Metodologias ativas ganham espaço
Instituições de ensino investem em novos modelos de aprendizagem Página 04
Momento de incertezas
Pesquisa revela que população não acredita na classe política Página 06
Analfabetismo funcional longe do fim
No quesito leitura, os estudantes brasileiros estão 200 anos atrasados Página 14
Curitiba, 02 de Maio de 2018 - Ano 21 - Número 309 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Comida na mesa Food on the table
Formado pelas cidades da Região Metropolitana de Curitiba, o “Cinturão Verde” responde por mais de 1/3 de todos os alimentos produzidos no Estado Formed by the cities of the Metropolitan Area of Curitiba, the “Green Cinturion” is responsible for 1/3 of all the food produced in the State Páginas 8 e 9
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Curitiba, 02 de Maio de 2018
Editorial
A carne mais barata do mercado O
Brasil é majoritariamente afrodescendente, e mesmo assim precisa lidar com o racismo velado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população brasileira é negra. Entretanto, 63,7% dos desempregados no Brasil são negros, o que corresponde a 8,3 milhões de pessoas, revelou uma pesquisa divulgada em 2017 pelo IBGE. A população negra é historicamente injustiçada. E muitas pessoas não percebem que certas atitudes acarretam ainda mais para essa injúria. Atitudes como dizer que o cabelo é ruim, que o nariz é muito grande, que a dança não presta e que a religião é do mal, acarretam problemas muito maiores. De acordo com informações do Atlas da Violência 2017, a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Sendo
Comunitiras
assim, negros possuem mais chances de serem assassinados em relação a brasileiros de outras etnias. E mesmo com tantos exemplos de que o sistema é racista, muitos brasileiros alegam não existir um racismo velado. Acham que é muito superestimado essas situações, desprezando a luta diária do povo que sofre a discriminação simplesmente pela cor da pele. Essa difícil aceitação dificulta a extinção do problema. De acordo com informações do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher, 58,68% das vítimas de violência doméstica são mulheres negras. Além disso 65,4% delas são atingidas pela violência obstétrica e 53,6% pela mortalidade materna, de acordo com dados do Ministério da Saúde e da Fiocruz. Todos os dados revelam as conse-
quências de uma sociedade sustentada em três séculos de escravidão, com um racismo muitas vezes minimizado por uma falsa branquitude. O país precisa de medidas que desmascarem a sociedade, incluindo todos os casos diários de discriminação. Através de documentários, propagandas, palestras, órgãos responsáveis pelas mídias e até mesmo pelas redes sociais. É preciso deixar de ser velado para que seja notado por todos. Por isso é extremamente importante que os professores abordem, em sala de aula, casos de racismos entre seus alunos, e os veículos midiáticos juntamente com o governo, incentivem as denúncias de casos como esses. Só assim o direito de viver plenamente vai ser oferecido para todas as pessoas igualmente.
Expediente Edição 309 - 2018 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Suyanne Tolentino de Souza
COORDENADORES DE REDAÇÃO /JORNALISTAS RESPONSÁVEIS Miguel Manasses (DRT-PR 5855) Renan Colombo (DRT-PR 5818) MONITORIA Caroline Deina
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3º Período
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3º Período
3º Período
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3º Período
3º Período
Isabela Lemos
Isabela Lemos
3º Período
3º Período
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3º Período
3º Período
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3º Período
3º Período
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Beatriz Tedesco
3º Período
3º Período
Wesley Fernando
Helena Sbrissia
3º Período
3º Período
Bernardo Gonzalez
Franz Fleischfresser
3º Período
3º Período
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Literária
Os “homens de ferro” De acordo com o Ministério da Sáude, 55% dos homens não vão ao médico quando têm problemas de saúde Mateus Bossoni 7º período
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ra sábado. O céu estava claro, as ruas vazias e o canto dos pássaros agradava os ouvidos dos moradores. As pessoas se reuniam no quintal das casas, sentadas em cadeiras de praias, compartilhando, além do chimarrão, sorrisos e canções. É difícil acreditar, mas estava em uma das maiores capitais do Brasil. O nome Umbará - bairro localizado na região sul de Curitiba - surgiu a partir da expressão “um barreiro”, definida por imigrantes italianos que vieram para cá e criaram as olarias, onde, até hoje, a população sobrevive com a produção de cerâmica. Após às 18 horas, a paisagem pacífica dá lugar a correria de pessoas, que se apressam rumo a um campo de futebol. Interessados em assistir ao campeonato mais tradicional do bairro, os moradores saem, carregando cadeiras, toalhas de mesa e até comida para a beira do campo. No “Kureke Centro Esportivo”, o público se encosta em eucaliptos, senta no chão ou fica praticamente grudado na grade do campo para assistir aos jogos. “Com menos de 50 anos não joga aqui não”, respondeu Kureke, dono do local, a um homem de 32 anos que tinha interesse em participar do campeonato. Era dia de inscrição para o torneio, que só registrava jogadores que tivessem mais que meio século de vida. Em uma folha de caderno, o organizador anotava o nome dos atletas e desenhava a tabela dos jogos daquele dia.
Ao lado do campo, os atletas se preparavam para os jogos. “Cadê a minha pomada de cavalo”, perguntou um dos jogadores para o time. “Eu não vi, mas tenho ‘Gelol’ se quiser. O médico que fui há dois anos me receitou”, respondeu outro, que, sentado, esfregava o medicamento nos joelhos.
O jogo tinha começado. Em dez minutos de partida já era possível ver jogadores mancando. Até que, em uma disputa de bola, o pai da menina, que tinha corrido grande parte do campo, acaba chutando a canela de Tonhão, que foi ao chão e gritou de dor logo em seguida.
“Por que você foi ao médico para ele te receitar Gelol? Eu tenho mais coisa pra fazer!”, esnobou o homem.
Por um momento, os jogadores rodearam Tonhão, que não conseguiu andar e foi retirado do campo com a ajuda dos companheiros. Enquanto isso, o outro atleta estava apoiado na grade, e tinha as mãos no peito, como quem sentia pontadas após uma longa corrida. Logo, a menina, do lado de fora, gritava por socorro a quem pudesse ajudar. “Meu pai tá enfartando, ajuda aqui! ”, gritou a menina.
Em seguida, os atletas se posicionaram para o início da partida. Alguns beijaram a grama do campo e fizeram, no peito, o sinal da cruz (talvez pediam para sair ilesos do jogo). Prontos, o juiz apitou e a partida começou logo em seguida. Do lado de fora do campo, seu Luiz, de 83 anos, era um dos que estavam grudados na grade. Em um andador antigo e enferrujado, o homem se apoiava para assistir ao jogo. “Tonhão vai golear o time dos Kureke, ele tá recuperado da cirurgia do joelho. Vi ele correndo na olaria com 12 tijolos nas mãos”, disse, com a voz falhada e cansada, para as pessoas que estavam ao redor.
