Comunicare 304

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Tecnologia em serviço Prefeitura de Curitiba investe na utilização de Drones para fiscalização

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Ouro na PUCPR 12 cidades, 3 países e 11 modalidades participaram das Olimpíadas Maristas

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Memórias da 2º guerra Museu do expedicionário conserva acervo histórico e recebe doações até hoje

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Curitiba, 16 de Novembro de 2017 - Ano 20 - Número 304- Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

LGBTs em risco LGBTs at risk Contrariando Conselho de Psicologia, liminar permite a execução da terapia de reversão sexual Contrary to the Council of Psychology, injunction allows implementation of sexual reversion therapy Páginas 04 e 05


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Curitiba, 16 de Novembro de 2017

Expediente

Coluna

Por trás da moda Thaís Mota 3º período

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entre tantas formas de comunicação, a moda aparece, muitas vezes, para mostrar quem somos através das roupas que vestimos. Essa indústria movimenta cerca de três trilhões de dólares por ano, mas o que se esconde por trás de todo o glamour, são trabalhadores da indústria têxtil escravizados e submetidos a condições desumanas para gerar lucros aos donos das empresas.

os custos de produção sejam mais baixos ainda. É aí que entra a história entre poder e pobreza. 40 milhões de trabalhadores têxteis estão espalhados pelo mundo e a maioria deles vivem em condições de miséria e recebem dois dólares por dia de trabalho, fabricando peças em inúmeras quantidades e em ambientes degradantes, aos cacos.

Em Bangladesh, por exemplo, uma das catástrofes mais A sensação de entrar em uma marcantes foi o desmoroloja e encontrar uma peça de namento de um prédio que roupa com preço tão baixo deixou 931 mortos. Estes, é incomparável a qualquer que por muito tempo, relataoutro sentimento consumisram rachaduras e falhas ta. Contudo, se nunca parou aos donos do estabelecimento. para pensar de onde isso vem, Toda essa questão de salários você faz parte de um granbaixos, condições inseguras de número de pessoas que e desastres em fábricas também não se queixam sobre são justificados por dar o caminho que uma blusa faz emprego àqueles que não até chegar a uma loja. Acredi- têm outras alternativas. te, é triste e revoltante. Além do impacto social que O fast fashion (“moda rápida”) a indústria fashion atinge foi criado com a intenção de no mundo, os ambientais vender muitos produtos a também são alvos de preocupreços extremamente baixos, pação. A produção agrícola de de modo que essa produção algodão, material presente em visa apenas o interesse das quase todos os produtos têxgrandes empresas. Para venteis, vêm crescendo conforme der esses produtos a valores a demanda, fazendo com tão baixos é necessário que que produtos tóxicos sejam

Comunitiras

Edição 304- 2017 pulverizados nas plantações e contaminando não só o solo, mas também fazendeiros e populações que vivem perto destes locais. Nesse meio ainda encontramos o problema de os tecidos não serem descartáveis, isto é, não são biodegradáveis e ficam mais ou menos 200 anos nos aterros liberando gases tóxicos. A publicidade também é uma das vilãs do consumismo, que faz com que as pessoas pensem que comprando vão e conseguir sanar todos os seus problemas e serem felizes. O comércio justo é uma resposta para combater as injustiças. Em um universo onde tudo visa o lucro, a alternativa ideal seria uma mudança econômica nos países, bem como na operação das empresas, possibilitando salários mínimos dignos aos trabalhadores e a igualdade entre semelhantes. Infelizmente, essa mudança é pensada a longo prazo. O que resta é abrir os olhos para refletir sobre o modo de consumo e a situação das pessoas que fabricam nosso vestuário.

O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Bruno Talevi

Eliane C. Francisco Maffezzolli

4º Período

COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO

FUNDADOR DO JORNAL

Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes COORDENADOR ES DE REDAÇÃO /JORNALISTA S RESPONSÁVEIS

Zanei Ramos Barcellos CHARGE Isabella Beatriz Fernandes 5º Período

FOTO DA CAPA Daniel Moura 4º Período

Miguel Manasses (DRT-PR 5855) Renan Colombo (DRT-PR 5818)

EDITORES

PAUTEIROS

Camila Dariva

Gabriel Dittert

Fabiane Coelho

Guilherme Coutinho

Larissa Miglioli

Guilherme Levorato

Thiago Rasera

Izabelly Lira

Renan Pechebea

Lamartine Lima

3º Período 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período

3º Período 3º Período

2º Período 3º Período 3º Período

Renata Simão 3º Período


Curitiba, 16 de Novembro de 2017

A violência mora ao lado

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Literário

O caso - e a posterior lei - Maria da Penha são símbolos da libertação feminina, mas ainda há muito trabalho a ser feito Fernanda Adami Menuci

A cada hora, 503 mulheres são vítimas de agressão física e apenas 11% procuram uma delegacia

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erça-feira à tarde, a Delegacia da Mulher de Curitiba estava cheia. Muitas mulheres esperando atendimento, como também um número considerável de homens. Não havia mais lugares disponíveis para sentar, então muitos aguardavam do lado de fora, em pé. Essa não havia sido a primeira vez que estivera uma delegacia por causa do tema violência contra a mulher. A primeira vez foi acompanhando uma conhecida da família que precisava fazer um BO. Na época, com 8 anos de idade, não tinha entendimento do que aquilo significava. E nem de que aquele era mais um caso em meio a outros que conheceria no futuro: uma conhecida, duas parentes, três entrevistadas para uma matéria especial sobre dez anos da lei Maria da Penha. Quem procurar verá que não são poucos. Logo que entrei, fui abordada por uma mulher de meia-idade com o uniforme preto e vermelho de uma organização. “Se precisar de ajuda, ou conhecer alguma mulher que precise, oferecemos atendimento psicológico e apoio

jurídico. Só entrar em contato com esse número” disse ela, me entregando um folheto do projeto Raabe. Agradeci e me dirigi ao balcão de atendimento. Queria falar com alguma delegada que tivesse tempo para esclarecer algumas dúvidas. Não consegui naquele dia, devido à demanda de atendimento, e teria que voltar na manhã seguinte para falar com Eliete, uma das delegadas. Mas aproveitei que estava lá para me ambientar e, quem sabe, conhecer os motivos que levaram algumas daquelas pessoas até lá. Muitos eram, na verdade, acompanhantes. Um rapaz jovem segurando um bebê enquanto esperava a conhecida fazer o BO. Outra acompanhava a prima. Tentei conversar com um senhor parado em frente à porta. Perguntei se estava acompanhando alguém. Para minha surpresa, a resposta foi bem diferente e direta: “Não estou não. Eu fui é denunciado”. Diante dessa sinceridade me arrisquei a perguntar o que havia acontecido. “Eu nem sei! Vou falar agora com a de-

