transparência, que disponibiliza informações sobre as receitas, despesas, compras, licitações, planos de governo e outros detalhes. Os orçamentos anuais disponíveis no site cobrem do ano 2001 até 2016. No final do ano o orçamento 2017 deve ser disponibilizado. As informações ao público sobre a aplicação dos recursos do município são obrigatórias de acordo com a Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009 e Decreto nº 7.185, de 27 de maio de 2010.
O portal de transparência disponibiliza os gastos da cidade em todas as áreas da Prefeitura
Breno Soares
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Inovação, Jovem e Futuro
Wi-fi público deve ser ampliado Conectar a cidade faz parte dos planos de urbanismo de Curitiba Breno Soares 6° período
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serviço de wi-fi público já está presente em Curitiba desde o início de 2013. A implantação dos pontos de wi-fi fizeram parte das preparações para a Copa do Mundo. O serviço teve qualidade baixa em seu primeiro ano, mas hoje é uma boa opção para o cidadão. De acordo com a 27ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), divulgada em abril deste ano, em maio, existiriam 168 milhões de smartphones no Brasil, 9% a mais do que em maio de 2015. Muita gente tem smartphones, e quem tem um, usa a internet. Um
dos principais problemas com isso acontece quando o plano de internet se esgota na rua. Mas em vários pontos de Curitiba, isso pode acontecer sem maiores prejuízos.
para o máximo de pontos possíveis. “O projeto da URBS prevê wi-fi gratuito nos 21 terminais de transporte da cidade até meados do ano que vem” conta Andreatta.
A cidade conta com hotspots de wi-fi em 11 praças e em mais de 130 escolas municipais, além do Terminal do Capão Raso e a rodoferroviária. De acordo com Daniel Andreatta, diretor de transporte da Urbanização Social S/A (URBS), até o fim de 2016, os terminais do Pinheirinho, Cabral, Boqueirão, Santa Cândida e Campina do Siqueira devem receber o serviço de internet gratuita.
Ele afirma que além dos terminais, estão acontecendo testes para a implantação de wi-fi na frota de ônibus, o que permitiria que passageiros em movimento pudessem se conectar.
A expansão gradativa da rede deve acontecer nos próximos anos, visando levar o sinal
Julia Machado é estudante, e frequenta a Praça da Espanha, no Batel, um dos pontos onde existe wi-fi público. Ela afirma que em 2014, quando utilizou pela primeira vez, não gostou do serviço. “A internet era lenta, caía, e de vez em quando nem conectava. Desisti
Millennials lutam por vagas Investimento na educação continua sendo estratégia para aumentar a empregabilidade entre os jovens Marina Darie 2° período
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m estudo mensal realizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada em 2015, revela que a taxa de desemprego em Curitiba chegou a atingir 10,6%. A população jovem é a que mais sofre com esse fenômeno de acordo com a Organização Internacional de Trabalho (OIT). Os millennials, mais conhecidos como Geração Y, nascidos en-
tre os anos oitenta até meados dos anos noventa, não conseguem se achar no mercado e partem para um investimento maior no ensino. Quatro recém-formados de diversas áreas foram entrevistados pela equipe do jornal Comunicare, e percebe-se que os estudos vão além da faculdade. Todos eles aplicaram capital em projetos como cursos Camila Dariva
Jovens precisam de especialização e experiência para encontrar trabalho
de reciclagem, pós-graduação e até mesmo intercâmbios. Contudo, mesmo com a alta carga de conhecimento, a arquiteta Alessandra de Barros e a funcionária pública Juliana Luz afirmaram que o maior empecilho ao sair da universidade é a falta de experiência. “Apesar da faculdade ser extremamente importante na formação de uma pessoa, somente a prática te proporciona determinados conhecimentos”, conta Alessandra. Mesmo com muito pessimismo assombrando a economia, nem tudo está perdido. A engenheira elétrica Bárbara Xavier, formada no final de 2013, surpreende ao informar que em seu ramo de trabalho, as contratações são recorrentes. Para ela, a especialização e conhecimento de idiomas são fundamentais.
de usar na época. Mas agora funciona bem”, afirma ela. A redação do Comunicare foi até a Praça da Espanha para fazer o teste. Usando um smartphone com sistema operacional Android, a conexão é estável e aplicativos como o facebook, whatsapp e twitter abrem com rapidez. A cobertura do sinal alcança a praça inteira. Para usar o serviço, é necessário fazer cadastro pelo site passaportecuritiba.org.br e fazer login na rede. O cadastro pede por nome completo, endereço de e-mail e físico, além de CPF e uma senha. O nome da rede de wi-fi é WIFI_CURITIBA em todos os pontos de conexão.