No momento de desespero, um dos jogadores deitou o homem no chão e iniciou massa-
gem cardíaca. A menina, que acompanhava a cena de fora, correu para dentro e segurou as mãos do pai. Durante cerca de dois minutos, o “salva-vidas” parou a massagem depois que o atleta acordou, pálido, perguntando o que tinha acontecido. Do lado de fora, Tonhão recebia conselhos da torcida, que pedia para que ele fosse ao médico. “Até parece. Eu sou macho, é só passar uma pomada que melhora”, respondia, com a cara fechada, em tom sério. Em seguida, a menina saiu abraçada com o pai, que tentava tranquilizar os familiares que estavam na torcida. “Acho que, depois de 54 anos, vou precisar procurar um cardiologista”, falava indignado, como quem não tivesse acabado de sofrer um infarto. Mateus Bossoni
Uma jovem de cabelos longos e crespos, de baixa estatura, levantou uma das mãos e respondeu ao senhor. “Meu pai vai ganhar o jogo. Esse Tonhão não é ninguém perto dele”, declarou. Para contrariar Luiz, a adolescente ainda incentivou o pai com vários gritos. “Vai pai! Marca vários gols e dá no meio desse Tonhão aí.” Tonhão se apoia na grade, antes de cair no chão
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Cidades
Escolas mudam forma de lecionar Apesar de estarem progressivamente ganhando espaço entre os colégios e universidades, as metodologias ativas ainda são um desafio Vanessa Bononi 8º período
V
ocê já ouviu falar do ensino baseado em metodologias ativas? Se não, provavelmente é porque o modelo mais conhecido e praticado nas instituições de ensino em geral, é aquele baseado em um professor que transmite a matéria para os alunos, por meio de aulas expositivas. Esse método de ensino é conhecido como passivo ou tradicional, e nele o professor é o portador do conhecimento e protagonista da educação. Já os modelos de ensino baseados em metodologias ativas ou aprendizagens ativas, colocam os estudantes como principais agentes de seu próprio aprendizado. Essas descrições são fundamentadas a partir de autores como Scott Freeman, Bonwell e Eison, que defendem em suas obras que o papel do professor deve ser o de mediador da aprendizagem. Em Curitiba, algumas instituições de ensino já estão aplicando esse modelo em suas salas de aula. O assistente pedagógico do colégio Santa Maria, André Luís Miranda Scelga, acredita que o aprendizado horizontal é a melhor forma de fazer o aluno enxergar o conhecimento como uma troca, estimulando a discussão e a elaboração do pensamento. “Nos métodos tradicionais existe uma verticalidade muito grande do ensino. O estudante só pode receber o conhecimento de um ponto, e isso gera desinteresse”. Segundo Scelga, essa forma de ensino não está mais de acordo com a realidade dos jovens de hoje. O assistente pedagógico explica
que não existe uma obrigação para que os professores utilizem metodologias da aprendizagem ativa em suas aulas, mas o colégio estimula a aplicação dessas práticas, pois entende a importância de diversificar as formas de aprendizagens. A estudante universitária Rafaela Gouveia argumenta que não está conseguindo se adaptar com facilidade às aulas que utilizam as metodologias ativas. “Eu sempre me dei bem no método tradicional de ensino, mas agora, estou tendo dificuldades em algumas aulas que usam essa metodologia”. Já Cristina Andrade acredita que o uso da aprendizagem ativa nas escolas tem muito a acrescentar aos estudantes. Sua filha está na sétimo ano do ensino fundamental e a mãe relata que percebe um maior envolvimento da filha, com as aulas que usam tecnologias ou jogos para promoverem o aprendizado. Para o professor e mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações, Álvaro Martins Fernandes Júnior, as escolas e os professores já executavam as metodologias ativas há muito tempo, só não sabiam que tinham um método e um nome específico. “Pense comigo, vai chegando o final do período letivo e o professor percebe que não está conseguindo fazer com que seus alunos aprendam o indicado para aquela série, o que ele começa a fazer? De tudo! Tudo para que ao final do ano, seus alunos saiam com as aprendizagens que a lei determina”.
Em uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná (ABRH-PR), foram pesquisados 2.027 alunos de 11 instituições de ensino superior de Curitiba, entre outubro de 2015 e maio de 2016. A pesquisa demonstrou que mais de 65% dos alunos universitários preferem que o professor exponha os conteúdos de maneira tradicional. Referente ao local das aulas, novamente 65% dos estudantes da graduação disseram preferir os conteúdos passados em sala de aula em vez de serem tratados em outros espaços, como laboratórios ou organizações. De acordo com Fernandes Junior, a resistência dos estudantes em relação a essas metodologias pode acontecer por alguns fatores, como a percepção dos próprios alunos de que eles não são completa-
mente livres nesse processo, já que são obrigados a executar as atividades mesmo sem querer. Outras razões que podem justificar a rejeição dos alunos é o desconforto causado pela falta de explicação detalhada da atividade, levando o estudante a se sentir confuso ou inseguro para executar a ação. Por último, o conforto de ouvir o professor falar também pode ser um dos motivos desta resistência, aponta o professor. A aplicação das metodologias ativas nas escolas e universidades é um desafio, mas para Fernandes Junior não dá para usar a metodologia ativa em tudo. Dependendo da situação uma aula expositiva, tida com tradicional, às vezes pode ser muito melhor do que uma sala de aula invertida, que é considerada um método ativo, por exemplo. É preciso ponderar as circunstâncias, conclui.
