Comunicare 290

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Polêmica com MP do ensino médio

Reforma proposta pelo governo causa revolta entre estudantes e educadores Página 04

Trabalho na melhor idade

Boa de fôlego

Aposentados voltam à ativa buscando aumentar a renda Página 07

Curitibana é destaque de mergulho em apneia Páginas 12 e 13

Curitiba, 16 de Novembro de 2016 - Ano 19 - Número 290 - Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

E vamos com Greca

And so we go with Greca Depois de 20 anos, ex-prefeito volta a comandar Curitiba

After 20 years, the former major is once more in charge of Curitiba Páginas 08 e 09


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Coluna

Tempo, tempo, tempo, tempo Q

ueixar-se de falta de tempo é comum, principalmente nos tempos em que o “tempo é dinheiro” nunca fez tanto sentido. A cada dia se tem mais afazeres e oportunidades para fazer mais. O mundo disputa nosso tempo ferrenhamente, como se dependesse disso para viver, na realidade, precisa. Juntamente com a falta de tempo, chega a frustração de não conseguir realizar tudo o que deseja. O desespero chega e a vida vai passando nesse tumulto de “vou fazer isso primeiro porque é mais importante”, “não consegui fazer tal coisa porque estava fazendo outra”, “se eu fizer três coisas ao mesmo tempo resolve? ”, etc. E é no meio desse caos que geralmente as pessoas vão procurar ajuda, tentar descobrir como outros conseguem fazer tudo o que fazem, como podem ter tanto controle sobre o próprio tempo, tentar saber como isso é possível.

Comunitiras

Grandes pensadores, milionários e líderes de grandes empresas fazem coro: controle de tempo é saber definir prioridades. É tudo simples assim, basta você saber estipular o que é mais precioso, saber quanto tempo demora para fazer cada coisa, planejar o que será feito de cada vez e pronto, já é um mestre do tempo! Balela. Perceba que os que afirmam tais coisas geralmente são os mais velhos, mais experientes, que já apanharam bastante da vida até chegar no tão sonhado ponto alto da carreira profissional. Você provavelmente não verá um adolescente ou um jovem de 20 anos contando como administra bem seu tempo para conseguir fazer tudo o que faz. Ninguém aprende a controlar o tempo cedo. Essa é uma das lições que a gente aprende com a vida, o famoso “aprender errando” se aplica perfeitamente.

Talvez possamos colocar a culpa em nossos pais: por que não nos ensinaram a planejar os dias? Ou talvez em nossos professores do ensino básico: por que não nos mostraram como definir prioridades? A essa altura do campeonato, procurar um culpado só vai nos fazer perder mais tempo. O jeito é tentar aprender como os outros aprenderam e sonhar com a plenitude do autocontrole temporal. Afinal, se o mundo nos entrega tantas tarefas e opções de gasto de tempo, devemos ser capazes de fazer tudo, não é mesmo? Vamos continuar tentando gerir essa bola de neve de forma que em alguns minutos possamos respirar. E se alguém descobrir o grande segredo por trás da autogestão, por favor, me conte. Lívia Mattos 4º período

Expediente Edição 290 - 2016 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto 8º Período

Eliane C. Francisco Maffezzolli Caroline Deina COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO

4º Período

FUNDADOR DO JORNAL

Julius Nunes

Zanei Ramos Barcellos

COORDENADORES DE REDAÇÃO / JORNALISTAS RESPONSÁVEIS

CHARGE

Miguel Manasses (DRT-PR 5855) Renan Colombo (DRT-PR 5818)

Isabella Beatriz Fernandes 4º Período

FOTOS DA CAPA Beatriz Mira 3º Período

Vanessa Gavilan 5º Período

COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes

EDITORES

PAUTEIROS

Mariana Prince

Larissa Sena

2º Período

Lisy Muncinelli 8º Período

Yasmin Graeml

2º Período

Lisy Muncinelli 8º Período

2º Período

Talita Souza

3º Período

Thamiris Mottin

Luís Gustavo Ribeiro

2º Período

Guilherme Almeida

8º Período

4º Período

Patrícia Munhoz

Luiz Felipe Elias 4º Período

3º Período

Beatriz Mira

2º Período

Maria Vitória Pessoa

Marina Darie

3º Período

2º Período


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Número de casos de câncer de mama aumenta no Paraná Curitiba é a quinta capital com maior maior incidência da doença no Brasil Larissa Sena Maria Vittória Alberti Mariana Prince 2º período

Mariana Prince

N

a região Sul, em 2014, foram estimados 71 casos de câncer de mama para 100 mil habitantes, e em 2016 a estimativa é de que aumente 74 casos para cada 100 mil habitantes. O Paraná possui a quarta maior taxa de incidência no Brasil, e entre as capitais, Curitiba fica em quinto lugar. Os estados e as capitais de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estão na frente dos paranaenses nos dois rankings. O câncer de mama é o mais frequente em mulheres no Brasil, sem considerar os tumores de pele (não melanoma), segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A estimativa do Inca para o ano de 2016 é de que haja 65 novos casos para cada 100 mil habitantes no Paraná e 85 em Curitiba. Mulheres com mais de 50 anos são mais propensas a desenvolver a doença, mas a prevenção deve começar aos 40. O Inca estima que 30% dos casos podem ser evitados quando se tem uma alimentação saudável, peso corporal adequado, não ingestão de bebidas alcoólicas e realização de atividades físicas regularmente. Segundo os dados do Sistema Único de Saúde (SUS), em seis anos houve um aumento de 64% de mamografias realizadas em mulheres entre 50 e 69 anos. A prevenção do câncer de mama não é totalmente possível devido à multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento da doença. O que