legada para ver pelo que estão me denunciando” A maior parte das denúncias recebidas ali, como me explicou depois a delegada, são referentes a agressão doméstica. São, em média, 15 a 20 denúncias por dia. Em sua maioria, são relatadas ameaças de morte ou de agressão, lesão corporal, vias de fato (sem marcas visíveis) e injúrias (agressões verbais). As mulheres que procuram o serviço, segundo ela, são das mais diferentes classes sociais e graus de instrução. A violência contra a mulher não escolhe idade, escolaridade, cor ou renda. “É uma lenda urbana achar que só as mulheres de baixa renda que vem até a delegacia. A violência doméstica, infelizmente, é democrática. Atinge todos os públicos”. De fato, as mulheres sentadas na sala de espera naquele dia eram das mais variadas: havia as jovens, as de meia-idade, e até mesma as idosas (essas eram minoria). Havia as negras, morenas e as brancas. Amélia era uma delas. Profissional de enfermagem na casa

dos 30 anos, ela veio denunciar o marido. Casada com um alcoólatra há 14 anos, conta que sempre tentaram resolver o alcoolismo com terapias e ajuda. Mas o vício não poupou a integridade física de Amélia em duas ocasiões. Na primeira vez, ela deixou passar. Da segunda vez, resolveu tomar medidas legais. “Uma vez cheguei em casa e meu menino estava escondido em baixo da cama com medo dele. Não tem como ser assim!”. O caso de Amélia, enquadrado como violência doméstica, é um entre muitos que acontecem no Paraná. No ano de 2016, o estado registrou 35.413 casos de violência doméstica, uma média de 2.951 casos por mês. Dados do Datafolha, divulgados no Dia Internacional da Mulher nesse ano, mostraram que, no ano passado, 10% das mulheres brasileiras sofreram ameaças de agressão física. Nesse mesmo período, o estudo avaliou que a cada hora, 503 mulheres foram vítimas de agressão física. Dentre as que sofreram violência, apenas 11% procuraram uma delegacia.


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Cidades

Como curar o que não tem cura

Daniel Moura

Para o Conselho Regional de Psicologia do Paraná, a decisão liminar é um retrocesso Daniel Moura 4º período

Manifestação da comunidade LGBT contra a liminar do juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal ,Waldemar Cláudio de Carvalho

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juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal ,Waldemar Cláudio de Carvalho, concedeu liminar que possibilita à psicólogos oferecerem à homossexuais a terapia de reversão sexual, conhecida como ‘cura gay’, tratamento proibido pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) interpôs, em 21 de setembro, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região de Brasília, um recurso contra a liminar concedida parcialmente, em 15 de setembro, pelo juiz Carvalho, relacionada à resolução CFP 01/99. A decisão liminar, feita a partir de uma ação popular, manteve a integralidade do texto da Resolução 01/99. Norma que orienta psicólogos a atuar nas questões relativas

“Até que ponto oferecer a terapia

não é uma forma de impor ideologias e manipular pessoas?” à sexualidade, mas determinou que o CFP a intérprete do texto a não proíba que psicólogos façam atendimento de reorientação sexual.

tratamentos que sugiram a possibilidade de reversão de orientações sexuais”, relata a psicóloga Rafaela Mayer, representante do Conselho.

Para o Conselho regional de psicologia do Paraná (CRPPR), a decisão liminar que suspende os efeitos da resolução CFP 01/99 é um retrocesso notável. “O posicionamento do Conselho é absolutamente contrário às propostas que visem a patologização das orientações sexuais ou

A psicóloga lembra que não existem provas científicas para comprovar a reversão sexual, pelo contrário, há relatos de que tentativas de promover alterações de orientações sexuais foram não só ineficazes em seu objetivo, mas causam mais sofrimento e violações aos pacientes.

Segundo Rafaela, o contexto político social em que vivemos é um fator relevante não só para essa liminar como também para outras ações que atingem as minorias sociais mais marginalizadas. “Essas propostas geralmente não se encontram ligadas a pesquisadores sérios, mas a grupos abertamente conservadores, muitos ligados a instituições religiosas – como o pedido que resultou na recente liminar”, revela.


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Curitiba, 16 de Novembro de 2017

Cidades A militância LGBT não se calou em relação a liminar e lembra que a falta de união da comunidade ajuda no aparecimento de liminares como essa. O Representante da Associação Paranaense da Parada da Diversidade (APPAD), Flávio St Jayme, lembra que se importar vai muito além de colocar uma moldura na foto do facebook ou uma hashtag apoiando a causa, e o maior exemplo de desunião é o machismo estar presente na comunidade. “Gays que não são afeminados e se consideram superiores, acham que não vão apanhar na rua, e por isso, não se envolvem na militância

e menosprezam os homens mais afeminados”, conta. St Jayme ainda desabafa falando que ser gay hoje está muito longe de ser confortável no Brasil. A estudante Gabriela Savaris apoia o tratamento em algumas situações, mas acredita que a homossexualidade é uma condição natural que nascem com as pessoas. A futura jornalista defende o tratamento em situações como o abuso sexual “isso pode causar um certo distúrbio mental que pode ser tratado, traumas de infância

podem causar distúrbios sérios na vida adulta” a jovem enfatiza que a religião não pode, nem deve, se envolver nesse assunto e que cada pessoa deve ser respeitada pela sociedade e pelo estado. Rodrigo Morales, psicólogo especialista em sexualidade, não concorda com a liminar apresentada pelo juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho. A aceitação, segundo Morales, é fundamental na vida das pessoas que se descobrem não heterosexuais. “Essa trajetória é de âmbito individual é muitas vezes

uma caminhada difícil, diferente da realidade de pessoas heterosexuais.” “Essa diferença é o resultado do preconceito ainda presente em nossa sociedade. Uma pessoa que está caminhando para a aceitação da homossexualidade pode se sentir mais confusa e até discriminada com essa desvirtuada proposta de cura”, conta o especialista. Ele lembra das consequências no âmbito cultural coletivo dessa proposta, uma vez que muitas pessoas podem utilizar a reorientação sexual como uma forma de oprimir

Paraná é um dos estados que mais mata homossexuais

as pessoas com condições sexuais diferentes. De acordo com o militante LGBT e psicólogo de formação, Luiz Fernando de Souza, para algo ser considerado uma doença mental, deve haver necessariamente um prejuízo ao indivíduo, situação que não é causada pela orientação sexual e questiona as pessoas que concordam com a liminar. “É importante nos perguntarmos até que ponto oferecer a terapia de reorientação sexual, não é na verdade uma forma de impor ideologias e manipular pessoas”, declara.