A coordenadora de políticas públicas sobre a juventude da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ), Luciane Fagundes, declara que o mercado de trabalho não consegue absorver todos que desejam trabalhar nele, por isso as experimentações são muito válidas. Apesar desse foco na formação, Luciana reconhece que atualmente ocorre uma “ditadura do ensino médio”, em que vários estudantes evadem as escolas nesse período estudantil. “Quanto maior a escolaridade, maior a capacidade de negociar com o empregador”, diz a coordenadora. Por esse motivo, ela reitera que maiores níveis de educação são chave para se conseguir empregos melhores.
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Saúde e Saneamento
A saúde está doente Pesquisas mostram um aumento de 600% de casos de sífilis em gestantes em cinco anos Beatriz Mira 3° período
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Quantidade de gestantes com sífilis por ano em Curitiba
e acordo com dados divulgados pela Prefeitura de Curitiba, em 9 de agosto de 2016, o número de casos de sífilis teve um aumento significativo nos últimos cinco anos. As ocorrências de sífilis congênita que em 2010 eram 55, foram para 155 em 2015. Considerando os mesmos períodos, o número de casos em gestantes subiu de 76 para 440, um aumento de cerca de 600%. A diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Juliane Oliveira, reconhece a epidemia e conta que é um fenômeno que está acontecendo no mundo inteiro. Ela afirma que o Brasil já participou de diversos planos para diminuir os casos, e atualmente está trabalhando com um material da Organização Mundial de Saúde (OMS), para erradicar a doença. Segundo Juliane, a maior dificuldade no tratamento de sífilis é com os parceiros da paciente. “Existe uma dificuldade enorme no diálogo entre a mulher e o parceiro. Muitas vezes ela é agredida por sugerir o teste”, afirmou. A diretora também coloca o tratamento como um fator que dificulta a erradicação da sífilis, por ser injetável. Para a diretora, o primeiro passo para o cuidado com doenças facilmente transmissíveis é a conscientização e a prevenção. Segundo ela, uma parte da população acredita que é dever apenas da Prefeitura lidar com medidas preventivas. “Mesmo após tantas campanhas de conscientização sobre dengue, zika e chikungunya, acredito que ainda teremos problemas de água parada nas casas”, comentou.
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Fonte: SMS/CE/CIMEP/SINAN Sobre estas três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, a diretora afirmou que em Curitiba foi necessário adaptar a estrutura para lidar com o grande volume de pessoas. Ela acredita que no próximo verão, a chikungunya será a doença que mais afetará a população.
Falta de Recursos Um enfermeiro da rede municipal que preferiu não se identificar, afirma que tem grandes dificuldades com estrutura. Segundo ele, a falta de equipamentos e profissionais é constante. Ele diz que os enfermeiros trabalham sem luvas, sondas, agulhas para tirar sangue e medicamentos “Nossa relação com a Prefeitura é complicada. Nos sentimos sem apoio em vários sentidos” disse. Além da dificuldade com estrutura e recursos, o que mais atrapalha a rotina, segundo
ele, é a falta de profissionais. “Sem médicos o atendimento fica demorado. Sem enfermeiros e técnicos todos ficam sobrecarregados”, afirmou. Segundo o enfermeiro, muitos pacientes que chegam com problemas simples deveriam ser tratados por enfermeiros, deixando para os médicos apenas os casos mais graves. Para o enfermeiro e assistente de gabinete da SMS, Eduardo Funchal, uma das maiores dificuldades no setor público de saúde é uma questão cultural: a maioria da população procura soluções imediatas, que não alterem a sua rotina. Por isso, pessoas com problemas não urgentes procuram as unidades de emergência, superlotando estes locais. Ele afirma que a Prefeitura está tentando fazer a população valorizar o médico da família, que passa tempo com os pacientes, receitando não apenas medicamentos, mas também hábitos mais saudá-
veis. Funchal diz que a qualidade dos atendimentos de emergência e saúde mental, e a abertura de novos postos foram os avanços principais dos últimos anos. A respeito da falta de recursos e pessoal, o enfermeiro afirma que é sim um problema existente, mas que não é exclusivo do sistema de saúde. Ele também diz que os resultados de pesquisas de opinião e caixas de sugestões são na maioria positivos. Cerca de 80% de aprovação, segundo Funchal. “Quem usa o serviço, gosta e aprova”, comentou. A diarista Elaine Cristina conta que usa muito o Sistema Único de Saúde (SUS), para ela e seus quatro filhos. Elaine mora no Sítio Cercado e diz que o posto perto de sua casa não tem nem pediatra, nem ginecologista. Ela também afirma que quando pede um exame mais específico, é normal uma espera de seis meses a dois anos.