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Inovação
Pacto de inovação organiza empresas em benefício da população Acordo foi firmado em dezembro de 2017 e já contou com 18 eventos Bruno Previdi 3º período
A
Agência de Inovação, departamento da Prefeitura de Curitiba responsável por projetos deste tipo, lançou em dezembro de 2017, em parceria com empresas, universidades e startups, o que chamou de ‘Pacto de Inovação’. O projeto, na teoria, pretende abrir mais espaço para que empresas que focam no mercado do futuro e em políticas sustentáveis divulguem seus trabalhos e ideias. Na prática tem causado grande expectativa nos empresários e donos de startups. Entre as iniciativas, está a criação de uma agenda compartilhada por empresas curitibanas que trabalham em prol do ecossistema para incentivar a promoção de eventos de inovação o ano inteiro, para que se possa atingir um número maior de pessoas, como explica Rodrigo Gallego, diretor da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR): “entende-se que, há muito tempo, Curitiba tem seus eventos com divulgação em locais sem conexão. Em 2017, principal-
mente no segundo semestre, o ecossistema reparou que em determinadas datas ocorreram várias atividades simultâneas, em locais distantes, e em outras datas ficávamos sem evento algum”. O diretor conta que um dos objetivos do Pacto é mostrar que Curitiba é uma cidade diferente, principalmente quando o assunto é oportunidades. Mas desde a realização do acordo, há cerca de três meses, pouco mudou na busca por eventos de inovação, comenta Gallego. Mas, para ele, isso não desanima e a expectativa é maior pelo próximo semestre. “Para um segundo momento, após a agenda estar amplamente divulgada e utilizada, vamos estudar curadorias nos eventos”. Segundo o diretor comercial da iCities (empresa de consultoria e projetos em Smart Cities), Caio Castro, com o Pacto da Inovação há um diálogo maior entre as empresas, o que possibilita acordos que possuem uma repercussãosignificativa na cidade. “O objetivo maior é realmente
trazer essas novas tecnologias e com certeza as renováveis também, barateando para que essas fontes de energia se instalem aqui em Curitiba”. Para ele, esse rumo do desenvolvimento tecnológico em busca de fontes de energia renováveis é inevitável. “Hoje em dia, todas as cidades vão
A startup produz peças de roupa com material de reciclagem. A ideia, que começou com a produção de
“Após a agenda estar
amplamente divulgada e utilizada, vamos estudar curadorias nos eventos” passar por um grande desafio energético por conta de tudo o que a gente vive, como carros elétricos. Um futuro que não é nem um modismo, é uma tendência”. Segundo Castro, com as resoluções 482 e 687 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que viabilizam o uso de energia distribuída, a energia solar ganhou grande relevância no país. “A energia solar hoje é responsável por 99,9% das instalações de energia renovável para as instalações distribuídas e tem um procura muito maior pela questão de facilidade, modernização, flexibilidade de tamanho e prática de instalação, o que permite que seja competitiva no mercado de energia”. Irving Orozco, 19 anos, é estudante de Design Gráfico e tem uma startup em desenvolvimento em Curitiba. Ele conta que o Pacto não traz grandes
Fonte: EPE 2014
mudanças, mas ajuda. “Não sei se na prática é para mudar alguma coisa. Não facilita o trabalho em si, mas dá uma sensação de motivação”.
estampas diferenciada, se desenvolveu em pouco tempo e tem encontrado espaço no mercado curitibano. Orozco conta também que há vantagens financeiras na produção sustentável. “Pesquisas mostram que as pessoas estão dispostas a pagar mais caro no produto se ele for reciclado ou tiver uma produção mais consciente. Além do mais, a gente vive numa cidade super ‘environmental friendly’, então esse tipo de ideia faz sucesso aqui e tem apoio dos órgãos públicos”. O estudante lembra da crise financeira alegada pela atual gestão municipal. “Tivemos medo porque estávamos bem no começo quando a Prefeitura até cancelou grandes eventos por falta de dinheiro. Mas isso acabou não nos atingindo”. Por fim, Orozco indica que em breve o pacto de inovação deve ter resultados positivos no mercado.
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Política
Maioria da população brasileira não tem engajamento político Em pesquisa é apontado que 50% das pessoas não se interessam pela política do país Ana Beatriz Quirino Mariane Pereira Thamany Oliveira 3º período
H
á sete meses do início das eleições, muitos cidadãos se dizem indecisos diante da corrida eleitoral. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), em 2017, a insatisfação política se reflete em uma falta de confiança no presidente, nos políticos e nos partidos. O desinteresse político apresentado por boa parte da população brasileira explica a incerteza diante das novas eleições. A reportagem do Comunicare realizou uma pesquisa com cerca de 200 jovens e adultos de diferentes idades sobre o atual cenário da política e aponta que 45% dos participantes gostaria de entender mais sobre política, enquanto 37,8% entendem pouco sobre o assunto. De acordo com o cientista político Rodrigo de Alvarenga, política é um assunto que se tornou desgastado no Brasil devido a diversos acontecimentos passados. “Esse desinteresse possui diferentes origens. A sociedade aceitou diversas imposições ao longo
das últimas décadas, tais como a ditadura militar, que a privou de se posicionar e entender a política, perdendo-se a capacidade de analisar criticamente, além de não entender a situação que ocorre no Brasil”, comenta.
noticiários se tornam cansativos por apresentarem tantas situações desagradáveis envolvendo escândalos de deputados, prefeitos e grandes empresários, então o descontentamento da população se torna muito grande”.
O cenário de desesperança em meio à crise política parece desmotivar o povo brasileiro a buscar por mudanças. “As
Guilherme Barba, assessor de imprensa do PSDB, explica que o baixo interesse da população brasileira na
pessoas não acreditam mais que o Brasil vai ser consertado por quem está no poder hoje, mas mesmo assim elas não se mobilizam”, comenta o cientista político.
política acontece por causa da desilusão que sofreu com a representatividade de seus eleitos assim gerando uma desconfiança. “A população não enxerga os partidos como entidades que teriam como principal papel abrir espaço para debates e organizações das demandas locais. Isso prejudica demais o país”.
diferentes (como debates e encontros) para que vozes e lideranças serem ouvidas. A professora de sociologia da comunicação, Adalgisa Oliveira, afirma que existe um comportamento cultural de não envolvimento com a política da parte dos brasileiros. “Isso é fruto da ditadura militar, pois as pessoas que foram educadas naquele
“As pessoas não acreditam mais que o Brasil vai ser consertado por quem está no poder hoje ”
Essa realidade não passa despercebida pelos políticos. O assessor especial do prefeito de Curitiba e ex-vereador, Chico do Uberaba, comenta que o alto índice de corrupção no país é o principal fator que colabora para o desinteresse político da população. “Os
Segundo Barba, para mudar esse quadro, os partidos podem promover gestões próximas da população e espaços Thamany Oliveira
período seguramente não tiveram educação política e isto trouxe uma cultura apolítica”. Adalgisa ainda acrescenta que não há como acontecer uma mudança se as pessoas não conversarem sobre o assunto. “Debates abrem as ideias e com isso vem a mudança”. Na esperança de modificar a visão da população em assuntos tão importantes e delicados como o cenário político e incentivar progressos no futuro do país, movimentos educativos atualmente oferecem aulas e palestras que discutem o tema. É o caso do Mude, movimento independente que atua em Curitiba. Segundo Patrícia Alves Fehrmann, líder do grupo, o foco é a conscientização da corrupção no dia a dia, como ser mais ético e com isso diminuir a cultura da corrupção na esfera pública até chegar na esfera política. O Mude oferece cursos gratuitos disponíveis no site www. mude.org.br
População brasileira se prepara para corrida eleitoral
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Economia
Cresce participação de mulheres no mercado de trabalho no Paraná 60% da mão de obra feminina no Estado é no setor de serviços Camille Casarini 3º período
O
número de mulheres com carteira assinada teve um aumento de 255% em 30 anos no Paraná, de acordo com o relatório divulgado no site do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Ainda conforme o levantamento, o sexo feminino tem uma participação de 45,3% nas vagas do mercado de trabalho formal do Estado, sendo que, em 79 municípios, as mulheres ocupam a maioria dos empregos. Segundo dados compilados do Ipardes, 60% das mulheres trabalham no setor de serviços, 21,7% no setor comercial, 15,6% na indústria, 1,4% na agropecuária e 0,7% na construção civil. O diretor-presidente da Ipardes, Julio Suzuki Takeshi Júnior afirmou que o aumento das mulheres no mercado trata-se de uma mudança estrutural, devido ao número maior delas se tornando líderes de família e com maiores níveis de escolaridade.