Cidades

Vera Beatriz com a camisa do “Câncer de Mama no Alvo da Moda” pode ser feito é o diagnóstico precoce. Recomenda-se que as mulheres conheçam seus corpos e façam o autoexame mensalmente, como o toque. Quando diagnosticado em fase inicial (nódulo menor que um centímetro) as chances de cura são de 95%. Em 1997, surgiu o movimento Outubro Rosa nos Estados Unidos. Desde o lançamento da campanha, no mundo todo são feitas ações com o objetivo de conscientizar a população sobre a prevenção por meio de diagnóstico precoce e tratamento imediato, e fazer com que as mulheres fiquem atentas à doença. O oncologista clínico João Soares afirma que hoje as taxas de cura são mais altas, e que tratamentos como quimioterapia e radioterapia são necessários em alguns casos, e os pacientes devem estar dispostos a enfrentá-los. A aposentada Vera Beatriz, 50 anos, descobriu que tinha a doença há cinco anos. “Quando tinha 38 anos meu pai morreu de câncer, então

comecei a fazer exames de rotina um pouco antes. E isso fez com que eu descobrisse o tumor ainda no início”, conta Vera, que fez mastectomia parcial (retirada parcial do seio esquerdo e axila) logo que recebeu o diagnóstico. Ela ainda passou por radioterapia, durante 28 dias, e hormonioterapia por cinco anos. O último tratamento trouxe algumas consequências como a necessidade de retirar o útero e os dois ovários, pois o tamoxifeno (remédio usada para o tratamento do câncer de mama) é um inibidor de hormônios, e provocou espessamento do endométrio, podendo causar um tumor maligno. Para Vera, a pior fase foi a reconstrução da mama. A radioterapia provocou problemas de cicatrização, e isso, junto com o método escolhido pela cirurgiã plástica, ocorreram complicações em sua recuperação. Vera ficou quatro meses com o corte da cirurgia aberto, sendo submetida a quatro cirurgias para a recuperação total, que aconteceu

Sinais do câncer de mama • Dores no seio • Mudança na textura • Mudança de posição • Inchaço na axila • Vazamento • Mudança no seio • Caroço • Vermelhidão apenas após um ano, ficando pendente ainda a troca da prótese, que foi danificada durante o processo.

O que é câncer de mama? Câncer de mama é uma doença originada pela multiplicação de células anormais na mama, formando tumores que podem até mesmo se espalhar por outras regiões do corpo. Vale lembrar que nem todo tumor é maligno (câncer) e que a doença também atinge homens, embora em uma proporção menor (apenas 1% dos casos totais).


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Cidades

Insatisfação com a reforma do ensino médio Medida Provisória gera polêmica entre educadores e estudantes da rede de ensino público Talita Laurino 2º período

A

Medida Provisória (MP) 746 anunciada pelo governo federal, no dia 23 de setembro, causou revolta entre estudantes da rede pública de ensino. Até o dia 11/10, 200 escolas e três universidades do Paraná foram ocupadas para

Contrariando esse pensamento, a diretora de Cultura da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), Tuany Strassacapa pensa que esse tom de emergência não combina com a reorganização das matérias do ensino

vos alunos e parar de perder a sua dedicação e motivação para outras coisas alheias”. Os estudantes concordam com a necessidade de alterações, mas apontam incoerências no projeto do governo. Emília Leda Perez, ativista estudantil

“Nenhuma alteração será feita sem a realização de seminários” lutar contra as mudanças. Elas consistem em aumentar a carga horária e reduzir o número de matérias obrigatórias (com ênfase em filosofia, sociologia, artes e educação física). O objetivo desse levante é desmoralizar a medida para que ela não seja aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, perdendo então, seu efeito. Para o Ministério da Educação (MEC), a reforma possibilita que o aluno escolha sua área de preferência para um maior aprendizado, fazendo com que a escola se torne um local mais atrativo. Com isso, o governo federal passará a investir R$ 2 mil por jovem e criará 500 mil novas matrículas para o ensino integral. Ao ser questionado pelo presidente Temer, o MEC afirmou através da assessoria de imprensa que: “a proposta da Medida Provisória 746 é fruto de um amplo debate que vem ocorrendo nas últimas décadas e baseia-se em evidências de várias pesquisas que apontam como o tema é urgente”.

médio, pois dessa forma o diálogo com a comunidade escolar não é feito. Segundo Tuany, “as entidades estudantis lutam por reformas há muito tempo, inclusive já existe um projeto dentro do Congresso Nacional, que prevê a reformulação do ensino médio e que passou por todas essas etapas”, conta ela. Para a diretora, a MP é “atropelada e enfiada goela abaixo pelo Temer”.

Envolvidos refletem sobre o assunto

de São Paulo, salienta que não existem professores suficientes na rede pública para trabalhar em meio período e que se o turno integral for instituído, a lotação das salas de aula apenas piorará. Ela também comenta sobre a não obrigatoriedade de matérias relacionadas à área de humanas. Segundo a ativista, a mídia não mostra os reais acontecimentos do cotidiano, e

conteúdos como filosofia e sociologia estimulam o senso crítico necessário para que o indivíduo não seja manipulado por qualquer tipo de governo. A estudante admite que em São Paulo as discussões dentro das entidades chegaram mais tarde, e revela que “depois desse estouro no Paraná perceberam que aqui não dá para ficar parado”.

Ocupação das escolas no Paraná O Colégio Estadual do Paraná (CEP) foi ocupado pelos estudantes depois de uma discussão no intervalo das aulas relacionada à MP da Educação e à PEC 24. Depois de perceberem a gravidade do assunto, a ocupação foi organizada em áreas (limpeza, segurança, comunicação, etc). Uma página no Facebook “OCUPA CEP” foi criada para que o movimento possa ser acompanhado. Gabrielly Zem

Fabio Albini, professor do Instituto Técnológico Federal do Paraná (ITFPR) acredita que o modelo de educação brasileira é arcaico e possui muitas limitações. Ele defende que os alunos de antigamente diferem muito dos de hoje, principalmente pelas novas tecnologias que eles utilizam. A geração atual, segundo o educador, é treinada para perder a atenção facilmente e o ensino no país está voltado para pessoas que tenham total foco. “Talvez seja mesmo a hora de se repensar sobre como atrair a atenção dos no-

Protesto no Colégio Estadual Costa Viana, em São José dos Pinhais


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Influência de youtubers cresce entre jovens brasileiros Vlogueiros vêm ganhando cada vez mais espaço na vida dos adolescentes Camilla Ginko Isadora Look 2º período