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Saúde e Saneamento “O cuidado com doenças infecciosas é falho, pois eles não vacinam todas as crianças de uma família, e alguém sempre acaba pegando”, contou a diarista. Segundo Elaine, existe uma grande dificuldade em consegui uma consulta, mas depois que a consulta é marcada, o atendimento do médico não deixa a desejar.
e pretende continuar até o ano de 2032. Segundo ele, as queixas dos moradores sobre o chorume na água não procede, pois todo o líquido é coletado e tratado. De acordo com Silva, a Prefeitura já estabeleceu um novo plano de coleta de resíduos sólidos baseado numa análise
“Sem enfermeiros e
técnicos, todos ficam sobrecarregados” Problemas na Caximba Destino do lixo sólido mudou de endereço desde que o aterro da Caximba foi fechado em 2010. As moradoras do bairro da Caximba Elizir e Acary Pilato contam que se sentem esquecidas pela Prefeitura. Elas explicam que muitos dos trabalhadores rurais da região ainda perdem seus animais, devido ao chorume que contamina a água do bairro. “Não temos mais as moscas, mas ainda sentimos o aterro todos os dias na água e no cheiro”, afirmou Elizir. Mãe e filha relatam que estão há anos esperando a indenização prometida quando o aterro foi aberto. Elas contam que sentem falta de um representante da região na política, ou até mesmo uma associação de moradores. O chefe do departamento de limpeza pública, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Luis Celso Silva, afirma que a Prefeitura está fazendo o acompanhamento da região,
realizada pela International Finance Corporation (IFC), instituição do Grupo Banco Mundial contratada pela Prefeitura no início de 2015. O plano trará um mecanismo que pagará a empresa baseado em seu desempenho, e o objetivo principal do plano é reduzir o volume de lixo nos aterros. Para a engenheira civil Fernanda Paes de Barros Gomide, os moradores da região herdaram um problema passivo, já que terão que esperar um bom tempo até que a natureza se reestabeleça. “Serão necessários 30 anos no mínimo para que os moradores possam viver normalmente de novo”, declarou a engenheira. Uma das soluções, segundo Fernanda, seria investir na criação de usinas de compostagem, usinas de reciclagem de materiais compostos por polímeros, vidros e papéis, com a finalidade de diminuir a quantidade efetiva de lixo que vai para os aterros.
Moradores do Tatuquara reclamam da falta de saneamento A estudante Jaqueline de Oliveira morou na região do Tatuquara durante toda a sua vida. Segundo ela, o bairro cresceu e a estrutura não o acompanhou. Por isso hoje, além da questão do saneamento, os moradores se preocupam muito com a segurança. Nos dias quentes o mau cheiro fica muito forte, e traz para dentro de casa baratas e sapos. Jaqueline explica que mesmo com o crescimento do bairro, a população ainda tem que viver usando uma valeta como esgoto. Ela também aponta que nos dias de chuva os bueiros transbordam e as ruas ficam alagadas, deixando todos com medo de doenças como a dengue.
A responsável pelo departamento de recursos hídricos e saneamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e engenheira civil, Marlise Eggers Jorge, explicou que cada um é responsável por se conectar à rede de esgoto. De acordo com a engenheira, o trabalho da Prefeitura é de fiscalização. Ela explica que muitas vezes a vistoria é realizada com cuidado, mas pode ser comprometida por pessoas que não estão em casa ou não os deixam entrar. “O esgoto no rio não é culpa da Prefeitura.