cinco anos, o Estado passa da pior condição em termos de diferença salarial para a melhor condição da região sul. E esperamos que, num futuro próximo, as mulheres possam estar em um patamar semelhante ao dos homens”, afirma Takeshi Júnior. Para o diretor do Ipardes existe também uma diferença na quantidade de mão de obra entre regiões grandes e pequenas, e isso é um fator que influenciou o aumento de mulheres no mercado de trabalho. “Uma região mais desenvolvida apresenta uma maior diversidade ocupacional. Essa condição leva naturalmente a uma maior diferença salarial. Uma região menos desenvolvida apresenta um rol de ocupações menor, o que leva a uma diferença salarial menor”.
Takeshi Júnior fala que um dos fatores para a contribuição na redução da diferença salarial entre os gêneros, no qual homens ganham mais que mulheres, é por conta dos dados da evolução da escolaridade da mulher. No mercado de trabalho formal, 28% das mulheres possui curso superior. No caso dos homens, essa porção não ultrapassa 14%.
Outra questão que Takeshi Júnior explica são as estruturas de diferenças salariais entre homens e mulheres como, por exemplo, uma maior proporção de mulheres comparativamente aos homens se dedicam a meio expediente. “Também podemos citar o fato de que a distribuição setorial do trabalho da mulher é um pouco desvantajoso para o sexo feminino. Uma vez que, por exemplo, o serviço doméstico, que paga salários abaixo da média, apresenta uma preponderância de mulheres”.
A diferença salarial entre homens e mulheres vem declinando ao longo dos anos. “Em 2016, o Paraná passa a apresentar a menor diferença salarial entre homens e mulheres. Em um período de quatro ou
O economista Daniel Poit disse que o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho trouxe mudanças na economia como, um maior número de pessoas com renda e por isso, um maior potencial
de consumo. “Também afastou uma grande parte das mulheres do convívio com seus filhos, exigindo que o estado providenciasse estruturas de atendimento às crianças, como creches e escolas infantis, o que aumenta o custo da gestão pública e influencia no aumento de impostos”. Para Poit, esse aumento se deu ao fato de que a indústria expandiu-se muito no século XIX ao século XX. “Precisava de mais mão de obra, uma das formas foi absolver as mulheres nas linhas de produção, assim como também o setor de serviços que cresceu muito, ligado a telecomunicações, comércio e principalmente os serviços públicos”. Ele disse que outro fato que também influiu foi que por um grande período de tempo as mulheres eram contratadas no mercado com salários menores do que o dos homens. Suelen Ribeiro, formada em Recursos Humanos, diz que na empresa em que trabalha
é muito difícil ver mulheres em um cargo mais elevado ou de mais responsabilidade. “A empresa dá oportunidade maior para mulheres em setores que mexem com pessoas como, recrutamento, seleção, psicologia ou assistente administrativo. Sempre tem uma diferença de hierarquia entre as mulheres e os homens no RH”. A dirigente sindical e militante da marcha mundial das mulheres, Anacélie Azevedo, explica que hoje, no Brasil, as mulheres brancas recebem em média 70% dos valores de homens brancos, e as mulheres negras ganham até 70% menos que os homens brancos. “O fator mais crítico é o não compartilhamento das atividades domésticas, isso causa uma sobrecarga nas mulheres.” Apesar da diferença salarial de gêneros estar diminuindo no Paraná, para Anacélie a desigualdade ainda é muito grande. Matheus Ledoux
Muheres por setor 2,3%
Setor de serviços Comércio
15,6%
Indústria
21,7%
Outros
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais
60%
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Economia
Agricultores da RMC alimentam o Estado Cinturão verde de Curitiba movimenta um terço da agricultura paranaense Carolina de Andrade Flávia Mota 3º período
A
no passado, segundo pesquisa feita pela Secretária de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) junto com o Departamento de Eco-
de Curitiba (RMC). Dentro desta zona urbana está localizado o cinturão verde de Curitiba com áreas voltadas para a plantação.
cerca de 37 mil agricultores instalados no cinturão verde. “Essa região tem uma diversificação de produtos, mas o carro chefe são as hortaliças,
“A maioria das propriedades
rurais são pequenas e formam a economia do Estado” nomia Rural (Deral), foram produzidas 3,06 milhões de toneladas de alimentos no Paraná. Ainda de acordo com a mesma pesquisa, em relação à produção total do Estado, 39% vem da região metropolitana
De acordo com o secretário municipal de abastecimento de Curitiba, Luiz Dâmasco Gusi, a Região Metropolitana de Curitiba é composta por municípios produtores e fornecedores, possuindo
correspondendo a cerca de 65% da produção paranaense, principalmente as folhosas. É um cinturão verde que tem como função principal o abastecimento da cidade”. Flávia Mota
Já Curitiba funciona como um município polo, que tem como característica ser um mercado consumidor, de acordo com Gusi, “correspondendo a 37% de todos os hortifrutigranjeiros consumidos no Estado’’. A maioria da comercialização dos alimentos produzidos pelos agricultores acontece nas Centrais de Abastecimentos (Ceasa). Encontradas em todo o Paraná, são espaços destinados a promover, desenvolver, regular, dinamizar e organizar a comercialização de produtos da hortifruticultura. Segundo Gusi, a Ceasa tem como finalidade dar suporte no “abastecimento das redes de mercados, restaurantes, sacolões, feiras livres, armazéns da família, etc., e ser um espaço de concentração importante e estratégica de quem produz, distribui e de quem realiza a compra”. Por fim, o secretário diz que a SMAB também é um dos agentes importantes na integração dos agricultores da Região Metropolitana de Curitiba com a metrópole, através das chamadas políticas de boas práticas, que consistem em planos de segurança alimentar que estabelecem parâmetros a serem seguidos pelos produtores, além de incentivos ao consumo dos produtos regionais e da conscientização sobre os alimentos por parte da população.