Daniel Moura

Curitiba é a cidade que mais mata homessexuais no país

E

m Curitiba, casos foram denunciados e viraram polêmicas por indicarem preconceito e desigualdade na comunidade. Gays, lésbicas, bissexuais e transexuais sofrem preconceito e violência todos os dias no Brasil pelo simples fato de terem essa orientação sexual. Em Curitiba, casos foram denunciados e viraram polêmi-

cas por indicarem preconceito e desigualdade desse grupo, pelos demais. Segundo pesquisa feita anualmente pelo Grupo Gay Bahia (GGB), o Paraná e a Bahia são os estados que mais registram assassinatos de LGBTs.

De acordo com o fundador do grupo, Luiz Mott, o levantamento existe há mais de 30 anos e os indicadores aumentam consideravelmente. “Em 2012, a pesquisa apontou 189 vítimas de homicídio. Já nesse ano, o número subiu para 343. É assustador”, revela Mott.

A capital Curitiba, é a cidade que mais mata homossexuais no país, com 14 vítimas, de 25 em todo o estado.

Gabriel Souza Antunes, 19 anos, é integrante do grupo LGBT e conta que já sofreu agressões enquanto andava

em uma rua no centro de Curitiba. “Dois homens se aproximaram, e atacaram a mim e meu amigo com socos. Ambos diziam que não gostavam de homossexuais”, relata ele que, no momento, havia saído de uma casa noturna. Antunes conta também que chamou a polícia logo depois do ocorrido, mas com a demora, os agressores já haviam fugido sem deixar rastros.

A Secretaria De Segurança Pública admitiu, em nota, que não é feito levantamento de casos de homofobia em Curitiba. Os boletins de ocorrência não registram crimes com essa condição e ainda não há uma tipologia penal que criminalize atos como esses.


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Cities

How to heal what has no cure

Daniel Moura

For the Regional Council of Psychology of Paraná, the injunction decision is a setback Daniel Moura 4º período

Popular manifestation of the LGBT community against the federal judge’s injunction on September 26

T

he Federal Judge of the 14th Federal District Court, Waldemar Cláudio de Carvalho, granted an injunction that allows psychologists to offer homosexuals the sexual reversion therapy known as ‘the gay cure’, a treatment prohibited by the Federal Council of Psychology since 1999. On September 21, the Federal Psychology Council (CFP) filed a motion against the injunction partially granted on September 15 by Judge Carvalho, related to CFP resolution 01/99, in the Federal Regional Court of the 1st Region of Brasilia. The preliminary decision, made from a popular action, maintained the entire text of resolution 01/99. A rule that guides psychologists to act on issues related to sexuality,

“Offering sexual reorientation therapy is not really a way of imposing ideologies?” but has determined that the CFP, interpreter of the text, does not prohibit psychologists from performing sexual reorientation.

that suggest the possibility of reversing sexual orientations”, says psychologist Rafaela Mayer, representative of the Council.

For the Regional Psychology Council of Paraná (CRPPR), the preliminary decision that suspends the effects of resolution CFP 01/99 is a remarkable setback. “The positioning of the Council is absolutely contrary to proposals aimed at the pathologization of sexual orientations or treatments

The psychologist recalls that there is no scientific evidence to prove the sexuality’s reversal, on the contrary, there are reports that attempt to promote changes in sexual orientation were not only ineffective in their goal, but caused more suffering and violations to patients.

According to Rafaela, the current political context is a relevant factor not only for this injunction but also for other actions that reach the most marginalized social minorities. “These proposals are usually not linked to serious researchers, but rather to overly conservative groups, many linked to religious institutions – such as the request that resulted in the recent injunction”, she says.


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Cities LGBT activism has not kept quiet about the injunction and recalls that the lack of unity of the community helps the occurrence of injunctions like this. The representative of the Paranaense Association of the Parade of Diversity (APPAD), Flávio St Jayme, reminds that caring goes far beyond putting a photo frame on facebook or a hashtag supporting the cause, and the greatest example of disunity is the chauvinism being present in the community. “Gays, who are not effeminate and consider themselves superior, think they will not

get beaten on the streets, and so do not get involved in militancy and despise the most effeminate men”, he says. St Jayme says that being gay today in Brazil is far from comfortable. The student Gabriela Savaris supports treatment in some situations, but believes that homosexuality is a natural condition that people born with. The future journalist advocates treatment in situations such as sexual abuse: “this may cause a certain mental disorder that can be treated,

childhood traumas can cause serious disturbances in adult life”. The young woman emphasizes that religion cannot and should not get involved in this matter and that each person should be respected by society and the State. Rodrigo Morales, a psychologist specialized in sexuality, does not agree with the injunction filed by the federal judge. Acceptance, according to Morales, is fundamental in the lives of people who find themselves non-heterosexual. This trajectory is done with an individual in

scope, often a difficult walk, different from the reality of heterosexual people. “This difference is the result of the prejudice still present in our society. A person who is moving towards acceptance of homosexuality may feel more confused and even discriminated with this distorted proposal of cure”, says the expert. He recalls the consequences in the collective cultural context of this injunction, since many people can use sexual reorientation as a way to oppress the social group with different sexual conditions.

Paraná is one the states that most kills homosexuals

According to the militant LGBT and training psychologist, Luiz Fernando de Souza, for something to be considered a mental illness, there must be necessarily an injury to the individual, a situation that is not caused by sexual orientation, and questions the people who agree to the injunction. “It is important to ask ourselves the extent to which offering sexual reorientation therapy is not really a way of imposing ideologies and manipulating people”, he says.

Daniel Moura

Curitiba is the city which kills the most homosexuals

I

n Curitiba, cases were reported and generated polemics for indicating prejudice and inequality in the community Gays, lesbians, bisexuals and transsexuals suffer prejudice and violence every day in Brazil for the simple fact that they have this sexual orientation. In Curitiba, cases were reported and generated polemics because they indicated

prejudice and inequality of this group by others. According to the latest survey, in 2012, by the Gay Bahia Group (GGB), Paraná and Bahia are the states that most register LGBTS murders. Curitiba is the city that kills more homosexuals in the country, with 14 victims, of 25 in the whole state.

According to the group’s founder, Luiz Mott, the survey has existed for more than 30 years and the indicators increase considerably. “In 2012, the survey pointed to 189 homicide victims. This year the number has risen to 343. It is scary,” says Mott. Gabriel Souza Antunes, 19, is a member of the GCB and says that he has suffered

aggression while walking on a street downtown Curitiba. “Two men approached, and attacked me and my friend with punches. Both said they did not like homosexuals”, he says that when it happened he had just left a nightclub. Antunes also says that he called the police soon after the incident, but with the delay, the attackers had already left without a trace.