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egundo pesquisa feita para o Google e o Meio & Mensage, das 20 personalidades mais aclamadas pelos adolescentes, 10 são youtubers, pessoas que gravam vídeos sobre determinado assunto e postam no site YouTube. O estudo, feito em agosto deste ano, foi realizado com 1,5 mil pessoas entre 14 a 55 anos, revelando que a televisão está recebendo menos atenção: – 89% dos adolescentes declararam estar conectados enquanto assistem e, deste número, apenas 4% presta atenção no conteúdo televisivo. Para o público jovem, a internet é o meio de se manter informado atualmente. Desde o ano passado, livros escritos por youtubers vêm ocupando as prateleiras das livrarias. AuthenticGames, Dois mundos, Um herói, Muito mais que 5inco minutos, Segredos da Bel para meninas, Herobrine - A lenda, O diário de Larissa Manoela são os livros de autorias de vloggers na lista do site Publish News dos 20 best-sellers brasileiros.

tes acompanhando muitos youtubers, essa não é a única mídia em que eles adquirem conteúdo informativo. “A teoria de que o consumidor é totalmente passivo e que não ressignifica as mensagens recebidas da internet ou tv já está ultrapassada, estudos de recepção latino-americanos já mostram o espectador como um ser capacitado de fazer suas escolhas”. Já a psicóloga Alessandra Taborda destaca os youtubers como grandes agentes de mudança e influenciadores na vida dos adolescentes. Um lado positivo dessa transformação é a atualidade das

informações de determinados assuntos e temas que esclarecem dúvidas frequentes, mas também tem seus lados negativos, pelo fato de que, muitas vezes essas informações podem não condizer com a verdade dos fatos, esclarece a psicóloga. O vínculo que o adolescente cria com youtuber pode levá-lo a idolatrar excessivamente, chegando ao extremo e ficar obcecado ou até mesmo desencadear uma depressão diante do fato de não conseguir atingir determinadas expectativas e vínculos próximos do seu ídolo. Por fim, a psicóloga dá sugestões para alguém que conquistou fama e tornou-se

idolatrado, sendo: buscar autoconhecimento para ter equilíbrio e saber lidar com pessoas e situações diversas, respeitando suas limitações para conseguir lidar com situações da vida. O YouTube tornou-se uma ferramenta muito procurada a cada dia por jovens, tendo mais de um bilhão de usuários e versões locais em mais de 88 países em que mais da metade das visualizações do site são feitas por dispositivos móveis. Com isso, os adolescentes buscam entrar nesse universo em busca de conseguir fama ou apenas diversão.

Reprodução Stephanie Vitória Gouveia da Silva

A estudante Ana Carolina Ribeiro, 19 anos, acompanha diariamente os canais de Felipe Neto, Rezende Evil, Pipocando e 5incoMinutos, ela também adquiriu os livros de alguns deles e se diz muito influenciada. “Eu sempre acompanho e sempre tento conhecê-los, eles mudam muito meu jeito de pensar também”. A professora de sociologia do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Tatiane de Almeida Berdusco, explica que, mesmo os adolescen-

Política

Para se tornar youtuber é necessário dedicação, uma ideia na cabeça e uma câmera na mão


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Economia

Pesque-pague é uma opção barata de lazer Colombo é uma das cidades que oferecem esse tipo de diversão Breno Soares 3° período

A

crise econômica ainda está forte no Brasil, e a economia é importante para o bolso do cidadão brasileiro. Mas com a chegada do final do ano e das estações mais quentes, o lazer não é esquecido e entre as opções estão os pesque-pague.

Ela afirma que fora da alta temporada não houve mudança, mas que a família sentiu um aumento do movimento durante o verão. “Vir aqui fica mais em conta, não é? Viagens para longe ficam muito mais caras”, diz ela.

Por isso, formas mais baratas de diversão podem ser mais exploradas.

O pesque-pague possui quatro tipos de peixes para a pesca, e o cliente paga na entrada o que vai pescar.

O casal curitibano vai até a região metropolitana de Curitiba para pescar sempre que o tempo permite. “Durante o verão é uma coisa fácil, tendo um domingo livre, nós já cogitamos. É uma opção barata dependendo lugar.

O casal diz que prefere viajar, inclusive para pescar em Morretes ou até em alto-mar, mas os pesque-pague são uma opção bem mais barata e segura. Os investimentos para pesca costumam variar de acordo com os estabelecimentos, já que alguns têm entrada.

“Como a crise econômica no Brasil ainda está forte, poupar é importante” O secretário de Indústria, Comércio e Turismo do município de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, Antônio Ricardo, afirma que a cidade é uma opção usada pelo turismo de lazer.

Denise Machado e Luciano Armstrong são frequentadores assíduos de pesque-pague.

Falando de valores, é mais viável e é uma coisa mais rápida. Dá para acordar, decidir passear e ir no pesque-pague”, diz Denise. O marido aponta que no pesque-pague ninguém sai frustrado, comparado aos rios.

“Por meio de entrevistas com os empreendedores do turismo de Colombo, um levantamento dos anos de 2014 e 2015 identificou que cerca de 60 mil pessoas circulam pelos estabelecimentos turísticos e de lazer de Colombo nos meses de alta temporada, que vão de setembro a fevereiro, época de férias, verão”. O secretário diz que a alimentação é o maior atrativo turístico da cidade, mas que vários pontos chamam a atenção. Entre eles, os parques e pesque-pague. Rúbia Graziela Guimarães e sua família possuem um pesque-pague e parque aquático em Colombo.

Materiais para a pesca são simples e baratos

Os peixes são vendidos por quilo, e cada um paga apenas o que pescar. Além disso, é necessário ter uma vara de pesca. As mais simples podem variar de R$ 5,00 a R$ 50,00. Breno H. M. Soares


Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Economia

Aposentados voltam ao mercado de trabalho Necessidade financeira e busca de realização pessoal são as principais motivações Raphaella Piovezan Stephanie Abdalla 2º período

A

desaposentação, situação em que aposentados voltam a trabalhar, está cada vez mais comum no Brasil. Segundo pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), mais de um terço dos aposentados (33,9%) continua trabalhando. Entre os motivos principais para essa decisão, estão complementação de renda, a necessidade de se sentir útil e a busca pela realização de sonhos. Do total de desaposentados, 46,9% tiveram que permanecer no mercado por necessidades financeiras. Esse é o caso do coordenador de manutenção Dorival Artigas, que se manteve no mesmo cargo para cobrir as despesas da família. “A condição financeira [na época em que me aposentei] não permitia, e não permite até hoje a sobrevivência somente pela aposentadoria”.