Plantação de folhagens em São José dos Pinhais, no bairro Colônia Murici
“Não dá mais para pensar em segurança alimentar, pensando somente em Curitiba, porque você tem uma atividade na região metropolitana que se integra à capital”.
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Economia
Flávia Mota
O produtor Roberto Abe, 37 anos, é um dos que compõe o cinturão verde da capital paranaense, uma tradição que vem de família. Há 17 anos o agricultor trabalha, na região de Fazenda Rio Grande, e cultiva desde alimentos como couve-flor, repolho, alho-poró, até frutas como o morango. Abe frequenta a Ceasa duas vezes por semana para comercializar sua produção. Segundo o agricultor, entre as principais dificuldades da lavoura estão o clima e o valor baixo dos produtos vendidos. Para o produtor, sua função é importante, pois aquilo que ele cultiva é o que vai chegar até à mesa dos consumidores. “Me sinto feliz com minha profissão, somos importantes porque e sei que vai chegar alimentos para os consumidores e sem alimento nenhuma pessoa consegue viver”. O agricultor Silvestre Zendena, 71 anos, também é de Fazenda Rio Grande e trabalha com a plantação de folhagens e frutas há 20 anos. Zendena conta que todos os dias dorme na Ceasa para abastecer os clientes que aparecem a partir das 4h da manhã, volta para a casa e logo após o almoço faz a colheita. Para o produtor, porém, a renda proveniente da lavoura é baixa, somente “para se manter”. Já o produtor da região de Araucária João Huchaia, 50 anos, cultiva gêneros como brócolis e couve-flor. O agricultor comenta que uma das principais dificuldades é a venda dos produtos no Ceasa: “o custo de produção é muito elevado e as vezes não é vendido pelo preço ideal”, ficando, portanto, abaixo das despesas que o agricultor tem com a produção, devido à grande concorrência que enfrenta.
Produtos dos sacolões em Curitiba A agricultora Lucimara Silva, 30 anos, atua na região de São José dos Pinhais e acorda ainda de madrugada para iniciar sua rotina de cultivo de hortaliças, como salsinha e cebolinha. A produtora rural relata que sua produção não é apenas distribuída para Curitiba e região, mas para outros estados como Santa Catarina e São Paulo. De acordo com Lucimara, ver alimentos que são feitos por ela em mercados e sacolões traz uma sensação de alegria. O economista Hélio Campos explica o motivo destes produtores virem da Região Metropolitana de Curitiba. “O transporte é mais barato e diminui o custo do agricultor, então ele pode ter uma margem maior de lucro na venda do produto’’.
Campos também afirma que “os pequenos agricultores ajudam a controlar a inflação, pois como sua produção acontece em regiões menores não há uma competição com os grandes produtores”. O economista fala ainda da importância dos agricultores localizados ao redor de Curitiba, como na região de Fazenda Rio Grande. “Através do convênio entre as cooperativas rurais e as prefeituras municipais, os agricultores passam a vender a um baixo preço nas feiras populares, assim gerando renda na região metropolitana de Curitiba’’. O governador do Estado Beto Richa, em entrevista ao Comunicare, falou sobre a relevância dos produtores rurais no Paraná. “A importância é fundamental, visto que a
maioria das propriedades rurais são pequenas e formam a economia do Estado”. Richa afirmou ainda que os agricultores também fazem parte da lei federal publicada pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE) no artigo 14 da lei 11.947/2009, definindo que 30% dos alimentos que compõem a merenda escolar devem vir da agricultura familiar. Os alimentos que são produzidos pelos agricultores da região metropolitana abastecem os mais diversos locais, como sacolões, mercados, feiras e os armazéns da família, incentivados pela Prefeitura Municipal de Curitiba. Ao todo, segundo informações do site da Prefeitura de Curitiba, são 15 sacolões, 33 armazéns e 39 feiras livres distribuídos na capital.
Segundo Juciane Monteiro, 41 anos, que utiliza os sacolões há cinco anos, os produtos são mais baratos em comparação com os mercados, além disso nos sacolões a qualidade da fruta é mais atraente. “O agricultor é importante porque os alimentos que consumo passam pelas mãos dele e para chegar em boas condições é necessário um cuidado que ele oferece para chegar até minha casa e isso tem que ser muito valorizado pelas pessoas”. Já a aposentada Maria da Luz Oliveira, 68 anos, frequenta os sacolões e os armazéns da família há 10 anos e comenta que os principais motivos de gostar das frutas, verduras e legumes são pelo baixo valor e pela qualidade já que chegam frescos todos os dias.
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Economy
RMC’s farmers feed the state Curitiba’s green centurion moves a third of Paraná’s agriculture Carolina de Andrade Flávia Mota 3rd period Vitória Gabardo 7th period
L
ast year, according to a research done by Agriculture and Supply State Depart-
zone it is located the green centurion of Curitiba with areas oriented to planting.
a diversification of products, but the mainstay are the vegetables, corresponding to
“Most rural properties are small and make the state’s economy”
ment (SEAB) alongside Rural Economy Department (Deral), 3,06 millions tonnes of food were produced in Paraná. According to the same research, compared to the total production in the State, 39% comes from Curitiba’s Metropolitan Area (RMC). Inside this urban
According to Curitiba’s Supply Municipal Secretary, Luiz Dâmasco Gusi, producers and suppliers municipalities compose the Metropolitan Area of Curitiba, having around 37 thousand farmers inserted in the green centurion. “This area has
about 65% of the paranaense production, especially the greens. It is a green centurion that has as its main function to supply the city”. As for Curitiba, it works as the pole city, which has as characteristic to be the conFlávia Mota
sumer market, according to Gusi, “corresponding to 37% of all greeneries consumed in the State”. Most of the commercialization of food produced by the farmers happens at Supplies Central (Ceasa). Found in all of Paraná, they are spaces intended to promote, develop, regularize, stimulate and organize the commercialization of products from the vegetables sector. According to Gusi, Ceasa has as its main goal to give support in the “supplying of market chains, restaurants, greeneries, free markets, family stores, etc., and to be a space of important and strategic concentration for those who produce, distribute and for those who buy it”. Lastly, the secretary says that the SMAB is also one of the important agents on the inclusion of farmers from the Metropolitan area of Curitiba with the metropolis, through the so-called good practices policies, that consist in feeding safety plans that set parameters to be followed by producers, besides incentives to the consume of regional products and food consciousness by the population. “We can no longer think about food safety thinking only of Curitiba, because you have an activity in the metropolitan area that integrates to the capital”.