O lixo no rio também não. Toda a população tem que se envolver”, declarou. Quando uma casa em situação irregular é encontrada, o órgão notifica, espera o dono se adaptar e não existe punição. Ela explica que palestras são realizadas na comunidade antes da vistoria. “Explicamos o que vamos fazer, o que é estar irregular, o que o trabalho significa, o que vai mudar, e a recepção é sempre muito boa”, contou. Marlise afirma que 54 rios de Curitiba cresceram no índice de qualidade de água nos últimos quatro anos. Beatriz Mira
“A Prefeitura pede para que todos cuidem de suas casas e não deixem água parada, mas nunca vimos ninguém fazer uma manutenção nos terrenos baldios que estão completamente abandonados na região, ou das situações de alagamento”, explicou. A estudante também comentou que ainda não viu nenhum candidato à Prefeitura no seu bairro. Juliana Coelho também é moradora da região e explica que onde ela mora, tudo que existe de saneamento, energia e outros recursos básicos foi feito por moradores. “Precisamos do básico. Não temos ruas, postes, nem o carteiro chega na nossa rua”, conta Juliana. Ela disse que nunca a Prefeitura ofereceu nenhum apoio. Mesmo com o crescimento do bairro, moradores ainda dependem de valetas
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Moradia
Era uma casa muito engraçada... Ter um saco plástico como teto ainda é a realidade de muita gente. Atualmente, milhares de pessoas esperam por uma casa na fila da Cohab
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Maria Victória Lima 6° período
Segundo a assessoria de imprensa da Cohab, o tempo de espera varia de acordo com a renda salarial. Inscritos com renda familiar até R$ 1,6 mil (denominados de Faixa 1) a convocação obedece normativa do governo federal que prevê sorteio; para a Faixa 2 (renda acima de R$ 1,6 mil) é obedecida ordem cronológica de inscrição. Neste caso, o tempo médio de espera está entre dois e três anos. Segundo Shirley Bonfim, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Ahú/ Cabral, a demora da lista da Cohab faz com que muitas famílias desistam do processo.
Rafael Sábio 2 º período Izabelly Lira 1 º período
ão 64 mil famílias inscritas no programa da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) atualmente. Desde 2013 já foram entregues quase 11 mil casas, sendo mais de 1,1 mil famílias beneficiadas este ano, porém, para as que estão na fila, a espera ainda pode demorar.
Para o professor Doutor em gestão urbana Carlos Hardt, o que mais falta em Curitiba são projetos adequados e adaptados à cidade. “Antes nós tínhamos projetos adequados à vida e ao clima daqui; e a partir do momento que pegaram um projeto que servia ao país como um todo,
nós temos edifícios que são absolutamente iguais aqui e no Nordeste”, afirma. Para o professor de Engenharia Civil Ricardo Bertin, o que se poderia investir, “é investigar, com auxílio das universidades, a possibilidade de alternativas de moradia. Por exemplo, alternativas de material – o que é possível baratear – para que se tenha uma melhor locação de recursos e eu possa fazer mais moradias”, declara.
Já para Shirley, o pior erro é retirar essas famílias dos terrenos invadidos e não ter onde alocar. “Remoções em áreas de risco sem oferta de moradia adequada só geram novas ocupações em áreas de risco, essa é a história das nossas cidades”.
Em relação às famílias que vivem em terrenos irregulares, a assessoria da Cohab afirma que o município de Curitiba procura regularizar comunidades já consolidadas, oferecendo infraestrutura, mapeando a área e realizando um projeto para adequar a ocupação aos padrões urbanísticos, mas que ainda não conseguiram resolver a propriedade dos lotes. O município recomenda que as famílias não ocupem irregularmente os terrenos, mas sim aguardem na fila de espera. Para Hardt, é necessário estudar cada caso e descobrir se essa família pode ser regularizada ou será necessário movê-la do terreno ocupado.
lando o de outro”. Ele ainda opina que a Prefeitura deve retirar as famílias das áreas invadidas contanto que saiba onde as colocar e sugere que o Executivo municipal venda os terrenos e arranje um outro lugar que seja de propriedade da Prefeitura para as famílias. “O resumo seria: planejamento”, afirma. Opinião defendida também por Hardt. “Os órgãos responsáveis pelo planejamento habitacional de moradias populares de Curitiba e Região Metropolitana deveriam conversar entre si e planejarem a urbanização juntos”, defende.