“Temos muita

vontade de continuar sendo independentes, capazes e ativos” Para o economista Daniel Poit, a razão de muitas pessoas estarem na mesma situação de Artigas é histórica. “O Brasil, desde sempre, paga salários baixos aos trabalhadores. Muitas pessoas chegam perto da idade de se aposentar sem ter conseguido arrecadar qualquer tipo de poupança”.

to dos impostos. “No Brasil não há nenhuma seletividade quando se trata de aumento de tributos e isso acaba comprometendo ainda mais o poder aquisitivo do benefício da aposentadoria”.

Poit também conta que a desaposentadoria aumentou por causa da crise econômica, além do fato de que a elevação das rendas dessas pessoas não acompanha o crescimen-

A desaposentação também está ligada à necessidade que muitos inativos têm em se sentirem úteis. A psicóloga Rovânia Sayonara explica que o prazer de se

Busca por realização causa desaposentação

2,1% outros 9,1% ajudar a família 18,7% sentir-se produtivo 23,2% ocupar a mente Fonte: Serviço de Proteção ao Crédito

Por que os idosos continuam trabalhando?

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4,6% completar a renda

sentir produtivo faz parte do bem-estar de muitos aposentados. “Envelhecemos em idade cronológica, mas com vitalidade. Temos muita vontade de continuar sendo independentes, capazes e ativos”. A ex-professora de educação física e também ex-enfermeira Zelinda Just, 71 anos, é uma dessas pessoas. Depois de 28 anos de carreira dando aulas, se aposentou, porém decidiu começar a faculdade de enfermagem. “Eu me sentia útil, tinha boa saúde, tinha pique, então pensava: eu não posso ficar em casa. Por isso resolvi fazer outro curso”. Hoje, Zelinda é também aposentada como enfermeira e fala que se sente realizada por ter continuado trabalhando. Um último motivo para a desaposentação, apontado pela pesquisa do SPC, é a tentativa de realização de um sonho não realizado durante a juventude. Foi o caso de Joaninha Carpineli, 86 anos, que trabalha como professora de piano. “Sempre fui apaixonada por música e meu sonho era ser concertista e professora de piano, mas meu pai não tinha dinheiro para comprar um piano e depois de casada eu tive que apostar em algo que pagasse as contas”. Antes de realizar seu sonho, Joaninha trabalhou como auxiliar de dentista até se aposentar em 1990.


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Política

Greca vence Leprevost no segundo turno Candidato do PMN confirma o favoritismo para a Prefeitura de Curitiba Beatriz Mira Letícia Garib Patrícia Munhoz 3° período Marília Oliveira 2° período

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afael Greca será o novo prefeito de Curitiba, a partir de 1º de janeiro de 2017. Com 461 mil votos, ou 53,25% dos votos válidos, o candidato do PMN venceu a eleição, no segundo turno, realizada no dia 30 de outubro, superando Ney Leprevost (PSD), que acabou com 405 mil votos, 46,75% dos votos válidos. O total de brancos, nulos e abstenções

sobre rios que estão invadindo áreas como a Caximba e a Portelinha. Segundo Greca, todos os secretários mais experientes terão um “trainee” de secretário. “Vou fazer com que os jovens sejam os protagonistas da nova história de Curitiba”, comentou. Esta medida será tomada para que, de acordo com ele, “não tenhamos no fu-

turo políticos gastos, antigos e canastrões como Ney Leprevost, que se diz jovem”. Sobre sua aliança com o governador, Greca afirmou que trouxe a ele o melhor vice que poderia pedir. Também colocou que, independente de partidos, pretende governar com seus colegas técnicos da Prefeitura.

“Avalio a campanha como uma travessia do deserto, mas já passou e agora estou com alegria para governar Curitiba”, comentou Greca. O atual prefeito, Gustavo Fruet, parabenizou Greca no Facebook, e colocou toda a sua equipe à disposição para ajudar na transição. O cientista político Eduardo Miranda contou que apesar de estar muito acirrada a votação

“Avalio a campanha como uma travessia

do deserto, mas já passou e agora estou com alegria para governar Curitiba” Stephanie Graeml Abdalla

foi de 32,7%, maior do que no primeiro turno, cuja soma foi de 27,9%. Greca volta à prefeitura da cidade após 20 anos, com o slogan “Volta Curitiba”, e prometeu focar nas áreas de cultura, mobilidade, economia e saúde. O candidato afirmou que pretende conversar com o governador Beto Richa para reintegrar o transporte metropolitano e prometeu firmar parcerias com hospitais curitibanos, para zerar a fila de especialidades na saúde, além de reiterar que irá cobrir os buracos das ruas mais importantes de cada bairro. O urbanista declarou que irá governar para os mais humildes, e tomará providências

Greca em coletiva de imprensa no TRE, após resultado da eleição


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Política do 2° turno e, assim, estar difícil de saber quem venceria, já era esperado que a diferença de votos fosse entre os 50%. Miranda acredita que o momento decisivo para o resultado foi o final da campanha, em que “Greca conseguiu valorizar seu grupo político”, principalmente tendo ao seu lado Fernanda Richa, secretária estadual da Família e Desenvolvimento Social.

essa grande parte do eleitorado decidiu votar no Greca, constatou o cientista político.

Marilia Oliveira

Miranda acredita que a primeira coisa que Greca deve fazer como prefeito é pensar na estratégia de atuação com o parlamento – a Câmara Municipal – e buscar o apoio dos vereadores para ter suporte nas implementações de suas políticas públicas.

Outro fator apontado pelo cientista político foi que “Greca atacou fortemente o Ney, em suas campanhas políticas”.