Plantation of greenery in São José dos Pinhais, at neighborhood Murici Colony
The producer Roberto Abe, 37 years old, is one of the people that composes the green centurion of the paranaense
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Economy
Flávia Mota
capital, a tradition that comes from family. For 17 years, the farmer works at the Fazenda Rio Grande area, and cultivates food such as cauliflower, cabbage, leek, and fruits like strawberry. Abbe frequents Ceasa two times a week to commercialize his production. According to the farmer, between the main difficulties of the cultivation are the climate and the low price of the sold products. For the farmer, his job is important, because what he cultivates is what is going to end up at the consumers’ table. “I feel happy with my job, we are important because I know that the food will get to the consumers and without it no one can live”. The farmer Silvestre Zendena, 71 years old, is also from Fazenda Rio Grande and has been working with greens and fruits plantation for 20 years. Zendena tells that he sleeps at Ceasa everyday to supply the clients that start to show up as of 4am, goes back home and right after lunch does the harvest. To the farmer, however, the income from the cultivation is low, only to “get by”. Producer from the area of Araucária, João Huchaia, 50 years old, cultivates kinds such as broccoli and cauliflower. The farmer says that one of the main difficulties is the sale of products at Ceasa: “the cost of production is very high and sometimes it is not sold at an ideal price”, being so, lower than the expenses that the farmer has with production, due to the competition being faced. Farmer Lucimara Silva, 30 years old, works in the area of São José dos Pinhais and wakes very early in the morning to start her routine in the cultivation of vegetables, like parsley and chive. The rural producer tells that her pro-
Products of greengrocers in Curitiba duction is not only distributed to Curitiba and region, but to other states like Santa Catarina and São Paulo. According to Lucimara, to see food made by her in supermarkets and greeneries brings a sense of joy. The economist Hélio Campos explains the reason why these products come from the Metropolitan Area of Curitiba. “Transportation is cheaper and reduces the expense of the farmer, therefore he can have a higher scope of income from the sale of the product”. Campos also states that “small business farmers help to control inflation, because as their production happens in smaller regions there isn’t a competition with the big producers”.
That economist talks yet about the importance of farmers located around Curitiba, such as in the Fazenda Rio Grande area. “Through deals between the rural co-ops and city halls, farmers start to sell at a lower price at street markets, resulting then in income to the metropolitan area of Curitiba”. The State Governor Beto Richa, in an interview to Comunicare, talked about the relevance of rural producers in Paraná. “The importance is fundamental, seeing as most rural properties are small and make the state’s economy”. Richa also stated that farmers are a part of the federal law issued by the Education Development Fund (FNDE) article
14 of the law 11.947/2009, establishing that 30% of the food that composes school lunch should come from familiar agriculture. The food produced by the farmers from the metropolitan area supply the most diverse places, like greeneries, supermarkets, markets and family stores, encouraged by the City Hall of Curitiba. Over all, according to data from the Curitiba’s City Hall website, there are 15 greeneries, 33 warehouses and 39 free markets distributed in the capital. According to Juciane Monteiro, 41 years old, that uses the greeneries for five years, the products are cheaper
in comparison to supermarkets, besides at the greeneries the quality of fruit is more appealing. “The farmer is important because the food I consume goes through their hand and in order to get in good conditions it is necessary a care that they offer for it to arrive at my house and that should be appreciated by people”. The retired Maria da Luz Oliveira, 68 years old, frequents greeneries and family stores for 10 years and says that the main motives to like the fruits, greens and vegetables is the low cost and the quality, since they are fresh everyday.
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Internacional
O lado obscuro do natal holandês Personagem criado no início do século XIX vem incitando discussões no país sobre racismo e xenofobia Deborah Neiva 5º período * correspondente do Comunicare em Tilburgo, Holanda
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warte Piet (Black Piet, ou em tradução literal, Pedro Preto) foi introduzido nas tradições natalinas holandesas no ano de 1850 através de um livro de contos de um professor holandês, e originalmente era retratado como o ajudante do Papai Noel. Tradicionalmente interpretado através da fantasia de face pintada com tinta preta, lábios exageradamente volumosos e vermelhos, peruca crespa e brincos de argolas douradas, o personagem se tornou tão popular quanto o próprio velho barbudo.
O estudante Omer Alisaid concorda com a opinião sobre a figura natalina. Apesar de ter pais nascidos na Somália e ser negro, Alisaid acredita que Black Piet é apenas uma tradição, e diz nunca ter sofrido nenhum tipo de preconceito relacionado ao personagem. “Eu não o vejo como algo racista. Ele é apenas um cara alegre que ajuda a distribuir os presentes para as crianças. Se ele fosse verde, azul ou roxo não faria a mínima diferença, as crianças não fazem a associação do Black Piet a um escravo”.
Com as altas taxas de imigração de países da África e América do Sul, Black Piet vem gerando vários conflitos por trazer a tona questões raciais. Protestos contra o personagem vêm ganhando força nos últimos cinco anos, e com isso debates sobre racismo institucional e xenofobia estão obtendo destaque nos noticiários holandeses.
No entanto, a mesma opinião não é compartilhada por todos. Ativo desde 2013, o movimento “Zwarte Piet is racist” (Black Piet é racismo) busca dar fim a essa figura histórica. Para eles, o personagem reforça estereótipos e incentiva o bullying direcionado à crianças negras.
Para Jeroen de Koning, estudante nascido e criado na Holanda, a discussão vai além das questões racistas, pois expõe o lado xenofóbico da população holandesa. “Eu sei que a maior parte do desconforto dos holandeses não é nem com a problemática do Black Piet em si, mas com o fato de que são imigrantes que estão apontando esse fato”. Jeroen admite que visto por pessoas que não estão habituadas à tradição, o personagem é bastante problemático, porém, uma vez que ele não foi criado com a intenção de ofender ou subjugar os negros, a tradição não é racista.