The Public Security Secretariat of Paraná admitted, in a note, that there is no investigation of cases of homophobia in Curitiba. Police reports do not register crimes with this condition and there is still no criminal typology that criminalizes acts like these.


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Cidades

Vestibular da PUCPR oferta sete novos cursos Claudia Fernades

Dentre as novas opções estão Engenharia de Software e Tecnologia em Produção Digital Multiplataformas Claudia Fernades 5º período

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vestibular de verão 2018 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) aconteceu no último dia 8 de outubro. A universidade implantou sete novos cursos dentro de sua grade, são eles: Engenharia Biométrica; Engenharia Mecatrônica; Engenharia de Materiais e Nanotecnologia; Engenharia de Software; Programa de Administração Internacional; Tecnologia em Produção Digital Multiplataformas e Tecnologia em Segurança da Informação. O estudante Guilherme Andraus prestou vestibular para curso de Direito. Ele comenta que achou a prova bem elaborada, entretanto um pouco cansativa. “O vestibular da PUC foi a terceira prova que realizei, achei as questões da prova muito bem elaboradas, a redação tratou de um tema bem atual. A única crítica que tenho é o excesso de texto na prova, isso deixa os alunos exaustos, e acabamos perdendo nossa concentração ao decorrer do tempo, ” explica. Para os novos vestibulandos, a PUCPR oferece mudanças para mais de 40 cursos, além de uma inovadora metodologia de ensino. Essas inovações vêm ocorrendo na universidade desde 2014 e têm como objetivo formar um estudante criativo, empreendedor e global. O coordenador do curso de jornalismo, Julius Nunes, conta que o curso passou por uma grande reformulação, o novo modelo,segundo ele, chama-se hand zone (termo em inglês para “mão na massa”). “O curso de Jornalismo sem-

pre foi prático e continuará assim. Podemos citar também que a partir de 2018 teremos mais de um professor em sala. Com essa novidade, as aulas serão mais colaborativas, tendo como objetivo atender melhor os estudantes de uma forma significativa”. Segundo Nunes, outra inovação dentro do curso de Jornalismo, que vem sendo uma novidade que destaca a universidade das outras instituições, é a sala de notícias. Ela é um ambiente de aprendizagem, que está passando por reforma, e inclui a chegada de 40 novos computadores. Essas novas máquinas serão um misto de laboratório de informática, com uma sala destinada a pesquisas e estúdios de rádio e televisão. Essas inovações só trazem prestígio à PUCPR. A universidade ficou novamente com a primeira colocação entre as universidades privadas do Paraná e a terceira em relação às instituições de todo o país, ficando atrás somente da PUC-Rio e da PUCRS no Ranking Universitário da Folha (RUF) 2017. Essa avalição é realizada segundo pesquisa de opinião do Datafolha em cinco aspectos: inovação, pesquisa, internacionalização, ensino e mercado. Os cursos mais concorridos da universidade são: Direito, Enfermagem, Engenharia Química, Medicina, Medicina Veterinária. Dentro desses cinco, o mais disputado é o de Medicina. Para coordenador do curso, Jamil Soni, o vestibular de Medicina da PUCPR

Entra ano, sai ano, e o curso de medicina continua sendo o mais concorrido é concorrido devido ao fato de ter mais de 50 anos, ser um curso de tradição e o nível de formação dos alunos ser alto. “Desde os primeiros períodos os alunos já entram em contato com os pacientes, sendo um ensino muito ativo, com metodologias inovadoras. Com isso, o aluno não aprende a medicina decorando, e sim pensando medicina, mostrando que nesse curso é possível notar várias modalidades de ensino”, comenta Soni. O estudante Matheus Andrade, 17 anos, sonhou em prestar vestibular para Medicinadesde seu primeiro ano do ensino médio. Esse sonho só cresceu após Andrade visitar o laboratório de Medicina da PUCPR: “durante a feira de profissão da universidade visitei o la-

boratório de medicina, fiquei surpreso com a estrutura dele, tudo aquilo só me deu mais certeza de que aquela seria a minha profissão”. Entretanto, o professor de cursinhos preparatório para vestibular,Noslen Borges, alerta: o aluno que deseja passar em um curso bastante concorrido, tem que pensar em se preparar desde o primeiro ano do ensino médio, para quando estiver no terceiro ano focar totalmente nos estudos, não ter preguiça, saber que isso vai durar um ano, mas que depois verá seu esforço reconhecido. Não esquecer também de ter uma válvula de escape para os momentos de estresse. Nesse caso, segundo Borges, a atividade física é uma ótima solução.


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Cidades

Projeto regulamenta refeições da população de rua de Curitiba A lei prevê que a distribuição de alimentos seja feita em horário e locais pré-determinados pela FAS Luiza Remez Guilherme Levorato 2º período

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projeto de lei que prevê a regulamentação da distribuição de alimentos à população de rua foi apresentado na Câmara Municipal de Curitiba no dia 18 de setembro. Segundo a proposta, o fornecimento de refeições por ONGs e programas humanitários deverá ser feito em horários e locais pré-determinados pela Fundação de Ação Social (FAS), que será responsável, também, pelo cadastro dos moradores que utilizarem esse serviço. A ideia é que os movimentos voluntários utilizem estruturas já existentes, como restaurantes populares, centros POP (Resgate Social) e conveniados. Segundo a autora do projeto de lei, a vereadora Maria Letícia Fagundes (PV), o mesmo estabelece espaços e horários específicos para o fornecimento dessas refeições, sendo assim possível “garantir o respeito à dignidade da pessoa humana”. A vereadora ainda afirma que não se trata da proibição do fornecimento, mas sim garantir a devida higiene e segurança.Está previsto no projeto que quem distribuir alimentos fora do local e horário determinado pela Prefeitura estará sujeito a uma notificação e caso seja reincidente, deverá pagar multa – uma doação de cestas básicas à FAS no valor de um salário mínimo. Segundo a presidente da ação de voluntários Risoto de Rua,

Samantha Cardoso, o projeto não passa de mais uma tentativa da Prefeitura de higienizar as ruas e acredita que terá uma grande rejeição por parte dos moradores como ocorreu com o Expresso Solidariedade, um refeitório móvel que circula por Curitiba distribuindo refeições. Isso porque, segundo relatos dos próprios moradores em situação de rua, eles passavam por um “interrogatório” por parte da FAS ao entrar no ônibus para fazer a refeição. O líder do projeto “Pão da Vida”, Edenildo Correia, considera a proposta de lei mal elaborada. “Não se pode passar para a iniciativa privada algo que é de responsabilidade do governo. Uma opção, talvez, seria eles iniciarem uma parceria, mas querer obrigar que empresas providenciem ações que deveriam ser implementadas pelos nossos governantes é estupidez”, afirma. A equipe de reportagem do Comunicare tentou contato com os representantes da Vigilância Sanitária e da FAS, mas não obteve resposta até o fechamento dessa edição. O projeto de lei está em tramitação e foi enviado no dia 19 de setembro para a Procuradoria Jurídica para análise legal.