“A reintegração do transporte coletivo entre a região metropolitana deve ganhar destaque nos primeiros meses de sua atuação”, afirmou.

As ocupações nos colégios e a greve dos professores também influenciaram no resultado desse 2° turno, afirmou Miranda. Ele explicou que a maior parte do eleitorado tem de 30 a 40 anos e essas pessoas são, na maioria, contra esses movimentos.

Apesar da derrota na disputa pela prefeitura de Curitiba, Leprevost não se mostra abatido com o resultado. “Nós estamos felizes pela grande votação. Mais de 405 mil votos, para alguém que começou com apenas 5% nas pesquisas é motivo de alegria”.

Como o candidato Leprevost estava sendo associado ao movimento dos estudantes,

O candidato do PSD também desejou sucesso para o novo prefeito da capital paranaen-

Eleitores de Greca aguardando o prefeito eleito chegar ao TRE se, mas declarou que “o vencedor da eleição vai ter uma dificuldade grande, porque somando as pessoas que anularam o voto, com as que não foram votar, que votaram em Marilia Oliveira

branco e com as pessoas que votaram em mim, o número é realmente muito maior do que o número de votos que ele teve. Eu espero que isso não seja um empecilho para que ele faça uma ótima gestão”. Em relação ao grande número de votos brancos e nulos, Leprevost disse que esse posicionamento da população se deve a má gestão do governo estadual. “Isso reflete a desilusão dos paranaenses em relação ao Beto Richa, que, na minha opinião pessoal, faz um segundo governo desastroso. Espero que o Rafael Greca não se espelhe nele e faça uma excelente gestão”. No final, o candidato do PSD declarou apoio a Ratinho Jr., na próxima disputa pelo governo do Estado e também diz que prepara surpresas para a próxima eleição.

Leprevost discursando, após resultado do segundo turno

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) informou, via assessoria de imprensa, que foram

registrados 11 crimes eleitorais no Paraná. Apenas um em Ponta Grossa e 10 em Curitiba, porém sem nenhuma prisão. O TER declarou também que havia uma grande apreensão devido às mudanças de locais de votação, mas tudo ocorreu tranquilamente, já que os eleitores se organizaram previamente.

Interior do Paraná Além de Curitiba, as cidades de Maringá e Ponta Grossa também elegeram seus prefeitos no segundo turno. Ulisses Maia (PDT) foi eleito prefeito de Maringá com 58,88% dos votos válidos, contra os 41,12% do candidato Silvio Barros (PP). Já em Ponta Grossa, o candidato do PPS, Marcelo Rangel, foi reeleito com 55,38% dos votos válidos. O candidato concorrente, Aliel Machado, recebeu 44,62% dos votos válidos.


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Policy

Greca beats Leprevost in the runoff The PMN candidate confirms the favortism for Curitiba’s City Hall Beatriz Mira Letícia Garib Patrícia Munhoz 3rd period Marília Oliveira 2nd period Translated by Anna Dória Rachwal, Claudine Duarte, Jorge Lucas Oliveira e Lopes, Luara Dittrich e Rafael Bento Cesar Alfredo

R

afael Greca will be the new mayor of Curitiba from January 1st, 2017. With 461 thousand votes, or 53.25% of the valid votes, the PMN candidate won the runoff election, which happened on October 30th. Greca overcame Ney Leprevost (PSD), who received 504 thousand votes, 46.75% of the valid votes. The total of blank

overflowing in regions such as Caximba and Portelinha. According to Greca, all the most experienced secretaries will have a trainee. “I’m going to make the youth the protagonists of Curitiba’s new history”, he commented. This measure will be taken, according to him, so that “in the future, we don’t have

worn out, ancient and hammy politicians like Ney Leprevost, who claims to be young”. About his alliance with the Governor, Greca said Richa brought him the best deputy mayor he could have asked for. He also stated that, regardless of parties, he intends to rule with his City Hall technician mates. “I evalua-

te the campaign as a desert crossing, but it’s over and now I’m glad to rule Curitiba”, commented Greca. The ruling mayor of Curitiba Gustavo Fruet, congratulated Greca on Facebook and said his team members are available to make the transition successfully.

“I evaluate the campaign as a desert

crossing, but it’s over and now I’m glad to rule Curitiba” Stephanie Graeml Abdalla

and spoiled votes and abstentions was 32.7%, higher than the 27.9% in the first round. Greca returns to the City Hall after 20 years with the slogan “Volta, Curitiba” (Come back, Curitiba) and promised to focus on culture, mobility, economy and health. The candidate said he intends to talk to Governor Beto Richa to reintegrate the metropolitan transportation routes and promised to establish partnerships with hospitals in Curitiba to end the waiting lines for health specialists, besides reiterating that he is going to repair the potholes on the main streets of each district. The urbanist declared he will rule for the humblest and will take the necessary measures about the rivers which are

Greca in a press conference at TRE, after the election results


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Curitiba, 16 de Novembro de 2016

Policy The political scientist Eduardo Miranda said that though the neck-and-neck vote in the second round made it difficult to know who would win, it was already expected the 50% difference in the votes. Miranda believes that the turning-point to the campaing’s result was when “Greca was able to value his political group”, mainly mainly because he had Fernanda Richa, the State Secretary of Social and Family Development, on his side. Another factor that the political scientist points out is that “Greca fiercely attacked Ney in his campaings”. The school occupations and the teacher’s strike also influenced on the second round’s results, said Miranda. He explained that most part of the electorate is around their 30’s and 40’s, and most part of these people is against such movements.