Devido aos recentes protestos, o governo holandês vem procurando encontrar uma al-
ternativa que agrade o maior número de pessoas possível. Uma das propostas apresentadas é a de “piet”, de todas as cores do arco-irís, para representar a diferença entre as pessoas. Outra sugestão é a do “Chimney Piet”, em que o ajudante do Papai Noel seria exatamente o que a população holandesa diz ser: um homem branco com o rosto sujo com as cinzas da chaminé. Ambas as alternativas são bem vistas pelos movimentos anti-Black Piet, pois segundo eles, “enquanto a imagem do ajudante do Papai Noel não for exótica e caricaturada, estará tudo bem para a gente”. No entanto, a maior dificuldade agora é fazer com que essas alternativas sejam aceitas pela população. O estudante holandês Marcel van Beers explica que a dificuldade em modificar Black Piet é grande porque personagem está atrelado às memórias de infância dos holandeses mais velhos, logo,
Protestos vêm abalando a imagem de país receptivo
eles não querem associar essas memórias a algo negativo como racismo. “Meus pais são contra a mudança do Black Piet porque para eles é mais fácil negar o racismo do que aceitar que viveram boa parte da sua infância com uma caricatura de um escravo”. No entanto, para o estudante, tradições estão sempre sujeitas às mudanças através do tempo, e alterações como essa podem ser o sinal de evolução cultural. Para a socióloga Tessa Cramer, a Holanda está passando por um momento de transformação. “Ainda é possível perceber que há uma grande resistência em se desapegar do Black Piet principalmente entre os mais velhos e nas cidades do interior, mas é notável que a nova geração não tem problemas em aceitar adequações culturais”. Para Tessa, eventualmente a figura do Black Piet irá desaparecer ou ao menos se transformar em apenas “Piet”. Deborah Neiva
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Esportes
Venda de bebidas é novamente proibida nos estádios do Paraná Franz Amorim
Atlético, Coritiba e Paraná Clube são a favor da comercialização João Matheus D’Ambrós 3º período
Torcedores consumindo cerveja no entorno do estádio
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Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) suspendeu a venda de cervejas nas arenas esportivas do Paraná, liberada desde setembro de 2017, quando deputados aprovaram um projeto de lei que permitia a volta da comercialização da bebida. O TJPR atendeu ao pedido do Ministério Público do Paraná (MPPR) e suspendeu a lei que autorizava a distribuição, logo na segunda rodada do campeonato paranaense. O procurador de justiça do MPPR, Ciro Expedito Sheraiber, explica que as brigas entre torcedores, registradas durante os jogos, caíram 65% durante a proibição. “A violência nos estádios é potencializada com o comércio de bebidas alcoólicas. É comprovado que, quando foi liberada a venda, aconteceram mais confusões em dias de jogo”. Sheraiber acredita que a venda de bebida nas proximidades de estádios também
é prejudicial, por isso, a instituição busca fechar bares localizados no entorno, mas enfrenta dificuldades. Em contrapartida, os clubes do Estado se mostram a favor da manutenção da lei. O diretor de marketing do Atlético, Nelson Fanaya, acredita que, além de uma grande alavanca comercial, a cerveja sempre fez parte do esporte, em países civilizados ela sempre acompanha os grandes espetáculos. O clube trabalha contra qualquer forma de violência e se vê equipado de muitos meios para tal: lugar marcado, biometria e câmeras, por exemplo. “É uma hipocrisia acreditar que a proibição de bebida alcoólica diminui a violência, pois na Copa do Mundo e outros grandes torneios ela é liberada e não vemos confusão”, afirma Fanaya.
A diretoria do Coritiba também é a favor da venda de cervejas nos estádios. “A bebida está envolvida com o futebol. A maioria das pessoas gosta de assistir ao jogo degustando uma cerveja, considera um atrativo a mais. Mas como pesquisas da Polícia e do Ministério Público apontam que as brigas são causadas pela venda de bebidas nos estádios, lamentavelmente os torcedores do bem não podem tomar uma cerveja durante a partida. Infelizmente para o clube é ruim a proibição”, contou o vice-presidente do conselho deliberativo, Luiz Henrique Jorge. Para o gerente de operações de jogos do Paraná Clube, Carlos Bonatelli, a liberação traz um benefício, traz um rendimento maior ao clube. “Alguns pontos influenciam sim no comportamento do torcedor, mas não da massa em geral, não existe um número da diminuição da violência, pois ela aumentou depois da proibição”, complementa. Segundo ele, a violência não está nos estádios, mas sim em bairros e terminais. Bonatelli conclui também que a bebida traz o beneficio de fluxo de pessoas, de agradar as pessoas que a consomem. A maioria dos torcedores é contra a suspensão da lei. “A proibição não muda nada, o consumo continua o mesmo, mas fora do estádio, o que é ainda mais perigoso. A bebida não é a motivação dos arruaceiros, que organizam suas brigas em locais longe dos estádios”, relata o estudante Gabriel Campos.
A maioria dos torcedores presos em tumultos se encontram embriagados, segundo o delegado da Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e eventos (Demafe), Clóvis Galvão. “Com o decreto do Tribunal de Justiça, a polícia está podendo agir legalmente. O cidadão sóbrio não vai praticar atos de violência, o sujeito embriagado sim. Quem usar, quem beber, vai ser preso, é nosso trabalho”. Já a Assembleia Legislativa está dividida. O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) conta que a proibição da venda de cervejas não reduz a violência, e que a medida não possui estatísticas que confirmem sua eficácia. “Defendo que os torcedores paranaenses têm o direito de beber sua cerveja dentro dos estádios, do mesmo modo que fariam se estivessem num show ou em uma partida de outro esporte”. Romanelli conclui que é uma decisão de mérito, e quem deve discuti-la são os deputados, A decisão foge do proposto pelo Estado Democrático de Direito. Por outro lado, o deputado Tião Medeiros (PTB) é contra à liberação. Ele acredita que, não há um comportamento social coletivo adequado. “A sociedade está igual há 15 anos, nas primeiras proibições, a bebida libera os freios morais e o cidadão fica mais disposto a brigas, nada mudou”. Por fim, o administrador de bares do Coritiba, Gelson Martins, afirma que a cerveja não é a causa da violência e a proibição da sua venda é prejudicial ao clube.
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Cultura
Cerca de 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais Alunos brasileiros possuem atraso de mais de dois séculos para atingir índice de leitura de países desenvolvidos Barbara Schiontek 3º período
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e acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, que desenvolve estudos nacionais sobre analfabetismo, e publicada no site da organização em fevereiro de 2016, 27% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Ademais, o índice de leitura permanece em atraso com relação a países desenvolvidos. É o que aponta a pesquisa feita pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), aplicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), instituição de cooperação internacional, afirmando que pode demorar 260 anos para que alunos brasileiros alcancem a proficiência de leitura de alunos de países ricos. O Dia Internacional do Livro Infantil, comemorado em 4 de abril, lembra a importância de as crianças criarem o hábito pela leitura desde cedo. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada em 2015, 25.712 crianças estudam em rede municipal, enquanto 4.440 estudam em colégios particulares. Os dados totalizam mais de 30 mil crianças
que se encontram na fase de alfabetização no Brasil. Por isso, a convivência com os livros se torna tão importante. A pedagoga de rede municipal de ensino Leila Gurovski afirma que não existe idade ideal para que a criança comece a ler, pois isso depende de cada uma, e, principalmente, do incentivo dos pais. Além disso, Leila julga importante o incentivo à leitura nas escolas, por meio de jogos e, até mesmo, da própria tecnologia. A instrutora acredita ainda que muitos leem mais pela imposição que pela vontade. Segundo ela, o interesse maior das crianças, quando se fala em temas de leitura, está interligado com o que é mais veiculado na mídia, pois a propaganda é o que mais chama atenção das mesmas. A pedagoga da rede particular de ensino Amanda Martim acredita que os pais devem ler com os filhos todos os dias, desde pequenos, pois é uma forma de familiarizar a criança com a leitura. Em relação aos livros com temas polêmicos, a educadora diz que a receptividade tem a ver com a mentalidade dos
pais. “É questão de ignorância achar que a criança pode se tornar homossexual apenas pelo livro tratar disso. Esses livros na verdade ensinam a respeitar todos os indivíduos”. Ela ainda acrescenta que quando há críticas dos pais, o colégio deve explicar a temática pedagógica do livro. Amanda diz que o estímulo não muda em colégios públicos e particulares, o que se torna diferente é a quantidade de recursos. Segundo ela, qualquer escola possui a oportunidade de incentivar a leitura para as crianças. A gerente da Livrarias Curitiba do Shopping Mueller, Sandra Mara Toledo, diz que os livros mais procurados pelas crianças no setor infantil são os de youtubers e “O Pequeno Príncipe”. Segundo Sandra, muitas vezes, as crianças se interessam por livros que contêm abordagens explícitas, o que acaba por preocupar os pais, portanto a maior preocupação da loja é com o conteúdo do produto. A gerente ainda diz que a livraria realiza todos os sábados às 17:30 a Hora do Conto. “É uma forma de prender a atenção das crianças e incentivar elas a ler de uma forma divertida”.