Proibição estimula ação Apesar da falta de alimentos para moradores de rua, existe uma lei municipal que proíbe

a sua distribuição. De acordo com a lei 3.071, quem doar uma sobra, assume os riscos caso venha a fazer mal a alguém, podendo levar a uma detenção de até cinco anos para o responsável. Além disso, a Vigilância Sanitária proíbe o fornecimento de sobras alimentícias, a chamada sobra limpa, de bares e restaurantes para moradores de rua.

para pessoas em situação de rua e funciona com a compra, o preparo e a entrega de refeições. São atendidos em torno de 120 a 170 pessoas por mês e o grupo é formado por voluntários da Igreja do Evangelho Quadrangular da Vila Formosa. Beatriz Tedesco

Correia pensa que essa proibição é um desrespeito ao alimento. “Nós deveríamos ter mais respeito com a comida e o esforço humano na produção dela. Acredito que se forem embaladas adequadamente, devem sim, ser aproveitadas” diz o líder. O ex-morador de rua José Alberto Leitão pensa que o governo além de não ajudar a população em situação de rua como deveria, coloca obstáculos (referência à imposição da Vigilância Sanitária). Alberto expõe que mesmo com essa proibição, porém, diversos restaurantes continuam doando suas sobras de alimento. Ele ainda comenta que não era sempre que a FAS disponibilizava comida e que, geralmente, as conseguia pedindo em casas e restaurantes. “Dependendo do horário nós conseguíamos alimento, mas não era sempre”, afirma. O “Pão da Vida” é um projeto de distribuição de alimento

Projeto voluntário distribui comida


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Economia

Cresce interessados em leilões de imóveis em Curitiba Aumento de imóveis em leilões criou interesse por valor ser mais baixo que financiamento convencional Gabriel Dittert 3º período

Damaris Pedro

C

om a crise econômica afetando o bolso dos brasileiros, uma das consequências foi o aumento de inadimplentes em relação aos financiamentos de imóveis. Com isso, o número destes bens retomados pela maior financiadora do país, a Caixa Econômica Federal, quase dobrou em dois anos. Segundo dados do banco estatal, foram 15.881 imóveis retomados em 2016, e 8.775 no ano anterior. No entanto, com estes imóveis indo à leilão, houve um crescimento no número de interessados neste mercado. O leiloeiro público oficial Helcio Kronberg esclarece que, um dos motivos deste crescimento, em Curitiba, foi em virtude da transparência das recém-instaladas varas de falência, especializadas nas vendas de imóveis. Segundo Kronberg, isso fez com que o mercado de leilões judiciais se consolidasse em razão da atuação efetiva do poder judiciário. “Esse mercado teve um crescimento de mais de 2000% nos últimos quatro anos”, revela. O economista Daniel Poit alega que a vantagem de comprar esse bem através de leilão é que se pode adquiri-lo por um preço médio inferior ao do mercado convencional. Outra vantagem, segundo o economista, é que, neste tipo de aquisição é gerado um financiamento automático, com um prazo mais curto que os financiamentos convencionais, porém com taxas mais atraentes, e até sem juros. Poit estima que, no Brasil, os leilões de imóveis movimen-

A procura por imóveis em leilões vem aumentando nos últimos anos tam, em média, R$ 10 milhões ao ano, porém conta que é difícil calcular um valor exato. “Além da Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, e os outros bancos como Itaú, Bradesco, Safra e Santander, também realizam leilões, e há também muitas casas de leilões que os realizam de forma independente, porque compram as dívidas e depois executam seus devedores”, fundamenta. Thaís Saporiti Pimentel, 27 anos, conta que já trabalhou neste mercado, e que comprou uma casa em 2014 através de leilão. Ela afirma que valeu a pena e que não teve problemas na aquisição. “Fui no leilão e achei interessante o imóvel, as condições de venda e valor bem abaixo do mercado”, menciona. Glauber Haleston Araújo de Oliveira, 41 anos, também comprou um imóvel em um leilão. Ele diz que ficou

sabendo deste tipo de negócio através de um informativo no banco em que é cliente e que não estava interessado em adquirir imóvel antes disto. “Não estava interessado em comprar, mas o preço bem abaixo do mercado foi o atrativo”, afirma.

Riscos do Leilão A advogada tributária Rafaela Predruzzi adverte que é preciso verificar se o imóvel tem todas as certidões que comprovam a quitação de possíveis dívidas judiciais ou de crédito. “O comprador pode ser impedido de visitar o imóvel antes do leilão, já que o atual morador não é obrigado a permitir a entrada enquanto não for despejado”, informa. Segundo ela, o despejo do morador pode levar anos e que também existe a possibilidade de que o estado de conservação do imóvel esteja

comprometido, exigindo uma reforma. Rafaela alerta para o fato de que o edital deve ter todos os detalhes do imóvel e do leilão, já que caso falte alguma informação relevante no edital dos leilões, o comprador pode ter problemas depois do negócio. “Se o edital não mencionar que o imóvel tem dívidas de condomínio ou IPTU em atraso, o atual comprador pode ter que responder por estes débitos, por isso é importante certificar que o edital tenha documentos que comprovem que o imóvel possui todos seus compromissos quitados antes de arrematá-lo”, atenta. Rafaella também conta que é importante que o interessado na compra de imóvel neste mercado esteja acompanhado de um advogado já que problemas legais ou judiciais poderão ser descobertos anteriormente com a ajuda desse profissional.


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Curitiba, 16 de Novembro de 2017

Grupo curitibano incentiva participação na política Participantes do projeto Jovens Profissionais para o Desenvolvimento, da Sociedade Global realizam atividades voltadas ao engajamento da sociedade nas discussões políticas Paula Moran 3º período

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riado em julho deste ano, o grupo Mobilização para a Participação Social, idealizado pela jornalista Bruna Martins, pela professora de inglês Mariana Steil e pelas estudantes Maria Clara Iura e Nathiele Contrera, visa aumentar a participação dos cidadãos curitibanos nas questões que envolvem as políticas públicas de Curitiba. Com atividades como quizzes e reuniões, nas quais realizam pesquisas de opinião e mobilização, elas procuram entender o que a população pensa das políticas atuais na área. De acordo com a pesquisa mais recente sobre este assunto do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), datada de 2005, realizada com 8 mil jovens, de sete regiões metropolitanas brasileiras, 89% dos entrevistados acreditam que as pessoas devem se unir para defender seus interesses e 85% disseram que é preciso abrir canais de diálogo entre cidadãos e governo.