Professor Bertin diz que a invasão dos terrenos não deve acontecer, pois “não se pode atender o direito de um vio-
pulares. “Deveria haver uma ação entre os governantes para que fosse consagrada a função social da propriedade”, diz Shirley. Por outro lado, segundo Carlos Hardt, é muito difícil que essa prática seja relevante. “No momento que o edifício volta a ser construído, o preço do imóvel se torna inacessível para aquela família. É neces-
“Não se pode atender o direito de um, violando o de outro”
Maria Victória Lima
Casa abandonada e em mal estado no centro da cidade
Os prédios interrompidos Não é de hoje que, em alguns casos, por motivos diversos, construções acabam sendo abandonadas antes de serem finalizadas. E muitas vezes, pessoas carentes acabam vendo – em um lugar que muitos ignoram – um lar. Nestes casos, o tratamento é diferente. Muitas pessoas acham que essas construções poderiam ser usadas como moradias po-
sário o subsídio do governo. E para isso é preciso injetar capital de alguma forma, já que a empresa do projeto original não tem como doar o imóvel para uso público. Então é tudo um jogo para que se adeque à situação socioeconômica, à localização e à condição de manutenção”, explica. Segundo Bertin, a Executivo municipal poderia comprar um prédio abandonado e realocar os moradores. “A Prefeitura tem regras legais para fazer isso, ela não pode chegar em qualquer prédio e fazer esse tipo ação. Desde que o edifício seja posse da Prefeitura não vejo dificuldade, porém a legislação é demorada”, completa. A Cohab afirma que não se tem uma solução oficial para as famílias que moram nos prédios abandonados por ser uma questão complicada e não ter uma política efetiva neste sentido. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), realiza estudos para medir a viabilidade de transformar os prédios em construções dos programas sociais da companhia de habitação da cidade.
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Trabalho e Emprego
Desemprego preocupa curitibanos Mais de 200 mil pessoas estão em busca de uma oportunidade de trabalho na capital paranaense Nicolle Heep 4 º período Maria Fernanda Gusso 2 º período Henrique Castro 1 º período
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taxa de desemprego em Curitiba no segundo trimestre deste ano é de 10,6%, ficando com 2,5 pontos percentuais acima do resultado do Paraná (8,1%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) no dia 19 de agosto. Essa diferença em Curitiba, de acordo com a economista do Observatório do Trabalho da Secretaria Estadual da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, Suelen Glinski, é efeito da crise que teve início em 2014. “A indústria e o comércio são os setores mais afetados pela crise e estão localizados nos grandes centros urbanos, como Curitiba, por isso esses locais têm maior índice de desemprego”. Das 200.763 pessoas que vivem em Curitiba e estão desempregadas, 3.148 têm ensino superior completo, segundo Suelen. Esses dados revelam que mesmo os curitibanos que têm formação superior não estão isentos dos efeitos da crise. Mariana Machado é geógrafa e gestora ambiental, trabalhou por cinco anos na Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, mas agora não atua mais nesta área. “A crise chegou, eu tive que sair da empresa, junto com outros empregados. Estou sem perspectiva atual de voltar à minha área, pois a área ambiental é a primeira a ser cortada e a última a ser reiterada”, afirmou Mariana. Ela disse ainda que procurou a Agência do Trabalhador e não recebeu retorno, pois as vagas oferecidas estavam desatualizadas.
Segundo a assessoria de imprensa da Agência do Trabalhador, a disponibilidade de vagas para cada área de trabalho depende do que as empresas oferecem e do perfil dos candidatos. A crise, no entanto, não é a única culpada pelo desemprego entre pessoas com ensino superior completo. Segundo a especialista em coaching, Daniella Forster, os dois motivos mais fre-
participação destas no processo de aprendizagem da universidade. Os estudantes que conseguiram transpor os conhecimentos aprendidos em sala de aula em experiências de vida, são os que se destacam dos concorrentes. A especialista em coaching deu algumas dicas para reinserção no mercado de trabalho. Primeiramente, manter bons relacionamentos é essencial, pois isso traz
Informações do segundo trimentre de 2016. Fonte: IBGE quentes para o desemprego entre pessoas formadas em universidades é a falta de um segundo idioma ou algum conhecimento específico da área geralmente requerido pelo mercado e a pouca experiência vivenciada durante a graduação. “Os estágios nem sempre são valorizados pelos estudantes, mas as experiências podem facilitar muito o ingresso no mercado de trabalho”, aponta a especialista. Daniella disse ainda que a ideia de ter um diploma ser garantia de emprego não está correta. De acordo com a especialista, o que vai diferenciar pessoas com formação no mercado é a
não apenas informações importantes sobre o mercado, mas também oportunidades únicas. Saber usar redes sociais da maneira adequada também pode ser algo extremamente útil. Por último, é preciso identificar os motivos que podem estar acarretando dificuldade para entrar no mercado de trabalho e “correr atrás” para se destacar em relação à concorrência. “Hoje a disputa é muito grande por uma boa vaga, assim, todo o esforço torna-se extremamente importante para que você consiga se posicionar estrategicamente, oferecendo diferenciais e consistência suficientes para ser contratado”, explicou Daniella.