Marilia Oliveira

As the candidate Leprevost was being associated with the students’ movement , this great deal of the electorate decided to vote in Greca, said the political scientist. Miranda believes that the first thing Greca might do as mayor is to consider the operational strategy with the Parliament –the City Council - and seek the support of councilors in order to have support in his public policy implementations. “The reintegration of the public transport in the metropolitan region might be in the spotlight in the early months of his term of office,” he said. Despite the defeat in the race for mayor of Curitiba, Leprevost does not seem discouraged with the result. “We are happy for this great election. More than 405,000 votes, for someone who started with only 5% in the polls, it’s a result to celebrate. “

Greca’s voters waiting for the elected major to get to TRE The PSD candidate also wished success to the new mayor of the state capital, but said that “the winner of the election will have lots of Marilia Oliveira

difficulties due to the fact that if you add the people who spoiled the vote or voted blank, with those who did not vote, plus the ones who voted for me, the total number is actually much higher than the number of votes he had. I hope this is not an obstacle for him to have great management. “ In relation to the large number of blank and spoiled votes, Leprevost said that this positioning of the population is due to the poor management of the state government. “This reflects the disillusionment of the Paranaenses towards Beto Richa, who is having a disastrous second term, in my personal opinion. I hope that Rafael Greca does not imitate him and has excellent management”

Leprevost giving a speech, after the runoff results

In the end, the PSD candidate declared support for Ratinho Jr. in the next race for the state government, and also said he is preparing surprises for the next election.

The Tribunal Regional Eleitoral (TRE), the Regional Electoral Court, reported, via press office, that 11 electoral crimes have taken place in Paraná. Only one in Ponta Grossa and 10 in Curitiba, but no one has been arrested. The TRE also stated that there was a great deal of anxiety due to changes in polling places, but it all occurred quietly as voters had organized themselves in advance.

Interior do Paraná In addition to Curitiba, the cities of Maringá and Ponta Grossa also elected mayors in the runoff. Ulisses Maia (PDT) was elected mayor of Maringá with 58.88% of valid votes, against 41.12% of the candidate Silvio Barros (PP). In Ponta Grossa, the PPS candidate, Marcelo Rangel, was re-elected with 55.38% of the valid votes. The opposition candidate, Aliel Machado, received 44.62% of the valid votes.


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Esporte

Curitibana constrói carreira em mergulho em apneia A atleta contou que já no primeiro mergulho não sentiu vontade de respirar Leticia Garib 3º período

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arolina Schrappe, 42 anos, é recordista sul-americana de mergulho em apneia e sonha em tornar o esporte conhecido no Brasil. O esporte consiste em mergulhar sem auxílio de aparelhos, ou seja, prendendo a respiração. A atleta é mãe de três filhos, instrutora de mergulho e proprietária da academia Acquanauta, em Curitiba. A sua história com o esporte começou há 17 anos, em 1999, quando passou férias em Fernando de Noronha, em Pernambuco, e fez mergulho com cilindro pela primeira vez. “Quando eu

“Quando eu olhei embaixo d’água pensei ‘nossa, é outro mundo’ ” olhei embaixo d’água pensei ‘nossa, é outro mundo’. E foi mais ou menos assim, paixão à primeira vista”, contou. Assim que voltou para Curitiba, Carolina se inscreveu em um curso de mergulho na Patricia Munhoz

mesma academia que é dona atualmente. Durante os 12 meses de curso ela se dedicou totalmente ao esporte, chegando a contabilizar mais de 100 horas de mergulho.

sentiu nenhuma vontade de respirar. Quando ela voltou à superfície levou uma bronca do treinador, pois havia permanecido mais de três minutos embaixo da água.

Na mesma época, ela fez diversos cursos e especializações na área, entre eles o Dive Master, que é o primeiro nível de liderança no esporte, tornando o atleta capaz de auxiliar e supervisionar os demais mergulhadores.

Alguns meses depois, no ano 2000, a Associação Internacional de Desenvolvimento da Apneia (Aida) começou a se instalar no Brasil e procurar pessoas com aptidão para mergulho em apneia e montar uma equipe brasileira. Então, o treinador de Carolina a convidou para fazer um teste e ela aceitou o desafio.

Neste curso são realizadas algumas atividades em apneia e assim aconteceu o primeiro contato de Carolina com a modalidade. Um dos exercícios em apneia consistia em fixar e soltar um gancho, chamado garatéia, entre pedras a cerca de cinco metros de profundidade. Carolina era a única menina da turma e não foi escolhida para a tarefa nas primeiras vezes, até que se voluntariou para fazê-la. “Então eu desci e fiquei lá trabalhando, pensei ‘tenho que conseguir, os caras não conseguiram tirar e alguém precisa tirar, vou ser eu’ e eu consegui! ”, relatou.

Diferentes roupas de mergulho na academia Acquanauta

No entanto, toda esta atividade foi feita em apneia e a mergulhadora afirmou que durante todo o tempo não

Carolina fez testes em três modalidades do esporte: apneia estática, ou seja, permanecer parada embaixo da água durante um período de tempo; apneia de profundidade, que é mergulhar no mar a uma grande distância da superfície; e nado em apneia, que consiste em nadar em uma piscina sem voltar à superfície para respirar. Logo nas primeiras provas, Carolina conseguiu permanecer três minutos e meio em apneia estática, além de descer 18 metros no mar e nadar 50 metros na piscina. Tudo isto sem experiência nenhuma. “Então eu comecei a treinar e após quatro meses eu fui represen-


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Esporte Modalidades do mergulho em apneia Estática: permanecer maior tempo possível parado embaixo da água; Dinâmica: nadar em uma piscina a maior distância possível; Imersão livre: mergulhar no mar com o auxílio de um cabo procurando atingir elevadas profundidades; Lastro constante: o atleta carrega um peso de 2kg durante o mergulho de profundidade; Lastro variável: o atleta carrega um peso de 10kg durante a descida do mergulho e volta utilizando apenas seu esforço físico; No limits: o atleta desce a elevadas profundidades com o auxílio de um sledge (como um elevador) e aciona um balão de gás para voltar à superfície. tar o Brasil em um mundial na Espanha”, contou Carolina. Nesta competição a atleta marcou cerca de 4min e 40s em apneia estática, 30 metros de profundidade no mar e 75 metros de distância na piscina, de nado em apneia.

No ano seguinte Carolina se tornou uma instrutora de mergulho e de lá para cá continua desenvolvendo esta paixão, conseguindo ficar mais de 6min e 10s embaixo da água. Já conquistou nove recordes sul-americanos e

todos os anos, desde 2006 participa de pelo menos uma competição internacional. Durante oito anos ela permaneceu entre os 10 melhores atletas do mundo, porém perdeu posições durante os úl-

timos três anos. Isto, porém, não abalou a atleta, que bateu seu último recorde em setembro deste ano, retornando ao ranking mundial entre as cinco melhores atletas da categoria lastro variável, na qual o mergulhador desce ao fundo do mar com um peso de 10kg e precisa voltar à superfície apenas com seu esforço físico. Carolina atingiu 95 metros de profundidade em 2min e 22s quando bateu o recorde.