Uma das idealizadoras do grupo, Mariana Steil conta que o objetivo do projeto é entender porque que as pessoas não se sentem aptas, não querem participar ou não se sentem confortáveis para fazer parte da política, e tentar fazer com que elas tenham

preciso mudar isso, pois a mesma é necessária para o funcionamento da sociedade. “A palavra política é sempre vista como algo ruim, sempre tem que explicar e diferenciar a ‘política boa’ da ‘política ruim’ ‘não a dos políticos’. Esse entendimento sobre polí-

mais autonomia para colaborar ativamente das decisões políticas que acontecem na cidade.

tica está muito generalizado”, conta Maria Clara.

“É muito importante participar”

“É muito importante participar, mesmo que seja em sua rua ou em seu bairro ou até fazendo uma proposta de lei”, explica. Maria Clara Iura, também uma das criadoras do grupo, explica que elas tiveram a iniciativa de fazer este projeto porque as pessoas têm uma visão ruim da política, sendo

Paula Moran

As pesquisas feitas pelo grupo revelam uma demanda das pessoas para tornar as informações institucionais do governo mais fáceis de serem entendidas e menos técnicas: “a maioria afirmou que participaria se tivessem mais informações, e essas informações precisam ser acessíveis. Estão lá no site da transparência, mas as pessoas não conseguem entender o que que significam”, afirma Mariana. O professor de ciências políticas Carlos Bittencourt afirma que existe um crescimento na participação da população na política por conta de grupos como o Mobilização.

Teste criado pelo grupo tem o objetivo de entender o perfil do cidadão

De acordo com ele, isso ocorre porque essas iniciativas apresentam um discurso sintonizado com as ideias da população, principalmente dos jovens: “está na hora do jovem brasileiro ser o protagonista de mudanças em prol da sociedade. Há muito a ser construído neste país, e, portanto, há várias iniciativas”.

Política

Conectando pessoas A Sociedade Global, Organização Não Governamental (ONG), é responsável pelo projeto Jovens Profissionais para o Desenvolvimento (JPB). Este programa tem como objetivo conectar pessoas de diferentes áreas que querem trabalhar com mais impacto na sociedade e contribuir para sua melhora. O grupo Mobilização para a Participação Social faz parte desta iniciativa. De acordo com a engajadora de comunidade da Sociedade Global, Priscilla Mayer, a organização também oferece mentoria para órgãos públicos, empresas ou entidades de qualquer setor da sociedade, que precisam desenvolver soluções com mais participação Para Priscilla, o engajamento das pessoas nos projetos também é uma integração política. Ela ressalta a importância da contribuição da sociedade para o bem da cidade: “se as pessoas não participarem, muitas ideias que temos para solucionar os problemas não vão chegar a lugar nenhum”. Ela diz que o grupo Mobilização para a Participação Social traz o processo da participação como uma própria demanda da população. A iniciativa mostra que as pessoas precisam ter apoio e identifica como elas podem trabalhar juntas, pois o setor público tem muitas demandas que não consegue solucionar, e assim, os cidadãos podem se ajudar para que os problemas sejam solucionados.


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Inovação

Drones são utilizados pela segurança pública em Curitiba Aeronaves não tripuladas auxiliam no trabalho policial Larissa Aline Miglioli 3º período

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drone é uma espécie de nave não tripulada. Quando foi lançado, ele era normalmente associado a um brinquedo ou objeto de guerra. Atualmente, esta tecnologia é utilizada para monitoramento da segurança pública em Curitiba. O professor de Mecatrônica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Valter Klein Junior explica que é possível entender o drone como uma simplificação de um helicóptero. Klein Junior afirma que há uma legislação para o uso dos drones, regulamentada no Brasil pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), e o Departamento Responsável pelo Controle Aéreo das Aeronaves (Decea). O piloto e a aeronave precisam estar cadastrados e registrados em ambos órgãos. Para o delegado titular da Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe), Clóvis Galvão, a utilização de drones facilita na identificação de infratores. “É necessário aproveitar a tecnologia no uso policial. É possível comparar os bancos de dados e rapidamente descobrir o autor do delito”, relata. Segundo o delegado, a Demafe já utiliza o drone como ferramenta tática há cerca de um ano. Para o investigador e piloto do drone da Demafe, que prefere não se identificar, a utilização do equipamento nas operações visa também baratear custos. “A gente tem na cor-

poração um helicóptero, mas é algo que custa muito caro”, afirma. O modelo utilizado atualmente é equipado com uma câmera com qualidade 4k e possui autonomia de 30 minutos de voo.

ves Remotamente Pilotadas (RPAS), Remotely Piloted Aircraft System, da PUCPR, Luiz Carlos Balcewicz, explica que a universidade é a primeira e única no Brasil que conseguiu dar sequência no curso.

A administradora Rebecca Medeiros vê com desconfiança a utilização dos drones pelo poder público. “Tenho receio de que minha privacidade seja prejudicada, ou ocorra algum excesso de autoridade ou vigilância”, explica.

Segundo Balcewicz, as aeronaves não tripuladas possibilitam um rendimento melhor, como em monitoramentos de funcionários em torres de transmissão de energia e caixas d’água. “Os drones podem acima de tudo trazer benefícios à sociedade, mas muitas pessoas acabam utilizando isso para fazer roubos e isso sempre vai existir”.

A estudante Juliane Ramthun acredita que a utilização de drones pela polícia trará benefícios para a sociedade. “Irá ajudar a resolver os atos de criminalidade mais rápido,

o diferem uns dos outros. “No caso da categoria até 25 quilos, não é preciso um curso de pilotagem, a Anac apresenta algumas restrições de voo, então vai depender do tipo da aeronave, têm alguns drones que são pilotados por smartphones ou tablets, outros por controle”.

Para o professor da pós-graduação Ricardo Diogo, a

As aulas da pós-graduação são oferecidas na modalidade de Educação a Distância (EAD) e ocorrem por meio de vídeo-aulas, fóruns e entrega de materiais didáticos (como e-books) a partir dos locais de trabalho dos professores tutores. Também são realizadas atividades práticas em cinco oportunidades na Fazenda Experimental Gralha Azul,

pilotagem depende muito do tipo de drone que é usado, pois existem categorias que

no município de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba.

“A utilização de drones facilita na identificação de infratores”

pois realizará o acompanhamento do caso”, afirma. Entretanto,segundo ela, a utilização pode resultar na perda de privacidade, expondo mais a comunidade.