Uma alternativa para estudantes ou pessoas com formação superior completa é o Centro Integração Empresa Escola (CIEE) que atua fazendo a ponte entre os alunos e as empresas para o mercado de trabalho através de estágios. Segundo a diretora do CIEE, Fernanda Clock, as empresas estão buscando oferecer mais vagas de estágio, para formar profissionais qualificados. A diretora ainda explica que o trabalho feito pela institui-
ção contribui muito para o desenvolvimento do aluno como profissional, já que as vagas possuem carga horária reduzida, para não prejudicar os estudos e também têm auxílio remuneração. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba, afirmou que além dos postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine), que empregaram 47.637 pessoas este ano, a Prefeitura oferece também os Liceus do Ofício, que são cursos de capacitação em que os participantes aprendem a realizar novas atividades para exercer profissionalmente de forma indireta. E ainda núcleos de suporte para ajudar microempreendedores e pessoas novas no ramo de empreendedorismo.
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Segurança
Quem poderá nos defender? Guarda Municipal ou Polícia Militar? A quem devemos pedir ajuda e em quais momentos? Angélica Klisievicz Lubas 5° período
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egurança pública é sempre um assunto delicado a ser tratado. Assaltos, roubos e arrastões são só alguns dos exemplos dos dilemas que os curitibanos se deparam diariamente. Um dos problemas que a população enfrenta ao passar por situações como essas é a dúvida quanto ao atendimento. Para quem ligar? Onde deve buscar auxílio? Pensando nisso, o Comunicare conversou com a Guarda Municipal (GM) e com a Polícia Militar (PM) para esclarecer algumas situações. A função primordial da GM é “a proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e instalações do município”, como confere a Lei Nº 13.022 de 08 de agosto de 2014. Ou seja, a Guarda preza pelo patrimônio do município.
Polícia Militar
Assaltos; Arrastões; Roubo.
Ligar 190
O inspetor Sicarlos Pereira, da GM, comenta que a Guarda faz patrulhamento frequente em praças, logradouros públicos, feiras e qualquer evento do município, ficando à disposição para ajudar, presencialmente, em algumas ocorrências. “O cidadão deve buscar a GM quando estiver em algum parque, praça, Rua da Cidadania e verificar ocorrências naquele local”, diz o inspetor.
A confusão por parte da população pode sobrecarregar as linhas telefônicas da GM, podendo atrapalhar solicitações que competem à mesma. “Mas de qualquer forma a gente filtra aquela ocorrência e faz o encaminhamento do solicitante para PM, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Corpo de Bombeiros e dá a orientação no momento de solicitação”, finaliza Pereira.
Pereira ainda reforça que, mesmo quando a ocorrência é de responsabilidade da PM, a guarda pode ajudar. “A Guarda não está interligada com o sistema de boletim de ocorrência eletrônico da polícia. Normalmente eles que fazem esse atendimento, mas se verificar o flagrante acontecendo, ela pode dar apoio primário até a chegada da PM”.
Já a PM tem como prioridade a preservação da ordem pública, como previsto na Lei estadual Nº 16575 de 28 de Setembro de 2010. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Militar, algumas das ocorrências atendidas são “roubo, furto, arrastão, perturbação do sossego, acidentes de trânsito, além de crimes ambientais e de
Quem pode ajudar:
alta periculosidade (com as equipes especializadas)” entre muitas outras, sempre priorizando as que oferecem risco à vida. Ainda segundo a assessoria de comunicação da PM, cerca de 30% das ligações recebidas pelo telefone 190 são de trotes ou situações que não competem à Polícia Militar. “A população precisa se conscientizar de que cada vez que ocupa a linha de emergência com algo que não é de polícia, outras pessoas podem estar precisando de ajuda, tentando acessar a linha”. O cidadão deve buscar a Polícia Militar “sempre que houver alguma situação de factualidade, ocorrendo no momento, ou seja, urgência e emergência”, depois do ocorrido a responsabilidade é da Polícia Civil.
Guarda Municipal Problemas em parques/locais públicos; Caso a Guarda esteja próxima a um acontecimento, ela poderá realizar atendimento.
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