O que é mergulho em apneia? O mergulho em apneia é um esporte no qual o atleta precisa mergulhar a longas profundidades e/ou permanecer muito tempo embaixo da água apenas com o ar dos pulmões. Atualmente existem seis modalidades oficiais em competições: apneia estática; dinâmica; imersão livre; lastro constante; lastro variável e no Patricia Munhoz

limits, sendo estas três últimas realizadas apenas em eventos de quebra de recorde. Karoline Meyer é mergulhadora, recordista mundial e fundadora da Aida no Brasil. Ela contou que os brasileiros têm crescido em performances nas competições internacionais. Porém, como elas acontecem geralmente em outros países que oferecem locais adequados para mergulhar com profundidade, os atletas precisam de muito apoio e têm dificuldades para treinar continuamente. A mergulhadora acredita que é preciso investir ainda na união e formação de clubes para desenvolver as modalidades de piscina aqui no Brasil, que, segundo ela, são de fácil visibilidade e, portanto, com maiores chances de apoio. “As provas de profundidade infelizmente se resumem a pontos estratégicos no exterior”, declarou. A médica Adriana Brandão fez seu primeiro curso de mergulho em apneia em 2008 e desde 2011 participa de competições do esporte. Porém, encara tudo isto apenas como lazer. “Para mim as viagens de mergulho livre e competições têm dois aspectos: o primeiro é a realização pessoal e o segundo é o relax, férias”, comentou. Gustavo Buss se interessou pelo mergulho em apneia porque queria melhorar seu desempenho na respiração e conhecer os peixes no fundo do mar. Hoje ele é o detentor do recorde brasileiro na modalidade de profundidade desde 2012, com 57 metros. Ele acredita que morar em Curitiba dificulta a prática do mergulho no mar, porém os atletas podem treinar as modalidades de piscina sem maiores dificuldades.

Acessórios necessários para a atividade de mergulho


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Polícia

Governo do Paraná estuda a privatizaçao dos presídios Cada detento tem gasto mensal de R$ 3 mil causando rombo nos cofres do Estado Wesley Fernando 7º período

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governo do Estado está com um grande problema no seu orçamento, pois no momento, a verba disponível não é suficiente para liquidar as despesas provocadas pelas penitenciarias no Estado. Esse dinheiro é disponibilizado para o Departamento de Execução Penal do Paraná (Depen), órgão que é ligado à Secretaria de Segurança e Administração Penitenciaria (SESP). Para conseguir pagar as despesas geradas, como alimentação, vestuários entre outros gastos, o governo acrescentou R$ 136,2 milhões em outubro, além dos R$ 620 milhões que a SESP já recebe. Uma das saídas que o governo do Estado propõe para resolver o problema é a privatização das penitenciárias, pois a atual gestão liderada por Beto Richa, havia prometido construções e reformas de 14 penitenciárias desde o primeiro ano do seu mandato. Neste ponto é que as empresas entrariam na negociação, pois estas seriam responsáveis pelo tratamento penal completo, além de obter o imóvel para abrigar os detentos. O sociólogo José Renato Teixeira discorre sobre o gasto elevado com os detentos e sobre a má gestão do comando estadual. “O governo ficou gastando dinheiro em coisas desnecessárias para a população e agora está quebrado, e com isso criou vários proble-

mas financeiros para o Estado podendo levar até à falência”. Teixeira também comenta sobre o volume de empresas que poderiam estar interessadas, “acredito que poucas companhias possam se interessar por esse tipo de negociação já que ela não faz com que os envolvidos tenham tantos benefícios financeiros”, acrescenta o sociólogo. O diretor geral do Depen, Luiz Alberto Cartaxo, se mostra favorável à privatização de algumas penitenciárias, pois, segundo ele, a falta de planejamento ajuda a explicar o porquê de as contas não estarem fechando. “Quando entrei no departamento em 2015, a população carcerária no Estado era de 19 mil detentos, basicamente a mesma quantia atual, porém, o principal problema tem sido a alimentação dos presos. Eu não posso aumentar o número de presidiários em razão da falta de dinheiro para cobrir os gastos”, afirma Cartaxo. Outra saída que o governo aposta é o uso das Associações de Proteção aos Condenados (APACS), que ajudariam na retirada de presidiários das penitenciárias e os transformariam em presos monitorados. Estas unidades pequenas contribuiriam principalmente com os municípios menores. Nas grandes cidades do Estado, as unidades também seriam aplicadas nas mulheres.

Tablet para uso educacional Presos matriculados em atividades educacionais recebem aparelhos para melhorar sua educação A Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (Peco) recebeu no dia 29 de setembro tablets para que os detentos possam usar no seu aprimoramento educacional. Agora as aulas presenciais com os professores poderão ser acompanhadas com a ajuda do equipamento dentro das celas, essa novidade é uma ação conjunta do Departamento Execução Penal do Paraná (Depen) com a Secretaria Estadual da Educação. O diretor da Peco, Arnobe Lemes dos Reis, comentou sobre o uso dos aparelhos.”Os tablets irão ajudar a melhorar a educação dos presidiários, pois as cadeias estão para reintegrar o preso na sociedade e nada melhor que o uso da educação para melhorar a situação deles (presos)”. O diretor também comentou sobre a penitenciária ser pioneira ao usar os equipamentos. “Era um método que nós esperávamos aplicar há um bom tempo, agora com essa novidade esperamos que os outros presídios usem a tecnologia para ajudar mais os detentos e com isso melhorar o ensino”, finalizou. Os aparelhos só podem ser utilizados na cela durante a aula, após o término de cada aula os

detentos têm seus tablets recolhidos, além disso todos os equipamentos foram ajustados apenas para o uso pedagógico com acesso a vídeos das aulas gravadas e textos que os professores disponibilizam para a atividade em questão. A coordenadora de educação do Depen, Glacélia Quadros, falou sobre o uso dos equipamentos. “Essa é uma inovação na educação para os detentos e para a segurança pública em geral, já que assim os presidiários podem realmente se atualizar em todos os aspectos do ensino”. A coordenadora comentou sobre a reação por parte dos presos. “Os detentos ficaram bastante surpresos com a chegada dos aparelhos, eles tiveram dificuldades para mexer nos tablets em seus primeiros dias”, completou Glacélia. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Depen aponta que no Estado cerca de 44% da população carceraria está inscrita em atividades de ensino, sendo elas de educação básica, profissionalizante e superior, além do projeto remição de pena pela leitura, projeto que busca diminuir quatro dias de pena a cada obra lida.