Guilherme Coutinho

PUCPR oferece curso de Pós-Graduação em drones A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) oferece desde 2015 um curso de especialização em drones. A proposta da pós-graduação é promover o ensino a respeito do funcionamento das aeronaves e suas aplicações multiprofissionais. O coordenador da pós-graduação em Sistemas de Aerona-

Ferramenta visa auxiliar trabalho da polícia através do monitoramento


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O destino do momento Como as áreas de turismo em Portugal sobrevivem fora da alta temporada Amanda Mann Vitória Gabardo 6º período

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ortugal ganhou em 2017 o prêmio de Melhor Destino no Worl Travel Awards, conhecido como Oscar do Turismo e que apontou o país como o melhor destino europeu para viajar. O número de turistas nesse ano deve bater recorde de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas português, o INE. Até o final de 2017 calcula-se que 27 milhões de turistas irão passar pelo país, 10% a mais do que em 2016. Entre os prêmios que Portugal levou no World Travel Awards, foram ao todo 37, a região do Algarve foi um dos destaques sendo eleita como o melhor destino de praia do continente. O Algarve é conhecido como o local mais importante de Portugal quando se trata de turismo. O aeroporto localizado na cidade de Faro que fica na região do Algarve facilita a entrada de turistas que desejam conhecer as praias que ali se localizam. Entre os lugares mais bonitos para se ver no Algarve pode-se citar Albufeira, Lagoa, Lagos, Portimão, Tavira, entre tantos outros. Por ser um local de passagem, a cidade de Faro, maior da região do Algarve com cerca de 65 mil habitantes, é uma das principais escolhas dos turistas. “Hoje em dia, aproximadamente 7% dos voos que vêm para o município são charter, 75% low cost e os outros 18% se enquadram como voos regulares”, diz Cláudia Almeida, diretora do curso de Turismo e professora da Universidade do Algarve (UALG).

A partir de 1997, com a regulamentação do transporte aéreo, companhias de baixo custo como a Ryanair e Easyjet ficaram em alta e isso acarretou uma mudança no tipo de turista que viaja pela região do Algarve, no sul de Portugal, segundo Claúdia. Cláudia ainda comenta que com a facilidade de acesso à internet, atualmente fica muito fácil para o turista agendar suas reservas de hospedagem pelo computador. “A nova dimensão online possibilita maior escolha do consumidor em relação ao tempo de viagem. Até o início da década de 90 os viajantes ficavam cerca de sete dias em cada destino e, agora, as viagens tendem a durar por volta de quarto dias, geralmente em épocas de feriado”. A diretora da UALG ainda conta que a cidade de Faro é o destino de muitos universitários, inclusive brasileiros, o que acaba movimentando a economia da região. Próximos à universidade, há comércios como bares e restaurantes que só funcionam em períodos letivos. Andriana Nalmpanti decidiu deixar sua cidade, Salonica na Grécia, para fazer intercâmbio na Universidade do Algarve, em Faro. Andriana está cursando Turismo e diz que na hora de fazer sua escolha entre as opções de lugares que tinha para morar na Europa pensou principalmente no aspecto turístico. “Escolhi Faro porque além de ser uma cidade universitária é também fácil de explorar. Daqui você consegue ir de trem ou ônibus para diversos pon-

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Internacional

tos turísticos.” Ela comenta ainda que como estudante de Turismo percebeu no tempo em que já está na cidade que o local é movido por isso, e que o impacto econômico é grande tanto para a região quanto para o país. “Acredito que o turismo afeta muito a economia, pois a maioria das pessoas aqui trabalham com isso e muitos vivem apenas disso, seja em grandes negócios como os hotéis e restaurantes de luxo ou pequenas acomodações e passeios de barco, por exemplo”.

praianas do Sul português. O período 2017/2018 representa a 2ª edição do projeto. Cláudia comenta que desde os anos 80 e 90 a quantidade de serviços disponíveis para além da alta temporada se expandiram, principalmente no inverno. Dentre as opções encontram-se atividades de surf, excursões para apreciar as migrações dos pássaros e empresas que atuam no ramo casamenteiro. Vitória Gabardo

Dados do INE mostram que até agora a região do Algarve teve um aumento de 83,38% no número de hospedagens comparado ao ano anterior. Até agosto 3.069.057 milhões de pessoas se hospedaram em alguma cidade da região, tornando o Algarve a localização mais procurada até então.

Turismo o ano todo Um projeto chamado 365 foi implantado na região algarvia pelas secretarias de Estado da Cultura e do Turismo financiado pelo Turismo de Portugal. Para que as cidades tenham grande movimentação ao longo do ano, inclusive na média e baixa estação, órgãos municipais lançam planos culturais de janeiro a dezembro, chamando a atenção dos turistas por 365 dias. Além disso, os meses de julho a setembro são a preferência dos viajantes por ser época de sol intenso, segundo pesquisas do INE, sendo possível aproveitar as paisagens

Praia em Lagoa, Região do Algarve


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Esportes

PUCPR sedia Olimpíadas Maristas

Karoline Mokfianski

Em 2017, a Olimar teve novidades, como o festival de dança, além de surpresas na abertura do evento, que contou com a presenta de Neto, jogador da Chapecoense Karoline Mokfianski 8º período

Evento promove a união entre Maristas do país todo e até do Chile e Uruguai

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uritiba sediou, entre os dias 11 e 15 de outubro, a quarta edição das Olimpíadas Maristas, o maior evento esportivo da Rede Marista de Colégios. A Olimar 2017 contou com a presença de mais de 2 mil atletas de diferentes estados e países inscritos em 11 modalidades esportivas: futsal; voleibol; handebol; natação; ginástica artística; judô; xadrez; atletismo; ginástica rítmica e dança. O ginásio da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) representou o TECPUC e foi uma das três sedes do evento, sendo o espaço escolhido para a realização da cerimônia de abertura da Olimar 2017. A competição contou ainda com mais duas sedes: o Colégio Marista Santa Maria e o Colégio Marista Paranaense. O evento já havia tido Curitiba como sede na sua primeira realização, em 2011. Na quarta edição, a Olimar contou com a presença de atletas de cidades como Cascavel, Maringá, Ribeirão Preto, Ponta Grossa, Criciúma, Joaçaba, Chapecó, Jaraguá, Goiânia, Londrina, Brasília, São Paulo, além de alunos vindos do Chile e do Uruguai.