A professora de português Maria Isabel Brandão afirma que, dentro da rede estadual, os alunos mais novos, até sétimo ano, apresentam maior interesse pela leitura. A professora diz que é importante esclarecer que a leitura não está apenas ligada a livros, pois existem, segundo ela, outros tipos de leitura necessárias. “Se a família já não é a leitora e o professor não é o leitor, fica muito mais difícil formar leitores”. A docente comenta que o aluno que não lê, terá grande dificuldade em compreender o mundo que está ao seu redor e maior possibilidade de se tornar um analfabeto funcional. Para Maria, o maior desafio da escola é estimular o aluno a ler, sem tornar isso uma obrigação. A comerciante Janaína de Freitas Martins é mãe de duas crianças e diz que, na medida do possível, estimula-os a ler, mas percebe que a filha mais velha, de 12 anos, apresenta maior interesse pela leitura. A mãe afirma que, no caso do filho mais novo, cinco anos, a escola é quem mais incentiva, apesar de, segundo Janaína, a rede pública deixar ainda a desejar quando comparada à rede privada de ensino. Barbara Schiontek
Cantinho da leitura reservado a crianças em livraria de Curitiba
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Exposição aborda participação negra na formação da capital Mostra começou dia 28 de março e já tem boa repercussão Evelyn Rodrigues 3º período
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stá aberta ao público, desde o dia 28 de março, na Casa Romário Martins, no Largo da Ordem, a exposição Presença Negra em Curitiba. A mostra tem como tema principal apresentar o protagonismo dos negros na formação e desenvolvimento da capital. Segundo a pesquisadora da exposição, Aparecida Vaz, antes da realização da mostra, foi feito um levantamento de longo período para identificar a presença dos negros nos vários pontos da cidade. ”Foram cerca de dois meses em busca de registros de elementos negros em vários aspectos, como na música e na arte. É nítida a participação dessa etnia na construção cultural da sociedade. A partir disso, surgiu a ideia de fazer a exposição e dar oportunidade a essa visibilidade”. A exposição se dá através de fotos em uma ordem cronológica. Segundo Aparecida,
são apresentadas histórias desde o século XIX até os dias atuais. “As fotos abordam a presença negra em vários aspectos como religião, trabalho, locais de memória, esportes, músicas e artes plásticas”. Com relação à repercussão da mostra, Aparecida acredita que o impacto desejado, de sensibilizar as pessoas quanto à importância dos negros na construção da sociedade, é um processo contínuo. “Irá levar algum tempo para chamarmos a atenção que queremos, mas já estamos colhendo os frutos. A exposição vêm apresentando boa visitação e comentários positivos”. De acordo com o diretor de patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba, Marcelo Sutil, o órgão municipal, responsável pela organização e apoio às manifestações culturais da capital paranaense, teve como principal objetivo na realização da exposição
Presença Negra em Curitiba, mostrar os passos negros na formação da capital. “Os negros participaram da formação e desenvolvimento da cidade de maneira expressiva. No decorrer do tempo, constituíram associações, produziram arte de qualidade admirável e tornaram-se profissionais de destaque em vários campos de atuação”. Para a presidente do Centro Cultural Humaitá - Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afrobrasileira, Melissa Reinehr, o protagonismo negro no campo artístico começa a ser revelado aos poucos, cada vez com mais força no Estado. “No caso do Paraná, não podemos deixar de ressaltar as mais de 90 comunidades remanescentes de quilombos e comunidades tradicionais negras. A valorização dessas culturas ainda está em processo”. Melissa acredita que a conquista dos negros em um espaço na sociedade não se Evelyn Rodrigues
Cultura
deu de maneira fácil. “Em um contexto de perseguição da população negra e proibição de suas manifestações culturais, muitos deram a vida por esse legado tão importante e desvalorizado. Hoje em dia, muitas pessoas já têm conhecimento de grandes referências negras em todos os âmbitos culturais”. Ela afirma também que o Centro Cultural Humaitá surgiu a partir da urgência em dar visibilidade à população negra. “Foi necessário criar mecanismos d e preservação e salvaguarda para proteger e tornar essa etnia visível”. De acordo com a professora de história, Carina Nogueira, a cultura afrodescente passa despercebida pela maioria da população. “As pessoas não percebem que essa cultura está presente em nosso cotidiano, seja na culinária, música ou na religião”. Em relação ao preconceito com os negros, Carina expõe que esse fator vem diminuindo ao longo do tempo. “Houve uma evolução em políticas públicas contra o racismo.” Ela ressalta que, atualmente, os negros podem ocupar espaços que antes eram preenchidos apenas por pessoas brancas. Serviço - Exposição Presença Negra em Curitiba Local: Casa Romário Martins Largo Coronel Enéas, 30, Largo da Ordem - São Francisco
Previsão é de que a mostra tenha duração de até três meses
Horário de funcionamento: 9h às 12h e 13h às 18h (3ª a 6ª feira) e 9h às 14h (sábado, domingo e feriado).
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Ensaio
Mercado Municipal completa 60 anos Inaugurado em 1958, o espaço que é um ponto turístico de Curitiba, recebe todo ano cerca de 3.1 milhões de pessoas Flávia Mota 3º período
Variedade de produtos é o que não falta
Loja especializada na comercio de grãos de café nacionais e internacionais
Típica do México, a pimenta é comercializada no Mercado Municipal
Um dos corredores do local em que são vendidos produtos de hortifrúti