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Literária

Se a montanha não vai até Maomé, Maomé vai até a montanha Um dia completamente louco, de puro rock! Guilherme Zuntini 6º período

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inha casa sempre foi um ambiente solitário. Fria. Com vizinhos quietos e sem som algum. Um dia isso mudou. Som de guitarra. Gritos. Música alta. Confesso que me assustei, e não foi pouco. O som entrava pela minha cabeça e não saia. Tentava dormir e não conseguia. Buscava algo para ler, mas não podia. Decidi então ir ver o que estava acontecendo. Notei que o som estava vindo da casa ao lado. Chamei. Toquei a campainha. Gritei. Um moço com os cabelos cacheados saiu. Sua face estava toda pintada de branco com algumas manchas vermelhas. De novo, me assustei. - Pois não? Ele me perguntou já imaginando qual seria a resposta. Eu o respondi dizendo que estava curioso para saber o que estava acontecendo. - É a minha banda, estamos ensaiando. Quer ver? Já que estava ali, quis aproveitar. E olha, não me arrependo! Era como se fosse uma garagem de filme norte-americano onde os adolescentes montavam as suas bandas. Sem tirar nem pôr. Achei que seria algo ruim, irritante, uma bagunça, mas o universo veio e me disse: fique quieto, pare de pensar porcaria.

Foi um dos momentos mais loucos e legais que eu já experimentei. O ensaio acabou e ele me disse: - E ai? Gostou? Se quiser, pode ir a nosso show, vai ser domingo. Eu concordei na hora! Queria muito ver aquilo com mais gente, ter essa experiência maluca. Se ali já foi uma sensação super anormal, imagino no meio de uma multidão. O tempo se passou e o dia do show chegou. Lá estava eu, esperando quando, de repente, aquele ser de 1,68 de altura, com vestes negras e face pintada toca em meu ombro direito e diz: - Vem cá no camarim. Quero que veja melhor a galera. Quando pensava que não podia ficar mais estranho, me deparo com quatro figuras totalmente fantasiadas. Aproveitei para perguntar o porquê de toda produção. - Faz parte da identidade da banda. Disse um dos integrantes da banda. O garoto de cabelos cacheados que, apesar de eu nunca ter notado que era meu vizinho, se reconhece pelo nome Everest, nome da montanha mais alta do mundo, presente na Ásia. Todos os outros cinco integrantes fazem o mesmo. Nanga Parbat, Cho Oyu, Makalu e Manaslu. A banda se chama Montanhôcos e traz consigo uma identidade forte. Trata-se de

um grupo de amigos atores que personificam montanhas e cantam de forma performática as músicas, dando um significado original e diversificado para as letras. O camarim era muito pequeno, mas ao mesmo tempo organizado. Fiquei com eles conversando, mas não pude deixar de observar o que acontecia ao redor. Pessoas gritavam do lado de fora. Tentaram invadir o camarim duas vezes. Nenhum deles se mostrou nervoso, muito pelo contrário, adoravam a festa. Eu não fazia ideia de que eles eram tão conhecidos assim. Um homem entra no camarim e diz: - Pessoal, falta apenas cinco minutos. Vamos nos preparar? Me toquei então que deveria sair. Voltei para o meu lugar e devo dizer que foi incrível, do começo ao fim. A banda, composta por jovens, traz músicas Pop/Rock Nacional e Internacional. Skank, Jota Quest e Fresno. Vocais poderosos. Instrumentos de corda super afinados. Mais uma vez, me surpreendi. Todos que estavam no show sabiam cantar as músicas, que não são de autoria do grupo, mas sim, covers. Após o término do show, voltamos juntos para casa, afinal, moramos um ao lado do outro e nada melhor do que racharmos a gasolina. Perguntei para o Everest o

que ele achava de tudo isso e a resposta foi: - Cara, eu amo a minha vida! Amo tudo isso, de verdade mesmo. Eles me dão muita vontade de continuar, de seguir em frente e nunca desistir. Nunca tive apoio de ninguém, sempre fui um zé mané, mas agora eu realmente me sinto parte do mundo, mudando vidas. Achei o termo “mudando vidas” um pouco pesado. Fiquei com aquilo na cabeça, até que decidi perguntar. - Mudei muitas vidas, sério. Fãs já vieram até mim para agradecer, porque não tinham motivos para continuar, e depois que nos conheceram, se apaixonaram. Acho que porque temos essa pegada de teatro com música. Nós interpretamos, sentimos na pele o que cantamos, é mais real! Realmente, é muito real. Enquanto estive ali, assistindo a performance, compreendi as letras das músicas de uma forma que nunca havia compreendido antes. Foi muito mágico. Chegamos em casa. Chamei ele para jantar, já que não havia comido nada por causa da correria do show. Comemos, conversamos, nos conhecemos. O mais legal de tudo é que não estava ali com o Everest, estava com o Lucas, meu novo amigo de 19 anos, estudante de teatro.


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Ensaio

Secundaristas protestam contra a reforma do ensino médio Estudantes se concentram na Praça Santos Andrade contra a PEC 55/241 e a MP 746 Gabrielle Cordovi 2º período

Estudantes repudiam proposta de reforma do ensino médio

Estudantes na luta pelos seus direitos

Secundaristas vão às ruas para protestar

Manifestantes em passeata na Av. Marechal Deodoro, no Centro de Curitiba


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