O evento reúne atletas Maristas de todo o Brasil a cada dois anos para celebrar o esporte, a cooperação e a amizade, sempre ensinando aos alunos que dentro da Olimar o que menos importa é ganhar ou perder. Na pedagogia Marista, o esporte e as atividades recreativas fazem parte do processo educativo dos alunos. “Dentro da nossa proposta Marista de educação, as atividades complementares, entre elas a prática do esporte, ocupam um lugar significativo. Nós temos uma preocupação muito grande com a formação integral, formando o ser humano como um todo”, ressaltou Irmão Delcio, presidente do Grupo Marista. A quarta edição das Olimpíadas Maristas celebrou o ano do bicentenário do Instituto Marista e, inspirado na comemoração, o tema do evento foi “Celebrando um novo começo”. A cerimônia de abertura contou com apresentações de teatro, música, dança, além da entrada das delegações e da tocha olímpica, que foi carregada pelo jogador de futebol Neto, sobrevivente do

acidente aéreo envolvendo a Chapeconese. A escolha do atleta foi pensando no recomeço vivido por ele após a tragédia, fazendo alusão ao tema do evento. “É maravilhoso hoje estar representando a vida depois de tudo o que eu passei. Quase morri. Poder acender a pira olímpica e carregar a tocha de uma competição tão grande como é a Olimar é prazeroso demais. Espero que eles [alunos] venham aqui competir e, mais do que serem campeões, que sejam felizes com aquilo que eles fazem e com o dom que Deus deu para cada um”, disse o jogador Neto, da Chapecoense. O jogador também fez questão de lembrar da infância, quando participava de eventos como a Olimar. “O meu sonho de ser atleta começou dentro da minha escola, participando das olimpíadas como os [Colégios] Maristas fazem aqui, mas lá no Rio de Janeiro. É um incentivo muito grande para os atletas. Acho que o esporte é vida. Todos os que estão aqui estão saudáveis e isso é vida”, disse.

Mascote O mascote da Olimar 2017 foi o “Zé Gralinho”, personagem desenhado pela aluna Anabel Cunha de Souza, do Colégio Marista Nossa Senhora da Glória e vencedor do concurso entre os colégios. Ele foi inspirado na gralha-azul, ave símbolo do Paraná e responsável por semear o pinhão, perpetuando as Araucárias. Ele representa a renovação, já que é um autêntico semeador.

Festival de dança Pela primeira vez, o evento contou com um festival de dança, em que os bailarinos puderam se apresentar, dividir experiências e aprender. Além da dança, o festival também teve a ginástica rítmica. Um dos profissionais responsáveis pela avaliação dos alunos foi a professora do curso de Educação Física da PUCPR, Priscila Rocha, que enquanto bailarina fez parte do elenco da Cia Eliane Fetzer, de 1997 a 2014, participando com premiações em diversos Festivais Nacionais.


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Memórias da Segunda Guerra Mundial em Curitiba Thiago Rasera

Cidade conta com museus que mantém viva a história dos paranaenses envolvidos na guerra Lamartine Lima 3º período

A casa do Expedicionário foi criada em 1951, mas se tornou museu apenas em 1980

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om o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e a participação do Brasil neste momento histórico, incluindo soldados paranaenses, era relevante a preservação das memórias de quem lutou no conflito. Os museus do Expedicionário e do Holocausto, em Curitiba, são exemplos de acervos que mantêm vivas as histórias das pessoas que presenciaram este período. O Museu do Expedicionário apresenta um acervo original da Segunda Guerra Mundial e além de todo material histórico em exposição, o local também conta com a exibição de veículos utilizados pela Força Expedicionária Brasileira (FEP) na guerra. Segundo a secretária da Legião Paranaense do Expedicionário, Rita Maria de Jesus, todo o material histórico do museu foi cedido pela Força

Aérea Brasileira (FAB) e pela Marinha de Guerra do Brasil. Também existem materiais cedidos por outros países para a mostra, como Estados Unidos e Inglaterra. Rita conta que o museu apresenta ao público fotografias, mapas, jornais da época, armas, vestimentas, entre outros artefatos marcados durante o conflito que foram negociados através de trocas e doações feitas entre expedicionários brasileiros e soldados estrangeiros. De acordo com Rita, apesar de passados muitos anos após o fim da guerra e da abertura do museu, as doações de materiais para a mostra dos expedicionários é algo que não parou com o tempo e até hoje o museu apresenta novidades em sua exibição. “O acervo é muito dinâmico. Quando falece algum oficial da Força Expedicionária os

familiares doam medalhas e outros artefatos, ou até mesmo os próprios expedicionários quando sentem estar chegando no fim da vida vêm até nós e fazem a doação para a exibição. Essa dinâmica de doações é algo permanente”. O estudante Lucas Martins é um frequentador assíduo de museus. O jovem que é apaixonado por história conta que já visitou por diversas vezes o Museu do Expedicionário. “Gosto muito de tudo que é ligado à Segunda Guerra Mundial. Visitei a primeira vez ainda quando estava na escola, e desde então tento manter uma frequência”. Apesar de estar relacionado, o Museu do Holocausto de Curitiba não é voltado à Segunda Guerra Mundial, e sim às vítimas. O local, que foi inaugurado em 2011, foi idealizado pelo doutor Miguel Krigsner,

Cultura

membro atuante da comunidade judaica de Curitiba e viabilizado pela ONG Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, na qual ele preside. O acervo do museu é formado por documentos relacionados ao período, material audiovisual, e objetos diretamente ligados a histórias pessoais. Segundo o coordenador-geral do museu, Carlos Reiss, a exposição continua sendo abastecida pela comunidade judaica sobrevivente ao holocausto e que a maior parte do acervo recebido não está em exposição. “Cerca de 95% de todo o material não está presente na exposição permanente. Ele é exibido aos poucos, em exposições temporárias e itinerantes dentro e fora do espaço”. Segundo o coordenador, o principal objetivo do museu é ajudar na construção de uma memória coletiva universal do Holocausto. “Costumo dizer aos visitantes que o Holocausto não é apenas uma história que se passa há cerca de 70 anos, e sim atual. Apenas quem conhece história pode evitar que aquelas cenas tristes possam acontecer novamente e Curitiba deve se unir a esse esforço”. O Museu do Expedicionário é aberto para visitação de terça à sexta-feira, das 10h às 12h e das 13h às 17h, aos sábados e domingos, das 13h às 17h e a entrada é gratuita. Já o Museu do Holocausto funciona de segunda à quarta-feira das 8:30h até 11:30h e 14:30h às 17:30h; sexta-feira das 8:30h às 11:30h e domingo das 09h até 12h. As visitas devem ser agendadas pelo site www. museudoholocausto.org.br e a entrada é gratuita.


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Ensaio

A rotina de ser andrógino Felipe Rutkowski, 24 anos, é cabeleireiro e se considera pertencente a ambos os gêneros Gabriel Dittert 3º período

Se sentia diferente desde os 13, e prefere ser chamada pelo gênero feminino

Ela admite que tem dificuldade em se relacionar por não a entenderem

Entre apliques e sapatos, sua arrumação leva duas horas

Manteve o nome de nascimento e gosta do corpo como é


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